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28/8/2015
INDEX
BOOKS
GROUPS
ATU alidade
ACADÊMICA
BOOKS
Vice-Reitor
INDEX
Psicologia Clínica e da Saúde
Capa
Projeto Ilustração —UEL/CECA/Arte/ Curso de Design
Coord.: Cristiane Affonso de Almeida Zerbetto
Vice-Coord.: Rosane Fonseca de Freitas Martins
Aluno: Alexandre Hayato Shimizu
Ilustração da capa: Obra de Mônica Delfino
Montagem e Acabamento
ISBN 85-7216-276-3
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
INDEX
BOOKS <SZprendcr
é descobrir aquilo que você já sabe.
J a ze r
é demonstrar que você o sabe.
Cnsinar
GROUPS é lembrar aos outros que eles
sabem tanto quanto você.
(J'lichard i3ach
INDEX
BOOKS
GROUPS
Sumário
PRRT€ 1
Psicologia clínico infantil 0 do odolosconto
fobia social..............................................................................................93
6. O uso de vivências no treinamento de habilidades sociais ...117
Zilda A. P. Del Prette e Almir Del Prette
GROUPS
7. A função da empatia na terapia cognitivo-comportamental.. 137
Eliane de Oliveira Falcone
8. Programa de treinamento à distância para tratamento de transtorno
do pânico e agorafobia...................................................................... 153
Bernard Rançé
9. Exposição e prevenção de respostas no tratamento do transtorno
obsessivo-compulsivo .........................................................................177
Suely Sales Guimarães
INDEX
Celso Goyos
Porte 3
Psicologia do soúde
BOOKS
Ricardo Gorayeb
15. Análise contingencial como modelo de intervenção breve em
Psicologia da Saúde............................................................................279
Vera Lucia Adami Raposo do Amaral
16. Promoção da qualidade de vida em doentes crônicos........295
Rute F. Meneses, José P. Ribeiro e António Martins da Silva
17. As emoções na prevenção de doenças e na manutenção do
tratamento............................................................................................327
Rachel Rodrigues Kerbauy
GROUPS
18. Psicologia da saúde em hospital escola: extensão de serviços à
comunidade acadêmica..................................................................... 335
M. Cristina O. S. Miyazaki e Edwiges Ferreira de Mattos Silvares
Prefácio
INDEX
uma forma ou dc outra, por pesquisas realizadas sob a orientação
comportamental. Especificamente, campos como a Psicologia
Clínica e Psicologia da Saúde devem grande parte de seu prestígio
atual a esta perspectiva de intervenção fundam entalm ente
empírica.
Da mesma form a que outros campos da ciência, a
Psicologia Comportamental avança através da comprovação e da
experimentação. As hipóteses, teorias e idéias devem ser verificadas
BOOKS
seguindo as regras experimentais e sua validade (ou ausência dela)
virá determinada pelos resultados obtidos nos estudos realizados.
Aquilo que é demonstrado de forma empírica se incorpora ao
co n ju n to de conhecim entos que integram a perspectiva
comportamental e, desta forma, vai-se promovendo o progresso
desta área.
Esta forma de abordar a realidade humana tem conseguido,
ao longo das últimas décadas, ampliar grandemente o nosso
GROUPS
conhecimento sobre o comportamento desadaptativo das pessoas.
No entanto, da mesma forma como ocorre com as demais
ciências, quanto mais se sabe sobre o comportameno humano,
mais interrogações aparecem. Assim ocorre o progresso da ciência
e, por conseguinte, da Psicologia científica.
O livro que o leitor tem em suas mãos apresenta diferentes
contribuições provenientes de psicólogos iberoamericanos nos
campos da Psicologia Clínica e Psicologia da Saúde sob uma
V IC E N T E E. C A B A L L O
U niversid ade de G ranada (E spanha)
M A R IA L U IZ A M A R IN H O
U n iversid ade Estadual de L ondrina (Brasil)
GROUPS
P
arte
INDEX 1
BOOKS
Psicologia Clínica Infantil
e do Adolescente
GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
BOOKS
de informações que indicam aos pais, em especial, o que não
devem fazer na educação infantil, mas que não os têm auxiliado
na descoberta de caminhos viáveis que lhes possibilite educar
com mais segurança e êxito.
Assim, uma das principais demandas das famílias que
buscam atendimento psicológico em clínicas-escola e em centros
de atendimento gratuito são orientações sobre como educar
adequadamente suas crianças (Marinho, 1994). Embora muitos
GROUPS
program as para intervenção frente aos problemas
comportamentais infantis venham sendo criados e tendo sua
eficácia avaliada ao longo das últimas décadas (Marinho, 1999;
Brestan e Eyberg, 1998; Ruma, Burke e Thompson, 1996;
Hoagwood, Hibbs, Brent e Jensen, 1995; Webster-Stratton e
H am m o n d , 1997; Kazdin, 1997; Patterson, Dishion e
Chaniberlain, 1993; Tiedemann e Johston, 1992, entre outros),
há ainda a urgência em tornar acessíveis ao maior número possível
de famílias os conhecimentos e as habilidades capazes de ajudá-
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base no Behaviorismo Radical e, sem seguida, alguns subsídios e
materiais para a atuação do terapeuta.
Alguns princípios da Análise do Comportamento aplicados à
psicoterapia
A Análise do Comportamento tem uma visão intimamente
relacionada aos pressupostos filosóficos e epistemológicos do
Behaviorismo Radical, conforme proposto por B.F. Skinner.
BOOKS
Como filosofia, representa uma postura específica diante do
comportamento: enfatiza-o como objeto de estudo (em oposição
aos intermediários hipotéticos), considerando-o um fenômeno
natural que deve ser estudado como qualquer outro fenômeno
da natureza, ou seja, através dos métodos da ciência natural
(Millon, 1973). Complementar a essa visão de comportamento,
essa postura representa, tam bém , um a visão de H om em
GROUPS
considerado como um organismo uno (monismo), em oposição
ao resultado da união de substâncias qualitativamente distintas
(físicas e mentais), característica de outras abordagens psicológicas.
O conceito de adaptação
Essa visão monista de ser humano implica em uma série
de conseqüências sobre a postura terapêutica no contexto clínico,
cujas principais são:
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de eventos antecedentes (como a história de vida e os estímulos
discriminativos), mas também em função de eventos conseqüentes
(como os estímulos reforçadores e aversivos) (Abib, 1997);
c) o repertório comportamental do indivíduo é modelado pelo
am biente e a distinção entre com portam ento adaptativo e
desadaptativo resulta das diferenças nos padrões de reforçamento
a que estes foram expostos. A diferença não é, então, intrínseca
nem ao comportamento, nem ao indivíduo que se comporta
BOOKS
(Ullman e Krasner, 1979; Figueiredo e Coutinho, 1988);
d) o uso de adjetivos como inadequado ou desajustado é feito
em relação aos padrões de comportamento e não à pessoa como
um todo. Além disso, em liltima instância, um comportamento
desviante não é visto como disfuncional, já que é uma resposta
apropriada às contingências presentes no contexto em que é
emitido (Wahler, 1976).
Visto dessa forma, o comportamento é sempre urna forma
GROUPS
de interação e é sempre considerado comportamento (isto é
verdadeiro para o comportamento de qualquer pessoa, inclusive
pais e crianças). Sua classificação em termos de normalidade -
anormalidade, como dito acima, não decorre de sua natureza,
mas de critérios sociais baseados em valores éticos.
Conseqüentemente, desconsidera-se a existência de um padrão
absoluto de comportamento “certo” ou “errado” em si mesmo
(U llm an e Krasner, 1973). D ecorrente dessa postura, o
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o ambiente (o que inclui as relações pais-criança, pai-mãe, criança-
irmãos, etc.) e não em características intrínsecas aos próprios
sujeitos e c) contribui para o terapeuta saber onde atuar para a
obtenção de mudanças. Falando mais especificamente, possibilita
que se faça uma análise do comportamento infantil considerado
desviante a partir das interações que a criança estabelece com o
seu ambiente.
BOOKS
Como o com portam ento do indivíduo não pode ser
considerado à parte do contexto em que vive, se o comportamento
de uma criança é considerado inadequado, seus determinantes
podem ser encontrados no padrão de interação entre os membros
da família.
O comportamento da criança pode ser analisado, então,
como controlado por estímulos discriminativos e reforçadores
dispensados especialmente pelos adultos que mantêm contato
GROUPS
com ela e é, por sua vez, considerado como evento que controla
parcialmente os comportamentos desses adultos (Wahler, 1976).
Uma das análises feitas por Wahler (1976) argumenta que
os problemas comportamentais infantis poderiam ocorrer como
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aversivo, reforçando o comportamento que desejam suprimir e
levando ao desenvolvimento de um padrão coercivo de interação
infantil.
Exemplo desse tipo de análise é a proposta por Patterson
e seus colaboradores (Patterson, 1986; Patterson, De Baryshe, e
Ramsy, 1989; Patterson, Reid e D ishion, 1992) para o
desenvolvim ento do com portam ento anti-social infantil2.
Segundo os pesquisadores, os padrões de comportamento anti
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entre outras.
Orientações dessa natureza são relevantes para a formação
do terapeuta infantil e merecem uma publicação que as aborde
exclusivamente. No contexto do presente trabalho, abordaremos
duas destas questões práticas: a definição de quem deve,
prioritariamente, participar na terapia - a criança, os pais ou
ambos (ou seja, a definição de quem deve ser o sujeito principal
BOOKS
da intervenção) e a conciliação entre as demandas da família e as
necessidades da criança (ou seja, a definição dos objetivos da
terapia).
Definição sobre quem é o cliente: a criança, os pais ou ambos
Como os pais podem, ocasionalmente, encaminhar seu
filho para atendimento psicológico em decorrência mais de seus
próprios problemas do que baseados em com portam entos
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disfuncionais apresentados pela criança (Moura e Grossi, 1998;
Marinho e Silvares, 1996), a resposta para a questão acima passa
pela realização de cuidadosa análise funcional.
Embora seja feita, ao longo de todo o processo terapêutico,
a análise funcional é de extrema relevância para a tomada de
decisões no início do processo psicoterápico, inclusive sobre quem/
quais são as pessoas cuja m udança com portam ental mais
contribuiria para a melhora nas situações-problema observadas.
Além disso, esse tipo de análise “tem a vantagem de especificar
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em que os dados de pesquisa demonstram que não são todas as
famílias que conseguem se beneficiar do treinam ento
comportamental de pais (Marinho, 2000; Kazdin e Mazurick,
1994; Serketich e Dumas, 1996, entre outros).
Kendall e Morris (1991) consideram que se o problema
central é algo como déficit de habilidades ou percepção errônea
de situações por parte da criança, o tratamento apropriado
poderia ser aquele orientado para esta. Já nos casos em que o
BOOKS
desajustam ento infantil é principalm ente produto de um
ambiente seriamente perturbado, a intervenção deveria ser com
os membros da família (p. ex., o padrão de interação). Segundo
eles, a decisão de quem participa na terapia (e, conseqüentemente,
da estratégia de tratamento a ser utilizada) deve ser, então, tomada
como parte do plano de tratamento.
Como conciliar as demandas da família e da criança no processo
GROUPS
Essa outra pergunta bastante freqüente nos remete aos
objetivos do processo terapêutico. As decisões sobre os objetivos
terapêuticos com crianças não se baseiam em conceitos distintos
daqueles adotados para a Terapia Comportamental em geral.
A terapia com portam ental, segundo Skinner (1991),
“promove a saúde comportamental no sentido que ajuda as
pessoas a se comportarem bem, não no sentido de ter boas
maneiras, mas de ser bem-sucedidas” (p. 112). E completa:
INDEX
hum ano vive em com unidade, esse com portar-se deve,
obviamente, levar em conta uma importante parte do ambiente:
as outras pessoas.
Nesse sentido, demandas familiares que poderiam levar à
diminuição da probabilidade de obtenção de reforço positivo
pela criança a curto, médio ou longo prazos deveriam ser
analisadas funcionalmente. Exemplos são solicitações, pela família,
de auxílio para que a criança torne-se menos “rebelde” e mais
BOOKS
"dócil”; que aprenda a defender-se com violência física dos colegas
que lhe batem; que façam sempre o que seus pais pedem em
oposição ao que desejam fazer; que se comportem de forma a
agradar os adultos à sua volta, etc.
E importante lembrar que a terapia comportamental não
atua no sentido de “consertar indivíduos” (Holland, 1978), já
que não adota o conceito de nosologia, mas de adaptabilidade
com portam ental, conforme com entam os anteriormente. A
GROUPS
indicação de intervenção psicológica é feita, então, com base no
nível de sofrimento que determinados comportamentos possam
estar gerando para o indivíduo que se comporta e/ou para as
pessoas de seu convívio. Segundo Gongora e SantAnna (1987),
.ipesar da extrema capacidade do ser humano ajustar-se de forma
ativa às contingências de seu ambiente, não se pode negar que a
complexidade, a inconsistência, a aversividade e os conflitos
encontrados em determinadas situações podem superar aquela
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tratamento de problemas comportamentais em crianças, em geral
se incluem orientações aos pais acerca de fatores que têm sido
correlacionados ao desenvolvim ento de crianças com
comportamentos mais prováveis de serem bem sucedidos em seu
ambiente (como dito anteriormente, com alta probabilidade de
serem reforçados positivamente).
Nesta seção, discorreremos brevemente sobre 3 destes
componentes: o desenvolvimento da auto-estima, estratégias para a
BOOKS
manutenção de comportamentos adequados apresentados pela criança
e para a solução de problemas (mudança de comportamentos infantis
considerados inadequados). Ao final, é apresentado material com
orientações redigidas para pais em relação aos aspectos da
educação infantil aqui abordados (Anexo 1).
O desenvolvimento da auto-estima
Um ponto de extrema relevância no processo de educação
GROUPS
infantil é a adoção de comportamentos, por parte dos pais e/ou
cuidadores, que possibilitem o desenvolvimento da auto-estima
na criança. Auto-estima é a maneira pela qual uma pessoa se
sente em relação a si mesma; é o juízo geral que faz de si mesma,
o quanto gosta de sua própria pessoa. Quando experimentamos
esse sentimento, ficamos satisfeitos em sermos nós mesmos.
Segundo Skinner (1991), “uma pessoa está bem consigo
mesma quando sente um corpo positivamente reforçado. Os
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se de formas assim caracterizadas. Os pais devem, com a ajuda
do terapeuta, estabelecer contingências para o desenvolvimento
dos comportamentos que consideram relevantes para a educação
de seus filhos. A orientação que se pode dar é, obviamente,
apresentar reforço positivo quando o comportamento ocorre, de
modo a fortalecê-lo.
Manutenção de comportamentos adequados: o uso do reforço positivo
INDEXprazer.
Solução de problemas: modificação de comportamentos inadequados
Comumente, o procedimento adotado para o controle do
com portam ento infantil considerado inadequado é a sua
conseqiienciação com estímulos aversivos (punição).
“A punição, uma forma padronizada de suprimir o comportamento,
GROUPS
E completa dizendo que "os estímulos aversivos só podem
ser justificados se não há outra coisa a fazer. A aceitação
excessivamente rápida de práticas aversivas bloqueia o progresso
rumo a direções mais promissoras” (Skinner, 1991, p. 110).
Isto significa que o uso freqüente e indiscriminado de
estimulação aversiva na aprendizagem e educação não é produtivo
e que se deve adotar estratégias distintas quando se quer aumentar
’ O grifo é meu.
INDEX
excesso com portam ental), a contingência utilizada é a
apresentação de reforço positivo contingente ao comportamento
adequado. No caso do comportamento inadequado por excesso,
as conseqüências reforçadoras são apresentadas contingentes a
outros comportamentos mais adequados, incompatíveis àquele
que se quer reduzir.
Assim, para reduzir a freqüência de com portam entos
agressivos da criança em relação ao irmão, a família deveria criar
BOOKS
condições para a ocorrência de comportamentos de cuidados,
cooperação, etc. em relação ao irmão e fortalecer tais
comportamentos.
im portante lembrar, como ressaltado no início do
capítulo e indicado no roteiro, que toda intervenção deve ser
precedida de uma cuidadosa análise funcional do comportamento
em questão. Bater no irmão pode ter inúmeras funções, como
obtenção de atenção dos pais, livrar-se de comportamentos
GROUPS
agressivos do irmão, etc. Nestes exemplos, a modificação do
comportamento da criança poderia ser obtida através de mudanças
em outras contingências (como os pais dipensaram atenção ã
criança sem que ela tenha que se comportar agressivamente).
Nos casos em que o comportamento ocorre com baixa
freqüência, os pais podem instruir e/ou funcionar como modelos
(inclusive “fazendo junto”). A esse respeito Skinner (1991),
com enta que “m ostrar e dizer são m aneiras de ‘in citar’
BOOKS
Considerações finais
No presente capítulo foram apresentados subsídios teórico-
práticos para a atuação de psicólogo clínico frente a queixas de
problemas de com portam ento em crianças. O ptam os por
destacar o trabalho feito com os pais, embora intervenções
com binadas (psicoterapia infantil, treinam ento de pais e
orientação familiar) tenham se mostrado mais promissoras.
GROUPS
Finalizando, é im portante ressaltar a urgência no
desenvolvimento e aplicação de programas de orientação para
pais visando a prevenção de problemas infantis através da redução
das condições de risco às quais as crianças são expostas.
Referências bibliográficas
INDEX
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interventions.journal of Consulting and Clinical Psycholog)', 65, 93-109.
BOOKS
GROUPS
Anexo 1
ORIENTAÇÕES PARA FAMÍLIAS SOBRE
EDUCAÇÃO INFANTIL
Maria Luiza Marinho
INDEX
para sempre como ponto positivo para a criança, é o fato de você
VALORIZAR A PESSOA QUE ELA E E O QUE ELA TEM/FAZ DE BOM E CORREI O.
BOOKS
comportamentos que ela vai aprender a gostar dela mesma, a se
valorizar.
Todas as outras coisas da educação ficam mais fáceis para a criança
e para os pais quando ela sente que tem valor (mesmo que algumas
vezes, ou até muitas vezes, ela faça coisas consideradas erradas,
com certeza sua criança também faz muitas coisas boas, bem
feitas e corretas!).
GROUPS
Além disto, ela é especial somente pelo fato de existir!
COMO VOCÊ PODE DEMONSTRAR À SUA CRIANÇA QUE ELA TEM VALOR?
Bem, estes são apenas alguns exemplos do que você pode dizer,
r. claro que o que dizer depende de como seu filho/a é, do que
laz de legal e do seu jeito - o seu, de pai ou de mãe; como você
pode demonstrar as coisas para a criança.
INDEX
Então, você tem dois bons motivos para indicar para sua criança
o que ela faz de legal:
Io - Porque assim ela saberá que faz algumas coisas bem e se
sentirá bem, gostará mais dela mesma por isso.
2o - Porque quando você elogia, mostra que gosta de alguma
coisa que a criança faz, a tendência é que ela faça isto que você
aprecia mais vezes.
BOOKS
(Isto é especialmente importante quando a criança é pequena e a
opinião dos pais é a mais importante no mundo; quando ainda
não entra em conflito com a opinião dos amigos. Portanto,
aproveite esta época!)
INDEX
Lembre-se de alguma ocasião em que você tenha sido criticado/
a. Como você se sentiu? Você acha que poderia ter sido melhor
se, ao invés de criticar, a pessoa tivesse dito de outra forma?
BOOKS
problema) e solicitar a ela que sugira uma solução. Você pode
deixa-la tentar ajudar na solução.
Isso é bom porque há diferença entre ela dizer o que fazer e você
mandar ela fazer de determinada forma. Pode dar certo!
E logiar quando a criança faz o certo é o melhor!
GROUPS
E você poderia tentar IGNORAR o co m p ortam en to inadequado
sem pre que você achar que ele está ocorrendo para chamar a sua
atenção e quando não for perigoso ou prejudicial.
4- A JUD E-A A A PR EN D ER C O M PO R TA M EN TO S
IMPORTANTES!
Q u and o a criança não faz o que deveria, O QUE FAZER?
POR EXEMPLO: você acha im portante a criança ter lim peza, com
seu corpo e com suas coisas, mas ela não gosta de tom ar banho,
de escovar os dentes, etc. O que fazer?
Você pode tam bém FAZER JUNTO, ajudar a fazer (estar perto de
você pode ser tão bom ou até m elhor do que um elogio!) e até
mesmo:
GROUPS
I »AR RECOMPENSAS COMBINADAS ANTES COM A CRIANÇA PARA QUANDO
I I A FIZER DETERMINADO COMPORTAMENTO.
Isso é especialm ente útil quando está m uito difícil para a criança
lazer o que você está ensinando. Pode ajudar a ser mais gostoso
l.i/.er o que vocc ensina.
INDEX
Esta estratégia ajuda a formar hábitos sociais que para algumas
crianças são difíceis. E claro que você não precisará fazer isto de
dar recompensas para este comportamento pelo resto da vida!
Após algum tempo (você vai observando isto) a criança vai fazendo
mais pelo hábito e pelo prazer de fazer do que pela recompensa.
É IMPORTANTE QUE JUNTO COM A RECOMPENSA VOCÊ TAMBÉM ELOGIE
POR ELA TER FF.ITO! AFINAL, SEU ELOGIO E APROVAÇÃO SÃO TAMBÉM
BOOKS
RECOMPENSAS!
GROUPS
Bem, em geral você não deve fazer sempre assim, não será para
toda a vida.
E NÃO, ELA NÃO FICARÁ INTERESSEIRA!
Subsídios ao terapeuta para analise e tratam ento de problem as de com portam ento em c ria n ça s
E la ficará interessada !
INDEX
recompensas pequenas, não caras e que possam ser dadas a cada
dia, dois dias ou a cada semana, como você achar que sua criança
.igüenta esperar.
Imagine se você tivesse que trabalhar um ano inteirinho,
p.ira somente em dezembro receber o seu salário!
Seria difícil manter o ânimo, não?
BOOKS
Então, é o mesmo com a criança. Se achar que ela consegue
esperar uma semana pela recompensa, ótimo. Mas algumas terão
que ter recompensas antes, por exemplo, a cada 3 dias no início.
A recompensa pode ser passeios, sorvete, algo que ela gosta e que
não teria se não tivesse feito o combinado
N.to vale combinar, por exemplo, dar algo que ela ganharia, ou
GROUPS
que todos os irmãos ganham também sem fazerem esforço. A
<riança se sentirá enganada, ganhando algo que teria mesmo sem
nabalhar. Seja honesto com ela!
< \ »locar essas orientações em prática exige atenção, motivação e
disciplina, mas pode valer a pena!
SEUS FILHOS VÃO ADORAR UM PAI/MÃE ASSIM!
INDEX
II - Sc o comportamento deve aumentar:
1. A criança sempre apresenta este comportamento?
Se não, você tem certeza de que a criança pode apresentar este
comportamento?
Se não tem certeza, como você poderia ensinar este
comportamento para a criança?
2. Quais conseqüências possíveis que poderiam fortalecer o
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comportamento desejado?
3- Com o você pode arranjar para que estas conseqüências
ocorram?
Plano de Ação:
Quando as conseqüências serão apresentadas?
Onde?
Quem as apresentará?
GROUPS
com que freqüência?
Como você saberá quando você foi bem sucedido/a?
III - Se o comportamento deve diminuir:
1. Qual comportamento apropriado poderia ocorrer no lugar do
comportamento-problema?
2. Quais conseqüências positivas poderiam seguir o
comportamento desejado
INDEX
BOOKS
GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
INDEX
sociais em crianças e adolescentes. Estes episódios envolvem
lurtos, fugas, queimas de objetos e vão num crescente chegando
;t assassinatos com armas de fogo, armas brancas e lesões corporais
graves. Diante desses fatos a população e os cientistas buscam
explicações que possam servir para identificar e modificar esta
situação. Basicamente, as perguntas formuladas por pesquisadores
da área do com p ortam ento anti-social são: o que causa
com portam ento anti-social em crianças? Como e porque as
BOOKS
crianças aprendem comportamento anti-social? Como identificar
as crianças de risco? E o que podemos fazer para ajudar famílias
ou professores a mudarem esta situação?
As teorias e pesquisas enfocam estas questões através de
diferentes vertentes. Alguns focalizam a biologia do comportamento
;mti-social (Carey e Goldman, 1997; Henry e Moffitt, 1997; Raine,
1997; Berman, Kavoussi e Coccaro, 1997, Brain e Susman, 1997;
Newman, 1997 e Linnoila, 1997); outros buscam compreender o
GROUPS
fenômeno através da Etologia (Otta e Bussab, 1998; Gomide, 1996;
berris e De Vries, 1997, Montagu, 1971, 78) ou da Teoria da
Aprendizagem Social (Bandura, 1994; Huesman, Moise e Podolki,
1997) ou ainda através da A bordagem C o m p o rtam en tal
(Sidman, 1995; Patterson, Reid e Dishion, 1992; Kazdin, e
Buela-Casal, 1997; Conte, 1996).
Os estilos parentais ou práticas educativas constituem uma
promissora área de pesquisa que vem buscando correlacionar as
diferentes maneiras utilizadas pelos pais no cuidado de seus filhos.
INDEX
referir a todo comportamento que infringe regras sociais ou que
seja uma ação contra os outros, tais como com portam ento
agressivo, co m p ortam ento infrator (furto, roubo, etc.),
vandalismo, piromania, mentira, ausência escolar e/ou fugas de
casa, entre outros (Kazdin e Buela-Casal, 1988). Para podermos
considerar estes comportamentos como indicadores de um transtorno
de conduta é necessário que eles se manifestem como um padrão
comportamental, ou seja, o(s) comportamento(s) anti-social(is)
BOOKS
devem apresentar cronicidade (alta freqüência, por um período
duradouro) e ocorrer em alta intensidade ou alta magnitude,
dependendo da natureza do comportamento. A ocorrência isolada,
mesmo em alta intensidade, de qualquer um daqueles
comportamentos, não é suficiente para o diagnóstico de conduta
anti-social. E essencial que o indivíduo apresente um conjunto de
ações anti-sociais que se repitam por um período duradouro.
Patterson et al. (1992) definem comportamento anti-social
GROUPS
como eventos que são simultaneamente aversivos e contingentes.
Estes autores salientam que se deve descrever um evento anti
social e não uma pessoa anti-social. Contingente aqui refere-se à
conexão entre o comportamento do indivíduo e o de outra pessoa
pertencente ao ambiente onde o evento ocorre. Os autores
preferem utilizar o termo anti-social ao agressivo, pois o primeiro
descreve mais a natureza do comportamento do que o segundo.
Segundo o D S M -IV (APA, 1995) a definição de
BOOKS
e feminino no cuidado da prole. Isto deveu-se a um maior tempo
necessário para o amadurecimento dos sistemas neuronais da
criança e conseqüentemente uma maior necessidade de cuidados
por parte das figuras parentais. Em outro estudo, M ontagu
(1978) coloca a presença de contatos físicos, constante e intenso
envolvimento afetivo e autodesmame tardio que ocorreram nas
sociedades caçadoras da época e que favoreceram o prolongamento
desta fase de desenvolvimento. A partir deste período, começa a
GROUPS
se caracterizar a importância do relacionamento parental no
desenvolvimento da criança. E essencial salientar que o estudo
de Otta e Bussab (1998) é baseado em estudos arqueológicos
evolutivos e os de M ontagu (1978) referem-se a sociedades
primitivas vivendo em pleno Século XX.
Os com portam entos agressivos ou anti-sociais são
observados em diversos grupos sociais, modernos e primitivos,
gerando uma discussão, ao longo do século XX, sobre a natureza
agressiva do homem. Os autores se polarizam em dois pontos
INDEX
.igressão dita “instrumental”, ou seja, aquela que tem como
objetivo alcançar uma recompensa e não apenas o sofrimento de
outra pessoa.
A agressividade está presente tanto nas culturas ocidentais
tomo nas orientais, mesmo nas mais isoladas. Nos animais, está
presente desde os insetos até os primatas. Segundo Otta e Bussab
(1998), os animais lutam porque esta é uma forma funcional de
nifrentar problemas encontrados no ambiente. Estudos realizados
INDEX
para esse aspecto tenderá a desistir do procedimento por achar
que não está produzindo o efeito esperado que é o de diminuir a
freqüência do comportamento, ü último efeito citado — o da
produção de respostas colaterais emocionais mostra que a
extinção também tem propriedades aversivas, apesar de não causar
danos físicos ao indivíduo. Segundo Sidman (1995), as pessoas
fazem o possível para escapar de situações nas quais o reforço não
esteja mais sendo liberado. Se não for possível fugir ou esquivar-
INDEX
ocorrer um comportamento semelhante ao da fuga, denominado
esquiva. A ameaça é um tipo de evento ambiental que adquiriu
função aversiva ao longo do processo de emparelhamento das
verbalizações com conteúdo ameaçador e as surras.
(3) Administração do reforço positivo contingente aos comportamentos
agressivos ou do reforço negativo quando a conduta agressiva
elimina a estimulação aversiva. Esta prática educativa é muito
com um e chamada na literatura de “disciplina relaxada” e é
BOOKS
caracterizada por uma situação onde o comportamento agressivo
ou coercitivo da criança controla o dos pais e educadores inibindo
a aplicação de regras ou limites.
Por exemplo, a criança faz má-criação (comportamento
agressivo) e a mãe atende com prando o chocolate (reforço
positivo) ou então, as reclamações e birras (condutas aversivas)
fazem a mãe liberar castigo (situação aversiva). Ambos
procedimentos aumentam a força do comportamento agressivo
GROUPS
da criança. Pais e professores que dão atenção a seus filhos apenas
quando eles estão causando problemas descobrem-se com
crianças-problema em suas mãos; porque não estão cientes deste
momento crítico - sua atenção reforça o comportamento errado.
Reforçando o comportamento errado eles próprios criam as
crianças-problema (Sidman, 1995, pp 52).
Já Ulrich (1975) define dois tipos de agressão: a não
aprendida, nos casos onde o espancamento gera dor e a dor gera
INDEX
Coerção, para Sidman (1995), “é o uso da punição e da
.imeaça de punição para conseguir que os outros ajam como
gostaríamos”. O termo coercitivo para este autor especifica melhor
0 caráter contingente e aversivo do comportamento anti-social.
( Comportamento coercitivo costuma ser mais usado para descrever
os eventos nos quais o comportamento anti-social é adquirido e
mantido, diz ele: “o controle por reforçamento positivo é não
coercitivo; coerção entra em cena quando nossas ações são
INDEX
Uinu mudança no comportamento de um indivíduo em uma
situação específica, mudança esta causada pela repetição das
i xperiências naquela situação, eliminando-se aí explicações de
tendência inata, maturação ou situações temporárias do indivíduo
jui.i o comportamento.
11,1
Esta teoria baseia-se na modelagem e modelação de papéis,
identificação e nas interações humanas. Uma pessoa pode
aprender por imitação do comportamento de outra, desde que o
BOOKS
modelo tenha certos atributos que permitam uma identificação;
. si es fatores pessoais envolvem status do modelo, aprovação social
ou do grupo pela ação do modelo, relacionamento afetivo com o
modelo, repertório da pessoa para copiar os do modelo. Por
• xrmplo, meninos imitam comportamento agressivo de heróis
• m filmes violentos. Já as meninas que não foram socializadas
txibindo comportamento de luta, não o fazem (Gomide, 2000).
GROUPS
Bandura (1979), um dos principais proponentes da escola
•l.i aprendizagem social, afirma que violência no ser humano não é
um lenômeno individual e sim um fenômeno social e sugere que o
lomportamento ocorre como resultado do intercâmbio exercido entre
os latores cognitivos e ambientais, um conceito conhecido como
determinismo recíproco. Se o modelo escolhido reflete normas e
valores saudáveis, a pessoa desenvolve a auto-eficácia, capacidade
paia se adaptar (Bandura e Ribes-Inesta 1975).
Para Kazdin e Buela-Casal (1997) e Bandura e Ribes-
INDEX
i oi tecionais).
E basicamente uma seqüência de ação e reação. As ações
af-M ssivas da criança se iniciam no estágio um; sem que os pais
tenham habilidades para controlá-las, no estágio dois o meio
M>i tal reage e a rejeita; no estágio três ela busca apoio nos grupos
desviantes. Este conjunto de comportamentos leva a casamentos
fi.ii assados, carreiras de empregos caóticos e institucionalização
que caracterizam o quarto estágio.
INDEX
lieqüência da presença dos pais no lar ou de figuras paternas) e à
qualidade da atmosfera do lar (morna/fria; estável/instável;
rsiruturada/ desestruturada; e outras dimensões destes fatores).
1 >i/.em eles que talvez os pesquisadores não tenham considerado
esta im portante característica como influência possível da
dependência. Os autores encontraram uma m enor
vulnerabilidade ao uso de drogas em adolescentes que viviam
nu famílias onde quatro características estavam presentes: forte
BOOKS
jpego ao pai, atmosfera positiva no lar; forte aceitação de crenças
Ii.ulicionais sobre o bom comportamento para adolescente e forte
desaprovação paterna de maus comportamentos específicos em
que sujeitos adolescentes hipoteticamente poderiam se envolver.
Patterson et al. (1992) também apontam características
tios pais de crianças e adolescentes anti-sociais que são comuns
ncsia população. Estes pais são contingentes em suas interações
((mi os filhos problemas, de forma que:
GROUPS
1 sempre falham em usar efetivam ente punições para
t omportamentos desviantes;
1 não usam reforçamento para comportamento pró-social;
lendem a estar irritados em suas inter-relações familiares;
i existe uma grande diferença entre o que os pais dizem fazer
c o que de fato fazem;
Fi ,i disciplina inefetiva consiste em repreensão e apoquentação
Iíoi questões triviais e ameaça de usar punição sem concretização
p.u.i fatos graves;
INDEX
em assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento social de
seus filhos, a criança corre o risco de ter problemas de conduta e
socialização, entre outros.
Vários modelos teóricos (Caballo, 1987; Del Prette e Del
Prette, 1999; H arralson e Lawler, 1992) sugerem que as
habilidades e o relacionamento interpessoal são fatores decisivos
durante o desenvolvim ento, tanto da criança quanto do
adolescente. Indivíduos com maior grau de habilidades sociais
BOOKS
rendem a apresentar menos com portam entos anti-sociais.
Algumas habilidades sociais podem ser desenvolvidas de forma a
minimizar e até mesmo debelar os comportamentos anti-sociais
estabelecidos. São habilidades importantes no manejo parental
tia família que está relacionado com a competência social da
criança. Habilidades sociais são definidas por Caballo (1986)
como “um conjunto de com portam entos emitidos por um
indivíduo e um modo adequado de responder à situação, de forma
.1
GROUPS
respeitar o comportamento os outros e que geralmente resolvem
uma situação ao mesmo tempo em que minimiza a probabilidade
<le problemas futuros.”
INDEX
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Su .ishurgger, V. (1999). O adolescente e a mídia: impacto psicológico. Porto
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GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
INDEX
perpectiva da prevenção, alcançar um modelo integrador de todos
.tqueles fatores que de uma forma ou de outra podem contribuir
ik ío só para sua manutenção, mas também para seu início, é
.linda um objetivo para todos os profisisonais interessados neste
i .impo (Becona, 2000).
Neste sentido, são muitas as variáveis que têm sido
repetidamente associadas ao consumo de drogas pelo adolescente,
assinalando o papel que estas poderiam ocupar como importantes
BOOKS
latores de risco ao assumir que muitas delas parecem, com maior
ou menor consistência, incrementar ou reduzir a probabilidade
de que o adolescente use ou abuse de substâncias psicoativas
(Munoz-Rivas, Grana e Cruzado, 2000).
Embora os resultados de muitos dos estudos realizados
nesta área não sejam ainda muito conclusivos, é possível se falar
de determinados traços ou características que poderiam definir,
de forma genérica, aqueles sujeitos em situação de alto risco e
GROUPS
que poderiam possibilitar a elaboração de um perfil típico que
pudesse ajudar a resum ir ou a esquem atizar informações
relevantes que assinalem os aspectos aos quais devem ser dirigidos
os esforços preventivos. Assim, entre as variáveis que explicariam
o uso precoce de drogas e o posterior abuso das mesmas poderiam
ser consideradas:
(a) “variáveis contextuais ou am bientais que envolvem o
.idolescente: neste caso, fala-se de fatores externos ao jovem que
se associam a mudanças importantes nos comportamentos de
INDEX
(jO associação com companheiros consumidores de drogas e a
manutenção de forte envolvimento emocional com o grupo de
pares (Grana e Munoz-Rivas, 2000; Jessor e Jessor, 1977; Otero
et al., 1989; Brook et al., 1990; Kandel, Davies e Baydar, 1990).
Identificação com grupos não convencionais (Dishion e Loeber,
1985; Elliot, Huinzinga e Ageton, 1985);
(h) fracasso escolar, pobre desempenho escolar ou o abandono precoce
<l.i escolarização (Kandel e Davies 1991; Recio et al, 1992);
BOOKS
(i) comportamentos violentos ou delitivos dos adolescentes (Elliot
et alr, Johnson et al., 1985).
E este o ponto de partida deste trabalho, cuja proposta se
»entra, de forma genérica, em determinar o valor preditivo e/ou
explicativo de alguns dos fatores que parecem manter uma relação
de causalidade com o início do consumo de drogas em uma
.imostra de jovens do Município de Majarahonda (Espanha).
GROUPS
Neste caso, foram levadas em consideração exclusivamente
variáveis de caráter psicossocial, por serem estas as que têm
mostrado uma maior relevância explicativa e, além disso, por
serem possivelmente as que melhor possam ser manejadas desde
o âmbito da prevenção e da saúde.
Nas seguintes seções são apresentados, de forma detalhada,
lanto os objetivos almejados com o os dados referentes à
metodologia e ao delineamento utilizados na presente pesquisa.
Objetivos
O presente estudo teve quatro objetiivos básicos:
Objetivo 1: determinar a forma enu que se associam o
consumo das diferentes substâncias estudadas (tabaco, álcool em
suas diversas formas, maconha, fármacos anti-inflamatórios e
tranqüilizantes, derivados morfínicos, alucinógenos, inalantes,
anfetaminas, cocaína, heroína e as drogas sintéticas), isolando
aqueles grupos cujo uso tende a apresenitar-se de um modo
conjunto em uma mostra de adolescentes.
BOOKS
diferencial das mesmas.
Objetivo 3: determinar a capacidade explicativa de cada
uma das variáveis consideradas, estimando io peso específico de
cada uma delas em cada um dos grupos; de substâncias de
consumo, na tentativa de estabelecer um perfd específico, um
conjunto de fatores especialmente associados a cada um dos grupos
de drogas mais consumidas pelos adolescenites.
GROUPS
Objetivo 4: apresentar, para cada um dos grupos de
substâncias mais consumidas, distintos modelos de risco e
proteção em função do valor explicativo ido consumo ou da
abstinência obtido por cada uma das variáveis de estudo que
sirvam como base para criar programas preventivos que se ajustem
à realidade do consumo dos jovens e àqueles aspectos que
favorecem ou, ao contrário, inibem seu envollvimento no mesmo.
Método
Amostra
Para este estudo trabalhou-se com uma amostra de 1623
sujeitos de ambos os sexos (49,1% do sexo masculino e 50,9%
do sexo feminino), com idades compreendidads entre 14 e 18
anos, extraída de seis colégios públicos e privados do Municício
de Majadahonda (Espanha). Dentro de cada um dos centros de
educação, a seleção se realizou tomando a sala de aula como
unidade de amostra até completar uma amostra representativa
de sujeitos em função tanto de sua série escolar correspondente
INDEX
como de sua idade e sexo, respectivamente.
