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Aula 01

Direito Tributário p/ AFRFB - 2017 (Com videoaulas)


Professor: Fábio Dutra
DIREITO TRIBUTÁRIO – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL
Curso de Teoria e Questões Comentadas
Aula 01 - Prof. Fábio Dutra

AULA 01: Limitações Constitucionais ao Poder de


Tributar (Princípios Tributários)

SUMÁRIO PÁGINA
Observações sobre a aula 01
Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 02
Princípios Constitucionais Tributários 04
Lista das Questões Comentadas em Aula 76
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 93
Resumo da Aula 94

Observações sobre a Aula

Olá, amigo(a)! Tudo bem com você?

Seja muito bem-vindo ao nosso curso de Direito Tributário para o cargo


de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil!!!

Fico muito grato por você está lendo essa aula, pois isso é o sinal de
que você depositou a sua confiança em nosso trabalho. Justamente por esse
motivo é que estamos trabalhando dias e noites – algumas madrugadas,
inclusive – para trazer aulas que venham agregar verdadeiro conhecimento
para as temidas provas dos concursos da Receita Federal.

Vamos ao que interessa!

Na aula de hoje, estudaremos a primeira parte das limitações


constitucionais ao poder de tributar. Vamos tratar apenas dos princípios
constitucionais, sendo que as imunidades ficarão para a próxima aula (parte
II). Ok?

Saiba que a aula de hoje é muito importante para a compreensão do


Direito Tributário, como um todo. Portanto, fique de olhos bem abertos!
Prepare o café, a caneta e... bons estudos!

Comecemos!

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1 – LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

Prezado candidato, vamos manter o foco total a partir de agora, pois


esse assunto “despenca” em provas de concurso, e eu tenho certeza de
que haverá pelo menos uma questão sobre o tema na sua prova! Por essa
razão, vamos nos aprofundar no ponto certo para que você domine o assunto e
seja capaz de “detonar” a questão que cair! Tudo bem? Vamos lá!

Conforme você já deve ter estudado no Direito Constitucional, para a


formação de um Estado são necessários três elementos: território, povo e
governo soberano.

Perceba que é dessa soberania do governo que surge o poder de


tributar do Estado. Na aula passada, nós já havíamos aprendido que o
Estado existe para a consecução do bem comum, e é para isso que ele é
dotado de poderes que o colocam em condições de superioridade em relação
aos contribuintes. Afinal de contas, se não houvesse certa coação, ninguém se
sentiria obrigado em contribuir.

Assim, os entes federados receberam competência tributária (assunto


a ser detalhado em momento oportuno), que é o poder constitucional para
instituir tributos - impostos, taxas, contribuições de melhorias, por exemplo.

Contudo, precisamos entender que o poder de tributar não é


ilimitado, pois se o fosse, a vontade arrecadatória estatal poderia ser
desmedida a ponto de prejudicar a vida financeira dos cidadãos. Muito lógico,
não?!

Nesse rumo, para que tal poder represente a vontade do povo em um


Estado democrático de direito, ele deve estar previsto no texto constitucional.
Podemos dizer que o poder de tributar é um poder de direito. Portanto, a
relação entre contribuinte e Estado deve ser dotada de juridicidade, e
não simplesmente uma imposição de poder.

Com isso, nossa Constituição Federal impõe limitações ao poder de


tributar, por meio de princípios e de imunidades tributárias, em seus
artigos 150, 151 e 152.

Basicamente, podemos dizer que as limitações ao poder de tributar


são constituídas por princípios e regras que disciplinam o exercício da
competência para instituir e modificar tributos.

As limitações constitucionais ao poder de tributar são


constituídas por princípios e imunidades. Guarde isso!

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Há que se ressaltar, no entanto, que nem todas as limitações foram


previstas nesse trecho, ou mesmo no texto constitucional, pois o próprio
art. 150 menciona que pode haver outras garantias asseguradas aos
contribuintes, além daquelas previstas naquele texto.

De fato, há limitações previstas em outras partes da CF/88, como a


imunidade de pagamento de taxas para obtenção de certidões na hipótese
prevista no art. 5°, XXXIV, b. Além disso, o § 2°do mesmo artigo menciona
que os direitos e garantias expressos na CF não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte.

É relevante observar também que cabe à lei complementar regular as


limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 146, II, CF/88). Preste
atenção, pois isso cai bastante em prova.

A lei complementar apenas regula as limitações


constitucionais ao poder de tributar, não tendo
autonomia para instituir novas limitações.

Cumpre-nos destacar também a relação entre as limitações ao poder de


tributar e as cláusulas pétreas. Você já ouvir falar sobre isso?

O legislador constituinte determinou – art. 60, § 4°, IV, da CF – que os


direitos e garantias individuais não podem ser abolidos por emendas
constitucionais. A essa proibição denominamos cláusula pétrea. Tais normas
são previstas como uma espécie de blindagem, para que a Constituição não
sofra sucessivas emendas que a desvirtue dos princípios que foram nela
consolidados quando houve sua promulgação.

Com base no que acabamos de aprender, grande parte das limitações


constitucionais ao poder de tributar podem ser consideradas como direitos
individuais do contribuinte, sendo, portanto, cláusulas pétreas.

Não é possível, portanto, que uma emenda constitucional venha reduzir,


criar exceções ou mesmo suprimir uma limitação ao poder de tributar, pois
estaria abolindo um direito individual. Note que o contrário não é proibido, ou
seja, é permitido que uma emenda constitucional venha acrescentar
novos direitos aos contribuintes, instituindo outras limitações ao poder
de tributar.

Devemos estar atentos também ao fato de que a forma federativa de


Estado também é uma cláusula pétrea (art. 60, §4°, I). Como ainda vamos
ver, a imunidade recíproca (imunidade, como vimos, é uma forma de limitação
ao poder de tributar) proíbe que os entes federados instituam impostos sobre o
patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros. Nesse contexto, se uma

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emenda constitucional permite que a União cobre impostos sobre o patrimônio


dos Municípios, por exemplo, estaria violando uma cláusula pétrea também.

Portanto, não é somente a limitação ao poder de tributar referente aos


direitos dos contribuintes que podem ser caracterizadas como cláusulas
pétreas. O exemplo que eu dei em relação à imunidade recíproca ilustra que
devemos analisar cada situação para verificar se a emenda está ferindo ou não
o art. 60, § 4° e suas hipóteses.

Abaixo, vou exemplificar as limitações que já foram consideradas pelo


STF como cláusulas pétreas:

• Princípio da anterioridade (previsto no art. 150, III, b, da CF/88);


• Princípio da anterioridade nonagesimal (previsto no art. 195, § 6°,
da CF/88)
• Princípio da imunidade tributária recíproca (previsto no art. 150,
VI, a, da CF/88);
• Imunidade dos templos de qualquer culto (prevista no art, 150, VI,
b, da CF/88);
• Imunidade do patrimônio, renda e serviços dos partidos políticos,
entidades sindicais e instituições de educação e assistência social sem
fins lucrativos (prevista no art, 150, VI, c, da CF/88);
• Imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão (prevista no art. 150, VI, d, da CF/88).

Agora que já tivemos uma noção razoável do que são as limitações


constitucionais ao poder de tributar, podemos começar a falar dos princípios
tributários.

2 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS

2.1 – Princípio da Legalidade

O princípio da legalidade (art. 150, I, da CF/88) prevê a necessidade de


que uma lei seja editada para instituir ou aumentar um tributo. Trata-se, na
verdade, de uma forma de representação popular. Afinal de contas, as leis são
editadas pelo Congresso Nacional, onde estão aqueles que representam a
vontade do povo.

De acordo com o art. 5°, II, da CF/88, “ninguém será obrigado a fazer
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Como o tributo é
uma prestação pecuniária compulsória (é uma obrigação, portanto), deve

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ser instituído em lei, como decorre do seu próprio conceito, estampado no


art. 3° do CTN.

Da mesma forma, as multas tributárias, apesar de se distanciarem do


conceito de tributo, devem ser instituídas em lei, pois elas são prestações
obrigatórias, assim como aqueles.

Tal princípio também é denominado por alguns estudiosos de princípio da


reserva legal. Portanto, caro candidato, você pode considerar correta a
questão que fizer menção tanto à legalidade quanto ao princípio da
reserva legal.

“A instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal


de Justiça afronta o princípio da reserva legal”. (STF, ADI
1.709)

Obs.: Os emolumentos cartorários são taxas judiciárias.

Embora o dispositivo constitucional apenas se refira à instituição e


majoração de tributos, devemos considerar que a norma que institui ou majora
é a mesma que reduz ou extingue o tributo.

Em consonância com o disposto na CF/88 acerca do princípio da


legalidade, o art. 97 do CTN ressalta que a instituição/extinção e a
majoração/redução de tributos será realizada somente por lei. Ademais,
também especifica outros aspectos que devem ser legalmente definidos,
conforme vemos a seguir:

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto


nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal,


ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito
passivo;

IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo,


ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias


a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;

Assim, somente a lei pode instituir os tributos, como também somente a


lei pode extingui-los. Do mesmo modo, embora haja algumas exceções

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(exceções ao princípio da legalidade), somente as leis podem majorar ou


reduzir os tributos.

Observação: Não se preocupe com as exceções citadas no art. 97, do CTN,


já que muitas delas não foram recepcionadas pela CF/88. As exceções ao
princípio da legalidade serão devidamente estudadas adiante.

No que se refere à definição do fato gerador, a fixação da alíquota e a


base de cálculo dos tributos, o CTN também determinou a necessidade de
estarem previstos em lei. Trata-se de elementos que são previstos na própria
lei instituidora do tributo, ou em alguma lei que venha alterá-lo.

Destacamos ainda a necessidade de que as multas (cominação de


penalidades) sejam estabelecidas apenas mediante lei. Nesse sentido,
atos infralegais (como os decretos, por exemplo) não possuem competência
para criar penalidades.

Outro ponto a ser estudado é a possibilidade de delegação do Congresso


Nacional ao Presidente da República, para editar as chamadas leis delegadas. A
princípio, seria estranho dizer que o Presidente da República poderia editar
leis, mas como tal permissão foi prevista no texto da CF/88, não há qualquer
vício nessa norma.

O que você precisa saber sobre o tema é que o Chefe do Executivo ( o


Presidente da República) pode criar leis delegadas, inclusive sobre
matéria tributária, pois tal assunto não foi proibido no § 1° do art. 68 da
CF/88, o qual elenca as restrições de tais normas. Além disso, saiba que este
instrumento normativo foi usado poucas vezes, por ser mais fácil editar uma
medida provisória.

As medidas provisórias (MPs) são atos normativos editados pelo


Presidente da República que possuem vida curta, e devem obedecer aos
requisitos constitucionais de urgência e relevância (art. 62, caput). Além disso,
são imediatamente submetidas ao Congresso Nacional, podendo ser ou não
convertidas em lei.

De acordo com o STF (RE 217.162/DF), os requisitos


de urgência e relevância são políticos. Isto é, em
princípio, a sua apreciação fica a cargo do Presidente da
República. Contudo, admite-se o controle judicial se
houver excesso do poder de legislar.

Há muitas discussões a respeito da possibilidade de que as medidas


provisórias tratem sobre matéria tributária e se elas seriam capazes de instituir
tributos.

O que o aluno deve guardar a respeito do assunto é que as MPs podem


tratar sim de matéria tributária bem como instituir tributos, inclusive isso

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consta na Magna Carta (art. 62, § 2°), quando esta dispõe sobre a instituição e
majoração de impostos por meio de MP, e que, além disso, esse tem sido o
entendimento do STF:

EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Medida provisória. Força de lei. 3. A Medida


Provisória, tendo força de lei, é instrumento idôneo para instituir e
modificar tributos e contribuições sociais. Precedentes. 4. Agravo
regimental a que se nega provimento.

(STF, AI 236.976/MG-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Néri da Silva, Julgamento


em 17/08/1999)

Destaque-se que a MP não pode tudo na seara tributária, pois a CF


(art. 62, 1°, III) proibiu a edição de MPs que versem sobre matéria
reservada a lei complementar. Há vários temas, em matéria tributária, cujo
tratamento é restrito às leis complementares.

Veremos durante este curso todas as situações em que tal requisito se


faz necessário. Vai ser muito importante gravar todas as hipóteses, pois nem
sempre a questão pergunta diretamente se uma MP pode regulamentar
matérias destinadas às LCs. Algumas questões mencionam o assunto, e
perguntam se é possível se utilizar de uma MP para regulamentar aquilo.

A grosso modo, você já pode fazer uma leitura nos arts. 146; 146-A;
148; 153, VII; 154, I; 195, § § 4° e 11. Há ainda outros temas em Direito
Tributário que devem ser tratados por lei complementar. Contudo, são bem
específicos de cada tributo, motivo pelo qual deixarei para estudarmos quando
estivermos nos aprofundando sobre cada assunto, ok?

De antemão, podemos memorizar os tributos cuja instituição deve


ocorrer por meio de lei complementar:
 Imposto sobre Grandes Fortunas;
 Impostos Residuais;
 Contribuições Residuais;
 Empréstimos Compulsórios.

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2.1.1 – Exceções ao Princípio da Legalidade

Vimos até aqui que a regra geral é que a instituição/extinção e a


majoração/redução devem obedecer ao princípio da legalidade ou reserva
legal, correto?

Para a instituição e extinção, devemos considerar que a regra não possui


exceção, ou seja, todos tributos são criados e extintos por lei! Contudo,
isso não se repete quando o assunto é majoração/redução de tributos.

No texto constitucional inicial, foram previstas quatro exceções ao


princípio da legalidade, no que se refere à alteração unicamente de alíquotas
dentro dos limites legais, quais sejam:

• Imposto de Importação (II);


• Imposto de Exportação (IE);
• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
• Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Segundo o CTN, é possível a alteração das alíquotas e bases de cálculo.


Saiba que isso não deve ser encarado como verdadeiro, pois a CF
recepcionou apenas a alteração de alíquotas como exceção ao
princípio da legalidade.

Nesses casos, a alteração das alíquotas não ocorre por lei, mas por atos
infralegais (por decreto do Presidente da República, por exemplo). Mas por que
esses tributos gozam de tal privilégio?

Ora, trata-se de tributos extrafiscais, cuja finalidade principal não é


arrecadar, mas sim regular a economia. Nós já estudamos as classificações dos
tributos na aula anterior, lembra?

Pois bem, para cumprir com os fins que lhes foram propostos é mais do
que necessário haver certa flexibilização para que o Governo intervenha na
economia com agilidade e eficácia.

Além dessas exceções ao princípio da legalidade, duas outras surgiram


com a Emenda Constitucional 33/2001, tratando sobre a tributação de
combustíveis.

A primeira delas se refere à CIDE-Combustíveis, tributo que já foi por


nós estudado também na aula anterior. A exceção foi prevista no art. 177, §
4°, I, b, da CF/88, que afirma que a alíquota da referida contribuição
poderá ser reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo.

Caro aluno, entenda que restabelecer a alíquota significa elevá-la ao


limite máximo fixado inicialmente pela lei. Ou seja, a lei, quando cria o tributo,
prevê certa alíquota, como, por exemplo, 30%. Com a redução por ato do

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Poder Executivo, a alíquota poderia ser reduzida para 10%. Neste caso, para
permanecer como exceção ao princípio da legalidade, as alíquotas só poderiam
ser restabelecidas ao que foi inicialmente previsto, que é 30%.

Caso fosse cobrado algo além desse percentual, estaria caracterizada a


majoração de alíquotas, que deverá ocorrer por meio de uma lei.

A segunda das exceções que foram criadas pela EC 33/2001 é a


referente ao ICMS-Combustíveis, prevista no art. 155, § 4°, IV, da CF/88.
Perceba, pela redação do dispositivo em análise, que as alíquotas serão
fixadas mediante deliberação dos Estados e do DF, por meio de
convênios interestaduais, que, hoje, são realizados no âmbito do Conselho de
Política Fazendária (CONFAZ).

Observação: O ICMS-Combustíveis, também denominado ICMS-monofásico,


é o imposto de incidência monofásica (uma incidência em toda etapa de
circulação da mercadoria), que se aplica tão somente aos combustíveis e
lubrificantes definidos em lei complementar, conforme estabelece o art. 155,
§ 2°, XII, “h”. Por ora, é somente isso que você precisa para acertar questões
relativas ao princípio da legalidade.

Não caia em “pegadinhas”, afirmando que as alíquotas do


ICMS podem ser fixadas por decreto estadual! Não
existe essa possibilidade!

Neste caso, a fixação das alíquotas sempre estará excetuada da


legalidade, mesmo que haja aumento superior ao que foi inicialmente previsto,
pois isso é o que se extrai da norma constitucional. Na alínea “c” desse mesmo
inciso IV, fala-se sobre o restabelecimento, mas veja que ele se refere a outro
princípio, o da anterioridade, que será posteriormente estudado por nós ainda
nesta aula. Pela riqueza de detalhes, deixarei abaixo um breve resumo do que
estudamos neste último tópico:

• Existem 6 tributos, cuja alteração de alíquotas (e não as bases de


cálculos) está excetuada da legalidade, que são: II, IE, IPI, IOF, CIDE-
Combustíveis e ICMS-Combustíveis;

• As exceções da CIDE-Combustíveis e do ICMS-Combustíveis só


entraram na CF com a EC 33/2001, e são justamente elas que guardam
peculiaridades;

• A CIDE-Combustíveis, embora possa ter sua alíquota alterada por


decreto do Poder Executivo, este somente poderá reduzir e
RESTABELECER as alíquotas ao máximo que foi inicialmente
previsto.

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• O ICMS-Combustíveis se submete à deliberação dos Estados e do


DF, mas pode ter a alíquota livremente fixada, sem se sujeitar ao rito
legal.

Creio que com esse resumo não tenha ficado difícil para ninguém. Afinal,
basta que o aluno guarde as 4 exceções que foram incialmente previstas, as
duas que vieram depois, e que cada uma dessas duas últimas possui uma
peculiaridade, que as distingue entre si e das outras 4.

Por fim, eu gostaria de acrescentar algumas situações em matéria


tributária que escapam do rigor da lei, ou seja, são exceções ao princípio da
legalidade. Trata-se da atualização do valor monetário da base de
cálculo do tributo e da fixação do prazo para da exação tributária.

A atualização do valor monetário da base de cálculo foi expressamente


permitida pelo § 2° do art. 97 do CTN. Ressalte-se que não se deve
confundir atualização com aumento, este está sujeito a edição de lei.

Portanto, os entes federados devem observar o índice oficial de correção


monetária para atualizar a base de cálculo dos tributos. A correção que for
realizada em valor superior a tal índice revela aumento de tributo e isso só é
possível por lei, como vimos. Não poderia, portanto, ser realizada por ato do
Poder Executivo (decreto, por exemplo).

Nesse sentido, vejamos a seguinte súmula do STJ:

Súmula STJ 160 – É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante


decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.

No que se refere ao prazo para recolhimento dos tributos, o STF já se


posicionou no sentido de que também não há motivo para criar tal restrição
(obediência ao princípio da legalidade):

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ICMS. MINAS GERAIS. DECRETOS N.ºS 30.087/89 E


32.535/91, QUE ANTECIPARAM O DIA DE RECOLHIMENTO DO TRIBUTO E
DETERMINARAM A INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DE
ENTÃO. ALEGADA OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, DA
ANTERIORIDADE E DA NÃO-CUMULATIVIDADE. Improcedência da alegação,
tendo em vista não se encontrar sob o princípio da legalidade estrita e
da anterioridade a fixação do vencimento da obrigação tributária; já
se havendo assentado no STF, de outra parte, o entendimento de que a
atualização monetária do débito de ICMS vencido não afronta o princípio da
não-cumulatividade (RE 172.394). Recurso não conhecido.

(STF, Primeira Turma, RE 195.218/MG, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento


em 28/05/2002)

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Há exceção ao princípio da legalidade, no que se refere à


majoração de alíquotas, não sendo extensível às bases
de cálculo (permite-se, neste caso, apenas a atualização
monetária).

