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IFSC

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DE


SANTA CATARINA

CURSO TÉCNICO TÊXTIL


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1INTRODUÇÃO

Engana-se quem pensa que a preocupação com a qualidade dos produtos oferecidos aos
clientes é coisa recente. Por volta de 2150 a.C., o código de Hamurabi já demonstrava uma
preocupação com a durabilidade e funcionalidade das habitações produzidas na época, de
tal forma que, se um construtor negociasse um imóvel que não fosse sólido o suficiente para
atender a sua finalidade e desabasse, ele, construtor, seria imolado. Os fenícios amputavam
a mão do fabricante de determinados produtos que não fossem produzidos, segundo as
especificações governamentais, com perfeição.
A contribuição de pesquisadores de áreas aparentemente distintas, como filosofia,
administração ou engenharia, dedicados a estudar a questão, tem levado, por um lado, a
uma considerável abrangência da noção do que seja qualidade e, por outro, a confusões e
equívocos quando se tenta colocar em prática determinadas definições.
As empresas devem buscar soluções pertinentes, a partir da administração, visando que no
final do processo, estão os clientes, avaliando, escolhendo e consumindo. O cliente é a figura
principal de todo processo organizacional, é necessário que as decisões empresariais e
tarefas operacionais levem em consideração as necessidades e expectativas do consumidor
e tentem superá-las, para atender o requisito de satisfazer completamente o cliente.
A regra quanto à qualidade está no envolvimento da empresa com o seu pessoal, uma firme
orientação para as pessoas.

2 POR QUE A QUALIDADE É IMPORTANTE?

A importância da qualidade é decorrente de sua profunda ligação com o objetivo básico de


qualquer empresa: sobreviver.
A única forma que a empresa dispõe para tanto, é vender seus produtos, ou seja, mantendo
sua faixa de atuação no mercado. E, como qualquer ser vivo, a empresa ambiciona crescer,
desenvolver-se, o que só pode ser possível se ampliar suas vendas, ou seja, conquistando
novos mercados. Dessa forma, para sobreviver, a empresa precisa considerar o cliente como
meta prioritária, já que de sua satisfação vai depender a manutenção dos produtos no
mercado.
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MERCADO

PRODUTO BOM
EMPRESA

EMPREGOS
(MÃO-DE-OBRA)

3 O QUE É CONTROLE DE QUALIDADE?

O Controle de Qualidade pode ser definido como sendo um sistema dinâmico e complexo,
que abrange todos os setores da fábrica – de forma direta ou indireta – com o objetivo de
melhorar a qualidade do produto final e manter essa melhoria, operando em níveis
economicamente aceitáveis.
É a inspeção das matérias-primas, do produto em fabricação, do produto final e do
equipamento. É a investigação e a análise das causas, dos defeitos e da reação do
mercado. É o planejamento dos métodos dos planos de amostragem, dos níveis de
qualidade e das especificações de qualidade para coordenação dos esforços que
culminará na produção em níveis os mais econômicos possíveis, garantindo a inteira
satisfação do cliente.

Exemplos:
a) Uma empresa que trabalha com tecido listrado no sentido horizontal e que, no processo
de fabricação, utiliza técnica e tecnologia próprias para casamento de listras, estará
produzindo uma qualidade com custos extras (listras casadas = mais tecido + mão-de-
obra), caso o mercado consumidor não corresponda a este aumento de custos. Essa
empresa, simplesmente estará encarecendo o seu produto e desequilibrando a relação
custo/benefício.
Sendo, porém, inversa à situação do mercado, ou seja, o mercado consumidor exige
listras casadas correspondentes ao seu custo extra e a empresa não produz seus
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produtos casando as listras, embora deseja mesmo assim atingir aquele mercado, então
nesse caso, o produto que ela produzir será considerado de baixa qualidade.
b) Uma empresa que produz roupas de trabalho precisa, normalmente, levar muito em
consideração resistência dos materiais e das costuras utilizadas na construção do seu
produto. Sendo necessário a realização de testes próprios relacionados com tipo dos
materiais empregados e ao uso da roupa, essa empresa precisa, também levar em
consideração a funcionalidade e o conforto da vestimenta, pois esses fatores poderão ser
julgados, como de vital importância para a sua aceitação no mercado.

3.1 INSPEÇÃO: tem por objetivo, tomar conhecimento dos padrões previamente
estabelecidos e verificar se o produto os está refletindo.

A inspeção pode ser:

a) Por atributo: É a inspeção através da qual a unidade do produto é classificada como boa
ou má (passa, não passa), ou seja, quando simplesmente verificamos a presença ou a
ausência de determinadas características qualitativas do produto.

b) Por variáveis: É a inspeção onde se pesquisam as variáveis, isto é, a grandeza assumida


por determinados valores numa mesma escala contínua (resistência de um fio, peso m² de
um tecido).

Com relação às quantidades inspecionadas:


a) Inspeção total de 100%
Consiste em inspecionar todas as peças do lote;

b) Inspeção por amostragem


Inspeção realizada sobre uma parte do lote, sacada ao acaso. A inspeção por amostragem
obedece a planos previamente estabelecidos.

3.2 BENEFÍCIOS DIRETOS DO CONTROLE DE QUALIDADE

- Melhoria na qualidade do produto;


- No aumento da produção;
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- Melhoria no projeto do produto;


- Redução dos custos de fabricação;
- Redução nos prazos de entrega;
- Melhoria na moral dos empregados;
- Aumento do prestígio da empresa;
- Previsibilidade maior do processo produtivo (condições estáveis de execução do
planejamento);
- Conhecimento pleno das condições da empresa para cumprir contratos propostos.

3.3 POR QUE A QUALIDADE DEVE SER CONTROLADA?

A qualidade é controlada porque ela é fundamental para a empresa. E como um dos


aspectos essenciais a serem observados no produto, ela deve ser acompanhada de perto,
avaliada, analisada, discutida e estudada.
É difícil vender produtos de baixa qualidade. Produtos de qualidade aceitável precisam
conquistar clientes. Por exemplo, com preços mais baixos. Produtos percebidos como de alta
qualidade podem solicitar preços-prêmio e permitir altas margens de lucro.

4 ÁREAS DE CONTROLE DE QUALIDADE

O controle de qualidade objetiva produzir itens de produção a níveis satisfatórios. Podemos


afirmar de modo simples e resumido, que o controle de qualidade abrange 4(quatro) tarefas
inter-relacionadas:

1) AS ESPECIFICAÇÕES INICIAIS DO PRODUTO:


 Ela começa antes de ser dado início á produção, ou seja, no estudo do projeto do
produto, na fase de desenho (criação a modelagem).

2) CONTROLE NA COMPRA E NA RECEPÇÃO DOS MATERIAIS:


 Determinação das especificações para a compra;
 Confronto do material recebido com as especificações preestabelecidas
no ato da compra;
 Aceitação ou rejeição dos materiais.
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3) CONTROLE DURANTE O PROCESSO DE FABRICAÇÃO:


 Análise das possibilidades de fabricação com qualidade;
 Orientação quanto às técnicas de fabricação a serem usadas;
 Garantir a identificação e a correção das irregularidades, tão logo ocorram.

4) CONTROLE DO PRODUTO ACABADO:


 Garantir um nível de qualidade uniforme e satisfatório para cada artigo;
 Reduzir o percentual de defeitos que possam ocorrer ao sair da fábrica.

4.1 AS ESPECIFICAÇÕES INICIAIS DO PRODUTO

Qual o caminho para um produto de alta qualidade? Aliás, o que é um produto de alta
qualidade e como consegui-lo? Para responder a essas perguntas, é preciso considerar três
modalidades de qualidade: de produto, de processo e de projeto. Ao se pensar em um novo
produto, em seu desenvolvimento, essas três modalidades devem ser analisadas em
conjunto, a qualidade do produto em si, a qualidade do processo, que afeta o produto e,
principalmente, a qualidade do projeto, que afeta, diretamente, o produto e o processo.

Desenho do Modelo e Modelagem

Toda supervisão, equipamento e controle de qualidade que possam ser usadas, não podem
corrigir uma roupa mal projetada. No desenho do modelo começa, realmente, o ciclo de
qualidade e ocorre, muitas vezes, que os inconvenientes, falhas e ausências de bom
comportamento de uma roupa, durante o processo de fabricação, são oriundos de uma
projeto inicial deficiente.
A análise que se faz do produto, em termos de qualidade, deve ocorrer, a partir da
estruturação de seu projeto. A qualidade de projeto é agregada ao produto antes mesmo que
ele exista fisicamente.
O modelo básico deve não apenas ser bem planejado, mas também inteiramente testado
antes do início da produção, de modo a permitir a correção ou a eliminação de dificuldades e
imprevistos durante o processo, antes do comprometimento do material de trabalho e do
equipamento, ambos valiosos.
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Ao criar os protótipos, devemos procurar prever, as possibilidades posteriores no processo


de fabricação, ou fazer com que eles se adaptem aos protótipos. Assim como, todas as
peças (modelos) propostas numa coleção devem ser examinadas por um grupo de Gerência,
cuja composição estará formada por elementos da Seção de Modelagem, Compras, Vendas,
Produção, Engenharia Industrial e Controle de Qualidade, etc. O mencionado grupo deverá
estudar o produto, principalmente sob o ponto de vista qualitativo, dele resultando uma ficha
que oficializará o nascimento do produto com o registro de especificações e materiais que o
acompanham.
Em particular, caberá ao pessoal da Engenharia Industrial, ou seja, ao pessoal técnico
encarregado da determinação das máquinas, fluxos, aparelhos e dispositivos necessários á
Produção (ou mesmo ao próprio encarregado da Produção, quando a fábrica não dispuser
de um Setor de Engenharia Industrial ou de técnicos responsáveis pela racionalização), o
estudo em função do parque industrial a que se destina, de modo a garantir a sua qualidade
durante o processo de fabricação, a um custo reduzido.
Após o exame inicial dos modelos, estes deverão ser submetidos a testes de fabricação com
vistas a sua produção final, bem como os tecidos, o tipo de operação das máquinas e
acessórios, o caimento e a graduação de moldes. Tal teste (ou fabricação experimental) é
uma parte crítica do processo de desenvolvimento do artigo a produzir e, portanto, jamais
deverá ser omitido.
Os problemas de produção, modelagem e qualidade devem ser anotados e examinados pelo
grupo de Gerência, tomando-se em seguida, as medidas corretivas antes do lançamento de
um novo produto.