Variáveis
Variáveis a predizer e/ou explicar
No estudo se utilizaram um total de 3 variáveis ou fatores
frutos do agrupamento das substâncias consideradas em função
<la freqüência de consumo das mesmas (levado a cabo pelos
BOOKS
adolescentes entrevistados durante o mês anterior à realização
da pesquisa) que serviram como critérios ou variáveis a serem
explicadas. Em seguida, se apresentam cada uma delas segundo
se obtiveram através da Análise Fatorial1 e realizada como
primeiro passo para o desenvolvimento do presente trabalho.
1. Drogas legais. E o grupo conformado por aquelas
GROUPS
substâncias que agruparam em um primeiro fator denominado
desta forma porque nele apareceram incluídas a totalidade das
drogas de comércio legal (tabaco, cerveja, vinho, licores e
coquetéis) consideradas no estudo, além da maconha.
2. Drogas ilegais. E o grupo form ado por aquelas
substâncias que agruparam em um segundo fator denominado
.issim porque nele foram incluídas todas aquelas drogas de
1 Maiores detalhes na parte de resultados.
GROUPS
Explicação do consumo de drogas legais, ilegais e médicas
Nesta seção são apresentados os resultados obtidos das
distintas análises de regressão realizadas para determinar o valor
preditivo e/ou explicativo de diversas variáveis psicossociais, tanto
individuais como familiares, escolares ou relacionadas com o grupo
de amigos para o consumo de drogas legais, ilegais e médicas
dos adolescentes da amostra analisada.
Devido ao grande número de variáveis com as que se
contavam em cada caso, optou-se por realizar, para cada uma
INDEX
ixtdicação do consumo de drogas legais
Depois de distintas provas estatísticas, nas que se
tunsideraram o total de fatores de caráter psicossocial, as variáveis
qur demonstraram ser prognosticadores significativos do uso do
tabaco, do álcool e da maconha aparecem resumidas na Tabela
! Mais concretam ente, o grupo que oferece uma m aior
proporção de explicação dos dados encontrados é o composto
BOOKS
poi variáveis de tipo psicológico, seguido do que inclui aspectos
ffl.u ionados com a influência do grupo de amigos e familiares e,
hu.ilmente, os obtidos do conjunto de variáveis escolares
iolcntas.
GROUPS
Tabela 1. Resumo dos fatores de risco e de proteção para o consumo de drogas legais
INDEX
KATORKS DE RISCO FATORES DE PROTEÇÃO
V A K IÁ V K IS PSICOLÓGICAS
' Desejo de desinibição *Maior suscctibilidadc ao aborrecimento
*Maiór gasto semanal na compra dc álcool, tabaco c maconha *Maior empatia e compreensão dos sentimentos dos outros
'Maior presença de condutas desviadas das normas de
comportamento social típicas da idade
V A R IÁ V K l S IA M I L IA R ES
'Consumo habitual de álcool e maconha por parte dos irmãos *Existência de normas explícitas para ir para cama em uma hora fixa da noite
*Conllitos freqüentes entre o adolescente e sua mãe *Uoa relação entre o adolescente e seu pai
*Sentir-se muito próximo e vinculado à mãe
V A R IÁ V E IS RELACIONADAS COM O GRUPO I)E AMIGOS
BOOKS
*Sair freqüentemente com os amigos a bares c danceterias, *Sair freqüentemente com amigos ao cinema, ao teatro (ao invés de ir a bares)
concertos e/ou rua ou ao parque
* l er amigos consumidores de álcool
* l er amigos consumidores de tabaco
*Ter amigos consumidores de cocaína
*Ter amigos consumidores de drogas sintéticas
*Sentir-sc muito integrado no grupo de amigos (maior
vincularão)
V A R IA VKIS ESCOLARES
* altar freqüentemente às aulas sem motivo justificado *Valorizar positivamente o nível de orientação recebido no centro escolar
especialmente na área física
*VaIorizar positivamente o nível de orientação recebido no centro escolar
especialmente na área artística
*Ter una boa consideração de si mesmo como estudante
INDEX
(a) maior tendência à desinibição (buscam o poder apresentar-
v ante os demais de uma forma desinibida e aberta), a apresentar
1oinportam cntos desviantes das normas sociais e ter uma
quantidade de dinheiro maior para gastar com álcool, tabaco ou
maconha;
(l>) ter irmãos consumidores de maconha e álcool e conflitos
BOOKS
freqüentes com sua mãe;
(c) rodear-se de amigos consumidores de álcool, tabaco, cocaína
e drogas sintéticas, sair freqüentemente com eles para bares ou
ilanceterias, shows ou simplesmente estar na rua e manter uma
estreita relação com estes;
(d) faltar freqüentem ente à aula sem motivo justificado e,
finalmente;
(c) ser capaz de chegar a agredir outras pessoas para defender
GROUPS
um amigo que tenha provocado uma briga ou em defesa própria;
<lcdicar-se a destruir propriedade urbana na rua, em parques, na
escola ou em casa e deixar-se levar pelo impulso.
Ao contrário, os adolescentes que fariam um uso menor
<leste tipo de substâncias são aqueles que:
a) caraterizam-se por tolerar melhor o aborrecimento e ter
cmpatia e compreender os sentimentos dos demais;
(b) estabelecem laços afetivos positivos com seus pais e mantêm
uma hora fixa para dormir devido a norma familiar expressa;
INDEX
ser distinto, dependendo da natureza dos mesmos (Tabela 2).
Neste sentido, o que consegue explicar uma maior proporção
dos dados obtidos é o grupo de variáveis relacionadas com o
grupo de pares, seguido do formado por aquelas referidas ao
ambiente familiar e escolar. Aqui é necessário destacar que,
diferentemente do que ocorria para o consumo de drogas legais,
o uso de substâncias de comércio ilegal parece estar explicado,
em maior medida pela presença de determinadas variáveis
BOOKS
relacionadas com o ambiente familiar e de amigos, enquanto
que, no uso de álcool e tabaco, são as variáveis de tipo psicológico
as mais determinantes à hora de assinalar indicadores-chave de
risco ou de proteção frente ao mesmo.
GROUPS
Tabela 2. Resumo dos fatores de risco e de proteção para o consumo de drogas ilegais
A nálise
!• A T O R E S 1)1. K ISC O 1 A T O R E S l)E PR O T E Ç Ã O
dos fatores
V A R 1A v i ; 1S l\S 1C O L o <; 1C AS
•M anter relações sexu ais freqüentes ‘ M aior em pulia e com preensão dos senlim ciitos dos outros
•M aior presença dc con dutas desviad as das norm as dc com portam ento
social típicas da idade
INDEX
•M aior gasto sem anal na com pra dc cigarros
de risco
V A R IÁ V E IS KAM IL IA R E S
•T er irm ãos con sum idores dc drogas sintéticas
•T er irm ãos con sum idores de cocaina
e de proteção
•C on sum o habitual de álcool por parte do pai
V A R 1Á V K IS R E L A C IO N A D A S C O M O GUUIM ) D E A M IC O S
*Tcr am igos con sum idores de derivados m orlinicos •S air freqüentem ente com am igos para praticar algum tipo de esporte
•T er am igos con sum idores de anfelam in as
•T er am igos con sum idores de heroína
•T er am igos con sum idores dc cslim iilanies
parâo
•'Per am igos con sum idores dc cocaillii
*'I‘cr am igos con sum idores dc álcool
*Aceitar íazer coisas proibidas paia nao se dilcien ciar do reslo do grupo
•S cnlir-se m uito satisfeito com :i relação que mantém com o grupo de
BOOKS
am igos
V A R IÁ V E IS E S C O L A R E S
•Ealtar freqüentem ente ã aula sem m olivo justificado •V alorizar positivam ente o nível dc educação recebido no centro
escolar especialm ente tia área intelectual
•V alorizai positivam ente o nível de educação recebido no centro
escolar especialm ente na áica física
•Ter oh iido notas nas séries anteriores
V A R IÁ V E IS R E L A C IO N A D A S CO M A S C O N D U T A S V IO L E N T AS D O S A DO L ESC EN T ES
•T er am igos violem os que procuram con ven cê-lo ;i realizar aios agressivos
•E xercer abuso ou violência sexual conira algum a pessoa
esircssan les
*D estruir m ob iliáiio urbano em dm iecic rias ou bares, na rua ou parques c/ou
no c en lio escolar
C\ *l:azcr coisas proibidas para não se diferenciar do grupo
•T er am igos violentos
GROUPS
28/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 28/8/2015
INDEX
maior de substâncias de comércio ilegal como os alucinógenos, a
cocaína, a heroína, as drogas sintéticas, as anfetaminas e os
inalantes, caracterizam-se por:
(a) manter relações sexuais desde uma idade precoce e realizar
um maior número de comportamentos anti-sociais;
(b) ter irmãos consumidores de drogas sintéticas ou cocaína e
pai que beba álcool freqüentemente;
(c)ter amigos próximos que consumam derivados morfínicos,
BOOKS
anfetaminas, heroína, estimulantes, cocaína ou álcool e, além
disto, estar muito satisfeito com o relacionamento estabelecido
com o grupo;
(d) faltar freqüentemente à aula sem motivo que o justifique;
(e) ter amigos violentos que tentam convencê-lo a realizar atos
agressivos ou violentos, abusar ou exercer violência sexual;
responder violentamente diante de situações tensas ou estressantes;
destruir propriedades na rua, em shows, danceterias ou na escola.
GROUPS
Ao contrário, os que se envolvem em menor medida no
consumo dessas drogas seriam aqueles adolescentes que:
(a) têm empatia e compreendem os sentimentos dos demais;
(b) saem com seus amigos para praticar qualquer esporte;
(c) valorizam positivamente o preparo que recebem na escola,
especialmente na área física e intelectual e tenham recebido boas
notas/conceitos nas séries anteriores.
VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS
* Maiores pontuações em depressão •Maior satisfação com a ocupação do tempo livre >» orn
*Manter relações sexuais cm idade precoce .17
INDEX
i
? CO
VARIÁVEIS FAMILIARES
C7
•Consumo habitual de drogas sintéticas por parte dos irmãos ; rn"□
t
I
•Ter amigos consumidores de derivados morfínieos *Sair freqüentemente com os amigos ao parque ou à rua
*Ter amigos consumidores de antetaminas (ao invés de ir a bares, pubs)
:sTer amigos consumidores de tranqüilizantes
BOOKS
VARIÁVEIS ESCOLARES
•Faltar freqüentemente a aula sem motivo justificado
VARIÁVEIS RELACIONADAS COM AS CONDUTAS VIOLENTAS DOS ADOLESCENTES
•Exercer violência para descarregar-se frente a situações
tensas ou estressantes
ï>
IP
•Ter amigos violentos que procuram convencê-lo a realizar ? <rt
5 iT t
atos agressivos
•Deixar-se levar por impulsos ou intuições
CA
•Destruir mobiliário de ruas, parques ou jardins
GROUPS
28/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 28/8/2015
INDEX
significativas, não chegam a ser tão relevantes para a explicação
do uso de drogasO médicas como o eram no caso das drogas O legais
O
ou ilegais.
Isso ocorre muito possivelmente porque a amostra de
sujeitos que consomem este tipo de substâncias é menor em
relação àqueles que bebem ou fumam e, talvez, porque seja
necessário incluir outro tipos de variáveis mais específicas que se
ajustem mais à população que faz uso habitual de medicamentos
e derivados. Em todo caso, as que mostram um maior valor
BOOKS
explicativo para o consumo deste tipo de substâncias são: obter
maiores pontuações em depressão, ter irmãos consumidores de
drogas sintéticas, ter amigos consum idores freqüentes de
derivados morfínicos, responder violentam ente diante de
situações tensas e, novamente, faltar com freqüência à aula sem
motivo justificado.
Ao analisar-se a direção em que as referidas variáveis
prognosticam o consumo, é possível assinalar que os jovens que têm
GROUPS
uma maior probabilidade de envolver-se no uso de drogas médicas
e realizar um maior consumo das mesmas são aqueles que:
(a) apresentam altas pontuações cm escalas de avaliação da
depressão e mantêm relações sexuais em idade precoce;
(b) encontram-se em uma situação familiar caracterizada por
conflitos freqüentes entre eles e seu pai; consum o de
tranqüilizantes por parte da mãe e de drogas sintéticas por parte
dos irmãos;
INDEX
,n) invés de ir a danceterias ou bares.
< onsiderações finais
Finalmente, é necessário comentar algumas das implicações
«las conclusões assinaladas. Ao se considerar cada um dos grupos
«lê substâncias que os adolescentes afirmam consumir de forma
conjunta (drogas legais, ilegais e médicas) como o reflexo de
BOOKS
distintas etapas no envolvimento do processo aditivo (a maior
p.ute deles consomem álcool e tabaco, uma porcentagem mais
leduzida consome drogas ilegais e, por último, um grupo mais
pequeno utiliza fármacos ou derivados de forma habitual) (Elzo
rt <tL, 1992; Luengo et al., 1992), deve-se ter em conta as variáveis
que têm demonstrado ter um valor prognóstico importante e
dilerenciador para cada um a delas, ajustando o mais
GROUPS
detalhadamente possível cada uma das intervenções preventivas.
Neste sentido, segundo se trate de um ou outro tipo de
droga, os fatores que explicam o maior ou menor envolvimento
cm seu consumo têm uma valor diferente, segundo cada caso.
Assim, ao se observar os padrões de risco e proteção
extraídos para cada uma das drogas de consumo, é possível
observar, por exemplo, como os fatores psicológicos ocupam o
primeiro lugar, quanto a seu valor explicativo, no caso das drogas
legais. Nas ilegais, a influência do grupo de pares tem o peso
BOOKS
caráter psicológico que expõem o adolescente a uma situação de
maior risco e ao mesmo tempo, se potencializar aquelas outras
que o “protegem” frente ao início do consumo. Além disso deve-
se buscar o adequado envolvimento dos pais na prevenção do
uso de drogas não somente quando este já existe e é problemático,
mas quando aparecem os prim eiros sinais de seu
desenvolvimento. Neste sentido, poderia ser útil envolver as
famílias tanto através das escolas (por exemplo, através da
GROUPS
associação de pais em conjunto com a direção da escola) como
através dos centros de saúde, para que conheçam detalhadamente
os resultados destes estudos e dos fatores que demonstram ser
mais prejudiciais e também mais benéficos relacionados ao
ambiente familiar, juntamente com a forma em que se podem
solucionar os primeiros, no caso de que se dêem ou comecem a
dar-se e promover os segundos para proteger a seus filhos de
forma mais adequada.
Além disto tudo, é necessário dirigir parte dos programas
INDEX
comportamento adequado, neste sentido complementando os
ranhos obtidos na escola.
Por outro lado, a importância constatada de variáveis
iomo o tipo de atividades que realiza o grupo de amigos assinala
a necessidade de unir esforços (desde a família, a escola, as
instituições oficiais) para incitar os adolescentes desde muito
pequenos a considerar alternativas saudáveis de lazer e tempo
livre que satisfaçam suas necessidades pessoais (busca de situações
BOOKS
uovas, curiosidade) e que consigam, em alguma medida, criar
outras fontes distintas de gratificação que se somem ao que hoje
em dia é praticamente a única via de desfrute juvenil existente:
os bares e as danceterias e que, como se tem comprovado, está
associada fortemente a um maior envolvimento dos mais jovens
no consumo de todo tipo de substâncias psicoativas (ÍVÍunoz-
Rivas, Grana e Cruzado, 2000).
GROUPS
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INDEX
BOOKS
GROUPS
Sexualidade na infância:
quando e como intervir
INDEX
inicgral e saudável da criança, considerando este desenvolvimento
em todos os seus aspectos: fisiológico, m otor, cognitivo,
rmocional e social. Para tanto, iremos primeiramente abordar
pontos genéricos da sexualidade humana e animal, introduzir
»juestões relativas à orientação preventiva de pais nessa área e,
«in seguida, considerar os pontos centrais da presente exposição:
quando e como intervir na sexualidade infantil. A consideração
BOOKS
•lesses pontos será feita através da apresentação de dois estudos
de caso nos quais foi definido um procedimento para atuação
nsh ológica.
() caráter distintivo da sexualidade humana
O comportamento sexual do homem é distinto do dos
animais por uma característica particular e fundamental: no
GROUPS
unimal a sexualidade é essencialmente determinada de forma
filogenécica, o que não acontece com os homens. Isso quer dizer
que um animal, mesmo que não tenha sido criado por um ou
ambos de seus progenitores, saberá no futuro como se comportar
sexualmente. Assim, por exemplo, um macho saberá como
lui tejar a fêmea e esta saberá como reagir ao cortejo, mesmo que
não tenham observado outros membros da sua espécie emitindo
rv.es comportamentos, lo d o animal saberá o que é para ser feito
sexualmente e como deve ser feito, sem ter antes vivido experiência
INDEX
desempenho, muito provavelmente, será canhestro, deficiente,
mas tendendo a melhorar com a prática e/ou se receber orientação
de alguém sobre como agir.
A curiosidade e os padrões saudáveis de sexualidade
Os muitos tabus que ainda persistem nas sociedades
ocidentais a respeito da sexualidade confundem os pais e os
BOOKS
deixam em dúvida sobre como reagir frente à manifestação de
sexualidade em seus filhos. Muitas vezes, em função dessa dúvida,
os pais reagem ao comportamento sexual e natural das crianças
de um a form a inadequada que não irá favorecer o seu
desenvolvimento integral. Há, inclusive, na literatura, exemplos
de estudos de caso clínicos demonstrando esse ponto (vide, por
exemplo, Marinho, 2000).
A forma dos pais reagirem às manifestações de seu filho
GROUPS
ainda bebê, sejam elas sexuais ou não, determina, em grande
medida, a maneira como esse bebê virá a manifestar-se durante a
vida, inclusive sexualmente. Assim, é fundamental que os pais
saibam que é, principalmente, a curiosidade associada à motivação
e às interações ambientais que definirão a qualidade da expressão
da sexualidade.
Nesse sentido, o comportamento sexual do adolescente
depende do que ele aprendeu nessa área quando era criança,
assim como o comportamento sexual da criança dependerá do
INDEX
pultura, como forma natural de expressão da sexualidade infantil,
■bendo aos pais ou cuidadores reagirem a ela de forma natural e
não se surpreenderem com sua ocorrência (Lidster e Horsburg, 1994;
1 iiulblast, Gustafsson, Larson e Bjorn, 1995).
<) papel dos pais na sexualidade infantil e as implicações para a
adolescência e vida adulta
BOOKS
E m bora a discussão que se segue se volte
predominantemente para os pais, seu conteúdo é inteiramente
aplicável ao cuidador; em decorrência, sempre que mencionarmos
os pais deve ser entendido também os cuidadores.
A partir de sua curiosidade, as crianças irão também
solicitar seus pais, formulando-lhes questões que devem ser
jçspondidas da forma mais natural possível. Existem vários livros,
como os de Suplicy (1990) e Ribeiro (1988) que orientam os
GROUPS
pais quanto à melhor forma de reação diante das perguntas mais
primárias de seus filhos. Em geral, esses livros são escritos em
linguagem simples de modo a poderem ser lidos para as crianças,
tuso os pais o deseje.
Um outro bom modo de responder às questões infantis é
os pais fazerem com que alguns de seus próprios comportamentos
sejam tom ados como m odelos. Pais que não se sintam
constrangidos com a nudez, por exemplo, podem optar por tomar
banho na presença de seus filhos. Isto não quer dizer que todos
INDEX
com um nível erótico antes insuspeito.
Se no passado, reproduzir cenas de relações sexuais íntimas
entre adultos era domínio quase que exclusivo da fantasia infantil,
sem correspondência necessária com o mundo real e concreto,
hoje não o é mais. As crianças, desde tenra idade, são diariamente
bombardeadas seja com cenas de novelas onde tais relações estão
cada vez mais explícitas e o erotismo é cada vez mais acentuado,
seja com danças e atitudes altamente eróticas, seja com programas
BOOKS
em que o sexo ou a sexualidade são apresentados de forma
desrespeitosa.
Fruto da presença ostensiva da TV em nosso dia-a-dia, a
criança pode ter tanto a sua curiosidade quanto o seu desejo de
“fazer igual” estimulados de forma precoce e indevida. Cabe então
aos pais não só fazer cumprir os princípios da naturalidade e o
da informação no terreno sexual, mas também estarem sempre
atentos ao conteúdo sexual e/ou sexista que a criança vem tendo
GROUPS
acesso via TV, jogos e revistas. Cabe-lhes, nesse domínio, o papel
de formador da criança, o que implica não só a aceitação do
comportamento sexual como natural e esperado em todas as fases
da infância, mas também o fornecimento de informações corretas
sobre o tema, aliado a um acompanhamento cuidadoso e ao
estabelecimento de regras com relação ao horário e à programação
da TV considerados adequados.
Por outro lado, fruto também das muitas mudanças de
costumes no mundo atual, no qual o fenômeno do abuso sexual
INDEX
pmi.ilmente íntegro e respeitador, terá mais chances de, na
juventude, expressar sua sexualidade de forma equilibrada e
saudável.
Durante a adolescência as conhecidas alterações hormonais
naturais do desenvolvim ento vêm acom panhadas de um
fcftttuado aumento tanto na curiosidade quanto no interesse
|fMiial. Embora o comportamento sexual varie em função da idade
$ ila cultura, a afirmativa anterior permanece válida: a criança
BOOKS
qiir foi bem informada na área da sexualidade terá melhores
condições de se tornar um jovem expressivo sexualmente. Claro
ist4, entretanto, que a forma dos pais reagirem a um determinado
comportamento de cunho sexual não será a mesma em uma
ttiltura diferente, assim com o a própria manifestação da
pfxualidade será também diferente em culturas distintas.
As afirmações precedentes são derivadas tanto do trabalho
plínico com disfunções sexuais, quanto da observação do
GROUPS
•1« senvolvimento do com portam ento sexual hum ano e do
levantamento de dados epidemiológicos. Existem estudos de
opinião que mostram como esse processo natural e normal pode
sn alvo de distorções prejudiciais e desvios desnecessários e o
quanto os formadores de opinião têm se omitido no seu papel
de divulgadores de conhecimento (Muscari, 1999).
De acordo com o Centro de Controle de Doenças e
Prevenção (C D C , 1996), um a instituição am ericana de
lespeitabilidade reconhecida, alguns poucos comportamentos são
INDEX
mostram um ponto comum: é grande o número de jovens que
iniciam suas atividades sexuais em tenra idade. A importância desses
dados não é diminuída quando se acresce a eles um outro: o índice
de jovens que iniciam cedo sua vida sexual é menor em zonas rurais
do que em urbanas (Robinson et ai, 1998).
Existem estudos também que põem em evidência o quanto
vários outros fatores associados à sexualidade na adolescência vêm
se manifestando da mesma maneira negativa, em diferentes países.
BOOKS
O Brasil, por exemplo, é um dos países da América Latina onde a
incidência de doenças venéreas é muito alta, indicando que o número
de jovens que praticam o sexo seguro é muito baixo. Os índices de
incidência de AIDS entre jovens brasileiros também têm crescido
em função de diferentes fatores, entre eles a falta de informação.
Estudos têm mostrado que conflitos interpessoais nessa área podem,
inclusive, levar à tentativa de suicídio por parte de adolescentes
incompreendidos (Swartz, Markowitz e Sevvell, 1998; Tsoneva-
GROUPS
Pencheva, lolova-Itrdanov, M ilenkov e Vulkov, 1998).
Felizmente, entretanto, em diferentes países o índice de doenças
venéreas tem diminuído entre os jovens em função de programas
educacionais de informação (Low e Fitzgerald, 1998).
Do exposto, podemos concluir que os pais e cuidadores
da criança exercem importante papel na prevenção de distúrbios
sexuais e de problemas de saúde relativos ao sexo em virtude de
dois pontos que são essenciais:
INDEX
A questão da prevenção do distúrbio tem cada vez mais
Pficnt.ido nossa ação enquanto clínicos. Duas perguntas, relativas
h intervenção no curso normal de desenvolvim ento do
ffim portam ento sexual infantil, de natureza remediativa,
ntrrranto, têm merecido nossa atenção no curso da experiência
tliiiK na área. E nossa intenção discutí-las, no momento a saber:
■
.1
BOOKS
Pretendemos agora, portanto, abordar essas questões
tomando como ponto de partida a descrição de procedimentos
jnrrrventivos objetivos e claros, levados a cabo em dois estudos
cif ( aso infantis semelhantes, bem como pela apresentação dos
seus resultados.
O comportamento sexual infantil, manifesto em ambos
oi lasos, possivelmente, foi derivado tanto das conseqüências
GROUPS
naturais e prazerosas quanto fruto da curiosidade infantil inicial
sobre a auto-estimulação erógena. Ambos os casos implicaram
Í«,oes sobre o curso natural do desenvolvimento da sexualidade
inlantil e por envolverem padrões de comportamento sexual cuja
manifestação pública é considerada im própria em nossa
soi iedade, levaram a uma intervenção clínica comportamental,
breve, mas eficiente.
BOOKS da intervenção.
Quanto aos resultados obtidos, observou-se mudanças
acentuadas e súbitas no comportamento alvo da intervenção nos
dois casos espaçados no tempo. Todas essas características parecem
contribuir para validar as inferências que possam ser extraídas
dos dois casos. Ou seja, a metodologia neles empregada confere
um caráter de maior confiabilidade à relação de causalidade que
GROUPS
se pode estabelecer entre a intervenção e os resultados
subseqüentes, provavelmente por afastar as principais ameaças à
validade interna: história, m aturação, efeito do teste,
instrumentação e regressão linear (Kazdin, 1982).
Vale ressaltar que embora a estratégia clínica descrita a
seguir tenha sido a mesma para as duas crianças, elas eram na
época da intervenção alunas de professoras diferentes.
INDEX
um registro do com portam ento m asturbatório de forma
§«nnmiada: a professora passou a registrar sua ocorrência
ilí iii.imente por mais de duas semanas. O protocolo de registro
intiMiuído pela professora, com orientação da coordenação da
Btnl.i, incluía, além da incidência do comportamento, alguns
#sjn-i tos ambientais relevantes como: local e horário em que o
ffiftiportamento se manifestava, seu tempo de duração, tipo de
gtivitl.icic desenvolvida pela maioria dos colegas presentes e reação
BOOKS
dos colegas e da professora.
Nos dois casos estudados, a topografia da resposta
Èitimulatória genital se manifestou de forma semelhante: não
ffMm iIizadas as mãos para a auto-estimulação, mas sim objetos
111
BOOKS tal manifestação, ou seja, por não haver sido explicitada às crianças
a natureza privativa desse tipo de comportamento (assim definida
por nossa cultura). Esses pontos é que levaram ao procedimento
de intervenção, descrito a seguir.
Os procedimentos de intervenção e os resultados
A professora de cada uma das crianças foi instruída a
GROUPS
chamar a criança e a conversar particularmente com ela a respeito
do que havia sido observado sobre seu padrão de estimulação e
sobre o caráter natural e a natureza privativa desse
comportamento. Em outras palavras, seguindo orientação da
psicóloga, a professora conversou com a criança, em linguagem
acessível, comparando o comportamento estimulatório dela a
outros comportamentos que eram feitos de forma natural pelas
próprias crianças, como urinar e defecar.
INDEX
11
BOOKS
[ fplísiderado o local apropriado para fazê-lo. Além disso, foi
I fpnthinado, também, que toda vez que a criança se esquecesse
íIii lom binado e começasse a se auto-estimular em classe, a
^hifrssora sinalizaria, lembrando-lhe do local adequado para o
t tomportamento (perguntando-lhe se queria ir ao banheiro). Em
iuiilmm dos dois casos, a criança escolheu deixar de fazer o que
iodos estavam fazendo para ir ao banheiro se auto-estimular.
Kjnnlniine esperado, poucas foram as vezes em que a professora
B |v e que sinalizar à criança, lembrando-a de ir ao banheiro.
GROUPS
Por meio desse procedimento simples e pouco invasivo, as
dlitts <lianças deixaram de promover a auto-estimulação em público
IIP pouco tempo. E importante assinalar que também não houve
fjumrnto de idas ao banheiro com o objetivo de se auto-estimular.
hso (’■compreensível, pois uma vez que as atividades propostas em
ülasse pela professora eram sempre divertidas e estimulantes, nas
j.Miii as vezes em que a criança começava a se masturbar e a professora
j'Mpuntava a ela se queria ir ao banheiro, invariavelmente, a criança
|!h'friia parar de se auto-estimular.
INDEX Conclusões
Os principais pontos, levantados na primeira parte deste
trabalho, definiram os rum os da intervenção e parecem se
constituir em linhas mestras para o psicólogo clínico infantil.
O u seja, qualquer intervenção clínica a ser implantada com
crianças deve primeiramente passar pelo crivo da necessidade da
BOOKS
ação clínica. Três aspectos principais, em geral relativos ao
funcionamento social infantil integral da criança, norteiam esse
crivo, a saber: a) a freqüência; b) a intensidade (demasiada ou
deficitária) ou c) a impropriedade do comportamento.
Nos dois casos relatados, foi o último aspecto que se
constituiu no fator determinante da intervenção. Mas foi sua
natureza não invasiva e discreta, voltada principalmente ao
fornecimento de informação à criança pelo seu próprio cuidador,
orientado pelo psicólogo, o que mais caracterizou o procedimento
GROUPS
de intervenção. Tal como preconizado anteriormente, a auto
estimulação genital foi considerada uma resposta natural e esse
caráter foi apontado à criança pela professora durante a
intervenção. A expressividade desta resposta tam bém foi
resguardada e não inibida pela estratégia clínica utilizada.
A análise desses casos, entretanto, fez levantar um ponto a
mais e que deve finalizar esta reflexão sobre o quando intervir na
sexualidade, mas que se estende para além dessa área. Uma vez
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Parte
INDEX 2
BOOKS
Aplicação da Psicologia Clínica
com Adultos
GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
Vicento €. Caballo
INDEX
teiquisas em torno do tema da fobia social e o enfoque cognitivo-
fUftiportamental ocupa uma posição de privilégio em seu estudo,
fruindo tratamentos que se têm mostrado eficazes para intervir
§iiÍxr este problema de especial relevância hoje em dia (por
!*t mplo, Caballo e Mateos, 2000; Heimberg, Leibowitz, Hope
i( Sihiieier, 1995; Méndez, Sánchez-Meca e Moreno-Gil, 2001).
i !iiI><>ra ainda estejamos longe de conseguir um tratamento
definitivo desde a perspectiva cognitivo-comportamental, já se
BOOKS
Rfilllam algumas das técnicas básicas que muito provavelmente
deveremos considerar à hora de modificar o comportamento
deiad.iptativo do sujeito com fobia social.
No presente capítulo, exporemos primeiramente alguns
gumeiios básicos sobre a fobia social, em seguida abordaremos
mi procedimentos de tratam ento psicológico habitualmente
t i f ih/.tdos para este transtorno e, finalmente, apresentaremos um
GROUPS
(uofMama cog nitiv o-com po rtam en tal estruturado para o
tfat.imento da fobia social.
I ai.Kterísticas clínicas da fobia social
A fobia social é definida no DSM-IV-TR (APA, 2000)
fiinn) “um temor acusado e persistente a uma ou mais situações
§oi ui is ou de atuação em público nas que o sujeito se vê exposto
a pessoas conhecidas ou ao possível escrutínio por parte dos
INDEX
Os sujeitos com fobia social tentarão evitar estas situações,
mas cm algumas ocasiões não terão outra alternativa que suportá-
jás, embora com intensa ansiedade. Devemos diferenciar, no
iiii.mto, dois tipos de fobia social: a fobia social circunscrita ou
iIim reta, onde o sujeito teme uma, duas ou poucas situações
*m iais e a fobia social generalizada, em que o indivíduo teme a
Huioria das situações sociais. Este último tipo de fobia social é
muito mais deletério, costuma ter uma longa história antes que
BOOKS
0 sujeito busque tratamento (quando o faz) e afeta de forma
Importante muitas das facetas da vida diária do paciente. Além
iiisto, se sobrepõe notavelmente ao diagnóstico do Transtorno
>l.i Personalidade por Evitação (TPE), a tal ponto que há autores
» c acreditam que am bas entidades, T PE e fobia social
111
INDEX
diariamente, aprendendo por contato direto, por observação ou
através da informação que lhe chega. Essa interação entre o
repertório comportamental/cognitivo do sujeito e as interações
sociais vai definindo um repertório adequado ou inadequado.
No primeiro caso, as situações sociais não serão vistas como
perigosas e o sujeito pensará que possui as habilidades suficientes
para enfrentar as situações que vai encontrando, o que, por sua
vez, fortalecerá e melhorará seu repertório. No segundo caso, o
BOOKS
repertório inadequado fará com que as situações sociais sejam
vistas como perigosas e que se pense que não se é capaz de
enfrentá-las eficazmente, produzindo problemas de interação que,
por sua vez, mantêm ou deterioram ainda mais esse repertório
inadequado.
Na Figura 1 pode-se encontrar uma representação gráfica
do modelo que acabamos de apresentar para a aquisição da
ansiedade/fobia social.
GROUPS
tU
INDEXansiedade.
A exposição pode ser simulada, in vivo ou através da
im aginação e parece ser um com ponente essencial desta
orientação teórica para o tratamento. Muitas vezes esta técnica é
acompanhada, em maior ou menor medida, de treinamento em
habilidades sociais (veja Caballo, 1993; Del Prette e Del prette,
1999), especialmente no que se refere a aspectos como a comunicação
BOOKS
não verbal e a percepção social (sobretudo para sujeitos com fobia
social generalizada). A reestruturação cognitiva, especialmente na
forma de terapia racional-emotivo-conductual, terapia cognitiva de
Beck ou treinamento em auto-instruções, está dirigida, muitas vezes,
à redução do medo da avaliação negativa e parece constituir,
também, um elemento padrão no tratamento da fobia social.
Entre as técnicas para o controle da ansiedade encontram-se
fundamentalmente o relaxamento e a distração.
GROUPS
Um programa cognitivo-comportamental para o tratamento da
fobia social
Descrevemos a seguir um programa estruturado para o
tratamento da fobia social generalizada. Parte deste programa
pode ser utilizado para o tratamento da fobia circunscrita,
dependendo do tipo de situação temida. O formato deste
programa é grupai com 6 a 8 pessoas e, se possível, com a
INDEX
que devem e não devem esperar dela, a importância da motivação
para aplicar na vida real o aprendido nas sessões e o autocontrole
de seu próprio comportamento ao final da terapia.
Muitos sujeitos com fobia social esperam que o tratamento
lhes proporcione regras claras sobre a forma como deveriam
i <>mportar-se em situações sociais. Embora o tratamento lhes
possa dar algumas diretrizes, especialmente no treinamento em
BOOKS
habilidades sociais, deve-se ressaltar desde o princípio que é difícil
obter regras claras, especialmente porque as situações sociais são,
muitas vezes, pouco previsíveis e porque as pessoas podem ter
opiniões diferentes sobre que reações são mais adequadas.
Ao invés de tentar descobrir regras, os pacientes poderiam
procurar aprender a aceitar e manejar sua incerteza, prestando
atenção à forma que se comportam com os demais, aos estímulos
am bientais relevantes, solicitando inform ação quando a
GROUPS
necessitem ou aprend end o a considerar o relativo das
ionseqüências (Scholing, Emmelkamp e Van Oppen, 1996).
O programa de tratamento inclui, basicamente, técnicas
de educação, relaxamento, reestruturação cognitiva, exposição e
treinamento em habilidades sociais e será exposto a seguir, sessão
a sessão (veja Caballo et al., 1997).
INDEX
outros, mas pensamos que a distribuição realizada desta maneira
ajuda a compreender o programa e colocá-lo em prática. Dentro
de cada módulo podemos distinguir também uma série de passos
que ajudam a estruturação e o planejamento de cada uma das
sessões. Os diferentes m ódulos vão sendo incluídos
seqüencialm ente ao longo do program a de intervenção,
dependendo da avaliação do terapeuta.
BOOKS
/ - Módulo de avaliação
As prim eiras sessões são dedicadas à avaliação dos
problemas do paciente, especialmente suas relações interpessoais
e outros aspectos que possam estar influenciando sua vida social.
A análise funcional do comportamento do sujeito é fundamental
para conhecer o que está mantendo o problema. Tal análise pode
ser auxiliada por distintas avaliações dirigidas a obter a informação
mais precisa que se possa sobre o com portam ento real do
GROUPS
paciente. A entrevista é uma maneira fundamental de obter tal
informação, podendo ser complementada com questionários,
auto-registros, situações simuladas, etc. Em Caballo et al. (1997)
podem ser obtidas referências de alguns destes instrumentos de
avaliação, tais como a Entrevista Estruturada para os Transtornos
de Ansiedade (Anxiety Disorders Interview Schedule, AD IS, DiNardo
et al., 1985), a Entrevista Dirigida para Habilidades Sociais
(Caballo, 1993) ou o Inventário de Ansiedade e Fobia Social
(Social Phobia and Anxiety Inventory, SPAI; Turner et al., 1989).
// Módulo educativo
Este módulo está destinado à descrição dos problemas que
os pacientes apresentam, dando-lhes informação adequada sobre
a jusiedade/fobia social, sua possível aquisição e manutenção,
#ti is funções e os possíveis métodos de intervenção. Logicamente,
o m .ipeuta deve centrar-se no enfoque cognitivo-comportamental
fiti tomo se trabalha neste tipo de orientação na importância
«tas tarefas para casa como parte essencial da participação dos
IMi u ntes em uma forma de terapia ativa, de colaboração contínua
imite terapeuta e pacientes e com o objetivo final de um maior
autocontrole por parte destes sobre seu comportamento e, em
INDEX
ilflmitivo, sobre suas vidas. São explicados os objetivos que se
|«»ri<-ndem alcançar com o tratamento, apresentadas a freqüência
i(i‘. sessões e a duração aproximada do programa e sanadas
ijii.iisquer dúvidas que os membros possam ter sobre estas
qiirsiões.
Neste m ódulo tam bém se inclui a apresentação do
frupeuta para os membros do grupo e destes para o restante de
trus companheiros. Igualmente, são apresentadas algumas regras
BOOKS
básicas para o funcionamento do grupo, como a confidencialidade
ilii que se trate no grupo, a freqüência ao mesmo, a pontualidade
\ participação ativa. Finalmente, são avaliados a motivação e as
gupretativas dos membros do grupo com respeito ao programa
*!■ intervenção.
/// Módulo de controle da ansiedade
Este m ódulo está centrado em ensinar o paciente a
1
GROUPS
jfeé>i 1rolar sua ansiedade por meio do relaxamento. Esta é uma
forma de eliminar a tensão. Quando as pessoas se encontram
§o1 estresse durante muito tempo, raramente permitem que seus
1
INDEX
(SUDS, se utilizarmos as siglas etm inglês) da seguinte maneira
(Caballo et ai, 1997):
A escala SUD ( “Unidadles Subjetivas de Ansiedade”) se
emprega para comunicar o nrvel de ansiedade experimentado
de forma subjetiva. Ao empregar a escala, avaliará seu nível
de ansiedade de 0, completamente relaxado, até 100, muito
nervoso e tenso.
O 5 10 15 50 85 90 9 5 100
Comp leta mente Totalmente
relaxado !a nervoso!a
Você identificou os pontos extremos da Escala SUD.
Imagine a escala inteira (como uma régua) que vai desde “0 ”
SUD, completamente relaxado!a até “1 0 0 ” SUD, muito
nervoso/a.
Você tem a amplitude inteira da escala para avaliar seu
nível de ansiedade. Para praticar como usar-la, escreva qual
c sua pontuação SUD neste momento.
