Sie sind auf Seite 1von 14

RAE-CLÁSSICOS • PARADIGMAS, METÁFORAS E RESOLUÇÃO DE QUEBRA-CABEÇAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

PARADIGMAS, METÁFORAS E RESOLUÇÃO DE


QUEBRA-CABEÇAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES
RESUMO
O objetivo deste artigo é apresentar os elementos da crítica humanista radical, que sugere que a disciplina
de teoria das organizações tem sido aprisionada por suas metáforas, e estimular uma conscientização por
meio da qual ela poderia começar a se libertar. Este artigo explora os relacionamentos entre paradigmas,
metáforas e a resolução de quebra-cabeças, mostrando que a teoria das organizações e a pesquisa em
organizações são construídas sobre uma rede de suposições tidas como certas. Examinam-se a natureza
metafórica da teoria e a implicação da metáfora para a construção de teoria. Sugere-se um pluralismo
teórico e metafórico, que permita o desenvolvimento de novas perspectivas para a análise organizacional.
Enquanto a ortodoxia está baseada em algumas metáforas características do paradigma funcionalista,
metáforas características de outros paradigmas, que desafiam as suposições fundamentais da ortodoxia,
mostram que têm muito a oferecer.

Gareth Morgan
Schulich School of Business – York University

ABSTRACT The purpose of this paper is to present the elements of a radical humanist critique which suggests that the discipline of organization
theory has been imprisoned by its metaphors, and to stimulate an awareness through which it can begin to set itself free. The paper explores the
relationship among paradigms, metaphors, and puzzle solving showing how organization theory and research is constructed upon a network of
assumptions that are taken-for-granted. The metaphorical nature of theory and the implications of metaphor for theory construction are examined.
A theoretical and methodological pluralism which allows the development of new perspectives for organizational analysis is suggested. While
orthodoxy is based upon a few metaphors characteristic of the functionalist paradigm, metaphors characteristic of other paradigms, which
challenge the ground assumptions of orthodoxy, are shown to have much to offer.

PALAVRAS-CHAVE Metáfora, paradigma, construção de teoria, teoria das organizações, humanismo radical.
KEYWORDS Metaphor, paradigm, build theory, organizational theory, radical humanism.

58 • RAE • VOL. 45 • Nº1

058-071 58 26.01.05, 17:13


GARETH MORGAN

Para o filho de um camponês que cresceu dentro das es- organizações é necessário entender o relacionamento
treitas fronteiras de seu vilarejo e que passa a vida toda no entre os modos específicos de teorização e pesquisa, e
lugar em que nasceu, o modo de pensar e de falar caracte- as visões de mundo que eles refletem. Seria útil come-
rístico desse vilarejo é algo que ele tem inteiramente como çar com o conceito de paradigma popularizado por
certo. Mas para o rapaz da zona rural que vai para a cida- Kuhn (1962), apesar de esse conceito ter sido exposto
de e gradualmente se adapta à vida urbana, o modo de a uma ampla variedade de interpretações (Morgan,
viver e de pensar do campo deixa de ser algo tido como 1979). Isso se deve, em parte, porque o próprio Kuhn
certo. Ele ganhou um certo “distanciamento” dele e conse- usou o conceito de paradigma no mínimo de 21 modos
gue fazer agora uma distinção, talvez bastante consciente, diferentes (Masterman, 1970), e de maneira consisten-
entre os modos de pensar e as idéias “rurais” e “urbanos”. te com três amplos sentidos do termo: (1) como uma
Nesse tipo de distinção repousa o início daquela aborda- completa visão da realidade, ou modo de ver; (2) rela-
gem que a sociologia do conhecimento procura desenvol- cionado à organização social da ciência em termos de
ver detalhadamente. Aquilo que dentro de um determina- escolas de pensamento ligadas a tipos particulares de
do grupo é aceito como absoluto parece, para aquele que realizações científicas; e (3) relacionado à utilização
está fora, condicionado pela situação do grupo e reconhe- concreta de tipos específicos de ferramentas e textos
cido como algo parcial (nesse caso,‘“rural”). Esse tipo de para o processo de solução de quebra-cabeças científi-
conhecimento pressupõe uma perspectiva mais “distan- cos (veja a Figura 1).
ciada”. (MANNHEIM, 1936). Provavelmente uma das mais importantes implicações
do trabalho de Kuhn deriva da identificação dos para-
Mannheim utiliza esse exemplo de urbanização de um jo- digmas como realidades alternativas, e a utilização in-
vem camponês como meio de ilustrar como os modos de discriminada do conceito de paradigma em outros senti-
pensar o mundo são mediados pelo ambiente social e como dos tende a mascarar esse sentido básico. O termo “para-
a aquisição de novos modos de pensar depende de um afas- digma” é, portanto, utilizado aqui em seu sentido
tamento da antiga visão de mundo. O exemplo é um ponto metateórico ou filosófico para denotar uma visão implí-
de partida conveniente para uma análise da teoria das orga- cita ou explícita da realidade. Qualquer análise adequa-
nizações, que busca examinar como os teóricos das organi- da do papel do paradigma em teoria social deve desco-
zações tentam entender seu objeto de estudo, e também brir as principais suposições que caracterizam e definem
como eles tentam alcançar certo distanciamento do modo uma dada visão de mundo para fazer com que seja possí-
ortodoxo de vê-lo. Os teóricos das organizações, assim como vel consolidar o que há de comum entre as perspectivas
os cientistas de outras disciplinas, freqüentemente abordam dos teóricos cujos trabalhos poderiam, caso contrário,
seu objeto a partir de uma estrutura de referências baseada em um nível mais superficial, parecer distintos e de am-
em suposições inquestionáveis. Na medida em que essas plo alcance.1
suposições são continuamente afirmadas e reforçadas pelos Qualquer paradigma metateórico ou visão de mundo
cientistas da área e por outros com os quais os teóricos das metateórica pode incluir diversas escolas de pensamen-
organizações interagem, podem permanecer não apenas sem to que freqüentemente constituem diferentes maneiras
discussão, mas também algo além da percepção consciente. de abordar e estudar uma realidade compartilhada ou
Nesse sentido, a visão de mundo ortodoxa pode vir a assu- visão de mundo (o nível Metáfora na Figura 1). Vai se
mir o status de real, rotineira e inquestionável como a visão argumentar neste artigo que as escolas de pensamento
de mundo do jovem camponês de Mannheim que perma- nas ciências sociais, aquelas comunidades de teóricos que
neceu em casa. A natureza parcial e auto-sustentadora da concordam com perspectivas relativamente coerentes,
ortodoxia só se torna evidente na medida em que o teórico baseiam-se na aceitação e utilização de diferentes tipos
expõe as suposições básicas ao desafio de modos alternati- de metáforas como fundamento para investigação.
vos de visão, e começa a apreciar essas alternativas em seus No nível de resolução de quebra-cabeças da análise
próprios termos. (Figura 1), é possível identificar diversos tipos de ativi-
dades de pesquisa que procuram operacionalizar as de-
talhadas implicações das metáforas que definem uma es-
PARADIGMAS, METÁFORAS E cola de pensamento específica. Nesse nível detalhado da
RESOLUÇÃO DE QUEBRA-CABEÇAS análise, muitos textos específicos, modelos e ferramen-
tas de pesquisa competem pela atenção dos teóricos, e
Para se entender a natureza da ortodoxia na teoria das grande parte da pesquisa e do debate nas ciências sociais

