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LUsoasmact Frost 04 Bsc Nomarde Aside Rabo fe ormona 04 Untvemane Feoena on BAA ‘sa Goulart ats Gara Rose Coa Foro soe _Asgio Senin Dare Se Sinoy hie a2 com Chan Nino Fa Dante Eusoxho Uae Rares ant Tews Cavalcante Fino essa da Care Sones Fes Surcees ‘eae Furtado Mendes Maca Viel dr Neeeizs Carag Alain Coulon A CONDIGAO DE ESTUDANTE A entrada na vida universitaria ‘Taaoucko: Georgina Goncalves dos Santos ‘Sonia Maria Rocha Sampaio Fours Sawanor-BA 2008 INTRODUCAO Ooficio de estudante ‘A pomeira tarefa que um estudante deve realizar quando ele chega 4 universidade é aprender o oficio de estudante. Paradoxo, ‘bjetario alguns, porque ser estudante é um status socal provisério ue, diferente de um oficio, dura apenas alguns anos. Esse é Drecisamente, 0 principal problema que encontram os esbidantes ~ ipanter se” por varios anos na uriversidade, especialmente alémdo primeiro ano, onde se dé, na Franga, um conhecido fracasso, Hoje, 0 Problema aio é entrar na universidade, mas continuar nela. O Frescimento da demanda social por formagio superior ¢ das possbilidades de acolhimento, as diversas reformas que foram Fealizadas ao longo dos dltimos vinte anos ngo resultaram numa rmuudanga sensivel das taxas de fracasso ¢ abandono observadas. Para compreender esse fendmeno, é necessiio abrir a “calxa prea” da Seleqdo na universidade e tentar ver, pela pritca de uma etnogratia de campo, como se fracassa, quais sio os mecanismos ¢ as conexdes intemas desse processo de selegdo ¢ de clasificagio social que ddtingué aqueles que permangcerio estudantés daqueles que serdo exchuldos. ‘Aprender 0 oficio de estadante significa que é necéssério aprender a se tomar um deles pare ndo ser elizminado ou auto ‘lininar-se porque se continuou como um estrangeiro nesse mundo novo. A entrada na Vida universitéria é como uma passagem: ¢ ‘ecessiio passar do estatuto de aluno ao de estudante!. Como toda paseagem ela necesita de uma incagio, O trabalho que eu apresento Aes Connon 3 aqui se funda sobre a hipétese de que os estudantes que no conseguem afllar-se fracassam. Eu entendo por alliagio 0 método através do qual alguém adquire um status social novo. O estudante deve mostrar seu samnirfuire’ na medida em que ele é uma condigio do sucesso. Ter sucesso significa que foros reconhecides como socialmente competentes, que 05 saberes que adquirimos foram legitimados. Seo fracasso @ 0 abandono sio mumeroeas ao longo do primeiro ano € precisamente porque a adequacio entre as exigincias académicas, em termos de conteiidos intelectuais, métodos de exposigio do saber e dos conhecimentos eos habitus dos estudantes, que sio ainda alunos, nio aconteceu. O aluno deve adaptar-se 203 cidigos do ensino superior, aprender a utlizar suas insttuigdes ea assimilar suas rotinas. Como se adquire esta competéacia se nfo através de uma aprendizagem que inicie 0 debutante nas regras de seu novo universo? A entrada na universidade pode ser aralisada como uma passagem, no sentido ematégico do termo, que eu proporho considerar em tris tempos: = 0 tempo do estranhamento, 20 longo do qual o estudante entra ‘em um universo desconhecido, cujas instituigées rompem com 0 ‘mundo familiar que ele acaba de deixar; + 0 tempo da aprendizagem quando ele se adapta progres- sivamente ¢ onde uma acomodagio se produ; ~ @, por fim, 0 tempo da afiliagéo que ¢ 0 do mangjo relative das regras identificado especialmente pela capacidade de interpreti- las ou transgredilas © objetivo dese livre & mostrar que o sucesso na universidade passa pela aprendizagem do oficio de estudante e que a entrada na auniversidace deniada serve sendo for acompanhada por um processo de afiliagio, a0 mesmo tempo, institucional e intelectual. Tentarei mostrar que 0 sucesso académico depende, em grande parte, da capacidade de insergdo ativa dos estudantes em seu novo ambiente “rata-se de identifica as propriedadtes desses processos de aquisicio que, apesar de estarem 4 margam do contetdo académico propriamente dito, parecem-me essenciais em toda “carreira” estudantil de sucesso. A transigao Ensino Médio ~ Ensino Superior Sabemos que a transicio do ensino médio para 0 ensino superior é delicada. Os indices de fracasso eaberdono, ao longo do primeiro ciclo uuniversitiri, traduzem a difculdade dessa passage. A universidade deParis8,em Saint-Denis, que éo campo que eu excolhi para desenvolver sminhas