Qualidade dos Moldes

A confecção de moldes consiste, essencialmente, de um procedimento padrão correto para


produzir o tamanho e o caimento apropriados.
O primeiro fator importante exige o uso de papel adequado para o molde. O papel mole que,
em geral, vem sendo utilizado, possui várias desvantagens devido a sua instabilidade. A
borda do papel enrola-se e desloca-se, tornando difícil fazer os traços ao redor do molde.
Desse modo, os riscos tomam mais tempo para serem feitos e o seu resultado final não é
exato. Pela mesma razão, as medidas finais tendem a variar continuamente.
O pequeno custo extra para aquisição do papel ou do plástico correto, destinados a feitura de
moldes constitui investimento vantajoso. O custo extra, embora exista, terá rápido retorno
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aos cofres da empresa, sob a forma de dividendos qualificativos. Inversamente, quando se


adota o uso de papéis moles para a feitura de moldes, as peças cortadas com esses
traçados aumentam os custos da produção e grande parte poderá sair como de 2ª qualidade,
pensando em termos de custos finais e produtividade, sem mencionar os danos, muitas
vezes irreparáveis, ao prestígio da fábrica.

Todos os moldes devem ser guardados pendurados e, como regra sempre marcados para
sua fácil identificação. Todos eles devem possuir piques apropriados para pences e pontos
de acasalamento destinados a mangas, colarinhos e outras peças. Também devem ser feitos
piques em outros pontos convenientes das bordas, a fim de ajudar a operadora, durante as
costuras longas, a fazer o alinhamento com facilidade e obter costuras iguais.
Cada molde deve dispor de uma linha reta orientando na posição em que precisa ser
colocada com relação á urdidura dos fios de tecido.
O papel para feitura dos moldes deve ter um peso de = 150 gramas ou, quando sob a forma
de folhas de plástico, estas devem ter, aproximadamente 0,3 milímetros.

Qualidade dos Papéis para Moldes

A) Resistência ao enrolamento (alto grau de rigidez);


B) Resistência ao deslocamento durante o risco;
C) Resistência à quebra (certa elasticidade);
D) Superfície receptiva a marcação com lápis e fácil apagamento;
E) Resistência a rasgos;
F) Resistência ao esticamento;
G) Resistência a abrasão das bordas.

Na elaboração e manutenção dos moldes, alguns fatores são essenciais para garantir
moldes perfeitos, quais sejam:

1. Todos os moldes devem ser devidamente


identificados quanto ao número, ao estilo, ao tamanho e a direção dos fios urdidura.
2. Todas as graduações devem ser feitas de acordo
com os padrões.
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3. Todas as modificações devem ser registradas em


livro próprio, mostrando a data, os números de moldes, o estilo e a razão da modificação.
4. Os moldes novos devem ser certificados quanto a
exatidão por meio da confecção de peças teste, a fim de verificar detalhes do caimento, do
casamento das partes, do comprimento e da conformidade com o modelo.
5. Os moldes devem ser controlados quanto a defeitos
e aqueles que estiverem gastos devem ser substituídos imediatamente.

O controle de qualidade deve dispor de um plano de inspeção, cujos objetivos sejam a


orientação de seus inspetores, bem como a especificação daquilo que os mesmos devem
inspecionar, de forma sistemática, nesses moldes.

Fornecemos, a seguir, uma relação de perguntas alusivas ao roteiro de inspeção dos moldes:
1. O tipo de papel é adequado?
2. Os moldes e tamanhos acham-se devidamente identificados?
3. As bordas dos moldes estão retas?
4. Os cantos dos moldes estão agudos ou arredondados?
5. Os piques dos moldes estão corretos em número, tamanho e colocação?
6. Os furos estão corretamente localizados e demarcados ou marcados com
um círculo para fácil visualização?
7. Os moldes estão corretamente graduados?
8. Há reclamações oriundas da Seção de Corte ou da Seção de Riscos quanto
aos moldes?
9. Os moldes estão deformados?
10. Os moldes estão devidamente guardados e oferecem fácil localização?
11. Eles constituem um jogo completo de moldes para encaixe fácil, quando
forem feitos os riscos?
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4.2 CONTROLE NA COMPRA E RECEPÇÃO

Na compra

Três aspectos se destacam de imediato:


- O preço;
- O prazo de entrega;
- A concordância em qualidade, com base em
especificações definidas.
Quanto ao primeiro aspecto, nada existe a discutir, pois todos procuram comprar com as
melhores condições de preço.
Sobre o aspecto prazo de entrega, a quantidade de problemas que ele cria, pelo fato de os
materiais não serem recebidos no devido tempo ou quando os componentes do produto são
muito numerosos, tem sido a causa da elevação dos custos dos produtos durante o ano, em
virtude das inevitáveis paradas por falta de matéria-prima, o que ainda é mais agravado pelo
atraso nas entregas com que a empresa se vê forçada a fazer junto aos clientes.
Quanto a qualidade, afim de que seja mantida uma boa relação entre confeccionistas e
fornecedores, a melhor maneira é fornecer, por escrito, as especificações, detalhando as
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características de qualidade que possam afetar a utilidade do produto acabado. Quando não
for possível que o fornecedor já produza em função das características desejadas pelo
confeccionista, deve-se proceder de maneira inversa, através de seleção para a futura
compra, ou seja, a empresa, mediante a inspeção da amostra fornecida pelo fornecedor,
certifica-se de que o produto atende as especificações de qualidade por ela exigidas.
Um pequeno desvio dessas especificações não significa, necessariamente, que o produto
deva ser rejeitado. Muitas vezes, um entendimento com o fornecedor pode levá-lo a
alteração do seu produto, a fim de atender o confeccionista, com benefício para ambos.

Essa inspeção, sob controle laboratorial, abrange dois grupos de características:


a) Características estruturais ou de construção:
 Peso por unidade de área (g/m²);
 Densidade de fios (fios e tramas/cm)
 Títulos dos fios e das tramas;
 Entrelaçamentos dos fios com as tramas (sarjas, cetins, tafetás, etc.);
 Composição;
 Acabamento;

b) Características de comportamento durante a produção e durante o uso:


 Há muitos testes ou ensaios que podem ser levados a efeito. A lista que
fornecemos abaixo cobre, apenas os mais usuais para a confecção e, mesmo assim, para
determinadas empresas poderão ser dispensados, só se levando a cabo os testes que
forem, realmente, úteis.

Os laboratórios de controle de qualidade dispõem de uma listagem desses diferentes testes,


bem como dos meios necessários para efetuá-los. Basicamente, devemos submeter a testes:
a) As alterações dimensionadas sob a ação de agentes como água, o calor, o
vapor, as lavagens domésticas, as lavagens a seco e as lavagens químicas.
b) As alterações apresentadas pelos corantes sob o efeito dos agentes
mencionados no item anterior, além do cloro, da água do mar, do suor e do atrito.
c) A resistência: rasgamento (dilaceração), atração, abrasão (atrito), pilling e
abarrotamento (resiliência).
d) A reação à costura, traduzida em engarçamentos, resistência à costura,
cortes de fios (pela agulha), enrugamentos (franzidos), adaptabilidade ao produto, reações
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aos demais processos de fabricação (como por exemplo, estampagem de transfer,


fusionamento de entretelas, etc.).

Existem outros testes, de significativa importância, que podem ser realizados até sem a
utilização de um laboratório específico, como:
_ Gramatura / Encolhimento / Largura / Tonalidade (cartela de cinzas)

Durante a condução dos testes propostos, devem ser levados em consideração os seguintes
aspectos para o julgamento final do tecido: estética, durabilidade e utilidade.

Estética – É o processo que o tecido vai emprestar ao produto. Não se refere a cores,
padrões ou desenhos, mas a aparência geral, à variação de cores e a textura, ao caimento e
ao movimento, à “fusão” perfeita entre tecidos e costuras e à adaptabilidade ao modelo.
Durabilidade – É a capacidade que o tecido tem de manter as suas características durante o
uso. É também, a medida do esforço necessário para destruir o tecido ou a sua capacidade
de manter essas características. Encontram-se relacionadas com a durabilidade:
 A resistência à abrasão;
 A resistência à lavagem;
 A resistência ao desgaste prematuro e ao enfraquecimento geral do uso.
Utilidade – Refere-se às alterações prematuras da forma, da aparência e do conforto, que
podem tornar a roupa de utilidade nula ou limitada, mesmo antes que atinja os limites de
durabilidade ou que, pelo contrário, podem manter o produto útil ao uso até o final da
durabilidade do tecido.
Os cuidados dos testes orientam a Gerência sobre a maneira através da qual o tecido deve
ser processado, a fim de que os padrões de qualidade sejam mantidos.
Exemplo:
- Cuidados especiais no corte;
- Temperatura limite de funcionamento de entretelas;
- Tipos de impulsores e de agulhas a usar;
- Recomenda-se a rejeição pura e simples, quando não há
condições de processamento ou de manutenção dos padrões de qualidade.

