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Direito Penal
Professor Pedro Ivo
Assuntos da Rodada
DIREITO PENAL: 1 Princípios básicos do direito penal. 2 Direito penal e política criminal.
3 Parte Geral do Código Penal. 4 Parte Especial do Código Penal (Decreto-Lei nº
2.848/1940) e suas alterações. 4.1 Crimes contra a incolumidade pública. 4.2 Crimes contra
a paz pública. 4.3 Crimes contra a fé pública. 4.4 Crimes contra a administração pública. 5
Leis Penais Especiais. 5.1 Lei nº 11.343/2006 (Tráfico ilícito e uso indevido de substâncias
entorpecentes). 5.2 Lei nº Lei 12.850/2014 (Crime organizado). 5.3 Lei nº 9.613/1998
(Lavagem de dinheiro). 5.4 Lei nº 4.898/1965 (Abuso de autoridade). 5.5 Lei nº
10.826/2003 (Estatuto do desarmamento). 5.6 Lei nº 9.296/1996 (Interceptação
telefônica).
DIREITO PENAL
a. Teoria em Tópicos
1. Crime segundo o critério material: É toda ação ou omissão humana que lesa ou expõe a
perigo bens jurídicos tutelados pelo direito. Segundo este conceito, não basta a lei dispor
sobre uma conduta ilícita, mas também há que ser verificado a relevância do mal
produzido pelo ato.
2. Crime segundo o critério legal: Segue exatamente a definição apresentada pelo legislador
no art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal: Considera-se crime a infração penal que
a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou
cumulativamente.
5. Teoria Quadripartida: Considera que o crime é composto pelo Fato Típico + Ilicitude +
Culpabilidade + Punibilidade. Sem entrar em explicações desnecessárias para sua prova,
esta teoria é adotada pela doutrina minoritária e, hoje, não encontra aplicabilidade
prática.
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DIREITO PENAL
6. Teoria Clássica da Ação Para esta teoria o crime é Um Fato Típico + Ilícito + Culpável,
não sendo necessário que seja punível.
7. Teoria Bipartida ou Finalista da Ação Considera-se crime o Fato Típico e Ilícito. Nesta
teoria, para a configuração do delito bastam o fato típico e a ilicitude, ao passo que a
presença ou não da culpabilidade importará somente na possibilidade ou não da pena ser
imposta.
TEORIA QUADRIPARTIDA
TÍPICO
ILÍCITO
CULPÁVEL
PUNÍVEL
TEORIA CLÁSSICA
TÍPICO
ILÍCITO
CULPÁVEL
TEORIA FINALISTA
TÍPICO
ILÍCITO
9. Sujeito Ativo: É quem pratica a figura típica descrita na norma penal incriminadora.
Somente o ser humano, isoladamente ou associado a outros, possui capacidade para
delinquir (autoria ou coautoria).
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10. O sujeito ativo do crime recebe, de acordo com a situação processual em que se encontra,
a terminologia de indiciado (no inquérito policial), agente (sentido geral), acusado (após
a denúncia do Ministério Público), denunciado, réu, sentenciado, dentre outros.
11. Para que um indivíduo seja considerado sujeito ativo, é necessário que ele detenha
capacidade penal, que nada mais é do que o conjunto de condições exigidas para que
um sujeito possa se tornar titular de direitos ou obrigações no campo do direito penal.
12. Exatamente por isso que os mortos ou os animais e entes inanimados não podem ser
sujeitos ativos, podendo, entretanto, ser objetos ou instrumentos do crime (exemplo:
sujeito que treina cão para matar alguém. O cão é instrumento do crime e não sujeito
ativo).
13. Existe o entendimento de que a pessoa jurídica é um ser natural e que tem vontades
próprias. Conforme Nucci, "porque elas fazem com que se reconheça, modernamente,
sua vontade, não no sentido próprio que se atribui ao ser humano, resultante da própria
existência natural, mas em um plano pragmático-sociológico, reconhecível socialmente.
Essa perspectiva permite a criação de um conceito denominado 'ação delituosa
institucional', ao lado das ações humanas individuais". Diante disso, entende-se que a
pessoa jurídica possa delinquir.
14. Há crimes que reclamam determinada capacidade especial penal por parte do sujeito
ativo, ou seja, certa posição jurídica (Exemplo: Ser funcionário público para cometer o
crime de peculato), ou posição de fato (Exemplo: Ser gestante para cometer auto aborto
- infanticídio). Nesses casos, os sujeitos ativos são chamados de "sujeitos ativos
qualificados", os quais praticam os crimes próprios.
15. Sujeito Passivo: É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. É o coitado que morre
no crime de homicídio, o marido que sofre lesões corporais graves de sua mulher, ou
mesmo o possuidor da coisa no furto.
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16. Nada impede que, em um determinado delito, dois ou mais sujeitos passivos existam,
desde que estes tenham sido lesados ou ameaçados em seus bens jurídicos definidos no
tipo penal.