INDEX
Você pode utilizar a pontuação SU D para avaliar as
situações sociais em que se encontre na vida real. O método de
relaxamento que vai aprender servirá para dim inuir sua
pontuação na escala SUDS. A experiência de elevados níveis
de ansiedade é desagradável para a maioria das pessoas. Além
disto, a ansiedade pode inibi-lo para dizer o que quer e pode
interferir com a forma em que expressa a mensagem.
O grau em que seja capaz de reduzir sua pontuação SUD
BOOKS
em qualquer situação dependerá de uma série de fatores,
incluindo o nível de ansiedade que experimenta geralmente,
a pontuação SU D que tinha inicialmente, que tipo de
comportamento se requer e a pessoa a quem dirige o comentário.
Não pensamos que seu objetivo seja alcançar um 0 ou um 5
cm todas as situações. Seu objetivo será reduzir seu nível SUD
até um ponto em que se sinta suficientemente cômodo/a para
expressar-se.
GROUPS
Como tarefa para casa, entrega-se ao sujeito uma folha de
átitn registro na qual ele deve identificar e registrar uma breve
i|. M i ição das situações que ocorrem em sua vida e que lhe
iirudii/.em diferentes níveis de relaxamento e ansiedade.
INDEX
excessivas ou deficientes ante os estímulos e de padrões de
comportamento disfuncionais.
O que costumamos assinalar como sendo nossas reações
emocionais diante de determinadas situações estão causadas,
principalmente, por nossas suposições e avaliações conscientes
e/ou automáticas. Assim, sentimos ansiedade não frente à situação
objetiva, mas à interpretação que fazemos dessa situação.
O modelo ABC da terapia racional-emotivo-conductual
BOOKS
funciona da seguinte forma (Lega, 1991; Legan et al., 1997): o
ponto “A” ou acontecimento ativante (atividade ou situação
particulares) não produz diretamente e de forma automática a
“C ” ou conseqüências [que podem ser emocionais (Ce) e/ou
comportamentais (Cc)], já que, se não fosse assim, todas as pessoas
reagiriam de forma idêntica diante da mesma situação. A “C” é
produzida pela interpretação que se dá à “A”, ou seja, pelas crenças
(“Belieís”) (B) que geramos sobre tal situação. Se a “B” é funcional
GROUPS
(lógica e empírica), é considerada “racional” (rB). Se, ao contrário,
dificulta o funcionamento eficaz do indivíduo, é “irracional” (iB).
O método principal para substituir uma crença irracional
(iB) por uma racional (rB) denomina-se refutação ou debate (D)
e é, basicamente, uma adaptação do método científico à vida
cotidiana, método pelo qual se questionam hipóteses e teorias
para determinar sua validade.
A ciência não é somente o uso da lógica e de dados para
verificar ou rejeitar uma teoria. Seu aspecto mais crucial consiste na
INDEX
t o indivíduo avalia a si mesmo, aos demais e ao mundo em geral
tlr uma forma rígida. Tal avaliação se caracteriza por exigências
absolutistas do tipo “devo” e “tenho que” dogmáticos (em vez de
utilizar concepções de tipo probabilista ou preferencial), gera
• moções e comportamentos pouco funcionais que interferem na
obtenção e alcance de metas pessoais. Dessas exigências
absolutistas derivam três conclusões: 1. tremendismo (tendência
tlr ressaltar em excesso o negativo de um acontecimento); 2.
BOOKS
Ihtixa tolerância à frustração (tendência a exagerar o insuportável
dc uma situação) e 3. condenação (tendência a avaliar a si ou aos
demais como “totalmente maus”, comprometendo seu valor como
pessoas em decorrência de seu comportamento).
El 1is e Lega (1993) assinalam que aprender a pensar
i,u ionalmente consiste em aplicar as principais regras do método
ueiuífico à forma de ver a si mesmo, aos demais e à vida. Estas
tr);ras são:
GROUPS
(,i) é melhor aceitar como “realidade” o que sucede no mundo,
embora não nos agrade e tentemos mudá-lo;
(I>) na ciência, teorias e hipóteses se postulam de maneira lógica
e consistente, evitando contradições importantes (assim como
também “dados” falsos ou pouco realistas);
(< ) a ciência é flexível, não rígida. Não sustenta algo de forma
absoluta ou incondicional;
INDEX
Se o pensamento irracional ou disfuncional é habitual, é possível
que seja difícil abordá-lo. Não é fácil averiguar o que uma pessoa
está pensando em determinada situação. Uma razão disso é que
muitos dos pensamentos ocorrem de forma automática em
resposta a situações que as preocupam. No entanto, quanto mais
se pratica mais facilmente se detectarão esses pensamentos.
Uma forma de começar é utilizar as sensações de ansiedade,
medo ou mal-estar e trabalhar retrospectivamente. Ou seja, se a
BOOKS
pessoa se sente ansiosa, então deve haver algum pensamento
subjacente que causou a emoção. Em qualquer situação ou
interação cm que a pessoa se encontre incomodada ou ansiosa,
pode perguntar-se: a) como me sinto?; b) em que situações estive
envolvido ultimamente?; c) o que penso sobre mim?; d) o que
penso sobre a/s outra/s pessoa/s?; e) o que penso sobre a situação?
(Andrews et ai, 1994). Pode-se fazer também com que os sujeitos
fechem os olhos, recordem vividamente uma situação da vida
GROUPS
real que lhes produza ansiedade e se fixem na seqüência de
pensamentos, sentimentos e imagens que ocorreram antes,
durante e depois da imaginação. E importante que os pacientes
expressem estes aspectos e que o terapeuta os ajude a reconhecer
suas imagens e/ou cognições desadaptativas. O indivíduo deve
aprender a identificar as autoverbalizações: a) destinando meia
hora por dia para deter-se nesses pensamentos; b) registrando os
pensamentos negativos que acompanham a uma emoção negativa
INDEX
distorcidos, não encaixando com os fatos; c) pouco úteis,
m.mtendo o sujeito ansioso, fazendo difícil a m udança e
impedindo-o de conseguir o que deseja da vida e d) involuntários,
nu seja, o sujeito não escolhe tê-los e, além disto, pode ser muito
fillú il livrar-se deles.
Uma vez que tenham identificado os diálogos consigo
fiirsmos, deve-se determinar se são racionais ou irracionais. O
que uma pessoa diz a si mesma (por ex., autoverbalizações,
BOOKS
jm.igens, auto-avaliações, atribuições) antes, durante e depois
tl< um acontecimento constitui um determinante importante
do com portam ento que manifestará. Um a vez que saibam
diferenciar pensamentos racionais dos irracionais, questionam estes
Últimos. No questionamento, os pacientes enfrentam a suas filosofias
in.u ionais e lhes é solicitado que as examinem, parte por parte, para
que vejam se têm sentido e se são úteis. O questionamento é um
GROUPS
iiioiesso lógico e empírico no qual se ajuda o paciente a que se
detenha e pense. Seu objetivo básico é ajudar o indivíduo a adotar
tini.i nova filosofia refletida por expressões como “seria uma grande
tmit rariedade se não consigo, mas posso suportá-lo; simplesmente
posso falhar e isso não é tão terrível”. As estratégias empregadas para
ti questionam ento dos pensamentos irracionais podem ser
lojuútivas, comportamentais ou por meio da imaginação (Lega
al., 1997; Walen et al., 1992).
Neste módulo, se introduz também a apresentação dos
INDEX
passiva” o comportamento se expressa de maneira indireta, mas
So.igindo a outra pessoa, ou seja, tenta-se controlar o
çiuiiportamento da outra pessoa de uma maneira indireta ou
«ui 11 (por ex., um olhar ameaçador).
E introduzido o ensaio comportamental (role playing)
(omo parte do treinamento em habilidades sociais. No ensaio
iMimportamental o paciente representa cenas curtas que simulam
litnações da vida real. Solicita-se ao ator principal — o paciente —
BOOKS
que descreva brevemente a situação-problema real. As perguntas “o
que", “quem”, “como”, “quando” e “onde” são úteis para contextualizar
si i ena, assim como para determinar a maneira específica que o sujeito
quer atuar. A pergunta “por quê” deveria ser evitada. O ator ou
atores de outro papel ou papéis são chamados pelo nome das pessoas
significativas para o sujeito na vida real. Uma vez que se começa a
irpresentar a cena, é responsabilidade dos terapeutas assegurar-se
ijr que o ator principal represente o papel e que tente seguir os
GROUPS
passos comportamentais enquanto atua. Se ele “sai do papel” e
unneça a fazer comentários, explicando acontecimentos passados
ou outros assuntos, o terapeuta assinalará com firmeza para que
h iorne ao papel.
Um número apropriado de ensaios comportamentais para
um segmento ou para uma situação varia de três a dez. Salvo
quando a situação que se ensaie seja curta, deveria ser dividida
em partes a serem praticadas na ordem em que ocorrem.
BOOKS situação.
5. Identificação de um objetivo adequado para a resposta do
paciente. Avaliação por parte deste dos objetivos a curto e a longo
prazo (solução de problemas).
6. Sugestão de respostas alternativas pelos outros membros do
grupo e pelos treinadores/terapeutas, concentrando-se nos
aspectos moleculares da atuação.
7. Demonstração, para o paciente, de uma destas respostas pelos
GROUPS
membros do grupo ou pelos terapeutas (modelação).
8. Utilizando o relaxamento diferencial, o paciente pratica
encobertamente o comportamento que vai realizar como preparo
para a representação de papéis.
9. Representação, pelo paciente, da resposta eleita, tendo em
conta o comportamento modelo que acaba de presenciar e as
sugestões apontadas pelos membros do grupo/terapeutas em
relação ao comportamento modelado.
INDEX
Hin verbais de cada vez.
í 2 ( )s passos 8 a 11 são repetidos tantas vezes como seja
fcfirssário, até que o paciente (especialmente) e os terapeutas/
membros do grupo considerem que a resposta tenha chegado a
Um nível adequado para ser aplicada na vida real. Deve-se assinalar
tjiir a modelação do passo 11 não necessita ser repetida a cada
fcasiao em que se volte a representar a cena; o próprio paciente
(Mulr incorporar diretamente em sua nova representação as
BOOKS
sUgi'-tões que fizeram.
|3 A cena completa é repetida, uma vez que tenham sido
ifuorporadas, progressivamente, todas as melhorias.
M São dadas ao paciente as últimas instruções sobre como por
rm prática o com p ortam ento ensaiado na vida real, as
gniiseqüências positivas e/ou negativas com as quais pode se
li? parar e que o mais importante é que tente, não que tenha
fkito (tarefas para casa). Assinala-se também que na próxima
GROUPS
fissão serão analisadas tanto a forma com o conduziu tal
fnmportamento como os resultados obtidos.
V! Módulo de exposição
Utiliza-se este procedimento para conseguir que o sujeito
s? rxponha àquelas situações que teme, com a finalidade de que
a ansiedade e o m edo que lhe produzem desapareçam
paulatinamente. Explica-se que ao invés de fugir da situação
temida (o que não resolve as coisas) é mais útil expor-se a ela até
que a ansiedade diminua consideravelmente ou desapareça. Da
mesma forma, utiliza-se a exposição in vivo às situações temidas
como comprovação da realidade. O objetivo com as pessoas com
fobia social é superar a evitação e romper a associação entre a
ansiedade e situações sociais concretas. Isto se realiza de forma
gradual. Constrói-se uma hierarquia típica de situações sociais
temidas que o paciente evita ou as que enfrenta com grande
ansiedade e comportamentos inadequados.
Inicia-se por ensaiar estes comportamentos na clínica,
precedido por análise das expectativas negativas: pergunta-se ao
INDEX
ge neralize o aprendido na clínica para a vida real, é uma parte essencial
ilo tratamento cognitivo-comportamental para a fobia social. Este
módulo agrupa todas as tarefas para casa que possam ser úteis ao
longo de todo o programa de tratamento.
I /// - Planejamento de sessões de apoio e término do tratamento
Os sujeitos com fobia social, especialmente fobia social
generalizada, podem facilmente encontrar-se, uma vez terminado
BOOKS
o tratamento, diante de situações sociais que lhes seja difícil
enfrentar de forma adaptativa. O planejamento de sessões de
apoio depois do tratam ento constitui freqüentem ente um
procedimento de grande utilidade, especialmente para reforçar
o que o sujeito tenha estado praticando e m udando em
decorrência da intervenção e para ajudá-lo em novas (ou já
lonhecidas) situações sociais produtoras de medo ou ansiedade.
GROUPS
Sessões de apoio a um mês, aos três meses, aos seis meses,
jos nove meses e a um ano constituem uma forma de ajudar o
p.iciente a m anter os novos com portam entos adaptativos
miegrados em seu repertório.
( onsideraçÕes finais
A título de reflexão, podemos concluir este capítulo
indicando a importância de se dispor de programas de tratamento
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BOOKS
GROUPS
INDEX
vá tios métodos destinados à socialização de pessoas de diferentes
i’ ixas etárias que apresentam (ou não) problemas prévios de
4
BOOKS
tipos de práticas e procedimentos, inclusive os de caráter punitivo.
< ‘o n i efeito, a educação para a vida em sociedade, seja qual for o
significado que se queira dar à palavra educação, se constituiu,
historicamente, de preocupação constante de várias sociedades. E
Uso certamente é anterior à época da economia tribal (com base na
tio o i), projetando-se adiante, em especial nas cidades-estados como,
j<i ii exemplo, a florescente Atenas1, berço da filosofia grega, chegando
it<; os dias atuais.
GROUPS
' i mbora outras cidades do mar Egeu tinham anteriormente a Atenas, alcançado um
Brande desenvolvimento, pouco se sabe sobre a prática educacional daqueles povos.
( ssf ('• um assunto que quase não tem interessado aos estudiosos das antigas civilizações,
i.fft.i, por exemplo, há cerca de quase dois mil anos anterior à nossa era já possuía a
|#i ii(.t linear, mas pouco se conhece sobre como ocorria a sua transmissão. Do século IX
A/< cm diante, os documentos escritos são mais numerosos e a historiografia tornou-
te m.lis rica, possibilitando, assim, um maior conhecimento da antigüidade, inclusive
jítliic as práticas educativas mais comuns.
INDEX
(iiibclasse) que compõem, da mesma forma que as habilidades
empáticas, de comunicação interpessoal, profissionais etc., o
n pei tório de habilidades sociais de um indivíduo.
Para a com preensão do T H S , dois conceitos são
fundamentais, pois servem de elo entre o campo teórico e a
mriodologia de avaliação e intervenção: a competência social e
á'. habilidades sociais. Ainda que utilizados como sinônimos por
aljMins autores, a diferenciação é importante por suas implicações
BOOKS
ju avaliação e na promoção de desempenhos sociais complexos.
<) termo habilidades sociais se aplica à dimensão descritiva desse
ilrsem penho e inclui o conjunto de seus com ponentes
ío m portam entais (desem penhos verbais, não verbais e
paralingiiísticos), cognitivo-afetivos (percepção social, crenças,
metas pessoais, auto-estima etc.) e fisiológicos (indicadores de
ansiedade ou disfunções psicossomáticas).
O termo competência social se aplica à sua dimensão
GROUPS
funcional, ou seja, ao grau de proficiência com que o indivíduo
organiza esses com ponentes em um desempenho efetivo,
i ousiderando-se essa efetividade em termos de: a) consecução dos
objetivos da interação; b) manutenção ou melhora da auto-estima;
i ) manutenção e/ou melhora da qualidade da relação; d) maior
rquilíbrio de ganhos e perdas entre os parceiros da interação; e)
icspeito e ampliação dos direitos humanos básicos (Del Prette, 1982;
I )el Prette, Del Prette e Castelo Branco, 1992).
INDEX
Mij-nitivas, emocionais c comportamentais.
As vivências oferecem oportunidade de observação,
descrição e feedback por parte do terapeuta e também pelos demais
|».u ticipantes. Adicionalmente, os desempenhos promovidos nas
vivências constituem ocasião para a utilização dos procedimentos
usuais co T H S com o, por exemplo, m odelação, ensaio
(oinpommental, modelagem, relaxamento e técnicas cognitivas
cm geral Outra vantagem das vivências é o seu caráter lúdico
BOOKS
que, ao favorecer a formação de um ambiente de apoio mútuo,
contribui para a dessensibilização da ansiedade social.
Para se evitar mal-entendidos, deve-se acrescentar que as
vivências estão sendo concebidas como método de aprendizagem
de habilidades sociais em grupo e não se confundem com o
psicodrama ou a dinâmica de grupo (Del Prette e Del Prette, no
prelo). Além disso, o método vivencial, tal como o utilizamos no
II IS, não pode ser caracterizado como mero instrumento lúdico
GROUPS
destinado a exacerbar a emocionalidade e promover a catarse,
liem como recurso para identificar conflitos inconscientes.
A aplicação do método vivencial no THS deve levar em
idiita alguns aspectos, como: a) adequação às necessidades dos
participantes em termos de objetivos e complexidade, b)
envolvimento e participação do grupo, c) fortalecimento de
i omporiamentos cooperativos no grupo, d) oportunidades para
.( prática da observação e da auto-observação pelos participantes,
BOOKS
sociais profissionais e cotidianas que foram alvo do programa.
Como utilizar o método vivencial
Um programa THS apresenta uma dinâmica própria que
se altera ao longo das sessões em função das aquisições dos
participantes e da crescente complexidade dos novos objetivos.
Assim, pode-se distinguir pelo menos três períodos do programa
GROUPS
com características e objetivos bastante diferenciados: inicial,
intermediário e final.
O período inicial de um programa é utilizado para a
prom oção das habilidades básicas, com ponentes das mais
complexas a serem desenvolvidas posteriormente. Parte destas
são entendidas como habilidades de processo, importantes para
que o próprio grupo se constitua enquanto agente terapêutico
ou educativo. “As habilidades sociais de processo são os
desempenhos sociais de cada um dos participantes que se
INDEX
•!ri <tdificação, observação e descrição de comportamentos, bem
to m o exercícios de análise futtcional das relações entre as
demandas do am biente, os desempenhos sociais e suas
toiiscqüências, são objetivos a serem privilegiados na escolha das
Vivências dessa etapa.
Na etapa intermediária, espera-se que essas habilidades já
tstejam consolidadas no repertório dos participantes e que novas
habilidades sejam aprendidas como, por exemplo, falar de si
BOOKS
(auio-revelação), fazer leitura do ambiente e automonitorar o
desem penho. Os procedimer.tos de role-playing (ensaio
tomportamental) têm nessa fase um papel importante, pois as
dificuldades são, agora, mais facilmente percebidas pelos
juiiicipantes que observam com maior acuracidade as próprias
dificuldades e as dos colegas e conseguem inferir a existência de
déficits tanto em situação de treinamento como em outras
situações. A parte central das sessões é orientada para a exposição
GROUPS
ili dificuldades pessoais específicas, procedendo-se então, ao
treinamento das habilidades a e.as relacionadas.
Nessa etapa, as vivências ião utilizadas principalmente no
jníi io e no término da sessão. No primeiro caso, elas têm a função
«tin ional de estimular ou preparar (aquecimento) os participantes
jui.i a sessão. No segundo císo, a função de garantir um
encerramento confortável para todos. A parte central da sessão é
dedicada à análise e intervençã]» sobre dificuldades específicas
INDEX
déficits verificados), para promover habilidades complexas
relacionadas às características do grupo (objetivos de maximização
de competência social) e para prover condições de generalização
das aquisições verificadas. As habilidades mais complexas podem
incluir: falar em público, lidar com críticas, coordenar grupos,
resolver problemas, tom ar decisões e as de expressão mais
elaborada de sentimentos positivos como a empatia.
Na parte final do program a, recom enda-se uma
INDEX
van.ições e observações. A aplicação de muitas vivências é realizada
tliviilindo-se o grupo em dois subgrupos: G O (grupo de
observação) e GV (grupo de vivência), com tarefas diferenciadas.
Com o objetivo de ilustrar a utilização desse método 110
BOOKS
drstina-se a uma fase mais adiantada do programa, quando os
Im icipantes já dominam habilidades de observar, descrever, dar
11
INDEX
Materiais
■Lenços
Procedimento
O terapeuta solicita a alguém do grupo para participar da
vivência voltada para o desenvolvimento de conversação. Essa
pessoa é colocada sentada, com os olhos vendados, em local visível
para os demais membros do grupo. Em seguida, retira outro
BOOKS
participante da sala, sem que o colega de olhos vendados o
identifique, dando-lhe as seguintes instruções:
Você vai sentar-se defronte ao seu colega, mantendo com ele
uma conversa natural, sobre assunto de interesse comum, mas
deverá deixá-lo conduzir a conversa.
Retornando à sala, pede, então, para que as duas pessoas
GROUPS
comecem a conversar (uma com a possibilidade de observar e, a
outra, com a observação limitada) e que os demais observem o
desempenho de ambas.
Decorrido algum tempo, o terapeuta interrompe o diálogo
e, antes de retirar o lenço dos olhos do participante, verifica: a) o
grau de ansiedade dos dois interlocutores, b) as dificuldades
experimentadas e c) as estratégias utilizadas para manter a
conversação. Solicita que os demais (Grupo de Observação - GO)
relatem suas observações e avaliem as estratégias utilizadas pelos
participantes para manter a conversação.
í ,u irtçÕes
1 IJma variação interessante é realizar a vivência com quatro ou
lim o participantes. Alguns com os olhos vendados e outros não.
I No caso de um GV com maior número de participantes, pode-
|r .it ribuir papéis específicos: como os de lacônico, perguntador,
himcalhão etc., dependendo é claro, de habilidades que se queira
Urinar.
1 A vivência deve ser repetida, inicialmente com aqueles que
apresentam melhor desempenho verbal (modelos potenciais) e
tlrpois com aqueles que apresentam mais dificuldade de iniciar
( m.tnter conversação com os demais.
INDEX
Vivência 2: “Trocando papéis”
( ibjrtivos
1 .pccíficos:
■Aprimorar a percepção (esforços, recursos, sentimentos e dificuldades)
■Refletir sobre a divisão de tarefas segundo o gênero
BOOKS
■Diminuir a rigidez pessoal dos próprios papéis socialmente
dados
■Desenvolver empatia
■Exercitar a flexibilidade de papéis
< nmplementares:
■Ajustar o comportamento às modificações da situação
■Exercitar a solidariedade
GROUPS
■Identificar sentimentos associados à situação vivenciada
■Desenvolver a criatividade na solução de problemas
Ahiteriais
■Objetos diversos (cadeiras, poltronas, biombos etc)
■Roupas e adereços para compor os contextos e papéis a serem
desempenhados.
* Exemplos de instruções para papéis a serem vivenciados:
INDEX
pedido do chefe. Infelizmente, teve problema com o colega que
relatou estar muito aborrecido eprecisando de dinheiro para pagar
algumas dívidas. Por duas vezes, o supervisor lhe chama atenção
diante de outras pessoas. Finalmente, chegou o horário de ir para
casa. Tudo que você espera éfazer uma boa refeição e sejogar no
sofá tentando descansar e relaxar um pouco. Quando chega em
casa nada do que você deseja parece que vai ocorrer...
BOOKS
Procedimento
Esta vivência pode contar com a participação de todos, se
o grupo não for muito grande. Caso contrário, o terapeuta pode
dividi-lo em GV e GO. A diferença fundamental nesta vivência
c a com plem entaridade dos papéis. Por exem plo, alguns
(mulheres) desempenham um papel de marido e outros (homens)
o de esposa. O terapeuta distribui as atribuições e descreve a
situações de acordo com os papéis.
GROUPS
Após o desempenho dos participantes, o terapeuta avalia
com todos o significado de viver outros papéis, principalmente
os complementares:
(a) as dificuldades encontradas;
(b) as possíveis mudanças de percepção após à vivência;
(c) as prováveis ações geradas pelas modificações nas percepções
sobre.o outro e suas dificuldades;
(d) as alternativas para soluções dos problemas vivenciados ao
assumir o papel do outro;
INDEX
dificuldades próprias dos papéis separadamente, solicitando-se
que cada integrante da díade procure identificá-las.
S I’m alguns grupos, é possível combinar, como tarefa de casa
que os participantes troquem, por um dia ou um período, os
papéis que exercem. Por exemplo, os cônjuges trocariam por um
di.t as tarefas próprias de cada um, filhos se responsabilizariam
pela atividade da mãe na organização da casa, estudantes de
BOOKS
psicologia ou adm inistração vivenciariam o papel de
desempregado submetendo-se ao processo de seleção, etc.
<observações
1. As situações e contextos descritos na vivência foram
empregados considerando uma divisão usual de tarefas relatadas
cm vários grupos de treinamento. A rigidez dessa divisão não
representa o pensamento dos autores, podendo ser alterados de
GROUPS
.uordo com os grupos, nem sempre hom ogêneos, na
representação sobre papeis associados ao gênero.
Nessa vivência é possível verificar como as pessoas percebem e
interpretam os papéis complementares. Isso é particularmente
interessante nos grupos de casais ou de pais e fdhos.
Objetivos
Específicos:
■Reconhecer a influência de fatores da situação ou da pessoa
que distorcem a percepção
■Entender a origem do preconceito e dos estereótipos
■Desenvolver a capacidade de fazer julgamentos justos
Complementares:
■Conscientizar-se das diferenças nas percepções
INDEX
■Controlar-se para não realizar julgamentos apressados
Materiais
■Lápis, papel
■Retro projetor e transparências de figuras ambíguas
■Folha com a história abaixo:
O LADRÃO DE M ACHADO
(Adaptação do conto hom ônim o, do livro Os mestres do Tao, Editora
BOOKS Cultrix)
INDEX
(t ) registre uma situação em que alguém do grupo cometeu
julgamento equivocado devido a problemas de percepção;
Procedimento
Esta vivência é realizada com todos os participantes. Após
tfi preparado o retroprojetor, o terapeuta pede que os
jt.ii (icipantes fechem os olhos e, ao seu sinal, olhem e examinem
ri figura projetada. E projetada então uma figura ambígua (que
BOOKS
mi um único esboço ou quadro, permite dois ou mais processos
perceptivos integrados, exemplificada pela conhecido efeito
figura-fundo que se alterAam de modo a facilitar a percepção de
um vaso branco ou dois perfis pretos) e o terapeuta verifica o que
realmente as pessoas estão vendo. Outras figuras poderão ser
projetadas, investigando-se se as pessoas conseguem perceber
todas as variações. Em seguida, o terapeuta explica que o processo
perceptivo é seletivo, sendo influenciado por alguns fatores tais
como: a) pessoais; b) contextuais; c) culturais. Continuando,
GROUPS
mostra que a percepção está na base da formação do preconceito
e tio julgamento social.
Divide então o grupo em subgrupos e entrega, a cada um,
.1 folha com a história e Ficha de Questões. Para garantir a atenção
e o envolvimento dos demais, o terapeuta, avisa que cada grupo
ileverá apresentar feedback sobre o desempenho do outro grupo.
Após algum tem po, os grupos são solicitados a
apresentarem seus relatos e é feita uma avaliação sobre as questões
e os exemplos apresentados.
Observação
Esta vivência tem sido empregada para ilustrar exposições
sobre preconceito, estereótipo ou relações de caráter interpessoais
do tipo destrutiva, como a que ocorre entre jovens participantes
das torcidas de futebol que tende a ver o outro como inimigo.
Variação
O terapeuta poderá aproveitar as vivências para realizar
exercícios de role-playing visando desenvolver habilidades de: a)
realizar julgamentos justos; b) fazer averiguações anters de formar
opiniões; c) aceitar as limitações do outro etc.
INDEX
Irmos observado que os participantes desenvolvem uma maior
motivação para se manterem no programa e, igualmente, para
Eulocar em prática em outros ambientes as habilidades aprendidas,
hso tem facilitado bastante a generalização, apontada como o
i alcunhar de Aquiles das terapias.
Krferências bibliográficas
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BOOKS
GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
fl f u n ç ã o d o e m p a t i a n o t e r a p i a
c o g n i ti v o - c o m p o r t a m 0 n t a l
€ l i a n e d e O liv eir a f a l c o n e
INDEX
t Myers, 1991).
Terapeutas de diferentes abordagens teóricas compartilham
a mesma opinião no que diz respeito aos efeitos terapêuticos
positivos da empatia (Reisman, 1986; Strupp, 1958; Sundland
* Uarker, 1962; Wogan e Norcross, 1983). Entretanto, eles se
jimstram divergentes quanto à função da empatia no tratamento.
I'íi alguns, o entendimento empático busca ajudar os clientes na
1.1
BOOKS
das experiências internas. Nesse caso, a empatia é por si só o agente
<!r mudança (Bohart e Greenberg, 1997; Greenberg e Elliott, 1997).
Outros consideram que os níveis elevados de demonstração de
rmpatia na relação terapêutica constituem uma condição necessária,
porém não suficiente para a mudança do cliente. Assim, a empatia
>1>> terapeuta facilita a aliança terapêutica, necessária para a utilização
das intervenções que atingirão a mudança (Beck, Rush, Shaw e
I mery, 1982; Goldstein e Mvers, 1991; Linehan, 1997). Os
GROUPS
k-i.ipeutas de abordagem cognitivo-comportamental se incluem
nesse segundo grupo.
Esse capítulo pretende m ostrar com o o terapeuta
< ognitivo-comportamental pode manifestar empatia na interação
com o seu cliente, de modo a facilitar a avaliação clínica e o
tratam ento. Serão apresentados as etapas da empatia com
rxc mplos de diferentes formas de declarações empáticas que
ocorrem nas sessões terapêuticas.
As etapas da empatia
No campo da psicoterapia, Cari Rogers (1951, 1975) foi!
o pioneiro em dar significado ao termo “empatia”, como “perceber
o marco de referência interior da outra pessoa com precisão c
com os componentes emocionais que lhe pertencem, como se
fosse essa pessoa, porém sem perder nunca a condição de como
se”’ (p. ). As etapas do processo empático apontadas por Rogers
(1975) são: a) captar e familiarizar-se com o mundo perceptual
da outra pessoa, sem julgá-la; b) comunicar ao outro a própria
percepção do mundo desta, observando elementos que o outro
INDEX
teme e c) verificar com o outro a correção de tais percepções c
deixar-se guiar pelas respostas deste.
Estudos recentes propõem que a em patia engloba
com ponentes cognitivos, afetivos e com portam entais. O
componente cognitivo caracteriza-se por uma capacidade de
compreender acuradamente a perspectiva e os sentimentos dos
outros, quer seja através de processos inferenciais (Ickes, 1997;
Eisenberg, Murphy e Shepard, 1997), de representações armazenadas
BOOKS
na memória (Higgins, 1981; Karniol, 1982) ou colocando-se no
lugar da outra pessoa (Davis, Hull, Young e Warren, 1987; Long e
Andrews, 1990; Zillman, 1991). Para Ickes, Marangoni e Garcia
(1997), a habilidade inferencial de alcançar alguma medida de
insight em relação a pensamentos e sentimentos dos outros é algo
extraordinário, uma vez que permite àquele que percebe estender o
seu entendimento além do significado aparente imediato das
palavras c ações de outras pessoas.
O
GROUPS
com ponente afetivo da empatia caracteriza-se por
sentimentos de compaixão e simpatia pela outra pessoa, além de
preocupação com o bem -estar desta. Isso não implica em
experimentar os mesmos sentimentos do outro. Greenberg e
Elliott (1997) propõem que, quando o paciente expressa tristeza,
o terapeuta empático experimenta um sentimento responsivo
recíproco, tal como compaixão ou preocupação. Em vez de
“sentir” o que o cliente está sentindo, o terapeuta experimenta
INDEX
avaliar a acuidade desse entendimento (Ickes et al., 1997). A
• xpressão de entendimento empático constitui o componente
i mnportamental da empatia.
Durante uma interação, a habilidade empática ocorre em
tlu.is etapas. Na primeira etapa, o indivíduo que empatiza está
rnvolvido em compreender os sentimentos e perspectiva da outra
prssoa e, de algum modo, experienciar o que está acontecendo
tom ela naquele m om ento. A segunda etapa consiste em
BOOKS
comunicar esse entendimento de forma sensível (Barrett-Lennard,
1993; Greenberg e Elliott, 1997). A compreensão empática
inclui prestar atenção e ouvir sensivelmente. A expressão de
entendimento empático inclui verbalizar sensivelmente.
I - Prestar atenção e ouvir sensivelmente
De acordo com Barrett-Lennard (1993), para que ocorra
rmpatia é necessário estar atento de um modo bastante especial.
GROUPS
Prestar atenção em alguém neste sentido significa estar com esse
«ilguém física e psicologicamente. A atenção empática é apreciada
pela outra pessoa que se sente mais encorajada a se expor e a
explorar as dimensões significativas de sua situação-problema
(Hgan, 1994).
Ao focalizar a outra pessoa como o seu alvo de atenção, o
unpatizador procura identificar nesta as mensagens não verbais
que expressam emoções, tais como o comportamento corporal
INDEX
a outra pessoa fala algo significativo, constituem formas não
verbais de demonstrar aceitação, atenção e entendimento.
Ouvir sensivelmente significa dar ao outro a oportunidade
de ser ouvido nos próprios termos deste. Para Barrett-Lennard
(1988), o ouvir mais profundo não vem da intenção deliberada
de promover mudança em alguém. Nichols (1995) afirma que o
bom ouvinte é aquele que aprecia a outra pessoa tal como ela é,
aceitando os seus sentimentos e idéias, tais como eles são. Como
BOOKS
conseqüência, a pessoa se sente entendida, reconhecida, aceita e
valorizada. Assim, o ouvir empático significa suspender o próprio
desejo e julgamento e, pelo menos por poucos minutos, existir
para a outra pessoa.
Quando uma pessoa é ouvida sensivelmente, ela se sente
validada, valorizada e isso promove auto-aceitação e auto-
afirmação. Por essa razão é que, em terapia, a em patia é
reconhecida como possuindo um valor curativo. Bohart e
GROUPS
Greenberg (1997) sustentam que a empatia torna os clientes
mais compreensivos e empáticos com eles mesmos. Ao se sentirem
compreendidos, eles saem de uma posição de avaliação negativa,
de rejeição ou desaprovação da própria experiência, para uma
posição de aceitação.
Jordan (1997) propõe que o ouvir empático ajuda a reduzir
a vergonha psicológica. Quando envergonhadas, as pessoas sentem
dificuldade de acreditar que aqueles aspectos rejeitados por elas
INDEX
liara reduzir a autocrítica excessiva e desafiar pensamentos
ilisfuncionais. Além disso, elas também podem se modelar no
tnapeuta e aprender a se ouvir mais empaticamente na solução
tle problemas (Barrett-Lennard, 1997).
Uma estratégia para poder ouvir e compreender melhor a
mura pessoa é buscar as mensagens centrais que estão sendo
expressas em termos dos sentimentos, desejos e perspectivas desta.
!)e acordo com Egan (1994) e G uerney (1987), os
BOOKS
1mnportamentos envolvidos no ouvir sensível são: a) deixar de
lado as próprias perspectivas, desejos e sentimentos; b) observar
c ler os comportamentos não verbais que a outra pessoa está
manifestando enquanto fala (por ex., tom de voz, olhar, postura,
gestos, etc.), através dos quais sejam identificadas as emoções; c)
M>locar-se no lugar da outra pessoa, buscando identificação com
ns sentim entos, percepções e desejos dela; d) elaborar
mentalmente uma relação existente entre o sentimento da outra
GROUPS
pessoa, o contexto e o.significado deste contexto para ela.
2 - Verbalizar sensivelmente
A função da verbalização empática é fazer com que a outra
pessoa se sinta compreendida, além de ajudar a explorar as
preocupações desta de modo mais completo. Embora o terapeuta
possa sinalizar, de forma não verbal, compreensão, aceitação e
molhimento, ao prestar atenção e ouvir sensivelmente (por ex.,
INDEX
cognitivas e afetivas frente a certos eventos); d) aceitam e
legitimam o sentimento do outro, bem como o ponto de vista
deste; e) contêm uma explicação cognitiva dos sentimentos
experienciados pela outra pessoa (indivíduos angustiados
costumam carecer de um entendimento dos próprios afetos) c
esta explicação desses estados afetivos podem ajudá-la a entender
e encontrar uma explicação para os próprios sentimentos,
distanciando-se mais dos mesmos.
INDEX
Durante a verbalização empática, o foco de atenção é
jhteiramente voltado para o sentimento e a perspectiva da outra
jirssoa frente à situação-problema, sem fazer qualquer julgamento,
gt fiiando e legitimando os sentimentos desta (Egan, 1994). Os
sentimentos podem ser legitimados de forma indireta, quando o
rinpatizador não especifica o sentimento (por ex., “eu posso
inuginar como você está se sentindo”; “as coisas não estão indo
mula bem para você, não é mesmo?”) ou de forma direta, quando
BOOKS
o rinpatizador especifica o sentimento (por ex., “eu percebo que
isso está deixando você triste”; “você deve estar se sentindo
indignad o”). Mas o cliente se sente profundam ente
com preendido quando o terapeuta consegue relacionar o
sentimento, o contexto e a perspectiva desta (por ex.: “você se
sn/te triste porque mudar significa deixar todos os seus amigos”)
(l.gan, 1994, p .112).
Antes de manifestar compreensão sobre a experiência da
GROUPS
outra pessoa, deve-se evitar declarações que sejam socialmente
indesejáveis, como por exemplo, dizer que ela está com inveja.
As pessoas são inclinadas a não reconhecer, nelas mesmas, atitudes
ou sentimentos socialmente indesejáveis (Guerney, 1987).
Quando o empatizador percebe os sentimentos da outra
pessoa e relaciona esses sentimentos com a perspectiva desta e o
contexto, com unicando o seu entendim ento a seguir, ele
manifesta empatia básica. Quando as percepções do empatizador
INDEX
t|ii< rer me livrar... de não assumir as minhas responsabilidades”.
Inapeuta (T): “Parece que você pensa: “na medida em que eu
ijticro me aliviar de tantos compromissos, pressões e obrigações,
isso significa que sou irresponsável. Seria algo assim?”
I M inplo B:
< Eu estou triste hoje - quer dizer - solitária. Eu tenho comido
limito e não sei se estou preenchendo um vazio.
BOOKS
I í lum-hum, sentindo-se vazia.
II Evocação empática
(> terapeuta transm ite entend im ento usando m etáfora,
linguagem expressiva, imagem evocativa ou falando como o cliente
p.na evocar a experiência e atingir nova informação experiencial.
I xemplo A: GROUPS
' ; "E a solidão que está aqui dentro e eu acho que o que eu
estou procurando é consolo, que alguém me diga que não
inn problema, uma certeza estabelecida, eu suponho”.
I : “Sim, alguém para dizer: Não se preocupe, Cíntia. Está
indo bem”.
Exemplo B:
C: Meu ambiente tem sido realmente muito bom. Eu tenho
um grupo de apoio e estou gostando muito. Mas mesmo assim
eu ainda me sinto...”
T: Quando você conta com você mesma, há um sentimento real
de estar sozinha.
III - Exploração empática
O terapeuta transmite entendimento selecionando aquilo
que é mais pungente, não claro, idiossincrático ou implícito,
naquilo que o cliente diz, para promover descoberta de algo novo
INDEX
ou para ver algo de uma nova maneira.
Exemplo A:
C: “Eu me vejo cm uma situação tão difícil, tomando conta dc
todo o mundo... bem, talvez eu esteja esperando alguma coisa
de volta”.
T: “Então, você sente como se estivesse dando e dando e coisas
desse tipo e então você pensa: E quanto a mim?”
BOOKS
Exemplo B:
C: “Sim, é isso, embora você sabe, eu me sinto contente, porque
eu realm ente tenho amigos agora com quem eu logo vou
conversar, mas depois, quando estou sozinha, vem a solidão”.