JAN./MAR. 2005 • RAE • 59

058-071 59 26.01.05, 17:13


RAE-CLÁSSICOS • PARADIGMAS, METÁFORAS E RESOLUÇÃO DE QUEBRA-CABEÇAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

está focada nesse nível. Isso inclui o que Kuhn (1962) algum estágio a comunidade de praticantes com os quais
descreveu como “ciência normal”. Na teoria das organi- possa se sentir em casa para apreciar os domínios da
zações, por exemplo, o livro de Thompson Organizations teorização definidos por outros paradigmas, e as inú-
in Action (1967) tornou-se modelo e ponto de partida meras metáforas e métodos pelos quais se podem con-
para os teóricos interessados na teoria da contingência duzir a teoria e a pesquisa.
que desenvolvem idéias geradas pela metáfora do orga-
nismo (Burrell e Morgan, 1979). As numerosas propos-
tas apresentadas no livro de Thompson geraram grande PARADIGMAS COMO
quantidade de pesquisas para resolução de quebra-cabe- REALIDADES ALTERNATIVAS
ças, em que as suposições metafóricas que fundamen-
tam o modelo de Thompson são inquestionáveis como O papel dos paradigmas como visões da realidade social
maneira de entender as organizações. foi recentemente explorado em detalhes por Burrell e
Analisando como as atividades específicas da resolu- Morgan (1979), que argumentaram que a teoria social
ção de quebra-cabeças estão relacionadas a determina- em geral e a teoria das organizações em particular po-
das metáforas que, por sua vez, estão em concordância deriam ser analisadas em termos de quatro amplas vi-
com uma determinada visão da realidade, o teórico pode sões de mundo refletidas em diferentes grupos de su-
se tornar muito mais consciente do papel que desem- posições metateóricas sobre a natureza da ciência, a di-
penha em relação à construção social do conhecimen- mensão subjetivo-objetiva, e a natureza da sociedade, a
to científico. Como no caso do jovem camponês dimensão da regulação-mudança radical (Figura 2).
“urbanizado” de Mannheim, uma perspectiva cosmo- Cada um desses quatro paradigmas – funcionalista,
polita em teorização depende de o teórico deixar em interpretativista, humanista radical e estruturalista radi-

Figura 1 – Paradigmas, metáforas e a resolução de quebra-cabeças:


três conceitos para se compreender a natureza e a organização da ciência social

Paradigmas
Realidades alternativas

Metáforas
Bases das escolas de pensamento

Atividades de resolução de quebra-cabeças


Baseadas em ferramentas e textos específicos

60 • RAE • VOL. 45 • Nº1

058-071 60 26.01.05, 17:13


GARETH MORGAN

cal – reflete uma rede de escolas de pensamento relacio- nhecimento empírico útil.
nadas, diferenciadas na abordagem e na perspectiva, mas O paradigma interpretativista é baseado na visão de
compartilhando suposições comuns fundamentais sobre que o mundo social possui uma situação ontológica du-
a natureza da realidade de que tratam. vidosa e de que o que se passa como realidade social
O paradigma funcionalista é baseado na suposição de não existe em qualquer sentido concreto, mas é um pro-
que a sociedade tem existência concreta e real, e um cará- duto da experiência subjetiva e intersubjetiva dos indi-
ter sistêmico orientado para produzir um sistema social víduos. A sociedade é entendida a partir do ponto de
ordenado e regulado. Ele encoraja uma abordagem à vista do participante em ação, em vez do observador. O
teoria social que enfoca o entendimento do papel dos teórico social interpretativista tenta entender os pro-
seres humanos na sociedade. O comportamento é sem- cessos pelos quais as múltiplas realidades compartilha-
pre visto como algo demarcado pelo contexto em um das surgem, se sustentam e se modificam. Como a abor-
mundo real de relacionamentos sociais tangíveis e con- dagem funcionalista, a interpretativa se baseia na supo-
cretos. As suposições ontológicas encorajam a crença na sição e na crença de que há um padrão implícito e uma
possibilidade de uma ciência social objetiva e livre de ordem no sistema social; no entanto, o teórico inter-
valores, em que o cientista se distancia da cena que ana- pretativo vê a tentativa funcionalista de estabelecer uma
lisa por meio do rigor e das técnicas dos métodos cientí- ciência social objetiva como um fim inalcançável. A ciên-
ficos. A perspectiva funcionalista é primordialmente re- cia é vista como uma rede de jogos de linguagem, ba-
guladora e prática em sua orientação básica, e está preo- seada em grupos de conceitos e regras subjetivamente
cupada em entender a sociedade de maneira a gerar co- determinados, que os praticantes da ciência inventam e

Figura 2 – Paradigmas, metáforas e as escolas de análise organizacional relacionadas

SOCIOLOGIA DA MUDANÇA RADICAL

Paradigma humanista radical Paradigma estruturalista radical


Instrumento
de dominação
Prisão psíquica
Fragmentação
Teoria antiorganização Teoria organizacional radical
Catástrofe

SUBJETIVO OBJETIVO
Paradigma interpretativista Paradigma funcionalista
Behaviorismo, Máquina
Pluralismo determinismo
Hermenêutica, e empiricismo
etnometodologia e interacionismo abstrato Organismo
simbólico fenomenológico Estrutura
Realização de referência Teoria dos Ecologia
e produção da ação sistemas sociais populacional
de sentido
Sistema
SOCIOLOGIA cibernético
DA REGULAÇÃO
Cultura Sistema frouxamente acoplado
Jogos de Texto Teatro
linguagem
Sistema político

JAN./MAR. 2005 • RAE • 61

058-071 61 26.01.05, 17:13


RAE-CLÁSSICOS • PARADIGMAS, METÁFORAS E RESOLUÇÃO DE QUEBRA-CABEÇAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

seguem. A situação do conhecimento científico é vista, plicações radicalmente diferentes para o estudo das or-
portanto, como tão problemática quanto o conhecimen- ganizações.
to cotidiano do senso comum.
O paradigma humanista radical, como o paradigma
interpretativista, enfatiza como a realidade é social- SITUAÇÃO EPISTEMOLÓGICA DA METÁFORA
mente construída e sustentada, mas vincula sua análi-
se ao interesse no que pode ser descrito como patolo- Os seres humanos constantemente tentam formular con-
gia da consciência, por meio da qual os seres huma- cepções acerca do mundo, e como Cassirer (1946, 1955)
nos se tornam aprisionados nos limites de realidade e outros têm argumentado, fazem isso simbolicamente,
que eles mesmos criam e sustentam. Essa perspectiva tentando tornar o mundo concreto, dando forma a ele.
é baseada na visão de que o processo de criação da Por meio da linguagem, da ciência, da arte e dos mitos,
realidade pode ser influenciado por processos físicos por exemplo, os seres humanos estruturam o seu mun-
e sociais que canalizam, restringem e controlam a do de modo que ele tenha significado. Essas tentativas
mente dos seres humanos de maneira a aliená-los em de tornar a realidade objetiva incorporam intenções sub-
relação às potencialidades inerentes à sua verdadeira jetivas aos significados que sustentam os construtos sim-
natureza de seres humanos. A crítica humanista radi- bólicos utilizados. O conhecimento e a compreensão do
cal contemporânea enfoca os aspectos alienadores de mundo não são dados aos seres humanos por eventos
vários modos de pensamento e ação que caracterizam externos; os seres humanos tentam tornar o mundo ob-
a vida nas sociedades industriais. O capitalismo, por jetivo por meio de processos essencialmente subjetivos.
exemplo, é visto como essencialmente totalitário, a Como enfatizou Cassirer, todos os modos de compreen-
idéia de acumulação de capital moldando a natureza são simbólica possuem essa qualidade. Palavras, nomes,
do trabalho, da tecnologia, da racionalidade, da lógi- conceitos, idéias, fatos e observações não denotam tanto
ca, da ciência, dos papéis, da linguagem e mistifican- “coisas” externas quanto concepções de coisas ativadas
do conceitos ideológicos como escassez, diversão e as- na mente por meio de uma forma seletiva e significativa
sim por diante. Os conceitos que o teórico funciona- de perceber o mundo, que pode ser compartilhada com
lista pode considerar como os blocos de construção os outros. Não devem ser vistos como representações da
da ordem social e da liberdade humana são, para o realidade que “está lá fora”, mas como ferramentas para
humanista radical, modos de dominação ideológica. captar e lidar com o que se percebe “estar lá fora”. O
O humanista radical está preocupado em descobrir cientista dessa categoria, como outros na vida cotidiana,
como as pessoas podem ligar pensamento e ação (prá- se baseiam em construtos simbólicos para fazer relacio-
xis) como um meio de transcender sua alienação. namentos concretos entre o mundo subjetivo e o objeti-
A realidade definida pelo paradigma estruturalista vo em um processo que capta somente uma pálida e bre-
radical, assim como a do humanista radical, é baseada ve visão de ambos. A ciência, como outros modos de ati-
na visão da sociedade como uma força potencialmen- vidade simbólica, é construída com ferramentas episte-
te dominante. No entanto, é ligada a uma concepção mológicas imperfeitas, abrigando o que Cassirer (1946)
materialista do mundo social, definido por estruturas descreveu como “a maldição da mediação” e fornecendo
sólidas, concretas e ontologicamente reais. A realida- o que Whitehead (1925) descreveu como “funções úteis”
de é vista como existindo por sua própria conta inde- para lidar com o mundo.
pendentemente do modo como é percebida e reafir- Ao se entender o aspecto simbólico da construção da
mada pelas pessoas em suas atividades diárias. Essa teoria científica, é importante atentar para o papel da
realidade é vista como caracterizada por tensões e con- metáfora. O processo de concepção metafórica é um
tradições intrínsecas entre elementos em oposição, os modo básico de simbolismo, central no modo como os
quais, inevitavelmente, levam a mudanças radicais no seres humanos forjam suas experiências e seu conheci-
sistema como um todo. O estruturalista radical está mento sobre o mundo em que vivem. A metáfora é fre-
preocupado em entender essas tensões intrínsecas e o qüentemente considerada não mais do que um artifício
modo como os que possuem o poder na sociedade pro- literário e descritivo para embelezamento. Entretanto,
curam se manter nessa posição por meio de diversos fundamentalmente constitui uma forma criativa que pro-
modos de dominação. duz seu efeito por meio da intersecção ou sobreposição
Cada um desses quatro paradigmas define os funda- de imagens. A metáfora atua por meio de afirmações de
mentos de modos opostos de análise social e possui im- que o objeto A é ou se assemelha a B, em que os proces-