17. O incapaz pode ser sujeito passivo de delitos, pois é também titular de direitos, como a
vida e a liberdade (entre outros). Há delitos em que somente podem figurar como sujeitos
passivos os incapazes. Ex: recém-nascido ser vítima de infanticídio (art. 123, CP); menor
de idade ser sujeito passivo de abandono intelectual (art. 246, CP).
18. O ser humano morto não pode ser sujeito passivo de nenhum delito, pois não é titular de
direitos, podendo ser simplesmente o objeto material do delito. Caso seja praticada
alguma conduta atentando contra eles, restará configurado um crime contra o respeito
aos mortos (arts. 209 a 212, CP) e a vítima, neste caso, será sua família ou a coletividade,
e não o morto em si.
19. O nascituro pode ser sujeito passivo, pois o feto tem direito à vida, sendo esta protegida
pela punição do aborto.
20. Os animais e as coisas não são vítimas de crime, figurando apenas como objeto material.
Daí resulta que em caso de lesão a coisas ou animais, os sujeitos passivos são os seus
proprietários ou a coletividade.
21. Objeto do Crime: É o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta criminosa.
22. Crimes Comuns: São os delitos que podem ser praticados por qualquer pessoa. Exemplo:
Homicídio, furto, etc.
23. Crimes Próprios: São aqueles que exigem ser o agente portador de capacidade especial.
Exemplo: Peculato (só pode ser praticado por funcionário público).
24. Crimes de Mão Própria: São passíveis de serem cometidos por qualquer pessoa, mas não
podem ser praticados por intermédio de outrem, ou seja, tais crimes não admitem
coautoria, mas apenas a participação. Exemplo: Falso testemunho.
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25. Crime Instantâneo: É aquele que, quando consumado, encerra-se. A consumação ocorre
em determinado momento e não mais se prossegue. Exemplo: Furto.
29. Crimes Omissivos Próprios ou Puros: São os que objetivamente são descritos com uma
conduta negativa, ou seja, de não fazer o que a lei determina, consistindo a omissão na
transgressão da norma jurídica. É a omissão do autor quando deve agir. Exemplo típico
é a omissão de socorro prevista no artigo 135 do Código Penal. Observe:
30. Crimes Omissivos Impróprios ou Comissivos por Omissão: Existem quando a omissão
consiste na transgressão do dever jurídico de impedir o resultado, praticando-se o crime
que, abstratamente, é comissivo. Nestes casos, a lei descreve uma conduta de fazer, mas
o agente se nega a cumprir o dever de agir. A obrigação jurídica de agir deve existir,
necessariamente.
31. Crime Material: É aquele em que o tipo penal guarda em seu interior uma conduta e um
resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste último necessária para a consumação.
Exemplo: É o caso do homicídio, cuja consumação é caracterizada pelo falecimento da
vítima.
32. Crime Formal: É aquele crime que se tem como consumado independente do resultado
naturalístico, não exigindo para sua consumação o resultado pretendido pelo agente.
Exemplos: No delito de ameaça, a consumação dá-se com a prática do fato, não se
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DIREITO PENAL
exigindo que a vítima realmente fique intimidada. No de injúria, é suficiente que ela exista,
independentemente da reação psicológica do indivíduo.
33. Crime de Mera Conduta: A lei não exige qualquer resultado naturalístico, contentando-se
com a ação ou omissão do agente. Em outras palavras, o tipo não descreve o resultado,
consumando-se a infração com a simples conduta. Exemplos: Violação de domicílio, ato
obsceno, omissão de notificação de doença e a maioria das contravenções.
34. Crime Simples: Ocorre quando o tipo legal é único. Neles, a lesão jurídica é una e seu
conteúdo não apresenta qualquer circunstância que aumente ou diminua sua gravidade.
Exemplo: homicídio simples.
35. Crime Qualificado: Quando o legislador, ao tipo básico ou fundamental, agrega situação
que eleva ou majora a pena, tal qual se dá com o homicídio (art. 121 e par. 2º). Não
surge a formação de um novo tipo penal, mas apenas uma forma mais grave de ilícito.
36. Crime Privilegiado: É aquele em que, ao tipo básico e fundamental, a lei agrega
circunstâncias que o torna menos grave. Exemplo: O homicídio praticado por relevante
valor moral e o furto de pequeno valor praticado por agente primário.
37. Crimes Complexos: Quando encerra dois ou mais tipos em uma única descrição legal (ex.:
roubo = furto + ameaça) ou quando, em uma figura típica, abrange um tipo simples
acrescido de fatos ou circunstâncias que, em si, não são típicos (ex.: constrangimento
ilegal = crime de ameaça + outro fato, que é a vítima fazer o que não quer ou não fazer
o que deseja).
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NEXO CAUSAL
RESULTADO
CRIMES
MATERIAIS FATO TÍPICO
CONSUMADOS
CRIMES
CONDUTA
TENTADOS,
FORMAIS E DE
MERA
TIPICIDADE CONDUTA
39. Conduta: Qualquer espécie de crime, seja doloso ou culposo, somente tem sua
exteriorização no mundo natural através da realização de uma conduta e há muito já se
dizia que "nullum crimem sine actione", ou seja, não há crime sem uma respectiva ação
humana.