T: “Há algo sobre estar sozinha agora que é muito difícil”.
IV - Complementação comunicativa
Ocorre quando o terapeuta e o cliente mantêm um foco
GROUPS
de atenção compartilhado. O cliente está fazendo um esforço
para explicar o que está querendo dizer e o terapeuta transmite
entendimento complementando a frase do cliente.
Exemplo:
C: “Quando ela me deixou, eu me senti como se tivesse levado
um... um...”
T: “Um soco no estômago”.
C: “Isso mesmo”.
INDEX
( “Ont em, quando encontrei a minha amiga, a caminho da
sala de aula, ela me cumprimentou muito rapidamente. Fiquei
i hateada com o fato de ela não me dar atenção”.
I : “Ela estava sozinha ou acompanhada?”
II - O terapeuta impõe o próprio ponto de vista
Exemplo:
O: “Ontem o professor de estatística não deu aula e eu aproveitei
BOOKS
o tempo para estudar. Só que alguns colegas começaram a falar
alto e rir e eu não consegui prestar atenção no que estava lendo.
Então fechei o livro e fiquei de mau humor o resto do dia”.
T: “As pessoas são assim mesmo. Elas só percebem que
incomodam quando a gente reclama”.
ÍII - O terapeuta não se baseia no que o cliente está experienciando,
mas sim em teorias que norteiam a sua abordagem ou na própria
Exemplo: GROUPS
perspectiva ou experiência
C: “Eu tive um atrito com o meu professor hoje. Eu achava que
tinha a resposta certa, mas meu professor não me ouviu. Aí eu
fiquei triste. Quando eu contei o fato para minha mãe, ela me
repreendeu, dizendo que eu não devia aborrecer os mais velhos,
que eu devia respeitá-los. Fiquei chateada. Pensei que ela pudesse
me entender”. (O foco de atenção da cliente está na angústia
provocada pela mãe.)
INDEX UI timamente ele telefona umas três vezes por semana. Eu sei
que ele anda sobrecarregado com os estudos. Mas, mesmo assim,
eu estou achando que ele não gosta mais de mim”. (O foco de
atenção está na angústia provocada pela m udança do
comportamento do namorado.)
T l: “Você lembra de ter se sentido rejeitada por seus familiares
quando era pequena?” (Desvio do foco de atenção para especular
uma possível causa da cliente se sentir rejeitada “sem razão
BOOKS concreta”.)
T2: “Essa sensação de não ser gostada tem ocorrido na interação
com outras pessoas ou somente com o seu namorado?”
V - O terapeuta dá sugestão ou conselho sobre como o cliente poderia
fazer para se sentir melhor ou superar determinado problema
Exemplo:
C: “Ontem , na aula do professor de estatística, eu tive uma
GROUPS
dúvida, mas não tive coragem de perguntar. Achei que ele iria
pensar que eu sou burra”.
T: “Você já pensou na possibilidade de pergu ntar a ele
particularmente, depois que acabar a aula?”
As verbalizações não empáticas citadas acima não indicam
necessariamente inadequação por parte da atuação do terapeuta.
Deve-se levar em consideração que o terapeuta cognitivo-
INDEX
ifiip.itica de entendimento pode amenizar os efeitos negativos
t)t uma entrevista que focaliza a obtenção de dados, facilitando a
p i i revelação e a adesão ao tratamento.
• niiilusões
Embora reconhecendo a im portância da empatia do
tftripeuta para a eficácia do tratamento, a literatura cognitivo-
BOOKS
ffiniportamental tem sido insuficiente quanto a orientar os
ifi.ipeutas apresentando formas de expressar entendim ento
flupático. Espera-se que este capítulo tenha contribuído neste
gemido. Muitos estudos são necessários para determinar em que
miulições (momento da sessão terapêutica, tipo de cliente, etc.)
n t o m p o rtam en to em pático do terapeuta torna-se mais
Bfmlutivo.
GROUPS
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GROUPS
Bernard Rangé
INDEX
aterrorizadora. Depois de um ataque de pânico, há uma enorme
ansiedade na expectativa de que algo assim possa acontecer de
novo e que da próxima vez não haja escapatória. E novas crises
dessas ocorrem. A peregrinação por hospitais e médicos não pára.
Indo é feito para que nunca mais isso aconteça. Até que,
fiiulmente, esta paciente típica acabe chegando a um consultório
psiquiátrico ou de psicoterapia com portam ental e receba a
iiilormação de que se trata de um problema conhecido, comum
BOOKS
r tratável: transtorno do pânico.
A perturbação gerada envolve súbitas, rapidam ente
irescentes e intensas reações simpáticas, como taquicardia,
sensações de falta de ar, tremores, sudorese, tonteiras, vertigens,
pernas bambas, náusea, formigamentos etc. e ideações de morte
(101 sufocamento ou ataque cardíaco, loucura, perda de controle,
desmaio, que causam enorme mal-estar e desconforto. Podem
esiar envolvidos freqüentemente comportamentos de fuga ou
GROUPS
eviração que limitam de forma drástica a mobilidade e a autonomia
• los pacientes. A vida pessoal, profissional, afetiva dos pacientes
r |',ravemente afetada: não conseguem mais sair sozinhos, às vezes,
nem acom panhados. Passar por certos lugares, viajar em
ii.insportes públicos fica impossível. Fazer compras, ir a bancos,
ver espetáculos de cinema, teatro ou música, tudo agora faz parte
do passado. Trabalhar se torna, muitas vezes, uma penosa
dificuldade. Muitas vezes, tentam desempenhar estas atividades
INDEX
ataques ocorrem, começam a surgir a ansiedade antecipatória e a
ideação sobre novos ataques, o que leva, em geral, ao
desenvolvimento de respostas de evitação que virão caracterizar
o quadro de agorafobia. As situações clássicas de evitação
agorafóbica incluem o uso de meios de transporte (ônibus, aviões,
metrôs), dirigir em trajetos com pouca possibilidade de saída ou
retorno (túneis, pontes, auto-estradas), comprar (em grandes
lojas ou superm ercados), freqüentar lugares fechados e
INDEX
Supondo-se que a prevalência do transtorno de pânico e
d,i agorafobia no Brasil seja similar, com as diferenças observadas
(Almeida Filho et al., 1992) sejam resultantes de diferenças de
amostragem e metodologia de investigação.
As características demográficas dos pacientes sugerem a idade
dr início dos sintomas entre o final da adolescência e o início da vida
adulta (entre os 17 e os 25 anos), com uma idade média dos sujeitos
aio metidos entrevistados em torno de 28 anos.
BOOKS
A distribuição por sexo do transtorno do pânico com
agorafobia é de aproxim adam ente 4,1 mulheres para cada
homem, enquanto que no transtorno do pânico sem agorafobia
a razão é de 1,3:1 (Myers et al., 1984; Clum e Knowles, 1991).
Variáveis como ocupação e nível sócio-econômico, raça e
rmia não exercem influência significativa na taxa de prevalência,
porém existe uma tendência para moradores de áreas rurais e
li.to brancos apresentarem maior prevalência de quadros fóbicos
GROUPS
(Myers et a i , 1984).
Este trabalho apresenta um programa de treinamento à
distância para tratamento do transtorno do pânico e agorafobia
ie vem sendo utilizado na Divisão de Psicologia Aplicada do
« 11
INDEX
ansiedade de separação (Bowlby, 1977), poucos estudos
empíricos surgiram numa perspectiva psicodinâmica.
Entretanto, devido à escassez de estudos controlados e
também pelo interesse específico deste livro, maior atenção será
dada aos trabalhos desenvolvidos nas tradições cognitivas e
comportamentais.
A hipótese de que agorafóbicos temem entrar em pânico
em lugares públicos mais do que sentirem pânico dos próprios
INDEX
efetividade também para o tratamento do pânico, como a expressa
pela Conferência de Consenso sobre Tratamento do Transtorno
(lo Pânico, do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, que
(lulossou que certas intervenções cognitivo-comportamentais
f i a m efetivas (National Institute of Health, 1991).
A grande maioria dos estudos continuou a mostrar que
(jii.ilquer tratamento psicológico que não incluísse exposição aos
istítnulos tem idos não tinha eficácia contra os sintom as
BOOKS
ijmrafóbicos: eram minimamente afetados por hipnose (Marks,
<iclder e Edwards, 1968) ou psicoterapia psicodinâmica (Gelder,
M.irks e Wolff, 1967). Quando pacientes eram instruídos a evitar
as situações fóbicas (instruções anti-exposição) os seus sintomas
fit.ivam inalterados ou pioravam (Greist et ai, 1980).
O estabelecim ento da classificação diagnostica do
transtorno do pânico no DSM-III-R, a contribuição de Goldstein
r Cham bless (1978), o sucesso de tratam entos com
GROUPS
medicamentos estimularam a pesquisa sobre tratamentos não
medicamentosos para o pânico que, aos poucos, foi revelando
um padrão. Os tratamentos cognitivos, comportamentais e
i ngnitivo-comportamentais do pânico revelam hoje vários aspectos
que se sobrepõem, podendo ser destacados quatro deles:
I. o treino de habilidades de manejo de sintomas corporais
(relaxamento aplicado: Ost, 1988)
INDEX
pelo menos um ansiolítico e/ou um antidepressivo e, na maior
parte dos estudos, de 50% a 60% dos pacientes são submetido'
a algum tipo de tratamento medicamentoso durante o tratament
cognitivo-comportamental. Isso decorre de que estudos anteriorei
evidenciaram que a imipramina aumentava a efetividade de
exposições situacionais (Mavissakalian e Michelson, 1986). h
com um , en tretan to , existir entre terapeutas cognitivo*
comportamentais, inclusive o autor, resistência ao uso simultâneo
BOOKS
de medicamentos pela possibilidade de atribuições dos progressos
à medicação (o que diminui a auto-eficácia), por motivação
diminuída causada por sedação e pela interferência de efeitos
colaterais dos medicamentos.
Seria preferível um início de tratamento de cerca de 5 ou
6 sessões sem medicação para que os pacientes pudessem adquirii
as habilidades básicas de manejo. No entanto, dependendo da
GROUPS
intensidade e freqüência dos ataques, pode ser satisfatória a
administração conjunta dos dois tratamentos: o medicamentoso,
para suprimir os ataques de pânico rapidamente c o cognitivo-
comportamental, que vai substituindo gradualmente a medicação
por uma aquisição dos repertórios de enfrentamento adequados.
INDEX
APA. 1990), além de uma variedade de testes, escalas e inventários
tjur os pacientes levam para casa para preencher: Questionário
il> Pânico e de Crenças de Pânico (Rangé, 1996); Inventários
Hn l< de Depressão (Beck et al., 1961) e de Ansiedade (Beck,
Ljitcin, Brown e Steer, 1988); IDATE (Biaggio, Natalicio e
S|*u-lberger, 1977); Escala de Sensações Corporais, Escala de
< njuiições Agorafóbicas e Inventário de Moblidade (Chambless
ft ul., 1984; 1985; Zgourides, Warren e Englert, 1989); SCL-
BOOKS
lH) (Derogatis, 1983); Escala Brasileira de Assertividade. Essas
rscalas são reaplicadas no pós-teste e nos seguimentos.
Sr\ulo 1. A primeira sessão de tratamento tem como objetivos
• M.ibelecer um rapport, oferecer informações básicas sobre o problema
r o seu tratamento, coletar informações complementares e estabelecer
metas do tratamento. Ao final desta sessão os clientes levam um
trxto referente ao primeiro passo do programa de tratamento, que
GROUPS
ÍiK Iui informações sobre o transtorno do pânico e da agorafobia,
Nobre o modelo cognitivo dessas perturbações e sobre o tratamento
dele derivado, além de textos com informações sobre a fisiologia e a
psicologia do medo e da ansiedade e da fisiologia da hiper-respiração.
< om essas informações ele já vai chegar à segunda sessão entendendo
tim pouco mais o que se passa com ele.
BOOKS
Permanecer no presente e aceitar a sua ansiedade fazem-na desaparecer. Para
lidar com sucesso com sua ansiedade você pode utilizar a estratégia
“A.C.A.L.M.E.-S.E.”, de oito passos.
Aceite a sua ansiedade. Um dicionário define aceitar como dar “consentimento
em receber”. Concorde em receber as suas sensações de ansiedade. Mesmo que
lhe pareça absurdo no momento, aceite as sensações em seu corpo assim como
você aceitaria em sua casa um visitante inesperado ou desconhecido ou uma
GROUPS
dor incômoda. Substitua seu medo, raiva e rejeição por aceitação. Não lute
contra as sensações. Resistindo você estará prolongando e intensificando o seu
desconforto. Ao invés disso, flua com elas.
Contemple as coisas em sua volta. Não fique olhando para dentro de você,
observando tudo e cada coisa que você sente. Deixe acontecer com o seu corpo
o que quer que aconteça, sem julgamento: nem bom nem mau. Olhe em volta
de você, observando cada detalhe da situação cm que você está. Dcscreva-os
minuciosamente para você, como um meio de afastar-se de sua observação
iHtrrna. Lembre-se: você não <?sua ansiedade. Quanto mais você puder separar-
sr de sua experiência interna e ligar-se nos acontecimento externos, melhor
Vtii é se sentirá. Esteja com ansiedade, mas não seja ela\ seja apenas observador.
\j.t tnm sua ansiedade. Aja “comose”você não estivesse ansioso(a), istoé, funcione
n>m as suas sensações de ansiedade. Diminua o ritmo, a velocidade com que
Vm (' faz as suas coisas, mas mantenha-se ativo(a)! Não se desespere,
interrompendo tudo para fugir. Se você fugir, a sua ansiedade vai diminuir
Hi.is o seu medo vai aumentar: donde, na próxima vez, a sua ansiedade vai ser
jiím. Se você ficar onde está - e continuar fazendo as suas coisas bem devagar
unto a sua ansiedade quanto o seu medo vão diminuir. Continue agindo,
INDEX
briu devagar!
! ibcre o ar de seuspidinões! Respire bem devagar, calmamente, inspirando
|mmico ar pelo nariz c expirando longa e suavemente pela boca. Conte até três,
ilrvagarzinho, na inspiração, outra vez até três, prendendo um pouco a
if.piração e até seis, na expiração. Faça o ar ir para o seu abdômen, estufando-
H inspirar e deixando-o encolher-se ao expirar. Não encha os pulmões. Ao
.10
rx.ilar, não sopre: apenas deixe o ar sair lentamente por sua boca. Procure
BOOKS
descobrir o ritmo ideal de sua respiração, neste estilo e nesse ritmo fvocê
descobrirá como isso é agradável.
Mantenha ospassos anteriores. Repita cada um passo a passo. Continue a: (1)
ai citar sua ansiedade; (2) contemplar; (3) agir com ela e (4) respirar calma e
••u.ivemente até que ela diminua e atinja um nível confortável. E ela irá, se você
i (Mitinuar repetindo estes quatro passos: aceitar, contemplar, agir e respirar.
Ixamine seuspensamentos. Você talvez esteja antecipando coisas catastróficas.
GROUPS
Você sabe que elas não acontecem. Você mesmo(a) já passou por isso muitas
wzes e sabe que nunca aconteceu nada do que você pensou que fosse acontecer,
r.xamine o que você está dizendo para você mesmo(a) e reflita racionalmente
I».ira ver se o que você pensa é verdade ou não: você tem provas de que o que
você pensa é verdadeiro? Há outras maneiras de você entender o que está lhe
.u ontecendo? Lembre-se: você está apenas ansioso(a): isto pode ser desagradável,
mas não é perigoso. Você está pensando que está em perigo, mas você tem
provas reais e definitivas disso?
INDEX
com ela novamente.
BOOKS
essa informação ele entende que essas sensações podem até ser
desagradáveis, mas não são perigosas. Mesmo o aspecto dc
desagradabilidade é discutível pois, na atividade sexual, sente
muitas dessas sensações e acha uma delícia. Donde tudo depende
do contexto em que se avalia essas sensações. Daí ser perfeitamente
aceitável experimentá-las.
Outro aspecto importante diz respeito à idéia de que essas
sensações parecem antecipações de “perigos” (morrer sufocado
GROUPS
ou de ataque cardíaco, perder o controle, ficar louco, desmaiar),
Na verdade não são antecipações, são conseqüências dos
pensamentos que ele tem a partir de suas sensações. E a maior
evidência disso é que nunca foram confirmadas.
Cada passo da palavra A.C.A.L.M.E.-S.E. representa um
passo necessário para o manejo adequado de uma situação
percebida como ameaçadora, como a iminência de novas sensações
corporais.
INDEX
(Dattilio, 1995)
BOOKS
GROUPS
28/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 28/8/2015
INDEX
D ia/ Hora Situação Sentim entos Pensam entos Resposta Alternativa Reavaliação
Descrever: 1. Especificar a em o Autom áticos 1. Anotar cada 1. Reavaliar o grau de
1. o que está aconte ção (ex.: triste, ansio 1. Anotar o(s) pensar resposta racional para convicção em cada
cendo que possa ter so, zangado etc.) mento(s) associados à o(s) pensamento(s) pensamento
levado à em oção 2. Assinalar a intensi emoção da forma registrado(s) lendo as automático
2. Corrente de pensa dade da emoção numa com o apareceram na perguntas abaixo. (PA = 0-100)
mento, devaneio ou escala de 0 a 100 mente 2. Avaliar o grau de 2. Reavaliar a intensi
lembrança que possa 2. Indicar o grau de convicção em cada dade de cada em oção
ter levado à em oção convicção para cada resposta racional (0- (E = 0-100)
pensamento numa es 100)
BOOKS
cala de 0 a 100
Perguntas para ajudar ;i com por unia resposta alternativa: (1) quais são as provas que o meu pensamento é verdadeiro? N ão
verdadeiro? (2) Há explicações alternativas? (3) O que é o pior que poderia acontecer? Eu poderia superar isso? É tão
catastrófico assim? Qual o melhor que poderia acontecer? Qual o resultado mais provável, mais realista? (4) Se (um am igo
meu) estivesse na situação e tivesse esse pensamento, o que eu diria para ele? (5) O que eu deveria fazer a esse respeito? (6)
Qual é o efeito da minha crença no pensamento automático? Qual poderia ser o efeito de mudar o meu pensamento? Reavalie
GROUPS
a convicção nos pensamentos automáticos e nos sentim entos associados.
* © Traduzido e adaptado por Bernard Rangé
INDEX
( s.: “vou cair”, ao invés de, “vontade de fugir”. Solicitar que o
j mi iente analise os PAs em seu registro e proponha “respostas
(r,u ionais) alternativas”.
í. bazer os exercícios de exposição interoceptiva.
\ Iniciar treino de relaxamento. Caso o paciente resista ao
fxc-rcício (movendo-se, falando, mantendo os olhos abertos,
desobedecendo instruções, etc.) ou dê sinais de intensa ansiedade,
interromper o exercício e aplicar a estratégia SPAEC.
BOOKS
4. Solicitar novos RDPs incluindo respostas racionais.
5. Solicitar treino em relaxamento como tarefa para casa e mais
tieino respiratório.
A sessão se inicia com a revisão dos Registros de
Pensamento. Os registros são completados, incluindo também
.is respostas racionais e o preenchimento da coluna de reavaliação.
GROUPS
A seguir começa-se o treino de habituação interoceptiva
(ver Q uadro 1), explicando a lógica do condicionam ento
iiueroceptivo e como ela se aplica a ataques de pânico. O
argumento básico consiste em que as sensações iniciais de
ansiedade tendem a ficar associadas com as sensações finais (isto
é: o próprio ataque de pânico) por meio de um condicionamento
pavloviano. Dessa forma, as sensações iniciais podem disparar,
sem mediação cognitiva, novos ataques de pânico. Essa é a razão
de ataques de pânico poderem ocorrer à noite quando as pessoas
INDEX
de academias de ginástica etc.) para que o paciente se exponh.t
progressivamente a cada uma.
Condicionamentos interoceptivos são associações entre estímulos
internos do corpo. Vamos supor que antes de seu primeiro ataque
de pânico você tenha começado a sentir algumas sensações (p.ex.:
pequena tonteira, alguma sudorese, baixa taquicardia etc.). Estas
sensaçõesforam crescendo até ocorrer o ataque, isto é, elas chegaram
INDEX Exercício
30
30 ou mais
60 ou mais
60
Intensidade
da sensação
(0 - 10)
Ansiedade
(0 - 10)
Similaridade
( 0 - 10)
BOOKS
iperven tilar 60
ií' pirar por um canudo fino 120
M mter o olhar em um ponto na parede ou
iijjirÓ£ria^imas'cmjio^es£elho^^^^^^^ 90
Hjc I o w , 1998.
INDEX
pode ser muito menor. Avaliar ou pedir ao paciente para avaliar
(conforme o estágio na hierarquia), a quantidade de ansiedade
em graus subjetivos de ansiedade de 0 a 100.
Exemplo uma de Hierarquia de Exposições:
1. Distanciar-se uma quadra.
2. Dar uma volta no quarteirão.
3. Dar uma volta em dois quarteirões (terapeuta vai na frente c
espera no final).
GROUPS
Sessão 5. O objetivo dessa sessão é tentar favorecer uma
modificação na forma como cada cliente maneja a sua existência.
As seguintes metas e tarefas fazem parte dela:
1. Análise dos RD Ps, com respectivas correções, se necessário.
2. Análise da Lista de Desejos e do Curtograma.
3. Introduzir noção de Hedonismo Responsável
4. Análise de situações negativas de vida, incluindo a discussão
da idéia de “pânico como freio”.
INDEX
luidr se discute o modelo de pânico como punição. O modelo
dt ve ser apresentado e discutido com o paciente, fazendo-se
fomparações às suas próprias experiências que se relacionam com
I» modelo. Deve-se chamar a atenção de que o paciente fxear seus
drsrjos faz gerar_ansiedade, pelo medo de perder seu controle [e
assim fazer coisas (tornar-se mais independente e responsável,
tTcscer como pessoa, separar-se de um cônjuge, querer morrer
poi não saber solucionar sua situação insatisfatória) pelas quais
BOOKS
nossa ser criticado, rejeitado, punido, abandonado pelas pessoas
tjue lhe são queridas]. Deve-se mostrar também que, agindo assim
nao está sendo assertivo e autêntico (ver adiante).
Deve-se discutir neste m om ento tam bém a noção
hedonismo responsável. Entende-se por isto a idéia de que somos
inovidos por desejos, mas que isto só se justifica se for feito de forma
i.i< ional, isto é, em que se avalie as implicações positivas e negativas
dr curto, médio e longo prazo de cada decisão. Senão poderíamos
GROUPS
ar.ir impulsivamente e nos arrepender de nossas decisões. Deve-se
discutir também a medida em que uma (ou mais) das próximas três
<iruças possam estar sendo seguidas por ele.
2. A idéia que se deva ser inteiramente competente, adequado e realizador em todos os aspectos possíveis para sc j
3. A idéia que é terrível e catastrófico quando as coisas não são do jeito que a gente gostaria muito que fossem.
(Ellis, 1962)
O conceito de assertividade ou de afirmação pessoal refere-
se à expressão direta, honesta e adequada de sentimentos
INDEX
acompanhada dos comportamentos correspondentes. Já foi visto
que pacientes com pânico são pouco assertivos. Pode-se
compreender isto por seu temor de serem reprovados. Um certo
tempo da sessão 5 e 6 deverá ser ocupado com uma análise das
situações em que o paciente não consegue ser assertivo e com
treinamento de habilidades de assertividade.
Treinar habilidades de afirmação diz respeito a ensiná-lo
a agir desta forma. Uma afirmação é um pensamento positivo
BOOKS
que escolhemos para expressá-la, para que assim possamos atingir
um objetivo. A maior força de uma pessoa virá primeiramente
do modo como ela afirma seu valor como pessoa. Existem duas
fo rmas de afirmações que ela poderia explorar: a) crenças
particulares referentes a quem ela é e b) crenças referentes às
coisas que ela quer fazer em sua vida.
Sessão 6. Tem como objetivos básicos a m anutenção e o
GROUPS
fortalecimento do que foi aprendido. As metas e tarefas:
1. Rever e analisar tarefas
2. Análise de iniciativas existenciais
3. Repetir exercícios de relaxamento, de conscientização corporal
e respiratórios.
INDEX
[□BI)I a BUI i*ós]
30!
25 1
20
15
10
5
BOOKS
0
I ijMira 1 - Comparação entre os resultados do Inventário Beck de Ansiedade
nu pré-teste (25,72) e no pós-teste (15,81).
|anni p r i :; m ix pós]
GROUPS
/ II —---------------------------- s
I i|’,ura 2. Comparação entre os resultados do Inventário Beck de Depressão no
|*ió-tesce (22,50) e no pós-teste (12,33).
Conclusões
Como pode ser visto por esses resultados este tipo de
programa tem se mostrado efetivo o que sugere a sua utilização
numa escala mais ampla mesmo com pessoas que não tenham
um treinamento sólido no uso de procedimentos cognitivo-
comportamentais em pacientes com transtorno do pânico e com
agorafobia.
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BOOKS
GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
INDEX
mentais, logo depois da depressão, dependências químicas e fobias
(Alnamowitz, 1996). Manifesta-se com maior freqüência no final
il.i adolescência ou início da idade adulta, embora pelo menos 1/3
tl.is pessoas afetadas relatem sintomas desde a infância (OC
Í oundation, 1998)'. A gravidade da condição varia conforme o grau,
podendo ser severa o bastante para levar o paciente à total perda da
funcionalidade. Caracteriza-se pela ocorrência associada ou
BOOKS
independente de obsessões e de compulsões.
Obsessões são comportamentos encobertos sob a forma de
pensamentos, idéias, imagens, impulsos, lembranças, urgências
nu dúvidas intrusivas, estereotipadas, incontroláveis que
interrompem o curso natural de atividades cognitivas do paciente
c o tornam “prisioneiro” desses pensamentos. As obsessões se
i .iracterizam por serem, além de intrusivas, incôm odas,
desprazerosas, ameaçadoras ou inaceitáveis. Compulsões são
GROUPS
ro m p o rtam en to s públicos ou encobertos, ritualísticos,
neutralizadores”, mágicos, encobertos ou observáveis. As
rompulsões, emitidas em resposta à dem anda da obsessão,
reduzem rapidamente a ansiedade até a ocorrência do próximo
episódio obsessivo, que pode acontecer a qualquer momento,
.1pós segundos ou após semanas (DSiVÍ-IV, 1994).
INDEX
“adequado” remove a ansiedade gerada pelo pensamento “ruim”
inicial e reforça a resposta compulsiva que voltará a ocorrer quando
surgir o próximo pensamento obsessivo (Figura 1).
Etiologia do TOC
Modelo Comportamental
De acordo com o primeiro modelo comportamental do
BOOKS
T O C , proposto por Mowrcr em 1939, os comportamentos dc
medo e de esquiva observados na síndrome são aprendidos e
mantidos a partir de associações entre um estímulo inicialmente
neutro e outro estímulo, naturalm ente desconfortável ou
ansiógeno para o organism o exposto. Pelo processo de
condicionamento clássico, estímulos associados à situação aversiva
original, tais como objetos, imagens e lembranças adquirem
características eliciadoras de respostas de medo e de ansiedade
GROUPS
semelhantes às ocorridas na situação original. Na seqüência, o
organismo desenvolve respostas de esquiva ou fuga para evitar
ou terminar a ocorrência dos estímulos condicionados, eliciadores
do medo ou ansiedade (Riggs e Foa, 1993; Beck e Bourg, 1993).
O organismo pode terminar a ansiedade compulsivamente
através de respostas de esquiva ou de fuga como, por exemplo,
evitando lugares, situações ou estímulos de modo geral, que sejam
potencialm ente desencadeadores de ansiedade ou emitindo
repostas capazes de reduzir o desconforto ou ansiedade, tais como
INDEX
BOOKS
I igura 1 - Esquema demonstrativo da seqüência de eventos e respostas no
( i do dol OC
Modelo Biológico
Pelo menos três vertentes são encontradas na literatura
médica para explicar a etiologia do TOC: a da neuroanatomia
Inncional, a dos neurotransmissores e a da genética (Koran, 1999).
GROUPS
I studos sobre a neuroanatomia funcional do cérebro têm observado
( onsistentes anomalias e outros estudos têm relatado um decréscimo
no volume do núcleo, embora esse achado seja inconsistente. Alguns
estudos mostram aumento na atividade metabólica ou fluxo
sanguíneo em certas estruturas cerebrais dos portadores de TOC,
explicadas pela disfunção do núcleo caudal. Essas atividades são
reduzidas com terapia, tanto m edicam entosa quanto
i omportamental (exposição e prevenção de resposta - EPR).
INDEX
distração para inibir as compulsões. Essa técnica, desenvolvida
pm Meyer nos anos de 1960, consiste no confronto proposital
t!<> paciente com o estímulo ou situação desencadeadora da
resposta de m edo ou de ansiedade. A exposição é feita
repetidamente, de uma só vez ou de forma gradual, ao vivo ou
pui imagens, conforme mais indicado pela avaliação do sintoma,
d<> contexto (Thorpe e Olson, 1997), das características pessoais
r da história do paciente.
INDEX
para que a ansiedade abaixe antes que o paciente seja removiiln
da situação ou que o estímulo ansiógeno seja terminado.
Removendo obsessões
A repetida apresentação de um estímulo a determinado
organismo e o tempo de exposição pode resultar na diminuição
da resposta controlada por esse estímulo, através dos processos
de habituação e de extinção. De acordo com Balasam, Deich,
BOOKS
Ohyama e Stokes (1998), para respostas incondicionadas ocorre
habituação e para repostas condicionadas ocorre extinção. Sob o
enfoque comportamental, a redução de respostas obsessivas através
da exposição pode ser explicada pelo do processo de extinção.
Sob o enfoque biológico, a redução de respostas obsessivas pode
ser explicada pelo processo de habituação da resposta ao estímulo
ansiógeno.
Habituação é o decréscimo na capacidade de um estímulo
GROUPS
para evocar uma reação comportamental depois de repetidas
exposições. Esse efeito é específico para cada estímulo de modo
que não afeta o controle da resposta por outros estímulos mais
adequados (Davidson & Benoit, 1998). De modo geral, o
p o rtad o r de T O C é exposto repetidam ente a estímulos
ansiógenos, mas poucas vezes demonstra respostas de habituação
a essas situações. Provavelmente isso ocorre devido ao curto tempo
de exposição, porque quando o nível de ansiedade aumenta, o
INDEX
»1 impulsão tem exatamente o objetivo de terminar a situação o
mais rápido possível, o que impede a dissociação entre a resposta
d<- medo e a situação temida. Assim, ao invés da extinção da
resposta de medo ou ansiedade, o que ocorre é o reforçamento
da resposta compulsiva, quando o organismo é reforçado pela
imediata baixa da ansiedade ou do medo por terminar a situação.
Alguns portadores de T O C demoram ou não entram no
processo de extinção quando expostos ao estímulo temido. Uma
BOOKS
possível explicação para o fato é a de que essas pessoas não
identificam os estímulos desencadeadores das obsessões e assim
ifduzem as oportunidades de se expor deliberadamente a esses
est ímulos.
Segundo Riggs e Foa (1993), a persistência da resposta
de ansiedade e medo em um organismo exposto anos seguidos a
situações temidas, sem nunca comprovar a ocorrência das
( onseqiiências ave rs ivas e sem extinção da resposta, pode ser devida
GROUPS
a falhas no processo de extinção para aquele organismo. Essa é
uma explicação tam bém possível para alguns organismos
resistentes ao tratamento por exposição.
Remo vendo co mp ulsões
Pessoas expostas a situações cuja ocorrência independente
do seu comportamento aprendem que essas situações ou eventos
estão fora de seu controle. Entretanto, como mostram os estudos
INDEX
fato não for acidentada, ele tem a “confirmação” de que a su.i
resposta controla o evento “acidente com a mãe”.
Assim, sempre que o pensamento surgir, o paciente emitirá
o comportamento compulsivo “para evitar” o fato que pensa estar
sob seu controle. O acidente da mãe, o desenvolvimento de câncci
em uma certa pessoa ou a ocorrência de alguma tragédia suo
eventos que certamente ocorrem na dependência de uma gamu
de variáveis que de forma nenhum a incluem os rituais ou
BOOKS
quaisquer comportamentos “mágicos” que alguém possa emitir,
Mas, para algumas pessoas, as relações de causalidade percebid.i
entre alguns acontecimentos e seus determinantes apontam paru
os próprios comportamentos como controladores desses eventos,
A possibilidade de ter que refrear a resposta ritualístieu
aumenta ainda mais o nível de ansiedade e desconforto do pacienir
que, dessa forma, opta por emitir a resposta sempre que a obsessão
ocorre. A compulsão impede o paciente de evidenciar a tot.il
GROUPS
independência entre os fatos temidos e seus rituais.
E interessante que, quando perguntados se acreditam que
os eventos temidos de fato ocorrerão se a resposta não for emitida,
a maioria dos portadores de T O C responde que não é provável
ou que é pouco provável. Entretanto, quando o pensamento
obsessivo ocorre, a dúvida surge (e se dessa vez acontecer?). Com
a dúvida, surgem a ansiedade e o desconforto que resultam na
compulsão antes que haja tempo para a ansiedade abaixar. Essa
INDEX
e *posição e o bloqueio da resposta com pulsiva. Estudos
titiurolados, estudos de caso e meta análises têm demonstrado
Miic as duas técnicas utilizadas em conjunto têm um impacto
tei.ipêutico de aproximadamente 75% de sucesso na remissão
tlt sintomas (Foa e Kozac, 1996; Foa, Abramowitz, Franklin e
lu»/ak, 1999), enquanto que separadamente cada uma apresenta
a 40% de sucesso. Esses dados sugerem que ocorrem dois
mecanismos diferentes necessários ao sucesso do procedimento.
BOOKS
N<> primeiro, as obsessões produzidas por condicionamento
nversivo e mantidas por esquiva e fuga entram em extinção; no
sr^undo, são extintas as compulsões, condicionadas e mantidas
pela associação com sinais de segurança.
O p rocedimento básico da EPR consiste em expor o
nij;anism o por longos períodos de tem po aos estímulos
tmsiógenos e simultaneamente prevenir a emissão da resposta
(■impulsiva e ritualística. Em um primeiro momento a ansiedade
GROUPS
tende a aumentar devido à expectativa da ocorrência do evento
temido. Após certo tempo de exposição, a ansiedade abaixa e o
• iclo do T O C é enfraquecido devido ao enfraquecimento das
.issociações entre pensamentos obsessivos e ansiedade e entre as
obsessões e os comportamentos compulsivos (ver Figura 2).
Rachman, de Silva e Roper (1976) compararam o alívio
obtido por pacientes com obsessão de conferência que obtinham
alívio através da realização da conferência e o alívio obtido por
INDEX
permanência dos ganhos iniciais. Segundo os autores, a exposiç.m
foi mais eficaz na redução da ansiedade e a prevenção de respostas
mais eficaz na redução de compulsões.
BOOKS
GROUPS
Figura 2. Ciclo do enfraquecimento da resposta obsessiva através da Exposição
e Prevenção de Respostas
A redução dos sintomas através da EPR ocorre devido à
diminuição da alta probabilidade de conseqüências negativas
percebidas pelo paciente em associação a certos estímulos. A
técnica resulta em repetidas desconfirm ações de que a
conseqüência temida ou possíveis danos possam ocorrer.
Variações da EPR
As principais dimensões da EPR incluem: o controle da
f kItosição, o método de evocação do estimulo, a estratégia de
tx posição e o grau de prevenção da resposta,
i () controle de exposição pode ser realizado pelo terapeuta durante
as sessões ou pelo próprio paciente à medida que as oportunidades
■Urgem no seu cotidiano. Alguns estudos m ostram maior
progresso quando a exposição é guiada pelo terapeuta do que
■jti. indo são realizadas por iniciativa dos pacientes (Riggs e Foa,
l ‘>93). Em sua m eta análise realizada com 24 estudos,
INDEX
Abramowitz (1996) também concluiu que os melhores resultados
são obtidos sob o controle do terapeuta. O utros estudos
(I loogduin e Hoogduin, 1984; Emmelkamp e Kraanen, 1977)
sugerem que os resultados obridos quando a técnica é controlada
pelo terapeuta é similar aos resultados obtidos quando o próprio
paciente controla a exposição.
Esses achados incentivam o procedimento de instrumentar
o paciente no manejo da técnica, através de treinam ento
BOOKS
supervisionado, otimizando o alcance de resultados e reduzindo
os custos do tratamento. Em nossa experiência no PRESTA -
Programa de Estudos e Tratamento dos Transtornos da Ansiedade,
na Universidade de Brasília, o controle da exposição, meio de
evocação do estímulo ansiógeno, estratégia de exposição e grau
de prevenção da resposta são determinados de comum acordo
eutre o paciente e o terapeuta, considerados o grau de ansiedade
gerado por cada estímulo temido. O início do tratamento é
GROUPS
realizado com o controle da exposição feito pelo terapeuta até
<|ue o paciente observe evidências de sucesso no uso da técnica,
adquira confiança em realizar as exposições (redução do medo) e
reconheça sua competência no enfrentamento e manejo da
ansiedade quando previne a emissão da resposta compulsiva.
II - A evocação do estímulo ansiógeno pode ocorrer ao vivo, em
situações da vida real ou através de exposição a imagens geradas
em pensamento. Muitas vezes é impossível expor o paciente ao
SuELY S a l e s G u im a r ã es
INDEX feito por exposição ao vivo precedida por exposição por imagens
tem oferecido os melhores resultados. Aparentemente, o acesso
por imagens permite exposição a maior variedade de estímulos
temidos, enquanto pela exposição ao vivo menos situações san
disponibilizadas para o treino do paciente (Riggs e Foa, 1993),
Por outro lado, é possível que a generalização seja mais difícil
para algumas pessoas que então requerem mais oportunidade dr
treino ou que a repetição em situações e estímulos diferentes
INDEX
jtui imersão pessoas para as quais o estímulo mais aversivo não é
ãveisivo o bastante para impedir o uso da técnica.
IV O grau de prevenção das respostas indicado pode ser total,
iiti,indo o paciente é orientado a omitir 100% das respostas
Mimpulsivas; parcial, quando ele pode emitir algumas respostas
< siabelecidas ou gradual, quando a prevenção da resposta cresce
giadualmente até chegar a 100% ou a um nível considerado
Jiritável para aquela resposta.
BOOKS
A graduação favorece a disposição do paciente para fazer
uso da técnica, reconhecida como sendo emocionalmente tão
mierosa para o paciente quanto a própria sintomatologia. O uso
de pequenos passos sugere ao paciente evidências de que a
pievenção é possível sem que a conseqüência temida ocorra.
Aumenta a confiança que no início é pequena, a motivação e a
disponibilidade para prevenir a resposta, mesmo às custas de
algum grau de ansiedade, às vezes alto, mas que já pode ser
evidenciado como algo que certamente vai passar.
GROUPS
Abramowitz (1996) sugere que a completa prevenção da
irsposta traz melhores resultados que prevenção parcial ou apenas
-i exposição. No PRESTA, temos concluído pela relevância em
adequar a prevenção às características pessoais do paciente e ao
tipo de compulsão a ser evitada.
Por exemplo, temos observado que pacientes portadores
de compulsão por conferência, quando orientados a passar por
situações críticas realizando apenas duas conferências, podem
INDEX
resposta, o nível de ansiedade observado no intervalo de duas
horas e as evidências de seu sucesso (reforço positivo) e a ausência
das conseqüências temidas.
O reasseguramento nem sempre é compulsivo, mas quando
se torna estereotipado e repetitivo é uma compulsão e deve set
refreada. Paciente e pessoas próximas, geralmente eleitas como
reasseguradores, devem concordar que não serão oferecidos
reasseguramento para benefício do tratamento.