NA RECEPÇÃO
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O controle na recepção visa assegurar que toda a matéria-prima recebida atenda aos
padrões. De uma forma geral, consideramos matéria-prima todos os materiais que entrem na
fábrica para serem transformados em produto acabado. Nesse caso as matérias-primas da
Indústria de Confecção constituem os tecidos, as entretelas, as linhas de costura, os
acessórios, etc. Um plano de controle de qualidade deverá concentrar-se muito mais nas
matérias-primas essenciais à construção do produto, ou seja, as que apresentem percentuais
maiores de utilização com relação ao produto (como tecidos, entretelas, etc.), sem contudo,
desprezar aquelas que apresentam importância menor, como por exemplo, os aviamentos
não têxteis (botões, alfinetes, aplicações, etc.). De forma específica, todos os materiais
deverão ser controlados, atendendo ao princípio de não aceitar nenhum gênero sem prévia
passagem pelo Controle de Qualidade.
As vantagens do Controle de Qualidade da matéria-prima podem ser enunciadas da seguinte
forma:
1. Melhor controle dos defeitos introduzidos no produto;
2. Melhor aproveitamento do tecido pela separação por largura;
3. Menor custo de fabricação, seja pelo reembolso dos defeitos, seja pela melhor
seleção na fonte;
4. Gradativa melhoria do material recebido, através da vigilância indiretamente
exercida sobre o fornecedor;
5. Seleção de dados comparativos sobre o desempenho de cada um;
6. Menor custo de inspeção na produção, pela redução das inspeções de defeitos
do tecido em áreas controladas.

CONTROLE DE QUALIDADE DO TECIDO

Inspeção Visual
Os critérios para a aceitação ou rejeição de uma peça ou rolo de tecido devem ser
estabelecidos com cuidado. Uma vez aprovado o tecido como um todo, consoante os três
parâmetros anteriormente citados para área de Compras (estética, durabilidade e utilidade),
cada uma das peças deve ser objeto de inspeção, visando separar aquelas que, pela
quantidade e variedade de defeitos apresentados, serão rejeitados e devolvidos ao
fornecedor (ou aceitas, após um reajuste no preço, quando isto for viável).
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As peças de tecido são inspecionadas em mesas comuns, com dimensões apropriadas.


Quando em rolos, o tecido é inspecionado com o emprego de máquinas especiais. Essas
máquinas vêm equipadas com uma caixa de luz sobre a qual o tecido passa aberto a uma
velocidade controlada, a fim de ser examinado e medido. A largura é facilmente medida,
usando-se uma régua montada na máquina, e o comprimento através de um dispositivo fixo
a mesa (medidor), que registra a medida que o tecido se desenrola, ou mesmo, por meio de
fitas colocadas no centro das peças.

Revisadeira

Uma vez identificados os defeitos, estes serão marcados nas ourelas com cartões, fitas
gomadas ou fios coloridos e anotados numa ficha de controle, juntamente com a largura e o
comprimento.

TESTES
Além da inspeção visual do tecido na recepção, alguns testes simples devem ser efetuados,
a fim de verificar se todas as propriedades físicas e químicas solicitadas foram atendidas no
lote. Para isso, os mesmos ensaios conduzidos com a amostra oferecida para compra devem
ser repetidos com as amostras extraídas dos lotes e as que estiverem fora das
especificações, respeitadas as tolerâncias, deverão ser rejeitadas.
Alguns desses testes, que são fundamentais para o controle interno no recebimento da
matéria-prima, poderão ser realizados com procedimentos bem mais simples e com materiais
e equipamentos não sofisticados.
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Como Procede o Revisor de Matéria-Prima Tecida

Ao receber o tecido, o revisor confere a metragem (ou o peso) indicado na Nota Fiscal com a
soma das metragens ou pesos individuais de cada peça registrada pelo fornecedor. Caso
não coincidam a metragem ou o peso da Nota Fiscal com a metragem ou o peso da soma
das peças, cabe este avisar, de imediato, ao responsável pelo Controle de Qualidade ou à
Gerência, assinalando a falta ou a sobra que tenha localizado, fazendo, em seguida, a
necessária anotação na Nota Fiscal.
O revisor deverá, em seguida, iniciar a inspeção das peças propriamente. Para tanto, ele
extraíra as amostras estatísticas a serem revisadas aleatoriamente, retirando peças do início,
do meio e do fim da partida, proporcionalmente, de acordo com a classificação adotada no
Plano de Amostragem vigente na empresa.
Durante a revisão do tecido, o revisor registra os defeitos encontrados, bem como os dados
referentes às peças (largura, comprimento, etc.), em formulário próprio.
Caso o lote não seja aceito pelo padrão, pode-se recorrer a inspeção 100%, ficando assim
com as peças boas, caso a sua quantidade justifique um corte, fazendo a devolução das
defeituosas.
No caso de se efetuar a inspeção a 100%, aconselha-se dispor de um estoque intermediário,
a fim de que, à medida que se inspeciona, não faltem peças no Almoxarifado Geral de
Tecidos e, conseqüentemente, na Produção (Setor de Corte).
Em casos extremos em que o Corte já se encontre parado ou prestes a parar pela falta de
tecido, nada custa inspecionar, nem que seja uma única peça.

Para o revisor, devem interessar, apenas, os resultados finais, ou seja, APROVADO OU


REJEITADO, com base nas especificações estabelecidas, sem desviar-se das mesmas em
hipótese alguma, nem fazer concessões. Desta forma, ao responsável pelo Controle de
Qualidade e/ou o Gerente, a quem sabe levar em consideração os diversos aspectos
inerentes à fábrica, compete a decisão de aceitar ou não tais tecidos, já que existem diversos
fatores a serem examinados, tais como:

a) Uma possível parada no fluxo da produção por falta de material;


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b) O não-cumprimento dos prazos de entrega acordados com os clientes, de vez que


a chegada de uma nova remessa de tecido não dará tempo para o cumprimento dos prazos;
c) Atenção ao fornecedor que, por circunstâncias adversas, tenha produzido um lote
de menor qualidade, oferecendo preço razoável pelas perdas causadas.
A esses fatores, soma-se uma série de outros, igualmente importantes para a Gerência
dentro de sua política empresarial.

CLASSIFICAÇÃO DO TECIDO

Para termos uma classificação objetiva de tecidos, é necessário:


1. Estabelecer quais os defeitos significativos, ou seja, aqueles que realmente,
implicam numa diminuição da qualidade;
2. Grupar esses defeitos segundo a sua importância;
3. Atribuir a cada grupo de defeitos certos valores numéricos (pontos) que
traduzam, o melhor possível, a relevância de cada grupo;
4. Determinar os valores numéricos de aceitação e de rejeição para uma peça do
tecido, dentro do sistema adotado, e consoante os níveis de qualidade exigidos para cada
classe de tecido.
Esses tecidos também podem ser para classificar as peças como de primeira ou de segunda.
Para determinar os valores relativos dos defeitos, devem ser levados em consideração, pelo
menos, os seguintes fatores:

1. Tamanho (área afetada pelo defeito);


2. Intensidade (evidência, visibilidade);
3. Posição (localização do defeito em relação à peça e a outros defeitos).
O tamanho além de influir na área de tecido afetada, altera a intensidade. Um defeito
pequeno ou muito contrastante pode ser não visível quanto outro maior, porém menos
intenso.

A posição influi muito no valor do defeito. Uma única trama defeituosa, ou ourela, tem o
mesmo valor prático de uma barra de dois centímetros de largura, de ourela a ourela. Ambas
deverão ser retiradas do tecido, o que dará origem a um retalho, pois fatalmente serão
atingidas outras peças da roupa. Um único ponto, isolado na peça, tem certamente, o mesmo
valor prático que três pontos menores, estreitamente grupados, pois, em ambos os casos,
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deverá ser marcada uma vez a sua posição, seja para uma futura e provável substituição da
peça do vestuário, seja para cortar o tecido, conforme a norma adotada. Um defeito existente
ao longo do urdimento, da mesma extensão que um defeito ao longo das tramas, tornam-se
mais prejudiciais, porque abrange um maior comprimento do tecido.

No modelo apresentado a seguir, os defeitos serão classificados e ponderados de acordo


com o valor prático.