40. No chamado dolo de 2º grau o resultado paralelo é certo e necessário (as consequências
secundárias são inerentes aos meios escolhidos). Exemplo: Tício quer matar um piloto de
avião. Para tanto, coloca uma bomba na aeronave. Neste caso, ele sabe que a explosão
no ar causará a morte dos demais tripulantes e, portanto, se trata de consequência certa
e imprescindível.
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contraposição a essa fase, surgiu a teoria clássica, para que a sociedade ficasse
inteiramente adstrita à vontade da lei e não mais à do monarca.
41.2. Para a teoria causal da ação, pratica fato típico aquele que pura e simplesmente
dá causa ao resultado, independente de dolo ou culpa na conduta do agente,
elementos esses que, segundo essa teoria, serão analisados apenas na fase de
averiguação da culpabilidade, ou seja, não pertencem à conduta.
41.3. Para saber se o agente praticou fato típico ou não, deve-se apenas analisar se
ele foi o causador do resultado, se praticou a conduta descrita em lei como crime.
Não se analisa o conteúdo da conduta, a intenção do agente na ação, trabalha-se
com o mero estudo de relação de causa e efeito.
41.4. Crime, para essa teoria, é fato típico, antijurídico e culpável, pois o dolo e a
culpa, que são imprescindíveis para a existência do crime, pertencem à culpabilidade,
logo, esta (a culpabilidade) deve fazer parte do conceito de crime para os seguidores
dessa teoria.
41.5. Teoria Final ou Finalista: Hans Welzel foi o grande defensor dessa teoria que
surgiu entre 1920 e 1930, diante das constatações neoclássicas, nas quais se
observou elementos finalísticos nos tipos penais. Pela corrente neoclássica, também
denominada neokantista, foi possível determinar elementos subjetivos no próprio tipo
penal, e não somente na culpabilidade.
41.6. Esta teoria tem como ideia inicial a concepção do homem como ser livre e
responsável pelos seus atos. Para esta teoria, conduta é o comportamento humano
voltado a um fim. Logo, há que ser analisada a finalidade do agente em sua conduta.
41.7. Para a teoria finalista da ação, que foi a adotada pelo nosso Código Penal, será
típico o fato praticado pelo agente se este atuou com dolo ou culpa na sua conduta.
Se ausente tais elementos, teremos a atipicidade.
41.8. Para a teoria finalista, crime é um fato típico e antijurídico, sendo a
culpabilidade mero pressuposto de aplicação da pena. Sendo assim, analisa-se a
conduta do agente se foi dolosa ou culposa, se tal conduta é típica e, por final, como
pressuposto de aplicação da pena, verifica-se a culpabilidade do agente.
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42. Para a teoria finalista, importa saber se o agente atuou com dolo ou culpa. Não estando
presente tais elementos, sua conduta será atípica. Por outro lado, para a teoria causal,
sua conduta seria típica, porém ele não seria culpável por ausência de dolo e culpa,
elementos estes que, para a teoria causal, fazem parte da culpabilidade.
43. Teoria Social: A teoria social da ação tem como fundamento a relevância da conduta
perante a sociedade. Para essa teoria, não basta saber se a conduta foi dolosa ou culposa
para averiguação do fato típico, mas, também, fazer uma análise de tal comportamento
e classificá-lo como socialmente permitido ou não. Se a conduta do agente for
considerada social, ou seja, aceita pela sociedade, será atípica.
44. Não constituem conduta os atos em que não intervém a vontade. São exemplos de
hipóteses de ausência de conduta:
44.1. Caso fortuito e força maior: São acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis que
fogem do domínio da vontade do ser humano. Se não há vontade, não há dolo ou
culpa.
44.2. Atos ou movimentos reflexos: Consiste em reação automática em consequência
de uma excitação dos sentidos.
44.3. Coação física irresistível: Imagine que Tício é amarrado enquanto vê Mévio
sofrer lesões corporais graves. Neste caso, será enquadrado na hipótese de omissão
de socorro prevista no artigo 135 do Código Penal? É claro que não, pois está sob
coação física irresistível.
44.4. Sonambulismo e hipnose: Também não há conduta por falta de vontade nos
comportamentos praticados em completo estado de inconsciência.
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DIREITO PENAL
47. Podem-se destacar duas principais teorias na busca para definir a relação de causalidade.
São elas:
47.1. Da Equivalência das Condições ou Equivalência dos Antecedentes ou Sine Qua
Non Segundo esta teoria, quaisquer das condutas que compõem a totalidade dos
antecedentes é causa do resultado, como, por exemplo, a venda lícita da arma pelo
comerciante que não tinha ideia do propósito homicida do criminoso comprador. Essa
teoria costuma ser lembrada pela frase: A causa da causa também é causa do que
foi causado.
