O texto começa com reiteração do texto anterior quanto a diferença da ordem
social versus ordem econômica, o papel do Estado na garantia da primeira. O ponto de partida é como a iniciativa privada pode se encaixar na efetivação da ordem social sem a conotação lucrativa.
Tal caráter é explicado no enxerto “Em se tratando de associação civil, o objeto
social consiste em fornecimento de bens e serviços aos associados, sem conotação lucrativa, em função das contribuições periódicas destes para a manutenção das atividades. Por fins não – lucrativos, entenda-se aqueles cuja realização não envolva exploração de atividade mercantil, nem distribuição de lucros ou participação no resultado econômico final da entidade” e também abre a possibilidade de inversão de recursos. O texto passa também pela definição de altruísmo, filantropia, benevolência e utilidade pública.
“Há três virtudes morais: a justiça (princípios da igualdade, em que ninguém
deve ser tratado de maneira diversa, e equidade, na qual devemos como sociedade buscar a igualdade entre os diferentes), a generosidade (dar a outrem o que lhe falta) e a honra” sendo a moral circunscrita na ética. A partir desse discurso filosófico, entra a exposição do início da filantropia. Esse “movimento” se apresenta como uma busca de elevação da moral social e uma educação social, evitando o modelo de caridade antiga que alegaram geraria análogo a mendicância. “Movimento” baseado na voluntariedade e não estatização
Autonomia jurídica desdobra-se em autonomia pública e autonomia privada,
porém não em uma dicotomia, é necessária a ativa participação do particular na ordem pública para a efetiva construção da vontade coletiva. O texto equipara a liberdade religiosa como parte da dignidade da pessoa humana e, portanto, direito inalienável. A liberdade organizacional das instituições religiosas tem requisitos parecidos com os das entidades filantrópicas (a- não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; b- aplicar integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; c- manter escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão). O objetivo principal da igreja não é diretamente igual aos das entidades filantrópicas, mas de certa forma indireto se equipara na busca da efetivação da ordem social.
Filantropia empresarial:
A resenha demonstra o viés crítico do texto ao analisar as possíveis motivações
para ações filantrópicas por parte de empresas e indicando a boa publicidade, isenção fiscal, compensação de prejuízos, dentre outros, apresentando, entretanto, que ainda que feita por tais motivos inerentemente ligados ao modelo de consumo, as ações filantrópicas ainda têm efeitos importantes na sociedade.
Em um estudo histórico, a autora mostra que no momento pós ditatorial,
emerge uma mentalidade de cidadania que acaba aumentando a responsabilidade das esferas privadas com a construção da ordem pública.
Por fim, associa a filantropia no modelo brasileiro, que em maioria se encontra
por parte das igrejas católicas, ao clientelismo e paternalismo