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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Autores: Fernando H. Sabbatini, Luiz Sérgio Franco, Mercia Maria S. B. Barros


Notas de aula

TECNOLOGIA DE VEDAÇÕES VERTICAIS


CAPÍTULO 2: ALVENARIA DE VEDAÇÃO

2.1 CONCEITUAÇÃO
Seguindo os conceitos apresentados no capítulo anterior, serão apresentadas
mais algumas definições acerca das alvenarias. O esquema apresentado na
figura 2.1, a seguir, delimita o escopo de estudo desta apostila, sendo que daqui
em diante somente serão enfocadas as alvenarias de vedação.

Alvenaria
Tradicional
Alvenaria
Resistente
• armada
Alvenaria
Estrutural • protendida
Parede • não armada
de
Alvenaria • parcialmente
armada
Alvenaria
de • de blocos • aparente
Vedação • de tijolos • revestida

Esquema 2.1 – Paredes de alvenaria

2.2 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DA ALVENARIA


De uma maneira geral, as características de um sistema estão relacionadas ao
conjunto dos requisitos e critérios de desempenho, às exigências dos usuários e
às condições de exposição, conforme ilustra a figura 2.2.

Exigências dos Condições de Requisitos e Critérios


Usuários Exposição de Desempenho

Características de um Sistema

Figura 2.2 – Características de um sistema


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Os requisitos de desempenho são variáveis qualitativas, ou seja, não


mensuráveis. Os critérios de desempenho traduzem os requisitos para uma forma
quantitativa. Por exemplo: A segurança estrutural é um requisito de desempenho
ligado à propriedade da estrutura resistir a esforços mecânicos, cujo critério de
desempenho está ligado a um valor específico para essa resistência.
Um outro exemplo pode ser o caso da especificação de uma parede de alvenaria.
O valor de uma variável de projeto, como neste caso a condutibilidade térmica da
alvenaria, deve ser sempre conseguida pelo cruzamento dos parâmetros
característicos, como mostrado a seguir:

Requisito de desempenho  Isolação térmica


Exigência do usuário  temperatura mínima interna = 18ºC
Condição de exposição  média das temperaturas no inverno = 8ºC
Critérios de desempenho  coef. global de transm. térmica = 1,2 KCal/hm2ºC

Pode-se, então, enumerar algumas características para que as alvenarias


cumpram adequadamente as suas funções:

2.2.1 Resistência Mecânica

A resistência mecânica das paredes é entendida como a capacidade que a


mesma apresenta de manter a sua integridade física, a partir de um estado de
consolidação do conjunto (componentes e juntas), quando solicitadas pelas
diversas ações mecânicas previstas em projeto.
As ações dizem respeito ‘aquelas de origem externas, tais como as deformações
da estrutura, as cargas de vento, o puncionamento, s cargas suspensas, os
choques, entre outras, bem como, aquelas de origem intrínseca à alvenaria, como
por exemplo a variação de temperatura e de umidade, que provocam tensões de
tração, compressão e cisalhamento na alvenaria.
A resistência mecânica de uma parede de vedação em alvenaria está relacionada
principalmente a:
• características dos componentes de alvenaria: ou seja das resistências
específicas dos blocos e tijolos;
• características das juntas de argamassa de assentamento: que
solidarizam os blocos, proporcionando monoliticidade ao conjunto;
• resistência de aderência do conjunto (componentes e juntas): e
indiretamente à sucção inicial dos componentes, retenção de água da
argamassa de assentamento, qualidade da mão-de-obra, condições de cura,
entre outros;
• espessura e disposição das juntas: cujos estudos demonstram diferenças
sensíveis de resistência para diferentes valores;
• propriedades geométricas das paredes: índice de esbeltez, área da seção
resistente, relação altura / comprimento;