Resumindo, além das exceções relativas à alteração de alíquotas dos


tributos citados, temos as seguintes matérias que não necessitam obedecer ao
princípio da legalidade:

• Atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo;


• Alteração do prazo para recolhimento dos tributos.

Antes de encerrarmos o assunto, é interessante estudarmos o caso


julgado no âmbito do Recurso Extraordinário 838.284/SC. No caso concreto,
discutiu-se a fixação do valor de uma taxa de polícia (Anotação de
Responsabilidade Técnica – ART) por meio de ato infralegal, sendo que a
norma legal definiu apenas os limites máximos para cobrança.

Entendendo que o montante cobrado a título de taxas, diferentemente do


que acontece com impostos, não pode variar senão em função do custo da
atividade estatal, o STF decidiu que a Administração, por esta exercer
diretamente a atividade ensejadora da taxa, tem maiores condições de
estipular o custo dessa atividade e, por conseguinte, definir o valor da taxa
a ser cobrada em cada caso.

Evidentemente, o valor definido não fica ao completo arbítrio da


Administração, devendo o legislador estabelecer um limite máximo para
cobrança das taxas.

Questão 01 – ESAF/MPOG-APO/2015

Sobre as limitações constitucionais ao poder de tributar, é incorreto afirmar


que, no vigente sistema tributário nacional, as limitações constitucionais ao
poder de tributar estão configuradas como princípios constitucionais
tributários, imunidades tributárias e normas reguladoras do exercício da
competência tributária.

Comentário: Tanto os princípios tributários como as imunidades tributárias


constituem limitações ao poder de tributar. Ademais, conforme defende parte

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da doutrina, qualquer norma que regule o exercício da competência tributária,


ou até mesmo a própria repartição de competência tributária, configura
limitação ao poder de tributar. Questão errada.

Questão 02 – ESAF/MPOG-APO/2015

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que o princípio


constitucional da legalidade tributária exige necessariamente lei em sentido
estrito/formal tanto para a instituição quanto para a majoração de tributo.

Comentário: A instituição de tributos não comporta exceção, no que diz


respeito ao princípio da legalidade tributária. Contudo, pode-se, em alguns
casos, majorar tributos por meio de ato infralegal, como é o caso do Imposto
de Importação. Questão errada.

Questão 03 – ESAF/AFRFB/2012-Adaptada

Em matéria tributária, de acordo com a Constituição Federal, compete à Lei


Complementar instituir as limitações constitucionais ao poder de tributar.

Comentário: De acordo com o art. 146, II, da CF/88, cabe à lei complementar
regular as limitações constitucionais ao poder de tributar. No entanto, a
instituição de novas limitações é tarefa exclusiva do legislador constituinte.
Questão errada.

Questão 04 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar:


É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou
aumentar tributo sem lei ou decreto que o estabeleça.

Comentário: Trata-se de uma “pegadinha”. O princípio da legalidade, previsto


no art. 150, I, da CF/88, estabelece que É vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o
estabeleça. A inclusão do “decreto” foi apenas para confundir o candidato, já
que decreto não institui tributos. Questão errada.

Questão 05 – FCC/Proc. Leg.-Câmara-SP/2014

Na seção denominada das “limitações constitucionais ao poder de tributar” o


texto constitucional dispõe sobre
a) princípios e regras que disciplinam o exercício da competência para instituir
e modificar tributos.
b) o rol taxativo dos impostos instituídos pela Constituição Federal para os
entes federados, que não têm poder de instituir, mas apenas para cobrar.

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c) capacidade tributária para cobrar tributos.


d) imunidades e isenções tributárias.
e) todos os institutos tributários que atuam no campo da cobrança dos tributos
instituídos na Constituição Federal.

Comentário: Não será necessário analisar todos as assertivas, já que a


questão é bastante direta. De acordo com o que estudamos, as limitações
constitucionais ao poder de tributar são constituídas por princípios ou regras
que disciplinam o exercício da competência para instituir e modificar tributos.
Portanto, a resposta é a Alternativa A.

Gabarito: Letra A

Questão 06 – FCC/ICMS-PE-Auditor-Fiscal/2014

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que a


instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça, por não
possuir natureza tributária, não viola o princípio da legalidade tributária.

Comentário: Sabe-se que os emolumentos cartorários são tributos da espécie


taxa. Portanto, sua instituição deve ocorrer por meio de lei, em obediência ao
princípio da legalidade tributária. Questão errada.

Questão 07 – FCC/ICMS-PE-Auditor-Fiscal/2014

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que a definição


de vencimento das obrigações tributárias sujeita-se ao princípio da legalidade
tributária.

Comentário: A definição da data de vencimentos das obrigações tributárias


não se sujeita ao princípio da legalidade tributária. Questão errada.

Questão 08 – FCC/AFR-SP/2013

É uma das limitações constitucionais do poder de tributar a legalidade


tributária estrita, incluída na Constituição Federal de 1988 pela Emenda
Constitucional 42, de 19 de dezembro de 2003.

Comentário: O princípio da legalidade existiu em quase todas as constituições


brasileiras, tendo sido previsto na CF/88 desde a sua promulgação. Portanto, a
questão encontra-se errada.

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Questão 09 – CESPE/AGU/2015

De acordo com o princípio da legalidade, fica vedada a criação ou a majoração


de tributos, bem como a cominação de penalidades em caso de violação da
legislação tributária, salvo por meio de lei.

Comentário: Deveras, a instituição e majoração de tributos bem como a


cominação de penalidades devem sempre ocorrer mediante edição de lei.
Questão correta.

Questão 10 – CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2013

O município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não


superior ao índice oficial de correção monetária.

Comentário: Trata-se de interpretação a contrario sensu da Súmula 160 do


STJ. Questão correta.

Questão 11 – CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

De acordo com o princípio da legalidade, apenas a lei, em sentido formal,


configura o veículo apto para instituir tributo, razão pela qual é vedada a
instituição de tributo por intermédio de medida provisória.

Comentário: Apenas lei, em sentido formal, ou instrumento normativo de


igual força pode instituir tributo. O entendimento do STF é no sentido da
possibilidade de as MPs instituírem ou modificarem tributos, ressalvados os
que estiverem sujeitos à reserva de lei complementar. Questão errada.

Questão 12 – CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012

É vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios exigir ou aumentar


tributo sem lei que estabeleça essa exigência ou esse aumento, não se
aplicando essa vedação aos empréstimos compulsórios para atender a
despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa
ou sua iminência.

Comentário: Assertiva bastante forçada, não é mesmo? Instituição ou


majoração de empréstimo compulsório sujeita-se à edição de lei
complementar. Questão errada.

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2.2 – Princípio da Isonomia

O estudo desse princípio exige o conhecimento de diversos


entendimentos jurisprudenciais. Veremos todos os principais que já
caíram e que possam vir a cair em provas de concurso. Por isso, vamos
fazer da seguinte forma: estudaremos inicialmente os conceitos básicos do
princípio, para, logo em seguida, partir para a análise dos posicionamentos dos
tribunais. Ok?

Precisamos saber, basicamente, que isonomia significa o mesmo que


igualdade. Você deve estar pensando que igualdade seria tributar TODOS
contribuintes igualmente, certo? Entretanto, esse pensamento não está
correto. Vejamos o que a nossa CF fala acerca do princípio da isonomia:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,


é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem


em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de
ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente
da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;”

Antes de analisarmos a norma, quero ressaltar que o princípio da


isonomia possui como destinatários tanto o legislador (Poder Legislativo)
aplicador da lei (Poder Executivo e Judiciário). No primeiro caso, dizemos que
se trata da igualdade na lei; no segundo, igualdade perante a lei. Vale dizer, o
princípio deve ser obedecido não só no momento da elaboração das
leis, mas também na sua aplicação.

Observe que, segundo o texto constitucional, é vedado a todos os entes


federativos conferir tratamento desigual entre pessoas que se encontram em
situação equivalente. Note que isso não significa tratar a todos igualmente,
pois, da mesma forma que é vedado desigualar pessoas que se encontram em
situações iguais, também é proibido tratar igualmente os contribuintes que são
financeiramente desiguais.

Com efeito, se “A” aufere maiores rendimentos do que B, nada mais


justo do que “A” tenha que arcar com o pagamento de valores maiores, a título
de tributo. Por outro lado, se duas pessoas podem ser consideradas iguais, sob
a ótica tributária, nada mais injusto do que tributá-las de maneira diferente.

Como já vimos na aula anterior, já foi julgado no STF (HC 77.530/RS), a


adoção ao princípio do pecunia non olet. De acordo com o tribunal, para que
não haja ofensa ao princípio da isonomia, os rendimentos auferidos com
atividades ilícitas devem ser tributados. Isso ocorre porque seria injusto
tributar quem aufere rendimentos decorrentes de atividades lícitas, e não fazer
o mesmo com aqueles que ganham a vida ilicitamente, concordam?

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Outro aspecto curioso é o parâmetro utilizado para igualar ou desigualar


os contribuintes. Trata-se da capacidade contributiva das pessoas,
princípio que guarda íntima relação com a isonomia e que, por tal motivo, o
estudaremos dentro do tópico a seguir.

2.2.1 – O princípio da capacidade contributiva

Primeiramente, devemos ressaltar que o princípio da capacidade


contributiva não se limita a um parâmetro de isonomia tributária. Na verdade,
ele existe para a busca da justiça na tributação, que pode ser considerada, a
grosso modo, sinônimo de equidade.

Nesse contexto, surgem duas acepções para a equidade na tributação,


quais sejam:

• Equidade Vertical: contribuintes que possuem capacidade contributiva


diferente devem contribuir de forma desigual.

• Equidade Horizontal: contribuintes que possuem igual capacidade


contributiva devem ser tributados de maneira igual.

Tal princípio foi previsto na CF/88 no art. 145 § 1°, como vemos a
seguir:

“Art. 145: (...):

§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão


graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte.”

Embora o dispositivo em análise só faça menção aos impostos, o


entendimento que o STF (RE 406.955-AgR) tem é o de que esse princípio
(capacidade contributiva) também pode ser extensível a outras
espécies tributárias, obedecendo, é claro, as singularidades de cada uma
delas.

Partindo desse pressuposto, a capacidade contributiva é aferida de várias


formas, adequando-se aos diversos impostos, bem como aos demais tributos
aos quais se aplica o subprincípio.

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A aplicação da capacidade contributiva aos tributos


ocorre de maneira distinta.

Por exemplo, a progressividade ocorre quando a incidência


tributária é mais gravosa sobre aqueles que possuem maior
capacidade contributiva. É o que ocorre com o Imposto de Renda, em que
as pessoas que auferem maiores rendas contribuem com alíquotas maiores.

Para facilitar o seu entendimento, note a diferença entre a


proporcionalidade e a progressividade. Alíquotas progressivas ocorrem quando
o percentual a ser aplicado sobre a renda aumenta, à medida que a renda
aumenta. Já a proporcionalidade está presente quando a mesma alíquota é
aplicada sobre qualquer renda.

Quanto a este aspecto, é relevante demonstrarmos o entendimento do


STF acerca da progressividade dos impostos. Primeiramente, devemos
diferenciar os impostos reais dos impostos pessoais:

Impostos reais  São impostos incidentes sobre o patrimônio,


desconsiderando as características pessoais dos contribuintes.

Impostos pessoais  São os impostos que estabelecem diferenças


tributárias em função das condições pessoais de cada contribuinte.

Com base nessa definição, o STF entendia que a progressividade


somente seria aplicável aos impostos pessoais, já que os impostos reais não
consideram as características pessoais dos contribuintes. Em relação a estes, a
progressividade somente seria possível se houvesse norma
constitucional dispondo neste sentido.

Foi com base nesta linha de raciocínio que o STF editou a Súmula 656,
vedando a progressividade das alíquotas do ITBI, e também a Súmula 668,
permitindo a progressividade fiscal do IPTU apenas após a sua permissão no
texto constitucional, que ocorreu com a EC 29/00.

Contudo, em 2013, o STF demonstrou estar alterando seu entendimento,


ao julgar o RE 562.045, relativamente à progressividade das alíquotas do
ITCMD, típico imposto real. Vejamos:

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO.


LEI ESTADUAL: PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA DE IMPOSTO SOBRE
TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE BENS E DIREITOS.
CONSTITUCIONALIDADE. ART. 145, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL TRIBUTÁRIA.

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OBSERVÂNCIA DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.”.
(...)
Transcrição parcial do voto da Min. Ellen Gracie:
“Por revelar efetiva e atual capacidade contributiva inerente ao acréscimo
patrimonial, o imposto sobre transmissão “causa mortis”, também conhecido
como imposto sobre heranças ou sobre a sucessão, é um imposto que bem
se vocaciona à tributação progressiva.”

(STF, RE 562.045/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em


06/02/2013, publicado em 27/11/2013)

Não obstante a citada jurisprudência, as súmulas continuam em vigor,


de modo que recomendamos considerá-las corretas, caso sejam
cobradas em prova. Por outro lado, se a mencionar o caso específico do
ITCMD, é mais coerente respondê-la com base na mais recente
jurisprudência desta Corte.

Deve-se considerar também que, para o STF (AI 583.636-MS), a


adequação do tributo de acordo com a capacidade contributiva não é
obtida apenas como a alteração de alíquotas, mas também pode ser
concretizada, por meio do escalonamento das bases de cálculo. Como
assim?

A base de cálculo do IPTU, por exemplo, é o valor venal do imóvel.


Contudo, para se chegar ao valor venal, vários critérios são utilizados pelos
municípios. Um dos critérios poderia ser o tipo de construção (precário,
popular, médio, fino e luxo). Ou seja, à medida que o padrão da construção
aumenta, haverá consequente escalonamento da base de cálculo. Como o
tributo é calculado multiplicando-se a base de cálculo pela alíquota, de acordo
com a Suprema Corte, trata-se de “índice hábil à mensuração da frivolidade ou
da essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da
capacidade contributiva”.

Observação: Valor venal é o valor pelo qual o imóvel é comercializado, com


pagamento à vista, em condições normais de mercado. Para o
estabelecimento desse valor, os Municípios normalmente consideram os
seguintes fatores: tamanho do terreno, localização do terreno, área
construída, tipo de acabamento.

A capacidade contributiva pode ser mensurada não só


pela aplicação de diferentes alíquotas, mas também
pelo escalonamento da base de cálculo.

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Voltando nossa análise do art. 145, o dispositivo confere alguns poderes


à administração tributária, para que ela seja capaz de aplicar o princípio da
capacidade contributiva com efetividade. Dessa forma, é facultado a ela
identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do
contribuinte.

Perceba que tal poder não é ilimitado, já que devem ser


respeitados os direitos individuais dos contribuintes, e
nos termos da lei.

2.2.2 – Princípio da Isonomia e a Jurisprudência

Agora que já estudamos o princípio da isonomia, vamos trabalhar os


entendimentos que os tribunais vêm adotando acerca desse princípio:

• Fere o princípio da isonomia a discriminação com base na função


ou ocupação exercida (STF, AI 157.871-AgR)

No caso concreto, o contribuinte estava requerendo isenção de IPTU, em


decorrência de ser funcionário público. Note que o próprio art. 150, II, da
CF/88, proíbe qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função
exercida.

Nesse rumo, o STF também já considerou inconstitucional lei


complementar estadual que isenta os membros do Ministério Público
do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer
taxas ou emolumentos (ADI 3.260).

• Não fere o princípio da isonomia o tratamento desigual a


microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) cujos sócios
têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do
Estado (ADI 1.643, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 5-12-2002,
Plenário, DJ de 14-3-2003.)

Vejamos inicialmente o que estabelece o art. 179, da CF/88:

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim
definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las
pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias,
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por
meio de lei.

Com base na norma constitucional, em 1996 foi editada a Lei 9.317/96,


instituindo o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições

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das microempresas e empresas de pequeno porte (SIMPLES), conferindo


tratamento diferenciado, simplificado e favorecido às ME e EPP.

Contudo, nem todos os micro e pequenos empresários estavam


aptos a ingressarem no SIMPLES, haja vista a vedação do art. 9º, XIII,
desta norma, impedindo as empresas de profissionais liberais (corretores,
médicos, dentistas, veterinários, engenheiros etc.) de optarem pelo regime
diferenciado.

Esse foi o motivo pelo qual a Confederação Nacional das Profissões


Liberais ajuizou ADI perante o STF, com base na justificativa de que a exclusão
dessas empresas estaria ofendendo o princípio da isonomia.

O STF se manifestou no sentido de que tais profissionais têm condições


de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado, isto é, sem
gozarem de tratamento favorecido, como as demais empresas. São
profissionais com preparo científico, técnico e profissional, não
sofrendo impacto causado pelas grandes empresas, tal como ocorre com
um pequeno supermercado, por exemplo.

A Lei 9.317/96 foi revogada pela Lei Complementar 123/2006!

Com o advento da EC 42/03, incluindo a alínea “d” ao inciso III, do caput do


art. 146, da CF/88, passou a ser exigido lei complementar para dispor sobre
o tratamento diferenciado e favorecido às ME e EPP. O objetivo foi
estabelecer que uma lei complementar nacional dispusesse sobre as normas
gerais a respeito desse tema, visando conferir uniformidade ao tratamento
diferenciado.

Com isso, em 1º de Julho de 2007, ocorreu a revogação da Lei 9.317/96 pela


LC 123/2006, instituindo o Simples Nacional. Esta lei complementar
continuou excluindo os profissionais liberais da sistemática desse regime
tributário diferenciado, com base no seu art. 17, XI.

Foi apenas com a edição da LC 147/2014, responsável por diversas


alterações na LC 123/2006, que ocorreu a efetiva revogação do inciso XI, de
forma que atualmente os profissionais liberais passaram a poder optar pelo
Simples Nacional.

De qualquer modo, a jurisprudência acima pode vir a ser cobrada na sua


prova, ao tratar do princípio da isonomia. Evidentemente, se a questão
estiver versando sobre o Simples Nacional, sua resposta se pautará
na mais recente alteração, que permite a opção de tais empresas
pelo Simples Nacional.

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• Não fere o princípio da isonomia quando a lei estimula a


contratação de empregados com determinadas características (por
exemplo, idade mais elevada), por meio de incentivos fiscais (ADI 1.276,
Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 28-8-2002)

No caso concreto, a Assembleia Legislativa de SP, por motivos


extrafiscais, criou incentivo fiscal para estimular a contratação de empregados
com mais de quarenta anos de idade. De acordo com a Suprema Corte, tais
normas não ferem o princípio da isonomia.

• Não fere o princípio da isonomia a sobrecarga imposta aos bancos


comerciais e às entidades financeiras, no que se refere à contribuição
previdenciária sobre a folha de salários. (AC 1.109-MC, Rel. p/ o ac.
Min. Ayres Britto, julgamento em 31-5-2007, Plenário, DJ de 9-10-
2007.)

Realmente, não há que se falar em conflito com o princípio da isonomia


neste caso, já que o art. 195, § 9º, da Constituição prevê que as contribuições
sociais a cargo do empregador poderão ter suas alíquotas ou bases de cálculo
diferenciadas, dependendo, entre outras características, do porte da empresa
ou da condição estrutural do mercado de trabalho.

• Não afronta o princípio da isonomia norma que proíbe a adoção do


regime de admissão temporária para as operações de importação
amparadas por arrendamento mercantil. (RE 429.306/PR, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 16/3/11)

De acordo com a Lei 6.099/74, “a entrada no território nacional dos bens


objeto de arrendamento mercantil, contratado com entidades arrendadoras
domiciliadas no exterior, não se confunde com o regime de admissão
temporária”.

Consoante a Suprema Corte, “o arrendamento mercantil foi adotado no


Brasil para que os interessados possam usufruir de suas virtudes intrínsecas,
mas não para que obtenham tratamento fiscal mais benéfico, se
comparado ao previsto em relação às operações de compra e venda
financiada”.