pesquisas, néo escapa aesse fendareno.e experimenta as mesonas dificuldades. A reforma dos primiros cicles universitiiés, iciadaressa suniversidade a partir do inicio do aro escolar de 1984, era especialmente voltada para este problema, propordo aos estudantes formagdes pluridisciplinares e uma orientasio progressiva. ‘Aeentrada no Ensino Superior: um objeto sociolégico Na Feanga, a questio do facasso universitirio ndo éova. Varios teabalhos Ihe foram consagrados e troaxeram contribuigées importantes. Mas qualquer que seja a sua orientagio~ teoria mands, Pr Stennis damon cn ance neoeldssiea - neniwum deles tomou como objeto a entrada no ensino superior. Ora este precisamente, un momento decisive que é preciso estudar com muita atergio se queremos explorar os fenémenos do abandono e do fracasso que se produzem, principalmente, ao longo deste periodo, Por outro lado, esses estudos néo levam ex conta trés fatores que caracterizam 0 ensino superior + trata-se de um ensino que se dirge a adultes e, exatamente por {sso, problemas particulars se colocam e deveriam serestudados, entre eles, especialmente, a conquista da autonomia. O lugaz do saber no é mais o mesmo:nio hd mais referéncia os discursos pparentais, sendo que a autonomia ¢ obtida em oposigio a esses discursos visando aleangar um saber que se exibe em uma ues Conor 2 a comunidade de construsio de conhecimentos onde os pares assumem um lugar importante; = é um ensino terminal: 0 ensino fundamental prepara para 0 exsino médio, Se, eventualmenta, oensino superior prepara para lum novo ciclo, como é 0 casa dos Cursos Preparatérios para as Grandes Escolas, a universidade prepara, em principio, para a vida ativas = aentrada no ensino superior continua voluntiria, mesmo se ela cada vez mais, ama escolha forgada, em razio do mercado de empreges e porque © beccalauréat ndo é mais suficiente para garantir uma saida profissional. Virias rupturas simultaneas Cecto ntimero de fatores relacionados precisam ser colocados em evidéncia para que seja possivel analisar o ferémeno do fracasso € do abandono nas universidades. ‘) Para muitos estudantes, a passagem para ensino superior é acompanhada por outras mudancas. Ela ¢ marcada pot varias rupturas simulténeas: = nascondigies de existincia,o que pode gera, 8s vezes,ansiedade ‘ecomportamentos que favorecem o fracasso; = na vida afetiva, com a passagem, na maioria dos casos, da vida no seio da fazilia para una vida mais auténoma: = sobretudo uma ruptura psicopedagégica: « relagdo pedagégica comes professores do ensino superior & em geralextremamente reduzida, mesmo quando se trata de trabalhos orientados em pequenos grupos. Se 0 tempo do ensino médio ¢ aquele do >) futelamento, o tempo do ensino superior ¢ o do anonimato, | também em relagio aos outros estudantes. Isto provoca comportamentos muito diferentes por parte dos novos cetudantes, cvjas teferécias habituais foram todas subvertidas ‘A conocKo OF STUOMITE AATIDA HAVIOR UREA (20 mesmo tempo, Una nova identidade esté por ser construida, | Sia nova elagdo com o saber precisa ser elaborada, 1) E importante insists, igualmente em relasio iresponsabilidade que tem 2 organizagio institucional no sucesso ou fracasso na niversidade, Virios problemas encontrados, ao longo de minhas esquisas, mostram 0 eeito repetido dos dispostves institucionals, Fobre o desenvolvimento da escolardade dos etudantes ‘or outro lado, a passagem para a universidade é acompankada de modifcagées importantes nas relagSes que 0 individuo mantémr ‘om us modalidadesfortemente presentes em toda a aprendizagem: fo tempo, o espaco e as regras do saber + Como bservam os estudantes,arelacio como temposeencontra profindamente modificada: as aulas nio tem mais a mesma dragio; 6 volume semanal de horas é muito mais pesado que no ensino médio;o ano, quando ndo € continuo, €recortado em dois semestes em vez de tés timestres; o ritmo de trabalho & ute diferente; as provasndo acontecem nos mesmos momentos Go ao, o esorgo que precsam empregar nio se distibui da + No que conceme d relagio com o espapo os estudantes sublircham ‘que uma urversidade- meso quando suas intalagSes so estas como € 0 caso de Paris 8 em St Deris ~¢ imensa, infritamente tnaiorqueum colégio, ao porto que eles im difculdades no nico, de encontvara sala de aula ou a secretaria ert. + Acouadanca mais espetacular reside na relagio com a5 regras © com saber. £ preciso distinguir esses