INDEX
!t inos encontrado que pacientes capazes de articular seus temores
r que têm clareza da falta de sensatez desses medos, obtêm maior
lucesso com a técnica do que seus pares.
A literatura sugere que o insight sobre a real possibilidade
d is conseqüências tem um papel mediador no sucesso da técnica,
embora os achados sejam inconsistentes. Alguns estudos mostram
que quanto maior o insight, maior as chances de sucesso e vice-
versa; outros não encontram correlação entre a funcionalidade
BOOKS
d.t técnica e o nível de insight. Uma possível explicação para as
lorrelações encontradas é de que talvez crenças extremamente
lortes sobre a possível ocorrência de um mal possam inibir a
eficácia da EPR.
Outra possível explicação diz respeito não ao fenômeno,
mas ao tratamento dos dados. Testes estatísticos delineados para
detectar relações lineares, como análises correlacionais, podem
ser insensíveis a esse tipo de fenômeno e mostrar um resultado falso
GROUPS
negativo (Foa, Abramowitz, Franklin e Kozak, 1999; Neziroglu et
1999). Entretanto, os estudos mostram que, mesmo não havendo
extinção das respostas obsessivas e compulsivas, pacientes tratados
por EPR mostram pelo menos redução na força da convicção de
<]iie as conseqüências temidas ocorrerão.
No PRESTA, trabalhamos com a educação do paciente
.intes de qualquer treinamento de exposição. Investigamos as
possíveis conseqüências percebidas por ele; as evidências de que
podem de fato ocorrer, através da investigação de ocorrências
INDEX
fantásticas e obsessivas. Em algum tempo, passa a fazer ai
perguntas que o terapeuta faz e a usar as evidências comn
indicadores da realidade e da fraqueza do argumento obsessivo,
Rituais mentais são mais difíceis de tratar porque há pouca
distinção entre a urgência de realizar esse tipo de ritual e sua reil
ocorrência, deixando pouco controle para o paciente. No
tratamento da obsessão, a técnica requer a exposição ao estímulo
que é o pensamento; e no tratamento do ritual é necessário
BOOKS
prevenir a resposta que nesse caso também é o pensamento. Muitu
freqüentemente é difícil diferir as duas respostas, principalmente
por serem ambas encobertas e passíveis de observação apenas
através da colaboração do sujeito que, muitas vezes, não sabe
fazer a diferença e que, antes de tudo, requer uma clara distinção
entre obsessão e compulsão.
O Programa de Estudos e Tratam ento dos Transtornos du
O
GROUPS
Ansiedade - PRESTA
Grupo de T O C do PRESTA funciona nas dependências
do Centro de Assistência e Ensino em Psicologia (CAEP) do
Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília e trabalha na
investigação de técnicas e procedim entos adequados à
compreensão e tratamento do TOC. Os participantes são portadores
de T O C recrutados através da imprensa local e de indicações,
diagnosticados através de um “checklist” de sintomas e do Y-BOCS,
INDEX
m.tis ansiógena e o grau de prevenção de respostas também é
gradual, exceto para situações muito específicas, fodos os
rlrmentos da exposição são estabelecido durante a sessão em
a< ordo com o paciente As sessões seguem um roteiro que inclui:
I . Exposição sobre o T O C , incluindo definição de termos,
( ,iracterísticas, sintom as, teorias explicativas, ciclo de
idorçamento do transtorno, características da ansiedade e técnicas
ilr relaxamento.
BOOKS
Introdução à técnica de Exposição e Prevenção de Respostas,
.ipontando a lógica entre o ciclo do TOC, os processos de extinção
r de habituação e a EPR.
Apresentação de casos ilustrativos com discussão à luz da teoria.
<) paciente é encorajado a descrever e detalhar seus pensamentos
obsessivos e compulsões, época de início dos sintomas, discutir
tratamentos já realizados, questões sobre diagnóstico e tecer
<omentários, se assim o desejar.
GROUPS
i. Treinam ento em técnicas de relaxamento e controle da
respiração para manejo da ansiedade.
V Apresentação do Protocolo de Registro de Progresso (PRP) e
esclarecimento de dúvidas. Construção de hierarquia de medo e
início de programação de pequenos passos para exposição.
Discussão de dúvidas e de conduta a ser tomada em caso de
insiedade durante os exercícios de exposição ao longo da semana.
Distribuição de folheto informativo e discussão.
I
SuELv S ales G uimarães
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BOOKS
GROUPS
I llternotivos n õ o ovsrsivcis p o ro tr a ta m e n to d a
problem as d e a n sie d a d e
R o b e r t o f llv e s B a n a c o
INDEX
IM Ireqüência quanto na diversidade de suas manifestações.
As terapias de inspiração comportamental têm trazido
mino procedimentos para o enfrentamento da ansiedade várias
trc nicas, algumas delas trazendo em seu próprio bojo o efeito
i|ii<- pretendem eliminar. E a eliminam. O objetivo deste trabalho
< . onsiderar os aspectos aversivos de algumas técnicas e seus efeitos
sobre o próprio processo terapêutico, buscando, também,
rncontrar alternativas não aversivas para o tratam ento de
BOOKS
problemas de ansiedade.
Para isto, buscar-se-á perseguir um pouco a história e a
multiplicidade de modelos explicativos da ansiedade contidos
no corpo de conhecimento que tem sido chamado de terapia
»omportamental, analisando o surgimento das propostas de
tratamento; ainda, buscará aprofundar a proposta de alternativas
ii.io aversivas para lidar com esse problema; c por fim, retomará
.ilguns resultados que vêm sendo obtidos com essa nova proposta.
GROUPS
A história da terapia comportamental e seu entendimento da
.msiedade
Desde o manifesto de Watson (1913), a psicologia
deparou-se com formas de lidar com os problemas humanos
bastante distintas das que vinham sendo trazidas para esse corpo
de conhecimento até então. Watson declarava nesse manifesto
INDEX
O m odelo de W atson em pouco tem po reccbeji
transformações que tentaram abarcar mais extensamente fl
fenômeno hum ano. Os assim chamados neo-behaviorisi a§,
passadas duas décadas, passaram a redefinir o comportamento #
seus controles, formulando novas formas de estudá-los.
Assim, Tolman (1932; 1938) e Hull (1943; 1952) fizeiam
novas propostas de entendimento e estudo do comportamomi)
humano, levando em consideração eventos internos ao organisnm
BOOKS
que mediariam estímulo e resposta. Seus modelos têm sido
representados como modelos S-O-R (nos quais o termo “O ” teini
se referido a variáveis do organismo) e deram origem às teorias #
terapias de cunho cognitivista no caso de Tolman t
neuroftsiológico no caso de Hull (Costa, 1999).
Já Skinner (1938) propunha que havia, além das relaçõei
estímulos-respostas, outro tipo de relação entre organismo^
ambiente: as relações respostas-estímulos que também teriam
GROUPS
uma parcela de controle sobre o comportamento. Ou seja, Skinnit
dava ênfase em seu trabalho, não apenas a estímulos que
produziam respostas, mas também a um efeito que o organismo
provocava sobre o ambiente quando “respondia” a ele. A essg
comportamento Skinner chamou de operante, porque faz uma
operação sobre o mundo, modificando-o.
Em vários outros trabalhos S kinner recupera a
possibilidade da introspecção como fonte de conhecimento sobre
o comportamento (entendido por ele não apenas pelo que o
INDEX
pressuposto através das explicações e propostas para o tratamento
d i ansiedade.
i )s modelos explicativos da ansiedade e as técnicas oriundas deles
Modelos S-R
Se partirmos do modelo explicativo proposto por Watson
p.ira explicar a ansiedade, teríamos possivelmente que ela é um
BOOKS
efeito reflexo, no organismo, de algum estímulo específico.
I )escobertos estímulos e respostas responsáveis pelo que
( ham am os de ansiedade poderíam os, então, aplicar
(onhecimentos oriundos de estudos de leis do controle reflexo e,
dessa forma, atuarmos sobre a relação de ansiedade.
De fato, seguindo esse raciocínio, algumas técnicas
( om portam entais foram propostas e durante muitos anos
extensamente utilizadas em problemas de ansiedade. O exemplo
GROUPS
mais significativo disto é a proposta da técnica de dessenbilização
sistemática apresentada por Wolpe (1954; 1958; 1969). Baseado
na característica de que uma relação reflexa pode ser inibida por
outra que provoque respostas contrárias à primeira, Wolpe propôs
um tratamento da ansiedade (entendida como uma resposta
reflexa) que se utiliza de outros estímulos que provoquem
relaxamento (outra resposta reflexa, incompatível com a primeira).
Para que a técnica seja eficaz é necessário que o reflexo da ansiedade
a ser tratado seja do tipo condicionado (ou seja, que ele não
dependa de relações reflexas “naturais”, tais como a ocorrida
quando há um risco real de prejuízo para o organismo, mas quê
tenha sido “ap rend id a”, através de um processo df
condicionamento). Assim, perante estímulos gradativamente
mais parecidos com o estímulo causador da ansiedade, estímuloj
que provoquem respostas de relaxamento são apresentados até
que a resposta de relaxamento prevaleça sobre a de ansiedade. 1
Várias outras técnicas são baseadas nessa forma de
entendim ento da ansiedade (ver a terceira parte do livro dc
Caballo, 1996, para uma revisão pormenorizada dessas técnicas),
INDEX
A maior parte delas envolve enfrentam ento da estimulação
aversiva, com apresentação de respostas incompatíveis.
Modelos S-O-R
Este modelo explicativo para a ansiedade leva em consideração
aspectos relevantes do ambiente, mas de alguma forma o indivíduo
tem uma parcela de determinação sobre ela que pode ser dc origem
biológica e/ou de origem psicológica (ontológica). Assim, segundo
BOOKS
esse modelo, poderia haver uma predisposição genética do indivíduo
(tal como apresentada por interpretações hullianas) que teria,
portanto, uma “tendência herdada a manifestar ansiedade” (Falconc,
1997a). Segundo essa autora, ainda para o desenvolvimento de um
transtorno de ansiedade o indivíduo deveria desenvolver “umu
percepção de incontrolabilidade, de imprevisibilidade em relação
ao mundo que é aprendida a partir da relação familiar e dal
experiências de vida” (Falcone, 1997a, p. 100). As explicações e,
GROUPS
portanto, as intervenções oriundas desse modelo, priorizam o cio
“O ” da relação S-O-R.
As explicações baseiam-se na história da espécie que reagiria
a determinados estímulos, mas atribui o transtorno aos indivíduos
ansiosos1 que “costumam ativar falsos alarmes com m uita
1 Note tjiie nesta explicação o indivíduo passou a assumir unia característica, uma qualificaçlti
e não mais a relação estabelecida entre ele e seu ambiente. Por esta razão, algumas vezes o?
cognitivistas têm sido classificados como estruturalistas (Skinner, 1974).
INDEX
obsessivo-compulsivo, o indivíduo preocupa-se excessivamente em
i ontrolar idéias, pensamentos, impulsos, ou imagens considerados
intrusivos, desagradáveis e socialmente reprováveis” (ou seja, aponta
para variáveis organísmicas cognitivas, como as propostas pela
tradição tomaniana).
Nota-se neste tipo de explicação uma preocupação com
<uracterísticas do indivíduo, mais do que com as características da
relação indivíduo-ambiente, o que remete diretamente a uma
BOOKS
avaliação nomotética do problema humano (Marinho, 2000; Silvares
<• Banaco, 2000). Busca, dessa forma, critérios de normalidade para
definir as doenças, transtornos ou síndromes comportamentais (já
que nem todos, sob as “mesmas” condições ambientais apresentam
tais problemas) bem como as ocasiões e descrições topográficas do
comportamento (entendido como “o que o indivíduo faz”) sobre os
(juais se deve aplicar a técnica (Banaco, 1999).
Obviamente, a terapia possível de ser aplicada por um
GROUPS
psicólogo não poderia ser de cunho genético, restando, portanto,
para os que se utilizam desse modelo, a intervenção sobre os
condicionamentos respondentes e sobre a cognição do indivíduo,
embora não raramente se encontre referências a tratamentos
combinados de terapia cognitivo-comportamental e medicamentosa
(Peres Álvarez, 1996; Falcone, 1997b; Wielenska, 1997).
Como exemplo de técnicas para tratamento de ansiedade,
mais especificamente em casos de fobia social, Falcone (1997b)
INDEX
Técnicas cognitivas também são apresentadas, tais como
“registro diário de pensamentos disfuncionais”, “confirmação da
realidade” e “técnicas de reatribuição”, todas com o propósito
específico de corrigir o “filtro inadequado” da realidade com o
qual o indivíduo interpreta os eventos do ambiente. Também
técnicas baseadas principalmente na Teoria de Aprendizagem
Social, tais como o Treinamento em Habilidades Sociais (Caballo,
1996; Falcone, 1997b).
BOOKS
A maior parte dessas técnicas acaba por trazer muita
aversividade para dentro da sessão terapêutica, seja por levarem
em seus procedimentos diretamente a apresentação de estímulos
aversivos (como nos casos de dessensibilização sistemática e
exposição), quanto ao apontam ento de incapacidades dos
indivíduos a elas submetidos (como o treinamento em habilidades
sociais ou a reestruturação cognitiva).
Modelo S-R-C
GROUPS
Este modelo (skinneriano) caracteriza-se, cm primeiro
lugar, por considerar qualquer manifestação humana, seja ela
interna ou externa ao indivíduo, como comportamento. Dessa
forma, pensamentos, idéias, etc. seriam produtos de ações
humanas tais como “pensar” ou “idealizar”, assim como a chegada
a um local seria produto de uma resposta tal como “andar” ou
“dirigir um carro”.
A proposta de Skinner sinaliza também que toda e qualquer
ação deveria ser entendida quando se observa sua relação com o
INDEX
com seu ambiente, perder-se-ia o sentido de buscar regularidades
estruturais (topográficas) nos comportamentos observados em
populações. Já apontava Banaco (1997) que “a crença na seleção
(de comportamentos pelo ambiente] leva a, no mínimo, pensar
i|ue todo e qualquer comportamento seja adaptativo dentro das
contingências que o mantêm” (p. 81). Dessa forma, Sidman
(1989/1995) aponta que, segundo essa abordagem, a conduta
chamada de “anormal” também é regida por leis e sugere que
BOOKS
<|uando se efetua a análise do comportamento “freqüentemente
descobrimos que as leis do controle coercitivo, atuando por meio
de contingências de punição, fuga e esquiva, fornecem bases
efetivas para tratamento” (p. 193).
O u tra parte dessa divergência assume que o
comportamento seja multideterminado, em vários níveis de
seleção: filogenético, ontogenético e cultural. Para se fazer uma
GROUPS
boa análise do comportamento, portanto, deveríamos levar em
consideração esses três níveis.
Para a Análise do Comportamento, existiriam também três
tipos de processos c o m p o rtam e n tais2, cuja classificação
dependeria das relações observadas entre organismo-ambiente:
í Im exemplo de análise
Poderíamos investigar, por exemplo, o conjunto de
lii.mifestações que têm sido descritas como Síndrome de Pânico,
r.ssa síndrome pode ser caracterizada por uma resposta reflexa
iiuondicionada, especialmente em seu primeiro episódio. A
questão a ser respondida nesse ponto do conhecimento seria:
qual é o estímulo desencadeante dessa resposta?. A resposta
poderia ser encontrada através de pesquisas epidemiológicas que
jindem apontar aspectos ambientais e/ou físicos comuns de pessoas
que apresentem essa síndrome. Uma segunda fase da construção
INDEX
tlr conhecimento sobre esse fenômeno seria, a partir das hipóteses
,ulvindas da pesquisa epidemiológica, construírem-se modelos
experimentais que tanto avaliariam as hipóteses levantadas,
quanto proporiam formas de tratamento e prevenção.
Depois do primeiro episódio de pânico, no entanto, ele
móprio e os estímulos ambientais a ele associados3 podem passar
.1 controlar uma série de respostas respondentes (por exemplo,
i.iquicardia ao estar em ambientes amplos) e operantes (evitar
BOOKS
rstar nesses ambientes). Seria o que costumeiramente é descrito
como medo de ter medo. A resposta de pânico pode ainda ser
fortalecida por outras conseqüências que provoca no ambiente
do indivíduo que a emite: pode, por exemplo, obter, em seguida
a essa resposta, atenção e cuidados de pessoas importantes, ou
.linda, ser liberado de algumas atividades desagradáveis.
Possivelmente, quando chega para o tratamento, o pânico
j.í pode ser considerado: a) um estímulo; b) uma resposta
GROUPS
incondicionada; c) uma resposta reflexa condicionada e d) em
.ilguns casos, uma resposta operante.
Por essa possibilidade de ter múltiplas funções, a análise
funcional é necessária para a adoção dos procedim entos
necessários (Banaco, 1999).
' Mais uma diferença a ser apontada aqui entre a proposta behaviorista radical de
Skinner e as outras: é o ambiente que associa os estímulos e não o indivíduo. Este apenas
passa a responder ao estímulo que adquiriu, por pareamento, às características do
estímulo incondicionado que originava a resposta.
BOOKS
indesejáveis. Esses com portam entos não são considerados
disfuncionais (conforme discussão realizada há pouco neste
trabalho), dado serem adaptados ao ambiente que os mantêm,
mas são objeto de análise e intervenção por acarretarem
sofrimento pessoal ao indivíduo e uma disfunção social. Essas
relações aversivas e seus efeitos foram extensamente exploradas
por Sidman (1989) que apresenta uma explicação behaviorista
radical para uma série de com portam entos habitualm ente
GROUPS
trazidos para a clínica psicológica.
A psicoterapia foi apontada por Skinner (1953) como uma
agência cultural controladora de comportamentos que tem como
objetivo a eliminação ou o alívio dos efeitos aversivos oriundos
das relações cotidianas. Para que ela funcione dessa maneira, o
terapeuta deve se constituir numa audiência não punitiva, já
que esta seria a forma na qual as respostas suprimidas pela punição
poderiam aparecer na sessão terapêutica, seja em forma verbal
ou mesmo como comportamentos a serem analisados.
INDEX
fenômeno observado no aparecimento de respostas punidas do
i liente durante sessões de um processo terapêutico: elas foram
i ontingentes a falas facilitadoras do terapeuta (sinalização de ausência
de punição, encorajamento e abordagem por aproximações
sucessivas). A autora ainda sugere que esse fenômeno ocorra por
i ontraste coniportamental: a situação terapêutica facilitaria a emissão
<lc respostas mantidas no repertório do indivíduo por reforçamento
positivo, mas suprimidas no ambiente natural pela apresentação
BOOKS
<ontingente a elas de estímulos aversivos. A mera ausência de
punição na situação terapêutica provocaria o aparecimento,
portanto, da resposta punida.
No entanto, Baptistussi demonstra que na terceira sessão
do processo, o terapeuta utilizou-se de uma técnica aversiva
proposta por Córdova e Kohlenberg (1994), obtendo como
resultado respostas de fuga dessa sessão terapêutica (no caso,
GROUPS
apresentação de vertigem que fez com que a sessão terminasse
antes do tempo previsto) e a subseqüente esquiva da mesma (falta
da cliente na sessão da semana seguinte). Esses dados podem
apontar para os problemas de adesão ao tratamento quando
técnicas aversivas são nele utilizadas.
Dessa forma, a utilização de técnicas aversivas em terapia
deveria ser minimizada, especialmente quando formas alternativas
de intervenção pudessem ser aplicadas. Em casos de ansiedade,
já foi apontada a necessidade de conhecimento de qual é o
INDEX
( lonclusão
Pretendeu-se neste trabalho discutir o enfrentamento de
problemas de ansiedade em situações clínicas sem que se recorra
I técnicas aversivas. Para isso, uma breve revisão histórica e
filosófica da terapia comporta mental em suas várias formas foi
.ipresentada, tecendo relações com o entendimento que essas
posturas permitem do fenômeno da ansiedade e os decorrentes
BOOKS
desenvolvimentos de técnicas e o uso delas para a solução desse
tipo de problema.
Foi brevemente descrita também uma pequena série de
propostas de atendimento clínico que não utilizaram técnicas
aversivas para a solução de casos nos quais havia a manifestação
de ansiedade. Foram ainda apontadas algumas evidências e
sugestões de interpretação de que esse tipo de abordagem pode
GROUPS
ser promissor na condução de tratamentos da ansiedade, sem
que se reproduza, na sessão terapêutica, o desconforto que se
quer eliminar.
Mais uma vez deve ser ressaltado que não se trata aqui de ^
propor a não utilização de técnicas aversivas, quando forem |
necessárias. O que é sugerido é que antes da utilização de tais
técnicas o terapeuta faça a utilização de uma análise funcional
do com portam ento em foco, levando em consideração seus
aspectos respondentes e operantes. Desnecessário dizer que para
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Santo André: SET.
Liliono Sogor
10
INDEX
possibilitem encarar o estresse do ponto de vista sistêmico,
surgindo daí a proposta da psiconeuroendocrinologia. O conceito
b.isico sobre o qual a psiconeuroendocrinologia estrutura a sua
ji,. é o de estresse (Vasconcellos, 1998).
Na literatura encontramos estresse como estimulo (“o
n.msito é um estresse imenso!”), como reação (“o chefe está
iiiitado, com um estresse insuportável!”) e raramente o estresse
definido como processo, o que corresponde a sua verdadeira
1
111
BOOKS
natureza. Estressor designa o agente estimulante ou a situação
• e está desencadeando a excitação do organismo, estresse
identifica o processo psicofisiológico em que ele se encontra e
cação de estresse define o comportamento que o organismo
manifesta, decorrente do processo desenvolvido (Selye, 1976).
De uma maneira geral, o simples fato de falar em dentistas
|.i é capaz de provocar uma série de reações de ansiedade nas
GROUPS
pessoas; portanto, antes de qualquer intervenção odontológica,
é importante que se avalie a ocorrência de reações de estresse no
paciente e no profissional.
Os pacientes, em qualquer especialidade médica ou
odontológica, requerem cuidados tanto em relação ao tratamento
odontológico quanto aos aspectos psicológicos. Não se podem
generalizar atuações em nenhum paciente pois estes têm histórias
e experiências muito diversas. A cada consulta, novas atuações se
lazem necessárias, acrescendo a isto que os pacientes, dependendo
INDEX
de respostas comportamentais se revela insuficiente.
Quando o organismo não obtém sucesso nessa adaptaç;lo,
rompe-se o equilíbrio, a estabilidade orgânica, chamada d#
homeostase. Portanto, caso o cirurgião-dentista não encontre
alternativa adequada para lidar com uma situação complexa, ostf
pode estar entrando num processo de estresse, assim como a
paciente, sentindo-se tenso ou desconhecendo os procedimento#
efetuados também inicia uma resposta de estresse.
111114
BOOKS
Caracterização e determinantes da resposta de estresse
Alguns fatores que contribuem para rom per ess#
equilíbrio são os cham ados eventos estressores. Torna-se
importante ressaltar que, entre esses eventos, existem algum
com uns a uma grande maioria de pessoas e outros muíld
particulares. Não há, portanto, uma única origem ou causa d#
GROUPS
estresse, não há uma única cura ou resposta.
Selye (1974) definiu a reação de estresse como a Síndrome
de Adaptação Geral (SAG) e dividiu-a em três estágios: alarmgj
resistência e exaustão. Na primeira fase- alarme, o organismo
mobiliza-se por inteiro para reagir ao estressor, o corpo todo sp
INDEX
.1
BOOKS
I )eve-se lembrar que, sob estresse, ocorre um gasto de energia
no organismo, independente de ser um distresse ou eustresse.
A resposta de estresse consiste na produção de esteróides
do córtex adrenal e a produção de epinefrina pela medula adrenal
c nervos simpáticos. Caso a produção dessas substâncias continue
por um período prolongado, ocorrem várias complicações médicas
tomo: diminuição do sistema imunológico, elevação da pressão
arterial, elevação do colesterol, elevação da glicose, elevação dos
GROUPS
batimentos cardíacos e irritação das paredes do estômago e do
trato intestinal. No entanto, se durante o distresse se produzir
um relaxamento, este cancela os efeitos da resposta de estresse.
O relaxamento se caracteriza pela desativação do córtex
adrenal e do sistema nervoso simpático. Como resposta, ocorre
um decréscimo dos batimentos cardíacos, uma diminuição da
pressão arterial e os níveis de colesterol são reduzidos em
comparação aos efeitos na resposta de estresse. Quando frente a
INDEX
epinefrina e noraepinefrina), estimulação da atividade do neiMj
simpático, etc.
A resposta de estresse, inclui fatores psicológicos e
fisiológicos, conforme se observa no Quadro 1:
Quadro 1: Fatores psicológicos e fisiológicos incluídos na resposta de estre^
FATORES PSIC O LÓ G IC O S FATORES FISIO LÓ G IC O S
BOOKS
Ansiedade Aumento de sudorese
Pânico Taquicardia
Angústia, Ansiedade Tacpnéia
Insônia, Pânico Hiperacidez estomacal
Alienação Tensão muscular
Dificuldades interpessoais Transtornos buco-dentais (Bruxisnv*
GUNA)
Dúvidas quanto a si próprio Hiperatividade
GROUPS
Preocupação excessiva Náuseas
Inabilidade em se concentrar em outros assuntos que Anorexia
não o estressor
Inabilidade em relaxar Alteração no sistema imunológico
Tédio Dores crônicas cervicais e cefaléias
Ira Transtornos cardiovasculares, respiratórios,
Depressão Transtornos endócrinos, gastrointestinais
dermatológicos musculares e sexuais.
Hipersensibilidade emotiva Diabetes e Hipoglicemia
INDEX
,ii ompanhado de pouca cooperação durante o procedimento. Se
0 dentista está com problemas, certamente sua tolerância para
m m as situações também está diminuída. Portanto, vamos
descrever algumas características do estresse.
Se recordarmos, a percepção do estresse é que o torna
positivo ou negativo. A forma como a pessoa percebe os estressores
determina sua resposta particular de estresse.
Vários fatores podem determinar a resistência ao estressor:
BOOKS
,i saúde individual (nutricional, exercícios), fatores genéticos, tipo
de personalidade, suporte social, fatores de persistência,
e xperiências anteriores com estressores e capacidade de manejo
do estresse.
1 stágios do estresse
O primeiro estágio ocorre quando o estressor aparece. Aqui,
.1
GROUPS
resposta de estresse promove uma energia positiva: o eustresse,
que é onde ocorre uma melhora da performance e das habilidades.
No 2o estágio, certos sinais do distresse aparecem, demonstrando
que o estressor não foi bem trabalhado. A energia complementar
c utilizada e aparece o cansaço. Dores de cabeça e tensão muscular
estão geralmente presentes. Se a pessoa tem dificuldade para
relaxar, freqüentemente aparecem os distúrbios do sono.
No 3o estágio, aparecem os efeitos cognitivos do distresse.
A pessoa fica irritada e ansiosa. Sentimentos negativos aumentam
INDEX
irritação estomacal e intestinal, hipertensão arterial, taquicardi,i,
tacpnéia, tensão muscular, aumento da produção de esteróidpgjB
apertar ou ranger dos dentes, insônia ou dormir demais, etc; 1
(b) os efeitos comportamentais mostram como a pessoa reage durante 1
o distresse: im pulsividade, propensão a a c id e n te s *
hipersensibilidade emotiva (gargalhadas nervosas, explosões de 1
raiva), bebe ou fuma em excesso, mudanças em seus hábitos 1
alimentares, etc;
BOOKS
(c) os efeitos psicológicos do distresse podem tornar a pessoa irritável, 1
com sentimentos de culpa, raiva ou ansiedade. Em pacientes 1
com medo, os efeitos sinérgicos aumentam o medo. Podem I
ocorrer baixas de auto- estima, depressão e sentimentos de solidão; 1
(d) os efeitos cognitivos podem ser vistos quando a pessoa está 1
muito sensível a criticas construtivas. Por ex. quando você tenta I
corrigir sua auxiliar de uma forma positiva, construtiva, ela reage I
como se fosse uma crítica ou um ataque pessoal. A pessoa tende 1
GROUPS
a tornar-se indecisa e esquecida;
(e) os efeitos organizacionais são sentidos nas indústrias, com quedas I
na produção, aum ento de acidentes de trabalho, etc. No 1
consultório, isso se observa quando sua assistente implica com a
recepcionista ou quando ela está “num mau dia” e isto é péssimo 1
para o seu paciente, principalmente se ele tiver medo.
Portanto, antes de tratar um paciente, é necessário avaliar I
de que forma esse paciente vivência determinada situação,
INDEX
ambientais, como pressões econômicas e financeiras, pressão com
0 lempo, demandas no trabalho, trabalho com pacientes ansiosos
r pouco cooperativos, infringir dor, limitação visual do campo
operatório, barulhos do equipamento, radiação, exposição a
doenças, efeitos do trabalho prolongado em determinada posição
iísica, repetição do trabalho, passar o dia todo confinado em um
1onsultório, competição profissional, etc. Os fatores emocionais,
o co m p o rtam en to dos pacientes, da equipe de trabalho
BOOKS
(assistentes, recepcionista, etc), também interferem no ambiente
de trabalho, atitudes públicas negativas, etc. Muitos dentistas,
atualmente, são mulheres que acabam desempenhando uma série
de papéis: profissional, esposa, mãe, criando uma série de
conflitos e expectativas das mais diversas.
Os fatores interpessoais c intrapsíquicos, ou seja, a forma
pessoal como avaliamos as situações, os pensamentos, os valores
e as crenças são cruciais para o desenvolvimento maior ou menor
GROUPS
de respostas de estresse. Todos os fatores citados não são estressores
para todas as pessoas; o que muda é a avaliação individual destes
para cada um. Se acrescentarmos a isto um cirurgião-dentista
que lida com pacientes especiais, veremos que mais alguns
requisitos podem som ar-se aos anteriores e tornarem -se
potencialmente estressores.
Para se lidar com esses pacientes, é necessário uma dose
maior de paciência, atenção para perceber e avaliar o repertório
INDEX
fundamental para uma relação profissional-paciente com o mentil
gasto de energia possível.
Avaliação do estresse
Uma forma para avaliar o estresse do paciente é perceber #
analisar suas respostas fisiológicas, psicológicas e sociais no
contexto odontológico. Por exemplo, um paciente que, ao sentAr
BOOKS
na cadeira odontológica, apresenta sinais de taquicardia, sudorese
excessiva, sialorréia, tremedeira, tensão muscular, está mostrando
que a situação está sendo vivenciada como ameaçadora. Umu
alternativa é identificar quais são os eventos que propiciaram
essas respostas. O que este paciente está temendo: se ele tem
medo da anestesia; se está ansioso por desconhecer o que iri
acontecer, se está antecipando uma situação negativa, pela qual
ele já passou; se está assim pois permanece com dor; enfim, deve«
GROUPS
se iniciar avaliando o que ocorre.
Quais são suas respostas psicológicas? Ele está irritada,
deprimido, ocorre hipersensibilidade emotiva (risadas nervosas
ou choro compulsivo), demonstra inabilidade em se concentrar
ou relaxar, mostra-se alienado?
Provavelmente um paciente que evidencie algumas destas
características está vivenciando a situação como ameaçadora e
seu organismo não encontra uma forma de adaptar-se a esta
INDEX
necessário um acompanhamento psicológico, onde serão avaliadas
todas as situações eliciadoras de ansiedade e formas de lidar com
as causas de tensão.
Uma das causas que provavelmente são estressoras para os
dentistas que atuam com pacientes especiais é a falta de
previsibilidade do comportamento do paciente em cada sessão.
S.ibe-se que as alterações do comportamento são influenciadas
pela relação do paciente com sua família, com o profissional,
suas experiências odontológicas anteriores.
BOOKS
A con du ta sugerida seria conduzir um a avaliação
<omportamental das situações potencialmente estressoras para
• .ida paciente.
Algumas questões que podem ajudar a elucidar essas situações
I ) Quais as situações em que o paciente tem medo?
2) Como ele se comporta nessas situações?
S) Quais são os sinais que evidenciam o nervosismo neste paciente?
GROUPS
■í) Que métodos os pais usam para acalmá-lo?
5) Que resultados são obtidos?
()) Quais são suas maiores dificuldades?
7) Quais são suas facilidades?
<S) Com que pessoa ele se relaciona melhor, quais as características
de personalidade desta pessoa?
9) que ele mais gosta de fazer?
10) que ele não gosta de fazer?
I 1) que mais o irrita?
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BOOKS
GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
V e rô n i c a B e n d e r H a y d u
INDEX
próximo estamos de construir HAL (Heuristically Programmed
Algorithmic Computer), o computador da espaçonave Discovery
I do filme “2001: Uma Odisséia no Espaço”. Um computador
tomo aquele, com habilidades de linguagem, reconhecimento e
lompreensão de fala, senso comum, emoções, planejamento
estratégico e leitura labial? A resposta parece ser: não podemos
l.i/.ê-lo. Os computadores atuais ultrapassaram em diversos
aspectos as previsões de Arthur C. Clarke para a virada do milênio.
BOOKS
Eles são muito menores, mais portáteis e usam interfaces de
software que não requerem o tipo de m anual de controle
encontrado na Discovery 1. E n tretan to , a tecnologia
computacional mais avançada não chegou perto do que foi
idealizado em HAL (Stix, 2001).
Provavelmente, qualquer operador de computador, por
mais experiente que seja, deve ter pelo menos uma vez xingado
seu computador de “burro”. E por quê? A resposta está no fato
GROUPS
de que os computadores “entendem” apenas comandos específicos
e executam apenas operações que foram programadas. Nada além
daquilo que foi programado pode ser executado. E por que isso
acontece? Porque a forma de funcionamento dos computadores
c de seguimento de regras.
“Ao construir um organismo artificial, isto é, um sistema que
exibe inteligência artificial, tem-se opções. Uma é a de simular um
organismo não-verbal - digamos um pombo - e construir um sistema
INDEX
<iuerin (1992) sugere direções a serem tomadas para a análise
rxperimental do comportamento social.
O presente capítulo visa apresentar como a análise feita
por Guerin (1992) pode ser aplicada ao contexto terapêutico.
<)u seja, esboçar uma parte dos fundamentos da análise do
i om portam ento verbal, os quais todo e qualquer terapeuta
i omportamental precisa conhecer para que possa compreender
os processos verbais envolvidos na relação terapêutica.
BOOKS
<) conhecimento como construção social
Inúmeras abordagens têm descrito e investigado os temas
"construção social” e “representação social” e todas têm um
pressuposto básico que é o de que grande parte do que sabemos
<: socialmente construído. Quatro pressupostos do construtivismo
GROUPS
social foram enfatizados por Gergen [apud Guerin, 1992, p.
1423), os quais explicam o processo pelo qual as pessoas
descrevem, explicam ou dão razões para o mundo em que vivem,
incluindo a si mesmos.
De forma resumida, esses pressupostos consistem em:
I. “(...) nossa relação com o mundo nem sempre corresponde
.10 mundo real. Os objetos e as relações parecem inventados ou
são construídos, mas m esm o assim influenciam nosso
comportamento e pensamentos”;
INDEX
i >i to nome poderia ter sido inventado, assim como o fizeram
11
BOOKS
.i Rv [resposta verbal], isto é, a presença do estímulo discriminativo
r uma forma (topografia) de Rv convencional característica”.
Uma análise superficial desse fenômeno comportamental
poderia nos levar a concluir que se trata apenas de convenção. A
comunidade sócio-verbal convencionou chamar aquele objeto
dc “prato” e todos os membros dessa comunidade passam a
denominá-lo dessa forma por imitação e ou instrução. Mas isto
não é satisfatório.
Nomear objetos implica considerar que aprendemos a dizer
GROUPS
'prato” diante de vários objetos com características específicas,
mas não diante de todos os objetos com características de prato
com os quais nos defrontamos ao longo de nossas vidas. Existem
vários aspectos a serem considerados em relação a esse processo.
Um é o que se refere ao fenômeno comportamental denominado
generalização de estím ulos2 que consiste no fato de que
INDEX
convivemos puniriam esse comportamento. Entretanto, isso n ã u
seria um erro se nós vivêssemos numa comunidade que não utili/,1
louça para fazer suas refeições e não tem veículos com calotas,
como por exemplo, os índios Ianomamis que vivem na Flore.su
Amazônica. “Prato” poderia ser um nome apropriado para designa»
qualquer outro objeto. Da mesma forma, não é nenhum problema
para nós o fato de não sermos capazes de nomear os 28 tipos
diferentes de neve que os esquimós discriminam (de Rose, 1993).
BOOKS
A questão é que simplesmente não vemos a diferença entre tantos
tipos de neve e nem tão pouco precisamos conhecer diferentes
nomes para cada um. O máximo que podemos afirmar é que
existe diferença entre neve, granizo e geada.
Se, num contexto clínico, o cliente descrever de forma
incomum, mesmo inapropriada, melhor dizendo “de forma
peculiar”, os eventos que o afetam e que o perturbam, não
podemos concluir que ele está mentindo ou fingindo ou que a
sua descrição é irracional. Isto ocorre porque nós percebemos o
GROUPS
mundo de acordo com a experiência que temos com e no mundo,
dado que “(...) a percepção é, em certo sentido, proposital ou
intencional. A pessoa não é um mero espectador indiferente a
absorver o mundo como uma esponja” (Skinner, 1982, p. 66).
Esta frase de Skinner m ostra que além dos limites
estabelecidos pela nossa capacidade sensorial (por exemplo,
ouvimos os sons que estão dentro de certos limites físicos, isto é,
que têm certas características de tonalidade e intensidade) existem
INDEX
gr.iiide de eventos que nós, que vivemos em um país tropical,
denominamos simplesmente de neve. Um exemplo a nosso favor
é .i capacidade que temos de reconhecer diferentes tonalidades
de verde. Por exemplo, verde oliva, verde musgo, verde limão,
verde petróleo, verde folha, verde bandeira (para nós brasileiros),
ric., o que provavelmente um esquimó tem dificuldade em fazer
e no que provavelmente um índio Ianomami é mais competente
do que nós, que vivemos em regiões urbanas e não em florestas.
BOOKS
O comportamento de identificar cores é um outro exemplo
para demonstrar como a nossa percepção é afetada pela forma
tomo experienciamos os eventos ambientais. Aprendemos a dizer
e reconhecer azul, verde, vermelho, amarelo etc. e dizemos que a
lolha é verde ou que a flor é vermelha. Mas os objetos não têm
cor. O que eles têm é a propriedade de refletir determinado
lomprimento de onda luminoso e como somos uma espécie que
desenvolveu receptores sensoriais (os cones) que nos capacitam à
recepção dessa propriedade do estímulo luminoso, somos então
GROUPS
capazes de responder diferencialmente aos comprimentos de
onda que se encontram dentro de certos limites do espectro
eletromagnético. Cor é, portanto, com portam ento verbal,
denominado por Skinner (1957) de tato abstrato3. E importante
’ Tatos abstratos são respostas verbais controladas por determinadas características ou panes
do estímulo. '‘Qualquer propriedade de um estímulo, presente quando a resposta verbal é
reforçada, adquire algum grau de controle sobre a resposta e esse controle continua sendo
exercido quando a propriedade aparece em outras combinações” (Skinner, 1957, p. 107).
INDEX
com portam ento em relação ao m undo. Não deve ser
confundido com o mundo propriamente dito ou com outm
com portam ento em relação ao m undo ou como
comportamento de outros em relação ao mundo” (Skinneh
1981, p. 142).