O que seria o arrendamento mercantil e qual a sua relação com o


regime de admissão temporária?

A Lei 6.099/74 vedou as pessoas que estejam realizando operações de


arrendamento mercantil (leasing) se valerem dos benefícios da admissão
temporária (suspensão do pagamento dos tributos na importação temporária

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de bens do exterior). As operações de arrendamento mercantil consistem


basicamente naquelas em que o bem é "locado" ao arrendatário, ficando este
obrigado ao pagamento de parcelas. Ao final do contrato, o arrendatário
pode devolver o bem, arrendá-lo novamente ou adquiri-lo, pagando apenas
um valor residual (valor este muitas vezes insignificante em relação ao valor
do produto). Então, na prática, os arrendatários acabam por adquirir o bem
arrendado ao final do contrato. Portanto, embora não haja transferência do
bem coma realização do contrato de arrendamento mercantil, o objetivo final
é internalizar o produto definitivamente no Brasil. Entendemos que foi esse o
motivo de o legislador proibir o regime de admissão temporária para tais
operações.

Dito isso, você precisa entender que o STF decidiu que essa vedação não
viola o princípio da isonomia, já que tem por objetivo evitar que o leasing se
torne opção por excelência devido às virtudes tributárias e não em razão da
função social e do escopo empresarial que a avença tem.

• Não afronta o princípio da isonomia a vedação de importação de


automóveis usados, sob a alegação de a União estar atuando contra as
pessoas de menor capacidade econômica (STF, RE 312.511, rel. min.
Moreira Alves, Primeira Turma, DJ de 28.06.2002)

A proibição de importação de veículos usados consta na Portaria n° 8/91


do Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX), e não pode ser
considerada como discriminação, tendo em vista que está de acordo com os
interesses fazendários. Afinal de contas, o art. 237 da CF/88 delega a
competência de controle do comércio exterior ao Ministério da Fazenda.

2.2.3 – Princípio da Capacidade Contributiva e o Sigilo Bancário

Na segunda parte do § 1°, do art. 145, da CF/88, ao tratar do princípio


da capacidade contributiva, foi dito que é “facultado à administração tributária,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar,
respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.”

Com base nesse dispositivo, a LC 105/2001 estabeleceu o seguinte:

Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar
documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os
referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver
processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e
tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade
administrativa competente.

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Isso significa que as autoridades e os agentes fiscais tributários, sejam


eles da União, dos Estados, do DF e dos Municípios podem examinar as
informações bancárias do contribuinte, independentemente de ordem
judicial nesse sentido, bastando que haja processo administrativo
instaurado ou procedimento fiscal em curso e que tais exames sejam
considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.

Essa previsão foi levada ao Judiciário, tendo em vista que os interesses


arrecadatórios parecem suprimir os direitos individuais, relativos à proteção da
intimidade e da vida privada das pessoas. O tema gerou forte controvérsia
jurisprudencial.

Somente em fevereiro de 2016 o STF pôs fim às controvérsias. A


Suprema Corte concluiu o julgamento de um conjunto de cinco processos (RE
601.314 e ADIs 2859, 2390, 2386 e 2397) que questionavam dispositivos da
LC 105/01. Por maioria de votos, prevaleceu o entendimento de que a
previsão da referida lei complementar não resulta em quebra de sigilo
bancário, mas sim na transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal,
ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações
é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados,
portanto não há ofensa à Constituição Federal.

De acordo com a jurisprudência do STF, as autoridades


fiscais podem requisitar aos bancos as informações
financeiras dos contribuintes, sem prévia autorização
judicial.

Questão 13 – ESAF/MPOG-APO/2015

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que o princípio


constitucional da igualdade tributária exige idêntico tratamento tributário para
contribuintes que se encontrem em situação equivalente, permitindo-se porém
tratamento diferenciado em razão da ocupação profissional destes mesmos
contribuintes.

Comentário: De acordo com a jurisprudência do STF, não se admite


tratamento diferenciado em razão da ocupação profissional dos contribuintes.
Questão errada.

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Questão 14 – ESAF/MDIC/2012

Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos


extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de
pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do
simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho
sem assistência do Estado.

Comentário: Conforme a jurisprudência do STF, Não fere o princípio da


isonomia o tratamento desigual a microempresas (ME) e empresas de pequeno
porte (EPP) cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem
assistência do Estado. Questão correta.

Questão 15 – ESAF/AFRFB/2012-Adaptada

Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos


extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de
pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do
simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho
sem assistência do Estado.

Comentário: Repare como as bancas gostam de cobrar essa jurisprudência.


Esta assertiva está idêntica à anterior. Questão correta.

Questão 16 – ESAF/MDIC/2012

Viola o princípio da isonomia a instituição, por parte de lei estadual, de


incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de
quarenta anos.

Comentário: O STF já decidiu que não há violação do princípio da isonomia se


a lei institui incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com
mais de quarenta anos. Questão errada.

Questão 17 – ESAF/MDIC/2012

Não se permite a distinção, para fins tributários, entre empresas comerciais e


prestadoras de serviços, bem como entre diferentes ramos da economia.

Comentário: O STF já permitiu a o tratamento desigual a microempresas e


empresas de pequeno porte, dependendo de condições a elas peculiares.
Ademais disso, o art. 195, § 9º, da Constituição prevê que as contribuições
sociais a cargo do empregador poderão ter suas alíquotas ou bases de cálculo
diferenciadas, dependendo, entre outras características, do porte da empresa
ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Questão errada.

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Questão 18 – ESAF/AFRFB/2012-Adaptada

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades
financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários,
fere o princípio da isonomia tributária.

Comentário: De acordo com os comentários acima, a própria CF prevê, em


seu art. 195, § 9º, a possibilidade de diferenciar as alíquotas ou bases de
cálculo das contribuições sociais a cargo do empregador, dependendo, entre
outras características, do porte da empresa ou da condição estrutural do
mercado de trabalho. Questão errada.

Questão 19 – ESAF/ATRFB/2009

A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, estabelece


a isonomia, vale dizer, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente. Sobre a isonomia, é correto afirmar que
diante da regra mencionada, o tratamento tributário diferenciado dado às
microempresas e empresas de pequeno porte, por exemplo, deve ser
considerado inconstitucional.

Comentário: O tratamento tributário diferenciado dado às microempresas e


empresas de pequeno porte não pode ser considerado ofensível ao princípio da
isonomia, haja vista sua previsão constitucional (art. 146, III, d, da CF/88).
Questão errada.

Questão 20 – ESAF/ISS-RJ/2010

O princípio da isonomia tributária, previsto no art. 150, inciso II, da


Constituição, proíbe o tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente. Entretanto, tal princípio exige a sua
leitura em harmonia com os demais princípios constitucionais. Destarte, pode-
se concluir, exceto, que:

a) em matéria tributária, as distinções podem se dar em função da capacidade


contributiva ou por razões extrafiscais que estejam alicerçadas no interesse
público.

b) relativamente às microempresas e empresas de pequeno porte, a


Constituição prevê que lhes seja dado tratamento diferenciado e favorecido,
por lei complementar, inclusive com regimes especiais ou simplificados.

c) a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no


tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere o
princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional.

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d) determinado segmento econômico prejudicado por crise internacional que


tenha fortemente atingido o setor não permite tratamento tributário
diferenciado sem ofensa ao princípio da isonomia.

e) a proibição de importação de veículos usados não configura afronta ao


princípio da isonomia.

Comentário:

Alternativa A: Pode haver tratamento desigual em função de diferentes


capacidades contributivas, como também podemos ter distinções por razões
extrafiscais, como, por exemplo, a aplicação de IPTU progressivo no tempo,
em caso de não aproveitamento de solo urbano, nos termos do art. 182, § 4º,
da CF/88. Item correto.

Alternativa B: De fato, há essa permissão no art. 146, III, d, da CF/88. Item


correto.

Alternativa C: Tal distinção está prevista no art. 195, § 9º, da CF/88, não
havendo, por conseguinte, ofensa ao princípio da isonomia. Item correto.

Alternativa D: O intuito do princípio da isonomia é tratar diferentemente os


desiguais, na medida de suas desigualdades. Portanto, se um segmento
econômico foi prejudicado por crise internacional, é mais do que razoável e
isonômico que haja tratamento tributário diferenciado. Item errado.

Alternativa E: O STF entende que não afronta o princípio da isonomia a


vedação de importação de automóveis usados, sob a alegação de a União estar
atuando contra as pessoas de menor capacidade econômica. Item correto.

Gabarito: Letra D

Questão 21 – ESAF/MDIC/2012

O princípio da capacidade contributiva, que informa o ordenamento jurídico


tributário, estabelece que, sempre que possível, os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,
facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
Sobre ele, assinale a opção incorreta.

a) Tal princípio aplica-se somente às pessoas físicas.


b) Constitui subprincípio do princípio da solidariedade.
c) Visa, entre outros objetivos, a assegurar o mínimo vital, ou mínimo
existencial.
d) Constitui subprincípio do princípio da igualdade.
e) É compatível com a progressividade de alíquotas.

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Comentário:

Alternativa A: Não há qualquer restrição quanto a isso. Logo, o princípio da


capacidade contributiva aplica-se tanto às pessoas físicas quanto às pessoas
jurídicas. Item errado.

Alternativa B: O fato de tributar mais quem aufere mais renda está


intimamente ligado ao princípio da solidariedade, pois aqueles que menos
contribuem (por possuírem menor capacidade contributiva) são os que mais
usufruem dos serviços prestados pelo poder público. Item correto.

Alternativa C: O princípio da capacidade contributiva tem como um de seus


objetivos assegurar que o Estado não subtrairá a riqueza mínima do
contribuinte, utilizada para a sua manutenção. Item correto.

Alternativa D: Podemos dizer que constitui subprincípio da igualdade, pois,


como dito na aula, confere tratamento desigual conforme as diferentes
capacidades contributivas. Item correto.

Alternativa E: A progressividade é um instrumento para conferir maior


justeza na tributação das distintas capacidades contributivas, pois se tributa
proporcionalmente mais quem aufere maiores rendimentos. Item correto.

Gabarito: Letra A

Questão 22 – ESAF/AFRFB/2012-Adaptada

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: Lei complementar estadual que isenta os membros do
Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e
quaisquer taxas ou emolumentos fere o princípio da isonomia.

Comentário: De fato, esse tem sido o entendimento do STF, que foi estudado
em aula. Questão correta.

Questão 23 – ESAF/MDIC/2012

A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, veda o


tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente. Sobre esta isonomia tributária, é correto afirmar que o STF
entendeu inconstitucional, por ofensa a tal princípio, norma que proibia a
adoção do regime de admissão temporária para as operações amparadas por
arrendamento mercantil.

Comentário: O arrendamento mercantil não se confunde com o regime de


admissão temporária, nos termos da Lei 6.099/74. O STF, ao analisar o
dispositivo legal, entendeu que não há ofensa ao princípio da isonomia, tendo

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em vista que o arrendamento mercantil não deve ser utilizado para obter
tratamento fiscal mais benéfico do que as operações de compra e venda
financiadas. Questão errada.

Questão 24 – ESAF/AFRFB/2012-Adaptada

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: A exclusão do arrendamento mercantil do campo de aplicação
do regime de admissão temporária não constitui violação ao princípio da
isonomia tributária.

Comentário: O STF, ao analisar o dispositivo da Lei 6.099/74, entendeu que


não há ofensa ao princípio da isonomia, tendo em vista que o arrendamento
mercantil não deve ser utilizado para obter tratamento fiscal mais benéfico do
que as operações de compra e venda financiadas. Questão correta.

Questão 25 – ESAF/ISS-RJ/2010

O efeito extrafiscal ou a calibração do valor do tributo de acordo com a


capacidade contributiva não são obtidos apenas pela modulação da alíquota. O
escalonamento da base de cálculo pode ter o mesmo efeito. Ao associar o tipo
de construção (precário, popular, médio, fino e luxo) ao escalonamento
crescente da avaliação do valor venal do imóvel, pode-se graduar o valor do
tributo de acordo com índice hábil à mensuração da frivolidade ou da
essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da
capacidade contributiva.

Comentário: Conforme explicamos durante a aula, não só a modulação da


alíquota é capaz de adequar o tributo de acordo com a capacidade contributiva
de cada contribuinte, mas também o escalonamento da base de cálculo. A
questão foi elaborada com base na jurisprudência do STF, copiando parte da
ementa do AI 583.636-AgR. Questão correta.

Questão 26 – ESAF/ATRFB/2009

Em razão do princípio constitucional da isonomia, não deve ser diferenciado,


por meio de isenções ou incidência tributária menos gravosa, o tratamento de
situações que não revelem capacidade contributiva ou que mereçam um
tratamento fiscal ajustado à sua menor expressão econômica.

Comentário: Deve haver, sempre que possível, a diferenciação da carga


tributária imposta aos contribuintes, em função da capacidade contributiva de
cada um. Conforme estudamos, embora a CF/88 tenha se restringido aos
impostos, para o STF, tal princípio é aplicável às demais espécies tributárias.
Questão errada.

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Questão 27 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar:


Os entes da Federação não podem instituir tratamento desigual entre
contribuintes que se encontrem em situação equivalente, admitindo-se,
entretanto, levar em conta a distinção em razão de ocupação profissional ou
função por eles exercida.

Comentário: O que estabelece o princípio da isonomia, consagrado no art.


150, II, da CF/88, é que os entes federados não podem instituir tratamento
desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente,
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por
eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos,
títulos ou direitos. Questão errada.

Questão 28 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar:


Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio,
os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Comentário: Trata-se do princípio da capacidade contributiva, consignado no


art. 145, § 1º, da CF/88: Sempre que possível, os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,
facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. A
assertiva cobrou a literalidade do dispositivo e, por tal motivo, deve ser
considerada correta.

2.3 – Princípio do Não Confisco

Dando continuidade ao estudo dos princípios constitucionais tributários,


veremos agora o Princípio do Não Confisco, previsto no art. 150, IV, da CF/88
(acompanhe na sua Constituição Federal). Na realidade, embora
majoritariamente conhecido por princípio do não confisco, o que a
Constituição quis proteger foi a tributação com efeito confiscatório,
que é diferente do confisco em si.

Veja que confiscar bens significa aplicar pena de perdimento nos bens
dos contribuintes. Tendo em vista que a perda de bens é considerada uma
punição pela própria Magna Carta (art. 5°, XLVI, “b”), o tributo não poderia

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ser confiscatório, pois o art. 3° do CTN assevera que o tributo não


constitui sanção por ato ilícito.

Então, o que seria a tributação com efeito confiscatório? Ora, seria uma
sobrecarga de tributos de tal forma que se assemelhe a uma punição, pois o
Estado estaria absorvendo boa parte da riqueza gerada pelos
contribuintes.

Destaque-se que, para Luciano Amaro1, o princípio da vedação ao


confisco atua em conjunto com o princípio da capacidade contributiva, pois
ambos visam preservar a capacidade econômica do contribuinte.

Agora que já sabemos o que é efeito de confisco, resta saber quando se


configura a verdadeira tributação com efeito confiscatório. A principal
informação que temos que gravar aqui é que se trata de um conceito
indeterminado. Diante disso, muitas vezes o Judiciário se vale dos princípios
da razoabilidade ou proporcionalidade para conseguir enquadrar a
situação no verdadeiro efeito confiscatório.

De qualquer modo, para o Supremo Tribunal Federal, a caracterização do


efeito confiscatório deve ser obtida, analisando a totalidade de tributos a
que um contribuinte está submetido, dentro de determinado período,
em relação à mesma pessoa política. Ou seja, se o objetivo é descobrir se
determinado imposto federal está sendo utilizado com efeito de confisco, há
que se verificar todo o ônus tributário com que certo contribuinte arca em
relação à União.

Princípio do não confisco: Totalidade da carga


tributária / Mesma pessoa política (União, por exemplo).

No que se refere às taxas, para o STF (ADI-MC-QO 2.551/MG), a


análise a ser feita é entre a relação do custo do serviço prestado ao
contribuinte e o que foi efetivamente cobrado dele. Nesses casos, o
princípio objetiva evitar a onerosidade excessiva da atividade prestada pelo
Estado.

Cumpre-nos ressaltar que, embora não se trate de tributo, as multas


tributárias também estão sujeitas ao princípio do não confisco. Esse é o
entendimento adotado pelo STF (ADI 551/RJ):

1
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 20ª Edição. 2014. Pág. 270.

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EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. §§ 2.º E 3.º DO ART.


57 DO ATO DAS DOSPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FIXAÇÃO DE VALORES
MÍNIMOS PARA MULTAS PELO NÃO-RECOLHIMENTO E SONEGAÇÃO DE
TRIBUTOS ESTADUAIS. VIOLAÇÃO AO INCISO IV DO ART. 150 DA CARTA DA
REPÚBLICA. A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e
sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório
desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em
contrariedade ao mencionado dispositivo do texto constitucional
federal. Ação julgada procedente.

(STF, ADI 551/RJ, Plenário, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em


24/10/2002)

Com efeito, se um determinado contribuinte sonega tributo em certo


montante, e o ente federado institui uma multa de, por exemplo, cinco vezes o
valor que foi sonegado, resta claro que se trata de efeito confiscatório.

O princípio da vedação ao efeito de confisco também é


aplicável às multas tributárias (tanto moratórias como
punitivas). No entanto, as multas não se
confundem com tributos (aprendemos isso na aula
anterior).

Por último, fique atento ao fato de que a aplicação do princípio do


não confisco deve ser atenuada, quando se trata de tributos
extrafiscais. Tais tributos são utilizados como forma de controle, e por isso
mesmo a doutrina e a jurisprudência aceitam que se estipule alíquotas
elevadas nesses tributos.

Nesse contexto, as alíquotas do IPI em relação aos cigarros, por


exemplo, chegam a 300%, não sendo caracterizado confisco, haja vista que o
interesse do Estado é o de que as pessoas evitem fumar. Portanto, a
sobrecarga tem intuito extrafiscal, qual seja o de inibir certo
comportamento das pessoas.

2.1 – Princípio do Não Confisco e a Tributação do Patrimônio

A tributação sobre o patrimônio ocorre de várias formas. No


ordenamento jurídico pátrio, existe a possibilidade de os entes federados
instituírem impostos sobre a propriedade de bens imóveis (urbanos e rurais) e
veículos automotores. Não podemos nos esquecer que também há
competência tributária para se tributar a transmissão dos bens imóveis e
móveis.

Dessa forma, a doutrina considera que a tributação do patrimônio pode


ser analisada sob as perspectivas estática e dinâmica.

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Na perspectiva estática, a tributação do patrimônio é analisada


desconsiderando-se quaisquer alterações no valor do bem, bem como os
rendimentos porventura gerados. Assim sendo, analisando-se a tributação dos
impostos sobre o patrimônio com base nesta perspectiva, percebe-se que há
efeito confiscatório, já que a propriedade do bem móvel ou imóvel só se
adquire uma única vez, quando da aquisição do bem, ao passo que a
tributação ocorre todos os anos, enquanto se mantiver a propriedade sobre o
bem. Assim ocorre com o IPTU, ITR e IPVA.

De outra banda, Ricardo Alexandre2 argumenta que, ao analisar a


tributação do patrimônio com base na perspectiva dinâmica, percebe-se que a
propriedade do bem é capaz de gerar acréscimos patrimoniais, como é o caso
dos rendimentos produzidos pelos aluguéis. Logo, sob a perspectiva
dinâmica a incidência tributária sobre o patrimônio não seria
confiscatória.

Por fim, cabe destacar um detalhe cobrado pela ESAF em uma de suas
provas anteriores, no que diz respeito à tributação da transmissão da
propriedade. Seguindo o entendimento de Aires Barreto 3, a ESAF considerou
que a incidência tributária sobre a transmissão de propriedade pode
ser confiscatória, já que a transmissão da propriedade imobiliária não
caracteriza riqueza renovável.