62 • RAE • VOL. 45 • Nº1

058-071 62 26.01.05, 17:13


GARETH MORGAN

sos de comparação, substituição e interação entre as ima- gem para se estudar o objeto. Essa imagem pode forne-
gens de A e B atuando como geradores de um novo sig- cer a base para uma pesquisa científica fundada nas ten-
nificado (Black, 1962). tativas de descobrir até que ponto as características da
A metáfora parece exercer uma importante influência metáfora podem ser encontradas no objeto de investiga-
no desenvolvimento da linguagem (Muller, 1897); à ção. Boa parte da atividade de resolução de quebra-cabe-
medida que o significado se transfere de uma situação a ças da ciência normal é desse tipo, com os cientistas ten-
outra, novas palavras e novos significados, criados como tando examinar, operacionalizar e medir implicações do
significados-raiz, são metaforicamente utilizados para insight metafórico sobre o qual suas pesquisas estão im-
captar novas aplicações. Isso é bem ilustrado, por exem- plícita ou explicitamente baseadas. Tal confinamento de
plo, na história da palavra “organização”. O Dicionário atenção requer grande quantidade de comprometimento
Oxford de Inglês indica que anteriormente a 1873 o ter- anterior e um tanto irracional com a imagem do objeto
mo “organização” era utilizado principalmente para des- de investigação, já que qualquer insight metafórico for-
crever a ação de organizar ou o estado de estar organiza- nece uma visão parcial e unilateral do fenômeno ao qual
do, particularmente em um sentido biológico. Em 1816 é aplicado.
o termo foi utilizado para organização e coordenação das O potencial criativo da metáfora depende da existên-
partes em um todo sistêmico. Por volta de 1873 Herbert cia de um grau de diferença entre os objetos envolvidos
Spencer utilizou o termo para se referir a “um corpo, no processo metafórico. Por exemplo, um boxeador pode
sistema ou sociedade organizados”. O estado de estar ser descrito como “um tigre no ringue”. Ao escolher o
organizado em um sentido biológico foi a base da metá- termo “tigre”, ressaltamos as impressões específicas de
fora da organização e coordenação em um sentido geral um animal feroz se movendo agressivamente com poder,
e da metáfora de um corpo, sistema ou sociedade em um força e velocidade, de forma elegante e furtiva, em dire-
sentido geral. A utilização do termo “organização” para ção à sua presa. Por implicação, a metáfora sugere que o
ilustrar uma instituição social é bastante moderna e cria boxeador possui essas qualidades quando luta com seu
um novo significado por meio de ampliações metafóri- oponente. A utilização dessa metáfora requer que a pele
cas de significados antigos. de listras laranja e pretas do tigre, suas quatro pernas,
A metáfora também mostra possuir um importante suas garras, seus dentes caninos e seu rugido ensurdece-
papel no uso da linguagem, no desenvolvimento dor sejam ignorados em favor de uma ênfase nas carac-
cognitivo e na maneira geral como os seres humanos for- terísticas que o boxeador e o tigre possuem em comum.
mam concepções sobre suas realidades (Burke, 1945, A metáfora é, então, baseada em uma realidade parcial;
1954; Jakobson e Halle, 1956; Ortony, 1979). Uma con- ela requer das pessoas que a utilizem uma abstração um
siderável atenção tem se dado ao papel da metáfora no tanto unilateral em que determinadas características se-
desenvolvimento da ciência e do pensamento social jam enfatizadas e outras, suprimidas, em uma compara-
(Berggren, 1962, 1963; Black, 1962; Schön, 1963; Hesse, ção seletiva. A Figura 3 ilustra a significância crucial das
1966), e Brown (1977) fornece uma análise da influên- diferenças em uma metáfora. Se os dois objetos são per-
cia da metáfora sobre a sociologia. cebidos como completamente distintos, por exemplo o
O trabalho de pesquisa desses teóricos contribui para boxeador e uma panela (Figura 3a), ou são vistos como
uma visão da investigação científica como um processo quase idênticos, como por exemplo o boxeador e um
criativo em que os cientistas enxergam o mundo metafo- homem (Figura 3c), o processo metafórico produz um
ricamente por meio da linguagem e dos conceitos que imaginário fraco ou sem sentido. A utilização mais po-
filtram e estruturam suas percepções sobre seus objetos derosa da metáfora surge nas instâncias tipificadas pela
de estudo, e por meio de metáforas que eles implícita ou Figura 3b, na qual as diferenças entre os dois fenômenos
explicitamente escolhem para desenvolver suas estrutu- são percebidas como significantes, mas não como totais.
ras de referência para análise. Esse artigo está focado nesta As metáforas efetivas são uma forma de expressão criati-
última utilização das metáforas com a intenção de mos- va que se baseia na falsidade construtiva como um meio
trar como as escolas de pensamento da teoria das organi- de liberar a imaginação.
zações se baseiam em idéias associadas a diferentes me- A lógica das metáforas possui, portanto, importantes
táforas para o estudo das organizações e como a lógica implicações para a teoria das organizações, sugerindo que
das metáforas possui importantes implicações para o pro- nenhuma metáfora pode captar a natureza total da vida
cesso de construção de teoria. organizacional. Um pluralismo consciente e amplo emer-
A utilização de metáforas serve para gerar uma ima- ge como meta apropriada, em vez da tentativa de forjar