Com base nos princípios de Análise do Comportamento
expostos e também nos pressupostos de Gergen (apud Guerin,
BOOKS
1992), podemos então considerar, em primeiro lugar, que ao
relatar seus problemas/dificuldades o cliente está apresentando
comportamento socialmente construído, isto é, o relato que de
apresenta consiste de respostas de tatear os eventos (fatos) que
ele vivência, assim como em descrever como ele se sente diante
desses fatos.
Descrição de sentimentos como aprendizagem social
GROUPS
A análise de relatos de eventos encobertos, ou seja, de como
o cliente se sente diante das situações que lhe causam dificuldades,
é feita de forma similar à que acontece com eventos que ocorrem
publicamente. Ao longo da história de interação em uma dada
comunidade verbal, processos de discriminação e generalização
de estím ulos contribuem para que possamos dizer, com
segurança: “fiquei triste”, “estou zangado”, “isso me faz feliz” ou
“estou deprimido”.
INDEX
toisa é responder aos estímulos provenientes de nosso próprio
corpo, outra coisa é relatar o que estamos sentindo.
“Nós respondemos a um estômago vazio de uma maneira
quando comemos e de outra quando dizemos que estamos
com fome. (...) As respostas verbais nesses exemplos são
produtos de contingências especiais de reforçamento. Elas
são arranjadas por ouvintes e são especialmente difíceis de
BOOKS
serem arranjadas quando aquilo sobre o que se fala está
fora do alcance do ouvinte, como usualmente acontece
com eventos que ocorrem sob da pele do falante. A genuína
privacidade, que sugere que devem os conhecer
especialmente bem nossos corpos, é uma severa limitação
para aqueles que devem ensinar-nos a conhecê-los”
(Skinner, 1989, p. 4).
Skinner (1957) descreveu quatro possíveis formas pelas
GROUPS
quais a comunidade ensina as pessoas a relatarem eventos privados.
De forma resumida, elas consistem em:
1) utilizar estímulos públicos associados aos estímulos privados
para reforçar o comportamento de relatar o que se está sentindo
(por exemplo, na presença de um ferimento, o comportamento
de dizer que está doendo é reforçado);
2) reforçar o comportamento de relatar o evento privado em
presença de outras respostas não-verbais externas (respostas
INDEX
princípio, saber o que o cliente considera não comer muito: ele
pode não comer muito, mas come com muita freqüência ou come
,ili mentos altamente calóricos; ou ele come menos do que comia
-» es, mas essa quantidade ainda é superior ao que ele necessita.
111
BOOKS
Ireqüentenente ou ingere alimentos muito calóricos, o terapeuta
poderia verificar se ele discrimina a freqüência com que ingere
,tl imentos ou se discrimina o valor calórico dos mesmos. No outro
caso, em que observa que o relato do cliente se baseia na relação
da quantidade que comia antes, quando era jovem e que come
.igora, sem considerar que um adulto pode requerer menos
.ilimento do que um jovem. Um outro aspecto a ser considerado
pelo terapeuta é o fato de que o comportamento de dizer “eu
GROUPS
como pouco”, apesar de parecer uma resposta verbal de tatear,
pode ser um intraverbal. O cliente diz que não come muito,
porque passou uma boa parte de sua vida ouvindo sua mãe dizer
“coma mais, você precisa se alimentar bem”. Nesse caso, dizer
que come pouco é um intraverbal que está sob o controle do que
a mãe dizia e não um tato que estaria sob o controle da quantidade
de alimento ingerido. Intraverbal é um operante verbal sob
controle discriminativo de outros estímulos verbais, não havendo
BOOKS
mantendo as respostas de tatear os eventos ambientais, contribui,
também, para a ocorrência do que Skinner (1957) denominou
de “tatos distorcidos”. Uma determinada afirmação descritiva
pode parecer um tato, isto é, controlado por um estímulo
específico, por exemplo, a quantidade de alimento (“eu como
pouco”) e, no entanto, dada a sua história de aprendizagem, sei
um intraverbal controlado pela fala da mãe do cliente (“coma
mais, você precisa se alimentar bem”). Em alguns casos, a
GROUPS
subcomunidade pode reforçar e manter qualquer tipo de ficção,
Assim, o conhecimento socialmente construído tem a propriedade
4 O comportamento verbal com essas características, mas que apresenta correspondência
fornial e ponto a ponto entre estímulo e resposta é denominado de comportamento
ecóico (Skinner, 1957).
5 Autoclítico é “uma unidade de com portam ento verbal que depende de outni
comportamento verbal para sua ocorrência e que modifica os efeitos daquele outro
com portam ento verbal sobre o ouvinte” (Catania, 1999, p. 387). Essa categoria
comportamental não foi considerada na análise apresentada no artigo (Guerin, 1992)
no qual estamos nos baseando.
INDEX
\) quando as conseqüências reforçadoras generalizadas para o
taiear se tornam tão generalizadas que mantém o comportamento
ilc forma indiscriminada.
De acordo com essas noções, podemos então entender
porque o com portam ento socialmente construído pode ser
(ontrafatual e, mesmo assim, não vir a ser considerado irracional,
dado que a sua instalação e m anutenção são resultado de
contingências sociais reais.
BOOKS
I imites da construção social do conhecimento
A Análise do Com portam ento fornece uma forma de
delinear os limites da realidade que tem possibilidade de ser
socialmente construída e mostra que esses limites são inerentes à
noção dada por Skinner (1974) de que existem diferentes formas
GROUPS
de conhecer (Guerin, 1992).
Uma dessas formas de conhecimento é o comportamento
modelado por contingências ambientais. Por exemplo, as pessoas
abrem portas girando as maçanetas. Elas sabem como abrir portas
porque o comportamento de girar a maçaneta produziu como
conseqüência a porta aberta. O fato de várias pessoas o fazerem
da mesma forma, por exemplo, girando a maçaneta para a direita,
não caracteriza esse comportamento como sendo social, pois são
as contingências ambientais de ter portas abertas que mantêm
INDEX
mnstrução social, uma resposta intraverbal. Nem mesmo os
i ientistas têm, no m om ento, controle das variáveis que
pe rmitiriam fazer tal tipo de afirmação. O terapeuta pode estar
diante de uma tarefa bastante difícil quando as explicações dadas
pelo seu cliente aos problemas que ele apresenta estão muito
bem fundamentadas em relatos científicos.
( Conclusão
BOOKS
No início deste capítulo sugerimos que o terapeuta, ao
receber o seu cliente, enfrenta dois desafios. O primeiro é o de
compreender os problemas/dificuldades que ele relata, isto é,
conhecer o seu cliente. O segundo desafio é ser capaz de avaliar
o quanto seu cliente conhece a si mesmo, isto é, quão “real” ou
“verdadeira” é a descrição que ele faz. Apesar de termos analisado
GROUPS
apenas o segundo aspecto, o primeiro foi considerado de forma
indireta. Toda a análise apresentada se aplica, também, ao
terapeuta cujo comportamento verbal é socialmente construído
e pode vir a ficar destacado do mundo real (essencialmente verbal)
quando deixar de fazer contato com os estímulos não-verbais do
ambiente. Qual a solução diante desse impasse? Provavelmente
ela está no que podemos chamar de uma atitude científica.
V er ó n ic a B e n d e r H ayd u
INDEX
comportamento como ferramenta principal, ele deve consideur
alguns aspectos fundamentais da proposta skinneriana de análiifl
do comportamento verbal.
Em primeiro lugar, quando falamos em “conhecimento”,1
não falamos de algo que alguém possui e que determina nosso j
com portam ento. C onhecim ento é uma palavra usada p a r u
designar certas habilidades que as pessoas apresentam cm
determinados contextos. Conhecimento não é algo concreto
BOOKS
dentro de nós que possuímos em quantidades variadas. A únkj
coisa palpável que temos é o comportamento do indivíduo que
se comporta de determinada forma em determinado contexto e
que demonstra ter ou não experiência anterior na identificação
das variáveis ambientais presentes naquele contexto. Assim,
podemos dizer que o comportamento de compreender signific.i
ser capaz de descrever as variáveis ou condições que estão
relacionadas ao evento descrito.
GROUPS
“Essas condições especificáveis não são encontradas na mente (que por si
mesma não pode ser encontrada) ou no cérebro (que não é nem
estnituralmente, nem funcionalmente como um computador) ou mesmo
nas regras ou símbolos (que são eles mesmos abstrações). Em vez disso, as
condições responsáveis pela ocorrência do comportamento devem ser
encontradas nas experiências do organismo que se comporta. (...)
experiência significa as contingências de reforço em ambiente particular
responsáveis pelo comportamento adaptativo” (Schlinger, 1992, p. 129).
INDEX
analisados.
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BOOKS
GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
C els o G oyos
INDEX
primeiro lugar do Mundial de Futebol na França, em 1998,
mas foi durante as Olimpíadas de Sydney que o tema realmente
l>anhou espaço. Isto porque o trabalho do Psicólogo e, mais
especificam ente, o quê este profissional pode fazer pelo
desempenho dos atletas em situação de competição começou a
ser lembrado como possível solução para a reincidente questão
do “amarelamento” de alguns atletas.
Este artigo trata, dentro da perspectiva da Análise
BOOKS
( "omportamental, de uma exposição de alguns dos seus princípios
básicos, relacionados à pratica esportiva. A obra de Garry Martin
(1997) foi fundamental, servindo como base em toda a extensão
do trabalho. Ela não só é uma das únicas dentro da Análise
Comportamental a se preocupar com a aplicação dos princípios
básicos na melhoria da compreensão do universo das habilidades
esportivas, mas também trata deles com profundidade.
GROUPS
O presente artigo, no entanto, é restrito no que diz respeito
à abrangência dos princípios, limitando-se ao condicionamento
reflexo, respondente ou pavloviano e tenta adaptar essa análise a
modalidades esportivas relevantes para a realidade brasileira. A
atenção ao comportamento reflexo deve-se, em parte, ao fato de
ele ser abordado com muita restrição ou com pouco critério pelo
INDEX
privados, internos), por exemplo, o tenista que, na disputa «I# j
um tie-break, antes de aplicar o serviço, diz a si próprio “eu n.lo
posso errar; se eu errar eu perco o set” ou o cobrador de penalid.nl#
que pensa “se eu errar, enterro meu time”.
Levando-se em conta tais conceitos, que importante
contribuição a abordagem da Análise do Comportamento podoita \
trazer para a Psicologia do Esporte?
Ao invés de emprestar termos genéricos da psicologia
GROUPS
destes para eliminar ou reduzir comportamentos problemáticos
ou fortalecer o desempenho atlético.
1
INDEX
(aracterísticas ambientais observáveis, podemos citar a presença
da torcida favorável ou contrária à equipe, a orientação do técnico,
0 resultado parcial da partida, a qualidade do gramado ou da
< a d r a onde o esporte está sendo praticado, a presença de
111
BOOKS
se projetar para uma cortada. Como exemplo desta última,
podem os ainda citar a contagem das voltas dadas num a
determinada competição que pode determinar o esforço a ser
empregado na última volta ou nos últimos metros da mesma.
III. A Análise do C om portam ento baseia-se nas pesquisas
derivadas da psicologia da aprendizagem e do condicionamento
icspondente e operante.
IV. As técnicas cognitivas disponíveis são interpretadas em termos
GROUPS
dos condicion am ento s respondente e operante de
1omportamentos observáveis e privados.
V. Valoriza a responsabilidade de todos os envolvidos no
planejamento, implementação e avaliação de um programa de
psicologia esportiva (validade social do programa).
INDEX
habilidades aprendidas nos treinos?
■Quais são as causas do extremo nervosismo do atleta antes fl
durante uma competição esportiva? Como levar o atleta a i l
controlar durante a competição?
■Quais são os componentes importantes da mentalização (autol
confiança, concentração, disciplina mental) que o atleta dev#
apresentar e como podem ser ensinados?
BOOKS
Todas essas perguntas podem ser respondidas através dj
interpretação do condicionam ento reflexo, respondente ou
pavloviano e do condicionamento operante. Entretanto, como
dito anteriorm en te, o presente trabalho irá se restringit
exclusivamente à interpretação do comportamento esportivo sob
o ponto de vista do condicionamento reflexo, como tentativa de
resgatar a importância deste processo no contexto atual da prátie.i
das atividades esportivas.
GROUPS
A carreira de um esportista é repleta de novidades e
surpresas. Considere o caso de um jovem tenista que est.i
participando de sua competição mais importante. A partida está
para ser decidida em um tie break a seu favor. Imediatamente
antes de seu serviço ele diz a si mesmo: “Não posso errar esse
serviço. Espero que não erre. Se errar vou perder a partida, o
prêmio, a minha posição no ranking, o meu patrocinador, todos
os contratos publicitários, a atenção da imprensa, o carro novo,
INDEX
No reflexo incondicionado, um estímulo elicia uma resposta sem
nenhuma história anterior de aprendizagem. Por exemplo: colocar
um objeto sobre a mão de um bebê elicia o fechar de sua mão,
tocar a face de um bebê elicia o comportamento de virar a face
em direção ao estímulo; assim como o sabor de algumas
substâncias elicia a salivação, o cheiro de algumas substâncias
elicia o espirro; a temperatura baixa elicia arrepios, o dedo na
garganta elicia o vômito e a estimulação dos genitais elicia a
BOOKS
ereção peniana ou a lubrificação vaginal (Martin, 1997).
O termo reflexo condicionado foi cunhado por Pavlov
(1927). No seu experimento clássico, Pavlov partiu da observação
de que o alimento eliciava a salivação em um cão, mas outros estímulos
não. Em situação experimental, Pavlov inicialmente obteve a salivação
no animal a partir da apresentação de alimento, mas não a partir da
apresentação de um som. A comida, Pavlov se referiu como estímulo
incondicionado; à resposta, como resposta incondicionada; e ao som,
GROUPS
como estímulo neutro. O procedimento de Pavlov consistiu em
associar sistematicamente o som com o alimento. Ele observou, como
resultado, que após apresentar o som isoladamente, este passou a
eliciar a salivação. A salivação associada ao som foi chamada por
Pavlov de resposta condicionada, o som de estímulo condicionado e
o processo de transferir uma resposta para ser eliciada por um
estímulo que anteriormente não exibia esta propriedade, de
condicionamento reflexo.
C elso G o yo s
INDEX
adversário. Popularmente, poder-se-ia dizer que o lateral pasiO'
a “amarelar” na situação e as conseqüências para o atleta c se
time podem ser desastrosas.
Estímulo Neutro:
(choque do lateral com o atacante adversário de posse do bola)
IM E D IA T A M E N T E A N T E S DO
Resposta Incondicionada
(choque com obstáculoslluxaçãoflesâo muscular) (medo)
BOOKS A P Ó S E M P A R E L H A M E N T O S S U C E S S IV O S :
GROUPS
incondicionado que elicia a resposta incondicionada (parte superior da figura),
levando o estímulo condicionado a eliciar a resposta condicionada (parte inferior
da figura). Adaptado de Martin (1997).
INDEX
de estímulo condicionado, pelo mesmo procedimento acima
descrito. O estímulo incondicionado, com o qual o chutar a
penalidade para fora foi associado, no entanto, muito dificilmente
pode ser identificado nesta situação. Ou mesmo, o que é muito
provável, pode ter sido substituído pela reação adversa da torcida,
agressividade por parte dos companheiros de time e comentários
críticos por parte da torcida adversária, imprensa e outros, todos
esses estímulos condicionados. O resultado deste processo pode
BOOKS
ser cruel, como ilustra o exemplo apresentado em seguida. “O
lateral Augusto falhou em dois dos três gois que o Corinthians
sofreu para o Palmeiras em apenas dez minutos de jogo no
Brasileiro de 1999. A partir daí, passou a ser vaiado pela torcida,
até ser retirado do time pelo técnico Oswaldo de Oliveira” (Folha
de São Paulo, 2000).
Um outro princípio comportamental fundamenta uma
prática bastante comum nos esportes, que está relacionada com
GROUPS
o tratam en to aplicado por técnicos a jogadores que se
machucaram em disputas de bola ou que falharam na cobrança
de penalidades. Poder-se-ia perguntar se, uma vez que uma
resposta condicionada foi estabelecida pelo condicionamento
reflexo, ela persistirá eternamente. Para responder esta pergunta
é importante se dirigir à continuidade dos estudos de Pavlov,
descrito acima, quando ele suspendeu a apresentação do estímulo
incondicionado juntamente com o estímulo condicionado e
BOOKS para que eu possa dar a volta por cima. Não agüento mais jogar
sob pressão’, disse o jogador, que vê no próximo clássico uma
possibilidade de ‘redenção’” (Folha de São Paulo, 2000).
Fatores que influenciam a aquisição do condicionamento reflexo
De acordo com Martin e Pear (1996) e Martin (1997),
quatro fatores im portantes influenciam na aquisição do
GROUPS
condicionamento reflexo. Quanto mais associações se fizerem
do estímulo incondicionado com o estímulo condicionado, maioi
será a propriedade do estímulo condicionado de eliciar a resposta
condicionada. Quanto menor for o tempo entre a apresentação
do estímulo condicionado e do estímulo incondicionado, tanto
mais forte será a propriedade do estímulo condicionado eliciar a
1 Grifo do autor.
INDEX
vida de atletas. Devido às dificuldades de serem claramente
observadas e medidas, o estudo das emoções tem sido objeto de
dificuldades para os cientistas do comportamento que as estudam
(Martin, 1997).
Em sua história evolutiva, o organism o hum ano
desenvolveu um sistema nervoso autônomo importante para a
preservação da espécie. Respostas do sistema nervoso autônomo
(tais como o batimento cardíaco, a respiração, a digestão e a
BOOKS
secreção glandular) estão associadas com aquilo que denominamos
emoções (tais como o medo, a raiva e a alegria). Essas respostas
do sistema nervoso autônomo, dentro da história evolutiva do
organismo, estão também associadas a estímulos incondicionados.
Um dos problemas que se apresenta no momento, no
entanto, é que embora muitas das reações do sistema nervoso
autônomo tenham sido importantes em algum momento na
história evolutiva do homem, talvez com relevância para sua
GROUPS
própria sobrevivência, em algumas situações da vida moderna,
principalmente no âmbito esportivo, podem se apresentar como
reações incompatíveis com a emissão de com portam entos
desejáveis. Por exemplo, na história evolutiva do homem, em
uma situação de ansiedade o aumento de batimento cardíaco,
da respiração, a contração pupilar, o enrijecimento do tônus
muscular, o aumento de secreções glandulares, etc., podem ter
sido fundam entais para predispor o organism o a
INDEX
melhor o pensamento dos atletas?
E concebível que imaginar uma jogada, antes de pratii.i
la, possa contribuir para o sucesso da mesma e para o desempenho
do atleta. De que maneira essa concepção pode ser fundamentada
pela psicologia comportamental?
Em primeiro lugar, parte da resposta pode estar ihi
conceito de condicionamento reflexo. Em uma etapa particular
do desenvolvim ento da criança, a presença da mãe é
BOOKS
freqüentemente associada à palavra “mãe”. A criança, na verdadd
experiencia muitos episódios em que o olhar para a mãe e a visão
da mãe são associados à palavra “mãe” ou ao nome próprio dela;
Como resultado, ao fechar os olhos e ouvir a palavra “mãe”, dita
por si própria, em voz alta baixa ou por outros, a criança terá
0 11
INDEX
do atleta responder aos estímulos apresentados durante o mesmo.
Após ter alcançado o estado ideal de relaxamento, os estímulos
visuais, auditivos, táteis e sensoriais característicos da situação
real sendo ensaiada devem ser introduzidos, eliciando os reflexos
condicionados típicos desta situação.
No treino da jogada de ataque acima descrita, o atacante
poderia ensaiar mentalmente a visão do estádio cheio, o barulho
da torcida, a velocidade do ataque, a bola sob seus pés, a posição
BOOKS
dos adversários à sua frente, os companheiros gritando nomes de
jogadores indicando a jogada, a posição exata dos companheiros
a cada instante do desenvolvimento da jogada e assim por diante.
A imaginação da posição exata do companheiro atacante em uma
jogada ensaiada pode corresponder a um passe perfeito de bola e
eventualmente ao gol. Os demais componentes do ensaio mental
conhecidos como comportamentos operantes, não serão vistos
no presente trabalho.
GROUPS
Embora para alguns não haja dúvidas de que o treino físico
de uma habilidade esportiva é mais eficaz do que o ensaio mental
desta mesma habilidade, para outros existem muitos benefícios quanto
ao uso do ensaio mental enquanto técnica para melhorar o
desempenho. Alguns destes benefícios serão considerados a seguir.
O ensaio mental pode ser utilizado para energizar o atleta
antes dos treinos. A maioria dos técnicos enfrenta problemas
para manter o atleta se dedicando com afinco durante os treinos.
INDEX
vencedores da competição ou os contratos publicitários ou#
poderiam estar disponíveis caso vencessem um campeonato
importante; ou ainda, o reconhecimento público, a possibilid.nU
de tornarem-se ídolos da torcida; assim como também o uso qu#
poderiam fazer dos prêmios em dinheiro, adquirindo propriedadei*
ou viajando pelo mundo. Para alguns atletas pode ser funcional
ensaiar mentalmente o tipo de adversário que irá encontrar prla
frente na próxima partida ou ainda que poderá se encontrar com
BOOKS
a namorada ou esposa e filhos assim que o treino terminar.
Uma segunda maneira de usar o ensaio mental part*
beneficiar o desempenho do atleta pode ser através da visualização
do am biente da competição. Um outro grande problemn
enfrentado pelos técnicos é o de garantir que o desempenho
mostrado pelo atleta em situação de treino possa ser também
exibido nas competições. O exemplo a seguir ilustra a situação.
Durante a partida entre as seleções sub-23 de Brasil (3) vsf
GROUPS
Venezuela (0), transm itida pela rede Globo de televisão »
perguntou-se por que os jogadores acertam tanto as cobrançâi '
de falta no treino e erram tanto durante o jogo. O ex-craque
Casagrande, comentarista esportivo deste jogo, respondeu que
as condições presentes durante o treino são diferentes daquela*,
encontradas durante o jogo. O mesmo se aplica à cobrança das
penalidades, escanteios e outras bolas paradas, só para mencionai
o caso do futebol. A regra para esses casos é que quanto mais
INDEX
adversário e assim por diante. As condições de cobrança das faltas
e das penalidades durante os treinos são muito mais tranquilas
do que durante competições.
Por outro lado, é difícil e algumas vezes até impossível,
reproduzir concretamente nos treinos todas as condições presentes
durante as competições. Uma alternativa é a de ensinar os atletas
a ensaiarem mentalmente as condições presentes nas competições.
Suponha, com relação ao exemplo acima, que a presença dos
BOOKS
jogadores adversários na barreira, da catimba e da torcida
adversária eliciem comportamentos respondentes tais como
ansiedade, aceleração do batimento cardíaco, contração pupilar,
tensão muscular, etc. e que esses comportamentos em alguma
medida sejam incompatíveis com uma cobrança de falta perfeita.
Os sucessivos exercícios de ensaio m ental podem eliciar
comportamentos respondentes semelhantes e, ao longo deles e
com a ausência dos estímulos incondicionados (ou condicionados)
GROUPS
responsáveis inicialmente por eliciar tais comportamentos, estes
provavelmente entrem em extinção. Após esse processo de extinção
ter se completado, é possível que os resultados se generalizem
para a situação de competição.
Considerações finais
As contribuições do co n dicion am ento reflexo ou
respondente podem ser muitas e de considerável importam j|
para os indivíduos envolvidos com habilidades esportivas. Apesar
desta perspectiva, há uma grande carência de pesquisas sobre i
tema. Muito ainda precisa ser conhecido sobre o ensaio mental #
o seu potencial de ajuda para o comportamento esportivo do
atleta brasileiro nos esportes que são mais populares, significativos
e importantes no Brasil.
Apesar da grande contribuição, a literatura estrangeira
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BOOKS
GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
Parte 3
INDEX
BOOKS
Psicologia da Saúde
GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
Ricardo Gora^eb
INDEX
trabalhar em hospitais, na década de 1960, não havia ainda um
modelo claro a ser seguido, de um lado por que eram pioneiros
tio país e de outro lado por que a própria psicologia como ciência
estava ainda se consolidando em países mais desenvolvidos, não
tendo ainda produzido modelos experim entados e bem
sucedidos. Assim, uma boa parte destes profissionais passou a
reproduzir práticas do consultório psicológico na sua atividade
no hospital, ou mesmo a trabalhar como assessor de Psiquiatras,
BOOKS
sem uma verdadeira interação entre os profissionais com cada
um contribuindo com seus conhecimentos específicos, ou mesmo
exercendo somente a função de psicometristas, sem participar
ativamente do atendimento ao paciente.
A reprodução das práticas de consultório, que consiste em
tentar levar para a beira do leito a postura de psicoterapeuta
clássico, não floresceu e não poderia mesmo florescer, por não
trazer respostas às necessidades do paciente e da própria equipe.
Além disto, carecia de ambiente apropriado e não atendia às
GROUPS
demandas de apoio e informação que o paciente internado tem.
E imprescindível, ao se trabalhar com Psicologia em ambiente
hospitalar, entender-se que ali não se faz somente Psicologia,
mas sim Psicologia Médica. E por psicologia médica se entende
o estudo das situações psicológicas envolvidas na questão mais
ampla de saúde do paciente, com destaque para o aspecto da
saúde orgânica. Os aspectos psicológicos são vistos e tratados
como associados à questão de saúde física, não devendo desta ser
INDEX
excessiva pressão da situação, apresenta um distúrbio psicológUo
transitório, é fundamental para os participantes da equipe de
atendimento entender que este distúrbio é situacional, específii o
e, na maior parte das vezes, relacional. Neste contexto, o papel
do psicólogo hospitalar é essencial para apoiá-lo, esclarecê-lo,
informá-lo, levar a equipe a se relacionar efetivamente com cie,
dar-lhe todas as informações de aspectos específicos de sua
patologia e do prognóstico. Com isto, o Psicólogo Hospitalat
INDEX
Até a época em que foi regulamentada a profissão do
psicólogo, a prática médica tradicional no Brasil prescindia da
ação de outros profissionais, exceto do enfermeiro e dos auxiliares
de enfermagem. Os poucos conhecimentos existentes por parte
dos outros profissionais de saúde e a própria fragilidade da
íormação, aliada ao noviciado de algumas profissões, não
argumentavam a favor da inserção de outros profissionais na
BOOKS
prática de atendimento à saúde de pacientes hospitalizados.
Dentro desta visão tradicional, a essência do atendimento
era feita pelo médico, que prescrevia medicamentos ou condutas
que eram executados por ele próprio, (como nos atos cirúrgicos), ou
por outros profissionais, o enfermeiro e o auxiliar de enfermagem
(nos curativos e administração de remédios ou procedimentos) e
eram recebidos pelo paciente, sempre passivo. A compreensão nesta
época, e, lamentavelmente, em algumas práticas ainda vigentes hoje,
GROUPS
era a de que se o doutor prescreveu, o paciente seguiria as
instruções fornecidas pelos profissionais, e se curaria. Porém,
como hoje é sobejamente conhecido, isto não é verdade.
A evolução das equipes
Mas, a evolução do conhecimento nas outras áreas da saúde,
como fisioterapia, nutrição, psicologia e terapia ocupacional
começou a introduzir gradualmente estes outros profissionais
INDEX
profissional ou de mais profissionais além dos tradicionais das
áreas médica e de enfermagem. Nem sempre tinham todos os
profissionais e, especialmente, nem sempre agiam como equipes.
Po rém, a própria prática viria a demonstrar a necessidade de
uma maior integração entre estes profissionais.
Passou-se, em seguida, a contar com a existência de algumas
O
BOOKS
para os pacientes. Hoje, no Brasil, ainda temos muitos hospitais
tradicionais, que funcionam somente com médicos, enfermeiros
e auxiliares de enfermagem, especialmente os hospitais privados
ou de pequenas cidades. Temos hospitais que já admitem a
presença de outros profissionais da saúde, principalm ente
nutricionistas e fisioterapeutas. Temos hospitais que admitem
todos os profissionais necessários, incluindo psicólogo,
GROUPS
' Neste contexto de ter suas ações exercidas por outros profissionais, a situação d.t
Psicologia é peculiar, visto que o psicólogo trabalha basicamente com conselhos ou
orientações de condutas que são verbais c, conseqüentemente, não assumem formal
concretas fisicamente, como uma prescrição de dietas, urn exercício ou um programa de
atividades. E conselho, aparentemente, qualquer um pode dar. Esta talvez seja uma das
dificuldades pela qual a Psicologia passa, pois para exercer a ação do Psicólogo, sem se
lo, basta falar com as outras pessoas
Assim, a atividade do Psicólogo era e é freqüentemente exercida por outros profissionais.
Isto ainda é um dos fatores geradores de ausência do psicólogo em muitos hospitais c
em muitas práticas hospitalares e de conflitos em muitas equipes onde trabalha o
Psicólogo, mas onde ainda não existe uma verdadeira interdisciplinariedade.
INDEX
que estas ações se iniciem com uma análise sistemática, uma
análise funcional (Gorayeb e Rangé, 1988) do ambiente e das
demandas que são colocadas ao psicólogo pela equipe e pelos
pacientes. Esta análise funcional deve indicar as condições do
ambiente, identificando aspectos do ambiente físico, condições
materiais (como existência ou não de salas específicas para o
trabalho do psicólogo), horários de reunião da equipe, fluxo dos
pacientes, etc.
BOOKS
Além disto, o psicólogo deve fazer uma análise das condições
relacionais que encontra naquele ambulatório ou enfermaria. Quem
fez o pedido para a presença do psicólogo? Qual o nível de poder
que este indivíduo detém? O quanto o trabalho do psicólogo é
realmente desejado e compreendido? Quanto de suas sugestões, seja
de aspectos do atendimento aos pacientes, seja de aspectos funcionais
da enfermaria ou do ambulatório, serão bem acolhidas?
Esta análise deve tam bém se estender para um
conhecimento detalhado do ripo de paciente da clínica em
GROUPS
questão. Quais são suas características demográficas? Qual a
epidemiologia do distúrbio? Com que freqüência ocorre? Em
quais parcelas da população?
Além disto, o profissional deve efetuar um levantamento
bibliográfico exaustivo da literatura nacional e internacional sobre
o distúrbio e sobre os seus aspectos psicológicos. Somente após
isto poderá propor um plano de trabalho à equipe e iniciar
efetivamente sua ação.
INDEX
preparado para interagir com a equipe como um membro
participante e não como mero coadjuvante.
A inserção propriamente dita
Os relatos a seguir constituem -se em algumas
experiências ocorridas em Hospitais Universitários que, a meu
ver, devem mesmo ser os primeiros a introduzir as mudanças
para que esta experiência bem sucedida e possa ser reproduzida
INDEX
conhecimento, formação de estudantes e residentes e constituiu-
se em modelo para outros hospitais. O que é mais importante é
que contribuiu para grande alívio, conforto, segurança e melhoria
de qualidade de vida para pais e crianças (Gorayeb, Petean e
Gorayeb, 1999).
O paciente cirúrgico
BOOKS
Um tipo de paciente para quem é fundamental a ação do
Psicólogo no ambiente hospitalar é o paciente cirúrgico. Além dos
desconfortos de ter uma doença, estar hospitalizado e longe de seus
afazeres e sua família, este paciente ainda tem a ameaça de algo
desconhecido e arriscado. Os pacientes têm receio do desconhecido
e medo que a cirurgia e/ou a anestesia dêem problema. Aqui, como
em todas as outras áreas de atendimento a pacientes hospitalizados,
informação adequada, no momento certo, na dose certa, é elemento
GROUPS
vital para reduzir ansiedade e depressão. Além disto, a literatura é
farta em mostrar que informação e apoio psicológico reduzem também
dias de internação, complicações e analgésicos pós-cirúrgicos
(Holmes, 1987).
O Psicólogo deve atuar como estimulador de que o médico
que vai fazer a cirurgia esclareça ao paciente os motivos desta, o
tipo, a duração e as conseqüências. Cirurgias são atos invasivos,
radicais, programados para solucionar ou aliviar um problema
INDEX
no pós-cirúrgico. Em alguns casos, como em cirurgias faciais
que envolvem problemas de auto-imagem (The PFD, 1996) ou
em transplantes, o psicólogo tem a responsabilidade de emitir
parecer indicando ou contra indicando a cirurgia.
O paciente cirúrgico infantil
Se cirurgia é problemática para adultos, é duplamente
BOOKS
problem ática para as crianças pois estas se sentem mais
desamparadas e a angústia estende-se também para seus pais.
Como em todas as áreas de atendimento médico, informação
devidamente com preendida pelos pacientes é um elemento
fundam ental para uma m elhor adaptação do paciente. A
literatura mostra que programas de apoio e informação às crianças
antes das cirurgias melhoram sua recuperação no pós-cirúrgico
(Kain et al., 1998).
GROUPS
No caso da criança, cuja capacidade de abstração é menor,
esta informação deve ser dada de uma maneira concreta, para
que se torne com preensível. Em nossa experiência no
H.C.F.M.R.P.U.S.P., a criança vivência, dias antes da cirurgia,
concretamente, as experiências que vai ter, enquanto estiver
acordada, no dia da cirurgia, como o que é ir ao centro cirúrgico,
como é ver seu médico e enfermeiro usando roupas especiais e
máscaras e também qual é o efeito das pomadas anestésicas pré
injeção de anestesia (Gorayeb et a l 2000).
INDEX
O O
BOOKS
toma tempo, envolve muitos gastos financeiros por parte do casal
e não há certeza do sucesso, cria-se condições ideais para o
desenvolvimento de uma situação extremamente estressante, se
não houver o devido apoio psicológico.
A experiência que temos é de lidar com casais no início de
sua fase diagnostica, quando vários exames físicos são necessários.
Neste momento os pacientes são triados pelo médico e assistente
social, para participar do programa de Fertilização Assistida.
GROUPS
Colocamo-nos como membros da equipe propondo apoiar o casal,
se este julgar necessário. E interessante notar que, neste momento,
os casais não têm demanda para o atendimento psicológico e,
somente uma pequena minoria, com alguma problemática
pessoal ou de relacionamento, decide usar o apoio psicológico.
Depois de completados os exames, quando o casal é encaminhado
para o Laboratório de Ginecologia, onde se dará o processo de
fertilização assistida, novamente todos os casais são convidados a
INDEX
aprendizagem de técnicas de redução de tensão, com formato»
semelhantes a este, produzem um aumento de 30% nas taxas de
fertilização assistida (Domar, Seibel e Benson, 1990). Nossas
avaliações informais indicam que em nossos grupos há grandf
redução da ansiedade. Estamos em procedimento de elaboração
de um protocolo de pesquisa para verificar os efeitos destes grupos
sobre as taxas de fertilização assistida. Até o momento temoi
observado que os casais atendidos nos grupos desenvolvem unu
BOOKS
m elhor qualidade de relacionam ento interpessoal, maioi
compreensão dos procedimentos e da demora para a fertilização
e uma melhor capacidade de utilização das informações recebidas,
A equipe da qual participamos é muito informativa e aberta a
interações com o paciente, cada um exercendo adequadamente
o seu papel, o que facilita o trabalho de todos.
O psicólogo como interconsultor
GROUPS
A interconsulta no ambiente hospitalar é entendida como
a ação de um profissional de saúde no processo de atendimento
que um paciente vem recebendo. A responsabilidade pelo
atendimento global do paciente é do profissional que faz o pedido
de interconsulta. Ele atendia o paciente antes e vai continuar u
atender depois da interconsulta. O interconsultor é sempre um
especialista de outra área, chamado a esclarecer, diagnosticar ou
dar solução a uma problemática de saúde que o paciente tenha c
INDEX
decorrer de seu atendimento médico.
Assim, dificuldades de aceitação do diagnóstico e/ou
prognóstico, ansiedade exacerbada em situações de exame, tristeza
e/ou depressão eliciadas pelo quadro clínico ou pelo isolamento
social e familiar decorrentes da hospitalização, somatizações,
reações condicionadas a procedimentos, etc., passaram a se
constituir em motivos para efetuar um pedido de interconsulta
ao Psicólogo para participar do atendimento a um paciente
BOOKS
internado em clínicas onde ele não atua.
Nesta situação, o essencial da ação do psicólogo é ser capaz
de fazer uma rápida análise da situação para identificar a origem
do problema e, mesmo não sendo membro permanente da
equipe, comportar-se provisoriamente como se fosse. Procurar
envolver os outros profissionais numa melhor relação médico-
paciente ou enfermeiro-paciente, identificar ações que possam
GROUPS
surtir efeitos imediatos, como estimular o médico a melhor
esclarecer o problema do paciente, solicitar ao serviço social que
providencie condições para que os familiares venham visitar o
paciente e, especialmente, ouvir, apoiar e perm itir ampla
ventilação ao paciente.
Após esta intervenção inicial, pode-se detectar a presença
ou ausência de quadros psicológicos específicos que precisem ser
tratados na forma de uma psicoterapia breve. Nossa experiência
em interconsulta vem do início de nossa ação num hospital geral
BOOKS
term inalidade seja dada pelo m édico responsável pelo
atendim ento (World Health O rganization, 1993). Mas o
problem a psicológico do paciente não term ina com esta
com unicação. Na realidade, com a com unicação é que o
problema psicológico do paciente começa. A partir daí a presença
continuada do psicólogo é fundamental para o paciente evoluir
favoravelmente em seu processo de compreensão e aceitação do
GROUPS
que vai acontecer em sua vida. Este processo, pelo tempo que
toma e pelas características que tem, é o que mais se assemelha
aos processos psicoterápicos tradicionais, com sessões regulares
repetindo-se sucessivamente.
Duas consideraçoes são importantes de serem feitas neste
contexto. A primeira é a necessidade de preparo pessoal do
psicólogo para lidar com pacientes terminais. O psicólogo que
quiser desem penhar bem este papel deve ter um a boa
compreensão e aceitação pessoal do processo de morrer, para poder
INDEX
deixar de ser um membro dela, ou mesmo, se avaliar que isto é
necessário, propor que algum outro profissional, estranho à
equipe, o faça.
A clareza para lidar com este tema que na cultura ocidental
constitui-se em um tabu pouco conversado, facilita o trabalho
do psicólogo junto à equipe e especialmente junto ao paciente.
Não deve o psicólogo desconsiderar as necessidades que os
familiares, especialmente de pacientes mais jovens, têm de receber
BOOKS
apoio e orientação psicológica.
Considerações finais
Neste breve espaço destacaram-se aspectos considerados
importantes para uma atuação adequada do psicólogo hospitalar,
analisando como isto poderia ocorrer em algumas áreas de atuação.
Mas algumas considerações finais precisam ser efetuadas.
GROUPS
Em nenhuma ação, de qualquer profissional da saúde junto
a pacientes em qualquer área do hospital, pode-se deixar de
destacar a im portância do adequado relacionam ento dos
profissionais com o paciente. A Organização Mundial da Saúde
dá tanta importância a isto que produziu um texto especialmente
destinado a descrever os comportamentos que os profissionais,
principalmente o médico, devem ter para relacionar-se com os
pacientes. Este texto sugere formas detalhadas de ação que vão
INDEX
deve utilizar todo seu conhecimento, como um especialista cm
aprendizagem, para que a informação chegue ao paciente cm
seu nível de processamento e não dentro de uma linguagem
técnica hermética, que às vezes só esconde a incompetência para
relacionam ento interpessoal de quem a forneceu. I
imprescindível lembrar-se que informação é parte do processo
terapêutico para o paciente internado. Bem informado o paciente
evolui melhor e mais rápido e sofre menos psicologicamente.
