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CAPÍTULO 77 – HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS

As duas glândulas adrenais se localizam nos polos superiores dos rins. Cada glândula é composta de medula adrenal (funcionalmente
relacionada com o sistema nervoso simpático; secreta os hormônios epinefrina e norepinefrina) e córtex adrenal (secreta grupo de
hormônios, chamados de corticosteroides, que são esteroides sintetizados a partir do colesterol). Fig 77-1

1. CORTICOSTEROIDES: MINERALOCORTICOIDES, GLICOCORTICOIDES E ANDRÓGENOS


Os hormônios andrógenos apresentam efeitos orgânicos aproximadamente iguais ao hormônio sexual masculino testosterona. Os
mineralocorticoides (aldosterona) afetam os eletrólitos (“minerais”) dos líquidos extracelulares, em especial sódio e potássio. Os
glicocorticoides (cortisol) exercem importantes efeitos que aumentam a concentração sanguínea de glicose. Apresentam efeitos
adicionais sobre os metabolismos proteico e lipídico que são tão importantes para a função corporal quanto seus efeitos sobre o
metabolismo dos carboidratos.

2. SÍNTESE E SECREÇÃO DOS HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS


2.1. O CÓRTEX ADRENAL TEM TRÊS CAMADAS DISTINTAS Fig 77-1
Zona glomerulosa: essas células são as únicas, na glândula adrenal, capazes de secretar quantidade significativa de aldosterona por
conterem a enzima aldosterona sintase. A secreção dessas células é controlada, principalmente, pelas concentrações no líquido
extracelular de angiotensina II e de potássio (estimulam a secreção de aldosterona).
Zona fasciculada: secreta os glicocorticoides cortisol e corticosterona, bem como pequena quantidade de androgênios e estrogênios
adrenais. A secreção dessas células é controlada, em grande parte, pelo eixo hipotalâmico-hipofisário, por meio do hormônio
adrenocorticotrópico (ACTH).
Zona reticular: secreta os androgênios adrenais desidroepiandrosterona (DHEA) e androstenediona, bem como pequena quantidade
de estrogênios e alguns glicocorticoides. O ACTH regula a secreção dessas células, embora outros fatores, tais como o hormônio
estimulante do androgênio cortical, liberado pela hipófise, também possam estar envolvidos.
2.2. OS HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS SÃO ESTEROIDES DERIVADOS DO COLESTEROL Fig 77-2
Todos os hormônios esteroides humanos, incluindo os produzidos pelo córtex adrenal, são sintetizados a partir do colesterol. O
transporte do colesterol para as células adrenais é regulado por mecanismos de feedback que podem alterar, acenduadamente, a
quantidade disponível para a síntese dos esteroides. Por exemplo, o ACTH, que estimula a síntese de esteroides adrenais, aumenta o
número de receptores de LDL (lipoproteína de baixa densidade) nas células adrenocorticais, bem como a atividade das enzimas que
liberam o colesterol da LDL. Uma vez que o colesterol entre na célula, é transportado para as mitocôndrias, onde é clivado pela
enzima colesterol desmolase, formando pregnenolona. Nas 3 zonas do córtex adrenal, esse estágio inicial da síntese de esteroide é
estimulado pelos diferentes fatores que controlam a secreção dos principais produtos hormonais (aldosterona e cortisol). Tanto o
ACTH, que estimula a secreção de cortisol, como a angiotensina II, que estimula a secreção de aldosterona, aumentam a conversão
de colesterol para pregnenolona.
2.3. VIAS DE SÍNTESE DOS ESTEROIDES ADRENAIS Fig 77-2 e Tab 77-1
Cada estágio é catalisado por sistema enzimático específico. Alteração em uma só enzima pode causar a formação de tipos e
proporções relativas muito diferentes de hormônios. Alguns hormônios apresentam tanto atividade glicocorticoide quanto
mineralocorticoide.