JAN./MAR. 2005 • RAE • 63

058-071 63 26.01.05, 17:13


RAE-CLÁSSICOS • PARADIGMAS, METÁFORAS E RESOLUÇÃO DE QUEBRA-CABEÇAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

uma síntese sobre conhecimentos básicos limitados. Di- perdendo-se parte importante de seu significado. O que
ferentes metáforas podem constituir e captar a natureza muitas vezes vem a seguir são mal-entendidos, hostili-
da vida organizacional de diferentes maneiras, cada uma dades ou uma planejada indiferença, dificultando ou
gerando tipos de insight poderosos, distintos, mas essen- impossibilitando debates abertos e construtivos. Ter cons-
cialmente parciais. A lógica aqui sugere que novas metá- ciência da natureza metafórica da teoria pode ajudar a
foras podem ser utilizadas para criar novos modos de romper a compartimentalização falsa e restritiva da in-
ver as organizações que superam as fraquezas e os pon- vestigação e da compreensão que caracteriza a teoria das
tos obscuros das metáforas tradicionais, oferecendo abor- organizações nos tempos modernos. Para se entender
dagens suplementares e até mesmo complementares para qualquer fenômeno organizacional devem-se utilizar
a análise organizacional. muitas idéias metafóricas diferentes.
Reconhecer que a teoria das organizações é metafóri- O status metafórico da teorização científica também
ca é reconhecer que ela é um empreendimento essencial- tem implicações importantes no modo de conduzir a
mente subjetivo e preocupado com a produção de análi- pesquisa, encorajando a ampliação da perspectiva e a fle-
ses unilaterais da vida organizacional. Isso tem conseqüên- xibilidade da abordagem. Ao quebrar a rígida divisão entre
cias importantes, pois encoraja a prudência e um espíri- o que constitui a arte e a ciência, uma conscientização
to de investigação crítica, contra um excessivo compro- da condição epistemológica das metáforas sensibiliza os
metimento com pontos de vistas favorecidos. As aborda- cientistas para a idéia de que as disciplinas não científi-
gens tradicionais da análise organizacional são freqüen- cas contêm idéias, abordagens e métodos de investiga-
temente baseadas em conceitos e métodos bem testados ção relevantes que podem contribuir para a análise orga-
e considerados axiomáticos, já que o que importa é a nizacional (Brown, 1977). A conscientização de que em
compreensão da organização. Nessas situações, perde-se suas pesquisas os cientistas geralmente tentam operacio-
de vista a natureza metafórica da imagem que gerou es- nalizar metáforas influencia sensatamente o comprome-
ses conceitos, e o processo de análise organizacional se timento com a pesquisa empírica e a resolução de que-
torna excessivamente concreto quando os teóricos e pes- bra-cabeças como um fim em si mesmo. Isso enfatiza a
quisadores tratam os conceitos como descrições da reali- necessidade de se compreender bem a ligação entre teo-
dade. Retornando à ilustração anterior, o boxeador é tra- ria e método, e as diversas abordagens metodológicas para
tado como um tigre, e freqüentemente é nas característi- se investigar pontos de vistas metafóricos diferentes
cas do tigre que recai o foco da teoria e da pesquisa, em (Morgan e Smircich, 1980).
detrimento da exclusão de todo o resto. Tal perspectiva
resulta em um fechamento prematuro tanto do pensa-
mento quanto da investigação. Escolas de teóricos com- AS METÁFORAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES
prometidas com abordagens e conceitos específicos fre-
qüentemente enxergam as perspectivas alternativas como Na teoria das organizações, a visão ortodoxa se baseia
sendo mal orientadas ou como se representassem amea- predominantemente nas metáforas da máquina e do or-
ças à natureza de seu empreendimento básico. As abor- ganismo. A metáfora da máquina segue os teóricos da
dagens, as técnicas, os conceitos e as descobertas que Administração clássica (Taylor, 1911; Fayol, 1949) e a
essas perspectivas alternativas geram são freqüentemen- especificação de Weber da burocracia como tipo ideal
te interpretadas e avaliadas de maneira inapropriada, (Weber, 1946). Embora as concepções que fundamen-

Figura 3 – O papel da diferença na metáfora

X Y X Y X Y

(a) (b) (c)

64 • RAE • VOL. 45 • Nº1

058-071 64 26.01.05, 17:13


GARETH MORGAN

tam o trabalho de teóricos tão diferentes pretendam ser- grados, que procuram sobreviver no contexto de um
vir a diferentes fins, isto é, à melhoria da eficiência na ambiente mais amplo (Spencer, 1873, 1876 – 1896). São
teoria clássica da Administração e à nossa compreensão fortes e claras as ligações entre a metáfora do organismo
da sociedade na teoria de Weber, as duas linhas de pen- e boa parte da teoria das organizações contemporânea A
samento se fundiram para fornecer as bases da teoria principal ênfase da abordagem dos sistemas abertos, por
organizacional moderna. O imaginário mecânico é mui- exemplo, é o estreito relacionamento interativo entre a
to claro. As máquinas são racionalmente concebidas para organização e o ambiente, e o fato de que a vida ou so-
trabalhar perseguindo fins específicos; a metáfora da brevivência da organização depende de um relacionamen-
máquina na teoria das organizações expressa esses fins to apropriado. Também se enfatiza a idéia de que a orga-
como metas, e a relação meios–fins como racionalidade nização tem necessidades ou funções imperativas que
intencional. De fato, os modelos da organização como devem ser satisfeitas para que ela alcance esse tipo de
máquina muitas vezes têm sido descritos na literatura da relacionamento com o ambiente. Os estudos de
teoria das organizações como “modelos de racionalida- Hawthorne (Roethlisberger e Dickson, 1939), as teorias
de” (Gouldner, 1959; Thompson, 1967) e “modelos de estruturais funcionalistas de Selznick (1948) e Parsons
metas” (Georgiou, 1973; Etzioni, 1960). Os detalhes des- (1951, 1956), a abordagem dos sistemas sociotécnicos
ses modelos de máquinas são tirados de conceitos mecâ- (Trist e Bamforth, 1951), a abordagem dos sistemas ge-
nicos. Por exemplo, dão crucial importância aos concei- rais (Katz e Kahn, 1966) e boa parte da teoria moderna
tos de estrutura e tecnologia na definição das caracterís- da contingência (Burns e Stalker, 1961; Lawrence e
ticas organizacionais. As máquinas são entidades tecno- Lorsch, 1967) são baseados no desenvolvimento da me-
lógicas cujos elementos constituintes se relacionam em táfora do organismo. Enquanto na metáfora da máquina
forma de estrutura. Na teoria organizacional clássica e o conceito de organização é o de uma estrutura um tanto
burocrática, dá-se maior ênfase à análise e ao design da estática e fechada, na metáfora do organismo o conceito
estrutura formal da organização e sua tecnologia. De de organização é o de uma entidade viva, em constante
fato, essas teorias constituem essencialmente um esque- mutação, interagindo com seu ambiente na tentativa de
ma para tal design; elas procuram desenhar as organiza- satisfazer suas necessidades. O relacionamento entre or-
ções como se fossem máquinas, e os seres humanos que ganização e ambiente enfatiza que determinados tipos
trabalham nessas estruturas mecânicas são avaliados por de organização possuem mais aptidão para sobreviver em
suas habilidades instrumentais. A concepção de Taylor determinados ambientes do que outros. O foco nas ne-
de homem econômico e o conceito de Weber do buro- cessidades e funções imperativas permitiu que os teóri-
crata despersonalizado ampliam os princípios da metá- cos identificassem atividades essenciais para a sustenta-
fora da máquina para definir uma visão da natureza ção da vida. O imperativo de satisfazer as necessidades
humana mais de acordo com a máquina organizacio- psicológicas dos membros da organização (Trist e
nal. De fato, como sugere Weber, o modo burocrático Bamforth, 1951; Argyris, 1952, 1957), e de adotar estilos
de organização desenvolve mais perfeitamente esse apropriados de gerenciamento (McGregor, 1960; Likert,
modo de organização – a máquina organizacional – so- 1967) e de tecnologia (Woodward, 1965), modos de di-
bre a natureza das atividades da vida. Elimina dos ne- ferenciação, integração e resolução de conflitos (Lawrence
gócios oficiais o amor, o ódio e todos os elementos pu- e Lorsch, 1967), e modos de escolha estratégica e con-
ramente emocionais, irracionais e pessoais (Weber, trole (Child, 1972; Miles e Snow, 1978), foram todos in-
1946, p. 216). Além do mais, o funcionamento de toda corporados à teoria de contingência contemporânea, que
empresa burocrática é julgado em termos de eficiência, em essência leva as implicações da metáfora do organis-
outro conceito derivado da concepção mecânica das mo às suas conclusões lógicas. Dessa perspectiva, as or-
organizações como instrumento para o alcance de fins ganizações são vistas não somente em termos de redes
predeterminados. de relacionamentos que caracterizam a estrutura interna
A outra grande metáfora na teoria das organizações é dos organismos, mas também em termos dos relaciona-
a do organismo. O termo “organismo” é utilizado para mentos que existem entre a organização (organismo) e
referir qualquer sistema de partes mutuamente interli- seu ambiente.
gadas e dependentes, constituídas para compartilhar uma A distinção entre máquina e organismo tem sido a base
vida comum, e focaliza sua atenção na natureza das ati- para um continuum das formas organizacionais (Burns e
vidades da vida. Um organismo é tipicamente visto como Stalker, 1961) e tem influenciado diversas tentativas de
uma combinação de elementos, diferenciados mas inte- medir características organizacionais. Desde o final dos