47.2. Da Causalidade Adequada: Esta teoria considera causa do evento apenas a ação
ou omissão do agente apta e idônea a gerar o resultado. Segundo o que dispõe essa
corrente, a venda lícita da arma pelo comerciante não é considerada causa do
resultado morte que o comprador produzir, pois vender licitamente a arma, por si só,
não é conduta suficiente para gerar a morte. Ainda é preciso que alguém efetue os
disparos que a causarão. Portanto, a causa adequada é aferida de acordo com o
juízo do homem médio e com a experiência comum. não basta contribuir de qualquer
modo para o resultado: a contribuição deve ser eficaz.
48. O Código Penal adotou a teoria da equivalência dos antecedentes, conforme é possível
perceber ao observar com atenção o artigo 13 do Código Penal: O resultado, de que
depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-
se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
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51. Causa dependente É aquela que é dependente da conduta. Só acontece por causa da
conduta e, assim, não exclui a relação de causalidade. Ocorre como uma verdadeira
sucessão de acontecimentos previsíveis. Exemplo: A morte em um homicídio advém da
hemorragia interna que foi causada pelo impacto da bala que veio da explosão provocada
pela arma feita pela conduta da pessoa que pressionou o gatilho.
RESULTADO CAUSA
52. Causa Independente: É aquela que acontece por motivos diversos da conduta. Apresenta
um resultado inesperado e não usual. É independente porque tem a capacidade de
produzir, por si só, o resultado. Pode ser de natureza absoluta ou relativa, dependendo
de sua origem.
53. Absolutamente Independente: Quando não tem nenhuma relação com a conduta. Por
serem independentes, produzem por si sós o resultado naturalístico.
54. Relativamente independente: Originam-se da própria conduta efetuada pelo agente. São
relativas, pois não existiriam sem a atuação do agente. Entretanto, tais causas são
independentes e, assim, são capazes de produzir por si sós o resultado, já que não se
situam no normal trâmite do desenvolvimento causal.
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DIREITO PENAL
55.1. Preexistentes São aquelas que já existiam antes da conduta e o efeito dessa
de nada interfere no resultado.
55.2. Concomitante É aquela que ocorre no exato momento da conduta.
55.3. Supervenientes É a que se concretiza posteriormente à conduta praticada
pelo agente, dando causa ao resultado.
58. O legislador optou por criar duas espécies do gênero causas relativamente independentes
supervenientes. São elas:
58.1. Causas Supervenientes Relativamente Independentes que não produzem por si
sós o resultado Imagine que Tício, querendo matar Mévio, por possuir uma
péssima mira, erra o coração e acerta em seu braço. Mévio é levado ao hospital e,
por imperícia médica, vem a falecer. Pergunto: Tício responderá pela morte de Mévio?
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DIREITO PENAL
Para responder a esta pergunta, caro aluno, você deve se perguntar: “Se ele não
tivesse levado o tiro teria morrido?” É claro que não, pois nem para o hospital teria
ido.
58.2. Sendo assim, nas causas supervenientes relativamente independentes que não
produzem por si sós o resultado, o agente responde pelo resultado naturalístico.
58.3. Causas Supervenientes Relativamente Independentes que produzem por si sós
o resultado: A superveniência de causa relativamente independente exclui a
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,
imputam-se a quem os praticou.Perceba que aqui temos a clara aplicação da teoria
da causalidade adequada, não mais sendo considerada causa qualquer evento que
tenha concorrido para o resultado. A partir deste dispositivo, não cabe para ser
responsabilizado apenas uma contribuição, mas sim uma contribuição adequada ao
resultado naturalístico.
59. A teoria da imputação objetiva surge após as teorias que já abordamos como um
progresso das teorias causais que tentavam restringir os excessos da teoria da
equivalência de condições. Fundamenta-se, portanto, sobre os pressupostos da teoria da
causa adequada e da relevância e tenta resolver corretamente os problemas que a
causalidade deixava sem resposta, em especial os casos relativos aos delitos culposos.
60. Claus Roxin visa, com o desenvolvimento da teoria da imputação , determinar um critério
de imputação capaz de concretizar a finalidade da norma penal. Para ele, um resultado
só deve ser imputado como sua obra e preenche o tipo objetivo unicamente quando: (1)
o comportamento do autor cria um risco não permitido para o objeto da ação; (2) o risco
se realiza no resultado concreto; e (3) este resultado se encontra dentro do alcance do
tipo.
61. Merece destaque, ainda, a chamada heterocolocação em perigo, situação na qual a
vítima, por exemplo, pede ao agente, que está em sua companhia, que pratique uma
conduta arriscada, acreditando, firmemente, que não ocorrerá qualquer resultado danoso.
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DIREITO PENAL
62. Relevância da Omissão: Omissão relevante para o Direito Penal é o não cumprimento de
um dever jurídico de agir em circunstâncias tais que o omitente tinha a possibilidade física
ou material de realizar a atividade devida. Consequentemente, a omissão passa a ter
existência jurídica desde que preencha os seguintes pressupostos:
62.1. Dever jurídico que impõe uma obrigação de agir ou uma obrigação de evitar
um resultado proibido;
62.2. Possibilidade física, ou material, de agir.
64. Tipicidade: Como último elemento do fato típico tem-se a tipicidade, que é a
correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato natural, concreto e a descrição
contida na lei. A tolerância pela sociedade ou o desuso não geram a atipicidade da
conduta.