2.4. OS HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS SE LIGAM A PROTEÍNAS PLASMÁTICAS
Especialmente uma globulina chamada de globulina ligadora de cortisol, ou de transcortina e, em menor quantidade, à proteína
albumina (reduz a velocidade de eliminação de cortisol do plasma). A ligação dos esteroides adrenais às proteínas plasmáticas pode
servir como reservatório para diminuir as rápidas flutuações nas concentrações de hormônios livres e também pode ajudar a garantir
distribuição relativamente uniforme dos hormônios adrenais aos tecidos.

3. FUNÇÕES DOS MINERALOCORTICOIDES - ALDOSTERONA


3.1. A DEFICIÊNCIA DE MINERALOCORTICOIDES PROVOCA INTENSA DEPLEÇÃO RENAL DE CLORETO DE SÓDIO E
HIPERCALEMIA
Sem os mineralocorticoides, a concentração de íons potássio no líquido extracelular se eleva acentuadamente; sódio e cloreto são
rapidamente eliminados do organismo e os volumes totais do líquido extracelular e do sangue são muito reduzidos.
3.2. A ALDOSTERONA É O PRINCIPAL MINERALOCORTICOIDE SECRETADO PELAS ADRENAIS
A aldosterona exerce cerca de 90% de toda atividade mineralocorticoide das secreções adrenocorticais. O cortisol também pode se
ligar a receptores de mineralocorticoides. Porém, as células do epitélio renal também contêm a enzima 11β-hidroxiesteroide
desidrogenase do tipo 2, que converte o corisol em cortisona. Como a cortisona não se liga tão avidamente aos receptores
mineralocorticoides, o cortisol nas condições normais não exerce efeitos mineralocorticoides significativos.
3.3. EFEITOS RENAIS E CIRCULATÓRIOS DA ALDOSTERONA
A ALDOSTERONA AUMENTA A REABSORÇÃO TUBULAR RENAL DE SÓDIO E A SECREÇÃO DE POTÁSSIO
A aldosterona faz com que o sódio seja conservado no líquido extracelular, enquanto o potássio é excretado na urina (aumento de
sódio e redução de potássio no líquido extracelular).
O EXCESSO DE ALDOSTERONA AUMENTA O VOLUME DO LÍQUIDO EXTRACELULAR E A PRESSÃO ARTERIAL MAS
APRESENTA APENAS PEQUENO EFEITO SOBRE A CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA DE SÓDIO Fig 75-3
Quando o sódio é reabsorvido pelos túbulos ocorre a absorção osmótica simultânea de quantidade quase equivalente de água. Além
disso, pequenos aumentos da concentração de sódio no líquido extracelular estimulam a sede e o aumento da ingestão hídrica.
Portanto, o volume do líquido extracelular aumenta tanto quanto a quantidade do sódio retido, sem grande alteração da concentração
desse íon. A liberação excessiva de aldosterona provoca apenas retenção transitória de sódio. O aumento do volume do líquido
extracelular mediado por aldosterona leva também a aumento da pressão arterial, o que aumenta a excreção renal de sal e água
(natriurese de pressão e diurese de pressão, respectivamente), chamada de escape de aldosterona (normaliza o débito renal de sal e
água, apesar do excesso de aldosterona). Desse momento em diante, a incorporação de sal e água pelo organismo é nula, e é mantido
o balanço entre a ingestão e a eliminação de sal e água pelos rins, apesar do excesso contínuo de aldosterona. Entretanto,
desenvolve-se hipertensão, que se mantém enquanto estiverem altos os níveis de aldosterona. Quando a secreção de aldosterona é
completamente interrompida, perde-se grande quantidade de sal na urina, o que diminui a quantidade de cloreto de sódio no líquido
extracelular e reduz o volume do líquido extracelular. (resultado: desidratação extracelular grave e baixo volume sanguíneo, levando
a choque circulatório).
