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O Processo de
12 Execução I
12.1 – Introdução
Noções Gerais
Noções Iniciais:
O processo de execução é aquele pelo qual o Estado, por intermédio do órgão jurisdicional, e tendo
por base um título judicial ou extrajudicial, emprega medidas coativas para efetivar e realizar um
direito. Na execução, ao contrário do que ocorre no processo de conhecimento, não há análise do
mérito da questão, sendo que o juiz, considerando procedente o pedido, irá simplesmente dar
provimento a um direito já garantido ao autor.
O Título Executivo:
O processo que se instaura com a ação de execução destina-se a realizar a sanção, e, assim, a
assegurar a eficácia prática do título executivo. O pedido de execução deverá ser fundamentado num
título executivo (nulla executio sine titulo), documento que, ao mesmo tempo em que qualifica a
pessoa do credor, o legitima a promover a execução. Nele está a representação de um ato jurídico, em
que figuram credor e devedor, bem como a eficácia, que a lei lhe confere, de atribuir àquele o direito
de promover a execução contra este. No título estão compreendidos o objeto, os limites e a extensão
da execução. A execução para cobrança de crédito sempre estará fundada em título de obrigação
certa, líquida e exigível (CPC, art. 586).
Devido à nova sistemática da execução, o art. 584 do Código de Processo Civil, que
relacionava os títulos executivos judiciais, foi revogado pela Lei 11.232/05.
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular
assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo
Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;
III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de
vida;
VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
§ 1º - A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o
credor de promover-lhe a execução.
§ 2º - Não dependem de homologação pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os
títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há
de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil
como o lugar de cumprimento da obrigação.
Espécies de Execução:
Além da modalidade comum de execução, chamada pelo Código de Processo Civil de “execução por
quantia certa contra devedor solvente”, existem outras espécies de execução, cada uma com detalhes
próprios. Estaremos estudando as seguintes espécies de execução:
execução por quantia certa contra devedor solvente;
execução das obrigações de fazer e de não fazer;
execução para entrega de coisa certa ou incerta;
execução por quantia certa contra devedor insolvente;
execução contra a Fazenda Pública;
execução de prestação alimentícia.
A execução por dívidas fiscais regula-se por lei especial própria (Lei 6.830, de 22.09.80).
Partes:
Duas são as partes no processo de execução: de um lado têm-se as que pedem a tutela jurisdicional
executiva (exequente ou executante), e de outro aquelas contra quem se pede tal tutela (executado).
Legitimação Passiva:
É a qualidade da pessoa contra a qual se pode promover a execução. O art. 568 trata de hipóteses de
legitimação passiva:
o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
o novo devedor, que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título
executivo;
o fiador judicial;
o responsável tributário, assim definido na legislação própria.
No processo de execução admite-se o litisconsórcio tanto ativo quanto passivo, mas nenhuma
das modalidades de intervenção de terceiro são cabíveis.
CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL
Art. 580 - A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e
exigível, consubstanciada em título executivo. (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 06.12.2006)
Prestação Diversa:
Ao credor assiste o direito de recusar o cumprimento da obrigação que não for aquela anteriormente
estabelecida ou a que resultar do título executivo e, nesse caso, promover a execução, cabendo ao
devedor o direito de oferecer-lhe embargos.
Responsabilidade Patrimonial
Noções Iniciais:
O patrimônio do devedor será sempre a garantia do credor. Assim, há a vinculação do patrimônio do
obrigado, ou de parte dele, a fim de que o credor obtenha a satisfação de seu direito de crédito
quando aquele espontaneamente não cumpre a obrigação. Traduz-se na destinação dos bens do
devedor a satisfazer o direito do credor. Deflui da responsabilidade patrimonial a situação em que se
encontra o devedor de não poder impedir que a sanção seja realizada mediante a subtração de seus
bens. A responsabilidade patrimonial tem sua diretriz geral estabelecida no art. 591 do Código de
Processo Civil: “o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus
bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei”. Trata-se do princípio da realidade
da execução, expressão com a qual procura destacar que a execução civil recai sobre o patrimônio do
executado, e não sobre sua pessoa. O princípio citado deixa claro haver exceções. São elas:
Para parte da doutrina, com a procedência da ação pauliana haveria a anulação do negócio
como um todo; outros sustentam que o negócio continuará existindo, apenas deixando de ser
eficaz perante o processo executivo do credor que promoveu a ação.
Fraude à Execução:
A fraude à execução consiste em ato ainda mais grave do que a fraude contra credores, pois além de
prejudicar o exequente, atenta contra o eficaz desenvolvimento da atividade jurisdicional. O art. 593
do Código de Processo Civil estabelece as formas de fraude à execução:
II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo
à insolvência;
Para combatê-la não é necessário ação especificamente destinada ao desfazimento dos efeitos
prejudiciais da alienação ou oneração, sendo que simplesmente é negado o reconhecimento do ato.
