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Eduardo C. K. Ferreira
University of São Paulo
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Diretrizes nacionais do ensino de DI — Currículos Mínimos (1969, 1979) e Diretrizes Curriculares Nacionais (2002) View project
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Gramado – RS
1. INTRODUÇÃO
A Semiótica Peirceana, conhecida pela sua profundidade e amplitude na análise
de signos e relações sígnicas, tem se mostrado bastante aceita no campo do design
como ferramenta de análise e até de suporte projetual (buscas pelo termo “semiótica”
ou “Peirce” nos sites e anais de eventos como P&D Design, CIDI e Ciped evidenciam tal
impressão). Em 2003, Priscila Lena Farias apresentou no 1º CIDI um trabalho com o
intuito de tornar conhecido ao campo um conceito ainda pouco explorado pelos
designers, denominado hipoícone. Entitulado “Imagens, diagramas e metáforas: uma
contribuição da semiótica para o design da informação”, o trabalho apresenta os três
conceitos como ferramenta de análise de signos visuais, como segue por um exemplo
de análise aplicada a pictogramas e seu caráter informativo (FARIAS, 2002).
No ano de 2006 em trabalho de título “Images, diagrams, and metaphors:
Hypoicons in the context of Peirce’s sixty-six fold classification of sign” de co-autoria de
João Queiroz, Farias e o autor aprofundam o estudo de tais classificações de signos
icônicos, localizando-os no contexto das 66 classes de sígnos de Peirce (FARIAS &
QUEIROS, 2006). Já em 2008, Farias aprofunda tais conceitos, dessa vez focando
especificamente no hipoícone Diagrama, e seu desmembramento em outros
momentos da obra de Peirce, como a ideia de “pensamento diagramático” (FARIAS,
2010)
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“Um Ícone é um signo que se refere ao Objeto que denota apenas em virtude de seus
caracteres próprios, caracteres que ele igualmente possui quer um tal Objeto
realmente exista ou não (...). Qualquer coisa, seja uma qualidade, um existente ou
individual ou uma lei, é Ícone de qualquer coisa, na medida em que for semelhante a
essa coisa e utilizado como um seu signo” (CP 2.247)
“(...) podemos dizer que, em termos estritos, um ‘ícone puro’ é apenas uma
possibilidade lógica, e não algo existente. Mesmo por que, dentro das possibilidades
de relação do signo com seu objeto, relações de natureza existencial são descritas
como indexicais, e não icônicas. Por outro lado, um símbolo, para Peirce, é algo muito
mais geral, que não pode ser reduzido a um exemplo específico de sua categoria, e
muito menos a uma simples relação de semelhança.”
“o ícone representa seu objeto graças a uma comunhão de qualidades que produz uma
semelhança entre ambos. Na verdade, um ícone puro não faz qualquer distinção entre o objeto
e si mesmo (CP 5.74), de forma que a essência de um se funde na do outro. Um ícone puro não
pode existir, já que a existência pressupõe segundidade. O ícone é um importante portador,
ainda que passivo, da forma do objeto – e, conseqüentemente, da informação que dessa forma
será derivada” (ROMANINI, 2009)
1 Nomes dos autores e títulos dos trabalhos não acrescentados à referência bibliográfica para não identificação de
autores deste trabalho.
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“...em termos mais estritos ainda, memso uma ideia, exceto no sentido de uma
possibilidade, ou primeiridade, não pode ser um ícone(...) Mas um signo pode ser
icônico, isto é, pode representar seu objeto principalmente através de sua
similaridade, não importa qual seja seu modo de ser. Se o que se quer é um
substantivo, um representâmen icônico pode ser denominado de hipoícone.” (CP
2.276)
Assim, dado que o que define o Hipoícone é sua capacidade de representar seu
objeto por alguma similaridade, sem necessidade de um modo de ser específico,
interessa observar que esse detalhe do “modo de ser” deve ser remontado à
faneroscopia peirceana, quando o filósofo institui as três categorias lógicas universais,
a primeiridade (qualidade), secundidade (relação) e terceiridade (universal), sendo que
toda terceiridade constitui-se de secundidades e primeiridades, e toda secundidade se
primeiridades. A primeiridade é necessária à secundidade, assim como essa é
necessária à terceiridade. Cada signo, conforme sua respectiva categoria, possui um
modo especial de existência ou apresentação, como já apontado por Farias
anteriormente. Na primeiridade, o signo é de qualidade e possibilidade. Na
secundidade, de relação e existência. E na terceiridade de lei e generalidade.
Afirmando que os Hipoícones possuem características Icônicas sem
necessariamente terem o modo de ser de um ícone, Peirce afirma a existência de tal
classe também em outros níveis faneroscópicos que não apenas a primeiridade pura.