O EXCESSO DE ALDOSTERONA PROVOCA HIPOCALEMIA E FRAQUEZA MUSCULAR; A DEFICIÊNCIA DE ALDOSTERONA
PROVOCA HIPERCALEMIA E TOXICIDADE CARDÍACA
O excesso de aldosterona também estimula o transporte de potássio do líquido extracelular para a maioria das células do organismo
(intensa redução da concentração plasmática de potássio). Fraqueza muscular grave é causada pela alteração da excitabilidade
elétrica das membranas das fibras musculares e nervosas, impedindo a transmissão normal dos potenciais de ação
Quando ocorre deficiência de aldosterona, a concentração do íon potássio no líquido extracelular pode se elevar muito acima do
normal (grave toxicidade cardíaca, incluindo diminuição da força de contração e desenvolvimento de arritmias). Concentrações
progressivamente maiores de potássio levam à insuficiência cardíaca.
O EXCESSO DE ALDOSTERONA AUMENTA A SECREÇÃO TUBULAR DE ÍON HIDROGÊNIO E PROVOCA ALCALOSE
A aldosterona também provoca a secreção de íons hidrogênio em troca do sódio, o que reduz a concentração de íon hidrogênio no
líquido extracelular (alcalose metabólica).
3.4. A ALDOSTERONA ESTIMULA O TRANSPORTE DE SÓDIO E POTÁSSIO NAS GLÂNDULAS SUDORÍPARAS E SALIVARES E
NAS CÉLULAS EPITELIAIS
As glândulas sudoríparas e salivares formam secreção primária que contém grande quantidade de cloreto de sódio; entretanto, boa
parte desse sal, ao passar pelos ductos excretores é reabsorvida, enquanto os íons potássio e o bicarbonato são secretados. A
aldosterona aumenta muito a reabsorção de cloreto de sódio e a secreção de potássio pelos ductos. A aldosterona também estimula
intensamente a absorção intestinal de sódio. Na ausência de aldosterona, a absorção de sódio pode ser insuficiente, levando à
incapacidade de absorver cloreto e outros ânions, além de água (diarreia, resultando em perda ainda maior de sal pelo organismo).
3.5. MECANISMO CELULAR DE AÇÃO DA ALDOSTERONA Fig 77-4
Devido à lipossolubilidade nas membranas celulares, a aldosterona se difunde facilmente para o interior das células epiteliais
tubulares. No citoplasma dessas células, a aldosterona se combina a receptores mineralocorticoides (Mr) proteicos muito
específicos. O complexo aldosterona-receptor ou um produto desse complexo se difunde para o núcleo, induzindo uma ou mais
porções do DNA a formar um ou mais tipos de RNAm relacionados com o processo de transporte de sódio e potássio. O RNAm se
difunde para o citoplasma, onde provoca a formação de proteínas (enzimas e proteínas de transporte de membrana) necessárias para
o transporte de sódio, potássio e hidrogênio. A adenosina trifosfatase de sódio-potássio é a parte principal da bomba de sódio-
potássio nas membranas basolaterais das células tubulares renais (sódio é bombeado para o lúmen tubular). Proteínas dos canais
epiteliais de sódio (ENaC) na membrana luminal das células tubulares (rápida difusão de sódio do lúmen tubular para o interior da
célula).
3.6. POSSÍVEIS AÇÕES NÃO GENÔMICAS DA ALDOSTERONA E OUTROS HORMÔNIOS ESTEROIDES
Acredita-se que essas ações sejam mediadas pela ligação de esteroides a receptores de membrana celular, conjugados a sistema de
segundo mensageiro (por exemplo, AMPc).
3.7. REGULAÇÃO DE SECREÇÃO DE ALDOSTERONA Fig 77-5
A regulação da secreção de aldosterona está profundamente interligada à regulação das concentrações de eletrólitos no líquido
extracelular, do volume do líquido extracelular, do volume sanguíneo, da pressão arterial e de muitos aspectos especiais da função
renal. A regulação da secreção de aldosterona pelas células da zona glomerulosa é quase inteiramente independente da regulação do
cortisol d dos androgênios, pelas zonas fasciculada e reticular.
Fatores que desempenham papéis essenciais na regulação da aldostetona:
Elevação da concentração de íons potássio no líquido extracelular aumenta muito a secreção de aldosterona.