JAN./MAR. 2005 • RAE • 65

058-071 65 26.01.05, 17:13


RAE-CLÁSSICOS • PARADIGMAS, METÁFORAS E RESOLUÇÃO DE QUEBRA-CABEÇAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

anos 1970, por exemplo, as pesquisas sobre organiza- Essas metáforas criam meios de ver as organizações
ções têm sido dominadas pelas tentativas de conduzir e seu funcionamento que escapam às metáforas da má-
estudos empíricos detalhados de vários aspectos da abor- quina e do organismo. No entanto, todas elas podem
dagem contingencial, como indicam os volumes da ser utilizadas de maneira funcionalista, gerando modos
Administrative Science Quarterly (ASQ) nos últimos 10 de teorização baseados na suposição de que a realidade
anos. Apesar de esses estudos terem gerado numerosas da vida organizacional se ampara em uma rede de rela-
idéias, que informam nossa compreensão das organiza- cionamentos ontologicamente reais, razoavelmente or-
ções como máquinas ou organismos, é importante notar denados e coesos. Em resultado, elas podem simples-
que o tipo de idéia gerada é limitado pelas metáforas em mente desenvolver diferentes abordagens do estudo de
que se baseiam. Recentemente os teóricos das organiza- um paradigma comum. A metáfora cibernética, a do sis-
ções reconheceram isso e perceberam que ver as organi- tema frouxamente acoplado e a da ecologia populacio-
zações com base em novas metáforas torna possível nal possuem raízes nas ciências naturais, e todas, de
entendê-las de novas maneiras. Ver as organizações siste- uma maneira ou de outra, enfatizam a idéia de que as
maticamente como sistemas cibernéticos, sistemas frou- organizações podem ser vistas como sistemas
xamente acoplados, sistemas ecológicos, teatros, culturas, adaptativos. Feedback negativo, acoplamento frouxo e
sistemas políticos, jogos de linguagem, textos, realizações, seleção natural são os três tipos diferentes de mecanis-
representações, prisões psíquicas, instrumentos de domi- mos de adaptação destacados por essas metáforas. As
nação, sistemas em fragmentação e catástrofes traz novas metáforas do teatro, da cultura e do sistema político
dimensões, ricas e criativas, à teoria das organizações. introduzem uma dimensão explicitamente social no
A metáfora cibernética encoraja os teóricos a ver as estudo das organizações e dão atenção especial ao modo
organizações como padrões de informação e mostra que como os seres humanos tentam moldar as atividades
os estados de equilíbrio homeostático podem ser susten- organizacionais. Na medida em que as atividades
tados por processos de aprendizagem baseados em dramatúrgicas, culturais e políticas aqui envolvidas são
feedback negativo. Alguns teóricos estudam as implica- vistas como ocorrendo em um cenário contextualmente
ções dessa metáfora para as organizações e a Adminis- definido, e assim ontologicamente real e como uma for-
tração (Buckley, 1967; Hage, 1974; Argyris e Schön, ma de atividade adaptativa, essas metáforas também
1978), e a cibernética está sendo amplamente utilizada desenvolvem uma abordagem funcionalista ao estudo
para melhorar sistemas de controle organizacional das organizações. Elas procuram captar e articular as-
(Lawler e Rhode, 1976). A metáfora de um sistema frou- pectos de uma visão fundamental da realidade, mas de
xamente acoplado, introduzida na teoria das organiza- ângulos e maneiras diferentes.
ções por Weick (1974, 1976), procura especificamente As metáforas interpretativistas questionam os funda-
contrapor as suposições implícitas nas metáforas da má- mentos sobre os quais a teoria funcionalista é construí-
quina e do organismo de que as organizações são siste- da, focando os modos como as realidades organizacio-
mas ajustados, eficientes e bem coordenados. A metáfo- nais são criadas e sustentadas. A metáfora do jogo de
ra da ecologia populacional (Hannan e Freeman, 1977) linguagem (Wittgenstein, 1968), por exemplo, nega o
revela que é importante focalizar a competição e a sele- status ontológico concreto das organizações e apresenta
ção em populações de organizações, em vez da adapta- a atividade organizacional como um pouco mais do que
ção organização-ambiente. A metáfora do teatro demons- um jogo de palavras, pensamentos e ações. Ela indica
tra que os membros das organizações são essencialmen- que as realidades organizacionais surgem como estrutu-
te atores humanos, engajando-se em diversos papéis e ras simbólicas governadas por regras à medida que os
outras performances oficiais e não oficiais (Goffman, indivíduos se engajam em seu mundo pela utilização de
1959, 1961). A metáfora da cultura chama a atenção para códigos e práticas específicos para dar formas significa-
os aspectos simbólicos da vida organizacional e revela tivas às situações. As realidades organizacionais, desse
de que modo a linguagem, os rituais, histórias e mitos ponto de vista, continuam usando diferentes tipos de lin-
incorporam redes de significados subjetivos cruciais para guagens verbais e não verbais. A linguagem não é sim-
se compreender como as realidades organizacionais são plesmente comunicacional e descritiva; é ontológica.
criadas e mantidas (Turner, 1971; Pondy e Mitroff, 1979). Assim, ser administrador em uma organização requer um
A metáfora do sistema político enfoca os conflitos de in- modo particular de ser no mundo, definido pelo jogo de
teresse e o papel do poder nas organizações (Crozier, linguagem que o indivíduo deve jogar para ser reconhe-
1964; Pettigrew, 1973; Pfeffer e Salancik, 1978). cido como administrador e para atuar como tal. Os con-

66 • RAE • VOL. 45 • Nº1

058-071 66 26.01.05, 17:14


GARETH MORGAN

ceitos organizacionais que dão forma às noções de ra- tivistas, revelam que as rotinas, aspectos da vida orga-
cionalidade, estrutura burocrática, delegação e contro- nizacional tido como certos, são muito menos concre-
le são conceitos gerenciais (Bittner, 1965) que rotulam tas e reais do que parecem.
e concebem um mundo em que os administradores po- Quando as organizações são abordadas da perspecti-
dem atuar como administradores. De modo semelhan- va do paradigma humanista radical, todos os conceitos
te, o conceito e a linguagem detalhada de liderança cri- e modos de ação simbólica que sustentam a vida orga-
am e definem a natureza da liderança como um proces- nizacional são inspecionados por suas propriedades
so contínuo (Pondy, 1978). Vistas em termos da metá- alienadoras. A metáfora guia é a da prisão psíquica, uma
fora do jogo de linguagem, as organizações são criadas imagem que mostra como os seres humanos são leva-
e sustentadas como padrões de atividade social pelo uso dos a vivenciar as realidades organizacionais experimen-
da linguagem. Constituem não mais do que uma forma tadas como algo aprisionador e dominador. Essa metá-
específica de discurso. fora é evidente em diversas correntes do pensamento
A metáfora do texto (Ricoeur, 1971) sugere que o teó- social. Na teoria crítica que deriva do trabalho de Marx
rico das organizações deveria ver a atividade organiza- (1844) e de Lukács (1971), enfatiza-se o processo de
cional como um documento simbólico e empregar mé- reificação, pelo qual os indivíduos vêem o mundo de
todos de análises hermenêuticos como meio de decifrar modo excessivamente concreto, percebendo-o como
sua natureza e seu significado. Os textos dão forma a algo objetivo, real e independente de sua vontade e de
tipos específicos de jogos de linguagem, explicam temas suas ações. O trabalho da chamada escola de Frankfurt
e usam expressões metafóricas para transmitir padrões (Marcuse, 1955, 1964; Habermas, 1970, 1972), enfati-
de significado importantes. Uma vez elaborado, o texto za principalmente de que modo a dominação ideológi-
é sujeito à interpretação e à tradução de outros indivíduos, ca pode ser manipulada por quem está no poder em
que podem revesti-lo com outros significados e uma im- busca de seus próprios fins. Os membros das organiza-
portância não pretendidos pelo autor. Todas essas qua- ções são efetivamente vistos como prisioneiros de um
lidades são evidentes no dia-a-dia da vida organizacio- modo de consciência moldado e controlado por pro-
nal, onde todos são tanto autores quanto leitores, embo- cessos ideológicos. Muitos processos específicos da vida
ra alguns de maneira mais significativa do que outros. O organizacional têm sido examinados desse ponto de vis-
teórico das organizações que adota a metáfora do texto ta. Marcuse (1964) abordou os aspectos alienadores da
está preocupado em entender como as atividades orga- racionalidade instrumental; Clegg (1975), a linguagem
nizacionais são elaboradas, lidas e traduzidas, e o modo da vida organizacional; Dickson (1974), a veneração à
de a estrutura do discurso explorar determinados temas- tecnologia; e Anthony (1977), a ideologia do trabalho.
chave e desenvolver tipos específicos de imagens. A me- A vida no trabalho, quando vista da perspectiva da teo-
táfora pode ser utilizada para a análise de documentos ria crítica, constitui um modo de vida alienador em que
da organização (Huff, 1979) e de conversas e ações orga- os indivíduos são moldados, controlados e geralmente
nizacionais (Manning, 1979). submetidos às necessidades artificialmente criadas e
As metáforas da realização (Garfinkel, 1967) e da pro- reificadas da organização moderna. Os trabalhos de
dução de sentido por meio de representações mentais Freud (1922), Jung (1953–1965) e outros teóricos psi-
(Weick, 1977) constituem duas outras abordagens re- canalíticos também articulam perspectivas consisten-
presentativas do estudo das organizações. A tes com a metáfora da prisão psíquica, isto é, os indiví-
etnometodologia de Garfinkel revela como os seres hu- duos são vistos como prisioneiros de processos incons-
manos realizam e sustentam situações sociais inteligí- cientes. As organizações são vistas, da perspectiva freu-
veis para si mesmos e para os outros. A metáfora da diana, como que baseadas na exteriorização de tendên-
produção de sentidos de Weick desenvolve idéias rela- cias repressivas que operam na psique humana
cionadas, enfatizando que as realidades são representa- (Marcuse, 1955), e da perspectiva junguiana, como a
das pelos indivíduos por racionalizações a posteriori dos manifestação de algum tipo de arquétipo que expressa
eventos ocorridos. Vistas em termos dessas metáforas, as relações entre os mundos subjetivo e objetivo. A
as realidades organizacionais são entendidas como cons- metáfora da prisão psíquica estabelece a base para uma
truções sociais contínuas, surgindo de realizações ha- “teoria antiorganização” (Burrell e Morgan, 1979), que
bilidosas pelas quais os membros organizacionais se de diversas maneiras desafia as premissas da teoria or-
impõem aos seus mundos para criar estruturas signifi- ganizacional funcionalista.
cativas e sensíveis. Como outras metáforas interpreta- O paradigma estruturalista radical gera uma teoria