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• tipo de fixação da parede de vedação à estrutura: “ferro cabelo”, chapisco


comum, tela metálica, etc.
Para uma adequada avaliação da resistência mecânica da parede de alvenaria de
vedação são definidos, a partir de suas funções e do seu posicionamento na
edificação (fachadas ou internas), os critérios de desempenho.
O estabelecimento desses critérios leva em conta que a alvenaria de vedação,
além de sofrer solicitações no seu plano devido ao seu peso próprio e
deformações estruturais, sofre ações perpendiculares a este plano como cargas
de vento, choques, cargas suspensas (arrancamento), entre outras.
Essa avaliação pode ser realizada em laboratório, utilizando-se corpos de prova,
ou mesmo em campo, utilizando-se paredes sujeitas a condições reais de
exposição e solicitação.

2.2.2 Características de Deformabilidade da Alvenaria

As características de deformabilidade da parede de vedação são importantes


porque não dizem respeito apenas aos aspectos de resistência estrutural, de
valor secundário para as alvenarias de vedação, mas interferem de forma
significativa na capacidade da parede manter-se íntegra durante sua vida útil.
As deformações às quais as alvenarias estão sujeitas resultam em variações
dimensionais na parede que podem induzir a tensões internas que muitas vezes
causam sérios danos, pois o alívio destas dá-se sob forma de fissuras e trincas
que podem vir a comprometer muito o desempenho do conjunto.
Essas deformações podem ter diversas origens, destacadas a seguir:

2.2.2.1 Deformações Devidas a Ações Externas

Têm origem nos esforços induzidos pela deformação da estrutura de concreto.


Mesmo não chegando a serem visíveis, estas solicitações não podem ser
desprezadas, principalmente quando se tratam das deformações lentas do
concreto que chegam a atingir valores muito superiores (três a quatro vezes) à
deformação inicial, dependendo das condições de execução da estrutura.
Dessa forma, os procedimentos de fixação da alvenaria passam a ser
fundamentais uma vez que o comportamento de uma alvenaria com elevado grau
de confinamento é bastante diferente do comportamento de uma alvenaria pouco
confinada. As paredes confinadas já se encontram em um estado de tensões
elevado e seu acréscimo pode resultar em um estado inaceitável de fissuração.

2.2.2.2 Deformações Intrínsecas

As deformações intrínsecas são originadas a partir de esforços internos à parede,


provocados por variações dimensionais dos componentes e das juntas. Esta
variação dimensional pode ter origem:

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• em movimentações higroscópicas: devidas às propriedades dos materiais


utilizados que têm seu volume modificado à medida que absorvem ou
expelem água. Um bloco cerâmico, por exemplo, apresenta uma amplitude de
variação higroscópica de 0 a 0,1 mm/m; enquanto para o bloco de concreto os
valores situam-se na faixa de 0,3 a 1,0 mm/m. O fenômeno da retração na
secagem exerce grande influência nas características de deformabilidade das
alvenarias e é crítico para os componentes de alvenaria de concreto, concreto
celular autoclavado e sílico-calcário que apresentam valores elevados de
variação higroscópica, exigindo-se cuidados especiais tanto na escolha dos
componentes quanto ao seu armazenamento na obra.
• nas variações térmicas: que é uma importante fonte de variação de
solicitações. Todos os materiais, nas temperaturas médias das obras
brasileiras, estão sujeitos à dilatação com o aumento de sua temperatura. No
caso da alvenaria, devido às suas características laminares, a deformação
provocada pela variação térmica faz-se sensível no seu comprimento e sua
altura.
• em processos químicos: devido a reações de expansão de determinados
materiais que podem estar presentes nas juntas ou componentes.
Dependendo dos componentes das alvenarias, as deformações de origem
térmica e higroscópica podem ser diferentes. Dessa forma, para o caso dos
blocos cerâmicos, as deformações com origem em variações térmicas têm mais
influência e para os blocos de concreto as deformações higroscópicas têm
preponderância sobre as térmicas.
Os efeitos danosos da deformação da alvenaria, em geral se traduzem pelo
aparecimento de fissuras. Uma vez aparecendo as primeiras, podem ser gerados
os mais diversos tipos de problemas: desde os que afetam psicologicamente os
usuários – como fissuras – até os que podem gerar problemas estruturais.