DEFEITOS E SUA CLASSIFICAÇÃO (TECIDO PLANO)


1. Barras e tramas: 2. Defeitos de urdimento:
Defeitos de ourela e de largura praticamente 2a. Fios de urdimento isolados.
desprezível. Valor: 5 pontos.
Exemplo: Tramas falhadas, Tramas duplas, 2b. Fios de urdimento em toda a extensão
Rarefação de tramas, etc. da peça ou em extensão sensivelmente
Valor: 6 pontos. superior à metade do comprimento da peça.
Valor: Rejeite a peça

3. Desvios de tramas: 4. Manchas:


São desvios que as tramas sofrem de suas Áreas demarcadas por diferença de cor,
posições originalmente retas na perpendicular sujeira, alterações de textura, etc.
ao urdume. 4a. Muito ou pouco visível, mas de área
3a. Quando a trama encontra-se enviesada desprezível.
no máximo até 1 centímetro de ourela a Valor: 3 pontos.
ourela. 4b. Dimensões sensivelmente menores do
Valor: 3 pontos que ¼ de largura do tecido.
3b. Quando a trama encontra-se enviesada Valor: 5 pontos.
de 1 a 2 centímetros de ourela a ourela. 4c. Dimensões maiores do que ¼ da largura
Valor: 5 pontos do tecido.
3c. Quando a trama encontra-se enviesada Valor: 6 pontos.
mais de 2 centímetros de ourela a ourela.
Valor: Rejeite a peça.
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5. Bolsa (Retração na Ourela): 6. Diferença de tonalidade:


Ocorre quando um tecido não fica liso sobre a Diferença de tonalidade facilmente perceptível
mesa. e que não pode ser enquadrado nem na
5a. Quando, ao ser estendido sobre uma classificação das manchas, nem na
mesa plana, suas ondulações excedem a 1 classificação das barras.
cm de amplitude. 6 a. Em áreas menores do que a largura do
Valor: 6 pontos tecido.
5b. Quando as amplitudes das ondulações Valor: 8 pontos
oscilarem entre 1 e 2 cm. 6b. Entre uma ourela e outra.
Valor: 7 pontos. Valor: Rejeite a peça.
5c. Quando as amplitudes se encontrarem 6c. Entre uma ponta e outra (urdume)
acima de 2 cm. Valor: Rejeite a peça.
Valor: Rejeite a peça.

NOTA: Em termos práticos, buracos, rombos e rasgões se enquadram na classificação das


manchas. Normalmente, são admitidos pequenos e médios defeitos (4a e 4b), desde que
não ultrapassem 10% da peça.

7. Largura (variações):
7a. Variação até 1 cm para menos na largura total.
Valor: 4 pontos.
7b. Variação entre 1 e 2 cm para menos na largura total.
Valor: 6 pontos.
7c. Variação de mais de 2 cm para menos na largura total.
Valor: Rejeite a peça.
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Defeitos de Malharia:

8. Agulha caída: 9. Fio corrido:


8a . Falha de até 50cm no rolo 9a. Fio corrido numa extensão de até 80cm do rolo
Valor: 3 pontos. Valor: 3 pontos
8b . Falha de 51cm à 1m no rolo 9b. Fio corrido numa extensão de até 150cm do
Valor: 6 pontos. rolo
8c . Falha superior à 1 m no rolo Valor: 5 pontos
Valor: Rejeite o rolo 9c. Fio corrido numa extensão superior à 150cm
do rolo
Valor: Rejeite o rolo
10. Pé de Galinha: 11. Furo:
10a. Até 5 defeitos no rolo 11 a. Até 3 furos no rolo
Valor: 3 pontos Valor: 4 pontos
10b. Até 8 defeitos no rolo 11 b. Até 5 furos no rolo
Valor: 5 pontos Valor: 6 pontos
10c. Superior à 8 defeitos no rolo 11 c. Superior à 6 furos no rolo
Valor: Rejeite o rolo Valor: Rejeite o rolo
20

Para a aceitação ou rejeição do tecido, conforme o número de pontos atingidos durante a


inspeção, podemos utilizar as tabelas abaixo, que estabelecem os limites máximos de pontos
por peça, conforme o comprimento ou o peso da mesma.

PONTOS MÁXIMOS POR METROS (Tecido Plano)


CLASSIFICAÇÃO
70/75 65/69 60/64 55/59 50/54 45/49 40/44
1 48 40 32 26 18 10 2
2 56 48 40 32 26 18 10
3 64 56 48 40 32 26 18

CLASSIFICAÇÃO 16 Kg (rolo de malha)


1 10
2 11 a 20
3 21 a 30

Critério de aceitação

Verifica-se a classificação da peça em função do número de pontos registrados durante a


inspeção e de seu comprimento, consoante os critérios abaixo:

Até (1) – Aceitação sem restrições ou 1ª qualidade

Até (2) – Aceitação com restrições.


- Contatar o fornecedor
- Cuidados especiais no corte ou 2ª qualidade.

Até (3) – Rejeitar ou 3ª qualidade.


Acima de (3), rejeição total.

De acordo com a tabela anterior, uma peça de 55 metros, que tenha tido 27 pontos (até 32)
pode ser aceita, porém exigindo cuidados especiais no corte (retirada dos defeitos) e um
contato com fornecedor para ajustamento de preços. Com 41 pontos ou mais, a peça é
rejeitada.
PLANO DE AMOSTRAGEM
21

É um bom plano que determina o número de unidade de produto (espécime) década lote a
ser inspecionado (tamanho de amostra ou série de tamanhos de amostra), bem como o
critério para aceitação do lote (número de aceitação ou rejeição).
Os planos de amostragem podem ser simples, duplos ou múltiplos. Quanto ao regime de
inspeção, podem ser reduzidos, normais ou severos. Podemos adotar um plano
preestabelecido, com bases em normas, ou podemos criar e/ou adaptar um par a nossa
realidade. A prática mais comum tem sido a de adotar um Plano de Amostragem Simples, de
inspeção normal ou severa e, em alguns casos, o Plano de Amostragem Duplo, de inspeção
normal e/ou severa.

Um plano por atributo para uso na determinação da aceitação de:


 Aviamentos e matérias-primas;
 Produtos em processo;
 Materiais estocados;
 Produtos terminados (acabados).

Antes de prosseguirmos no estudo de um Plano de Amostragem, veja alguns conceitos que


possam auxiliar no seu entendimento.

Unidade de Produto – Elemento de referência na inspeção. Poderá ser um artigo simples,


uma par, um conjunto, uma área, uma operação, um volume, um comprimento do produto ou
o próprio terminado (metro de tecido, peça de tecido, botão, zíper, produto final ou em
qualquer fase da produção).

Nível de Qualidade Aceitável – É um valor nominal, expresso em termos de percentagem


defeituosa ou de defeitos por cem unidades, específico para um determinado defeito de uma
Unidade de Produção.

Número de Aceitação – O maior número de defeitos na amostra em consideração que


permite a aceitação do lote.

Número de Rejeição – O menor número de defeitos na amostra em consideração que


demandará a rejeição do lote.
22

Lote – Conjunto de Unidades de Produto a ser amostrado para verificação de sua


conformidade com as exigências de aceitação.

Tamanho do Lote – É o número de unidade que formam o lote.

Amostra – É a coleção de Unidades de Produto sacada, ao acso do lote, a qual, quanto


testada, servirá de base para a aceitação ou rejeição do lote.

Tamanho da Amostra – É o número de unidades que formam a amostra.

Defeito – É toda a característica de qualidade que não se encontra em consonânica com as


especificações.

Inspeção Original – É a primeira inspeção em cada lote.

Não Conformidade – É expressa em termos de percentagem defeituosa ou em termos de


defeitos por cem unidades.

Percentagem defeituosa= nº de unidades defeituosas x 100


nº de unidades inspecionadas

Plano de Amostragem Simples

Neste Plano de Amostragem a quantidade de unidades de produtos inspecionada deverá ser


igual ao tamanho da amostra dado pelo Plano.

Mecanismos de Aplicação do Plano de Amostragem

Torna-se necessário, primeiramente, codificar o lote em função do seu tamanho. Para esse
fim, utiliza-se a Tabela I, que se encontra apresentada a seguir.
23

CODIFICAÇÃO DO LOTE – TABELA I

Unidade do Lote Código


2a8 A
9 a 15 B
16 a 25 C
26 a 50 D
51 a 90 E
91 a 150 F
151 a 280 G
281 a 500 H
501 a 1200 J
1201 a 3200 K
3201 a 10000 L
10001 a 35000 M
35001 a 150000 N
150001 a 500000 P
500001 a em diante Q

Este código indica o tamanho da amostra do plano correspondente.


Em seguida após a codificação do lote, consulta-se o valor mais próximo à Amostragem
Simples e procura-se o valor mais próximo de N.Q.A. estabelecido, a fim de obter, na mesma
tabela, os números:

- de aceitação;
- de rejeição, em consonância com o código encontrado na
Tabela I.
Nota: Para cada regime de inspeção do Plano de Amostragem Simples existe uma tabela
específica. Assim:

 Regime de Inspeção Normal – Tabela II-A


 Regime de Inspeção Severa – Tabela II-B
 Regime de Inspeção Reduzida – Tabela II-C
Exemplo 1

Regime de inspeção: Normal


Tamanho do lote: 2.000 peças (pela Tabela I corresponde ao código K).
24

N.Q.A – 1% (pela Tabela II A, tamanho da amostra 125 peças)


Critério de julgamento: Aceita (Ac) com 3
Rejeita (Rc) com 4
Para melhor entendimento, localize os valores na Tabela I e II A e acompanhe o fluxo a
seguir:

FLUXO DA AMOSTRAGEM SIMPLES, INSPEÇÃO NORMAL


CITADO NO EXEMPLO 1

Inspecionar a amostra
de 125 peças

Se o número de peças defeituosas for:

Menor ou igual a 3 Igual ou maior que 4

ACEITA REJEITAR
O O
LOTE LOTE

Resumindo, podemos dizer que neste Plano a aceitação e a rejeição se processam da


seguinte forma:

Aceitação: Se o número de unidades defeituosas encontrado na amostra for igual ou menor


do que o número de Aceitação (Ac), o lote, nesse caso, deverá ser considerado como aceito.
Rejeição: Se o número de unidades defeituosas for igual ou maior que o número de rejeição
(Re), o lote deverá ser rejeitado.