dois aspectos, apesar de (Guearelagio com o saber é subjacente A relagio mais global com as regras. Na universidade, inicialmente, ha um mimero txpressive delasque atuam, eventualmente, de formasimuitinea, lem de serem muito mais complexas. Flas sio, com freqiéncia, Srticuladas umas is outras resultando em que, odesconhecimento deuma delas, provoquea ignorancia de todo um grupo de regras Gq the sio relacionadas Além das regras propriamenteditas, 0 ‘Aun Coon as Po eee 36 "sentido do jogo” é muito diferente, Quanto & relagdo com osaber, fle é totalmente modificado quando se entra na universidade, ‘ou pela amplitude dos campos intelectuais abordados, ou em. azo de uma maior necessidade de sintese ou ainda, por causa do lago que o ensino superior estabelece entre esses saberes @ a atividade profissional futura Esse conjunto de reflexes me levou a pensar que, se o primeizo ano de universidade é tio catastréfico para muitos ¢ tio dificil para todos, era porque, além da capacidade e da aptidio de cada um, existiam problemas sérios de adaptacdo ao ensino superior. Os estudantes que ai chegam, vindo diretamente do ensino médio, fica, geralmente, surpresos de ter tanta dificuldade para se adaptar a esse novo quadro que é a universidade. Os alunos do ensino médio néo esto preparados para se afiliar ao ensino superior, especialmente porque Lé eles devern suportar uma orientagio obrigatéria que lhes faz acreditar que estio no lugar que merecem. Esses processos de orientagio -existéncia dos CIO, 0 papel das subéreas do baccaleuréat, 0 todo-poderoso consetho de classe -que atribui um lugar a cada un, mascaram o3 fenémenos de afiliagdo que, entretanto, existem no ensino médio, mas passam desapercebidos. As estratégias dos individuos sio, dessa forma, ocultadas pelo proprio dispositive institucional de orientagdo que impede que 03 alunos sejam conérontados com esse tipo de aprendizagem, como seria 0 caso em tum sistema escolar mais fledivel em matéria de orientacdo, Assim, eles sé descobrem a importancia da afiliagdo e seus riscos, experimentando muite ansiedade, quando entram na universidade. O oficio de estudante Tomem-se estudantes profssionais!”, eu digo isso aos novos que acabaram de chegar & universidade. Nio no sentido pejorativo que se pode atribuis, is vezes, a esta expressdo. Aprender a se tornar “estudantes profissionais” no é, como eu compreendo, wma ‘brincadeira irdnica que os convida a ser estudantes sempre atrasados, A cowie OF TUOMNTE: A BINA NAOK UNIS cam pouco diletantes e que acabariam por no fralizar seus estades, Este conselho deve ser escutado como: “considerem seu novo status de estudante coro ama nova profissio que voces indo exercer”. O que [griBGa Rio Spe qe ever consagrar ca un tempo significativo dle suas vidas imediatas, mas que énecesséro, antes dequalquer coisa, comecar a aprendéla, a dominar suas feramentas, a identifcar e aprender suas regtas. ‘Dizer que se é um profissiona, como se pode dizer em algunas atividades esportivas, significa que deixamos de ser amadores, que tio exercemos mais essa atividade somente por prazer © que dlecidimos que ela vai aos permis ganhar nossa vida. No caso de um cestudante, esse conselho pode, evidentemente, ser considerado como tum artfcio pedagdgico, na medida em que, por definicfo,o stares de estedante é transitirio. Entzetanto, por nfo considerar seu status de estudante como um oficio de verdade, muitos entre eles, nfo 0 ‘mantém por muito tempo, O senso comum sabe que realizar estudos Supetioces representa umn investimento para 0 futuro, que é preciso ‘gerenciar,seriamente, como um” profissional”, como odemonstraramy, demaneira poucoctica, os defensorés da teria do “capital humane”, cneno Gary Beckere Jacob Mincer, que conceber os estudos superiors realizados pelos individuos como uma estratégia econémica caleulads? ‘Como identificar o essencial ‘9 exemplo dos estudos de medicina Howard Becker, Blanche Geer, Everett Hughes ¢ Anselm Strausst estudaram a vida cotidiana dos estudantes de medicina da Universidade do Kansas. Na aprendizagem da profisséo de médico, aciénciae o talento nio sio suficientes, & preciso seriniciade no status de médico, ter aprendido seu papel. Esta aprendizagem rio sedé de uma tinica vez. A transigdo, no caso da aprendizagem da medicina, é Tenta, No inicio do ano, os estudantes do primeiro ano, que formam realmente urn grupo & parte falam apenas de uma coisa: do trabalho