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Sentenças Vaticanas

(Trad. Nasser Kassem Hammad)

Estas oitenta e uma Sentenças de Epicuro foram descobertas em 1888 por Karl
Wotke num manuscrito da biblioteca do Vaticano. Segundo Usener, que lhes consagrou
um estudo substancial, elas provavelmente foram extraídas da correspondência entre
Epicuro e seus discípulos Metrodoro, Polieno e Hermarco. Algumas delas já figuravam
na coleção das Máximas Capitais conservada por Diógenes Laércio.

Obs: 1) A sigla MC são reproduções das Máximas Capitais.


2) As partes entre parênteses são atribuídas a discípulos de Epicuro.

1 – [MC 1] O ser bem-aventurado e imortal está livre de preocupações e não as causa a


outrem, de modo que não manifesta nem cólera nem bem-aventurança: tudo isso é pró-
prio da fraqueza. (Em outra parte Epicuro diz que os deuses são visíveis à nossa mente,
sendo alguns numericamente distintos, enquanto outros aparecem uniformemente do
influxo contínuo de imagens similares dirigidas ao mesmo ponto e com a figura huma-
na.)

2 – [MC 2] A morte não é nada para nós, pois o que se dissolve está privado de sensibi-
lidade e o que está privado de sensibilidade não é nada para nós.

3 – [MC 4] A dor não dura de forma contínua na carne. A que é extrema dura muito
pouco tempo e a que ultrapassa em pouco o prazer corporal não persiste por muitos dias.
Quanto às doenças que se prolongam, elas permitem à carne sentir mais prazer que dor.

4 – Toda dor física é de desprezar, pois o que causa um mal-estar intenso é de curta du-
ração, e o que dura muito no corpo causa um mal-estar moderado.

5 – [MC 5] Não é possível viver feliz sem ser sábio, correto e justo, [nem ser sábio,
correto e justo] sem ser feliz. Aquele que está privado de uma dessas coisas, como, por
exemplo, da sabedoria, não pode viver feliz, mesmo se for correto e justo.

6 – [MC 35] Não é possível que aquele que comete, às escondidas, algo contra a con-
venção de não se prejudicar mutuamente possa ter a certeza de que não será descoberto,
mesmo se, no momento, puder escapar mil vezes, pois, até o final de sua vida, não terá
certeza de não ser pego.

7 – É fácil passar desapercebido quando se comete uma injustiça, mas é impossível ad-
quirir segurança de se passar desapercebido.

8 – [MC 15] A riqueza que é conforme à natureza tem limites e é fácil de adquirir, mas
aquela imaginada pelas vãs opiniões é sem limites.

9 – A necessidade é um mal, porém não há nenhuma necessidade de se viver submetido


à necessidade.

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(10 – Metrodoro, recorda que sendo mortal por natureza e lhe correspondendo uma vida
de duração limitada, te elevaste através de tuas investigações sobre a Natureza, ao que é
infinito e eterno, e chegaste a contemplar a realidade atual, a realidade futura e a reali-
dade passada.)

11 – Na maioria das pessoas a inatividade embota e o exercício inflama.

12 – [MC 17] O justo goza de uma perfeita tranqüilidade de alma; o injusto, em com-
pensação, está cheio da maior perturbação.

13 – [MC 37] Entre as prescrições editadas como justas pelas leis, aquela que recebe
confirmação de ser útil à comunidade é justa, quer seja a mesma para todos os homens,
quer não. Mas se alguém estabelecer uma lei que não for vantajosa para a comunidade,
essa lei de nenhum modo possui a natureza do justo. E mesmo quando a utilidade ine-
rente à justiça não se faz mais sentir, após ter sido durante certo tempo conforme a essa
prenoção, não terá sido menos justa durante esse intervalo de tempo para todos aqueles
que não se deixam levar por frases ocas, mas fixam sua atenção sobre os próprios fatos.

14 – Nascemos uma só vez, duas não nos é dado nascer, em seguida deixaremos de ser
por toda eternidade. Porém tu, que não és dono do dia de amanhã, adias indefinidamente
a tua felicidade e, entretanto, a vida vai se perdendo lentamente nesses adiamentos e
cada um de nós morre sem ter encontrado a paz.