Exemplo 2

Regime de Inspeção: Severa


Tamanho do lote: 2.000 peças (pela Tabela I corresponde ao código K)
N.Q.A – 1% (pela Tabela II B, tamanho da amostra 125 peças)
25

Critério de julgamento: Aceita (Ac) com 2


Rejeitada (Re) com 3

FLUXO DA AMOSTRAGEM SIMPLES, INSPEÇÃO SEVERA


CITADO NO EXEMPLO 2

Inspecionar a amostra
de 125 peças

Se o número de peças defeituosas for:

Menor ou igual a 2 Igual ou maior que 3

ACEITA
REJEITAR
O
O
LOTE
LOTE
26

Plano de Amostragem Dupla

Neste Plano, a quantidade de unidades de produto inspecionado deverá ser igual ao


primeiro tamanho de amostra dado referido plano.

Mecanismo de Aplicação de Plano de Amostragem Dupla

Primeiramente codifica-se o lote em função do seu tamanho, utilizando-se a Tabela I, a


mesma utilizada para o Plano de Amostragem Simples.
Em seguida, localiza-se nas tabelas do Plano de Amostragem (conforme o regime de
inspeção adotado) o tamanho da amostra e o critério de julgamento para a 1ª e a 2ª
amostras.

As tabelas para a Amostragem Dupla são:

 Inspeção Normal – III-A


 Inspeção Severa – III-B
 Inspeção Reduzida – III-C

Exemplo 3

Plano de Amostragem Dupla


Regime de Amostragem: Normal
Tamanho do lote: 15.000 peças (tabela I, código M)
N.Q.A – 2,5% (tabela III A)

1ª amostra= 200 peças


Critério de julgamento: Para a 1ª amostra – 7 aceitar
11 rejeitar
27

FLUXO DA AMOSTRAGEM DUPLA, INSPEÇÃO NORMAL


CITADO NO EXEMPLO 3

Inspecionar a primeira
amostra de 125 peças

Se o número de peças defeituosas (dI) for:

Menor ou igual a 7 Igual ou maior que 11

REJEITAR
ACEITA
O
O
LOTE
LOTE

No caso do exemplo 3, quando o número encontrado for maior do que 7 e menor do que
11, o lote não será aceito, nem rejeitado, nesta 1ª amostragem.

Em termos gerais, podemos dizer que quando o número de unidades defeituosas


encontrado na 1ª amostragem for maior do que o 1º número de aceitação (Ac), porém
menor do que o 1º número de rejeição (Re), deve-se passar para a 2ª amostragem, que
deverá ser do mesmo tamanho da 1ª (vide tabela) e aplicar o critério de aceitação ou
rejeição abaixo.

Aceitação
1ª Amostra: Quando o número de unidades defeituosas acumulado (1ª amostra + 2ª
amostra) for igual ou menor do que o 2º número de Aceitação (Ac).

Rejeição
28

2ª Amostra: Quando o número de unidades defeituosas acumulado (1ª amostra + 2ª


amostra) for maior do que o 2º número de Rejeição (Re)
Verificando, na tabela III-A, para o exemplo 3, a 2ª amostragem deverá ser de 200 peças
e o total acumulado de 400 peças.
Critério de julgamento:
2ª amostra
(1ª + 2ª)....................18 aceita
19 rejeita

Observe o fluxo da figura, abaixo, para saber como proceder.

FLUXO DA AMOSTRAGEM DUPLA, INSPEÇÃO NORMAL

PARA O EXEMPLO 3
Inspecionar segunda amostra
de 200 peças verificando (d2)

Se o número de peças defeituosas d= d1 + d2 das duas amostras:

Menor ou igual a 18 Igual ou maior que 19

ACEITA REJEITAR
O O
LOTE LOTE

INSPEÇÃO DE QUALIDADE DOS AVIAMENTOS

A inspeção de qualidade dos aviamentos também deve ser levada a efeito no ato do
recebimento do material.
29

Ao ser introduzido um Plano de Controle de Qualidade de Aviamentos, convém que


todos os lotes recebidos sejam, inspecionados e registrados os seus resultados para
efeito de controle estatístico.
Após os 6 (seis) primeiros meses, com base nos históricos das inspeções, os
fornecedores que tenham mantido uma bom padrão de qualidade poderão ter reduzida
em 50% a freqüência das inspeções e, continuando bom o seu padrão nos 6 (seis)
meses seguintes, a inspeção poderá ser feita de forma esporádica, com freqüência a ser
estabelecida pelo responsável do Controle de Qualidade.
A amostra poderá ser efetuada conforme o Plano de Amostragem. O processo de
escolha da amostra deve ser o mais aleatório possível, a fim de evitar que a inspeção
seja dirigida para um determinado resultado.

No procedimento de inspeção comum a todos os aviamentos considerar os seguintes


aspectos:
1. A inspeção deverá ser feita de acordo com o Plano de
Amostragem determinado pela empresa (vide “Plano de Amostragem”).
2. A identificação do tamanho do lote deve ser feita tão logo
chegue o material.
3. O tamanho do lote deve ser enquadrado no Plano de
Amostragem.
4. O procedimento da inspeção deve obedecer às rotinas do item
considerado.

Fornecemos abaixo, alguns exemplos de rotinas de inspeção para aviamentos dentro da


empresa.

ROTINA DE TRABALHO PARA INSPEÇÃO DE LINHAS


Verificar o tamanho da amostra no plano de amostragem, retirá-la ao acaso dos pacotes
do lote, contando todo o lote.
Inspecionar os cones quanto à cor e a tonalidade à luz de lâmpada fluorescente ou
similar, comparando-se com a cor da cartela e entre si.
Inspecionar os cones quanto ao número de linha.
30

ROTINA DE TRABALHO PARA A INSPEÇÃO DE BOTÕES METÁLICOS E NÃO


METÁLICOS
Após escolher a amostra:
- Fazer a primeira amostragem por pacote, retirando de um lote de nº de pacotes uma
amostra de pacote, segundo o Plano de Amostragem.
- Verificar o número de unidades da amostra de pacote. Com este, escolher, de acordo
com o Plano de Amostragem, a amostra de unidades, retirando equivalentes de cada
pacote.
1) Para botões metálicos:
Á luz de lâmpada fluorescente ou similar, verificar se a aparência dos botões coincide
com a desejada, no que tange a cor e inscrição.
Comparar sua superposição e o tamanho com o padrão para verificar se estão corretos.
Ver se há ferrugem, caso em que serão considerados imperfeitos.

2) Para botões não-metálicos:


Seguir o mesmo procedimento adotado para os botões metálicos, com exceção do item
“ferrugem”, porém acrescentando uma inspeção nos furos, a qual deve ser feita
colocando-se o botão entre o olho e um foco de luz forte, outra sobre a quantidade de
furos existentes no botão, bem como sua perfeição e simetria em relação ao centro.
OBS: No caso de botões de pressão, além dos itens indicados para botões metálicos,
observar também se estes abrem e fecham com facilidade. Em caso contrário, devem
ser rejeitados.

ROTINA DE TRABALHO PARA A INSPEÇÃO DE ZÍPERES

 Escolher a amostra conforme plano de amostragem;


 Executar a inspeção à luz de uma lâmpada fluorescente ou similar;
 Medir o comprimento dos zíperes com uma régua centímetro da comum, a
fim de verificar-se se ele corresponde ao pedido;
 Verificar-se por comparação com a cartela do fornecedor, se a tonalidade e
a cor dos zíperes estão corretas;
 Verificar se a cor dos dentes e deslizadores é a correta;
31

 Verificar se estão faltando dentes, caso em que a peça será considerada


imperfeita;
 Certificar-se de que o zíper funciona a contento, deslizando suavemente e
fechando-se por completo.
32

ROTINA DE TRABALHO PARA A INSPEÇÃO DE ETIQUETAS

 Retirar a amostra, conforme tabela de amostragem;


 Inspecionar a etiqueta verificando a marca, o tamanho, a composição, as normas
de lavanderia, a nitidez da etiqueta;
 Largura e altura, conforme a necessidade do caso.

ROTINA DE TRABALHO PARA A INSPEÇÃO DA CAIXA DE PAPELÃO

 Retirar a amostra, conforme tabela de amostragem;


 Inspecionar a caixa verificando largura x comprimento x altura;
 Conferir a logomarca.

3) CONTROLE DURANTE O PROCESSO DE FABRICAÇÃO

No Risco
Os fatores que afetam a qualidade dos riscos são as superfícies a riscar, a espessura
das linhas riscadas, a orientação do fio no tecido, a orientação dos moldes e o
faceamento dos moldes.
Superfície – Para riscar, devem ser considerados alguns pontos:

a) O risco do papel versus o risco no tecido:

O papel para riscar tem maior preferência por ser estável, não apresentando distorções
com o uso e eliminando a necessidade de linhas grossas feitas com giz.
Nota: O risco no tecido com a caneta esferográfica elimina as linhas grossas de giz,
porém dificulta o encaixe e o aproveitamento do tecido, pois, uma vez feito o risco, este
não pode ser apagado ou rasurado, na tentativa de mudar as posições dos moldes.
33

b) A qualidade do papel:
O papel pontilhado é o que se recomenda por facilitar a orientação correta dos moldes
em relação ao fio do tecido.