Questão 29 – ESAF/AFRFB/2014

Sobre o entendimento do STF acerca da vedação da utilização, por parte da


União, Estados, Distrito Federal e Municípios, dos tributos com efeitos de
confisco, pode-se afirmar que por veicular um conceito jurídico indeterminado,
e não havendo diretriz objetiva e genérica, aplicável a todas as circunstâncias,
é permitido aos Tribunais que procedam à avaliação dos excessos
eventualmente praticados pelo Estado, com apoio no prudente critério do Juiz.

2
ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8ª Edição. 2014. Pág. xxx

3
BARRETO, Aires. Vedação ao efeito de confisco. Publicada na Revista de Direito Tributário. São Paulo. V. 64, 1994,
pág. 10.

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Comentário: Por se tratar de um conceito jurídico indeterminado, cabe ao Juiz


determinar quando há ou não incidência tributária confiscatória. Questão
correta.

Questão 30 – ESAF/AFRFB/2009

Entre as limitações constitucionais ao poder de tributar, que constituem


garantias dos contribuintes em relação ao fisco, é incorreto afirmar que a
identificação do efeito confiscatório não deve ser feita em função da totalidade
da carga tributária, mas sim em cada tributo isoladamente.

Comentário: Como vimos, para o STF, deve-se avaliar a totalidade da carga


tributária a que o contribuinte esteja sujeito em relação à mesma pessoa
política. Na presente questão, como se afirma que o conceito é incorreto – e
realmente é -, a questão está correta.

Questão 31 – ESAF/AFRFB/2009

O princípio do não-confisco ajuda a dimensionar o alcance do princípio da


progressividade, já que exige equilíbrio, moderação e medida na quantificação
dos tributos.

Comentário: Se não houvesse um princípio que vedasse a invasão desmedida


ao patrimônio do contribuinte, por meio de tributos, a progressividade das
alíquotas não teria nenhuma restrição. Questão correta.

Questão 32 – ESAF/AFRFB/2009

Uma alíquota do imposto sobre produtos industrializados de 150%, por


exemplo, não significa necessariamente confisco.

Comentário: Quando se trata de tributos extrafiscais (que é o caso do IPI), há


a atenuação do princípio do não confisco, pois a finalidade principal do Estado
é a intervenção na economia, e não a arrecadação. Conforme exemplificado, os
cigarros são tributados em 300% de IPI. Questão correta.

Questão 33 – ESAF/AFRFB/2009

Os impostos sobre o patrimônio podem ser confiscatórios, quando


considerados em sua perspectiva estática.

Comentário: Quando se analisa a incidência dos impostos sobre o patrimônio


sob a perspectiva estática, percebe-se que há efeito confiscatório, já que esta
analise desconsidera as alterações no valor do bem. Questão correta.

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Questão 34 – ESAF/AFRFB/2009

O imposto de transmissão causa mortis, na sua perspectiva dinâmica, pode ser


confiscatório.

Comentário: Como a transmissão da propriedade não configura riqueza


renovável, a incidência de impostos sobre tal fato caracteriza efeito
confiscatório, ainda que analisado sob a perspectiva dinâmica. Questão
correta.

Questão 35 – CESPE/AGU/2015

O princípio da vedação ̀ utilização de tributo com efeito de confisco, previsto


expressamente na CF, aplica-se igualmente às multas tributárias, de modo a
limitar, conforme jurisprudência pacífica do STF, o poder do Estado na
instituição e cobrança de penalidades.

Comentário: O STF tem entendimento pacífico, conforme se demonstra no


julgamento da ADI 551/RJ, acerca da aplicabilidade do princípio da vedação à
utilização de tributo com efeito de confisco às multas tributárias. Questão
correta.

Questão 36 – CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013

Configura-se o caráter confiscatório de determinado tributo sempre que o


efeito cumulativo, resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas
pela mesma entidade estatal, afetar, substancialmente e de maneira
irrazoável, o patrimônio ou os rendimentos do contribuinte.

Comentário: A questão traz a definição perfeita do efeito confiscatório


causado pelo excesso de tributação por parte do Fisco. Questão correta.

Questão 37 – CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

A vedação do efeito confiscatório aplica-se tanto aos tributos propriamente


ditos quanto às multas pelo descumprimento da legislação tributária.

Comentário: Para o STF, realmente o princípio do não confisco aplica-se


também às multas pelo descumprimento da legislação tributária. Questão
correta.

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Questão 38 – CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

Segundo o STF, o denominado princípio da vedação ao confisco tem aplicação


apenas em relação ao tributo e não à sanção, motivo pelo qual não estende a
sua aplicação às multas moratórias.

Comentário: Na realidade, o STF entende que o princípio do não confisco


aplica-se também às multas, inclusive às moratórias. Questão errada.

2.4 – Princípio da Não Surpresa

Como já sabemos, um Estado Democrático de Direito pressupõe a


existência de princípios que protejam os particulares do excesso de poder do
Estado.

Nessa concepção, surge o princípio da segurança jurídica,


relacionado à estabilidade das relações jurídicas, fornecendo garantia e certeza
das consequências dos atos praticados pelo contribuinte, no que concerne às
relações jurídico-tributárias.

Isso significa que uma das vertentes do princípio da segurança jurídica é


proteger o contribuinte contra alterações repentinas que possam trazer
prejuízos inesperados ao seu patrimônio. Relativamente à matéria tributária, a
segurança jurídica é concretizada por meio do princípio da não surpresa,
embora não se resuma neste. Mas o que viria a ser tal princípio?

Como o Direito Tributário rege as normas atinentes à instituição,


arrecadação e fiscalização tributária, ou seja, envolve a subtração do
patrimônio particular em benefício do Estado, é natural que a Constituição
estabeleça princípios que evitem – ou reduzam – a alteração brusca das
normas que venham a prejudicar os contribuintes.

Portanto, o princípio da não surpresa é representado, na CF/88, pelos


princípios da anterioridade, noventena e até mesmo o da irretroatividade.
Preferimos deixar para estudar este por último.

*Princípio da Irretroatividade

Segurança Princípio da *Princípio da Anterioridade


Jurídica Não Surpresa

*Princípio da Noventena

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Estudaremos, a partir de agora, esses três princípios. Contudo, apesar


de a ordem em que inserimos acima ser a adotada pela CF/88, para fins
didáticos, iniciaremos nosso estudo pelo princípio da anterioridade.

2.4.1 - Princípio da Anterioridade

De acordo com o que foi previsto no art. 150, III, b, da CF/88, é vedado
a qualquer dos entes federativos (União, Estados, DF e Municípios) cobrar
tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou”.

Observação: O princípio da anterioridade também pode vir na prova com os


seguintes títulos: anterioridade anual, de exercício, geral ou, ainda,
anterioridade comum.

O que seria “exercício financeiro”?

No Brasil, o denominado exercício financeiro tem início no dia 01 de janeiro e


termina em 31 de dezembro. Pode-se dizer, pois, que o exercício financeiro
se confunde com o ano civil.

Isso significa que, como regra, se uma lei institui um tributo, o ente
federado que a editou só poderá cobrá-lo no ano seguinte ao que foi publicada
a lei instituidora.

Perceba que a essência do dispositivo é justamente proteger o


contribuinte contra surpresas decorrentes de alterações legislativas que
possam vir a prejudicá-lo.

Nesse sentido, alterações que venham trazer vantagens para os


contribuintes não estão protegidas por esta norma. Com isso, a redução e
extinção de um tributo obviamente não necessitarão aguardar tais
prazos, produzindo efeitos imediatamente.

Destaque-se que, de acordo com o STF (RE-AgR 274.949/SC), a


alteração de prazo para recolhimento de tributo não prejudica o contribuinte,
mesmo que se trate de antecipação do prazo, não se sujeitando, tal medida,
ao princípio da anterioridade.

Vejamos também uma súmula vinculante do STF que corrobora o seu


entendimento:

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Súmula Vinculante 50 - Norma legal que altera o prazo de recolhimento de


obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

Observação: Esta súmula vinculante possui a mesma redação da Súmula


669 do STF. Isso significa que já se tratava de entendimento pacífico no STF.

Ademais, de acordo com a Corte Suprema (RE-AgR 200.844/PR), a


atualização do valor monetário do tributo também não constitui
majoração de tributo, não sendo necessário que se submeta ao
princípio da anterioridade.

Lembre-se de que tanto a alteração do prazo para


recolhimento como a atualização monetária também
são exceções ao princípio da legalidade.

Nessa linha, o STF (RE 204.062) já considerou que a revogação de


isenção anteriormente concedida não se equipara à majoração de tributo, não
se sujeitando ao princípio da anterioridade. Portanto, esta revogação produz
efeitos imediatamente. Acompanhe a ementa do citado recurso extraordinário:

EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO: REVOGAÇÃO.


PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. I. - Revogada a isenção, o tributo
torna-se imediatamente exigível. Em caso assim, não há que se
observar o princípio da anterioridade, dado que o tributo já é
existente. II. - Precedentes do Supremo Tribunal Federal. III. - R.E.
conhecido e provido.

(RE 204.062/ES, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 19/12/1996)

Veja que o STF entendia, nos idos de 1996, que a revogação de isenção
não configuraria majoração de tributo, não havendo porque observar o
princípio da anterioridade. Contudo, é muito importante considerarmos a
decisão mais recente da Primeira Turma da Suprema Corte, no sentido
da necessidade de observância do princípio da anterioridade:

(...) REVOGAÇÃO DE BENEFÍCIO FISCAL – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE –


DEVER DE OBSERVÂNCIA – PRECEDENTES.

Promovido aumento indireto do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e


Serviços – ICMS por meio da revogação de benefício fiscal, surge o dever
de observância ao princípio da anterioridade, geral e nonagesimal,
constante das alíneas “b” e “c” do inciso III do artigo 150, da Carta.
Precedente – Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº

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2.325/DF, de minha relatoria, julgada em 23 de setembro de 2004. (...)

(STF, RE 564.225-AgR/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio,


Julgamento em 02/09/2014)

Veja que, atualmente, o STF entende que a redução de benefício


fiscal caracteriza aumento indireto de tributo, atraindo a aplicação do
princípio da anterioridade anual e nonagesimal, sendo que esta será estudada
adiante. Ademais, entende a Corte que o prévio conhecimento da carga
tributária tem como base a segurança jurídica e, como conteúdo, a
garantia da certeza do direito.

Leve isto para a sua prova: A majoração indireta de


tributo, levada a cabo por meio de redução de
benefício fiscal, atrai a aplicação do princípio da
anterioridade (anual e nonagesimal, sendo que este será
estudado adiante).

Acrescentamos, ainda, um interessante dispositivo do CTN, acerca da


revogação de isenções, a saber:

Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele


em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a
impostos sobre o patrimônio ou a renda:
I - que instituem ou majoram tais impostos;
II - que definem novas hipóteses de incidência;
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de
maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo
178.

O art. 104 do CTN foi elaborado à luz da Emenda Constitucional nº 18,


de 1965. Importa-nos neste momento verificar as distinções entre os
regramentos dos incisos I e II do art. 104 e o que estabelece o princípio da
anterioridade, consignado no art. 150, III, “b”, da Constituição Federal de
1988:

CTN, art. 104 CF/88, art. 150, III, “b”


Aplica-se apenas aos impostos sobre Aplica-se aos tributos em geral
patrimônio ou renda
Refere-se à entrada em vigor da lei Refere-se à eficácia da lei

Justamente por conta dessas divergências é que boa parte da doutrina


defende que os incisos I e II não se compatibilizam com a CF/88, não tendo
sido recepcionados por esta. De qualquer modo, a transcrição literal dos
dispositivos em questões de concursos públicos deve ser analisada
com cautela, pois as bancas podem considerá-las corretas!

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No que se refere ao art. 104, III, do CTN, a revogação ou redução de


isenção deve obedecer ao princípio da anterioridade, mas esta lei só faz essa
restrição em relação aos impostos sobre o patrimônio ou renda.
Observe que para o STF, como já foi explicado, não houve tal restrição. Da
mesma forma, é recomendável ao candidato que procure entender qual é a
fonte utilizada para elaboração da questão, lembrando-se das palavras-chave
do art. 104, do CTN: “vigor” e “impostos sobre o patrimônio ou a renda”.

Observação: O art. 178, do CTN, refere-se à revogação de isenções


onerosas (concedidas por prazo certo e sob determinadas condições). Tais
isenções são irrevogáveis. Este assunto não será estudado nesta aula.

O princípio da anterioridade não se confunde com o


da anualidade (não existente na CF/88). Este exigia
prévia autorização orçamentária para que fosse feita sua
cobrança.

Esquematizando:

NÃO SE APLICA Alteração de Prazo Recolhimento Exceção ao


O PRINCÍPIO DA Princípio da
ANTERIORIDADE Legalidade
Atualização Monetária

STF: Anterioridade Anual e


Nonagesimal.
Revogação de Isenções
CTN: Entra em vigor no 1º dia do
exercício seguinte (apenas para
impostos sobre patr./renda).

Vamos ver agora os tributos que constituem exceções ao princípio da


anterioridade.

2.4.1.1 - Tributos que Constituem Exceções ao Princípio da


Anterioridade

Os tributos que constituem exceções ao princípio ora estudado são os


seguintes:

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II/IE/IPI/IOF Tributos Extrafiscais

 Impostos Extraordinários de Guerra Situações que demandam


 Empréstimos Compulsórios (somente urgência
para guerra e calamidade)

Seguem regra específica


Contribuições para Financiamento da
Seguridade Social do art. 195, § 6°

 ICMS-Combustíveis Apenas para redução e


 CIDE-Combustíveis restabelecimento

Com esse esquema, não vai ficar difícil decorar, já que eu associei o
tributo a algo que o faça lembrar das exceções. Vamos entender melhor esse
esquema, correto?

Perceba que todos os tributos considerados extrafiscais (Imposto de


Importação e Exportação, Imposto sobre Produtos Industrializados e
Imposto sobre Operações Financeiras) foram excepcionados para
conceder plena eficácia aos fins que lhes foram propostos.

Além disso, os impostos extraordinários de guerra e os empréstimos


compulsórios (guerra e calamidade) foram excluídos da aplicação do princípio,
por conta da situação urgente a que se referem.

Os empréstimos compulsórios instituídos com base na


hipótese de investimento público de caráter urgente
não foram excepcionados da anterioridade. Então, a
princípio, os investimentos não são tão urgentes
assim!

No que se refere às contribuições destinadas ao financiamento da


seguridade social, vale ressaltar que, desde a promulgação da CF/88, elas
estiveram sujeitas apenas ao princípio da noventena (será visto a seguir),
constituindo, portanto, exceção ao princípio da anterioridade.

Há ainda os casos específicos do ICMS-Combustíveis (também


denominado ICMS-monofásico-Combustíveis) e da CIDE-Combustíveis, que são
exceção à anterioridade apenas em caso de redução (dedução óbvia do próprio
princípio) e do restabelecimento. Se houver majoração das alíquotas, portanto,
haverá a consequente sujeição ao princípio estudado.

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2.4.2 - Princípio da Noventena (Anterioridade Nonagesimal)

O princípio da noventena (também denominado anterioridade


nonagesimal) prega que a cobrança de tributos deve ocorrer apenas 90 dias
após a publicação de uma lei que institua ou majore tributos.

Observação: Não caia em “pegadinhas” de prova, dizendo que o prazo é de 3


MESES. São 90 dias!

O princípio da noventena também pode vir na prova com


os seguintes títulos: anterioridade nonagesimal,
privilegiada, qualificada ou até mesmo mitigada.

Conforme explicamos no tópico anterior, as contribuições para o


financiamento da seguridade social estão sujeitas apenas ao princípio da
noventena. Aliás, elas são a única hipótese prevista no texto constitucional, na
data da sua promulgação, em 1988.

Contudo, ficou provado que o princípio da anterioridade, na verdade, não


protegia de forma efetiva os contribuintes, tendo em vista que se uma lei que
torne um tributo mais oneroso seja publicada no dia 31 de dezembro de
determinado ano, no dia seguinte tal lei já estaria surtindo efeitos.

Diante do exposto, a Emenda Constitucional 42/2003 trouxe uma


alteração, ampliando o rol de tributos que estariam sujeitos ao princípio da
noventena. Portanto, agora a regra é a aplicação desse princípio, ficando
excetuadas apenas as hipóteses previstas no art. 150, § 1°, da CF/88.

A única diferença entre o dispositivo supra mencionado e o § 6° do art.


195 (princípio da noventena aplicável às contribuições para seguridade social)
é que o primeiro fala em instituição ou aumento, e o segundo, instituição ou
modificação, o que, para o STF, não há nenhuma diferença, pois o
objetivo é proteger o contribuinte de normas que o onerem.

Parte da doutrina confere denominações distintas ao princípio


previsto no art. 150, III, “c” e aquele consignado no art. 195, § 6º,
da CF/88.

Você pode encontrar em provas a referência ao princípio da anterioridade


previsto no art. 150, III, “c”, incluído na Carta Magna pela EC 42/03 e
aplicável aos tributos de um modo geral, como princípio da anterioridade
mínima, e a referência ao disposto no art. 195, § 6º, da CF/88, aplicável

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apenas às contribuições para a seguridade social, como princípio da


anterioridade especial. Essa diferenciação não é comum, mas pode
ocorrer! 

Um detalhe a ser guardado é que, no entendimento do STF (RE


584.100), a simples prorrogação de alíquota já aplicada anteriormente
não está sujeita ao prazo nonagesimal, tendo em vista que não há
nenhuma surpresa para o contribuinte.

Vejamos, a partir de agora, os tributos que constituem exceções ao


princípio da noventena.

2.4.1.1 - Tributos que Constituem Exceções ao Princípio da Noventena

Com algumas diferenças e semelhanças em relação ao princípio da


anterioridade, os tributos que constituem exceções ao princípio ora estudado
são os seguintes:

Tributos Extrafiscais
II/IE/IOF (IPI não é exceção)

 Impostos Extraordinários de Guerra


Situações que demandam
 Empréstimos Compulsórios (somente
para guerra e calamidade) urgência

Imposto de Renda

Características Específicas
 Base de Cálculo do IPTU
(Só BC, alíquota não)
 Base de Cálculo do IPVA

Observe que, dos impostos extrafiscais, apenas o IPI está sujeito à


noventena. Essa opção pode ter sido feita, pois o IPI já é considerado por
parte da doutrina como tributo com finalidade fiscal.

No que se refere ao IEG e as empréstimos compulsórios, segue-


se a mesma regra aplicável ao princípio da anterioridade. Trata-se de
tributos que se referem a situações de urgência.

No tocante ao Imposto de Renda, percebe-se que há sujeição apenas


ao princípio da anterioridade, o que torna a proteção ao contribuinte
bastante insignificante, pois uma majoração no dia 31/12/13, por exemplo,
pode repercutir efeitos no dia 01/01/14.

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Já as exceções referentes à fixação das bases de cálculo do IPVA e do


IPTU foram estabelecidas para facilitar que os entes competentes para
instituir tais tributos possam promover alterações nos valores dos
bens imóveis e veículos sobre os quais tais impostos incidem. Se
tivessem que aguardar 90 dias, não seria possível fazer tais revisões com
precisão.

Por fim, eu gostaria de auxiliá-los a guardar tais minúcias deste ponto da


matéria. Observem que o II, IE, IOF, IEG e Empréstimos compulsórios
decorrentes de guerra ou calamidade constituem exceções aos dois princípios.

Além disso, todos os demais tributos que não constam nas


exceções estudadas ficam sujeitos aos dois princípios. Ou seja, a
instituição de uma contribuição de melhoria, por exemplo, fica sujeita aos dois
princípios constitucionais tributários.