JAN./MAR. 2005 • RAE • 67

058-071 67 26.01.05, 17:14


RAE-CLÁSSICOS • PARADIGMAS, METÁFORAS E RESOLUÇÃO DE QUEBRA-CABEÇAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

organizacional radical baseada em metáforas como a dos (Bateson, 1936) e do desenvolvimento de padrões de
instrumentos de dominação, dos sistemas em fragmen- autonomia funcional (Gouldner, 1959).
tação e da catástrofe. A análise clássica de Weber da bu- A metáfora da “catástrofe” é utilizada na teoria mar-
rocracia como um modo de dominação (Weber, 1946), a xista para analisar as contradições internas do mundo
análise de Michels da “lei de ferro da oligarquia” (Michels, da política econômica (Bukharin, 1915, 1925) que es-
1949) e as análises marxistas das organizações (Baran e tabeleceu as bases para formas revolucionárias de mu-
Sweezy, 1966; Braverman, 1974; Benson, 1977), por dança. Uma versão ligeiramente diferente é desenvolvi-
exemplo, são todas imbuídas da imagem das organiza- da na “teoria da catástrofe” de René Thom (1975).
ções como poderosos instrumentos de dominação a se- Ambas as versões possuem relevância para o estudo do
rem compreendidos como uma parte absoluta de um pro- papel das organizações na economia mundial contem-
cesso de dominação mais amplo na sociedade como um porânea, nos processos de trabalho e nas relações tra-
todo. Apesar de essas análises freqüentemente utiliza- balhistas. Embora essa metáfora tenha sido utilizada,
rem idéias que derivam da metáfora da máquina, as or- de diversas maneiras, como base para modelos detalha-
ganizações como máquinas são estudadas devido a suas dos de resolução de quebra-cabeças em uma perspecti-
características opressivas. Isso é claramente evidente, por va funcionalista, não foi utilizada sistematicamente para
exemplo, no trabalho de Weber, o qual, excluindo sua desenvolver uma abrangente análise estruturalista ra-
dimensão radical, é a base para a teoria funcionalista dical das organizações.
baseada na metáfora da máquina. Os teóricos que utili-
zaram as idéias de Weber de um ponto de vista funciona-
lista ignoram completamente que ele considerava a bu- CONCLUSÕES
rocracia uma “gaiola de ferro”. A metáfora de instrumento
de dominação dedica muita atenção a esse aspecto negli- A ortodoxia na teoria das organizações desenvolveu-se
genciado da organização e encoraja uma análise dos meios com base em metáforas que refletem os pressupostos do
pelos quais os modos de dominação operam e se susten- paradigma funcionalista. Esses pressupostos raramente
tam. Essa metáfora permite compreender como a estru- são explicitados e freqüentemente não são valorizados,
tura de poder das organizações está ligada a estruturas com a conseqüência de que a teorização se desenvolve
de poder do mundo da economia política, e como as di- sobre fundamentos não questionados. Os pressupostos
visões da sociedade entre classes, grupos étnicos, homens dos paradigmas interpretativistas, humanista radical e es-
e mulheres são evidentes no local de trabalho. As idéias truturalista radical desafiam os pressupostos do paradig-
geradas pela metáfora da prisão psíquica são freqüente- ma funcionalista de maneira fundamental. Elas geram
mente utilizadas, no contexto da teoria estruturalista ra- uma série de metáforas para a análise organizacional que
dical, como um meio de articular a natureza da domina- resultam em perspectivas que freqüentemente contradi-
ção ideológica enquanto parte de um esquema de domi- zem os cânones da teoria ortodoxa. Por exemplo, en-
nação socioeconômico mais amplo. Os que controlam as quanto a teoria funcionalista enfatiza que a organização
organizações são vistos como pessoas que utilizam meios e seus membros podem orientar suas ações e comporta-
ideológicos, políticos e econômicos para dominar seus mentos para o alcance de estados futuros, a teoria inter-
membros (Friedman, 1977), e dominar o contexto mais pretativista enfatiza que as ações são orientadas tanto a
amplo em que operam. O estudo do papel das multina- dar sentido ao passado quanto ao futuro. Enquanto a te-
cionais no mundo da política econômica (Barnet e Muller, oria funcionalista vê a organização e seus membros
1974) e do papel do estado moderno (Holloway e interagindo e se comportando em algum tipo de contex-
Picciotto, 1978) tem constituído um grande foco de in- to ou ambiente, a teoria interpretativista questiona o es-
teresse. tado e a existência desses fatores contextuais, exceto as
A metáfora dos sistemas em fragmentação (Morgan, construções sociais compartilhadas pelos indivíduos. A
1981) mostra que as organizações têm tendência a se frag- teoria funcionalista é construída sobre premissas que a
mentar e a se desintegrar em resultado de forças e ten- teoria interpretativista considera fundamentalmente mal
sões geradas internamente. Ela se opõe especificamente concebidas.
à premissa funcionalista de que as organizações são enti- Os paradigmas humanista radical e estruturalista ra-
dades unificadas procurando se adaptar e sobreviver, e dical oferecem um tipo de desafio semelhante, que foca-
focaliza os processos por meio dos quais as organizações liza a atenção em aspectos políticos e exploradores da
se fragmentam em resultado de um imperativo genético vida organizacional. Da perspectiva desses paradigmas,