2.2.3 Estanqueidade

A estanqueidade do sistema de vedação vertical de uma edificação deve ser


entendida como a capacidade de seus componentes e elementos em resistir à
penetração de água e impedir a passagem de ar e gases ou penetração de
materiais sólidos em suspensão tais como: poeira, areia e fuligens. Desse modo,
as exigências de estanqueidade visam garantir a habitabilidade da edificação.
Não se deve analisar apenas as características individuais dos componentes das
paredes tais como permeabilidade, porosidade e capilaridade, mas também a
estanqueidade das juntas formadas nos pontos de conjugação destes com os
demais componentes do sistema de vedação.
Talvez o ponto mais importante para as paredes seja sua capacidade de resistir à
penetração de águas de chuvas pelas fachadas uma vez que sua degradação,
além de ocasionar desconforto aos usuários, implica em elevados custos de
manutenção.

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Além disso, as fachadas estão expostas a condições ambientais muito agressivas


como incidência direta de sol e chuvas, ação do vento, radiação solar, ataque de
poluentes (nas grandes cidades), ação da brisa marinha (em regiões litorâneas),
dentre outras. As fissuras surgidas tendem a progredir rapidamente e podem
representar um canal para a infiltração de água, comprometendo a
estanqueidade.
Para as paredes de alvenaria constituídas por materiais porosos e com inúmeros
pontos suscetíveis à penetração da água (a interface bloco-argamassa), deve-se
garantir a resistência à penetração de água através de camadas de proteção
incorporada à parede, como a aplicação de revestimentos argamassados ou
cerâmicos e pela adoção de detalhes construtivos que minimizem os efeitos da
incidência direta e facilitem o escoamento de água sobre a superfície, como
beirais, descontinuidade de panos de fachada, saliências para o afastamento da
película d’água, pingadeiras, entre outros.

2.2.4 Isolamento Térmico e Acústico

Esta é uma característica que deve ser ponderada segundo as exigências de


conforto térmico para as distintas regiões do país. As exigências de isolamento
térmico visam garantir aos usuários do edifício, níveis aceitáveis de temperatura,
umidade relativa, vento, durante todo o ano. Estas exigências são estabelecidas
segundo condições climáticas regionais, condições de implantação dos edifícios
(tais como: orientação das fachadas, aberturas para ventilação e renovação do
ar) e propriedades dos materiais empregados (tais como: condutibilidade térmica,
coeficiente global de transmissão, etc.).
Infelizmente, no Brasil, não se dispõe de valores normalizados em função do
comportamento térmico exigíveis para o projeto de edificações, conforme as
distintas zonas climáticas e os materiais empregados.
De uma maneira geral, a análise do comportamento térmico de uma parede de
alvenaria que empregue um novo material é feita em função das características
de uma parede para a qual se conhece o comportamento frente às exigências
dos usuários, por exemplo, a alvenaria de tijolos cerâmicos maciços.
O isolamento acústico refere-se às exigências estabelecidas para a redução
dos níveis de ruídos, redução de índices de vibrações de máquinas ou
equipamentos hidráulicos transmitidos pela estrutura ou parede. Para o sistema
de vedação vertical, os requisitos referem-se à capacidade de isolamento das
fachadas, sobretudo nos edifícios localizados em regiões de elevados níveis de
poluição sonora. Para as divisórias internas, deve-se considerar as necessidades
de privacidade de cada ambiente.
Vários países introduziram em seus códigos de obras, especificações de
desempenho acústico para parede como forma de garantia de conforto aos
usuários. No Brasil, ainda não se têm especificações que possam ser adotadas
no projeto das vedações. Ressalta-se que não se pode fazer um estudo somente
da alvenaria uma vez que o desempenho das vedações depende também das
esquadrias.