Portanto, se tal tributo for instituído em 2 janeiro, terá que aguardar até
o próximo ano para produzir efeitos (prevalece, neste caso, o princípio da
anterioridade, tendo em vista que faltam mais do que 90 dias para o próximo
ano). Por outro lado, se a instituição ocorrer em 15 de novembro, há que se
aguardar 90 dias, pois este prazo superará o intervalo entre a data da
publicação da lei e o primeiro dia do ano subsequente. Compreendido?

2.4.3 – Os Princípios da Anterioridade e Noventena e as Medidas


Provisórias

Estudamos em aula anterior que as medidas provisórias são atos


normativos com força de lei, e por isso mesmo podem instituir tributos, desde
que observados os requisitos de urgência e relevância, expressos no caput do
art. 62, da CF/88.

O § 2° do referido dispositivo menciona que a medida provisória que


implique instituição ou majoração de impostos, só produzirá efeitos no
exercício seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia
daquele em que foi editada. Destaque-se que nem todos os impostos estão
sujeitos a essa regra, pois o II, IE, IPI, IOF e IEG constituem exceções
estampadas na própria norma.

A regra só vale para a espécie IMPOSTO, estando


excepcionados os seguintes impostos: II, IE, IPI,
IOF e IEG.

Temos que entender que o que foi dito acima é uma exigência restrita às
medidas provisórias, como meio de forçar a sua conversão em lei antes da
produção de efeitos no ano seguinte.

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Eu acredito que pode ter surgido alguma dúvida na sua cabeça. Portanto,
vamos abordar o assunto devagar, dando dicas que irão ajudá-lo a matar
qualquer questão que venha incidir sobre o assunto, que por sinal é bastante
cobrado em provas de concurso público.

Em primeiro lugar, fiquemos atentos, pois, a partir da EC 32/2001, as


medidas provisórias passaram a ter vigência de 60 dias prorrogáveis
por igual período (mais 60 dias).

A regra geral que temos de observar são os princípios da anterioridade e


noventena em se tratando de uma norma que institua ou majore tributos,
considerando as exceções. Isso é o que é aplicável, ainda que tais tributos
sejam instituídos ou majorados por MPs.

No entanto, quando se tratar de impostos, que não sejam aqueles


excepcionados pelo próprio § 2º do art. 62 da CF (II, IE, IPI, IOF e IEG), há
que se obedecer a regra, segundo a qual só haverá produção de efeitos no
exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o
último dia daquele em que a MP foi editada.

Seguindo essa linha, a majoração do IPI não fica sujeita a essa regra,
mas um aumento nas alíquotas do ITR sujeita-se, além da anterioridade e
noventena, também à regra do art. 62, § 2º.

Vejamos um caso hipotético do ICMS (comum, não específico sobre


combustíveis), sujeito à regra do art. 62, § 2º, bem como aos princípios da
anterioridade anual e nonagesimal.

Digamos que uma MP estadual majoradora da alíquota desse imposto


tenha sido publicada em meados de novembro de 2014, sendo que a
conversão desta MP em lei ocorreu apenas em janeiro de 2015. A partir de
quando essa majoração produziu efeitos?

Ora, como neste caso o ICMS está sujeito à anterioridade e à noventena,


a regra seria a MP produzir efeitos após 90 dias (já que também seria
obedecido o princípio da anterioridade). Isso faria com que a MP produzisse
efeitos ainda em 2015.

Contudo, com a aplicação dessa regra que estamos estudando, somente


haverá produção de efeitos a partir do dia 1º de janeiro de 2016, pelo fato de
a MP não ter sido convertida até o último dia em que foi editada (31/12/2014).

Por fim, vale destacar o entendimento do STF no que se concerne ao


termo inicial de contagem do prazo nonagesimal, referente à majoração de
contribuições sociais destinadas à seguridade social por meio de MP. Pergunto:
caso a MP venha a ser convertida em lei, tal prazo é contato é contado da
edição da MP ou da sua conversão em lei?

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Como tais contribuições somente se submetem ao princípio da


anterioridade nonagesimal (ou anterioridade especial, neste caso), após o
término do prazo de 90 dias, a MP produziria efeitos por 30 dias. Se, dentro
desse período, a MP for convertida em lei sem alterações substanciais em tal
conversão, a cobrança continua. De outra forma, se houver alterações
substanciais (conversão parcial da MP em lei) no texto originário da MP,
reinicia-se o prazo de contagem a partir da publicação da lei de conversão.
Esse é o entendimento do STF.

Se a questão não fizer nenhuma ressalva quanto às


alterações substanciais, consideraremos que o
prazo se conta a partir da publicação da medida
provisória.

Há ainda a hipótese de a MP ser rejeitada no Congresso Nacional (CN) ou


vir a perder sua eficácia por decurso do prazo de 120 dias. Nestes casos, o
tributo deixa de ser cobrado. Contudo, cabe ao Congresso Nacional
disciplinar as relações jurídicas que foram geradas nesses 30 dias de
cobrança do tributo, por meio de decreto legislativo. Vale dizer, o CN
decidirá se haverá ou não a devolução dos valores pagos pelos contribuintes.

Se o CN não deliberar sobre isso no prazo de 60 dias após a rejeição ou


perda de eficácia, as relações jurídicas (os valores pagos) são mantidas,
valendo-se o que foi disposto na MP.

Questão 39 – ESAF/MPOG-APO/2015

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que o princípio


constitucional da anterioridade tributária geral não se aplica nem ao imposto
sobre produtos industrializados e nem ao imposto sobre a propriedade
territorial rural.

Comentário: O princípio da anterioridade anual (ou geral) não se aplica ao


IPI, mas aplica-se ao ITR. Questão errada.

Questão 40 – ESAF/PGFN-Procurador da Fazenda Nacional/2015

A Lei que diminui o prazo de recolhimento de tributo


a) submete-se ao principio da anterioridade nonagesimal.

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b) somente se aplica no exercício financeiro seguinte àquele em que foi


publicada.
c) não se submete ao princípio da anterioridade.
d) somente se aplica no exercício financeiro seguinte ao da data de sua
vigência.
e) somente gera efeitos normativos 30 (trinta) dias após a data da sua
publicação.

Comentário: De acordo com a Súmula Vinculante 50 do STF, norma legal que


altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao
princípio da anterioridade. Portanto, o gabarito desta questão é a Letra C.

Gabarito: Letra C

Questão 41 – ESAF/ATRFB/2012

Atende ao princípio da anterioridade a majoração de um imposto no dia 2 de


dezembro de um ano, para ser cobrado no exercício seguinte?

Comentário: Ainda que a majoração ocorresse em 31 de dezembro, seria


possível a cobrança no exercício seguinte. Para definir o dia exato, seria
necessário analisar a situação com base também no princípio da noventena,
que será estudado a seguir. Questão correta.

Questão 42 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

O chefe do poder executivo, por meio de medida provisória aprovada no


Congresso Nacional, majorou a alíquota do imposto sobre a renda das pessoas
físicas. A nova lei, decorrente da medida provisória aprovada, produzirá efeitos
a) no exercício financeiro seguinte àquele em que a nova lei foi publicada,
respeitando-se, também, o princípio nonagesimal (noventena), por se tratar do
imposto sobre a renda, o qual deve observar as duas anterioridades
constitucionais, ou seja, a anual e a noventena.
b) no exercício financeiro seguinte àquele em que a nova lei, decorrente da
medida provisória aprovada, foi publicada.
c) imediatamente, desde que seja promulgada e publicada de acordo com o
processo legislativo previsto na Constituição Federal.
d) após o prazo de noventa dias da data em que haja sido publicada a nova lei
que majorou o imposto sobre a renda.
e) no mesmo dia da publicação da lei, tendo em vista a exceção prevista na
Constituição Federal, ao tratar das regras sobre medida provisória.

Comentário: Como se trata de medida provisória majorando IR, devemos


considerar, além do princípio da anterioridade nonagesimal (O IR constitui
exceção ao princípio da anterioridade anual), a regra contida no art. 62, § 2º,
da CF/88, ou seja, a nova lei publicada fruto da conversão da medida
provisória só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido

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convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Assim sendo,
analisemos as alternativas da questão:

Alternativa A: Como o IR não se submete ao princípio da anterioridade


nonagesimal, está assertiva já pode ser descartada. Alternativa errada.

Alternativa B: Esta assertiva está correta, já que, ao considerarmos que a lei


produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte àquele em que a nova lei
decorrente da medida provisória aprovada foi publicada, já se considera a
regra do art. 62, § 2º, da CF/88. Afinal, por exemplo, se a MP foi publicada em
2015 e convertida em lei ainda em 2015, produzirá efeitos em 2016. Se, por
outro lado, a medida provisória foi publicada no fim do ano 2015, e só
convertida em lei em 2016, a produção de efeitos será também no exercício
financeiro seguinte àquele em que a nova lei foi publicada, isto é, em 2017.
Alternativa correta.

Alternativa C: Em razão da regra prevista no art. 62, § 2º, e considerando


que o IR se submete ao princípio da anterioridade anual, a referida lei não
produzirá efeitos imediatamente. Alternativa errada.

Alternativa D: Como o IR não se submete ao princípio da anterioridade


nonagesimal, está assertiva já pode ser descartada. Alternativa errada.

Alternativa E: Na realidade, em razão da regra prevista no art. 62, § 2º, e


considerando que o IR se submete ao princípio da anterioridade anual, a
referida lei não produzirá efeitos no dia de sua publicação. Alternativa errada.

Gabarito: Letra B

Questão 43 – FCC/TJ-RR-Juiz Substituto/2015

A majoração da base de cálculo do IPVA não está sujeita ao princípio da


noventena (anterioridade nonagesimal), mas a majoração de sua alíquota está.

Comentário: De fato, a exceção ao princípio da noventena diz respeito apenas


à majoração da base de cálculo do IPVA. Quanto à majoração da alíquota do
imposto, não há que se falar em exceção. Questão correta.

Questão 44 – FCC/TJ-RR-Juiz Substituto/2015

O Município de Manaus, desejando promover o aumento da base de cálculo do


IPTU incidente sobre a propriedade de imóveis localizados em seu território,
deverá elaborar norma jurídica que atenda, dentre outros, aos princípios
constitucionais da
a) legalidade, anterioridade e irretroatividade.
b) legalidade, anterioridade, noventena (ou anterioridade nonagesimal) e
irretroatividade.

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c) legalidade, noventena (ou anterioridade nonagesimal) e irretroatividade.


d) legalidade, anterioridade e noventena (ou anterioridade nonagesimal).
e) anterioridade, noventena (ou anterioridade nonagesimal) e irretroatividade.

Comentário: Como a majoração da base de cálculo do IPTU constitui exceção


ao princípio da noventena, o Município de Manaus deve elaborar norma jurídica
que atenda aos princípios constitucionais da legalidade, anterioridade e
irretroatividade.

Gabarito: Letra A

Questão 45 – FCC/PGE-RN-Procurador/2014

Em relação ao princípio constitucional da anterioridade, é correto afirmar que a


prorrogação, por meio de lei complementar, do termo inicial para que
contribuintes se beneficiem do creditamento amplo de ICMS relativo às
aquisições de materiais de uso e consumo deve ser formalizada com o mínimo
de 90 dias antes do término do ano-calendário para que possa surtir efeito a
partir de 1° de Janeiro do ano-calendário seguinte.

Comentário: Não existe essa condição de que a norma tenha que ser
formalizada com certo prazo antes do término do ano-calendário para surtir
feito em 1º de janeiro do ano-calendário subsequente. Questão errada.

Questão 46 – FCC/TRF-4ª Região-Técnico Judiciário/2014

Acerca do Imposto sobre Produtos Industrializados,


a) por ter natureza extrafiscal, é exceção à legalidade, irretroatividade,
anterioridades anual e nonagesimal.
b) pode ser instituído ou majorado por ato do Poder Executivo, sendo exceção
à regra da legalidade.
c) é instituído por lei, mas tem as alíquotas incidentes sobre cada produto
industrializado fixadas por ato do Poder Executivo, mais especificamente
Decreto.
d) é exceção à anterioridade nonagesimal, mas deve obediência à
anterioridade anual.
e) é exceção à anterioridade anual e nonagesimal.

Comentário:

Alternativa A: Embora o IPI tenha natureza extrafiscal, está sujeito aos


princípios da legalidade (em regra), anterioridade anual e irretroatividade.
Alternativa errada.

Alternativa B: Embora possa ser majorado por ato do Poder Executivo, sua
instituição deve ocorrer por intermédio de lei. Alternativa errada.

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Alternativa C: Conforme comentamos, a instituição do IPI deve ocorrer por


meio de lei, mas a definição de suas alíquotas por ocorrer por meio de ato do
Poder Executivo (decreto). Alternativa correta.

Alternativa D: Trata-se de justamente o contrário, ou seja, o IPI constitui


exceção à anterioridade anual, mas deve obediência à anterioridade
nonagesimal. Alternativa errada.

Alternativa E: O IPI constitui exceção à anterioridade anual, mas deve


obediência à anterioridade nonagesimal. Alternativa errada.

Gabarito: Letra C

Questão 47 – FCC/TJ-CE-Juiz/2014

De acordo com a Constituição Federal, a alíquota da contribuição de


intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou
comercialização de petróleo e de seus derivados, de gás natural e de seus
derivados e de álcool combustível - CIDE-COMBUSTÍVEL - poderá ser
a) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo da União, aplicando-se
à tributação do gás natural e de seus derivados os princípios da legalidade,
noventena e anterioridade.
b) aumentada e restabelecida por ato do Poder Legislativo da União, não se lhe
aplicando o princípio da legalidade.
c) reduzida e aumentada por ato do Poder Legislativo da União, não se lhe
aplicando o princípio da noventena.
d) reduzida e aumentada por ato dos Poderes Executivos dos Estados e do
Distrito Federal, não se lhe aplicando o princípio da irretroatividade.
e) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo da União, não se lhe
aplicando o princípio da anterioridade.

Comentário: Na verdade, a CIDE-Combustível pode ter suas alíquotas


reduzidas e restabelecidas por ato do Poder Executivo da União (exceção ao
princípio da legalidade), não se lhe aplicando o princípio da anterioridade
anual, mas sendo respeitado o princípio da anterioridade nonagesimal.

Gabarito: Letra E

Questão 48– FCC/TJ-RR-Juiz Substituto/2015

A instituição, pelos Estados e pelo Distrito Federal, da contribuição para o


custeio do serviço de iluminação pública está sujeita ao princípio da
irretroatividade, mas não ao da anterioridade.

Comentário: Primeiramente, é relevante saber que os Estados não possuem


competência tributária para instituição de contribuição de iluminação pública,

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apenas o DF e os Municípios. Ademais, não bastasse tal erro, a instituição da


referida contribuição está sujeita não só ao princípio da irretroatividade, mas
também ao da anterioridade. Questão errada.

Questão 49 – FCC/PGE-RN-Procurador/2014

Em relação ao princípio constitucional da anterioridade, é correto afirmar que


por sua natureza de remuneração de serviços públicos, a instituição ou
majoração das taxas não está sujeita à aplicação do princípio da anterioridade.

Comentário: A instituição ou majoração das taxas está sujeita ao princípio da


anterioridade. Questão errada.

Questão 50 – FCC/PGE-RN-Procurador/2014

Em relação ao princípio constitucional da anterioridade, é correto afirmar que a


elevação de alíquota de tributo pela própria Constituição Federal ou Emenda à
Constituição prescinde da observância do princípio da anterioridade.

Comentário: Constituição Federal ou Emenda à Constituição federal não são


normas definidoras da competência tributária, não regulamentando temas
específico que compreendem o próprio exercício da competência tributária
(instituição e alteração de tributos). Questão errada.

Questão 51 – FCC/PGE-RN-Procurador/2014

Em relação ao princípio constitucional da anterioridade, é correto afirmar que a


edição de lei que prorroga a aplicação de lei temporária que prevê a aplicação
de alíquota majorada de ICMS não está sujeita ao princípio da anterioridade.

Comentário: Se está havendo apenas prorrogação de uma majoração, não há


que se falar em surpresa negativa, mas tão somente na manutenção da
situação atual. Portanto, neste caso, não há que se falar em aplicação do
princípio da anterioridade. Questão correta.

Questão 52 – FCC/AFR-SP/2013

É uma das limitações constitucionais do poder de tributar o princípio da


anualidade, vigente na atual ordem constitucional, que impõe a necessidade,
para a cobrança de determinado tributo, de sua previsão na lei orçamentária
aprovada na legislatura no ano calendário anterior, salvo as exceções
constitucionalmente previstas.

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Comentário: No ordenamento jurídico em vigor, não há que se falar em


princípio da anualidade em matéria tributária. Questão errada.

Questão 53 – FCC/Juiz-TJ-PE/2011

A regra da anterioridade, que veda cobrar tributos no mesmo exercício


financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, NÃO
se aplica:

a) aos impostos de importação e exportação.


b) ao IR.
c) ao ITR.
d) às contribuições sociais.
e) aos impostos estaduais.

Comentário: A única exceção ao princípio da anterioridade é a Letra A, que


se refere ao II e IE. O candidato até poderia ficar em dúvida com relação à
Letra D, contudo, devemos lembrar que nem todas as contribuições sociais são
as destinadas à seguridade social (apenas estas constituem exceções ao
princípio). Na dúvida, retorne à aula anterior para relembrar o que lá
estudamos. A alternativa correta é Letra A.

Gabarito: Letra A

Questão 54 – CESPE/AGU/2015

Pela aplicação do princípio da anterioridade tributária, quaisquer modificações


na base de cálculo ou na alíquota dos tributos terão sua eficácia suspensa até
o primeiro dia do exercício financeiro seguinte ̀ publicação da lei que
promoveu a alteração.

Comentário: Primeiramente, devemos nos lembrar de que tal princípio não se


aplica a quaisquer alterações, mas tão somente à instituição ou majoração de
tributos. Em segundo lugar, há diversas exceções, no que diz respeito à
alteração das alíquotas. Portanto, não se pode afirmar que quaisquer
modificações na alíquota dos tributos terão sua eficácia suspensa até o
primeiro dia do exercício financeiro seguinte ̀ publicação da lei que promoveu
a alteração. Questão errada.

Questão 55 – CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

A União pode criar empréstimos compulsórios visando investimentos públicos


de caráter urgente e de relevante interesse nacional, mas está impedida de
cobrar tais tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada
a lei que os instituiu.

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Comentário: Conforme acabamos de estudar, somente os empréstimos


compulsórios decorrentes de guerra externa ou sua iminência e calamidade
pública constituem exceções ao princípio da anterioridade (e noventena
também). Questão correta.

Questão 54 – CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

Uma norma legal que apenas altere o prazo de recolhimento das contribuições
sociais destinadas à previdência social não se sujeitará ao princípio da
anterioridade.

Comentário: A mera alteração de prazo de recolhimento de contribuições


sociais não se sujeita ao princípio da anterioridade. Aqui vale uma observação:
mesmo que fosse feita a majoração, as contribuições sociais para previdência
social não ficariam sujeitas à anterioridade, pois tais tributos são
excepcionados da aplicação desse princípio. Questão correta.

Questão 55 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

O princípio da anualidade confunde-se com o princípio da anterioridade


tributária, ambos com o mesmo fundamento jurídico.

Comentário: Os referidos princípios não se confundem, pois o princípio da


anualidade consiste na prévia autorização orçamentária para que seja feita a
cobrança dos tributos. Como já foi destacado anteriromente, esse princípio não
encontra previsão na CF/88. Questão errada.

Questão 56 – CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013

A edição pela União de norma modificadora alterando o prazo para o


recolhimento de determinada obrigação tributária deve respeitar o princípio da
anterioridade.

Comentário: A alteração de prazo para o recolhimento de determinada


obrigação tributária não necessita obedecer ao princípio da anterioridade (nem
mesmo o da legalidade), segundo orientação do STF. Questão errada.

Questão 57 – CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013

O imposto sobre operações financeiras submete-se ao princípio da


anterioridade anual.

Comentário: O IOF é uma das exceções ao princípio da anterioridade anual.