Elevação da concentração de angiotensina II no líquido extracelular aumenta muito a secreção de aldosterona.
Elevação da concentração de íons sódio no líquido extracelular reduz muito pouco a secreção de aldosterona.
O ACTH (hipófise anterior) é necessário para a secreção de aldosterona, mas tem pouco efeito sobre o controle da secreção.
Por sua vez, a aldosterona age sobre os rins contribuindo para a excreção do excesso de íons potássio e aumentando o volume
sanguíneo e a pressão arterial, normalizando o nível de atividade do sistema renina-angiotensina (mecanismos de feedback).

4. FUNÇÃO DOS GLICOCORTICOIDES


Pelo menos 95% da atividade glicocorticoide das secreções adrenocorticais resulta da secreção de cortisol, também chamado
hidrocortisona. Pequena, embora significativa, atividade glicocorticoide é produzida pela corticosterona.
4.1. EFEITOS DO CORTISOL SOBRE O METABOLISMO DE CARBOIDRATOS
ESTÍMULO DA GLICONEOGÊNESE
Gliconeogênese é a formação de carboidratos a partir de proteínas e de algumas outras substâncias pelo fígado.
O cortisol aumenta as enzimas necessárias para a conversão de aminoácidos em glicose pelas células hepáticas. Isso resulta do
efeito dos glicocorticoides sobre a ativação da transcrição de DNA nos núcleos das células hepáticas com a formação de RNAm,
que gera o conjunto de enzimas necessárias para a gliconeogênese.
O cortisol provoca a mobilização de aminoácidos a partir dos tecidos extra-hepáticos, principalmente dos músculos. Para
entrar no processo de gliconeogênese pelo fígado.
Um dos efeitos da maior gliconeogênese é o aumento acentuado das reservas de glicogênio pelas células hepáticas, o que permite
que outros hormônios glicolíticos (como epinefrina e glucagon) mobilizem glicose em momentos de necessidade (como entre as
refeições).
REDUÇÃO DA UTILIZAÇÃO CELULAR DE GLICOSE
Os glicocorticoides reduzem a oxidação de nicotinamida-adenina dinucleotídeo (NADH) para a formação de NAD+. Como é
necessária a oxidação de NADH para permitir a glicólise, esse efeito poderia ser responsável pela menor utilização de glicose pelas
células.
ELEVAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO SANGUÍNEA DE GLICOSE E “DIABETES ADRENAL”
Tanto o aumento da gliconeogênese quanto a redução moderada da velocidade de utilização da glicose pelas células provocam a
elevação da concentração sanguínea de glicose, o que estimula a secreção de insulina. Entretanto, os altos níveis de glicocorticoides
reduzem a sensibilidade de muitos tecidos, especialmente do musculo esquelético e tecido adiposo, aos efeitos estimulantes da
insulina sobre a captação e utilização da glicose. Dessa maneira, o excesso da secreção de glicocorticoides pode produzir distúrbios
no metabolismo de carboidratos muito semelhantes aos notados em pacientes com níveis excessivos de hormônio do crescimento.
4.2. EFEITOS DO CORTISOL SOBRE O METABOLISMO DE PROTEÍNAS
REDUÇÃO DAS PROTEÍNAS CELULARES
Isso é causado pela redução da síntese de proteínas, bem como pelo maior catabolismo das proteínas já presentes nas células. Ambos
os efeitos podem resultar parcialmente da redução do transporte de aminoácidos para os tecidos extra-hepáticos. O cortisol também
reduz a formação de RNA e a subsequente síntese proteica em muitos tecidos extra-hepáticos, especialmente nos músculos e nos
tecidos linfoides.
O CORTISOL AUMENTA AS CONCENTRAÇÕES PLASMÁTICAS E HEPÁTICAS DE PROTEÍNAS
Acredita-se que resulte de possível efeito do cortisol ao estimular o transporte de aminoácidos para as células hepáticas e a produção
de enzimas hepáticas necessárias para a síntese proteica. As proteínas plasmáticas (produzidas pelo fígado e liberadas para a
circulação) também se elevam.