68 • RAE • VOL. 45 • Nº1

058-071 68 26.01.05, 17:14


GARETH MORGAN

tanto a teoria funcionalista quanto a interpretativista fa- Gostaria de agradecer a Richard Brown, Peter Frost, Walter Nord e Linda
Smircich pelos preciosos comentários ao rascunho deste artigo.
lham em compreender que a ordem aparente da vida so-
cial não é tanto resultado de um processo de adaptação
ou de um ato livre de construção social, mas de um pro-
cesso de dominação social. Desse ponto de vista, as or- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ganizações exploram e reprimem, e corporificam uma ANTHONY, P. D. The Ideology of Work. London: Tavistock, 1977
lógica que estabelece uma base para suas eventuais des-
construções. A ordem que a teoria interpretativista pro- ARGYRIS, C. The Impact of Budgets Upon People. New York: Controllership
Foundation, 1952.
cura entender e que a teoria funcionalista procura inten-
sificar é, das perspectivas humanista radical e estrutura- ARGYRIS, C. Personality and Organization. New York: Harper, 1957.
lista radical, uma ordem superficial que mascara as con-
tradições fundamentais. O desafio da teoria organizacio- ARGYRIS, C.; SCHÖN, D. A. Organizational Learning: A Theory of Action
Perspective. Reading, MA: Addison-Wesley, 1978.
nal a partir desses paradigmas é penetrar sob a aparência
superficial do mundo empírico e revelar a profunda estru- BARAN, P.; SWEEZY, P. M. Monopoly Capital. New York: Monthly Review
tura de forças responsável pela natureza, pela existência e Press, 1966.
pelas contínuas transformações das organizações na situ- BARNET, R. J.; MULLER, R. E. Global Reach: The Power of the Multinational
ação mundial. Das perspectivas humanista radical e es- Corporations. New York: Simon and Schuster, 1974.
truturalista radical, a teoria organizacional não pode ofe-
recer uma compreensão adequada da natureza das organi- BATESON, G. Naven. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1936.
zações focalizando exclusivamente as organizações e os BENSON, J. K. Organizations: a dialectical view. Administrative Science
comportamentos organizacionais. Esses paradigmas indi- Quarterly, v. 22, n. 1, p. 1-21, 1977.
cam que o estudo de tais fenômenos está relacionado ao
BERGGREN, D. The use and abuse of metaphor: 1. Review of Metaphysics,
modo de organização social mais amplo para o qual eles
v. 16, p. 237-258, 1962.
fornecem formas e conteúdos empíricos detalhados.
O desafio apresentado à teoria organizacional orto- BERGGREN, D. The use and abuse of metaphor: 2. Review of Metaphysics,
doxa por esses diferentes paradigmas é repensar a na- v. 16, p. 450-472, 1963.
tureza do objeto ao qual ela se dirige. Diferentes para- BITTNER, E. On the concept of organization. In: TURNER, R. (Ed.).
digmas contêm visões de mundo que favorecem deter- Ethnomethodology. Harmondsworth: Penguin, 1974. p. 69-81.
minadas metáforas que constituem a natureza das or-
BLACK, M. Models and Metaphors. Ithaca, NY: Cornell University Press,
ganizações de maneiras fundamentalmente diferentes,
1962.
e exigem que se repense completamente a respeito do
que a teoria organizacional deve tratar. O desafio se re- BRAVERMAN, H. Labour and Monopoly Capital. London and New York:
laciona aos fundamentos em que a teorização se baseia, Monthly Review Press, 1974.

e só pode ser resolvido considerando-se a adequação BROWN, R. H. A Poetic for Sociology. Cambridge, UK: Cambridge University
dos fundamentos rivais como base para a análise orga- Press, 1977.
nizacional.
BUCKLEY, W. Sociology and Modern Systems Theory. Englewood Cliffs, NJ:
Prentice-Hall, 1967.

BURKE, K. A Grammar of Motives. New York: Prentice-Hall, 1945.

NOTA BURKE, K. Permanence and Change: An Anatomy of Purpose. 2. ed. Los


Altos, CA: Hermes, 1954.
1
A importância desse ponto nem sempre foi analisada e certamente não
recebeu a importância que merece. A noção de Kuhn de que a ciência se BUKHARIN, N. Imperialism and World Economy. London: Merfin Press,
baseia em paradigmas gerou inúmeros debates (Lakatos e Musgrave, 1970; 1972 [1915].
Suppe, 1974). Isso levou Kuhn a modificar sua posição em relação a de-
BUKHARIN, N. Historical Materialism: A System of Sociology. New York:
terminados pontos (Kuhn, 1970, 1974, 1977, 1979), ainda que manten-
Russell and Russell, 1925.
do a idéia básica que sustenta o conceito de paradigma – as comunidades
científicas estão ligadas por diversos vínculos e compromissos. Este arti- BURNS, T.; STALKER, G. M. The Management of Innovation. London:
go, dando prosseguimento a Burrell e Morgan (1979), baseia-se nesta idéia Tavistock, 1961.
principal, a premissa de que o mais fundamental desses vínculos está na
visão de mundo compartilhada pelos cientistas, que assegura suas aborda- BURRELL, G.; MORGAN, G. Sociological Paradigms and Organizational
gens da investigação científica. Analysis. London, and Exeter, NH: Heinemann, 1979.

JAN./MAR. 2005 • RAE • 69

058-071 69 26.01.05, 17:14


RAE-CLÁSSICOS • PARADIGMAS, METÁFORAS E RESOLUÇÃO DE QUEBRA-CABEÇAS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

CASSIRER, E. Language and Myth. New York: Dover, 1946. JUNG, C. G. Collected Works. London: Routledge and Kegan Paul, 1965.

CASSIRER, E. The Philosophy of Symbolic Forms, v. 1-3. New Haven and KATZ, D.; KAHN, R. The Social Psychology of Organizations. New York and
London: Yale University Press, 1955. London: Wiley, 1966.

CHILD, J. Organizational structure, environment, and performance: the KUHN, T. The Structure of Scientific Revolutions. Chicago: University of
role of strategic choice. Sociology, v. 6, p. 1-21, 1972. Chicago Press, 1962.

CLEGG, S. Power, Rule, and Domination. London and Boston: Routledge KUHN, T. Reflections on my critics. In: LAKATOS, I.; MUSGRAVE, A.
and Kegan Paul, 1975. (Eds.). Criticism and the Growth of Knowledge. Cambridge, UK: Cambridge
University Press, 1970. p. 231-278.
CROZIER, M. The Bureaucratic Phenomenon. London: Tavistock, 1964.
KUHN, T. Second thoughts on paradigms. In: SUPPE, F. (Ed.). The Structure
DICKSON, D. Alternative Technology and the Politics of Technical Change. of Scientific Theories. Urbana, IL: University of Illinois Press, 1974. p. 459-
London: Fontana, 1974. 482.
ETZIONI, A. Two approaches to organizational analysis: a critique and KUHN, T. The Essential Tension. Chicago, IL: University of Chicago Press,
suggestion. Administrative Science Quarterly, v. 5, n. 2, p. 257-278, 1960. 1977.
FAYOL, H. General and Industrial Management. Constance Storrs (trans.). KUHN, T. Metaphor in science. In: ORTONY, A. (Ed.). Metaphor and
London: Pitman, 1949. Thought. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1979. p. 409-419.
FREUD, S. A General Introduction to Psychoanalysis. New York: Liveright, LAKATOS, I.; MUSGRAVE, A. (Eds.). Criticism and the Growth of Knowledge.
1922. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1970.
FRIEDMAN, A. L. Industry and Labour: Class Struggle at Work and Monopoly LAWLER, E. E.; RHODE, J. G. Information and Control in Organizations.
Capitalism. London: MacMillan, 1977. New York: Goodyear, 1976.
GARFINKEL, H. Studies in Ethnomethodology. Englewood Cliffs, NJ: Prentice- LAWRENCE, P. R.; LORSCH, J. W. Organization and Environment.
Hall, 1967. Cambridge, MA: Harvard Graduate School of Business Administration,
1967.
GEORGIOU, P. The goal paradigm and notes towards a counter paradigm.
Administrative Science Quarterly, v. 18, n. 3, p. 291-303, 1973. LIKERT, R. The Human Organization. New York: McGraw-Hill, 1967.
GLASSMAN, R. B. Persistence and loose coupling in living systems. LUKÁCS, G. History and Class Consciousness. London: Merlin Press, 1971.
Behavioral Science, v. 18, p. 83-98, 1973.
MCGREGOR, D. The Human Side of Enterprise. New York: McGraw-Hill,
GOFFMAN, E. The Presentation of Self in Everyday Life. New York: 1960.
Doubleday, 1959.
MANNHEIM, K. Ideology and Utopia. New York: Harcourt, Brace and World,
GOFFMAN, E. Asylums. New York: Doubleday, 1961. 1936.
GOULDNER, A. W. Reciprocity and autonomy in functional theory. In: MANNING, P. K. Metaphors of the field: Varieties of organizational
GOULDNER, A. W. (Ed.). For Sociology. Harmondsworth, UK: Penguin, discourse. Administrative Science Quarterly, v. 24, n. 4, p. 660-671, 1979.
1973. p. 190-225.
MARCUSE, H. Eros and Civilization. Boston, MA: Beacon Press, 1955.
HABERMAS, J. On systematically distorted communications. lnquiry,
v. 13, p. 205-218, 1970. MARCUSE, H. One Dimensional Man. Boston, MA: Beacon Press, 1964.