Questão errada.

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Questão 58 – CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2011

Pelo princípio da anterioridade tributária, nenhum tributo, seja da União, dos


estados, do DF ou dos municípios, pode ser cobrado no mesmo exercício
financeiro em que tenha sido aprovada a lei que o instituiu.

Comentário: Embora a aplicação do princípio da anterioridade tributária seja


a regra geral, há diversas exceções por nós estudadas no decorrer da aula.
Portanto, a questão está errada.

Questão 59 – CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012

Apesar de não constar do elenco de direitos fundamentais previstos


expressamente no art. 5.º da CF, o princípio da anterioridade tributária
constitui garantia individual fundamental, conforme reconhece a jurisprudência
do STF.

Comentário: O princípio da anterioridade já foi reconhecido pelo STF como


cláusula pétrea por configurar garantia individual do contribuinte. Sendo
assim, a questão está correta.

2.4.4 - Princípio da Irretroatividade

Este princípio foi disposto no art. 150, III, “a”, o qual assevera que é
vedado a todos os entes federativos cobrar tributos “em relação a fatos
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado”.

Não há exceções ao princípio da irretroatividade na


CF/88. Contudo, o CTN previu situações em que a
norma pode retroagir, desde que seja expressamente
interpretativa ou, tratando de infração, que venha a
beneficiar os infratores.

Veja que a proibição tem por objetivo evitar que uma lei seja instituída
hoje, e venha a instituiu ou aumentar tributos cujos fatos geradores ocorreram
antes do início da vigência desta lei. Por exemplo, seria inconstitucional se uma
lei fosse editada hoje, afirmando que o IPTU seria majorado e que todos
aqueles que possuíssem imóveis urbanos a partir de 2012 sofreriam tal ônus.

Além disso, perceba a diferença entre esse princípio e os princípios da


anterioridade anual e nonagesimal. Nestes, o marco temporal utilizado

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para vedar a cobrança de tributos é a publicação da lei; naquele, trata-


se da vigência da lei.

Repare, então, que o objetivo do princípio da irretroatividade está


diretamente interligado à segurança jurídica, pois o objetivo é proteger as
relações constituídas de novos efeitos tributários. Ou seja, quando se
praticou o fato gerador (uma importação, por exemplo), o contribuinte havia
levado em consideração a legislação em vigor naquela data.

Observação: Segurança jurídica, em termos simples, significa certeza do


direito, ou seja, ao praticar um ato, o contribuinte deve ter a garantia dos
efeitos dele decorrentes.

Levando em consideração que somente podem ser cobrados tributos


cujos fatos geradores tenham ocorrido após a vigência da lei que os instituiu
ou majorou, o CTN assim dispôs:

“Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos


geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja
ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do
artigo 116.”

Observação: Não se preocupe com os detalhes deste dispositivo, por


enquanto. Estudaremos isso em momento oportuno.

Por ora, precisamos entender um pouco sobre temas abordados nas


próximas aulas. Quando uma lei institui um tributo, prevê-se na norma um
fato que, ocorrido, faz surgir o vínculo entre o contribuinte e o fisco. A essa
previsão na norma denominamos hipótese de incidência. Ao fato ocorrido no
mundo real, chamamos de fato gerador. Por fim, denomina-se obrigação
tributária a relação jurídica constituída entre o fisco e o contribuinte, quando
da ocorrência do fato gerador.

Para a doutrina, a hipótese de incidência (previsão do fato gerador na


lei) é estruturada em 5 aspectos: material, temporal, espacial, pessoal e
quantitativo.

O aspecto material se refere ao fato descrito na norma como ensejador


do surgimento da obrigação tributária. Por exemplo, o fato de auferir rendas
faz com que a pessoa se sujeite à tributação pelo Imposto de Renda. Já o
aspecto temporal da hipótese de incidência diz respeito ao momento em que a
lei considerar consumado o fato gerador da obrigação tributária. Por exemplo,
o Imposto de Renda Pessoa Física tem o seu fato gerador ocorrido em 31 de
dezembro de cada ano, muito embora decorra de vários fatos isolados ao longo
do ano-calendário.

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Com base no exposto, vamos analisar a aplicação da irretroatividade a


dois tributos que possuem jurisprudência importante para provas de concurso.
Trata-se da CSLL e do IR.

A CSLL é uma contribuição para a seguridade social, estando sujeita


apenas ao princípio da noventena (art. 195, § 6°, da CF/88). Além disso,
considera-se que o fato gerador deste tributo ocorre no dia 31 de dezembro,
embora ele decorra de vários eventos surgidos durante todo o ano.

Surge, portanto, a seguinte dúvida: se uma lei editada no dia 2 de


outubro majorar o tributo, em 31 de dezembro (após 90 dias) ela produzirá
efeitos sobre o fato gerador? Para o STF (AI-AgR-ED 333.209/PR), a
resposta é positiva.

Ainda que nos pareça injusto, pois o contribuinte havia planejado certa
carga de tributação sobre seus lucros, quando uma alteração no final do ano
repercutiu sobre todas as suas atividades durante todo o exercício financeiro,
devemos considerar o posicionamento do STF acerca do tema.

Ainda nesse contexto, há que se observar que o STF tem como


referência, para análise da irretroatividade, o aspecto temporal da
hipótese de incidência. Ou seja, para a Corte, o que importa é o momento
definido na lei como ocorrido o fato gerador do tributo. Registre-se, contudo,
que há indícios de que a Suprema Corte (RE 587.008) esteja alterando o seu
posicionamento, adotando como referência o aspecto material da hipótese de
incidência, conforme se vê na ementa desse Recurso Extraordinário:

“É o aspecto material – e não o aspecto temporal da norma – que deve


ser considerado para fins de resguardo da irretroatividade e da
anterioridade da lei tributária (...). Havendo afirmação constitucional
expressa da irretroatividade da lei ao fato gerador, bem como da anterioridade
da lei tributária, e considerando-se que tais garantias constituem
desdobramentos inequívocos do princípio da segurança jurídica, pode-se
concluir que não tem lugar, no direito tributário brasileiro, a chamada
retroatividade imprópria.”

(STF, RE 587.008; Voto da Min. Ellen Gracie, Relator: Dias Toffoli, J.


02/02/2011, DJ 05/05/2011)

No que se refere ao IR, a problemática é ainda maior. Como sabemos, o


Imposto de Renda está sujeito unicamente ao princípio da anterioridade.
Portanto, uma lei que majore este tributo começa a produzir efeitos no
primeiro dia do exercício seguinte ao que foi editada.

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Imposto de Renda

Irretroatividade  SIM
Anterioridade Anual  SIM
Anterioridade Nonagesimal  NÃO

Agora que você já sabe distinguir os princípios, e sabe também os que se


aplicam e o que não se aplicam ao IR, vamos entender como funciona o fato
gerador desse imposto.

O fato gerador do IR é denominado periódico, tendo em vista que se


prolonga durante um período estabelecido em lei, sendo considerado ocorrido
no final deste período. Ademais, diferentemente do que ocorre com o IPVA ou
IPTU, o fato gerador do IR é composto de diversos eventos ocorridos dentro do
período citado, fazendo com que seja chamado de fato gerador período
composto (ou complexivo).

Observação: O IPTU e o IPVA possuem fatos geradores periódicos simples,


pois são constituídos de um único evento no período, qual seja a propriedade
de veículo automotor ou de imóvel urbano.

Assim, por exemplo, no regime de tributação anual do IRPF, o imposto é


apurado com base nos rendimentos recebidos pelo contribuinte no decorrer do
exercício financeiro. O fato gerador considera-se ocorrido no dia 31 de
dezembro, embora seja constituído do conjunto de fatos isolados durante o
ano. No ano seguinte, o contribuinte tem um prazo para entregar a declaração
à Receita Federal, demonstrando a apuração do IRPF anual e o pagamento, se
houver, do imposto.

Vamos ilustrar para facilitar:

Fato Gerador
Entrega da
Salário Salário Salário Salário Salário Salário Declaração

Ano 2014 Ano 2015


31/12/14

Você já deve estar se perguntando onde os princípios estudados neste


tópico entram em toda essa explicação. Ora, foi necessário te fornecer toda
essa explicação, para que você seja capaz de responder a seguinte pergunta:
caso uma lei que majore o IR seja publicada exatamente no meio do ano de
2014, essa lei produziria efeitos sobre todo o IR apurado em 2014?

De acordo com a Súmula 584, parece que sim. Senão, vejamos:

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Súmula STF 584 – Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do


ano base aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser
apresentada a declaração.

Em termos práticos, o STF quis dizer que, se aquela lei que foi publicada
em 2014 estiver produzindo efeitos em 2015, ela será aplicada sobre os
rendimentos de 2014, pois a norma estava em vigor quando ocorreu a
entrega da declaração (2015). Perceba que há total agressão ao princípio
da irretroatividade.

“E o princípio da anterioridade, professor?”

Também foi agredido, caro aluno, pois a lei acabou por produzir
efeitos sobre o fato gerador ocorrido no mesmo exercício de sua
publicação.

Destaque-se que, no julgamento do tão aguardado RE 183.130, o STF se


manifestou no sentido da inaplicabilidade da Súmula 584, mas apenas
quando se trata de majoração de alíquotas do IR utilizado com caráter
extrafiscal, em relação ao lucro decorrente de operações incentivadas.

Ficou evidente que a Súmula 584 continuaria sendo adotada para fins de
interpretação do fato gerador do imposto de renda, de modo a corroborar
orientação no sentido de que, em razão de o fato gerador do imposto de renda
ocorrer somente em 31 de dezembro, se a lei fosse editada antes dessa data,
sua aplicação a fatos ocorridos no mesmo ano da edição não violaria o
princípio da irretroatividade.

Não houve revogação do texto da Súmula 584. Sua


transcrição literal em uma questão de prova deve ser
encarada como correta.

O STJ (REsp 419.814/RS), no entanto, já decidiu em favor da


inaplicabilidade do enunciado da Súmula 584 do STF, pois este foi editado na
vigência da CF anterior, valendo, hoje, os princípios da anterioridade e
irretroatividade da lei tributária.

A pergunta agora seria: como tal assunto deve ser levado para a prova?

 Deve ser considerada correta a questão que transcrever a literalidade do


seu enunciado.
 Está correta a questão que mencionar a inaplicabilidade da Súmula 584 em
relação ao IR utilizado em caráter extrafiscal (lucro decorrente de operações
incentivadas).

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 Se a questão invocar o entendimento do STJ, deve-se lembrar que esta


Corte já decidiu no sentido da inaplicabilidade da súmula.

Destaque-se que o fenômeno a que a Súmula 584 do STF nos remete


é o da retroatividade imprópria, que ocorre quando uma lei tem
aplicação sobre fatos que se iniciaram no passado, mas que ainda não
foram concluídos. Nesse sentido, a lei é publicada no final do ano e alcança
os fatos que ocorreram desde o início do mesmo ano.

Observação: A retroatividade imprópria ocorre quando se considera apenas


o aspecto temporal da norma, desconsiderando o seu aspecto material. Ou
seja, ainda que a lei tenha sido publicada no meio ou no final do ano, ela se
aplica a todos os rendimentos daquele período, mesmo que anteriores a ela,
bastando apenas que esteja vigente em um determinado momento.

Caso se considere o aspecto material da norma, ficaria evidente que a lei


ofende o princípio da irretroatividade, tendo em vista que os rendimentos
auferidos até a publicação desta sofrem a majoração do IR.

É importante ressaltar que o STF (RE 587.008) já está se


posicionamento contrariamente à retroatividade imprópria, defendendo, assim,
o princípio da segurança jurídica. É o que diz o voto da Min. Ellen Gracie,
no julgamento do RE 587.008, transcrito nas páginas anteriores.

Apenas siga o voto da Min. Ellen Gracie se a banca o


exigir literalmente.

Ainda vamos estudar novamente a questão da retroatividade prevista no


CTN, quando estudarmos o tema “Vigência e Aplicação da Legislação
Tributária”.

Questão 60 - ESAF/ATRFB/2009

A irretroatividade da lei tributária vem preservar o passado da atribuição de


novos efeitos tributários, reforçando a própria garantia da legalidade,
porquanto resulta na exigência de lei prévia, evidenciando-se como

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instrumento de otimização da segurança jurídica ao prover uma maior certeza


do direito.

Comentário: O objetivo do princípio da irretroatividade é proteger as relações


já constituídas (passadas) dos novos efeitos tributários. Não há dúvidas da
íntima relação desse princípio com a segurança jurídica. Questão correta.

Questão 61 - ESAF/ATRFB/2009

O Supremo Tribunal Federal tem como referência, para análise da


irretroatividade, o aspecto temporal da hipótese de incidência, ou seja, o
momento apontado pela lei como sendo aquele em que se deve considerar
ocorrido o fato gerador.

Comentário: Vimos durante a aula que o STF tem como referência o aspecto
temporal da hipótese de incidência. Ou seja, para a Corte, o que importa é o
momento definido na lei como ocorrido o fato gerador do tributo. Questão
correta.

Questão 62 - ESAF/ATRFB/2009

A lei instituidora ou majoradora de tributos tem de ser, como regra,


prospectiva; admite-se, porém, a sua retroatividade imprópria.

Comentário: A ESAF já admitiu não ser favorável à retroatividade imprópria


desde 2009. Em 2011, o STF (RE 587.008) demonstrou, pelo voto da Min.
Ellen Gracie, que não tem lugar no nosso sistema tributário a aplicação da
retroatividade imprópria. Questão errada.

Questão 63 – FCC/SEFAZ-MA-Auditor Fiscal/2016

De acordo com a Constituição Federal, as limitações ao poder de tributar,


descritas nos princípios da anterioridade, da irretroatividade, da anterioridade
nonagesimal (noventena) e da legalidade aplicam-se à instituição de
empréstimos compulsórios com a finalidade de
a) realizar investimento público de caráter urgente e de relevante interesse
nacional.
b) atender a despesas extraordinárias, decorrentes de guerra externa.
c) atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública
iminente.
d) realizar parceria público privada de caráter urgente e de relevante interesse
regional.
e) atender a despesas extraordinárias, decorrentes de iminência de guerra
externa.

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Comentário: Os princípios da legalidade tributária e irretroatividade aplicam-


se a todo e qualquer tributo. Contudo, em relação aos princípios da
anterioridade anual e nonagesimal, há diversas exceções.

Em relação aos empréstimos compulsórios, tais princípios aplicam-se no caso


de instituição em razão de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, e são excepcionados no caso de empréstimos
compulsórios instituídos para atender a despesas extraordinárias, decorrentes
de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência.

Gabarito: Letra A

Questão 64 – FCC/SEFAZ-MA-Auditor Fiscal/2016

A Constituição Federal, em seu art. 150, trata das limitações do poder de


tributar, consagrando, nesse artigo, vários princípios relacionados com essas
limitações. De acordo com o texto constitucional, estão EXCLUÍDOS do
princípio da
(A) anterioridade, o IR, o ITR, o ITCMD e o ITBI.
(B) legalidade, o IPI, o IOF e o aumento da base de cálculo do ICMS e do ISS.
(C) anterioridade nonagesimal (noventena), o II, o IE, o IR e o IOF.
(D) legalidade, o aumento da base de cálculo do IR, o aumento da alíquota do
IPVA e do IPTU.
(E) irretroatividade, o IR, o IOF, o IPVA e o IPTU.

Comentário:

Alternativa A: Todos os impostos citados estão submetidos ao princípio da


anterioridade. Alternativa errada.

Alternativa B: Em relação ao princípio da legalidade, o IPI e o IOF constituem


exceções, relativamente à alteração de suas alíquotas. Contudo, quando ao
aumento da base de cálculo do ICMS e do ISS, não há exceção ao princípio da
legalidade. Alternativa errada.

Alternativa C: Todos os impostos citados constituem exceção ao princípio da


anterioridade nonagesimal. Alternativa correta.

Alternativa D: O aumento da base de cálculo do IR não constitui exceção ao


princípio da legalidade, assim como o aumento da alíquota do IPVA e do IPTU.
Alternativa errada.

Alternativa E: Nenhum desses impostos constitui exceção ao princípio da


irretroatividade. Alternativa errada.

Gabarito: Letra C

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Questão 65 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar:


Os entes políticos tributantes não podem cobrar tributos em relação a fatos
geradores ocorridos após o início da vigência da lei que os houver instituído ou
aumentado.

Comentário: Ora, o que se veda pelo princípio da irretroatividade é a


cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. Após o início da
vigência da lei, não há qualquer ofensa ao referido princípio, haja vista não
estar a lei retroagindo a fatos passados. Questão errada.

Questão 66 – CESPE/PROMOTOR-MP-ES/2010

Para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, a


União pode instituir empréstimo compulsório, mediante lei complementar, sem
a observância dos princípios da anterioridade e da irretroatividade.

Comentário: O empréstimo compulsório não observa o princípio da


anterioridade. Entretanto, não se pode dizer o mesmo em relação ao princípio
da irretroatividade. Questão errada.

Questão 67 – CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012

Considere que determinada lei, publicada no dia 30/12/2011, que instituiu taxa
de coleta domiciliar de lixo, tenha sido omissa em relação à data de início de
sua vigência. Nesse caso, é correto afirmar que a taxa somente poderá ser
cobrada a partir

a) de 45 dias após a data de publicação da referida lei.


b) de 90 dias após a data de publicação dessa lei.
c) da data de publicação da referida lei.
d) do primeiro dia do exercício financeiro de 2012.
e) de 30 dias após a data de publicação dessa lei.

Comentário: Existe uma regra prevista na Lei de Introdução às normas do


Direito Brasileiro (LINDB) que trata da vigência da lei omissa em relação à
data de início de sua vigência. De acordo com essa regra, a vigência da lei,
nesse caso, inicia-se 45 dias após a data de publicação.

No entanto, o que se pede é a data em que será possível realizar a cobrança, o


que diz respeito à eficácia da lei e não à sua vigência (estudaremos isso em
aula própria). Detalhes à parte, a majoração das taxas submete-se tanto á
anterioridade anual como à nonagesimal, o que faz com que a lei produza
efeitos apenas 90 dias após a data de sua publicação.

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Observe que sempre prevalece o prazo mais longo, quando o tributo se sujeita
a ambos os princípios. Por exemplo, se a lei tivesse sido publicada em
30/01/2011, somente seria possível a cobrança da taxa em 01/01/2012. A
resposta, portanto, é Letra B.

Gabarito: Letra B

2.5 – Princípio da Liberdade de Tráfego

De acordo com o texto constitucional (art. 150, V), temos que é vedado
aos entes federados “estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens,
por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a
cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público”.

Amigo, perceba que o que se quis proteger com esse dispositivo foi
a liberdade de tráfego das pessoas e seus bens dentro do território
nacional, direito individual expressamente previsto no art. 5°, XV, da
própria CF.

Sobre o tema, é relevante citarmos a decisão unânime do STF, no


sentido de que o pedágio cobrado pela utilização das vias conservadas
pelo Poder Público não possui natureza tributária:

Ementa: TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONAL. PEDÁGIO. NATUREZA JURÍDICA


DE PREÇO PÚBLICO. DECRETO 34.417/92, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO
SUL. CONSTITUCIONALIDADE. 1. O pedágio cobrado pela efetiva utilização
de rodovias conservadas pelo Poder Público, cuja cobrança está autorizada
pelo inciso V, parte final, do art. 150 da Constituição de 1988, não tem
natureza jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a
sua instituição, consequentemente, sujeita ao princípio da legalidade
estrita. 2. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.

(STF, Plenário, ADI 800/RS, Rel. Min. Teori Zavascki, Julgamento em


11/06/2014)

Podemos acrescentar outra exceção, que, embora não prevista no


dispositivo em análise, encontra-se no corpo da Magna Carta: a incidência de
ICMS sobre operações de circulação de bens e sobre a prestação de
determinados serviços.