15 – Apreciamos nosso comportamento exatamente da mesma forma que qualquer outra


coisa de nossa exclusiva propriedade, agimos da mesma forma se são bons e causamos
por isso a inveja de muita gente. Pois bem, outro tanto interessa fazer com os do próxi-
mo, se este é razoável.

16 – Ninguém que comprove o mal o prefere ao bem, porém, seduzido pelo sonho que
aparenta ser um bem se o compara com um mal maior que ele, cai em seu anzol.

17 – Não é o jovem que merece ser felicitado, mas o velho que viveu uma bela vida,
pois o jovem que está na flor da idade erra e é arrastado em todas as direções por qual-
quer coisa que passe por sua cabeça, enquanto que o velho ancorou na velhice como em
porto seguro, depois de haver conseguido incluir entre suas seguras satisfações os bens
que antes havia desejado alcançar.

18 – Se prescindirmos da contemplação, da conversa e trato com as pessoas queridas se


desvanece toda paixão do amor.

19 – Quem um dia se esquece do bem que já passou tornou-se velho nesse mesmo dia.

20 – [MC 29] Entre os desejos, há os que são naturais e necessários, outros que são
naturais, mas não necessários, outros enfim que não são nem naturais nem necessários,
mas produtos de uma vã opinião. (Epicuro considera naturais e necessários os desejos
que nos livram do sofrimento, como beber quando temos sede; naturais e não-
necessários são os desejos que simplesmente fazem variar o prazer, sem remover o so-
frimento, como os alimentos suntuosamente preparados; nem naturais nem necessários
são os desejos por coroas e ereção de estátuas em honra da própria pessoa.)

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21 – Não se deve forçar a natureza mas ceder-lhe se com isso satisfazemos os desejos
necessários e naturais sempre que não nos prejudiquem, mas desprezaremos com toda
rudeza os prejudiciais.

22 – [MC 19] O tempo infinito contém a mesma soma de prazer que o tempo finito se
medirmos pela razão os limites do prazer.

23 – Toda amizade é por si mesma desejável, porém recebe sua razão de ser da necessi-
dade de ajuda.

24 – Aos sonhos não lhes corresponde uma natureza divina nem capacidade profética,
mas são produzidos por uma confluência de imagens.

25 – A pobreza, medida segundo o critério do fim assinalado pela natureza ao nosso ser,
é uma grande riqueza, mas uma riqueza sem limites é uma grande pobreza.

26 – É mister tomar boa nota de que o razoavelmente profundo da mesma forma que o
superficial tendem ambos ao mesmo fim.

27 – Em todas as atividades da vida só depois de terminadas é que lhes chegam os fru-


tos, porém na busca da verdade correm em paralelo o deleite e a compreensão, pois o
deleite não vem depois do aprendizado, mas o aprendizado ocorre junto com o deleite.

28 – Não se deve dar por bons nem aos predispostos à amizade, nem aos lentos para
aceitá-la, mas que é mister ganhar a satisfação da amizade ainda que seja às custas de
certos riscos.

29 – Prefiro praticar a sinceridade em minhas investigações e assim proclamar o que


convém a todas as pessoas, ainda que ninguém venha a me compreender, do que con-
formar-me com as opiniões do vulgo e assim granjear o elogio que flui aos rodos da
multidão.

(30 – Metrodoro, alguns passam suas vidas procurando as coisas aptas para a vida, sem
se darem conta de que está infiltrado dentro de nós mesmos o veneno mortal de nossa
origem.)

(31 – Frente aos demais é possível procurar segurança, porém, no tocante à morte, todos
os seres humanos habitamos uma cidadela indefesa.)

32 – A veneração do sábio é um grande bem para quem o venera.

33 – A voz do corpo é esta: não passar fome, não passar sede, não passar frio. Pois
quem conseguir isso e confiar que sempre o obterá rivaliza com o próprio Zeus em
questão de felicidade.

34 – Não obtemos tanta ajuda da ajuda dos amigos como da confiança de sua ajuda.

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35 – Não devemos perder os bens presentes pelo desejo dos ausentes, mas devemos nos
darmos conta de que estes que temos agora disponíveis estiveram também entre os que
foram desejados.

(36 – A vida de Epicuro comparada com a dos outros homens em questão de delicadeza
e capacidade para contentar-se com o que é seu poderia ser considerada um prodígio.)