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DIREITO PENAL
b. Mapas Mentais
PREEXISTENTES
ROMPEM O NEXO
CAUSAL E RESPONDE
ABSOLUTAMENTE O AGENTE PELOS
CONCOMITANTES
INDEPENDENTES ATOS PRATICADOS
ATÉ ENTÃO
SUPERVENIENTES
CAUSAS DEPENDENTES
S
SUPERVENIENTES
QUE NÃO
PRODUZIRAM POR
SI SÓS O
RESULTADO
QUE PRODUZIRAM
ROMPEM O
POR SI SÓS O
NEXO CAUSAL
RESULTADO
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DIREITO PENAL
c. Revisão 01
A conduta será culposa quando o agente der causa ao resultado por imprudência, negligência
ou imperícia e só poderá ser considerada crime se houver previsão do tipo penal na
modalidade culposa.
A teoria finalista adota o conceito clássico de ação, entendida como mero impulso mecânico,
dissociado de qualquer conteúdo da vontade.
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DIREITO PENAL
Para que se caracterize crime omissivo próprio, é necessário que o agente tenha ocasionado
o resultado naturalístico em decorrência de um não fazer que figure como elementar do tipo.
A teoria tripartida considera crime toda ação ou omissão típica, antijurídica e culpável.
Júlio, com intenção de matar Maria, disparou tiros de revólver em sua direção. Socorrida,
Maria foi conduzida, com vida, de ambulância ao hospital; entretanto, no trajeto, o veículo
foi abalroado pelo caminhão de José, que ultrapassara um sinal vermelho, tendo Maria
falecido em razão do acidente. Nessa situação, Júlio deverá responder por tentativa de
homicídio e José, por homicídio culposo.
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DIREITO PENAL
Os crimes de ação múltipla são aqueles que possuem diversas modalidades de condutas
descritas no tipo, impondo-se a prática de mais de uma para a sua caracterização.
Não há crime comissivo por omissão sem que exista o especial dever jurídico de impedir o
dano ou o perigo ao bem jurídico tutelado, sendo, também, indispensável, nos delitos
comissivos por omissão dolosa, a vontade de omitir a ação devida.
d. Revisão 02
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DIREITO PENAL
A tolerância pela sociedade não gera a atipicidade da conduta consistente em manter, por
conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, sem intuito
de lucro nem mediação direta do proprietário.
Segundo a teoria normativa pura, a fim de tipificar uma conduta, ingressa-se na análise do
dolo ou da culpa, que se encontram, pois, na tipicidade, e não, na culpabilidade. A
culpabilidade, dessa forma, é um juízo de reprovação social, incidente sobre o fato típico e
antijurídico e sobre seu autor.
São elementos do fato típico culposo: conduta, resultado involuntário, nexo causal,
tipicidade, ausência de previsão, quebra do dever de cuidado objetivo por meio da
imprudência, negligência ou imperícia e previsibilidade subjetiva.
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DIREITO PENAL
É possível que os mortos figurem como sujeito passivo em determinados crimes, como, por
exemplo, no delito de vilipêndio a cadáver.
Considera-se contravenção penal a infração penal a que a lei comina pena máxima não
superior a dois anos de reclusão.
No crime comissivo por omissão, o agente responde pelo resultado, e não, pela simples
omissão, uma vez que esta é o meio pelo qual o agente produz o resultado.
Crime unissubsistente é o que se consuma com a simples criação do perigo para o bem
jurídico protegido, sem produzir dano efetivo.
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DIREITO PENAL
Crimes de mera conduta e formais comportam arrependimento eficaz, uma vez que,
encerrada a execução, o resultado naturalístico pode ser evitado.
e. Revisão 03
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DIREITO PENAL
A infração penal é gênero que abrange como espécies as contravenções penais e os crimes,
sendo estes últimos também identificados como delitos.
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DIREITO PENAL
O Estado pode ser sujeito passivo formal, mas não sujeito passivo material, de um crime.
Cabe ao legislador, na sua propícia função, proteger os mais diferentes tipos de bens
jurídicos, cominando as respectivas sanções, de acordo com a importância para a sociedade.
Assim, haverá o ilícito administrativo, o civil, o penal etc. Este último é o que interessa ao
direito penal, justamente por proteger os bens jurídicos mais importantes (vida, liberdade,
patrimônio, liberdade sexual, administração pública etc.). O direito penal é ramo do direito
público e privado, pois protege bens que pertencem ao Estado, assim como aqueles de
propriedade individualizada.
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DIREITO PENAL
da conduta do agente, uma vez que não exclui a imputação pela produção do resultado
posterior.