Ocorrendo a fraude no curso do processo executivo, os bens que dela foram objeto poderão ser desde
logo atingidos pela execução, independentemente de provimento desconstitutivo da eficácia do ato
fraudulento. São ineficazes em relação ao exequente, ainda que permaneça hígido em relação às
partes contratantes. Nisso há essencial diferença em relação à fraude contra credores, em que o bem
alienado só será submetido à execução contra o disponente devedor quando for bem sucedida a ação
pauliana.
Noções Gerais
Noções Iniciais:
No processo de execução, existe para o devedor a possibilidade de promover contra o exequente uma
ação incidental com a finalidade de impedir o prosseguimento da execução, que é denominada de
embargos do devedor. Os embargos têm natureza de ação de conhecimento incidental de natureza
constitutiva (desconstituir o título) ou declaratória (conforme o pedido).
Prazo:
Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 dias, contados da data da juntada aos autos do mandado
de citação (CPC, art. 738).
Fundamentação:
Nos embargos, poderá o executado alegar:
nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado;
penhora incorreta ou avaliação errônea;
excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa;
qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.
Efeito:
Com o advento da Lei 11.382/2006 a regra estabelecida no Código de Processo Civil se inverteu e os
embargos passaram a ser sempre recebidos sem efeito suspensivo. O efeito suspensivo é uma
exceção. O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos
quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa
causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja
garantida por penhora, depósito ou caução suficientes (CPC, art. 739-A, § 1º).
Procedimento:
Essa ação incidental começa com uma petição inicial (cumprindo os requisitos do art. 282). A
distribuição é por dependência, porque é conexo com o processo de execução e segue em apenso ao
mesmo processo. Apresentado os embargos o juiz decidirá pela rejeição liminar (quando
intempestivos, quando inepta a petição ou quando manifestamente protelatórios) ou pelo
recebimento. Recebidos os embargos, será o exequente ouvido no prazo de 15 dias; a seguir, o juiz
julgará imediatamente o pedido ou designará audiência de conciliação, instrução e julgamento,
proferindo sentença no prazo de 10 dias.
Embargos Protelatórios:
A tentativa de utilizar os embargos como meio de protelar a satisfação do credor resultará na
sua imediata rejeição e além de rejeitados liminarmente, sendo os embargos manifestamente
protelatórios o juiz imporá, em favor do exequente, multa ao embargante em valor não
superior a 20% do valor em execução (CPC, art. 740, parágrafo único).
Noções Gerais
Remição da Execução:
O termo remição vem de remir (do latim re-emere), com significado de adquirir de novo ou resgatar.
A remição da execução é o pagamento total do crédito objeto da execução, incluindo todos os
acessórios. É adimplemento tardio da obrigação, que a extingue e, consequentemente, serve de causa
extintiva da execução. Está prevista no art. 651 do Código de Processo Civil.
CÓDIGO DE Art. 651 - Antes de adjudicados ou alienados os bens, pode o executado, a todo tempo, remir a
PROCESSO CIVIL execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, mais juros, custas e
honorários advocatícios. (Nova redação pela Lei nº 11.382, de 06.12.2006)
A remição de bens (resgate dos bens por determinadas pessoas do círculo de proximidade do
devedor) não é mais prevista pelo Código de Processo Civil após as alterações feitas pela Lei
11.382/2006.
Carta de Remição:
Deferindo o pedido, o juiz mandará passar carta de remição, que conterá, além da sentença, as
seguintes peças:
a autuação;
o título executivo;
o auto de penhora;
a avaliação;
a quitação de impostos.
Noções Gerais
Suspensão:
O processo de execução, verificada a ocorrência de certos incidentes, terá ou poderá ficar paralisado,
vedado o seu prosseguimento até que deva ou possa retomá-lo. Deixa o processo de fluir
temporariamente, por imposição legal ou por manifestação da vontade das partes. Conforme o art.
791 do Código de Processo Civil, suspende-se a execução nos seguintes casos:
quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução (os embargos geram um
processo incidental ao processo executivo);
nas hipóteses previstas no art. 265, I a III (I – morte ou perda da capacidade processual de
qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador; II – pela convenção das
partes; III – quando oposta exceção de incompetência, impedimento ou suspeição);
quando o devedor não possuir bens penhoráveis: a falta de bens penhoráveis mantém o
processo sustado até que ingressem ou sejam localizados.
Efeitos da Suspensão:
Durante a suspensão só poderão ser praticados atos processuais cautelares urgentes ordenados pelo
juiz. Outros atos serão considerados nulos.
Extinção:
Dá-se a extinção da execução desde que satisfeito o direito do credor ou quando se houver por
encerrado o respectivo processo. Para que produza efeitos, a extinção do processo executivo há de ser
declarada pelo juiz em sentença (CPC, art. 795). De acordo com o art. 794 do Código de Processo
Civil extingue-se a execução quando:
o devedor satisfaz a obrigação;
o devedor obtém, por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da dívida;
o credor renunciar ao crédito.
Desistência:
O credor tem a faculdade de desistir total ou parcialmente da execução (CPC, art. 569). Na
desistência da execução, deverá ser observado o seguinte:
serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor
as custas e os honorários advocatícios;
nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.
Bibliografia
Atualizada em 10.12.2011