37 – Nossa natureza é fraca perante o mal, mas não perante o bem. Pois os prazeres nos
fortalecem; os padecimentos, pelo contrário, nos enfraquecem.

38 – Pobre em tudo e por tudo é aquele a quem assiste muitos e razoáveis motivos para
acabar com a vida.

39 – Nem é verdadeiro amigo quem, a propósito de qualquer coisa, busca ajuda, nem
quem nunca ajuda, pois aquele regateia a devolução do favor feito e este corta pela raiz
a possibilidade de poder esperar dele algo de bom no futuro.

40 – Quem assegura que todas as coisas ocorrem por necessidade não tem nada a obje-
tar a quem assegura que nem todas as coisas ocorrem por necessidade, pois afirma que
sua própria afirmação ocorre por necessidade.

41 – Digo que devemos rir em vez de buscar a verdade, cuidar de nosso patrimônio e
retirar os frutos das demais propriedades e não cessar sob nenhuma circunstância de
emitir os juízos ditados pela verdadeira filosofia.

42 – O mesmo momento tem a ver tanto com a origem do maior bem como com seu
desfrute.

43 – Quanto ao amor ao dinheiro, se este é adquirido por meios legítimos, é aceitável,


mas, se adquirido por procedimentos ilegítimos, é detestável, pois é coisa feia ser sórdi-
do e avaro ainda mais em se tratando de dinheiro que pertence a outrem por justiça.

44 – O sábio quando cai em situações angustiosas sabe muito mais repartir do que rece-
ber, tão maravilhoso é o tesouro da autarquia que ele descobriu.

45 – A verdadeira ciência da natureza não faz os homens arrogantes, nem faladores,


nem ostentadores desta cultura propugnada pelo vulgo, mas ativos, satisfeitos consigo
mesmos e muito orgulhosos dos bens da alma e não dos que se procuram nas coisas.

46 – Devemos repudiar os maus costumes, como repudiamos os homens malvados que


nos causaram um enorme prejuízo durante muito tempo.

(47 – Me antecipei a ti, Destino, e fechei todas as tuas possibilidades de infiltração, e


não me rendi nem a ti nem a nenhum outro condicionamento, mas quando a Parca nos
levar daqui iremos lançar um enorme cuspe contra a vida e contra os que nesciamente se
apegaram a ela, ao mesmo tempo que entoaremos um formoso cântico de salvação gri-
tando que nossa vida foi bela.)

48 – Devemos fazer a jornada seguinte melhor que a anterior, enquanto estamos a cami-
nho, e, uma vez chegados ao final, ficarmos contentes da mesma forma que antes.

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49 – [MC 12] Aquele que não conhece a fundo a natureza, mas se contenta com con-
jecturas mitológicas, não poderá liberar-se do temor que sente a respeito das coisas mais
importantes, de modo que, sem o estudo da natureza, não é possível desfrutar de praze-
res puros.

50 – [MC 8] Nenhum prazer é em si um mal, mas as coisas que nos proporcionam cer-
tos prazeres acarretam sofrimentos às vezes maiores que os próprios prazeres.

(51 – Acabo de inteirar-me de que tuas excitações carnais se acham muito propensas às
relações sexuais. Tu, enquanto não infringires as leis, não transtornares a solidez dos
bons costumes, não molestares o próximo, nem destruíres teu corpo, nem desperdiçares
tuas forças, faça uso como te convenha de teus desejos. Porém, a verdade é que é im-
possível não incidir em ao menos num destes inconvenientes. Pois as coisas de Vênus
jamais favorecem, e podemos nos dar por contentes se não prejudicam.)

52 – A amizade percorre o mundo inteiro proclamando a todos que se despertem imedi-


atamente para a felicidade.

53 – Não se deve invejar ninguém, pois os bons não são merecedores de inveja e os
maus quanto mais sorte têm mais se prejudicam.

54 – Não temos que aparentar que buscamos a sabedoria, mas devemos buscá-la verda-
deiramente, pois não necessitamos parecer que temos boa saúde, mas tê-la realmente.

55 – Devemos curar nossas desgraças mediante uma boa memória dos bens perdidos e
sempre compreendendo que não nos é dado fazer com que não ocorra o que já aconte-
ceu.