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2.2.5 Segurança ao Fogo

Diz respeito à capacidade da parede de vedação e demais componentes do


sistema de vedação vertical em apresentarem determinada resistência à ação do
fogo mantendo sua estabilidade e integridade e conservando suas características
funcionais de isolação térmica e estanqueidade a chamas e gases quentes,
durante um certo período de tempo.
Além de resistência, utiliza-se o conceito de reação ao fogo para qualificar a
contribuição dos materiais constituintes na alimentação e propagação de um foco
de incêndio e no desenvolvimento de fumaça e gases nocivos.

2.2.6 Condições Superficiais

Estas características referem-se à alvenaria como base para revestimentos de


argamassa ou pasta e devem ser enfocados tendo-se em vista a necessária
compatibilização das superfícies de contato para um desempenho adequado.

2.2.6.1 Rugosidade

É determinada pela superfície dos blocos empregados e pelo tratamento


dispensado às juntas. A rugosidade superficial dos blocos pode variar de lisa a
áspera, sendo determinada pela granulometria dos materiais constituintes e pelo
processo de produção dos mesmos resultando, por exemplo, blocos com
ranhuras ou rebaixos nas suas faces ou blocos completamente lisos.
Quanto às juntas, é importante observar a conveniência de “cortá-las” durante a
execução da alvenaria e, nos casos em que seja possível, utilizar as juntas
verticais vazias com pequena abertura (3 a 5 mm). Ambas as providências podem
facilitar o agarre da argamassa de revestimento, dependendo de sua coesão.

2.2.6.2 Porosidade

A porosidade de uma superfície (diâmetro, natureza e distribuição dos poros) é


um dos fatores determinantes da sua capacidade de absorção. Ao se aplicar
argamassa de revestimento sobre a alvenaria, a aderência processa-se por
transferência de umidade e pasta aglomerante da argamassa para base, por um
período tal que possibilite a formação de um meio contínuo da pasta endurecia
entre as partes em contato.
Assim, a capacidade de absorção apresentada por uma base poderá favorecer
ou não a ancoragem mecânica do revestimento, sendo que, em situações
desfavoráveis, a aderência deverá ser garantida através de mecanismos que
acelerem ou retardem essa transferência de umidade da pasta aglomerante para
a base.

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2.2.6.3 Homogeneidade

A homogeneidade da base visa assegurar as mesmas condições de aderência


em toda a extensão da aplicação dos revestimentos na parede, evitando a
ocorrência de superfícies com diferente capacidade de sucção ou rugosidade
num mesmo pano de alvenaria.
Esses fatores poderão provocar a fissuração dos revestimentos ou promover seu
deslocamento em trechos de insuficiente capacidade de aderência,
comprometendo o desempenho e a durabilidade de todo o conjunto.
A homogeneidade será assegurada pelo emprego de componentes semelhantes,
ou seja, deve-se evitar o uso de componentes de origens diferentes na
mesma parede.

2.2.6.4 Integridade

A integridade é uma exigência que visa assegurar a manutenção das condições


de homogeneidade descritas anteriormente. Uma vez executada, deve-se evitar
danos à alvenaria que venham exigir sua reconstituição.
Os danos à alvenaria ocorrem principalmente nos serviços de instalações
hidráulicas e elétricas quando estas não foram devidamente projetadas, ou seja,
a execução destes serviços deve estar previamente equacionada quando da
demarcação da alvenaria, possibilitando a incorporação de tubulações nos vazios
dos blocos e prevendo rasgos ou cortes, evitando-se o uso da talhadeira e da
marreta.
Maiores cuidados deverão ser dispensados às alvenarias externas, devido às
ações de maior intensidade a que estarão submetidas, provocadas pelo efeito
combinado de fatores ambientais agressivos.

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