BOOKS
Este relato cobriu uma série de áreas de atuação do
psicólogo em hospitais, mas certamente não todas. Não estão
aqui descritas, por exemplo, as atuações possíveis de psicólogos
em Unidades de Emergência, na internação infantil, (excetuada
a internação cirúrgica), na obstetrícia e em muitas outras clínicas
médicas, cada uma com suas peculiaridades. Também não estão
descritas as possibilidades de atuação do psicólogo como
terapeuta de equipes especiais de saúde, que lidam com
problemáticas dolorosas para a própria equipe, como morte c
GROUPS
desfiguração ou m esmo as possibilidades de atuar
terapeuticamente junto à problemática relacional de equipes.
Em todas estas áreas também é imprescindível uma
adequada atuação, calcada no conhecimento e na eficiência. Para
construir uma profissão de respeito junto aos outros profissionais
e aos próprios pacientes precisamos, enquanto classe profissional,
produzir cada vez mais e melhor, solucionar problemas, criar
modelos, produzir melhorias de qualidade de vida.
INDEX
diferenciada e integral à saúde dos usuários.
Referências bibliográficas
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World Health Organization (1993). Doctors patient interaction and
communication. Division of Mental Health, Geneva, Switzerland, doc. n.
93.11.
BOOKS
GROUPS
INDEX
de um delineamento e definição apropriados para os modelos
comportamentais.
Entretanto, é interessante delinear alguns critérios para
intervenções breves neste modelo, principalmente no contexto
da saúde, como parte integrante do fazer do psicólogo clínico da
saúde.
Embora já classicamente conhecidas, é interessante fazer
algumas considerações acerca das definições de campo feitas por
BOOKS
Matarazzo (1980) e Schwartz e Weiss (1978). O primeiro autor
definiu Psicologia da Saúde levando em consideração o conjunto
de contribuições do conhecim ento em Psicologia visando
prom over e m anter a saúde, prevenir e tratar as doenças,
contribuindo, também, para o desenvolvimento do sistema de
atenção à saúde e formação de políticas de saúde. O segundo
autor definiu o campo da Medicina Comportamental afirmando
GROUPS
que este se restringe às contribuições advindas do conhecimento
e técnicas da ciência do comportamento, com o mesmo objetivo
mencionado por Matarazzo, em sua definição de Psicologia da
Saúde. Portanto, o que parece diferenciar os dois campos é a
especificidade do segundo em termos teóricos, métodos e técnicas,
que se restringe às contribuições das ciências comportamentais,
mas com objetivos similares.
Parece, portanto, que em termos de campo deveríamos
falar em intervenções breves em medicina comportamental,
INDEX
serem alteradas podem alterar o comportamento. No contexto
da saúde este tipo de manejo comportamental pode auxiliar tu
intervenção de outros profissionais e facilitar o trabalho
interdisciplinar como um todo.
Um a das conseqüências resultantes deste tipo dc
intervenção é que as mudanças comportamentais obtidas através
do m anejo de contingências im ediatas, podem não ser
duradouras. Mas, se isto é um problema em outros contextos e
BOOKS
sob outras condições, no contexto específico da saúde pode não
ser assim, porque em alguns casos as mudanças necessárias
imediatas só são necessárias em um m om ento e contexto
específicos, como é o caso de comportamentos que devem ser
emitidos durante exames invasivos, por exemplo.
A demanda de trabalho em um hospital é grande e o
psicólogo se defronta com vários comportamentos que precisam
GROUPS
ser alterados quase que imediatamente ou pode ter muito pouco
tempo para produzir as mudanças comportamentais necessárias
e desejáveis, tanto para que a equipe interdisciplinar possa reali/.ai
seu trabalho, quanto para facilitar a adesão ao tratamento do
próprio paciente e seus familiares (Amaral, 1997).
O trabalho que deve ser realizado pelo psicólogo no hospital
possui, em geral, duas características. Uma em curto prazo, que
se refere ao manejo imediato do comportamento do paciente,
em especial no caso de crianças e que está, também, diretamente
INDEX
complexa e múltipla e se constitui dos pacientes e seus familiares,
os profissionais médicos e não médicos, a administração e, em
alguns casos, alguns segmentos da sociedade, como por exemplo,
a escola, quando se trata de doenças crônicas ou reabilitação.
As intervenções breves em geral privilegiam as mudanças em
curto prazo, mas em algumas situações, mudanças mais complexas
podem ser obtidas para comportamentos mais complexos.
Procurar-se-á expor, aqui, alguns resultados de análises
BOOKS
de contingências, com aplicações de técnicas, algumas delas
clássicas, na área da terapia comportamental e que exemplificam
as intervenções breves, as técnicas, os resultados e as vantagens e
desvantagens e cuidados em sua utilização e proporcionaram
mudanças comportamentais a curto, a médio e em longo prazo.
Manejo comportamental para treino de higiene bucal em crianças
operadas
GROUPS
C om o prim eiro exem plo exporem os um manejo
com portam ental para treino de higiene bucal em crianças
operadas, portadoras de fissuras lábio palatais (Amaral, Ceccon
e Bravo 1997). A reabilitação global de pacientes portadores
desta patologia constitui-se, basicam ente, em cirurgias
reparadoras, no tratam ento ortodôntico e no tratam ento
fonoaudiológico. E necessário, tam bém , que as famílias
INDEX
mantenham o comportamento de escovar os dentes e fazer 4
higienização bucal de si próprios e de seus filhos. Manter n§
dentes saudáveis pressupõe um reforçamento atrasado (ter
dentes saudáveis e belos) que tem pouco efeito sobre o
comportamento dos pais e de crianças pequenas. Acrescente-sc »
isto o fato de que reforços primários e imediatos, tais como doeci,
balas e bolachas têm grande efeito sobre o comportamento ita
criança e de seus pais. Muitas vezes os pais usam mamadeiias
BOOKS
açucaradas, doces, balas e chocolates para controlar o
comportamento imediato indesejável de crianças pequenas, como
birra, choro persistente ou desobediência.
O manejo de contingências envolveu o treino de higiene
bucal e de dieta para crianças pequenas, o reforçamento dos
progressos obtidos na higienização e dieta, comprovados atravéi
de registros e controles de placas bacterianas e controle dr
GROUPS
estím ulos para o com p ortam ento dos pais para que eles
apresentassem os comportamentos desejados. O treino foi feito
com a cooperação do Setor de Ortodontia e Odontologia do
Instituto que usou o colorante de placas bacterianas Replak par.i
garantir o controle dos resultados.
As técnicas de m anejo com p ortam ental foram: a)
instruções, realizadas através de vídeo e ao vivo, sobre como c
porque manter a higiene bucal e uma dieta saudável; b) ensaio
comportamental de como manter a higienização bucal, com
INDEX
E necessário mencionar, aqui, a importância da análise
funcional de cada caso, ao invés de uma aplicação tão somente
cie técnicas. As vezes, o profissional pode crer que as técnicas
comportamentais são poderosas e que basta implementá-las para
que seja obtido o sucesso. Isto pode não ser verdadeiro. O profissional
precisa fazer a análise funcional do caso para compreender quais as
condições nas quais os comportamentos dos pais e das crianças
ocorrem. Caso as variáveis que controlam o comportamento de pais
BOOKS
e filhos não sejam conhecidas ou levadas em consideração, estes
poderão, simplesmente, não comparecer ao tratamento, comparecer
uma vez e depois não virem mais ou mesmo comparecer a todas
as sessões de acompanhamento, mas em hipótese alguma aderir
ao tratam en to , quer seja m antendo a higiene bucal ou
estabelecendo uma rotina de dieta alimentar saudável.
Informações complementares são indispensáveis para se
conhecer o contexto de vida dos pais, condições financeiras, tipos
GROUPS
de alimentos disponíveis e outras variáveis, como as condições
reforçadores tanto para a criança como para a mãe. Estas
considerações têm como objetivo alertar que não basta conhecer
a técnica e saber aplicá-la. E necessário que uma análise
contingencial seja realizada, dentro do contexto mais amplo de
vida de seus pacientes, para garantir o sucesso e a manutenção
dos ganhos comportamentais com os quais o psicólogo está
trabalhando, mesmo em se tratando de intervenções breves.
INDEX
porque em alguns casos, torna-se necessário buscar alternativas à
sua. Neste caso foi testada a eficácia de uma variação da técnica de
dessensibilização denominada dessensibilização por contato, uma
com binação de dessensibilização sistemática, modelação e
modelagem. Com este trabalho, foi possível alterar o comportamento
muito resistente de uma criança pequena, que ainda não dominava
a linguagem, não obedecia completamente a ordens verbais e
respondia parcialmente a instruções. Desta forma, o sucesso do
BOOKS
manejo de contingências diretas, dentro do contexto hospitalar,
permitiu modificar o comportamento da criança e, assim, acelerar a
continuidade do tratamento médico (Amaral e Albuquerque, 2000).
O uso da técnica de economia de fichas com pacientes queimados
Por último, gostaríamos de exemplificar o uso da técnica
de economia de fichas com pacientes queimados que é uma das
GROUPS
técnicas mais bem sucedidas para se obter bons resultados,
quando se tem que controlar comportamentos incompatíveis:
uma alta aversibilidade de um com portam ento associada à
necessidade de que o comportamento seja emitido e mantido
por um período de tempo relativamente longo.
Em geral, os tratam entos nesta área visam modificar
comportamentos abertos e incluem a utilização de procedimentos
operantes. Pessoas que sofreram queimaduras de terceiro grau e
INDEX
a utilização de expansores e de malhas de compressão elástica. O
procedimento básico consiste na utilização contínua, ao longo
de pelo menos 3 meses (de 3 a 6 meses), de uma malha de alta
compressão, cujo objetivo é exercer força na região queimada
evitando, assim, a formação de quelóides e cicatrizes hipertróficas
m antendo a pele mais fina e menos retrátil. Isto evita o
comprometimento maior do esqueleto e permite preparar melhor
a área queimada para a utilização de dermoexpansores.
INDEX
am bientais para que o program a de construção do
comportamento possa ser implementado. A análise funcional
permite descrever as variáveis das quais o comportamento é
função. Em geral, a descrição da contingência deve conter o
estíim ilo antecedente, o com p ortam ento e o estím ulo
conseqüente.
A Economia de Fichas (EF) é uma técnica (mais do que
um programa) descrita pela primeira vez por Ayllon e Azrin
BOOKS
(1968) com o objetivo de modelar comportamentos complexos
em doentes mentais. Kazdin (1985) apontou as condições
indispensáveis à utilização da técnica ou seja: o uso de fichas ou
um outro meio de troca; as fichas devem ser trocadas por reforços;
e o conjunto de regras que devem definir a relação entre o
comportamento para se obter a ficha e os reforços que serão
trocados ou “comprados” com as fichas. Kelley et al. (1984)
GROUPS
utilizaram a técnica de economia de fichas com pacientes
queimados, mas para diminuir o comportamento de dor.
Foi utilizada a economia de fichas como técnica operante
para a construção e manutenção do repertório de usar a máscara
de queim ados, por um a criança portadora de seqüela de
queimadura grave no rosto, pescoço, orelhas, tórax e braço. Neste
caso podem os considerar que a técnica utilizada foi uma
intervenção breve, que permitiu a bem curto prazo se obter o
sucesso desejado.
BOOKS
tempo que a criança usava a malha e as fichas dispensadas.
A mãe apresentou a queixa de que não estava tendo sucesso
em fazer a criança usar a máscara e a malha compressora, chegando
seu filho a desmaiar após ter ela tentado, à força, colocar a mallvi
na criança. Foi apresentada à mãe a possibilidade de se utilizar a
técnica de economia de fichas. Após a mãe ter confirmado seu
interesse, foi feito um contrato para a realização do trabalho*
enfatizando-se a importância de que agora ela seria a “psicólogti
GROUPS
de seu filho e que o sucesso da técnica iria depender em grande
parte de sua persistência em manter c>as regras do jogo”. Foi
explicado à criança como iria funcionar a brincadeira, que iria
ajudá-la a usar a máscara. A fim de selecionar o potencial valoi
reforçador dos brinquedos, a criança foi escolhendo os de sua
maior preferência por ordem decrescente. Foi colocado um
“preço” em cada um dos brinquedos e nos outros reforçadores
primários (chocolates, chicletes, pipoca, etc). Estes reforçadores
foram dispostos em cima de uma m esinha baixa, do tipo
INDEX
Nas sessões de contagem dos pontos a psicóloga brincava
com a criança por um período extra de 30 minutos, onde eram
leitos desenhos ou qualquer outra atividade lúdica escolhida pela
criança. Esta atividade tinha como finalidade reforçar “a vinda
ao hospital”.
As fichas eram dispostas pela mãe ou pela avó, no período
que a mãe se ausentava. A mãe, ou a avó, colocava a máscara e no
início do período e ao final retirava e dava a ficha, seguida de
BOOKS
vários reforços sociais do tipo “que bom que você conseguiu mais
uma fichinha para a sua coleção” ou “muito bem, muito bom”.
Nos primeiros sete dias a máscara era utilizada por períodos de
duas horas e a criança ficava sem a máscara por um igual período
de duas horas. Após cada período de duas horas de uso da máscara
a criança recebia uma ficha no valor de um ponto. A partir de
segunda semana o tempo de utilização foi aumentado para três
horas, e para quatro horas na quarta semana, cinco horas na quinta
GROUPS
semana e seis horas na sexta semana, enquanto o intervalo de
descanso foi diminuído para uma hora na terceira semana, depois
para meia hora na quarta semana e depois já se tirava a máscara
apenas nos horários de banho ou quando a criança solicitava que
a máscara fosse tirada.
Quando a criança queria tirar a máscara no meio do período
ela deixaria de ganhar a ficha mesmo que faltasse pouco tempo
para encerrar o período. Caso ela se recusasse a usar a máscara no
próximo período ela perderia uma ficha. Quando a criança aceitou
BOOKS
úteis, conforme relato da mãe, assim como a possibilidade dos
reforços que a criança poderia obter na troca das fichas.
O sucesso do procedim ento de economia de fichas
depende de algumas variáveis, tais como: adequada análisr
funcional diagnostica, possibilidade de colaboração da mãe ou
substituta, cuidados na dispensa dos reforços, associação dc
reforços sociais, como atenção e elogios, tanto no momento da
dispensa das fichas como nos da troca e colaboração no estado
GROUPS
de privação (manter os retorços disponíveis apenas sob as
condições especiais do tratamento).
Considerações acerca dos relatos verbais
Friman, Hayes e W ilson (1998) discutiram porque
analistas de com p ortam ento devem estudar as emoções,
oferecendo como exemplo a ansiedade e apontando que o
co m p o rtam en to ansioso, com o evento privado, adquire
INDEX
breve, qtie propicia o enfrentamento de problemas, é muito útil
e pode ser utilizada como terapia de apoio durante os períodos
críticos.
A análise de relatos verbais dos pacientes em relação aos
seus comportamentos de prevenção, propensão a desenvolver
comportamentos de risco, comportamentos relacionados a sua
patologia biológica, como a adesão ao tratamento e discriminação
de sintomas são muito importantes. Análises feitas com o paciente
BOOKS
podem ser úteis para que ele possa compreender melhor as relações
funcionais envolvidas no seu “adoecer” , “curar”, “prevenir” e
“reabilitar” e, assim, o terapeuta pode levar o paciente a
desenvolver au toco ntrole, isto é, aprender a dispor das
contingências que governam seus próprios comportamentos. O
objetivo último destas análises seria promover condutas mais
eficazes de adesão ao tratamento e enfrentamento da doença,
visando o desenvolvimento de uma qualidade de vida.
GROUPS
Muitas vezes o indivíduo é obrigado a aprender novos
co m p o rtam en to s a fim de lidar com desfiguram entos,
conseqüência de cirurgias de traumas e tumores. A forma com
que os indivíduos enfrentarão seus limites e incapacidades
determinarão em grande parte a qualidade de vida futura. O
analista de comportamento pode auxiliar o paciente a descrever
as novas condições a que estarão expostos e auxiliar na construção
de repertórios mais adequados de enfrentamento, evitando o
isolamento e a depressão, tão comuns nestes casos.
INDEX
e quando ela ainda não verbaliza, o mais relevante instrumento
para se obter dados é observá-la se comportando no contexto em
foco, seja ele a sala de espera, a sala de consulta medica, durante
exames e na espera do centro cirúrgico. Dados importantes serão
obtidos desta forma e permitirão o manejo no momento ou em
outros momentos subseqüentes.
As intervenções breves na área da saúde são úteis e
BOOKS
necessárias, obtendo-se resultados imediatos bastante positivos,
favorecendo o atendimento de um número maior de pessoas, o
que parece se constituir nos aspectos mais importantes do
atendimento psicológico no contexto médico.
E ntretanto, parece fundam ental e necessário que os
pesquisadores da área se dediquem a explorar novas possibilidades,
novas aplicabilidades e novas técnicas, através de estudos
sistemáticos com valor científico.
GROUPS
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INDEX
BOOKS
GROUPS
Delimitação do constructo
Com o acontece com virtualm ente todas as palavras
INDEX
atualmente em voga, é difícil precisar o nascimento da expressão
“Qualidade de Vida” (QDV). De qualquer modo, pode-se afirmar
que ela teve um aumento significativo de popularidade com o
florescim ento das econom ias após a II G uerra M undial,
principalmente nos países ditos desenvolvidos. Esta curiosidade
lingüística teve implicações práticas, patentes através de diversas
tentativas de avaliar o constructo. No entanto, é só na década de
60 que se pode falar de um verdadeiro interesse científico por
BOOKS
este conceito.
O relatório da Comm ission on N a tio n a l Goals, da
responsabilidade do Presidente Eisenhower, que data de 1960,
aponta um núm ero considerável de indicadores sociais e
ambientais da Q D V como objetivos da Nação. Os estudos de
Liu (1975), Campbel, Converse e Rodgers (1976) e Flanagan
(1982) vieram complementar os primeiros esforços de avaliação
GROUPS
que se encontravam já no referido relatório.
No seu artigo, Liu (1975) defendeu que a QD V deveria
ser medida recorrendo-se a 9 indicadores, cada um dos quais
representado por um conjunto de variáveis quantificáveis
(ascendendo à centena). Eles deveriam ser: a) de tal modo
universais que pudessem ser generalizados a toda a população;
b) de fácil compreensão (selecionados através de um consenso
Trabalho financiado pela Bolsa PRAXIS XXI / BD / 18536 / 98.
INDEX
recolhidas a partir dos census nacionais, com as quais testou o
seu modelo em 50 estados americanos.
Já Campbel, Converse e Rodgers (1976) almejavam tornai
compreensíveis determinadas experiências que descreviam a
Q DV dos indivíduos. Para tal, realizaram investigações sobre
indivíduos americanos com mais de 18 anos, assumindo uma
perspectiva retirada da Psicologia Social, mais especificamente
de Kurt Lcwin. Identificaram 12 domínios representativos para
BOOKS
a QDV: saúde, casamento, vida familiar, governo, amizades,
habitação, emprego, comunidade, fé, atividades de lazer, situação
financeira e participação em organizações.
Flanagan (1982), por sua vez, listou 15 domínios —
agrupáveis em categorias - a serem incluídos na avaliação da QDV
a partir da técnica dos incidentes críticos. Recorreu, deste modo,
à determinação da importância, para a vida dos entrevistados,
GROUPS
dos aspectos de um conjunto de situações hipotéticas (reais ou
idealizadas). Confirmou os dados assim recolhidos com indivíduos
de ambos os sexos e de três gerações distintas (30, 50 e 70 anos),
As categorias que estabeleceu foram: bem-estar físico, material e
social, relações com as outras pessoas; desenvolvimento e relações
pessoais; comunidade e atividades cívicas; recreação.
Os estudos continuaram nos mais diversos quadrantes
(p.ex., político, religioso, econômico, ecológico, médico) e com
uma variedade conceituai e metodológica consideráveis, de tal
INDEX
pela Q D V é o quadrante médico. De acordo com uma revisão
levada a cabo por Bergner (1989), as citações remontam a 1966.
Todavia, também neste contexto o significado da expressão não
é isento de ambigüidades, podendo ser mais ou menos restrito.
Originalmente, os estudos sobre Q D V foram levados a
cabo por autores que se encontravam fora dos contextos de Saúde,
centrando-se em indivíduos que não apresentavam doenças. Mais
tarde e em decorrência do desenvolvimento dos estudos sobre a
BOOKS
saúde, o conceito generalizou-se para ambientes clínicos. Nestes
ambientes, é freqüentemente conhecido por “Qualidade de Vida
R elacionada c o m /D e p en d en te da S aúde” (Q D V R S ). E
praticamente consensual que os elementos da QDVRS devem
medir o impacto de uma condição e seu tratamento no bem-
estar físico, social e psicológico e que tais medidas se devem
concentrar na percepção do doente individual (Baker et ai, 1993,
apud Baker, 1995).
GROUPS
E possível encontrar na literatura outros termos utilizados
como sinônimos por uns autores e como entidades diferentes,
mais ou menos complementares, por outros. Entre estes termos,
aquele que assume um papel preponderante é a “saúde”.
A dotarem os a perspectiva mais divulgada nas reuniões e
publicações da especialidade segundo a qual a “saúde” é um dos
domínios da QDV e não sinônimo. É, assim, acompanhada por
domínios atualmente aceitos como o trabalho, a família e o nível
econômico. Há, todavia, que sublinhar que, para os que estão doente#
ou não, a saúde é possivelmente o aspecto mais importante da QI )V
geral (Baker, 1995; Campbell, Converse e Rodgers, 1976).
Baker e Smith (1992), numa revisão feita a partir da b,is#
de dados Medline, entre 1983 e 1991, constataram que o número
de publicações sobre Q D V e doenças específicas tem crescido
anualmente para todas as doenças. Entre estas, as doenças crônic
- que, em vez de curadas, devem ser geridas (Blanchard, 1982) <
assumem um papel preponderante, já que representam 80% de
todas as doenças (Rodin e Salovey, 1989). Atualmente, é diííijl
depararmo-nos com uma doença crônica no âmbito da qual n.to
INDEX
se tenham realizados quaisquer estudos de QDV.
Para além de doenças específicas, a QD V pode também
ser conceituado e avaliado em contextos específicos como ,\
pediatria, a geriatria, a dependência de substâncias, os
profissionais do sistema de cuidados de saúde, etc.
A preocupação com a Q D V em contextos médicos acarret.i
a consideração de aspectos positivos do funcionamento do
indivíduo: avalia-se a capacidade, o potencial, a realização e não
BOOKS
a disfunção. Não se defende, porém, uma substituição das
m edidas clínicas tradicionais, mas apenas uma
complementaridade (Ware, 1993). De fato e de acordo com
Baker (1995), o objetivo da investigação sobre Q D V é quantificar
as percepções dos doentes como dados válidos e fiéis.
O estudo dos resultados das intervenções médicas sobre
os usuários do sistema de cuidados de saúde tem sido um dos
dinamizadores da avaliação da QDV. Há poucos anos, os
resultados consideravam unicam ente variáveis fisiológicas
GROUPS
objetivas de cada doença. Mais recentemente, a investigação tem
demonstrado que diferentes intervenções com o mesmo grau dc
“sucesso” sobre as variáveis fisiológicas consideradas podem ter
efeitos bastante diferentes sobre a Q D V dos doentes (p.ex.,
Croog, et al., 1986).
Atualmente, os que detêm o poder de decisão têm dispensado
mais atenção aos indicadores de QDV nas suas intervenções. A
preocupação atingiu já um nível em que é corrente a investigação
INDEX
contextos, as definições de Q D V acabam por refletir aspectos
comuns e específicos desses mesmos contextos.
Cramer (1993; 1994), por exemplo, define Q D V como
bem-estar físico, mental e social completo e não apenas a ausência
de doença, tornando o conceito sobreposto ao de saúde (WHO,
1948). Analogamente, Shumaker, Anderson e Czajkowski (1990,
p. 96) definem QD V como “a satisfação individual global com a
vida e a sensação geral, pessoal, de bem-estar”. Schipper, Clinch
BOOKS
e Powell (1990) definem Q D V a partir da percepção do doente
do efeito funcional da doença e seu tratamento sobre o próprio.
Churchman (1992), exterior ao contexto médico, define QD V
como o juízo subjetivo do indivíduo sobre o grau em que estão
satisfeitas as suas necessidades nos vários domínios de vida. E
isto para citar apenas alguns exemplos.
Esta dispersão de definições tornou necessário a procura
do denom inador comum. Schipper, Clinch e Powell (1990)
defendem que das concepções sobre Q D V se salientam cinco,
GROUPS
com uma importância decisiva nas correntes atuais: a) uma
abordagem psicológica1; b) uma abordagem custo-benefício; c)
uma abordagem centrada na comunidade; d) uma abordagem
funcional; e e) a lacuna de Calman.
A primeira centra-se na percepção do indivíduo da sua
doença (Barondess, 1979), na experiência da doença, por oposição
1 £ esta a abordagem que adoptamos.
INDEX
a) a capacidade/disponibilidade física; b) o estado psicológico;
c) o estatuto social e d) o estatuto econômico/emprego2.
Especificamente no sistema de cuidados de saúde, Cramer
(1994) defende que a Q D V é avaliada tendo em conta: a) a
saúde física; b) a saúde psicológica; c) o nível de independência;
d) as relações sociais; e) o ambiente3.
Torna-se, assim, claro que o núm ero de dom ínios/
componentes considerados na avaliação da Q D V é variável,
BOOKS
habitualmente extenso, dependendo da concepção subjacente e
dos objetivos e nível de análise pretendidos.
De um modo geral, pode dizer-se que a noção de QD V
implica que, na sua avaliação, se considere: a) os aspectos positivos
em detrimento dos negativos; b) o nível do bem-estar e o da
funcionalidade; c) a interação de aspectos físicos, mentais e sociais;
d) a percepção pessoal.
No entanto, uma análise detalhada da investigação que
GROUPS
tem sido feita no âmbito da QD V mostra que têm vindo a ser
utilizadas uma ampla gama de técnicas de avaliação, algumas
das quais contrariam o que acaba de ser dito e que é amplamente
reconhecido (p.ex., ênfase em aspectos negativos).
: N o estudo que descreveremos mais adiante, todas estas dimensões são abarcadas pelos
questionários utilizados (SF-36 e questionário demográfico elaborado para o efeito).
3 N o mesmo estudo, por questões metodológicas várias, optámos por não estudar a
vertente ambiente.
INDEX
da evolução das patologias (p.ex., epilepsias, cancros, diabetes
mellitus tipo 2) e dos tratamentos na Q D V de indivíduos afetados
por diversas condições crônicas (diversos íármacos, diferentes
intervenções cirúrgicas e radiológicas).
Qualidade de Vida de indivíduos com epilepsias
Inserido nos esforços de avaliação e potencial intervenção
BOOKS
na Q D V de indivíduos com doenças crônicas nos focalizaremos
seguidamente sobre as epilepsias.
As epilepsias são um grupo de perturbações caracterizado
por alterações crônicas, recorrentes, paroxísticas na função
neurológica causadas por anomalias na atividade elétrica do
cérebro (Dichter, 1991). Cada episódio de disfunção neurológica
é designado por crise. No entanto, se ocorrer uma crise isolada
tal não implica um diagnóstico de epilepsia. As epilepsias
GROUPS
apresentam uma incidência de 0.5-2% da população (Dichter,
1991), podendo ocorrer em qualquer idade.
Na seqüência do estudo de Baker e Sm ith (1992),
verificamos que, na década de 90, a introdução dos termos
“epilepsy” e “quality of life” na base de dados Medline, salda-se
por um número considerável e, de um modo geral, crescente, de
artigos: 13 em 1990, 5 em 1991, 18 em 1992, 30 em 1993,
28 em 1994, 50 em 1995, 51 em 1996, 49 em 1997, 56 em
INDEX
(o artigo indexado na base ERIC não consta das outras bases <le
dados), pelo que foram indexados 375 artigos referentes à déc,u{(
de 90, acessíveis através das palavras-chave referidas.
Referiremos apenas dois estudos ilustrativos do que se rrm
vindo a fazer em termos de avaliação de Q D V de indivíduos
com epilepsia: o maior estudo até à data sobre Q D V de pessoal
com epilepsia na Europa e um estudo que compara duas doençai
crônicas (epilepsia e asma), respectivamente.
INDEX
que as diferenças de gênero nas doenças crônicas sejam relatadas
na literatura, contudo, no mesmo estudo verificou-se que, no
domínio psicológico, as raparigas apresentavam valores piores
(|ue os rapazes, i.e., mais ansiedade, menos felicidade e atitudes
mais negativas face à epilepsia. As análises de gênero-gravidade
no grupo de adolescentes com epilepsia indicaram também que
as raparigas no grupo de gravidade elevada estavam piores.
Estes dados, bem como os de Hoare e M ann (1994),
BOOKS
sublinham as diferenças que se podem encontrar entre indivíduos
com diferentes doenças crônicas e até com a mesma doença. Daqui
ressalta a necessidade de fazer estudos diferenciais, que
possibilitem o desenvolvimento de medidas específicas que vão
de encontro às necessidades de cada (sub-)população4.
Fatores que afetam a Q D V dos indivíduos com epilepsia
GROUPS
Diversos fatores devem ser tomados em conta se procura-
se ter uma idéia clara daqueles que podem influenciar
significativamente a Q D V dos indivíduos com epilepsia (cf.
Devinsky e Penry, 1993). Uma sistematização exaustiva dos fatores
relacionados com a Q D V está fora do âmbito deste trabalho.
4 Este é um dos factores que nos levou a seleccionar dois tipos específicos de epilepsia e
a apresentar os resultados de acordo com os sexos.
INDEX
(Jacoby, 1992, apud Baker, Jacoby, Buck, Stalgis e Monnet, 1997)
De fato, Jacoby (1992, apud Baker, 1995) avaliou
indivíduos com crises bem controladas (a maioria sem crises li.í,
pelo menos, 2 anos) e verificou que os níveis de distresse geríl
relatados eram baixos. No entanto, os resultados indicaram aindí
que mesmo pessoas com epilepsia bem controlada experienciam
distresse devido à natureza imprevisível da sua doença: nunca
podem ter a certeza de que as crises não ocorrerão, o que pode
BOOKS
ter graves conseqüências psicológicas.
Baseando-se em trabalhos publicados na altura, Baker,
Jacoby, Buck, Stalgis e Monnet (1997) sublinharam que a relação
entre a gravidade da epilepsia (freqüência e tipo de crises) e o
seu impacto na Q D V é complexo e pode ser mediado por
diferentes fatores, incluindo as percepções dos doentes sobre si
próprios, sobre a sua condição e tratamento. Sublinharam que
os dois últimos podem variar substancialmente em diferentes
culturas. GROUPS
5 Ictal é a designação dada ao período da crise.
Devido às dificuldades que alguns doenres m anifestam em se recordar dos
acontecimentos ictais e pós-ictais e da carga emocional associada aos relatos na 3a pessoa,
optamos por utilizar o tipo de crises como indicador da gravidade dos fenômenos ictais
c pós-ictais. Utilizamos também a frequência e a percepção de controle das crises do
próprio sujeito como indicadores da gravidade.
INDEX
sublinham que a avaliação que fizeram dos efeitos secundários
da medicação se baseou unicamente no auto-relato, não sendo
possível separar os efeitos do tratamento, das crises e das lesões
subjacentes. Sublinham, no entanto, que as atribuições dos
doentes são importantes na determinação do seu comportamento
em relação à medicação .
Contudo, esta é uma área particularmente controversa.
Nos estudos de Dodrill, Arnett, Sommerville e Sussman (1993;
BOOKS
1995), p.ex., o vigabatrim revelou-se um fármaco antiepilético
útil, com pouco impacto em testes de capacidades cognitivas e
em medidas de QDV.
Os efeitos potencialmente negativos dos fármacos têm sido
sistem aticam ente questionados, de tal m odo que já se
desenvolveram questionários para os avaliar (p.ex., Gillham,
Baker, Thompson, Birbeck, McGuire, Tomlinson, Eckersley,
Silveira e Brown, 1996).
GROUPS
Cirurgia. Os resultados do estudo de Gilliam, Kuzniecky,
Medor, Martin, Sawrie, Viikinsalo, Morawetz e Faught (1999),
levado a cabo com 196 indivíduos, apóiam o efeito positivo que
INDEX
na QDV apresentaram uma associação estatisticamente significativa
com as crises. Os autores concluíram que este tipo de intervenção
pode reduzir as crises generalizadas atônicas e tônico-clônicas em,
pelo menos, 50% em metade dos operados. Todavia uma diminuição
das crises não é necessariamente acompanhada por um aumento na
QDV ou na satisfação do doente/da pessoa que cuida dele. Para que
se sintam satisfeitos com o tratamento, os doentes/pessoas que deles
cuidam necessitam de uma redução das crises, bem como de um
BOOKS
aumento na Q D V 10.
Funções cognitivas. A relevância do desempenho cognitivo
para a Q D V é de tal forma reconhecida que existem vários
instrumentos de Q D V que incluem itens que cobrem este
domínio. Vickrey, Hays, Graber, Rausch, Engel e Brook (1992),
p.ex., referem que a escala de funcionamento cognitivo do ESI-
55 (autopercepção de funcionamento) correlaciona-se com o
bem-estar emocional e QD V geral na população epiléptica.
GROUPS
* A lobectomia temporal - remoção da região epileptogênica - é o procedimento alternativo
à terapia farmacológica mais comum (Vickrey', Hays, Graber, Rausch, Engel e Brook,
1992).
A resecção do corpo caloso é uma operação paliativa com uma taxa de complicações
elevada, quando comparada com outras intervenções cirúrgicas associadas à epilepsia
(Andersen, Rogvi-Hansen, Kruse-Larsen e Dam, 1996).
10 Pelo menos numa primeira fase, optamos por excluir os indivíduos que haviam sido
operados e os candidatos a cirurgia, de modo a diminuir o número de variáveis.
INDEX
com epilepsia têm já dado frutos (p.ex., Tedman, Thornton e Baker,
1995; Taveira, Martins da Silva, Mendonça, Mena Matos, Borges e
Canijo, 1992). De fato, a investigação sobre os problemas
psicossociais dos indivíduos com epilepsia é já extensa.
Devinsky e Penry (1993) referem as seguintes áreas como
as mais relevantes: a) questões gerais - auto-estima, dependência,
condução, problemas cognitivos, problemas comportamentais,
embaraço decorrente das crises, medo de ter crises, estigma e
BOOKS
discriminação, idéias erradas sobre a epilepsia; b) educação —
dificuldades de aprendizagem, interações sociais; c) emprego —
discriminação, condições de trabalho precárias, capacidade de
desempenhar as funções laborais; d) seguros - de saúde, vida,
incapacidade; e) lar — relações familiares, atividades sociais; f)
lazer - desportos, passatem pos, consum o de álcool,
comportamento reprodutivo. De um modo geral, estas áreas
coincidem com as evidenciadas num estudo Português (Martins
GROUPS
da Silva, Taveira, Mena Matos e Mendonça, 1997).
Integração. Têm-se verificado já diversas tentativas de
integração dos resultados da investigação, nomeadamente através
da elaboração de modelos mais ou menos complexos (cf. Baker,
Smith, Dewey, Jacoby e Chadwick, 1993; Cramer, 1994). No
INDEX
investigação que apresentaremos propõe-se conjugar estas duas
linhas de pensamento, tendo como objetivo esclarecer o impacto
das (dis)funções cognitivas na Q D V dos indivíduos com dois
ripos específicos de epilepsia (temporais e frontais), de modo a
apoiar o delineamento de programas de promoção da QDV.
As epilepsias temporais e frontais
BOOKS
Vários têm sido os sistemas de classificação desenvolvidos/
aperfeiçoados ao longo dos anos para as epilepsias e para as crises
epilépticas. De acordo com a Classificação Internacional de Crises
Epilépticas (Dichter, 1991), as crises parciais ou focais (CP)
começam com a ativação de neurônios de uma área do córtex.
Os sintomas clínicos específicos dependem da área cortical
envolvida e implicam disfunção numa área cortical limitada. A
lesão pode dever-se a várias causas. A área cortical “anormal”
GROUPS
subjacente à atividade da crise pode ser identificada pelo
fenômeno neurológico específico observado durante a crise focal.
As CP são classificadas como simples (CPS) se não houver
alteração da consciência do meio e como complexas (CPC) se
ocorrer tal alteração. As CPS podem ocorrer com sintomas
motores (contrações recorrentes dos músculos de uma parte do
corpo), sensoriais (parestesias, vertigens, alucinações auditivas
ou visuais simples), autonômicos ou psíquicos {déjà vu, sensações
de medo ou raiva injustificadas, ilusões e até alucinações
INDEX
os acontecimentos que ocorreram durante a crise e pode levar
minutos ou horas a recuperar a consciência completa.
As CPS ou CPC podem progredir para crises generalizadas
com perda da consciência e freqüentemente com atividade motora
convulsiva. Tal pode acontecer desde logo até 2 minutos depois.
Adicionalmente, muitos indivíduos com crises focais têm crises
generalizadas sem um componente focal inicial óbvio, difíceis
de distinguir das crises generalizadas primárias. A presença de
BOOKS
uma aura ou de uma configuração fecal no início da crise
generalizada ou de um déficit neurológico focal pós-ictal são
pistas importantes para a origem focal da crise. A classificação
correta do tipo de crises que um indivíduo experiencia é essencial
para o estabelecimento do diagnóstico apropriado, avaliação de
prognóstico e seleção da terapia.
O diagnóstico das epilepsias temporais e frontais é sugerido
pela descrição das crises (CP). A existência de atividade
GROUPS
epileptogênica no EEG na zona do lobo temporal ou frontal
apoia o diagnóstico, sendo que outras técnicas, como a TAC, a
RM N e a SPECT são muitas vezes imprescindíveis para o
estabelecimento deste. Em muitos centros, a avaliação cognitiva
é também um indicador de peso12.
'■Na maior parte dos centros Portugueses tal não se verifica devida à escassez de dados
satisfatórios sobre as propriedades psicométricas da maicr parte dos instrumentos e avaliação
(neuro) psicológica. O nosso estudo insere-se num esforço para contrariar esta tendência.
BOOKS
dito hospital.
Critérios de seleção dos participantes', a) doentes com
diagnóstico de epilepsias temporais ou frontais seguidos na
Consulta de Epilepsia do Hospital Geral de Santo António; b)
com nível de 1iterácia suficiente para uma escolaridade mínima
de 6 anos; c) idade igual ou superior a 16 anos; e d) ausência dc
doença psiquiátrica, atraso mental, alteração do estado da
consciência e da comunicação que impeçam a aplicação dos
GROUPS
instrumentos previstos. Os doentes devem ser balanceados
relativamente ao sexo, idade, educação, idade de início das crises,
duração da doença, tipo e freqüência das crises. O consentimento
informado é condição absoluta de participação.
Variáveis controladas: a) atividade epileptogênica durante
a avaliação13; b) humor negativo (ansiedade e depressão)14; c)
adesão à terapêutica1’ . (Infelizmente, nem sempre é possível
excluir a existência de lesões estruturais, já que alguns doentes
não realizaram TACs ou RMNs.)
INDEX
da medicação. Onze nunca mudaram de medicação e 10 (32.3%)
mudaram pela última vez há 1 ou mais anos. Entre os que
mudaram, o mau controle das crises é a razão mais freqüente (7
sujeitos; 22.6% ), sendo que 3 (9.7%) referiram os efeitos
secundários como causa. Três doentes m udaram uma vez de
medicação, 9 mudaram 2 ou 3 vezes e 4 mudaram 4 ou mais
vezes (12.9%).