56-57 – O Sábio sofre, porém não mais quanto aquele que sofre quando vê que seu ami-
go está atormentado... (pois se o sábio não se comportar assim) toda vida do amigo rola-
rá pelo solo e cairá no abatimento por não confiar em ninguém.

58 – Temos que nos libertarmos dos cárceres das ocupações da rotina e da política.

59 – O insaciável não é o estômago, como o vulgo afirma, mas a falsa crença de que o
estômago precisa, para saciar-se, de quantidades ilimitadas de alimentos.

60 – Todo mundo sai da vida como se acabasse de nascer.

61 – A contemplação do próximo é o mais formoso sempre que os familiares em pri-


meiro grau mostrem concórdia, que é o que procura um apoio importante para aquele
resultado.

62 – Com efeito, se os enfados dos pais com seus filhos se devem a causas justificadas é
estúpido, creio eu, repreender-lhes em lugar de escusar-se ao pedido de perdão, e se isso
não se deve a causas justificadas, mas aos impulsos irracionais, é ridículo em maior
grau ainda lançar lenha na fogueira fomentando pela própria indignação pessoal aquela
dose de irracionalidade ao invés de encontrar a forma de mudar-lhes as atitudes de ma-
neira suave mediante sensatas considerações.

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63 – Na moderação também há um termo médio, e quem não se dá conta dele é vítima
de um erro parecido ao de quem se excede por incontinência.

64 – O aplauso dos demais deve acompanhar-nos movidos apenas pelo impulso destes,
porém nós devemos ser médicos de nós mesmos.

65 – É vão pedir aos deuses aquilo que alguém não é capaz de alcançar por si mesmo.

66 – Não é chorando que compartilhamos os sentimentos dos amigos, mas preocupan-


do-nos realmente com eles.

67 – Uma vida livre não pode adquirir muitas riquezas, porque isso não é fácil de fazer
sem dar espaço ao servilismo da turba ou dos poderosos, mas conquista todas as coisas
necessárias mediante uma contínua liberdade. Porém, se por casualidade, consegue ad-
quirir muitas riquezas também lhe é fácil distribuí-las e conseguir a gratidão do próxi-
mo.

68 – Nada é suficiente para quem o pouco não é suficiente.

69 – O ser vivo ávido de tornar perfeito seu multiforme regime de vida torna sua alma
infeliz.

70 – Não faças nada na vida que possa te causar vergonha se o próximo vier a descobrir.

71 – Diante de qualquer desejo devemos nos indagar: O que acontecerá se este desejo
for satisfeito, e o que acontecerá se não for?

72 – [MC 13] De nada serve adquirir a segurança em relação aos homens se as coisas
que se passam acima de nós, aquelas que se encontram sob a terra e aquelas que se espa-
lham pelo espaço infinito nos inspiram temor.

73 – A quem tenha tido o corpo afetado por alguma dor por fim lhe vem um bem que
lhe permite pôr-se em guarda frente a dores semelhantes.

74 – Num duelo de raciocínios ganha mais aquele que perde se vier a aprender alguma
coisa.

75 – Não manifesta reconhecimento para com os bens passados a sentença que diz: “Es-
pera para ver o final de tua longa vida.”

76 – Seja em tua velhice tal como eu te animo que sejas, e terá compreendido bem em
que consiste buscar a verdade para si mesmo e em que buscá-la para a Hélade. Te felici-
to.

77 – O fruto mais delicioso da autarquia é a liberdade.

78 – O homem de sentimentos nobres se preocupa sobre tudo com a sabedoria e a ami-


zade: das quais uma é um bem imortal e a outra um bem mortal.

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79 – A imperturbabilidade não é molesta nem para si nem para o outro.

80 – O elementos fundamental para a própria salvação é o cuidado que devemos ter com
nossa juventude e a vigilância frente aos vícios que mancham tudo por culpa de alguns
desejos incontidos.

81 – Nem a posse da maior riqueza que exista, nem qualquer espécie de honra, estima
ou respeito do vulgo, nem o que esteja ligado a desejos sem limites pode dissipar ou
]pôr fim à inquietude da alma, muito menos originar uma alegria que mereça ser identi-
ficada como tal.

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