O CP adota, como regra, a teoria da causalidade adequada, dada a afirmação nele constante
de que “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe
deu causa; causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
f. Normas comentadas
CÓDIGO PENAL
Relação de causalidade
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DIREITO PENAL
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado. O dever de agir incumbe a quem:
(Os crimes omissivos próprios não existe o dever de agir e o omitente não responde pelo
resultado, mas apenas porque não agiu. Entenda-se: na omissão de socorro com resultado
morte, o omitente não responde pela morte, mas pela omissão de socorro. Por outro lado,
no crime comissivo por omissão (ou omissivo impróprio), o agente garantidor tem o dever
de agir, por isso na sua omissão responde pelo resultado que deveria ter evitado. É a mãe
que tem o dever de cuidar do filho que brinca na piscina; se ela se omite em socorrê-lo
(podendo fazê-lo) responde pela morte se ela ocorrer.)
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DIREITO PENAL
g. Gabarito
1 2 3 4 5
E C E E E
6 7 8 9 10
C C E E C
11 12 13 14 15
C C E C E
16 17 18 19 20
E C E E E
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DIREITO PENAL
21 22 23 24 25
E E C C E
26 27 28 29 30
E E E E E
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DIREITO PENAL
A conduta será culposa quando o agente der causa ao resultado por imprudência, negligência
ou imperícia e só poderá ser considerada crime se houver previsão do tipo penal na
modalidade culposa.
Correto. Diz-se o crime culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,
negligência ou imperícia. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Errado. No crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão, há três hipóteses do dever
jurídico de agir previstas no art. 13, §2º do CP, que são o dever legal, letra “a”, a posição de
garantidor, letra “b” e a ingerência “c” e não apenas a imposição legal como afirma a questão.
A teoria finalista adota o conceito clássico de ação, entendida como mero impulso mecânico,
dissociado de qualquer conteúdo da vontade.
Errado. A teoria finalista, de Hans Welzel, entende que a ação ou conduta é composta de
um elemento mecânico e um elemento volitivo, traduzido em um comportamento humano
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DIREITO PENAL
Para que se caracterize crime omissivo próprio, é necessário que o agente tenha ocasionado
o resultado naturalístico em decorrência de um não fazer que figure como elementar do tipo.
Errado. Os crimes omissivos próprios ou puros são crimes de mera conduta, pois não alojam
em seu bojo um resultado naturalístico como defende a questão. A omissão é descrita pelo
próprio tipo penal, e o crime se consuma com a simples inércia do agente independentemente
de um resultado posterior, como acontece no crime de omissão de socorro, previsto no art.
135 do CP, que se consuma pela simples ausência de socorro.
A teoria tripartida considera crime toda ação ou omissão típica, antijurídica e culpável.
Júlio, com intenção de matar Maria, disparou tiros de revólver em sua direção. Socorrida,
Maria foi conduzida, com vida, de ambulância ao hospital; entretanto, no trajeto, o veículo
foi abalroado pelo caminhão de José, que ultrapassara um sinal vermelho, tendo Maria
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DIREITO PENAL
falecido em razão do acidente. Nessa situação, Júlio deverá responder por tentativa de
homicídio e José, por homicídio culposo.
Errado. Os crimes omissivos próprios, ao contrário dos comissivos por omissão ou impróprios,
independem de resultado. São crimes de mera conduta e se consumam com a simples inércia
do agente. Tem-se, por exemplo, o funcionário que deixa de responsabilizar seu subordinado
que cometeu infração no exercício do cargo, art. 320 do Código Penal, chamado de
condescendência criminosa. Ou o funcionário obedece ao dispositivo legal ou será
responsabilizado criminalmente.
Os crimes de ação múltipla são aqueles que possuem diversas modalidades de condutas
descritas no tipo, impondo-se a prática de mais de uma para a sua caracterização.
Errado. Os crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado são aqueles nos quais a lei
descreve várias condutas que são separadas pela conjunção alternativa “ou”. Dessa forma,
a prática de mais de uma conduta pelo agente, ou apenas uma, em relação à mesma vítima,
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constitui crime único. Como exemplo, tem-se o crime de participação em suicídio, previsto
no art. 122 do Código Penal, que ocorre quando o agente induz, instiga ou auxilia outrem a
cometer suicídio. Nesta hipótese, se o agente praticar os três verbos ou apenas um contra a
mesma vítima, terá praticado apenas um delito.
Não há crime comissivo por omissão sem que exista o especial dever jurídico de impedir o
dano ou o perigo ao bem jurídico tutelado, sendo, também, indispensável, nos delitos
comissivos por omissão dolosa, a vontade de omitir a ação devida.
Correto. No crime comissivo por omissão ou omissivo impróprio, a omissão dá-se com a
transgressão do dever jurídico de impedir o resultado naturalístico, quando devia e podia
agir, praticando-se o crime que, abstratamente, é comissivo. Como exemplo, o enfermeiro
que não ministra o medicamento necessário ao paciente, deixando-o morrer, comete um
crime comissivo por omissão. Ressalte-se que a omissão pode ser tanto dolosa quanto
culposa e que é indispensável, nos delitos comissivos por omissão dolosa, a vontade de
omitir a ação devida.