BOOKS
13 As funções cognitivas geram alterações nos campos elétricos cerebrais que podem ser
modificados por acontecimentos epileptogênicos. A monitorização video-EEG durante
a avaliação (neuro)psicológica é o único modo de determinar a) se a avaliação de
indivíduos com epilepsia é levada a cabo no período interictal (entre crises) e b) a
influência de acontecimentos epileptogênicos (não só crises clínicas) no resultado final
da avaliação. Apesar das dificuldades de análise dos EEGs realizados quando da avaliação
(neuro)psicológica, devido à abundância de artefatos, tal análise, levada a cabo por
especialistas, é o único modo de excluir o efeito da atividade epileptogênica na avaliação.
u A ansiedade e depressão podem enviesar negativamente os resultados: promover
GROUPS
relatos de Q D V inferior e limitar o desempenho nas tarefas cognitivas.
O questionário de variáveis da doença inclui várias questões sobre a terapia farmacológica
e é complementado pela análise do processo clínico do doente. Apesar de não ser uma
medida linear, são também avaliados os níveis séricos dos fármacos na manhã da avaliação.
16 Associamos um instrumento genérico (provavelmente o mais usado atualmente) às
questões específicas que estudos anteriores realizados no Serviço mostraram ser os mais
sensíveis para os indivíduos com epilepsia (déficts cognitivos e controle das crises). Procuramos,
deste modo, fazer a conjugação de perspectivas de que falamos anteriormente, pelas vantagens
mencionadas. Optamos, no entanto, por apresentar somente os dados relativos ao SF-36.
Para a análise de algumas questões inerentes à escolha de um instrumento, ver Fallowfield
(1 9 9 4 ).
17 Devido à discrepância de efetivo entre os dois tipos de epilepsia, não os distinguiremos
em nenhuma das análises apresentadas.
BOOKS
GROUPS
ls Os valores brutos estão codificados de modo que valores mais elevados correspondem
a melhor QDV.
Neste trabalho não apresentaremos os dados relativos ao humor negativo e às funções
cognitivas avaliadas. F.. no entanto, de referir a enorme dispersão que verificamos nestes
dois domínios. É ainda de sublinhar que se pretende, com a avaliação dita objetiva das
funções cognitivas, complementar os relatos freqüentes nos estudos de Q D V (cf.
Hermann, 1993; Perrine, Hermann, Meador, Vickrey, Cramer, Hays e Devinsky,
1995). lal complementaridade tem como objetivo incrementar a eficácia da intervenção
a implementar.
INDEX
Sf363h 31 2.0 ■ 3.0 2.871 1-3
Sf363i 31 3,0 ■ 3.0 3,000 1-3
Sf363j 31 3.0 • 3.0 3.000 1-3
(Sf364a 31 1,0 2,0 1,935 1-2
Sf364b 31 1.0 2.0 1.839 1-2
Sf364c 31 1.0 2.0 1.871 1-2
Sf364d 31 1.0 2.0 1.774 1-2
Sf365a 31 1.0 2.0 1.742 1-2
Sf365b 31 1,0 2.0 1.742 1-2
Sf365c 31 1,0 2,0 1,742 1-2
5Í36 6 31 1.0 5,0 4,129 1-5
|Sf367 31 1,0 6,0 4,835 1-6
Sf368 31 1.0 6.0 4,903 1-6
BOOKS
Sf369a 31 2 ,0 * 6,0 4,000 1-6
Sf369b 31 1,0 6,0 3.903 1-6
Sf369c 31 2 ,0 * 6,0 5,097 1-6
Sf369d 31 1.0 6,0 3,484 1-6
Sf369e 31 1.0 6,0 3,839 1-6
Isf369f 31 2,0 ’ 6,0 4,839 1-6
|Sf369g 31 1.0 6,0 4.032 1-6
Sf'369h 31 1,0 6,0 4,129 1-6
|Sf369i 31 1.0 5.0 * 3,903 1-6
S f 3 6 10 31 2,0 * 5,0 4,452 1-5
|Sf36l la 31 2.0 • 5,0 3.806 1-5
Sf'361 1b 31 1,0 5.0 3.548 1-5
sf3 6 11 c 31 1,0 5.0 3.774 1-5
sf36 1 ld 31
GROUPS
1,0 5.0 | 3.258
Legenda: * - não foi atingido o valor mínimo ou máximo permitido pelo item.
1-5
BOOKS
crises, data da última crise, quantidade e alterações dos fármacos
prescritos). Infelizmente, devido à inexistência de normas para a
população Portuguesa, não é possível identificar itens cujos valores
médios dos indivíduos estudados sejam significativam ente
diferentes dos da população geral.
De qu alq uer m odo, é de su b lin h ar a considerável
dispersão dos resultados individuais, patente através da análise
GROUPS
dos valores máximos e mínimos obtidos. Tal fato tem implicações
práticas: os programas baseados somente nas médias dos grupos
podem ter pouco impacto nos sujeitos tomados individualmente.
A análise do quadro 2 revela que em 3 sub-escalas
(Transição de Saúde, Saúde Geral e Vitalidade) o valor máximo
permitido pela sub-escala não foi atingido. No entanto, o valor
INDEX
os valores máximos possíveis nas duas. O fato de haver uma
dispersão considerável de valores nas sub-escalas nos aconselha a
ser cuidadosos nas conclusões a retirar e a propor certas
intervenções apenas em casos selecionados. Os resultados
sugerem, p.ex., que a promoção da melhoria da rede/apoio social
não é igualmente im portante para todos os doentes, pelo que
seria bastante plausível assistir a drop-outs significativos por parte
dos doentes com um funcionam ento social elevado num
BOOKS
programa desse tipo (cf. Amir, Roziner, Knoll e Neufeld, 1999).
Assim, parece-nos que o dado mais relevante desta primeira
fase de análise é a dispersão de valores obtida, o que sugere alguns
cuidados ao nível do planejamento de quaisquer intervenções.
E, assim, imperioso recolher mais protocolos e com parar os
resultados dos indivíduos com estas patologias com indivíduos
saudáveis equivalentes. O aum ento da am ostra, perm itindo
GROUPS
estabelecer sub-grupos, permitirá também neutralizar/diminuir
o efeito de algumas variáveis da doença que podem confundir
significativamente os resultados.
Resultados, Análise e Discussão II: Inicialm ente, deve-se
esclarecer que o tratam ento estatístico foi realizado com dados
brutos, já que não se pretendia utilizar o perfil.
A ocorrência da última crise correlaciona-se significativa e
negativamente com o núm ero de mudanças de fármacos (r=-
0,43, p<0.05). Assim, quanto maior o período de tempo sem
INDEX
terapia) dos casos estudados.
A ocorrência da últim a crise correlaciona-se positiva e
significativamente com todas as sub-escalas da QDV, com exceção
do item Transição e Saúde. Assim, a correlação com a sub-escala
Funcionamento Físico é r=0,38 (^<0,05); com o Papel Físico é
r=0,37 (/><0,05), com a Dor Corporal é r=0,38 (/><0,05), com a
Saúde Geral é r=0,4l (/><0,05), com a Vitalidade é r=0,52
(/><0,01), com o Funcionamento Social é r=0,57 (/><0,01), com
BOOKS
o Papel Emocional é r=0,38 (/><0,05) e com a Saúde Mental é
r=0,48 (/><0,01). Ou seja, quanto mais próxima no tempo esteja
a últim a crise pior é Q D V dos indivíduos. Este resultado é
compreensível se tivermos em conta o que uma crise próxima
pode acarretar em termos de preocupações e confronto com as
próprias limitações (físicas, psicológicas e sociais).
A Iransição de Saúde não está correlacionada com nenhuma
>
GROUPS
das variáveis estudadas, para além do início da doença. Assim, o
início da doença correlaciona-se significativa e negativamente
O O
INDEX
Social, sendo que os indivíduos casados referem m elhor
Funcionamento Social (M= 9,15) do que os que estão sozinhos -
solteiros, divorciados, separados ou viúvos - (Af=7,66, í(29)=2,33,
p< 0,05). A fam ília nu clear é um cam po privilegiado de
funcionamento social, pelo que este resultado não é de estranhar.
E ainda de considerar a importância do (bom) funcionamento
social na gênese e manutenção de relações a dois.
BOOKS
N o que toca os efeitos secundários da medicação, os
indivíduos que relatam efeitos secundários referem menos Dor
C o rp o ral (M = 12,00) do que os que não relatam efeitos
secundários (A f=9,ll, í(22,00)=4,21, /><0,0001). Por outro lado,
os indivíduos que relatam efeitos secundários percepcionam um
m elhor Papel Em ocional (A/=6,00) do que aqueles que não
referem efeitos secundários (M=5,26, í(22,00)=2,83, /><0,01).
Estes resultados revelam -se p articu larm en te difíceis de
GROUPS
interpretar, incentivando um estudo mais aprofundado
Apesar destes nossos prim eiros resultados estarem de
acordo com grande parte da literatura sobre Q D V e epilepsia as
dúvidas e incertezas surgidas fazem com que se torne imprescindível
a continuação/aprofundamento de estudos deste tipo para bem
fundamentar a desejada promoção da QDV destes doentes.
INDEX
suas vidas. Defendem ainda que é necessário o aconselhamento sob ri
os riscos de danos físicos associados às crises, o que deve ser visto
como parte integrante da gestão da doença.
Austin, Huster, Dunn e Risinger (1996), por seu turno,
defendem a avaliação ampla da Q D V em contexto clínico e a
implementação de programas para mulheres com epilepsia ativa.
Sublinham também a necessidade de explorar as interações entre
o gênero e a gravidade das crises, bem como as relações entre
BOOKS
inteligência, funcionamento cognitivo e QDV.
Já Amir, Roziner, Knoll e Neufeld (1999) enfatizam a
possibilidade de melhorar a Q D V de indivíduos com epilepsia
através do aconselhamento e tratamento direcionado ao reforço
da auto-eficácia e locus de controle e da melhoria do apoio social.
Giovagnoli e Avanzini (2000) constataram que a percepção
da capacidade de memória dos indivíduos com epilepsia temporal
é um im portante preditor da QDV, correlacionando-se com o
GROUPS
desempenho cm testes de memória. Consequentemente, sugerem
o desenvolvimento de esforços no sentido de fornecer treino
específico que possa melhorar a memória destes indivíduos, como
meio de melhorar a sua QDV.
Outra sugestão é dada por Roth, Goode, Williams e Faught
(1994). Estes autores aconselham o exercício físico, uma vez que
verificaram que os problem as com a depressão são
significativamente inferiores entre aqueles que fazem exercício
físico regularmente e evitam alterações de vida estressantes.
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INDEX
BOOKS
GROUPS
INDEX
BOOKS
GROUPS
INDEX
Embora sejam difíceis de descrever, parece que sabemos
com o elas são. Podemos descrevê-las como sentim entos ou
sensações e verificar que apresentam com ponentes com o
modificações fisiológicas: coração acelerado e digestão lenta,
expressões do que sentimos verbal ou não verbalmente.
As em oções representam um problem a teórico e
experimental para a psicologia e permeiam os trabalhos dos poetas
e a vida cotidiana. Na aplicação dos conceitos da psicologia,
BOOKS
continuam os com um problema: o que fazer com a emoção e
como essa decisão tem implicações no que se diz ao cliente e em
como se escuta o que ele fala.
Recolocando o problem a, temos: com o “tratar aqueles
aspectos do comportamento que na linguagem comum, através
dos tem pos, têm sido cham ados de em ocionais” (Keller e
S choenfeld, 1950, p. 343) em um a situação de doença
diagnosticada, mas nem sempre aceita, e com conseqüências claras
GROUPS
para a program ação da vida após essa prim eira etapa do
diagnóstico, quando a linguagem do cliente é freqüentemente
carregada de palavras que descrevem emoções em lugar de ações.
Algumas vezes é também observada a supressão de falar
sobre a doença ou comportamentos que a facilitam (como o fumar
para o hipertenso ou para pessoas com câncer pulmonar). A
intensidade do efeito do diagnóstico depende de como ele é
transmitido e das variáveis da história pessoal: quais as palavras
INDEX
especiais - quando um corpo é observado e descrito por UtU
profissional que dem o nstra a irreg ularid ade em seu
funcionamento. A pessoa passa a relatar, então, as suas rençftfi
ao corpo na circunstância externa clara de ter um diagnóstli«»
sobre o mesmo; portanto, um contexto m uitas vezes novo e
diverso da aprendizagem anterior.
As contingências que ensinaram a nomear estados do corpo
- a senti-lo e descrever - estão agora alteradas, pois alguma coisa
INDEX
c) com o a pessoa percebe e descreve sintom as físicos em
intensidade e em interferência na vida;
d) como a própria pessoa e os outros (o ambiente) reagem diante
das soluções possíveis: reclamam, aceitam, encorajam, rejeitam.
O tipo de doença
A relação da doença com a possibilidade de tratamento ou
BOOKS
prevenção tem impacto claro no estilo de vida. A pergunta é: qual o
papel e a responsabilidade do psicólogo em função das exigências
das novas contingências e dos sentimentos expressos que demonstram
as dificuldades encontradas pela pessoa? Desvendar esse emaranhado
não garante o sucesso de fórmulas prontas.
Considero que determ inar a função da doença naquele
m om ento específico pode garantir a confiança, baseando-se
naquilo que se faz e na predição de sucesso por fazer e analisar as
GROUPS
condições do corpo nomear e agir.
O problema de adesão ao tratamento é mais evidente nas
doenças crônicas em que a denominação da doença não apresenta
um impacto e há observação de amigos ou familiares com o mesmo
quadro do que no caso, por exemplo, de câncer ou leucemia.
As práticas culturais é que sancionam ou punem os
comportamentos emitidos e a pessoa pode sentir-se responsável
por fazer e por relatar o que sente.
Cultura
Ao falarm os em culitura, pensam os não som ente 114
INDEX
C onstruir substitutos para essas conseqüências é um
desafio. DaMatta ( , p. 9*4) afirma que Brasil “a idéia de
2 0 0 0 110
BOOKS
pessoas sancionam com portam entos que podem dificultar o
tratam ento.
Há conceitos que relacionam os fatores de risco para a
saúde como “vida boa”, com o por exemplo: comer gordura;
perder esses “prazeres” é ser otário, porque não há garantia de
resultados a longo prazo.
O u tro conceito é crer e descrer da tecnologia e
m edicam entos possíveis. D esde a crença no sucesso dos
GROUPS
transplantes de órgãos, cirurgias cardíacas, até a dificuldade de
ingerir sistematicamente medicamentos ou alterar estilos de vida.
Psicologia
Faltam estudos e investimentos em áreas tradicionais da
psicologia de “compreender-se”, “relacionar-se” com parentes,
amigos e parceiros. O que as pessoas dizem querer e o que elas
fazem é ainda um quebra-cabeça.
INDEX
dos estudos epidemiológicos fornecerem direções, é somente
examinando a história individual e questionando, para obter fatos
e explicações, que pode ser construído um programa viável, com
probabilidade alta de ser seguido.
As instruções, os conselhos e as regras não consideram a
história pessoal. Analisam as conseqüências a que outras pessoas
se submeteram ou observaram e não estão presentes as dicas que
os sentim entos podem fornecer. O psicólogo, através de
BOOKS
questionamento, tarefas e ensino de observação pode facilitar o
entrar em contacto com as condições e descrevê-las e assim
favorecer a eficácia de um programa.
Como temos salientado, o aspecto racional e de informação
que faz parte desse processo tem sido beneficiado por
esclarecimento público e por programas educacionais de curta
duração, mas não garante o seguir as instruções se o
acompanhamento não for constante. Um exemplo de educação
GROUPS
continuada é o trabalho bem sucedido dos agentes comunitários
de saúde. Nos últimos dez anos a mortalidade infantil caiu 27%.
Indicador de qualidade de vida, o índice de mortalidade infantil
perm ite avaliar o investim ento na saúde m aterna. O agente
co m u n itário vai à casa, inform a, ensina e altera hábitos
aumentando a prevenção de doenças. Outros fatores como água
e saneamento básico de má qualidade impedem melhorar o índice
já conseguido. A tese de doutorado de Enumo (1983), realizada
INDEX
de peso a curto prazo. As intervenções, no entanto, não
apresentam dados na manutenção dos ganhos, embora existam
indicadores de que a continuação do tratamento e a prática dc
exercícios adiam o ganhar peso.
Também há indicações de que intervenções com crianças
e pré-adolescentes tenham sucesso a longo prazo. Está em aberto,
portanto, a necessidade de estudar o processo de perda de peso c
manutenção como prioridade para um programa de saúde, uma
BOOKS
vez que obesidade é fator de risco para hipertensão, diabetes c
problemas cardíacos, predispondo também artrite degenerativa,
o que é um problema atual pelo envelhecimento da população.
Considero que não existem dados suficientes sobre o efeito
da observação com registros quantitativos que permitam à pessoa
com parar sua m udança pessoal e as condições em que vive.
Possivelmente esses dados com ações anotadas e até as emoções
nomeadas poderiam dem onstrar como os sentim entos podem
GROUPS
sinalizar o que acontece com as ações. Em lugar de falar de
“nervoso”, fatores de risco cardíacos poderiam ser observados:
fumo, peso, consum o de sal, gorduras saturadas ingeridas,
atividade tísica, com o lidar com situações estressantes. Na
dissertação de mestrado de Braga (1989), realizada no Laboratório
de C om portam ento e Saúde da USP, sob m inha orientação,
notam os, com cardíacos, a im p ortância da descrição de
comportamentos, do registro e do planejamento de atividades
INDEX
laços afetivos decorrentes de separações ou perdas. Descrevendo
fases, Bowlby as denominou protesto, desespero c desligamento
e descreve comportam entos que considero um auxiliar para o
trabalho do psicólogo. Muitas vezes o cliente se revolta até aceitar
um diagnóstico e entrar em um processo de combate a doença.
As vezes, descrever essas fases ou identificá-las auxilia o cliente a
passar por elas e a responder as perguntas que fervilham em sua
cabeça, enquanto procura alternativas pessoais para encaminhar-
BOOKS
se para possibilidades de mudanças sem acreditar em atalhos ou
milagres.
Onde é a morada dos sentimentos pode hoje ser respondido
pela Tom ografia por Emissão de Positrons (PET). O filme
seqüencial do cérebro e seu mapa dinâmico são fascinantes, mas
seus resultados são controversos na psicologia do estudo das
em oções. Prefiro ainda considerar que os sentim entos que
acontecem com nossas ações sinalizam as contingências em curso
GROUPS
e, dessa forma, possibilitam alternativas de mudança.
Considerações finais
A prevenção de doenças e a adesão ao tratamento têm sido
constantemente vinculadas a fatores emocionais. A definição dc
emoção, os dados culturais e o desenvolvimento da psicologia
norteiam a diversidade de intervenções e demonstram problemas
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M. Cristina O . 5. M i y a z a k i e
€ d u j i g e s Ferreira d e M a t t o s S i l v a r e s
INDEX
psicologia na educação médica.
A tualm ente bem estabelecido (Kerbauy, 1995; 1997;
Neder, 1997), o papel do psicólogo em instituições de saúde
deve-se a fatores que vão além da “humanização” do atendimento,
razão inicial para justificar a inserção deste profissional na área.
Em prim eiro lugar, as principais causas de m orbidade e
m ortalidade m odificaram -se, de doenças infecciosas com o
pneum onia e tuberculose, no início do século, para doenças
BOOKS
relacionadas a estilo de vida e padrões comportamentais, como
doenças cardiovasculares e câncer. Além disto, os crescentes custos
dos serviços de saúde têm colocado em evidência a importância
da educação sobre práticas saudáveis e com p ortam entos
preventivos, como form a de reduzir a vulnerabilidade para
doenças e a importância de uma intervenção global para aumentar
índices de adesão a tratam ento e reduzir o impacto da doença
sobre o funcionamento global do indivíduo (Friedman, Sobel,
GROUPS
Myers, Caudill e Benson, 1995).
Estes aspectos levaram à elaboração de m odelos
psicológicos da saúde, corno o proposto por Ribes-Inesta (1990).
Para este autor, o comportamento modula estados biológicos, na
medida em que regula o contato entre organismo e ambiente,
constitui o meio de contato direto com agentes patogênicos,
leva a mudanças graduais no organismo (ex: através do consumo
de álcool e cigarros), permite a identificação precoce de sintomas
INDEX
Lamosa, 1987; Miyazaki e Amaral, 1995).
Psicologia da Saúde é definida como:
“...o conjunto de contribuições educacionais, científicas e profissionais
específicas da psicologia à promoção e manutenção da saúde,
prevenção e tratamento das doenças, identificação da etiologia e
diagnósticos relacionados à saúde, doença e disfunções relacionadas c
à análise do desenvolvimento do sistema de atenção à saúde e formação
1 Embora no Brasil o termo Psicologia Hospitalar seja mais conhecido, diversos autores
questionam sua adequação, uma vez que o trabalho do psicólogo na saúde vai além do
contexto hospitalar (Cyrillo, 1994).
INDEX
program as de prevenção para futuros profissionais da saúde
(Arruda, Millan, Rossi e Marco, 1994; Arruda, Rossi, Marco e
M illan, 1994; C oom bs, Perel e R uchk, 1990; Coom bs e
Virshup, 1994; M illan e Barbedo, 1988; M ichie e Sandhu,
1994; Miyazaki, 1997).
E nesta última linha de trabalho, envolvendo dificuldades
encontradas durante a graduação e forma como são (ou não)
solucionadas pelos futuros profissionais da saúde, neste caso,
BOOKS
alunos de medicina que se situa a presente discussão.
Dificuldades psicossociais associadas à graduação em medicina
e programas de intervenção
A presença de problem as psicossociais em médicos e
estudantes de medicina tem sido freqüentemente enfocada na
literatura especializada, em bora alguns fatores dificultem os
GROUPS
estudos realizados na área. Sendo medicina uma carreira ligada a
status social desejável, muitos consideram o aluno pessoa bem
sucedida, portanto emocionalmente estável. Parece haver também
certa relutância, por parte da categoria profissional, em
reconhecer a existência de problemas psicológicos em futuros
colegas, uma vez que este reconhecimento pode implicar admitir
o estresse associado à educação médica. Além disso, pode ser difícil
confrontar a questão “será que alguns problemas emocionais são
incompatíveis com a prática médica?” (Arnstein, 1986, p. 1422).
INDEX
grandes quantidades de informação, sabendo que ainda há muito
mais a ser aprendido. O fato das habilidades tornarem-se cada
vez mais complexas pode levar a um aumento crescente do estresse,
comprometendo o bem-estar do estudante.
O utra característica que, provavelmente, está presente em
muitos alunos que prestam vestibular em área tão concorrida
como medicina (Borges, Iacopponi e Luchesi, 1997; Folha dc
São Paulo, 1997) e são aprovados, é o perfeccionism o. Q
BOOKS
perfeccionismo pode ser orientado para o outro (nível exagerado
de exigência em relação ao com portam ento do outro), auto»
orientado (padrões auto-impostos excessivamente altos e irreais
de desempenho, associados a freqüente escrutínio, auto-crítica
exagerada e uma grande dificuldade em aceitar qualquer tipo dc
falta cometida em várias áreas do desempenho) e socialmente
orientado (crença na necessidade de atender às expectativas alheias
GROUPS
que acredita serem extremamente altas, para ser aceito).
O perfeccionism o auto-orieniado parece ter função
adaptativa, na medida em que impulsiona o indivíduo a buscar
um desem penho cada vez m elhor nas tarefas que executa,
E n tretan to , está tam bém associado a um a auto-avaliação
extremamente rígida, com alto nível de exigência e uma tendêncisi
para centrar-se nos aspectos negativos da própria performance. ()
perfeccionismo socialmente orientado, por sua vez, “...envolve mantet
a aprovação dos outros através de um desempenho perfeito” (Hewitt,
INDEX
H ew itt e De Rosa, 1996). Estes sentim entos estão
freqüentemente presentes em alunos que comparecem ao Serviço
de Psicologia, com dificuldades em relação ao rendim ento
acadêmico ou por terem “caído de turma”, expressão utilizada
para referir-se a uma reprovação.
B latt (199 5), em artigo pu blicado no American
Psychologist, relata o suicídio de vários profissionais norte
americanos de grande destaque e sucesso, fato incompreensível
BOOKS
para a maioria das pessoas, associando-o ao perfeccionismo. O
atendimento a alunos, considerados motivo de orgulho familiar
por terem escolhido uma profissão como a medicina, permite
com preender o profundo desespero e sensação de fracasso
associados ao que consideram suas “falhas”, relacionadas a
problemas como baixo rendimento acadêmico, impossibilidade
de sempre conseguir auxiliar o paciente, desencanto com a
GROUPS
profissão idealizada, desejo de abandonar o curso e dificuldades
encontradas no cotidiano da formação universitária.
Assim, é possível compreender porque o perfeccionismo
parece associado a uma maior vulnerabilidade para problemas
como a depressão, foco de estudo de inúmeros autores em relação
a acadêmicos de medicina.
D epressão, ansiedade e dificuldades de ajustam ento
co n stitu em im p o rtan te s problem as entre estudantes
universitários e estão presentes em alunos de medicina no Brasil
INDEX
em sala. Com parando estudantes universitários do primeiro e
do terceiro ano, os autores identificaram níveis mais altos de
estresse nos calouros em relação aos veteranos. Isto pode significar
que os veteranos já haviam adquirido estratégias de enfrentamento
que os levava a perceber uma redução do estresse em relação aos
calouros. Como o ingresso em ambiente universitário constitui
um a transição em term os de estilo de vida que requer,
conseqüentem ente, um período de adaptação, os autores
BOOKS
enfatizam, além da intervenção individual, a implementação de
program as para grupos de estu dan tes em início de vida
universitária. Um estudo realizado junto aos alunos de medicina
da FAMERP, como forma de obter subsídios para a elaboração
de programas preventivos, obteve dados compatíveis com os
relatados por Polo et al. (Miyazaki, 1997).
Em estudo sobre depressão entre acadêmicos de medicina,
GROUPS
Zoccolillo, M urphy e Wetzel (1986) relataram que 12% dos
alunos, durante os dois primeiros anos da faculdade, apresentavam
quadro de depressão maior. Clark, Salazar-Grueso, Grabler e
Fawcet (1984) e Valko e Clayton (1975) também encontraram
alta taxa de depressão maior antes (23% e 40%) e durante o
internato (27% e 30% ). Chan (1991) com parou alunos de
medicina a um grupo controle de estudantes universitários de
Hong Kong, através dos resultados obtidos pelas amostras no
Inventário Beck de Depressão. Apesar de os estudantes de
INDEX
O autor sugere que este fato pode relacionar-se à
hom ogeneidade da amostra, constituída por jovens, solteiros,
com alto nível educacional, presumivelmente desempenhando
papéis semelhantes, com expectativas equiparáveis e mesmas
fontes de estresse e depressão. Evidências deste estudo sugerem
ainda que comportamentos obsessivos e não assertivos mostram-
se associados à depressão em alunos de m edicina. Se estas
características que talvez auxiliem o aluno a ingressar na escola
BOOKS
médica, podem também aumentar o risco para depressão, é um
aspecto que ainda deve ser melhor estudado.
De qualquer forma, os dados indicam a necessidade de
desenvolver nestes alunos repertórios “protetores” em relação ao
problema, uma vez que um quadro de depressão pode prejudicar
o desempenho acadêmico, o relacionamento interpessoal e, nos
casos mais graves, levar ao suicídio. Com o forma de atuar de
form a preventiva junto aos alunos da FAMERP, programas
GROUPS
visando desenvolver estratégias adequadas de enfrentamento face
às principais dificuldades identificadas na am ostra foram
elaborados e serão im plantados após a reforma curricular em
2001. Estão incluídos nestes programas o desenvolvimento de
habilidades para manejo adequado do tem po, de habilidades
adequadas de estudo, de habilidades sociais e de habilidades de
ajuda (Egan, 1994a, 1994b).
Alguns autores têm sugerido que o alto escore que muitos
universitários obtêm no Inventário Beck de Depressão pode estar
INDEX
mais associados a sofrimento psicológico do que a um quadro de
depressão. Estas considerações parecem apontar para a necessidade
de uma avaliação mais acurada de indivíduos com altos escores
no BDI que pode, então, ser utilizado como uma forma do
rastreamento ou identificação inicial daqueles indivíduos com
maior vulnerabilidade para comprometimento psicossocial. Uma
identificação destes indivíduos poderia, se realizada precocemente,
prevenir problemas mais graves como depressão e suicídio.
INDEX
contrastam com as da USP (Pcpitone-Arreola-Rockwell, 1981,
apad Millan, Rossi e Marco, 1994b).
Um estudo prospectivo realizado com estudantes de
medicina da Universidade Johns Hopkins, procurou avaliar através
do Questionário de Hábitos de Tensão Nervosa, características
que diferenciavam aqueles alunos que cometeriam suicídio no
futuro. Neste estudo, nenhum outro fator (ex: história familiar,
rendim ento acadêmico) além de irritabilidade e freqüência
BOOKS
urinária pode ser identificado como precursor de suicídio (Graves
e Thomas, 1991).
Estatísticas de serviços de saúde m ental destinados ao
atendim ento de estudantes universitários norte am ericanos
indicam que cerca de 50 a 60% desta população, em algum
momento, necessita de atendimento psicológico breve (Pinkerton
e Rockwell, 1994). Dados específicos acerca de acadêmicos de
GROUPS
medicina naquele país mostram que 4 a 40% desta população
procura atendimento psicológico durante o período universitário
(Lloyd e Gartrell, 1984; Salmons, 1983).
No Brasil, uma estatística global não foi encontrada,
mesmo porque nem todas as universidades contam com este tipo
de atendim ento. A lguns dados, relacionados à população
brasileira estão, entretanto, disponíveis. Uma análise retrospectiva
dos atendimentos realizados pelo Grupo de Assistência Psicológica
ao Aluno (GRAPAL), destinado a atender alunos da Faculdade de
INDEX
realizar um diagnóstico (13,6%) e casos que não caracterizavam
transtorno mental (25,6%) (Millan, Rossi e Marco, 1994a).
Um estudo realizado em universidade norte americana,
cujo centro de atendim ento de saúde mental (para alunos de
diferentes escolas, não apenas estudantes de medicina) funciona
em esquema de plantão, identificou problemas como: ideação
suicida (22%), pânico-ansiedade (22%), depressão sem ideação
suicida (18% ), problem as familiares (8% ), dificuldades de
BOOKS
relacionamento (6%), assédio ou agressão sexual (4%), abuso de
substâncias (4%), violência ou ameaça de violência (4%), transtorno
alimentar (2%) (Meilman, Hacker e Kraus-Zeilman, 1993).
Uma análise dos atendimentos realizados pelo Serviço de
Orientação Psico-Pedagógica ao Aluno (SOPPA) da Faculdade
de Medicina de São José do Rio Preto durante quatro anos (n=93)
indicou que a maioria dos alunos atendidos é do sexo feminino
(66% ou n=62) e com idade entre 17 e 23 anos. Os problemas
GROUPS
identificados com maior freqüência foram depressão (24%),
dificuldades de relacionam ento (22,8% ), ansiedade (14% ),
dúvidas em relação à adequação da escolha profissional (12%) e
problemas relativos a hábitos adequados de estudo e manejo do
tempo (10%) (Zanin, Miyazaki, Domingos e Valerio, 1999).
Uma pesquisa realizada junto à Escola de Medicina da
Universidade Johns Hopkins analisou os primeiros 100 alunos
que buscaram atendimento junto ao Serviço de Saúde Mental para
Estudantes em um período de cinco anos (1984-1988). Foram
INDEX
da Johns Hopkins é que este funciona com serviços voluntários,
prestados por profissionais da área, para resolver o problema de
escassez de recursos financeiros e necessidade de prover assistência
ilimitada aos estudantes (Godenne, 1992).
O utro problem a freqüentem ente encontrado entre os
alunos, denom inado “distúrbio do estudante de m edicina”,
consiste na percepção de estar apresentando sintomas ou doenças
que estão sendo objeto de estudo. E stu dar sintom as de
BOOKS
determinadas doenças leva o aluno a centrar-se em seu próprio
cansaço e em sensações corporais que em outros m om entos
passariam desapercebidas. Além disso, um aumento na ansiedade,
relacionado ao estudo de doenças de etiologia complexa, leva o
aluno a preocupar-se com seu próprio estado de saúde, com
pessoas de sua família que apresentam quadros semelhantes ou a
identificar-se com pacientes. Conseqüentemente, sintomas das
doenças que são objeto atual de estudo parecem “em ergir”
GROUPS
(A rnstein, 1986; M echanic, 1972; Taylor, 1995; W oods,
Natterson e Silverman, 1966).
Algumas das pesquisas sobre dificuldades em acadêmicos
de medicina foram realizadas com alunos que procuraram auxílio
profissional (Millan, Rossi e Marco, 1994a). Entretanto, nem
todos os que apresentam problemas procuram serviços de saúde
mental. Além disso, mesmo quando o indivíduo reconhece que
precisa de ajuda, diversos obstáculos interpõem -se entre o
potencial usuário e o atendimento.
INDEX
facilitar o enfrentamento de situações estressantes, não um meio
de controle ou para o tratamento de sérios transtornos mentais;
8) ter um processo de triagem ou identificação precoce de
problemas; 9) não ser restrito apenas àqueles alunos que parecem
ter maior vulnerabilidade para problemas.
Alguns dados da literatura sobre os problemas encontrados
em profissionais sugerem que m uitas dificuldades não são
superadas com o processo de amadurecimento. Assim, uma breve
BOOKS
revisão da literatura, acerca de dificuldades psicossociais
enco ntrad as em m édicos e program as de aten d im en to
especialmente delineados para a categoria, será realizada a seguir.
D ificu ld ad es psicossociais em m édicos e program as de
atendim ento para a categoria
Tanto a formação médica como a prática da medicina
GROUPS
podem ser vistas como situações que colocam freqüentemente o
indivíduo em contato com estressores (Martins, 1994). Assim,
caso o profissional ou aluno não disponha de estratégias efetivas
para lidar adequadam ente com situações estressantes, pode
apresentar uma maior vulnerabilidade para transtornos mentais
ou problemas psicossociais.
Estudos acerca de dificuldades psicossociais encontradas
entre médicos incluem problemas como abuso de substâncias,
ansiedade, estresse, desgaste profissional ou “burnout”, depressão,
INDEX
para identificar colegas que precisam de ajuda (Firth-Cozens,
1994; Fish e Steinert, 1995; Lawrence, 1989; Pullen Lonie,
Lyle, Cam e Doughty, 1995). Raram ente um profissional da
área tem seu próprio médico, realizando, quando necessário,
“consultas de corredor” ou automcdicação, com uma minoria
comparecendo para exames de rotina, como se “cuidar do outro
e solicitar cuidados fossem mutuamente exclusivos” (Baird, Fish,
Dworkind e Steinert, 1995, p.260).
BOOKS
Além disso, as estratégias utilizadas pela categoria para
lidar com as dificuldades inerentes à profissão podem ser pouco
saudáveis, incluindo abuso de álcool e drogas (Baird et al., 1995;
D om ineghetti et al., 1991; Moore et al., 1990; Pullen et al.,
1995) e o processo educacional responsável pela formação médica
prepara pouco os futuros profissionais para lidar com as
dificuldades associadas à profissão e vida pessoal (Egan, 1994;
Varga e Buris, 1994).
GROUPS
Há algum tempo, as dificuldades vivenciadas por um
médico só eram conhecidas quando uma queixa era formalizada
junto às instituições responsáveis, quando o problema tornava-
se sério a ponto de ser impossível ignorá-lo e em casos de suicício
(Baird et al., 1995). Nos últimos anos, entretanto, inúmeros
estudos têm sido realizados com o objetivo de identificar
problemas, fatores de risco e fatores protetores. Além disso,
programas preventivos e de intervenção, delineados especialmente
para a categoria profissional e para profissionais em formação
INDEX
jornadas de trabalho, manejo de pacientes e famílias considerados
difíceis, pressão para tom ada de decisões rápidas e vitais,
dem andas pessoais e familiares que entram em conflito com
demandas profissionais, remuneração nem sempre compatível
com esforço, principalm ente para aqueles form ados mais
recentemente (Baird et al., 1995; Gaspari, 1993; Parizi, 1997;
Swisher, Nieman, Nilsen e Spivey, 1993).
BOOKS
M artins (1994), em estudo realizado com residentes,
concluiu que os principais fatores estressantes para a amostra
estu dad a relacionaram -se à carga ho rária excessiva
(principalm ente plantões), condições precárias de trabalho,
confronto com situações dolorosas junto a pacientes e familiares
e medo de cometer erros. As situações consideradas mais difíceis
pelos residentes foram realizar comunicações dolorosas (ex: morte,
diagnóstico de doença grave), atendimento a pacientes cm estádio
GROUPS
terminal e medo de contrair infecções.
Embora seja difícil modificar algumas desias coiuliçocs, c
possível, através de programas visando o desenvolvimento de
repertórios comportamentais adequados ou treino em solução
de problemas, auxiliar estudantes e profissionais a lidarem com
as condições difíceis ou adversas presentes na vida acadêmica e
profissional (Bligh, 1995; Ingenito e Wooles, 1995; Meichenbaum,
1987; Smith, Lyles, Mettler e Marshall, 1995). A habilidade para
solucionar problemas tem se mostrado cada vez mais associada a
INDEX
profissional (ex: duração da jornada de trabalho; quantidade de
tarefas acadêmicas), mas também a percepção do indivíduo sobre
os estressores (Firth-Cozens, 1994).
A lgum as instituiçõ es contam com program as para
desenvolver habilidades facilitadoras do desem penho de
atividades específicas, como atendimento a pacientes portadores
de doenças graves, como câncer e AIDS e notificação de óbitos
BOOKS
(Dignan et al., 1989; Egan, 1993; 1994; Grossman e Silverstein,
1993; Ross, 1993; Swisher et al., 1993; Toth, Collinson, Ryder,
Goldsand e Jewell 1994).
Assim, as dificuldades encontradas entre alunos de
medicina e estratégias utilizadas para enfrentá-las devem ser
identificadas, com o objetivo de obter subsídios para a elaboração
de program as preventivos que devem ser im plem entados
concom itantemente à formação acadêmica, principalmente no
GROUPS
início da faculdade e momento em que o aluno deve entrar em
contato com pacientes que parecem constituir momentos críticos
da formação acadêmica.
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Eliane de Oliveira Falcone é professora do Instituto
de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro e Doutora em Psicologia Clínica pela
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Psicologia da Universidade Paulista e doutoranda
em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo.
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de São José do Rio Preto e Doutora em Psicologia
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28/8/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 28/8/2015
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Roberto Alves Banaco é professor do Departamento
de Métodos e Técnicas da Pontifícia Universidade
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Rute F. Meneses c doutoranda em Psicologia e
Ciências da Educação pela Universidade do Porto.
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Psicologia pela University of Kansas.
Vera Lucia Adami Raposo do Amaral é professora
do Departamento de Pós-graduação em Psicologia
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Cirurgia Plástica Crânio-Facial da SOBRAPAR e
Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo.
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é ('mio do esforço conjunto de professores e
pesquisadores brasileiros, espanhóis e
portugueses para o avanço cientifico da área na
ibero-amcrica. Apresenta reflexões e propostas
para tratamento e prevenção de diversos
problemas psicológicos e contribuições
relevantes para a atuação do Psicólogo em
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diferentes contextos, como escolas, projetos na
comunidade, hospitais, postos de saúde, clínicas
médicas e psicológicas, clubes desportivos, entre
outros. Está dividido em tiês partes: Psicologia
Clínica Infanül e do Adolescente, Aplicação da
Psicologia Clínica com Adultos e Psicologia da
Saúde. Com capítulos objetivos e linguagem
acessível e clara, acreditamos que será de grande
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ajuda para o aprimoramento teórico e prático
de profissionais e estudantes da Psicologia e de
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