HABERMAS, J. Knowledge and Human Interests. London: Heinemann, 1972. MARX, K. Economic and philosophical manuscripts. In: Early Writings. R.
Livingstone and G. Benton (trans.). Harmondsworth, UK: Penguin, 1975.
HAGE, J. Communication and Organizational Control. New York: Wiley, 1974. p. 279-400.

HANNAN, M. T; FREEMAN, J. H. The population ecology of organizations. MASTERMAN, M. The nature of a paradigm. In: LAKATOS, I.; MUSGRAVE,
American Journal of Sociology, v. 82, n. 5, p. 929-964, 1977. A. (Eds.). Criticism and the Growth of Knowledge. Cambridge, UK: Cambridge
University Press, 1970. p. 59-89.
HESSE, M. Models and Analogies in Science. Notre Dame, IN: University of
Notre Dame Press, 1966. MICHELS, R. Political Parties. Glencoe, IL: Free Press, 1949.

HOLLOWAY, J.; PICCIOTTO, S. State and Capital: A Marxist Debate. MILES, R. E.; SNOW, C. C. Organizational Strategy, Structure, and Process.
London: Edward Arnold, 1978. New York: McGraw-Hill, 1978.

HUFF, A. A rhetorical analysis of argument in organizations. (Unpublished MORGAN, G. Response to Mintzberg. Administrative Science Quarterly, v.
manuscript.) University of Illinois, 1979. 24, p. 137-139, 1979.

JAKOBSON, R.; HALLE, M. Fundamentals of Language. The Hague: Mouton, MORGAN, G. The schismatic metaphor and its implications for
1956. organizational analysis. Organization Studies, v. 2, n. 1, 1981.

70 • RAE • VOL. 45 • Nº1

058-071 70 26.01.05, 17:14


GARETH MORGAN

MORGAN, G; SMIRCICH, L. The case for qualitative research. Academy of THOM, R. Structural Stability and Morphogenesis. New York: Benjamin,
Management Review, v. 5, n. 4, p. 491-500, 1980. 1975.

MULLER, M. Metaphor. Lectures on the Science of Language. 2. series. THOMPSON, J. D. Organizations in Action. New York: McGraw-Hill, 1967.
New York: Scribners, 1871. p. 351-402.
TRIST, E. L.; BAMFORTH, K. W. Some social and psychological
ORTONY, A. Why metaphors are necessary and not just nice. Educational consequences of the longwall method of coal getting. Human Relations, v.
Theory, v. 25, p. 45-53, 1975. 4, p. 3-38, 1951.

ORTONY, A. (Ed.). Metaphor and Thought


. Cambridge, UK: Cambridge TURNER, B. A. Exploring the Industrial Subculture. London: MacMillan,
University Press, 1979. 1971.

PARSONS, T. The Social System. Glencoe, IL: Free Press, 1951. WEBER, M. From Max Weber: Essays in Sociology. GERTH, H. H.; MILLS,
C. W. (Eds.). New York: Oxford University Press, 1946.
PARSONS, T. Suggestions for a sociological approach to the theory of
WEICK, K. E. Middle-range theories of social systems. Behavioral Science
,
organizations – I. Administrative Science Quarterly, v. 1, n. 1, p. 63-85,
v. 19, p. 357-367, 1974.
1956.
WEICK, K. E. Educational organizations as loosely coupled systems.
PARSONS, T. Suggestions for a sociological approach to the theory of
Administrative Science Quarterly, v. 21, n. 1, p. 1-19, 1976.
organizations – II. Administrative Science Quarterly, v. 1, n. 2, p. 225-239,
1956. WEICK, K. E. Enactment processes in organizations. In: STAW, B. S.;
SALANCIK, G. R. (Eds.). New Directions in Organizational Behavior. Chica-
PEPPER, S. C. World Hypotheses. Berkeley and Los Angeles: University of
go: St. Clair Press, 1977. p. 267-300.
California Press, 1942.
WHITEHEAD, A. N. Science and the Modern World. New York: MacMillan,
PETTIGREW, A. M. The Politics of Organizational Decision Making. London: 1925.
Tavistock, 1973.
WITTGENSTEIN, L. Philosophical Investigations. G.E.M. Anscombe (trans.).
PFEFFER, J.; SALANCIK, G. R. The External Control of Organizations: A Oxford: Blackwell, 1968.
Resource DependenceView. New York: Harper & Row, 1978.
WOODWARD, J. Industrial Organization
: Theory and Practice. London:
PONDY, L. R. Leadership is a language game. In: MCCALL, M. W.; Oxford University Press, 1965.
LOMBARDO, M. M. (Eds.). Leadership: Where Else Can We Go? Durham,
NC: Duke University Press, 1978. p. 87-99.
Artigo originalmente publicado sob Paradigms, Metaphors and
o título “Paradigms, metaphors, and Puzzle Solving in Organization
PONDY, L. R.; MITROFF, I. I. Beyond open system models of organization. puzzle solving in organization Theory by Gareth Morgan;
Research in Organizational Behavior, v. 1, p. 3-39. Greenwich, CT: JAI Press, theory”, de Gareth Morgan, na Administrative Science
1979. Administrative Science Quarterly, v. Quarterly, v. 25, n. 4, 605-622,
25, n. 4, p. 605-622, 1980. 1980, copyright Johnson
RICOEUR, P. The model of the text: meaningful action considered as a Publicado com autorização da Graduate School of
Johnson Graduate School of Management, Cornell
text. Social Research, v. 38, p. 529-562, 1971.
Management, Cornell University. University; Published by
©Johnson Graduate School of permission of SAGE
ROETHLISBERGER, F. J.; DICKSON, W. J. Management and the Worker
. Management, Cornell University. Publications, Inc.
Cambridge, MA: Harvard University Press, 1939. www.johnson.cornell.edu/ASQ
While every effort has been
Embora todos os esforços tenham made to ensure that the contents
SCHÖN, D. Invention and the Evolution of Ideas. London: Tavistock, 1963.
sido realizados para assegurar que os of this publication are factually
conteúdos desta publicação sejam correct, neither the authors nor
SELZNICK, P. Foundations of the theory of organizations. American factualmente corretos, os Autores e the publisher accepts, and they
Sociological Review, v. 13, n. 1, p. 25-35, 1948. a Editora concordam e excluem hereby expressly exclude to the
expressamente nos limites mais fullest extent permissible under
SPENCER, H. The Study of Sociology. London: Kegan, Paul and Tench, 1873. amplos permitidos pela legislação applicable law, any and all
vigente, toda e qualquer liability arising from the
responsabilidade advinda dos contents published in this
SPENCER, H. Principles of Sociology. v. 1-2. New York: Appleton and
conteúdos publicados neste Artigo, Article, including, without
Company, 1876. inclusive, sem limitação, em função limitation, from any errors,
de quaisquer erros, omissões, omissions, inaccuracies in
SUPPE, F. (Ed.). The Structure of Scientific Theories. Urbana, IL: University imprecisões no original ou em original or following
of Illinois Press, 1974. traduções posteriores, ou por translation, or for any
quaisquer consequências delas consequences arising therefrom.
TAYLOR, F. W. The Principles of Scientific Management. New York: Harper, decorrentes. Nada nesta nota Nothing in this notice shall
1911. excluirá a responsabilidade que não exclude liability which may not
puder ser amparada por lei. be excluded by law.
Artigo convidado. Aprovado em 05.11.2004.
Gareth Morgan
Professor, Co-Director Ph.D. Program York University – Schulich School of Business.
Interesses de pesquisa nas áreas de teoria das organizações, mudança organizacional,
inovação e criatividade nas organizações, aprendizagem nas organizações.
E-mail: morgan@imaginiz.com
Endereço: Schulich School of Business – York University – 4700 Keele Street, Toronto – Ontario – Canada, M3J 1P3.
JAN./MAR. 2005 • RAE • 71

058-071 71 26.01.05, 17:14

Das könnte Ihnen auch gefallen