A tolerância pela sociedade não gera a atipicidade da conduta consistente em manter, por
conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, sem intuito
de lucro nem mediação direta do proprietário.
Correto. Esta é a posição do STJ com relação ao crime tipificado no art. 229 do Código Penal,
denominado de casa de prostituição. Afirma a Corte que a eventual leniência social ou mesmo
das autoridades públicas e policiais não descriminaliza a conduta delituosa. A tolerância pela
sociedade ou o desuso não geram a atipicidade da conduta relativa à prática do crime do art.
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229 do Código Penal. A Lei Penal só perde sua força sancionadora pelo advento de outra Lei
Penal que a revogue; a indiferença social não é excludente da ilicitude ou mesmo da
culpabilidade, razão pela qual não pode ela elidir a disposição legal. Ver AgRg no REsp
116.764-6/RS, DJ de 07.06.2010.
Segundo a teoria normativa pura, a fim de tipificar uma conduta, ingressa-se na análise do
dolo ou da culpa, que se encontram, pois, na tipicidade, e não, na culpabilidade. A
culpabilidade, dessa forma, é um juízo de reprovação social, incidente sobre o fato típico e
antijurídico e sobre seu autor.
Correto. De acordo com a teoria normativa pura, o dolo e a culpa passam a pertencer à
conduta, inserindo-se no fato típico e não mais na culpabilidade. Esta se converte em um
juízo de censura, a reprovabilidade da conduta típica e antijurídica.
São elementos do fato típico culposo: conduta, resultado involuntário, nexo causal,
tipicidade, ausência de previsão, quebra do dever de cuidado objetivo por meio da
imprudência, negligência ou imperícia e previsibilidade subjetiva.
Errado. A previsibilidade, como elemento do fato típico culposo, deve ser objetiva. É aquela
fundada no homem médio, de prudência normal. Se, nas condições em que se encontrava o
agente, um homem comum pudesse prever o resultado, estaria configurada a previsibilidade
objetiva. Difere, portanto, da previsibilidade subjetiva, que leva em consideração as
características pessoais do agente.
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Correto. No crime comissivo por omissão a lei descreve uma conduta de fazer, porém, a
inércia do agente em impedir o resultado naturalístico, quando devia e podia agir, deflagra
sua produção. Como exemplo, o salva--vidas que não socorre um banhista na praia,
deixando-o morrer, comete um crime omissivo impróprio. O tipo penal, matar alguém,
descreve uma ação. A inação do agente, consoante o art. 13, § 2.º, do CP, torna-se
penalmente relevante, pois se negou a cumprir seu dever de agir. Trata-se, portanto, de um
crime comissivo por omissão.
É possível que os mortos figurem como sujeito passivo em determinados crimes, como, por
exemplo, no delito de vilipêndio a cadáver.
Errado. Sujeito passivo do crime é o titular do bem jurídico lesado pela conduta delituosa.
No crime de vilipêndio a cadáver, art. 212 do Código Penal, as vítimas são os familiares e a
própria coletividade. Os mortos não podem ser sujeitos passivos de crime, já que não são
titulares de direitos, assim como os animais.
Considera-se contravenção penal a infração penal a que a lei comina pena máxima não
superior a dois anos de reclusão.
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Errado. De acordo com o art. 1.º da Lei de Introdução ao Código Penal, contravenção é a
infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou multa, ou ambas,
alternativa ou cumulativamente. A questão tenta confundir o aluno com o conceito de crime
de menor potencial ofensivo, importante instituto para o Direito Processual Penal, disposto
no art. 61 da Lei 9.099/1995.
No crime comissivo por omissão, o agente responde pelo resultado, e não, pela simples
omissão, uma vez que esta é o meio pelo qual o agente produz o resultado.
Correto. O Código Penal, nas alíneas do art. 13, § 2.º, descreve hipóteses que impõem ao
agente a posição de garantidor, que é aquele que podia e devia agir para evitar o resultado.
Destarte, a omissão torna-se penalmente relevante, devendo o agente responder pelo
resultado. É o caso da mãe que, deixando de alimentar o filho, causando-lhe a morte,
responderá por homicídio. O crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão é um crime
material, admite a tentativa, e pode ser doloso ou culposo.
Crime unissubsistente é o que se consuma com a simples criação do perigo para o bem
jurídico protegido, sem produzir dano efetivo.
Errado. Crime unissubsistente é aquele que se realiza com um único ato de execução, ou
seja, a conduta é una e indivisível. Citam-se como exemplos a injúria verbal (art. 140 do CP)
e o uso de documento falso (art. 304 do CP). A conduta não permite fracionamento, logo, a
tentativa é inadmissível.
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Errado. Crime próprio ou especial é aquele que exige que o sujeito ativo possua uma
capacidade diferenciada, seja de fato, como no crime de infanticídio (ser mãe da vítima), art.