Perceba que o ICMS incide sobre a circulação de bens bem como a


prestação de serviços com destino a outro Estado. Portanto, na prática,
acaba se tornando outra limitação ao tráfego de bens. Entretanto, como
há previsão na própria CF/88, é constitucional!

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Questão 68 – ESAF/MPOG-APO/2015

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que o princípio


constitucional tributário da liberdade de tráfego de pessoas ou bens apenas
obsta a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas por empresas
privadas concessionárias de serviço público outorgado pelo Distrito Federal.

Comentário: De acordo com o art. 150, V, da CF/88, é vedado aos entes


federados estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de
tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio
pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Ou seja, não há óbice à
cobrança de pedágio. Questão errada.

Questão 69 – ESAF/ATRFB/2012

Para combater o tráfego de gado infectado de uma região para outra, pode o
Estado impor tributos interestaduais ou intermunicipais?

Comentário: De acordo com o art. 150, V, da CF/88, é vedado aos entes


federados estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de
tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio
pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Sendo assim, não é
possível haver a imposição tributária proposta pela banca. Questão errada.

Questão 70 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar:


Somente a União poderá instituir tributo para estabelecer limitações ao tráfego
de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais,
sem qualquer ressalva.

Comentário: Na verdade, de acordo com o art. 150, V, da CF/88, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer limitações
ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais. Assim, a União não pode instituir tributo para estabelecer
limitações ao tráfego de pessoas ou bens. Questão errada.

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Questão 71 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

De acordo com a CF, é livre a locomoção no território nacional em tempo de


paz, podendo qualquer pessoa nele entrar, permanecer ou dele sair,
entretanto, sobre o trânsito dos bens dessa pessoa incidirão impostos.

Comentário: A assertiva trata da liberdade de locomoção, direito protegido


pela CF/88, em seu art. 5º, XV. Justamente por isso, o Constituinte previu o
princípio da liberdade de tráfego. Como regra, não incidem tributos sobre o
tráfego de pessoas ou bens, admitidas exceções, como o ICMS. Questão
errada.

2.6 – Outros Princípios Constitucionais Tributários

Os princípios que vamos estudar neste tópico não são aplicáveis a todos
os entes federativos. Alguns são aplicáveis exclusivamente à União; outros têm
sua aplicação destinada unicamente aos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Portanto, antes de partirmos para o estudo de cada um deles, vamos dividi-los
conforme os entes a que se destinam:

Princípio da Uniformidade Geográfica da Tributação

Aplicáveis
Princípio da Uniformidade da Tributação da Renda
Exclusivamente à União

Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas

Princípio da não discriminação baseada na Aplicável aos Estados,


procedência ou destino DF e Municípios

Destaque-se que os princípios aplicáveis à União se traduzem em


garantias da Federação, sendo protegidos, portanto, por cláusulas pétreas (art.
60, § 4°, I, da CF/88).

Além dos referidos princípios, estudaremos também, ao final, o


princípio da transparência tributária.

2.6.1 – Princípio da Uniformidade Geográfica da Tributação

O texto constitucional veda, no seu art. 151, I, que a União institua


tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que venha
implicar em distinção em relação a outro ente federativo, em detrimento dos
demais.

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Contudo, é permitida a concessão de incentivos fiscais para


promover o desenvolvimento socioeconômico de determinadas regiões
do país.

Ressalte-se que tal princípio encontra respaldo no art. 3° da CF/88,


segundo o qual é objetivo da República Federativa do Brasil erradicar a
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais. Então, entenda que se a União majorar as alíquotas de tributos
federais, tal aumento deverá ser uniforme em todo o território nacional.

“Mas, professor, e a exceção?”

A única exceção é a que vimos, permitindo-se a concessão de


incentivos fiscais para que se promova o desenvolvimento de determinadas
regiões do país.

Observe que não é qualquer incentivo fiscal que justifica


a tributação diferenciada. Deve haver um elemento
finalístico que justifique tal distinção!

Há que se destacar, ainda, o posicionamento do STF (RE 344.331/PR)


acerca da abrangência dos incentivos fiscais àqueles que não foram objeto da
benesse. De acordo com a Corte, não cabe ao Judiciário substituir o
legislador, estendendo a isenção (incentivo fiscal) a contribuintes que
não foram contemplados pela lei, a título de isonomia.

2.6.2 – Princípio da Uniformidade da Tributação da Renda

De acordo com o art. 151, II, é vedado ̀ União “tributar a renda das
obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos
agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas
obrigações e para seus agentes”.

Ao analisar a própria nomenclatura conferida pela doutrina a esse


princípio, percebemos que o que se busca é a tributação uniforme da renda,
sem privilegiar o seu ente instituidor – que é a União.

Perceba que o dispositivo menciona que tanto o rendimento decorrente


dos investimentos em títulos públicos estaduais, distritais e municipais como a
remuneração dos servidores de tais entes não podem ser tributados em
níveis superiores ao que foi fixado para a própria União.

O princípio é de fácil entendimento, pois, partindo-se para uma análise


lógica, caso a União tribute os rendimentos gerados pelos seus títulos públicos

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de forma menos onerosa do que os títulos dos demais entes, certamente


haveria uma forte tendência de que os investidores demonstrassem grande
interesse pelos títulos federais em detrimento dos demais.

De maneira análoga, se a remuneração dos servidores federais sofresse


menor carga tributária do que os servidores pertencentes às carreiras dos
demais entes federativos, seria natural que houvesse migração para os cargos
públicos federais.

Ante o exposto, creio que entender a essência do princípio da


uniformidade da tributação da renda não foi nem um pouco difícil. O segredo é
sempre tentar analisar a situação com base na lógica, e não simplesmente
decorar os dispositivos constitucionais.

2.6.3 – Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas

Primeiramente, precisamos entender que as isenções são concedidas


pelos entes políticos. Ou seja, o ente é capaz de tributar, mas opta por
conceder esse benefício fiscal, que deve ser criado exclusivamente por lei.

Quando um ente federado competente para instituir


determinado tributo concede isenção sobre tal exação,
este benefício é denominado isenção autônoma.

Tendo em vista a autonomia de todos os entes federados, é certo que


cabe a cada um deles decidir a forma e o momento em que concederão
isenções fiscais, correto?

Com base nessas explicações, vejamos o que foi consignado no art. 151,
III, da CF/88:

Art. 151. É vedado à União:

III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do


Distrito Federal ou dos Municípios.

Esse dispositivo consagra o Princípio da Vedação às Isenções


Heterônomas. O que se veda com o princípio em análise é que um ente
político conceda isenção sobre tributo instituído por outro. Tal benefício é
chamado de isenção heterônoma. Assim sendo, não obstante tenha sido
vedado apenas à União, a lógica jurídica deve prevalecer, isto é, também é
vedado aos Estados instituir isenções de tributos municipais.

Tal regra, ao que parece, busca evidenciar algo que já se encontrava


implícito na rígida repartição de competência tributária na Constituição Federal
de 1988. Ora, o ente competente para isentar, renunciando receitas, deve ser

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o que é competente para tributar, forte no argumento de resguardar o pacto


federativo.

Contudo, temos que saber também que este princípio comporta algumas
exceções. Ou seja, se a questão disser que a isenção heterônoma é
proibida, podemos dizer que está correta, pois esta é a regra geral.
Contudo, se a banca disser que a isenção heterônoma não possui exceção,
podemos considerá-la incorreta. Ok?

A vedação à isenção heterônoma é novidade na


CF/88. Na CF de 1967, era possível, em certas ocasiões,
à União conceder isenção de impostos estaduais e
municipais.

A primeira exceção diz respeito à incidência do ICMS sobre exportações,


e está prevista no art. 155, § 2°, XII, e, da CF/88. Esse dispositivo permite
que uma lei complementar federal exclua da incidência do ICMS (imposto
estadual) as operações com mercadorias e prestação de serviços, destinados
ao exterior.

Cabe observar, no entanto, que esta previsão de isenção heterônoma


deixou de ter utilidade após a EC 42/2003, pois tal emenda criou a
imunidade do ICMS decorrente de operações que destinem quaisquer
mercadorias para o exterior e sobre os serviços prestados a
destinatários no exterior. Aprenderemos com detalhes a diferença entre as
isenções e as imunidades em momento oportudo.

A segunda exceção se refere à possibilidade de a União conceder,


mediante lei complementar, isenção heterônoma sobre o ISS (tributo de
competência dos municípios) nas exportações de serviços para o exterior. Tal
permissão está prevista no art, 156, § 3°, II, da CF/88.

Não podemos deixar de comentar ainda sobre a possibilidade de


tratado internacional conceder isenção sobre tributos estaduais e
municipais. Em princípio, não seria possível tal hipótese, tendo em vista que
não há nada expresso sobre o tema na Constituição de 1988. Além disso, pelo
fato de o tratado internacional ser produzido por órgãos pertencentes à União
(Presidente da República e Congresso Nacional), haveria a proteção do
princípio que estamos estudando neste tópico.

Contudo, há que se observar que, de acordo com o STF (RE 229.096), o


Presidente da República, ao celebrar tratados internacionais, não estaria
agindo em nome da União, mas sim em nome da República Federativa do
Brasil, atuando como Chefe de Estado, e não Chefe de Governo. Pela
relevância do assunto, transcreve-se a ementa do referido julgado:

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EMENTA: “(...) 1. A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de


Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países signatários
quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela
Constituição da República de 1988. 2. O artigo 98 do Código Tributário
Nacional "possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os
Municípios" (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. No direito
internacional apenas a República Federativa do Brasil tem
competência para firmar tratados (art. 52, § 2º, da Constituição da
República), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os
Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como
Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a
existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III,
da Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido.”

(STF, Pleno, RE 229.096/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, Julgado em


16/08/2007)

Que tal entendermos a que se refere a decisão do STF?

Em termos práticos, no Acordo Geral Sobre Tarifas e Comércio (GATT),


tratado internacional do qual o Brasil é signatário, há um princípio
denominado “Princípio do Tratamento Nacional”, segundo o qual os
produtos importados não devem ser mais onerados que os produtos
nacionais. Neste contexto, se as isenções forem inicialmente concedidas aos
produtos nacionais, seus similares importados também receberão os
privilégios decorrentes do benefício, em virtude do princípio que consta no
GATT.

Veja que na ementa do julgado ficou expresso o entendimento da


Suprema Corte, no sentido de que a isenção relativa a tributos estaduais e
municipais concedida por tratado internacional não configura uma isenção
heterônoma.

Seguindo essa linha de entendimento, Sacha Calmon4 diferencia a


isenção heterônoma (concedida por lei) da isenção convencional
(derivada de tratado internacional). Destacamos, entretanto, que há outros
autores que defendem haver uma terceira exceção ao princípio da vedação às
isenções heterônomas, que seria a situação exposta acima.

4
COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 14ª Edição. 2015. Pág. 557.

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Exceções ao Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas

ISS sobre
exportações Previstos na CF/88

ICMS sobre
exportações

Tratados Não Caracteriza


Internacionais Isenção Heterônoma

2.6.4 – Princípio da Não Discriminação Baseada em Procedência ou


Destino

Você se lembra que eu fiz um esquema, mencionando que este princípio


é aplicável exclusivamente aos Estados, DF e Municípios? Pois bem, o art. 152
tem o intuito de proibir que tais entes federados criem diferenças
tributárias em razão da procedência ou destino dos bens e serviços.
Esse princípio é ratificado pelo Princípio do Tratamento Nacional, previsto no
GATT.

Não confunda a aplicação deste raciocínio com o que foi visto no tópico
anterior. Lá, mencionamos que os tratados internacionais podem conceder
isenções heterônomas.

Aqui, estamos estudando que os entes federados (a União não está entre
eles) devem tratar igualmente o produto importado e o produto nacional, com
base no GATT e no art. 152, pois diferenciar bem nacional e importado é
uma distinção com base em procedência.

Cumpre-nos ressaltar que tal princípio não é aplicável apenas em relação


a bens trazidos do exterior, mas também aos que circulam entre diferentes
estados ou municípios brasileiros.

Na esteira desse entendimento, cabe dizer que à União é permitido criar


distinções entre as regiões do país, pois o art. 151, I, permite a concessão de
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-
econômico.

2.6.5 – Princípio da Transparência Tributária

De acordo com o art. 150, § 5º, da CF/88, “a lei determinará medidas


para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que
incidam sobre mercadorias e serviços”. Tal disposição prevê o princípio da
transparência tributária.

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O objetivo precípuo desse postulado é promover transparência ao


contribuinte quanto à carga tributária resultante da incidência de impostos a
que está submetido quando do consumo de mercadorias e serviços. Trata-se,
portanto, de uma norma direcionada ao legislador ordinário.

Atualmente, temos a Lei Federal 12.741/2012, que dispõe basicamente


sobre medidas de esclarecimento ao consumidor, em cumprimento ao disposto
na CF/88 e no Código de Defesa do Consumidor.

É interessante observamos a redação do art. 1º desta norma para


compreendermos melhor qual seria exatamente a medida para esclarecer os
contribuintes sobre a incidência dos impostos:

Art. 1º Emitidos por ocasião da venda ao consumidor de mercadorias e


serviços, em todo território nacional, deverá constar, dos documentos
fiscais ou equivalentes, a informação do valor aproximado
correspondente à totalidade dos tributos federais, estaduais e
municipais, cuja incidência influi na formação dos respectivos preços de
venda.

Talvez agora você já seja capaz de se lembrar daquele campo no cupom


fiscal destinado ao esclarecimento do montante de tributos incidentes sobre
aquela operação. Cabe ressaltarmos que, não obstante o dispositivo
constitucional exigir apenas o esclarecimento quanto aos impostos
incidentes sobre mercadorias e serviços, o legislador ordinário foi além,
definindo que deverá constar a informação do valor aproximado
correspondente à totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja
incidência influi na formação dos respectivos preços de venda.

Questão 72 – FGV/ISS-Cuiabá/2016

A União Federal estabeleceu, por meio de lei ordinária, alíquotas progressivas


aplicáveis ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF). Segundo a
referida lei ordinária, sobre a renda dos contribuintes localizados nos Estados
da região Sudeste, incidiria a alíquota máxima de 10% (dez por cento) e,
sobre a renda dos contribuintes localizados no restante do país, incidiria a
alíquota máxima de 20% (vinte por cento). Assinale a opção que indica o
princípio constitucional violado na hipótese apresentada.
a) Legalidade, uma vez que competiria à lei complementar a fixação de
alíquotas do IRPF.

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b) Capacidade contributiva, no que se refere à alíquota máxima de 20%, pois a


referida legislação afetaria de maneira desproporcional a renda do
contribuinte.
c) Uniformidade geográfica da tributação, visto que a legislação fixaria
alíquotas diversas no território nacional.
d) Não-confisco, uma vez que a União está utilizando o IRPF com fins
confiscatórios.
e) Imunidade tributária recíproca, uma vez que os contribuintes dos Estados
da região Sudeste irão pagar menos tributos que os demais Estados da
Federação.

Comentário: De acordo com o art. 151, I, é vedado à União instituir tributo


que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção
ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em
detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a
promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes
regiões do País. Portanto, a medida adotada pela União violou o princípio da
uniformidade geográfica da tributação.

Gabarito: Letra C

Questão 73 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

É possível que, em razão de relevantes interesses, a União institua um tributo


implicando distinção de um estado em detrimento de outro, admitida, ainda, a
concessão de incentivos fiscais, buscando-se o fomento econômico das regiões
mais pobres do país.

Comentário: O art. 151, I, da CF/88, prega que é vedado à União instituir


tributo que não seja uniforme em todo o território nacional, ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a
Município, em detrimento de outro. Por conseguinte, a questão está errada.

Questão 74 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

É possível que um tributo federal contenha alíquotas diferenciadas em algumas


áreas do país, não se observando uma alíquota una para toda a extensão do
território nacional.

Comentário: De acordo com o princípio da uniformidade geográfica da


tributação, é vedado à União cobrar tributos na uniforme em diferentes áreas
do território nacional, admitindo-se a concessão de incentivos fiscais
destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre
as diferentes regiões do País. Questão errada.

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Questão 75 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

Em nome do princípio da procedência ou destino, os estados, o DF e os


municípios podem estabelecer diferença tributária entre serviços de qualquer
natureza, em razão da procedência ou destino destes.

Comentário: O princípio da não discriminação baseada em procedência ou


destino veda exatamente o estabelecimento de diferenças tributárias entre
bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou
destino. Ressalte-se que este princípio não é aplicável à União. Questão
errada.

Questão 76 – CESPE/DPDF/2013

É vedado à União estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de


qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

Comentário: Este princípio foi direcionado unicamente aos Estados, Distrito


Federal e Municípios, não se aplicando à União. Questão errada.

Questão 77 – CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012

De acordo com a CF, em nenhuma hipótese a União poderá conceder isenção


de tributos estaduais e municipais.

Comentário: A concessão de isenções heterônomas, via de regra, é proibida.


Contudo, como estudamos, há algumas exceções a esse princípio, de modo
que a questão está errada.

Questão 78– CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012

Tratados internacionais ratificados pelo Brasil não constituem meio hábil para a
instituição de isenções relativas a tributos estaduais e municipais, conforme a
jurisprudência.

Comentário: No decorrer da aula, vimos que uma das exceções ao princípio


da vedação às isenções heterônomas é a previsão em tratados internacionais,
estando esse entendimento amparado pela jurisprudência. Questão errada.

Questão 79 – FGV/ AFRE-RJ /2011

Considere a seguinte situação hipotética: lei federal fixou alíquotas aplicáveis


ao IPI e estabeleceu que a alíquota relativa aos carros de luxo produzidos no
Estado de Sergipe é de 12%, e a dos produzidos nos demais Estados da região
Nordeste é de 18%. Tal enunciado normativo viola o princípio constitucional

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a) da uniformidade geográfica da tributação.


b) da capacidade contributiva.
c) da liberdade de tráfego.
d) da não diferenciação tributária entre a procedência e o destino do produto.
e) do não confisco.

Comentário: O texto constitucional veda, no seu art. 151, I, que a União


institua tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que
venha implicar em distinção em relação a outro ente federativo, em detrimento
dos demais. Esse é o princípio da uniformidade geográfica da tributação. A
resposta da questão é Letra A.

Questão 80 – FGV/SEAD-AP/2010

A União não pode instituir tributo que não seja uniforme em todo território
nacional, ou que implique distinção em relação a Estado, Distrito Federal ou
Município, admitindo-se, contudo, a concessão de incentivos fiscais visando a
promover o desenvolvimento econômico entre as regiões do País.

Comentário: O texto constitucional veda, no seu art. 151, I, que a União


institua tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que
venha implicar em distinção em relação a outro ente federativo, em detrimento
dos demais. Contudo, é permitida a concessão de incentivos fiscais para
promover o desenvolvimento socioeconômico de determinadas regiões do país.
Questão correta.

Questão 81 – FGV/ AFRE-RJ /2009

É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território
nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, sendo inadmitida,
portanto, a concessão de incentivos fiscais ainda que destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do
país.

Comentário: O princípio da uniformidade geográfica da tributação, previsto no


art. 151, I, da CF/88, permite a concessão de incentivos fiscais para promover
o desenvolvimento socioeconômico de determinadas regiões do país. Questão
errada.

Questão 82 – FGV/ AFRE-RJ /2009

Em caso de outorga de isenção tributária a uma classe de contribuintes, a fim


de promover o desenvolvimento socioeconômico de uma dada região, é
possível àqueles excluídos pela lei socorrerem-se do Poder Judiciário para, com
base no princípio da isonomia, obterem idêntico tratamento fiscal.

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Comentário: O princípio da uniformidade geográfica da tributação, previsto no


art. 151, I, da CF/88, permite a concessão de incentivos fiscais para promover
o desenvolvimento socioeconômico de determinadas regiões do país. Questão
errada.

Questão 83 – FGV/Juiz-TJ-MS /2008

O princípio da uniformidade geográfica admite excepcionalmente que sejam


concedidos incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país.