Espessuras das linhas – A espessura das linhas do risco determina, em grande parte, a
exatidão do corte. Quanto mais grossa é a linha, menos preciso é o corte.

Orientação do fio do tecido – A relação molde/fio de urdume do tecido, em


consonância com a perfeita obliqüidade do tecido, garante o perfeito caimento do
produto acabado, evitando problemas de costura. Por essa razão o sentido da
orientação deve ser indicado.

Orientação dos moldes – Linhas paralelas devem ser superpostas, sempre que
possível. Os cantos, quando colocados em espaços abertos (cavas e decotes) não
devem ter suas linhas distorcidas para a acomodação desses cantos.

Faceamento dos moldes – O faceamento dos moldes tem de ser correto, a fim de que
as peças faceadas sejam objeto de ser feito acasalamento, bem como para os pêlos de
uma superfície aveludada ou as estampas de um tecido estampado corram na mesma
direção.

Material para Riscar – Os materiais para riscar devem possuir as seguintes


características:

a) Reter as qualidades visuais;


b) Serem facilmente removíveis;
c) Serem inofensivos ao operador.
Exemplos: lápis, tinta, crepom.

Controle de Risco – O controle dos riscos traduz-se em duas atividades: a) verificar se


todas as peças e tamanhos foram riscados e b) examinar os riscos para certificar-se de
que:
34

 Todas as peças se encontram devidamente orientadas em relação ao fio do tecido;


 Todos os piques e furos necessários foram marcados;
 Todas as linhas estão (1) claramente visíveis, (2) na espessura adequada, (3) no
comprimento certo, não encurtando os cantos, nem cortando outras linhas;
 Todos os tamanhos foram claramente identificados;
 Todos os moldes acham-se devidamente orientados para casar com o lado direto do
tecido nas peças a serem unidas e dar a direção apropriada aos pêlos do tecido (quando
este é aveludado ou às estampas, quando é estampado).

Após a inspeção, a Inspetora deverá rubricar o risco, autorizando o seu envio ao setor de
corte ou à sua reprodução.
No caso de reprodução, as cópias também deverão ser inspecionadas quanto ao seu
grau de nitidez e, em seguida, rubricadas, seu objeto de aprovação.

No Enfesto

Durante o enfesto, o inspetor de qualidade deve observar, basicamente:


a) O alinhamento das camadas de tecido;
b) A tensão apresentada pelas camadas de tecido;
c) Os desvios das tramas;
d) A direção do tecido (tonalidade, figuras);
e) Defeitos gerais.
35

Tensão apresentada pelas camadas de tecido:


1º Caso: Quando as camadas de tecido forem estiradas durante o enfesto, provocando
a contração das peças riscadas após o corte, ou seja, ocasionando o encurtamento das
mesmas.
Especial atenção aos casos de tecido de malha, em que deve ser utilizados, sempre que
possível, carros de enfestar, que ajudam o estendimento e reduzem o estiramento.

2º Caso: Quando as camadas do tecido forem enfestadas frouxas, ou seja, quando


existe um excesso de comprimento do tecido dentro das extremidades estipuladas do
36

enfesto. Em caso assim surgem defeitos, tais como: ondas e rugas na superfície do
tecido, gerando desperdício do mesmo e, conseqüentemente com que as peças sejam
cortadas em tamanho maior do que as riscadas.

Os Desvios da Trama – Quando há desvios acentuados da trama, provocando tensões


opostas no tecido, criam-se variações de folga e de aperto, ocasionando o surgimento de
componentes cortados em tamanhos abaixo e acima do normal. No caso do tecido
xadrez, provoca a distorção dos mesmos. Tal tipo de defeito quando não separado no
enfestamento, muitas vezes irá trazer seus reflexos diretamente sobre a costura, com
estiramento de partes e não casamento de listras e/ou xadrez. É necessário que se
tenha definido um padrão realista de aceitação na recepção.

A Direção do Tecido (tonalidade – figura) – Refere-se ao sentido do enfestamento,


sendo especialmente em tecidos aveludados e acetinados, nos quais uma mudança na
direção prejudica a tonalidade. O mesmo cuidado deve ser tomado nos estampados num
único sentido.

Defeitos Gerais – A inspeção de tecidos na recepção emprega o recurso de fitas


coloridas para indicar os defeitos de tecimento e acabamento, servindo cada tira de fita
na ourela para assinalar um defeito que deve ser removido, a fim de evitar que o mesmo
venha a cair numa parte da peça a ser costurada.
Existem vários procedimentos a serem empregados para eliminar estas partes
defeituosas e um deles consiste em analisar o tipo e a gravidade do defeito. Neste caso
o defeito é analisado segundo a gravidade do local em que ficará na peça, existindo
assim uma certa flexibilidade no julgamento da gravidade desse defeito e a peça e ou
local em que ele venha a cair.

Exemplo:
Uma pequena falha no tecimento, que cai na folha debaixo de uma gola, pode passar.
Isso, naturalmente, depende dos padrões de qualidade da empresa.
37

Eliminação de Defeitos

1º Conhecido como “emenda”.

Neste método, a folha de tecido é cortada até o ponto mais próximo que cubra todas as
peças indicadas até aquele ponto.
O defeito é cortado fora e a outra extremidade do tecido pode ser disposta por cima, a
fim de cobrir todas as peças indicadas, na direção oposta. Não são recomendadas
maiores do que 20 (vinte) centímetros.
38

2º Consiste em espalhar confete ou colocar uma tira de pano sobre a parte danificada,
após o corte e, num processo simples de folhear as camadas, localizar as partes
39

danificadas, retira-las e substituí-las.

No Corte

O Inspetor de qualidade do setor de corte propriamente dito é o mesmo que inspeciona o


risco e o enfesto. Após conferir o risco e o enfesto, ou seja, todas as partes componentes
foram riscadas, se a largura do tecido enfestado coincide com a risco, se existe defeitos
de tecidos e que procedimentos foram adotados para que os mesmos não surjam nas
peças a serem produzidas, ele verifica se o risco colocado sobre o enfesto tem ou não a
sua rubrica para fins de aprovação.
40

Após o corte e antes que o lote seja liberado da mesma, o Inspetor de Qualidade deve
inspecionar cada parte do produto, o que pode ser feito em três partes, a saber:

Primeira etapa – verificar, com o auxílio do molde original, cada parte do produto,
colocando a primeira sobre a segunda, de modo a dizer da exatidão e posicionamento
correto de piques e furos (pontos de referência).
Segunda etapa – Comparar, de cada parte componente do produto cortado, o primeiro
painel com o último. O inspetor de qualidade verifica se são idênticos em todos os seus
pontos, ou seja, examina-os quanto ao tamanho (ou ao contorno se são iguais), se a
profundidade dos piques nas camadas de cima, é a mesma das existentes nos piques
das camadas de baixo, se os piques estão muito ou pouco profundos e, em caso positivo
(muito ou pouco profundos), procurando as causas (máquina desnivelada, face gasta na
parte inferior, operador descuidado). Um bom procedimento para a garantia dos piques
na profundidade correta é a utilização de picadores.

O Inspetor, nesse momento, deve verificar, também (quando existir), o tamanho dos
furos, se estão muito grandes ou se não atingiram as camadas de baixo do enfesto,
casos em que deverá ajustar o tamanho da agulha (em função do tecido), bem como a
profundidade da mesma.

Terceira etapa – verificar se todas as partes que se acasalam possuem o mesmo


comprimento. Pegar as partes cortadas do papel de risco e examinar se a acasalamento
de frente com as costas, do punho com as mangas e as demais partes. Devemos ter
sempre em mente que, muito embora a correção de um defeito no corte consuma alguns
41

minutos, deixar para corrigir estes mesmos defeitos na costura significará o dispêndio de
muitas horas, ou mesmo dias, o que poderá acarretar redução no faturamento projetado,
por culpa da produção de peças defeituosas.

Empacotamento ou Preparação

Após o controle de qualidade das peças cortadas, as partes componentes são


transportadas para a preparação. Durante esse processo, os tamanhos e a seqüência de
camadas devem ser idênticas, a fim de se ter à certeza de que as peças de um tamanho
e de uma mesma tonalidade serão montadas no mesmo vestuário.
No caso de tecido plano, um bom procedimento, é etiquetar (etiqueta adesiva) ou
numerar (carimbar) todas as partes componentes do produto. No caso de malharia,
pode-se acompanhar o papel de risco, iniciando todas as operações do mesmo lado.

O inspetor de qualidade deve exercer um controle por amostragem das partes


empacotadas quanto:
42

- À existência das partes requeridas para confeccionar


as peças no pacote;
- Aos aviamentos colocados no pacote, verificando se
conferem com os que foram planejados na folha de especificações do produto;
- À coincidência ou não da numeração entre as partes
da mesma peças (seqüência de numeração);
- Á condição em que o pacote será apresentado a
costura (amarrado, desamarrado, ensacado ou em estrados);
- Ao número de peças existentes no pacote;
- Ás condições de estocagem dos pacotes, antes da
costura, a fim de verificar se estão em boas condições.