que devem realizar ¢ de sua quantidade. Como eles faréo para Ave Conon a 38 srabathas de 702 90 horas por semana, como parece exigit 0 volume de trabalho que seus estudosrepresentam? Mesmo que steam muito rmotivados, rapidamente, sentir-se-o sobrecarregados. Eles foram certamenteprevenidos que deveriam trabalhac semi parareque seam necessirias horas suplementares note para fnalizar alguns trabalhos de laboratiio. O problema é que eles préprios devem compreender sozinhos, a natureza do trabalho a ser realizado, que é “indefinive” © que cles dever conhecer com que grau de detalhe? Como eles ever dosar seus esforses?O que énecessézio aprender exatamente? ‘laro que existem os mantais eos textos dos profssores, mas apenas | agualleturajé representa us trabalho tio grande que éabsolutamente \ necessrig fazer uma selegdo, Com a ajuda de que critéios? € claro que eles S40 supervisionados o tempo todo por asistentes, 20 longe die seus estudos dirigidos, mas, dizem os autores, as exigéncias cotidianas dos professores sio minimas, eles fazem apenas sugestoes informais e os estudantes no podem utilizar sas instrusBes para compreender a natureza da tarefa que tm para realizar. Apens 2 prova thes diré, mais tarde, se eles rabalharam o suficente © se estavam no caminho ceo. "A sua primeica perspectiva, a0 longo das quatro primeiras semanas, é esta constante preocupacio, que engendra sonhos “‘eauméticos’:conseguictrabalhar o suficients para aprender tudo 0 que éexigido. Aotinal de um més, todos os estudantes compreendem que precisam selecionar aquilo que devem aprender ¢ a, entio, dois tipos de ceagées aparecem alguns iro triar aquilo que thes parece importante “para a prtica médica”; outros, em mimero ts vezes tmaior,escolherdo os itens a serem trabalhados em fungio daqullo ue “os professores querem que eles saibam” o que, concretamente, quer dizer, aquilo que eles talvez perguntem na provas Aprender a institui¢ao do saber Como adivinhar 0 que énecessirio fazer quando os professores se contentam em dizer a estudantes, literalmente, abarrotados de trabalho: “Déem o melhor de vooés"? E assim que nascem as técnicas ‘A cono DE ETUOANTE & TRADA NA OA UNSERE, para se dar bem nap provas quando os estudantes realizam Fendadeims pesquisas sobre as prefeccias as perspectivas dos rofessore. Assim, nas "Paterniss”, todas as provas dos anos Precedentes 30 conservadas,analisadasccomentadas. Seas provas Pep tio importantes aos olnos dos estudantes, no € apenas porque las ado difices ea coda ver, colocam em questio sua propria Criténeia como estadante de medina € sobretudo, porque elas sio slanicaoesizo que eles tn de avaliar azavés das perguntas que ne io feiss, se eles estudam os temas "corretos’. As notasobidas «oe comentitios dos professores sd0 considerados primeiro como tedicagses que thes dizem se eles esto “caminho certo". Os cstudantes ariscarifinais longe anda, tentando compreender como responder as questbes das provas da maneira mais adequada possivel Aprendendo aquilo que eles pensam que seus professores querem que eles demonstrem como compreendido, conhecido e sob set Controle, os estudantes ifm 0 sentimento de aprender seu oficio de médico. Mas, fazendo isso, 20 mesmo tempo, eles renunciam a0 se8 ideal de conhecimento para serem mais eficazes. "A obra de H. Becker e seus colaboradores mostra que 0 primelro ano é decisive para "aprender a instituigdo”: mesmo que ndo sea 0 mais importante do ponto de vista do conhecimento estrtamente sneidico, ele €essencial por ser aquele onde se formam as perspectivas dos estudantes. E durante esse ano que se aprende a viver esse novo papel. Mais tarde, ao longo de seus anos clinics, os estudantes Eeverdo ainda enfrentar problemas similares, mas a eles disporso de dois eritérios para escolher 0 que é necessario estudar ext prioridade: sua experiéacia clinica, através da qual eles podem ‘dentficar todas as suas lacunas, e sua responsabilidade médica que tos desafia a estabelecer um diagnéstico correto e um tratzmento sdequado. Quando esiéo no primeiro ano, 20 contririo, eles deve aprender tudo, como indica bem a expressio americana que ot designat: eles sio instados a descobrir, néo apenas o contetido feadémico da medicina, mas, sobretado, a encontrar solugbes para o problema principal que os atormenta, a saber, como aprender tanta coisa em tio pouco tempo. ‘Anu Conon 29

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