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GORZ, André. O Imaterial: Conhecimento, valor e capital. São Paulo: Annablume, 2005.

A economia do conhecimento que atualmente se propaga é uma forma de capitalismo que


procura redefinir suas categorias principais — trabalho, valor e capital.

1. Capital humano: todo trabalho (produção industrial ou prestação de serviços)


contém um componente de saber, não apenas restrito ao conjunto de saberes
técnicos, mas também o saber da experiência, discernimento, capacidade de
coordenação, auto-organização e comunicação. Formas de saber vivo, adquiridos
na cultura do cotidiano, que são revalorizados e postos à serviço do trabalho.

Esses saberes não podem ser nem predeterminados nem ditados e “exigem
investimento em si mesmo, aquilo que na linguagem empresarial é chamado de
‘motivação’” (GORZ, 2005, p.9). Os fatores que determinam a criação de valor
são o “componente comportamental” e a motivação e não o tempo de trabalho
dispendido. Esses são os fatores que as empresas entendem como capital humano.

2. Capital do conhecimento: sempre existiu a capitalização do conhecimento, mas


hoje: todo conhecimento passível de formalização pode ser abstraído de seu
suporte material e humano, multiplicado na forma de um software e utilizado
ilimitadamente em maquinas que seguem um padrão universal. Quanto mais se
propaga, mais útil à sociedade, mas com valor mercantil decrescente, tornando-se
um bem comum. Para ser vendido como mercadoria, ele precisa se transformar
em propriedade privada e tornar-se escasso.

Trabalho imaterial

Capitalismo contemporâneo cada vez mais convive com múltiplos modos de operação. O
trabalho de produção material, mensurável em unidade de produtos por tempo, é
substituído por um trabalho imaterial e pela valorização do capital imaterial ou “humano”.

Valorização de qualidades comportamentais, envolvimento pessoal nas tarefas e


desenvolver e completar.

Disseminação do empreendedorismo entre a força de trabalho: trabalhadores não serão


mais avaliados com base no cálculo de suas horas de presença, mas sobre a base os
objetivos atingidos e da qualidade dos resultados.

A informatização da indústria tende a transformar o trabalho em gestão de um fluxo


contínuo de informações. O trabalhador passa a “produzir-se” como sujeito para assumir
a gestão desse fluxo. O desempenho não é mais definido na realização das tarefas, mas
repousa sobre sua implicação subjetiva, chamada de “motivação” no jargão
administrativo.

“Os trabalhadores pós-fordistas devem entrar no processo de produção com toda a


bagagem cultural que eles adquirem nos jogos, nos esportes de equipe, nas lutas, disputas,
nas atividades musicais, teatrais, etc. É nessas atividades fora do trabalho que são
desenvolvidas sua vivacidade, sua capacidade de improvisação, de cooperação. É seu
saber vernacular que a empresa pós-fordista põe para trabalhar e explora” (GORZ, 2005,
p.19).
O que as empresas consideram como seu capital humano nada mais seria do que uma
“externalidade” que se produz sozinha e por ela canalizada e explorada para produzir. O
saber que se tornou a fonte mais importante de criação de valor é o saber vivo, que
está na base da inovação, da comunicação e da auto-organização criativa e
continuamente renovada.

Advento do auto-empreendedor: a pessoa deve tornar-se para si mesma uma empresa, um


capital fixo que precisa ser continuamente reproduzido, modernizado, alargado,
valorizado. Ela deve ser sua própria produtora, empregadora e vendedora, impondo-se
constrangimentos necessários para assegurar a viabilidade e a competitividade da
empresa que ela é.

A vida se torna o capital mais precioso. As fronteiras entre o que ocorre dentro e fora da
esfera do trabalho apagam-se, não porque as atividades de dentro e fora do trabalho
mobilizam as mesmas competências, mas porque o tempo da vida se reduz à influência
do cálculo econômico e do valor.

“Essa é a visão neoliberal do futuro do trabalho: abolição do regime salarial, auto-


empreendedorismo generalizado, subsunção de toda pessoa, de toda a vida pelo capital,
com o qual cada um se indentificará inteiramente” (GORZ, 2005, p.25).

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