4) NA COSTURA E NO ACABAMENTO

Um Controle de Qualidade deve ser concebido de maneira dinâmica. Muitas vezes,


quando se cai numa rotina, perde-se todo o benefício do sistema empregado, ficando,
apenas, o aspecto do conserto do defeito, sem que nada se tente para eliminar sua
origem.
Contar defeito é apenas um meio de identificar para onde mover o foco do controle e
eliminar suas causas. Em toda fábrica existe um determinado grau de qualidade para os
artigos produzidos e essa qualidade deve ser obtida, com rigidez, a fim de não
comprometer o bom nome da empresa. Para tanto é necessário que exista uma boa
integração, pois qualidade é, sobretudo, uma questão de mentalidade, envolve todos os
elementos integrantes da empresa, cada uma deles com seu grau de participação e
responsabilidade.

ESPECIFICAÇÕES DE QUALIDADE

É importante que todas as pessoas de uma empresa, desde que ligados a qualidade,
considerem-na segundo os mesmos padrões. É igualmente importante que as
operadoras e todo o pessoal da inspeção saibam o que é e o que não é satisfatório.
43

A fim de formar uma base comum de inspeção, devem ser desenvolvidas Especificações
de Qualidade, que fornecem condições para uma avaliação uniforme por todas as
pessoas envolvidas na Inspeção, de maneira a se ter uma base sólida para um eficaz
Programa de Controle de Qualidade.
As especificações de qualidade deverão ser estabelecidas antes da fabricação normal
do produto, devendo-se ter o cuidado de estabelecer padrões passíveis de serem
atingidos.

Exemplo nº 1 – Especificações de Qualidade:

Uma forma simples de se registrar a Especificação de Qualidade é fazer uma descrição


dos pontos importantes.

OPERAÇÃO: FECHAR TRASEIRO


1. A primeira costura deve fechar a 1mm da borda e a segunda a 7mm (tolerância:
1mm).
2. Existindo palas, verificar a coincidência dessas costuras (tolerância: +/- 1mm)

Exemplo nº 2 – Especificações de Qualidade

Outra forma simples é a utilização de um esquema de costura (desenho), que facilita a


interpretação do que se quer, ao invés de usar descrição com palavras.
44

Exemplo nº 3 – Especificações de Qualidade

Uma terceira forma, muito usada para registro da Especificação de Qualidade, é dispor-
se de um Formulário-Padrão, que indique os dados importantes a serem observados,
auxiliado pelo esquema de costura e enriquecido de observações oportunas. Ao ser
preparada a Especificação de Qualidade para costura, não podemos deixar de
questionar e, até mesmo, registrar alguns itens importantes na qualidade de uma
costura:

OPERAÇÃO: FECHAR GANCHO


ESPECIFICAÇÃO DESCRIÇÃO TOLERÃNCIA
Pontos por cm 3 ± 0,5mm
Franzido Não
Falhas Não
Arremate Não
Largura de Costura 1,5mm ± 0,5mm
Outros Quando calça com pala, as costuras deverão
±2mm
coincidir
45

ESQUEMA: COINCIDIR PALAS

SEM PALA COM PALA ± 2MM

Nota: A largura da costura deverá ser todas por igual. Quando dentro da tolerância, esta
deverá ser uniforme.

PROGRAMA DE CONTROLE DE QUALIDADE PARA MALHARIA

Generalidades

1. O programa se baseia na inspeção de pequenas amostras de cada operador,


tomadas diretamente do posto de trabalho, o que é feito por inspetoras volantes, cada
uma responsável por um grupo de operações.
2. O número de amostras de cada posto de trabalho depende do histórico de
qualidade do referido posto.
3. Se a amostra de cada posto revela um trabalho ruim existente num pacote ou
num lote, este é devolvido às operadoras, para um exame total do mesmo, correção e
devolução à inspetora.
46

4. Cada operadora é responsável pelo seu trabalho. Deve conhecer as


especificações de qualidade de sua tarefa e que a inspetora nelas se baseia para aceitá-
las ou rejeitá-las.
5. A inspetora cabe julgar o trabalho com base nas especificações de qualidade,
devendo abster-se de opiniões pessoais sobre as mesmas.
6. Pela produção devem circular pacotes individuais de número fixo de peças ou
partes de peças.

Funcionamento

1. A inspetora examina peças ou partes de peças, conforme a tabela de


amostragem.
a) Caso não encontre defeito, o pacote passa,
b) Encontrando uma quantidade de peças defeituosas, maior do que o
permitido no plano de amostragem, o pacote retorna para revisão100%.
c) Após a inspeção 100% e conserto das peças defeituosas, o pacote é
encaminhado, novamente, a inspetora, que realizará uma segunda
inspeção conforme plano de amostragem.
d) Se não entrar defeito o pacote é liberado, caso encontre defeito dentro do
permitido o pacote é encaminhado para conserto das peças, mas se estiver
fora do permitido o pacote é encaminhado, novamente, para revisão 100%
e, neste caso, a supervisora de produção deve ser comunicada para tomar
as devidas providências, já que se trata de reincidência.
e) Caso encontre defeito em uma quantidade de peças, permitido no plano de
amostragem, o pacote é encaminhado à supervisora para providenciar,
somente, o conserto das peças e o pacote segue.
f) Todos os dados devem ser registrados, a fim de que se possa controlar
estatisticamente o processo e tomar as medidas necessárias.
g) Registra-se a quantidade de peças examinadas na parte superior do
quadro correspondente ao dia da semana e a quantidade de peças
defeituosas na parte inferior do mesmo quadro.
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Ao final do dia, a inspetora soma as quantidades de peças examinadas e defeituosas


encontradas durante a jornada de trabalho.
Para o cálculo do percentual de peças defeituosas diariamente, temos:

% = peças defeituosas . 100


peças examinadas

Ao final do expediente, esses resultados são apresentados á Supervisora do Controle


de Qualidade, que analisa e planeja o dia seguinte.
No dia seguinte, logo de manhã (início do expediente), os resultados deverão ser
submetidos á Supervisora de Produção, que deverá também, receber orientação quanto
às operadoras que sejam merecedoras de maior atenção.
Ao final da semana, calcula-se o percentual total de peças defeituosas e de peças
examinadas de cada operadora.
Para que estes dados sejam úteis, é importante que se trabalhe com metas
preestabelecidas, qual percentual será estimado, no qual nos classificaremos como
excelentes, bons, satisfatórios ou ruins?
Exemplo:

Especificação Percentual
Excelente Até 0,90%
Bom 1,00 – 1,90%
Satisfatório 2,00 – 2,90%
Ruim 3,00 – em diante

PROGRAMA DE CONTROLE DE QUALIDADE PARA TECIDO PLANO

Neste programa, efetua-se a inspeção 100% em certos pontos intermediários,


considerados estratégicos, onde as peças passarão para um outro estágio, tornando-se
neste ponto, mais fácil a correção das peças.
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Esse programa é mais adequado às empresa que possuem uma linha de fabricação
definida, trabalhando com um único artigo e modelos diversos para uma das linhas de
fabricação.
Exemplo de pontos de inspeção numa linha de fabricação de calças sociais:

Posto nº 1 – Pequenas peças, verificar-se:


 Coses chegando do setor do corte á posição do pique;
 Bolso dianteiro;
 Bolso relógio;
 Braguilhaetc.

Posto nº 2 – Dianteiro, verificar-se:


 Chuleado do dianteiro;
 Pregamento do bolso dianteiro;
 Pregamento da braguilha;
 Pesponto da braguilha,etc.

Posto nº 3 – Traseiro, verificar-se:


 Chulear traseiro;
 Pregamento do bolso traseiro;
 Travetar bolso traseiro, etc.

Dentro dessa seqüência, teríamos outros postos específicos até o arremate (corte de
linhas) e a revisão final.

Generalidades do Programa

1. O programa se baseia na inspeção por amostragem, de cada operação e da


operadora, feira pela Supervisora.
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2. Inspeção a 100% (total) do produto em certas fases escolhidas de preparação e


montagem, feita por inspetora em postos fixos.
3. Uma inspeção final (100%) feita por inspetoras em postos fixos.
4. O número inspecionado de amostras por posto de trabalho depende do histórico
de qualidade desse posto.
5. Cada operadora é responsável pelo seu trabalho. Ela conhece as especificações
de qualidade de sua operação e sabe que as Supervisoras e Inspetoras se baseiam
nessas mesmas especificações para aceitar ou rejeitar.
6. Á Inspetora cabe julgar o trabalho executado com base nas especificações e não
na sua opinião pessoal sobre o mesmo.
7. Pela produção circulam pacotes de peças (ou partes de peças).

4. CONTROLE NO PRODUTO ACABADO (REVISÃO E EXPEDIÇÃO)

A inspetora no posto final (revisão) – Procede conforme a inspetora do posto fixo do


meio do processo, porém inspeciona toda a peça, inclusive a matéria prima. Efetua
os registros e o cálculo do percentual de defeitos.

CLASSIFICAÇÃO DOS DEFEITOS E ZONAS FOCAIS

Independentemente do Programa de Inspeção de Qualidade deve ser definida, com


antecedência, uma classificação dos defeitos, segundo sua natureza e intensidade, que
permita classificar as peças como de primeira qualidade ou outro nível preestabelecido
(2ª, 3ª qualidade). Todas as inspetoras devem ser orientadas, de modo a ter o mesmo
critério de julgamento.
Uma boa forma de classificar os defeitos é estabelecer Especificações de Qualidade,
através da análise do produto, e identificar os possíveis defeitos de grupos que serão
classificados como críticos, grandes e pequenos.