AUMENTO DOS AMINOÁCIDOS SANGUÍNEOS, REDUÇÃO DO TRANSPORTE DE AMINOÁCIDOS PARA AS CÉLULAS
EXTRA-HEPÁTICAS E AUMENTO DO TRANSPORTE PARA CÉLULAS HEPÁTICAS
O menor transporte de aminoácidos para as células extra-hepáticas reduz suas concentrações intracelulares e, consequentemente, a
síntese proteica. Entretanto, o catabolismo proteico continua a liberar aminoácidos das proteínas já existentes e essas se difundem
para fora das células, aumentando a concentração plasmática de aminoácidos (o cortisol mobiliza aminoácidos nos tecidos não
hepáticos e, dessa forma, reduz as reservas teciduais de proteínas). A maior concentração plasmática de aminoácidos e seu
transporte aumentado para as células hepáticas, pelo cortisol, também poderiam ser responsáveis pela maior utilização de
aminoácidos pelo fígado, causando efeitos como maior desaminação de aminoácidos pelo fígado, aumento da síntese proteica no
fígado, maior formação de proteínas plasmáticas pelo fígado e aumento da conversão de aminoácidos em glicose (gliconeogênese).
4.3. EFEITOS DO CORTISOL SOBRE O METABOLISMO DE LIPÍDIOS
MOBILIZAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS DO TECIDO ADIPOSO
Esse efeito eleva a concentração de ácidos graxos livres no plasma, o que aumenta sua utilização para a geração de energia. O
cortisol também parece exercer efeito direto sobre o aumento da oxidação de ácidos graxos nas células. O cortisol promove menor
transporte de glicose para as células adiposas. Derivado da glicose é necessário para a deposição e para a manutenção de
triglicerídeos nessas células. Em sua ausência, as células adiposas começam a liberar ácidos graxos. A maior mobilização de
gorduras pelo cortisol, combinada com a maior oxidação de ácidos graxos nas células, contribui para que os sistemas metabólicos
celulares deixem de utilizar glicose para a geração de energia e passem a utilizar ácidos graxos em momentos de jejum ou outros
estresses.
4.4. O CORTISOL É IMPORTANTE NA RESISTÊNCIA AO ESTRESSE E À INFLAMAÇÃO Fig 77-6
Praticamente qualquer tipo de estresse físico ou neurogênico provoca aumento imediato e acentuado da secreção de ACTH pela
hipófise anterior seguido por grande aumento na secreção adrenocortical de cortisol. (Trauma de qualquer tipo, infecção, calor ou
frio intensos, injeção de norepinefrina e outros fármacos simpatomiméticos, cirurgia, injeção de substâncias necrosantes sob a pele,
restrição dos movimentos do animal, doença debilitante). Não sabemos por que isso representa benefício significativo. Uma
possibilidade seria a de que os glicocorticoides causem a rápida mobilização de aminoácidos e gorduras, a partir de suas reservas
celulares, tornando-os disponíveis para a geração de energia e para a síntese de novos compostos, incluindo a glicose. Além disso,
os aminoácidos são talvez utilizados para sintetizar outras substâncias intracelulares essenciais, tais como purinas, pirimidinas e
fosfato de creatina, necessários à manutenção da vida celular e à produção de novas células. Essas hipóteses são corroboradas pelo
fato de que o cortisol, em geral, não mobiliza as proteínas funcionais básicas das células, tais como as proteínas musculares
contráteis e as proteínas de neurônios, até que praticamente todas as demais proteínas tenham sido liberadas.
