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8p
revisão
RESUMO ABSTRACT
O presente artigo – parte 2 de 3 – apresenta uma revisão sobre a This article – part 2 of 3 – presents an overview of the diagnostic ap-
abordagem diagnóstica do enfermo em estado de coma, destacando a proach of the patient in a coma, highlighting the semiotic research.
investigação semiológica. Geralmente, a avaliação do indivíduo cujo Generally, evaluating patients, whose level of consciousness is im-
nível de consciência encontra-se comprometido é uma tarefa com- paired, is a complex task, considering the difficulties to directly ana-
plexa, tendo em vista as dificuldades para se analisar diretamente a lyze the conscience status. Therefore, their evaluation requires a close
consciência. Portanto, sua apreciação exige a observação atenta de um observation of a set of clinical signs based on a careful and systematic
conjunto de sinais clínicos fundamentados em uma cuidadosa e sis- neurological evaluation of the following aspects: (1) awareness, (2)
temática avaliação neurológica a partir dos seguintes itens: (1) nível diameter and pupillary reflex, (3) extrinsic movement of eyes, and (4)
de consciência, (2) diâmetro e reflexo pupilar, (3) movimentação ex- respiratory pattern, (5) skeletal motor response to different stimuli.
trínseca do globo ocular, (4) padrão respiratório e (5) resposta motora The proper coordination between these items, together with data col-
esquelética aos diferentes estímulos. A adequada articulação entre estes lected from the interview – when it is possible – will allow the pro-
itens, aliada aos dados coletados da anamnese – quando isto é possível posal of diagnostic hypotheses, which will guide the requisition of
–, permitirá a proposição de hipóteses diagnósticas, as quais guiarão additional tests and the therapeutic.
a solicitação de exames complementares e a adoção de medidas tera-
pêuticas.
Unitermos. Transtornos da Consciência, Diagnóstico, Exame Físico. Keywords. Consciousness Disorders, Diagnosis, Physical Examination.
Citação. Mendes PD, Maciel MS, Brandão MVT, Fernandes PCR, Citation. Mendes PD, Maciel MS, Brandão MVT, Fernandes PCR,
Esperidião Antonio V, Kodaira SK, Siqueira-Batista R. Distúrbios da Esperidião Antonio V, Kodaira SK, Siqueira-Batista R. Disorders of
Consciência Humana – Parte 2 de 3: A Abordagem dos Enfermos em Human Consciousness - Part 2 of 3: The Approach To The Infirm
Coma. In Coma.
ser realizada a partir da manobra oculovestibular (prova íntegra (Figura 2). Esta manobra deve ser realizada com
calórica)12,15. a cabeceira do leito elevada 30º, a fim de que a resposta
A prova calórica consiste na pesquisa dos reflexos seja mais fidedigna. Em um paciente consciente, este pro-
oculovestibulares, através da injeção de 50 a 200 ml de cedimento provoca nistagmo com batimento rápido para
água gelada nos condutos auditivos externos do pacien- o lado oposto do ouvido estimulado, o que pode indicar
te, depois de se verificar que a membrana timpânica está uma causa psicogênica para o coma.
B
Figura 2. Pesquisa de reflexos oculares no coma. A: Reflexo oculocefálico (manobra dos olhos de boneca) normal; B: Reflexo oculovestibular.
taneamente, principalmente por estímulos endógenos de Há uma tendência de que lesões que provocam
irritação meníngea11,16. decorticação sejam menos graves do que aquelas que cau-
Os estímulos dolorosos devem ser efetuados no sam descerebração. A minuciosa observação e a compara-
leito ungueal, na região supra-orbitária ou no esterno. É ção entre os lados são cuidados importantes, na medida
importante ressaltar que a repetição de estímulos doloro- em que as respostas motoras assimétricas podem, muitas
sos deve ser evitada e, quando possível, ser realizada com vezes, fornecer a única pista clínica para a localização da
sensibilidade para o paciente e a família6,11,12. lesão hemisférica15,16.
A postura de flexão dos membros superiores – Tanto as posturas descerebradas quanto as decorti-
especificamente cotovelos e punhos – e de extensão de cadas, espontâneas ou não, são por vezes confundias com
membros inferiores corresponde a um padrão chamado convulsões. Crises convulsivas tônico-clônicas generaliza-
decorticação. Este é geralmente produzido por extensas le- das, crises parciais e mioclonias podem ser encontradas
sões envolvendo o diencéfalo e o mesencéfalo. Por outro nos pacientes em coma, devendo ser prontamente in-
lado, quando se observa extensão dos membros inferiores terpretadas pelos profissionais responsáveis, pois podem
e superiores acompanhada de adução, extensão e rota- necessitar de tratamento imediato. As crises mioclônicas,
ção interna dos ombros, cotovelos e punhos, trata-se de por exemplo, são comumente vistas em pacientes com
um padrão postural chamado descerebração. Este padrão encefalopatia isquêmica ou anóxica e distúrbios metabó-
ocorre comumente após lesões bilaterais no mesencéfalo licos7,11.
e na ponte (Figura 3). Do ponto de vista fisiopatológico, O exame da motricidade esquelética segue-se, en-
este padrão postural pode ser explicado pela lesão de vias tão, com a avaliação do tônus muscular e dos reflexos.
corticofugais – responsáveis pela inibição da musculatu- Danos estruturais agudos acima do tronco resultam em
ra extensora – e liberação dos tratos vestibuloespinhal e hipotonia assimétrica, enquanto nos casos de distúrbios
reticuloespinhal pontino, que estimulam os extensores e metabólicos tais achados são geralmente simétricos. A
inibem os músculos flexores6,7,15,16,17,21. presença do sinal de Babinski pode contribuir para o
CONTRIBUIÇÃO DOS COLABORADORES 15.Liao J, Tso Y. An approach to critically ill patients in coma. West J Med
2002;176:184-7.
P. Duarte Mendes, M. S. Maciel e M. V. Teixei- http://dx.doi.org/10.1136/ewjm.176.3.184
ra Brandão idealizaram o artigo e redigiram a primeira 16.Posner JB, Saper CB, Schiff ND, Plum F. Examination of the comatose pa-
tient. In: Posner JB, Saper CB, Schiff ND, Plum F. Plum and Posner’s diagnosis
versão. P. C. Rozental Fernandes contribuiu com as se-
of stupor and coma. New York: Oxford University Press. 4ª ed, 2007, p.38-87.
ções (1) Reatividade pupilar e movimentos oculares e (2) 17.Stevens RD, Bhardwaj A. Approach to the comatose patient. Crit Care Med
Resposta motora, além de ter preparado as ilustrações. S. 2006;34:31-41.
http://dx.doi.org/10.1097/01.CCM.0000194534.42661.9F
K. Kodaira, V. Esperidião Antonio e R. Siqueira-Batista
18.Esperidião-Antonio V, Majeski-Colombo M, Toledo-Monteverde D, Mo-
realizaram a revisão crítica do artigo. raes-Martins G, Fernandes JJ, Assis, MB et al. Neurobiologia das emoções. Rev
Psiq Clín 2008;35;55-65.
http://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832008000200003
19.Franco SRDA, Kubo EA, Prado LBF, Prado GF. Respiração de Cheyne-
-Stokes é pouco reconhecida no paciente internado. Rev Neurocienc
2004;12:186-91.