DEFEITOS CRÍTICOS – Qualquer defeito que destrói a vendabilidade do produto e que


se mostra de natureza irreparável, tal como frente de uma camisa que foi queimada
durante a prensagem final, parte manchada, tecidos xadrez descascados, que formam
um conjunto de peças consideradas de 2ª qualidade.
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DEFEITOS GRANDES – Qualquer defeito que possa destruir a vendabilidade do


produto, mas que é de natureza reparável, tal como as costuras abertas, os pontos
soltos ou falhados, a falta de botões em calça jeans, etc.

DEFEITOS PEQUENOS – Qualquer defeito que não destrói a vendabilidade do produto,


que pode ou não exigir conserto e que, normalmente, não seria notado pelo cliente, mas
que vale a pena ser vigiado para que não piore, como por exemplo, o menor número de
pontos numa costura, largura do pesponto ligeiramente diferente, porém uniforme, etc.

ZONAS FOCAIS

A zona focal é onde a localização dos defeitos deve ser analisada mais criticamente.
Aplica-se a todos os produtos confeccionados em tecidos e malhas.

CRITÉRIOS PARA CLASSSIFICAÇÃO:

a) Zona Focal I: constitui a área mais evidente e visível do


produto, seja para a pessoa que veste o artigo, seja para a pessoa que
observa o usuário.

b) Zona Focal II: área do artigo que não é notada à primeira


vista, nem pelo usuário, nem pela pessoa que observa.

c) Zona Focal III: área que normalmente não é observada


pela pessoa que veste o artigo e/ou pela pessoa que observa o usuário.
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Exemplo de tabela utilizada na inspeção:

DEFEITO
CRÍTICO GRANDE PEQUENO
LOCAL
ZONA 1 rejeita rejeita rejeita
ZONA 2 rejeita rejeita aceita
ZONA 3 rejeita aceita aceita

Explicações de alguns termos utilizados:

a) Tamanho do ponto:
Comprimento: Refere-se ao número de pontos por centímetro (P.P.C)
Largura: Refere-se, somente, aos pontos em que se pode alterar sua largura.
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b) Tensão do Ponto:
Refere-se ao grau de tensão com que o ponto envolve o tecido, bem como o equilíbrio
dos componentes do ponto. Este item, normalmente, é considerado como orientação
geral no treinamento das Inspetoras de Qualidade. É importante destaca-lo, a fim de não
passar despercebido.
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c) Seqüência de Pontos:
Refere-se á precisão com que estão efetuadas as costuras.
Exemplo: Costuras tortas ao invés de retas, ângulos, curvaturas, etc.

d) Elasticidade da Costura:
Refere-se ao grau de elasticidade a que pode ser submetida uma costura sem que a
linha se parta. Ela depende do número de pontos por centímetros, do tipo de ponto e da
construção das costura. Aconselha-se que a elasticidade da costura seja, pelo menos,
10% superior á elasticidade normal do tecido.

Exemplo: Especificações de Qualidade


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Peça Descansada

A medida da peça descansada deve ter uma dimensão máxima de a=25cm. Logo, 23cm
está bom (desde que atenda a condição b), mas 26cm está ruim.

Peça Esticada

A medica da peça esticada deve ter uma dimensão mínima de b=32cm. Logo, 33cm está
bom, 34cm também está bom, mas 31cm está ruim.

Neste caso, a peça deve ter as características de a e b, não bastando, portanto, ter
apenas uma das características. E isto porque pode ocorrer de a peça atender á
condição de 20cm (muito abaixo do mínimo), porém, ao ser esticada para o mínimo de
b=32cm, os pontos se partirem. Daí a necessidade de ter determinada, com a devida
antecedência, a elasticidade da costura.

e) Resistência a Abrasão:
Refere-se ao grau de ação abrasiva necessária para partir o ponto mais fraco. Isto é
muito importante quando se trata de roupas profissionais.

f) Largura da Costura:
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É a distância da borda do tecido á agulha mais próxima. Essa largura se torna


fundamental quando a operação que está sendo executada puder influenciar,
diretamente, na operação seguinte.

g) Distorção da Costura:
São os defeitos originados pela negligência da operadora ou por condições deficientes
do equipamento.
Exemplo: franzidos, vincos, enrugamento, pontos falhados (soltos), estiramento de um
dos lados, etc.

Quando o volume da produção por modelo for muito pequeno, a ponto de não possibilitar
tempo hábil para o desenvolvimento das especificações de qualidade por escrito,
convém fazer um esforço extra e elabora-las pelo menos para as principais operações
ou para as mais críticas, evitando a divergência de critérios quanto ao que está
considerado como qualidade (aprovada) e o que será considerado como defeito (não
passa).

Nas demais operações, que seja, pelo menos, realizada uma análise, junto com o
pessoal da produção ou da racionalização, a fim de definir um padrão de forma tácita
(não escrita) que todos conheçam e concordem quanto á possibilidade de ser atingido,
bem como ao seu enquadramento na política de qualidade da empresa.

Vejamos o envolvimento de algumas pessoas consideradas “chave” num


Programa de Controle de Qualidade:

Supervisora de Produção – A boa Supervisora é conhecida pelos bons produtos


acabados, bem como pela qualidade que sai da sua seção.
Uma simples observação geral dos trabalhos realizados pelas operadoras da sua seção
nem sempre vem a dar resultado satisfatório. É preciso que a Supervisora faça uma
programação do seu tempo, para a eficiente supervisão de cada operadora. Para as que
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tenham a tendência de praticar erros, torna-se necessário efetuar várias inspeções no


decorrer do dia de trabalho.
Uma estratégia também bastante importante é a de realizar uma pequena reunião ou
conversa informal com as operadoras, antes de iniciar um novo modelo, repassando
todas as informações necessárias sobre a qualidade do produto que será confeccionado,
como: ficha técnica, as especificações de qualidade, pontos considerados críticos, etc.
Esta ação tem a finalidade de deixar todas as operadoras cientes dos cuidados que
deverão ter no processo de costura.

Responsabilidade da Supervisora de Produção

1. Ensinar a maneira correta de atingir uma produção elevada e de qualidade;


2. Falar com as operadoras sobre a qualidade das peças que irão produzir;
3. Alertar as operadoras sobre os prejuízos oriundos de uma fabricação defeituosa
de peças (quando houver um plano de produção por incentivo);
4. Conhecer todas as especificações de qualidade dos produtos de sua seção;
5. Cobrar a correção das peças defeituosas indicadas pelo Controle de Qualidade
dentro do prazo estabelecido pelo Programa de Inspeção da empresa;
6. Verificar de onde os defeitos são provenientes, ou seja:

a) Se as máquinas estão sendo usadas adequadamente (agulha, linha, pontos/cm,


etc.) no tecido a ser costurado.
b) Se as máquinas se encontram em boas condições operacionais,
procurando sempre um mecânico para ajustar as de sua seção, bem como orientar as
operadoras para sua limpeza, todas as manhãs, de 2 a 3 minutos.
c) Se existem operadoras necessitando de treinamento.
d) Se existe negligência por parte de algumas operadoras, aplicando a
punição adequada (advertência verbal ou por escrito, quando houver reincidência).
Conscientizar suas operadoras de que a Inspetora na Sala de Costura não tem
semelhança alguma com a polícia, constituindo, apenas, uma colega de trabalho que ali
comparece para auxiliar na obtenção de produtos com melhor qualidade.
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Operadoras

Toda operadora tem a responsabilidade de, ao executar sua tarefa verificar se a anterior
está bem feita, comunicando, imediatamente, à Supervisora qualquer diferença
observada, cabendo a esta última decidir se o lote deve continuar ou se deve ser
devolvido para conserto direto pela operadora que tenha cometido o erro. Desta forma,
uma operadora controla a outra, não dando margem, ao mesmo tempo, para discussões
entre elas, já que o julgamento é sempre da Supervisora.
No caso de célula de manufatura, a operadora deve realizar o Auto-Controle, não
deixando passar o que não estiver dentro das especificações. Caso encontre defeito na
operação anterior, esta deve, primeiramente, devolve-lo a costureira que ocasionou o
defeito, pois em célula deve existir o auto gerenciamento, só comunicando a Supervisora
em caso de reincidência.

Supervisora do Controle de Qualidade

- Problemas mecânicos ou de métodos de trabalho;


- Pelo desenvolvimento de reuniões com as inspetoras (15 minutos, ao final do
expediente), a fim de analisar o desempenho das operadoras e programar o trabalho das
inspetoras para o dia subseqüente;
- Pelo acompanhamento, durante o dia, das seções, a fim de certificar-se do
trabalho das inspetoras, bem como para auxilia-las nos trabalhos mais urgentes;
- Pela inspeção das roupas já embaladas, algumas vezes por dia, ou das já
inspecionadas no meio do processo;
- Pela decisão final sobre a qualidade mínima aceitável dos produtos;
- Pela atualização das Inspetoras, Supervisoras de produção e outras envolvidas
com o Controle de Qualidade no que tange às especificações de qualidade,
esclarecendo suas dúvidas de interpretação.

Inspetora de Qualidade – A Inspetora de Qualidade é a pessoa que atua diretamente


na linha de produção, sob a orientação da Supervisora do Controle de qualidade,
consoante um programa preestabelecido.
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