123 do CP, ou jurídica, como no peculato (ser funcionário público), art. 312 do CP. Admite
coautoria e participação. O crime de mão própria, de atuação pessoal ou infungível, é aquele
que somente pode ser praticado por pessoa expressamente indicada no tipo penal. É o caso
do crime de falso testemunho. Não admite coautoria, somente participação.
Crimes de mera conduta e formais comportam arrependimento eficaz, uma vez que,
encerrada a execução, o resultado naturalístico pode ser evitado.
Errado. No crime formal o tipo penal possui em sua estrutura uma conduta e um resultado
naturalístico, mas este último não é necessário para sua consumação, ou seja, o crime estará
consumado com a mera prática da conduta. Por exemplo, o crime de extorsão, art. 158 do
CP, consuma-se independente da obtenção da vantagem indevida. Já o crime de mera
conduta não contém um resultado naturalístico, contentando-se a lei com a ação ou omissão
do agente. É o caso do ato obsceno, art. 233 do CP. Portanto, a questão está errada, porque
o arrependimento eficaz só é possível nos crimes materiais, já que um dos requisitos é a
capacidade do agente de evitar o resultado.
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Errado. O CP adotou a teoria normativa, onde só responde pelo resultado aquele que possuia
o dever de agir (garantidores do art. 13, §2º) e podia agir.
Errado. Fato típico é aquele que se encaixa com precisão na descrição do tipo penal. A
contrario sensu, fato atípico é aquele que não encontra simetria em nenhum tipo penal, como
exercer o meretrício. Os elementos do fato típico são: a conduta, o resultado naturalístico, o
nexo de causalidade e a tipicidade. Eles estarão todos presentes nos crimes materiais
consumados. Diferente situação é a do crime formal, que não prevê a produção de
resultado, podendo até existir, e a do crime de mera conduta, que não contém o resultado
naturalístico. A culpabilidade não integra o fato típico.
A infração penal é gênero que abrange como espécies as contravenções penais e os crimes,
sendo estes últimos também identificados como delitos.
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mais graves são destinadas aos crimes (delitos), já que estes expõem os bens jurídicos
tutelados a um perigo maior.
Correto. Conglobar significa juntar na sua totalidade. O ordenamento jurídico como um todo
não deve possuir antinomias, contradições. De acordo com a teoria da tipicidade
conglobante, criada pelo penalista argentino Zaffaroni, para que haja tipicidade penal, a
conduta do agente deve ser antinormativa. O carrasco, ao executar a sentença de morte,
responde a uma obrigação legal a ele imposta. Sua conduta não seria antinormativa, ao
contrário, estaria de acordo com a norma. Logo, segundo o autor, o fato seria considerado
atípico e não amparado por uma causa de exclusão de ilicitude.
Errado. Causa supralegal de exclusão de ilicitude é aquela não expressamente prevista pela
lei penal, mas por todos aceita. É o caso do consentimento do ofendido em relação a danos
que atingem bens disponíveis. A inexigibilidade de conduta diversa é uma causa de exclusão
de culpabilidade e não de antijuridicidade.
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O Estado pode ser sujeito passivo formal, mas não sujeito passivo material, de um crime.
Errado. Sujeito passivo do crime é o titular do bem jurídico lesado pela conduta criminosa. O
Estado é o sujeito passivo formal de todos os crimes, pois, sendo ele titular do ordenamento
jurídico, todo crime é uma ofensa. E o Estado também pode ser sujeito passivo material de
inúmeros delitos, tal como acontece nos crimes contra a Administração Pública, art. 312 e
seguintes do Código Penal.
Cabe ao legislador, na sua propícia função, proteger os mais diferentes tipos de bens
jurídicos, cominando as respectivas sanções, de acordo com a importância para a sociedade.
Assim, haverá o ilícito administrativo, o civil, o penal etc. Este último é o que interessa ao
direito penal, justamente por proteger os bens jurídicos mais importantes (vida, liberdade,
patrimônio, liberdade sexual, administração pública etc.). O direito penal é ramo do direito
público e privado, pois protege bens que pertencem ao Estado, assim como aqueles de
propriedade individualizada.
Errado. O direito penal é ramo do direito público, sendo uma pluralidade de princípios e leis
a todos imposta. Possui natureza fragmentária, ou seja, somente protege os bens jurídicos
mais importantes, pois os demais são protegidos pelos outros ramos do direito. O escopo do
direito penal é possibilitar a proteção dos bens jurídicos fundamentais para a sobrevivência
da própria sociedade.
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Errado. O Código Penal adotou a teoria normativa para reger os crimes omissivos impróprios.
Nela, a omissão é uma abstração e somente se pune o agente porque a lei assim determina.
Só existe importância jurídico-penal para omissão quando estiver presente o dever de agir.
É o que preceitua o art. 13, § 2.º, do Diploma Repressor, que traz nas alíneas “a”, “b” e “c”
as hipóteses do dever de agir.
O CP adota, como regra, a teoria da causalidade adequada, dada a afirmação nele constante
de que “o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe
deu causa; causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
Errado. Como regra, o Código Penal adota a Teoria da Equivalência dos Antecedentes
Causais.
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