EFEITOS AINTI-INFLAMATÓRIOS DOS ALTOS NÍVEIS DE CORTISOL
A inflamação tem 5 estágios principais: liberação, pelas células de tecidos lesados, de substâncias químicas que ativam o processo
inflamatório (histamina, bradicinina, enzimas proteolíticas, prostaglandinas e leucotrienos); aumento do fluxo sanguíneo na área
inflamada, causado por alguns dos produtos liberados pelos tecidos (eritema); extravasamento de grande quantidade de plasma
quase puro dos capilares para as áreas lesadas, devido ao aumento da permeabilidade capilar, seguido pela coagulação do líquido
tecidual (edema não deprimível); infiltração da área por leucócitos; e crescimento de tecido fibroso que frequentemente contribui
para o processo regenerativo. Grande quantidade de cortisol provoca dois efeitos anti-inflamatórios básicos: o bloqueio dos estágios
iniciais do processo inflamatório, antes do início da inflamação; se a inflamação já iniciou, a rápida resolução da inflamação e o
aumento da velocidade da regeneração.
O cortisol impede o desenvolvimento da inflamação por estabilizar os lisossomos e por outros efeitos. O cortisol estabiliza as
membranas dos lisossomos, o que torna muito mais difícil a ruptura das membranas dos lisossomos intracelulares. Portanto, a maior
parte das enzimas proteolíticas liberadas por células lesadas que provocam inflamação é liberada em quantidades muito reduzidas. O
cortisol reduz a permeabilidade dos capilares, efeito secundário da redução da liberação de enzimas proteolíticas. Isso impede a
perda de plasma para os tecidos. O cortisol reduz a migração de leucócitos para a área inflamada e a fagocitose das células lesadas.
Resulta do fato de o cortisol diminuir a formação de prostaglandinas e leucotrienos que aumentariam a vasodilatação, a
permeabilidade capilar e a mobilidade dos leucócitos. O cortisol suprime o sistema imune, reduzindo acentuadamente a reprodução
de linfócitos. A menor quantidade de células T e anticorpos na área inflamada reduz as reações teciduais que promoveriam o
processo inflamatório. O cortisol atenua a febre, principalmente por reduzir a liberação de interleucina-1 a partir dos leucócitos. A
interleucina-1 é um dos principais estimuladores do sistema de controle hipotalâmico da temperatura. A diminuição da temperatura,
por sua vez, reduz o grau de vasodilatação. Assim, o cortisol apresenta efeito praticamente global na redução de todos os aspectos
do processo inflamatório.
O cortisol provoca a resolução da inflamação. O efeito imediato é o bloqueio da maior parte dos fatores que promovem a
inflamação. Além disso, ocorre aumento da regeneração. Talvez isso resulte da mobilização de aminoácidos e de seu uso para
reparar os tecidos lesados; talvez se deva ao estímulo da gliconeogênese que disponibiliza maior quantidade de glicose nos sistemas
metabólicos essenciais; talvez resulte da maior disponibilidade de ácidos graxos para a produção de energia celular; ou talvez
dependa de algum efeito do cortisol sobre a inativação ou remoção de produtos inflamatórios.
4.5. REGULAÇÃO DA SECREÇÃO DE CORTISOL PELO HORMÔNIO ADRENOCORTICOTRÓPICO DA HIPÓFISE
Praticamente nenhum estímulo apresenta efeitos diretos de controle sobre as células adrenais secretoras de cortisol. Sua secreção é
controlada quase inteiramente pelo ACTH secretado pela hipófise anterior. Esse hormônio, chamado corticotropina ou
adrenocorticotropina, também estimula a produção de androgênios adrenais.
A SECREÇÃO DE ACTH É CONTROLADA PELO FATOR LIBERADOR DE CORTICOTROPINA DO HIPOTÁLAMO (CRF)
Os corpos celulares dos neurônios que secretam CRF se localizam, principalmente, no núcleo paraventricular do hipotálamo. Esse
núcleo, por sua vez, recebe muitas conexões nervosas do sistema límbico e do tronco cerebral inferior. A hipófise anterior pode
secretar apenas quantidade diminuta de ACTH na ausência do CRF.