Prossegue, assim, na definição dos tipos de Hipoícones dentro de sua lógica
categorial:
“Os hipoícones, grosso modo, podem ser divididos de acordo com o modo de
Primeiridade de que participem. Os que participam das qualidades simples, ou
Primeira Primeiridade, são imagens; os que representam as relações, principalmente
diádicas, ou as que são assim consideradas, das partes de uma coisa através de
relações análogas em suas próprias partes, são diagramas; os que representam o
caráter representativo de um representâmen através da representação de um
paralelismo com alguma outra coisa, são metáforas” (CP. 2.277)
“Uma vez que uma Imagem é um sinsigno icônico cuja similaridade com seu objeto é
baseado em aspectos qualitativos, seus objetos dinâmico e imediato só podem ser da
natureza de materiais existentes, ou alguns de seus atributos mais relevantes como
reflectividade, tensão de superfície, tamanho relativo, silhueta e peso.
“Uma vez que um Diagrama (...) é um sinsigno icônico cuja similaridade com seu objeto
é baseado em aspectos de relação, podemos dizer que seu objeto dinâmico é um
padrão de relações (...). Nesse sentido, se o objeto dinâmico é um padrão regular de
relações, seu objeto imediato é um existente.
“Um vez que a Metáfora é um sinsigno icônico cuja similaridade com seu objeto é
baseado em aspectos de lei, o objeto do hipoícone só pode ser de natureza de
terceiridade, ou geral" (FARIAS e QUEIROZ, 2006)
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Figura 2 – Ilustração diagramática das relações entre picograma, objeto e lixo. Fonte: Farias,
2002
E o terceiro exemplo apresentado pela autora para ilustrar um Hipoícone
metafórico, onde o pictograma joga ao lixo um símbolo do Nazismo, as relações
diagramáticas do segundo exemplo recebem o acréscimo ideológico em relação ao
nazismo, de “vamos acabar com o nazismo” (Figura 3).
Figura 3 – Ilustração do hipoícone metafórico, onde se joga uma ideologica no lixo, indicativo
de que não deve ser seguida, mas extinta. Fonte: Farias, 2002
Figura 4 – Marcas gráficas dos eventos esportivos utilizados nas análises. No sentido de cima
para baixo, esquerda para direita: 1. Candidatura de Brasília para Olimpíadas 2000; 2. VII Jogos Sul-
Americanos 2002; 3. Candidatura do Rio para Olimpíadas de 2004; 4. Candidatura do Brazil para Copa
do Mundo FIFA 2006; 5. Jogos PanAmericanos Rio 2007; 6. Mundial de Futsal FIFA 2008; 7.
Candidatura do Brasil para Olimpíadas 2012; 8. Candidatura do Brasil para Mundial da FIFA 2014; 9.
Logotipo Oficial Mundial da FIFA 2014; 10. Candidatura do Rio para Olimpíadas 2016; 11. Logotipo
Oficial Olimpíadas Rio 2016. Montagem pelos autores.
Listando as características que poderiam ter ligação literal (imagética) com seus
objetos, observa-se que se trata da mais básica que são as Cores da Bandeira, o
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A repetição de termos e ideias entre as formas dos logos nos levaram àquele
momento a criar algo como uma estrutura de código de Brasilidade, ou seja, algo que
poderia ser compreendido como um conjunto de regras convencionadas que se
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5. CONCLUSÃO
Pretendemos através desse trabalho resgatar pesquisas que trouxeram ao
universo do Design os conceitos de Hipoícones, ilustrando-os tanto com seus exemplos
originais providos por Farias (2002), quanto com um novo exemplo de caso de estudo,
proposto por nós. Através de tal análise, focamos na importância de identificar os
hipoícones com Sinsignos, e como tal dado poderia ser relevante a partir do momento
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REFERÊNCIAS
FARIAS, Priscila. Imagens, diagramas e metáforas: uma contribuição da semiótica para
o design da informação. In: Congresso Internacional de Design da Informação, 2003,
Recife. Anais do Congresso Internacional de Design da Informação. Recife : SBDI -
Sociedade Brasileira de Design da Informação, 2003. v. 1. p. 1-11.
_________. QUEIROZ, João. Images, Diagrams, and Metaphors: Hypoicons In the
Context of Peirce’s Sixty-Six-Fold Classification of Signs. In: Semiotica, v.162, n. 1/4, p.
287-308, 2006.
_________. O conceito de diagrama na semiótica de Charles S. Peirce. In: Triades em
Revista, v.1, p.1-13 , 2008
LOTMAN, Iúri. Sobre o problema da tipologia da cultura, in SCHNAIDERMANN, B.
Semiótica Russa. São Paulo: Editora Perspectiva, 1979
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. São Paulo: Editora Perspectiva, 1977.
ROMANINI, Vinicius. Minute Semeiotic [internet]. São Paulo: 2009 [acesso em
Abril/2014] - Disponível em http://www.minutesemiotic.org
SANTAELLA, Lucia. Matrizes da linguagem e pensamento. São Paulo: Editora
Iluminuras, 2001.
__________. O que é semiótica?. São Paulo: Editora Brasiliense, 2003
__________. Percepção: Fenomenologia, Ecologia, Semiótica. São Paulo: Cengage
Learning, 2010