O ACTH ESTIMULA AS CÉLULAS ADRENOCORTICAIS A PRODUZIR ESTEROIDES POR AUMENTAR O AMPc
O principal efeito do ACTH sobre as células adrenocorticais é a ativação da adenilil ciclase na membrana celular, o que induz a
formação de AMPc no citoplasma celular. O AMPc ativa enzimas intracelulares que causam a formação dos hormônios
adrenocorticais (sistema sinalizador de segundo mensageiro). A mais importante é a proteinocinase A, que causa a conversão inicial
do colesterol em pregnenolona. O estímulo a longo prazo do córtex adrenal pelo ACTH não apenas aumenta a atividade secretória,
mas também provoca hipertrofia e proliferação das células adrenocorticais, especialmente nas zonas fasciculada e reticular.
O ESTRESSE FISIOLÓGICO AUMENTA A SECREÇÃO ADRENOCORTICAL E DE ACTH Fig 77-6 e 77-7
Praticamente qualquer tipo de estresse físico ou mental pode levar à secreção muito aumentada de ACTH e, como consequência, de
cortisol. Os estímulos dolorosos causados pelo estresse físico ou lesões teciduais são, de início, transmitidos centralmente por meio
do tronco cerebral e finalmente para a eminência mediana do hipotálamo, onde o CRF é secretado para o sistema porta hipofisário.
Em alguns minutos, toda a sequência de controle provoca a liberação de grande quantidade de cortisol no sangue.
Efeito inibitório do cortisol sobre o hipotálamo e a hipófise anterior reduzindo a secreção de ACTH. O cortisol apresenta
efeitos de feedback negativo direto sobre o hipotálamo, reduzindo a formação de CRF e a hipófise anterior, reduzindo a formação de
ACTH.
RESUMO DO SISTEMA DE CONTROLE DO CORTISOL Fig 77-7 e 77-8
Os estímulos de estresse são preponderantes; eles sempre podem se impor sobre o feedback inibitório direto do cortisol, provocando
exacerbações periódicas de secreção em múltiplos momentos ao longo do dia ou sua secreção prolongada, em situações de estresse
crônico.
Ritmo circadiano de secreção de glicocorticoides. Fig 77-8 A intensidade secretória do CRF, do ACTH e do cortisol, para seres
humanos, são altas no início da manhã, mas baixas no final da noite. Esse efeito resulta de alteração cíclica de 24 horas nos sinais do
hipotálamo que provocam a secreção do cortisol.
SÍNTESE E SECREÇÃO DE ACTH EM ASSOCIAÇÃO AO HORMÔNIO MELANÓCITO-ESTIMULANTE, LIPOTROPINA E
ENDORFINA Fig 77-9
Quando o ACTH é secretado pela hipófise anterior, diversos outros hormônios com estruturas químicas semelhantes são secretados
simultaneamente. Isso ocorre porque o gene transcrito para formar a molécula de RNA que provoca a síntese de ACTH causa,
inicialmente, a formação de proteína consideravelmente maior, um pré-pró-hormônio chamado de pro-opiomelanocortina (POMC),
que é precursor do ACTH e de vários outros peptídeos, incluindo o hormônio melanócito-estimulante (MSH), β-lipotropina, β-
endorfina e alguns outros. Células corticotróficas hipofisárias expressam o pré-pró-hormônio convertase 1 (PC1), mas não o PC2,
resultando na produção de peptídeo N-terminal, peptídeo de junção, ACTH, β-lipotropina e β-endorfina. No hipotálamo, a expressão
do PC2 leva à produção de α, β e γ-MSH, mas não de ACTH. O α-MSH, formado por neurônios do hipotálamo, desempenha
importante papel na regulação do apetite. Nos melanócitos, localizados em abundância entre a derme e a epiderme, o MSH estimula
a formação do pigmento negro melanina e o dispersa pela epiderme. Em alguns animais inferiores, a parte intermedia da hipófise,
entre os lobos anterior e posterior, secreta quantidade especialmente grande de MSH. Essa secreção é controlada pelo hipotálamo
em resposta à quantidade de luz à qual o animal é exposto ou a outros fatores ambientais. O ACTH, por conter sequência de MSH,
tem efeito estimulador de melanócitos do MSH.

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