Comentário: O princípio da uniformidade geográfica da tributação permite a


concessão de incentivos fiscais para promover o desenvolvimento
socioeconômico de determinadas regiões do país. Questão correta.

Questão 84 – FGV/SEAD-AP/2010

É vedado à União instituir isenções de tributos de competência dos Estados, do


Distrito Federal ou dos Municípios.

Comentário: Trata-se do princípio da vedação às isenções heterônomas,


consubstanciado no art. 151, III, da CF/88. Questão correta.

Questão 85 – FGV/SEAD-AP/2010

A jurisprudência admite a possibilidade de tratados internacionais, de


competência privativa do Presidente da República e referendo do Congresso
Nacional, versarem sobre tributos estaduais ou municipais, inclusive,
isentando-os;

Comentário: A jurisprudência do STF tem sido no sentido de que, no caso de


tratados internacionais, o Presidente da República atua como chefe de Estado,
descaracterizando a existência de isenções heterônomas. Questão correta.

Questão 86 – FCC/AFR-SP/2009-Adaptada

Sobre as prescrições constitucionais insertas na seção 'Das limitações do poder


de tributar', é correto afirmar que as operações interestaduais devem ser
imunes a qualquer tributação em obediência ao princípio da vedação de se
estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio.

Comentário: Não está correta tal asserção, pois a vedação de se estabelecer


limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais
ou intermunicipais é atenuada pela previsão constitucional do ICMS – tributo
cujo fato gerador incide sobre a circulação de mercadorias e sobre a prestação

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de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.


Questão errada.

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3 – LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

Questão 01 – ESAF/MPOG-APO/2015

Sobre as limitações constitucionais ao poder de tributar, é incorreto afirmar


que, no vigente sistema tributário nacional, as limitações constitucionais ao
poder de tributar estão configuradas como princípios constitucionais
tributários, imunidades tributárias e normas reguladoras do exercício da
competência tributária.

Questão 02 – ESAF/MPOG-APO/2015

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que o princípio


constitucional da legalidade tributária exige necessariamente lei em sentido
estrito/formal tanto para a instituição quanto para a majoração de tributo.

Questão 03 – ESAF/AFRFB/2012-Adaptada

Em matéria tributária, de acordo com a Constituição Federal, compete à Lei


Complementar instituir as limitações constitucionais ao poder de tributar.

Questão 04 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar:


É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou
aumentar tributo sem lei ou decreto que o estabeleça.

Questão 05 – FCC/Proc. Leg.-Câmara-SP/2014

Na seção denominada das “limitações constitucionais ao poder de tributar” o


texto constitucional dispõe sobre
a) princípios e regras que disciplinam o exercício da competência para instituir
e modificar tributos.
b) o rol taxativo dos impostos instituídos pela Constituição Federal para os
entes federados, que não têm poder de instituir, mas apenas para cobrar.
c) capacidade tributária para cobrar tributos.
d) imunidades e isenções tributárias.
e) todos os institutos tributários que atuam no campo da cobrança dos tributos
instituídos na Constituição Federal.

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Questão 06 – FCC/ICMS-PE-Auditor-Fiscal/2014

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que a


instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça, por não
possuir natureza tributária, não viola o princípio da legalidade tributária.

Questão 07 – FCC/ICMS-PE-Auditor-Fiscal/2014

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que a definição


de vencimento das obrigações tributárias sujeita-se ao princípio da legalidade
tributária.

Questão 08 – FCC/AFR-SP/2013

É uma das limitações constitucionais do poder de tributar a legalidade


tributária estrita, incluída na Constituição Federal de 1988 pela Emenda
Constitucional 42, de 19 de dezembro de 2003.

Questão 09 – CESPE/AGU/2015

De acordo com o princípio da legalidade, fica vedada a criação ou a majoração


de tributos, bem como a cominação de penalidades em caso de violação da
legislação tributária, salvo por meio de lei.

Questão 10 – CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2013

O município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não


superior ao índice oficial de correção monetária.

Questão 11 – CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

De acordo com o princípio da legalidade, apenas a lei, em sentido formal,


configura o veículo apto para instituir tributo, razão pela qual é vedada a
instituição de tributo por intermédio de medida provisória.

Questão 12 – CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012

É vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios exigir ou aumentar


tributo sem lei que estabeleça essa exigência ou esse aumento, não se
aplicando essa vedação aos empréstimos compulsórios para atender a
despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa
ou sua iminência.

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Questão 13 – ESAF/MPOG-APO/2015

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que o princípio


constitucional da igualdade tributária exige idêntico tratamento tributário para
contribuintes que se encontrem em situação equivalente, permitindo-se porém
tratamento diferenciado em razão da ocupação profissional destes mesmos
contribuintes.

Questão 14 – ESAF/MDIC/2012

Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos


extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de
pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do
simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho
sem assistência do Estado.

Questão 15 – ESAF/AFRFB/2012-Adaptada

Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos


extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de
pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do
simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho
sem assistência do Estado.

Questão 16 – ESAF/MDIC/2012

Viola o princípio da isonomia a instituição, por parte de lei estadual, de


incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de
quarenta anos.

Questão 17 – ESAF/MDIC/2012

Não se permite a distinção, para fins tributários, entre empresas comerciais e


prestadoras de serviços, bem como entre diferentes ramos da economia.

Questão 18 – ESAF/AFRFB/2012-Adaptada

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades
financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários,
fere o princípio da isonomia tributária.

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Questão 19 – ESAF/ATRFB/2009

A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, estabelece


a isonomia, vale dizer, veda o tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente. Sobre a isonomia, é correto afirmar que
diante da regra mencionada, o tratamento tributário diferenciado dado às
microempresas e empresas de pequeno porte, por exemplo, deve ser
considerado inconstitucional.

Questão 20 – ESAF/ISS-RJ/2010

O princípio da isonomia tributária, previsto no art. 150, inciso II, da


Constituição, proíbe o tratamento desigual entre contribuintes que se
encontrem em situação equivalente. Entretanto, tal princípio exige a sua
leitura em harmonia com os demais princípios constitucionais. Destarte, pode-
se concluir, exceto, que:

a) em matéria tributária, as distinções podem se dar em função da capacidade


contributiva ou por razões extrafiscais que estejam alicerçadas no interesse
público.

b) relativamente às microempresas e empresas de pequeno porte, a


Constituição prevê que lhes seja dado tratamento diferenciado e favorecido,
por lei complementar, inclusive com regimes especiais ou simplificados.

c) a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no


tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere o
princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional.

d) determinado segmento econômico prejudicado por crise internacional que


tenha fortemente atingido o setor não permite tratamento tributário
diferenciado sem ofensa ao princípio da isonomia.

e) a proibição de importação de veículos usados não configura afronta ao


princípio da isonomia.

Questão 21 – ESAF/MDIC/2012

O princípio da capacidade contributiva, que informa o ordenamento jurídico


tributário, estabelece que, sempre que possível, os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte,
facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
Sobre ele, assinale a opção incorreta.

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a) Tal princípio aplica-se somente às pessoas físicas.


b) Constitui subprincípio do princípio da solidariedade.
c) Visa, entre outros objetivos, a assegurar o mínimo vital, ou mínimo
existencial.
d) Constitui subprincípio do princípio da igualdade.
e) É compatível com a progressividade de alíquotas.

Questão 22 – ESAF/AFRFB/2012-Adaptada

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: Lei complementar estadual que isenta os membros do
Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e
quaisquer taxas ou emolumentos fere o princípio da isonomia.

Questão 23 – ESAF/MDIC/2012

A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, veda o


tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente. Sobre esta isonomia tributária, é correto afirmar que o STF
entendeu inconstitucional, por ofensa a tal princípio, norma que proibia a
adoção do regime de admissão temporária para as operações amparadas por
arrendamento mercantil.

Questão 24 – ESAF/AFRFB/2012-Adaptada

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: A exclusão do arrendamento mercantil do campo de aplicação
do regime de admissão temporária não constitui violação ao princípio da
isonomia tributária.

Questão 25 – ESAF/ISS-RJ/2010

O efeito extrafiscal ou a calibração do valor do tributo de acordo com a


capacidade contributiva não são obtidos apenas pela modulação da alíquota. O
escalonamento da base de cálculo pode ter o mesmo efeito. Ao associar o tipo
de construção (precário, popular, médio, fino e luxo) ao escalonamento
crescente da avaliação do valor venal do imóvel, pode-se graduar o valor do
tributo de acordo com índice hábil à mensuração da frivolidade ou da
essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da
capacidade contributiva.

Questão 26 – ESAF/ATRFB/2009

Em razão do princípio constitucional da isonomia, não deve ser diferenciado,


por meio de isenções ou incidência tributária menos gravosa, o tratamento de

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situações que não revelem capacidade contributiva ou que mereçam um


tratamento fiscal ajustado à sua menor expressão econômica.

Questão 27 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar:


Os entes da Federação não podem instituir tratamento desigual entre
contribuintes que se encontrem em situação equivalente, admitindo-se,
entretanto, levar em conta a distinção em razão de ocupação profissional ou
função por eles exercida.

Questão 28 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar:


Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio,
os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Questão 29 – ESAF/AFRFB/2014

Sobre o entendimento do STF acerca da vedação da utilização, por parte da


União, Estados, Distrito Federal e Municípios, dos tributos com efeitos de
confisco, pode-se afirmar que por veicular um conceito jurídico indeterminado,
e não havendo diretriz objetiva e genérica, aplicável a todas as circunstâncias,
é permitido aos Tribunais que procedam à avaliação dos excessos
eventualmente praticados pelo Estado, com apoio no prudente critério do Juiz.

Questão 30 – ESAF/AFRFB/2009

Entre as limitações constitucionais ao poder de tributar, que constituem


garantias dos contribuintes em relação ao fisco, é incorreto afirmar que a
identificação do efeito confiscatório não deve ser feita em função da totalidade
da carga tributária, mas sim em cada tributo isoladamente.

Questão 31 – ESAF/AFRFB/2009

O princípio do não-confisco ajuda a dimensionar o alcance do princípio da


progressividade, já que exige equilíbrio, moderação e medida na quantificação
dos tributos.

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Questão 32 – ESAF/AFRFB/2009

Uma alíquota do imposto sobre produtos industrializados de 150%, por


exemplo, não significa necessariamente confisco.

Questão 33 – ESAF/AFRFB/2009

Os impostos sobre o patrimônio podem ser confiscatórios, quando


considerados em sua perspectiva estática.

Questão 34 – ESAF/AFRFB/2009

O imposto de transmissão causa mortis, na sua perspectiva dinâmica, pode ser


confiscatório.

Questão 35 – CESPE/AGU/2015

O princípio da vedação ̀ utilização de tributo com efeito de confisco, previsto


expressamente na CF, aplica-se igualmente às multas tributárias, de modo a
limitar, conforme jurisprudência pacífica do STF, o poder do Estado na
instituição e cobrança de penalidades.

Questão 36 – CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013

Configura-se o caráter confiscatório de determinado tributo sempre que o


efeito cumulativo, resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas
pela mesma entidade estatal, afetar, substancialmente e de maneira
irrazoável, o patrimônio ou os rendimentos do contribuinte.

Questão 37 – CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

A vedação do efeito confiscatório aplica-se tanto aos tributos propriamente


ditos quanto às multas pelo descumprimento da legislação tributária.

Questão 38 – CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

Segundo o STF, o denominado princípio da vedação ao confisco tem aplicação


apenas em relação ao tributo e não à sanção, motivo pelo qual não estende a
sua aplicação às multas moratórias.

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Questão 39 – ESAF/MPOG-APO/2015

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que o princípio


constitucional da anterioridade tributária geral não se aplica nem ao imposto
sobre produtos industrializados e nem ao imposto sobre a propriedade
territorial rural.

Questão 40 – ESAF/PGFN-Procurador da Fazenda Nacional/2015

A Lei que diminui o prazo de recolhimento de tributo


a) submete-se ao principio da anterioridade nonagesimal.
b) somente se aplica no exercício financeiro seguinte àquele em que foi
publicada.
c) não se submete ao princípio da anterioridade.
d) somente se aplica no exercício financeiro seguinte ao da data de sua
vigência.
e) somente gera efeitos normativos 30 (trinta) dias após a data da sua
publicação.

Questão 41 – ESAF/ATRFB/2012

Atende ao princípio da anterioridade a majoração de um imposto no dia 2 de


dezembro de um ano, para ser cobrado no exercício seguinte?

Questão 42 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

O chefe do poder executivo, por meio de medida provisória aprovada no


Congresso Nacional, majorou a alíquota do imposto sobre a renda das pessoas
físicas. A nova lei, decorrente da medida provisória aprovada, produzirá efeitos
a) no exercício financeiro seguinte àquele em que a nova lei foi publicada,
respeitando-se, também, o princípio nonagesimal (noventena), por se tratar do
imposto sobre a renda, o qual deve observar as duas anterioridades
constitucionais, ou seja, a anual e a noventena.
b) no exercício financeiro seguinte àquele em que a nova lei, decorrente da
medida provisória aprovada, foi publicada.
c) imediatamente, desde que seja promulgada e publicada de acordo com o
processo legislativo previsto na Constituição Federal.
d) após o prazo de noventa dias da data em que haja sido publicada a nova lei
que majorou o imposto sobre a renda.
e) no mesmo dia da publicação da lei, tendo em vista a exceção prevista na
Constituição Federal, ao tratar das regras sobre medida provisória.

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Questão 43 – FCC/TJ-RR-Juiz Substituto/2015

A majoração da base de cálculo do IPVA não está sujeita ao princípio da


noventena (anterioridade nonagesimal), mas a majoração de sua alíquota está.

Questão 44 – FCC/TJ-RR-Juiz Substituto/2015

O Município de Manaus, desejando promover o aumento da base de cálculo do


IPTU incidente sobre a propriedade de imóveis localizados em seu território,
deverá elaborar norma jurídica que atenda, dentre outros, aos princípios
constitucionais da
a) legalidade, anterioridade e irretroatividade.
b) legalidade, anterioridade, noventena (ou anterioridade nonagesimal) e
irretroatividade.
c) legalidade, noventena (ou anterioridade nonagesimal) e irretroatividade.
d) legalidade, anterioridade e noventena (ou anterioridade nonagesimal).
e) anterioridade, noventena (ou anterioridade nonagesimal) e irretroatividade.

Questão 45 – FCC/PGE-RN-Procurador/2014

Em relação ao princípio constitucional da anterioridade, é correto afirmar que a


prorrogação, por meio de lei complementar, do termo inicial para que
contribuintes se beneficiem do creditamento amplo de ICMS relativo às
aquisições de materiais de uso e consumo deve ser formalizada com o mínimo
de 90 dias antes do término do ano-calendário para que possa surtir efeito a
partir de 1° de Janeiro do ano-calendário seguinte.

Questão 46 – FCC/TRF-4ª Região-Técnico Judiciário/2014

Acerca do Imposto sobre Produtos Industrializados,


a) por ter natureza extrafiscal, é exceção à legalidade, irretroatividade,
anterioridades anual e nonagesimal.
b) pode ser instituído ou majorado por ato do Poder Executivo, sendo exceção
à regra da legalidade.
c) é instituído por lei, mas tem as alíquotas incidentes sobre cada produto
industrializado fixadas por ato do Poder Executivo, mais especificamente
Decreto.
d) é exceção à anterioridade nonagesimal, mas deve obediência à
anterioridade anual.
e) é exceção à anterioridade anual e nonagesimal.

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Questão 47 – FCC/TJ-CE-Juiz/2014

De acordo com a Constituição Federal, a alíquota da contribuição de


intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou
comercialização de petróleo e de seus derivados, de gás natural e de seus
derivados e de álcool combustível - CIDE-COMBUSTÍVEL - poderá ser
a) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo da União, aplicando-se
à tributação do gás natural e de seus derivados os princípios da legalidade,
noventena e anterioridade.
b) aumentada e restabelecida por ato do Poder Legislativo da União, não se lhe
aplicando o princípio da legalidade.
c) reduzida e aumentada por ato do Poder Legislativo da União, não se lhe
aplicando o princípio da noventena.
d) reduzida e aumentada por ato dos Poderes Executivos dos Estados e do
Distrito Federal, não se lhe aplicando o princípio da irretroatividade.
e) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo da União, não se lhe
aplicando o princípio da anterioridade.

Questão 48– FCC/TJ-RR-Juiz Substituto/2015

A instituição, pelos Estados e pelo Distrito Federal, da contribuição para o


custeio do serviço de iluminação pública está sujeita ao princípio da
irretroatividade, mas não ao da anterioridade.

Questão 49 – FCC/PGE-RN-Procurador/2014

Em relação ao princípio constitucional da anterioridade, é correto afirmar que


por sua natureza de remuneração de serviços públicos, a instituição ou
majoração das taxas não está sujeita à aplicação do princípio da anterioridade.

Questão 50 – FCC/PGE-RN-Procurador/2014

Em relação ao princípio constitucional da anterioridade, é correto afirmar que a


elevação de alíquota de tributo pela própria Constituição Federal ou Emenda à
Constituição prescinde da observância do princípio da anterioridade.

Questão 51 – FCC/PGE-RN-Procurador/2014

Em relação ao princípio constitucional da anterioridade, é correto afirmar que a


edição de lei que prorroga a aplicação de lei temporária que prevê a aplicação
de alíquota majorada de ICMS não está sujeita ao princípio da anterioridade.

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Questão 52 – FCC/AFR-SP/2013

É uma das limitações constitucionais do poder de tributar o princípio da


anualidade, vigente na atual ordem constitucional, que impõe a necessidade,
para a cobrança de determinado tributo, de sua previsão na lei orçamentária
aprovada na legislatura no ano calendário anterior, salvo as exceções
constitucionalmente previstas.

Questão 53 – FCC/Juiz-TJ-PE/2011

A regra da anterioridade, que veda cobrar tributos no mesmo exercício


financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, NÃO
se aplica:

a) aos impostos de importação e exportação.


b) ao IR.
c) ao ITR.
d) às contribuições sociais.
e) aos impostos estaduais.

Questão 54 – CESPE/AGU/2015

Pela aplicação do princípio da anterioridade tributária, quaisquer modificações


na base de cálculo ou na alíquota dos tributos terão sua eficácia suspensa até
o primeiro dia do exercício financeiro seguinte ̀ publicação da lei que
promoveu a alteração.

Questão 55 – CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

A União pode criar empréstimos compulsórios visando investimentos públicos


de caráter urgente e de relevante interesse nacional, mas está impedida de
cobrar tais tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada
a lei que os instituiu.

Questão 54 – CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

Uma norma legal que apenas altere o prazo de recolhimento das contribuições
sociais destinadas à previdência social não se sujeitará ao princípio da
anterioridade.

Questão 55 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

O princípio da anualidade confunde-se com o princípio da anterioridade


tributária, ambos com o mesmo fundamento jurídico.

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Questão 56 – CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013

A edição pela União de norma modificadora alterando o prazo para o


recolhimento de determinada obrigação tributária deve respeitar o princípio da
anterioridade.

Questão 57 – CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013

O imposto sobre operações financeiras submete-se ao princípio da


anterioridade anual.

Questão 58 – CESPE/JUIZ FEDERAL-2ª REGIÃO/2011

Pelo princípio da anterioridade tributária, nenhum tributo, seja da União, dos


estados, do DF ou dos municípios, pode ser cobrado no mesmo exercício
financeiro em que tenha sido aprovada a lei que o instituiu.

Questão 59 – CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012

Apesar de não constar do elenco de direitos fundamentais previstos


expressamente no art. 5.º da CF, o princípio da anterioridade tributária
constitui garantia individual fundamental, conforme reconhece a jurisprudência
do STF.

Questão 60 - ESAF/ATRFB/2009

A irretroatividade da lei tributária vem preservar o passado da atribuição de


novos efeitos tributários, reforçando a própria garantia da legalidade,
porquanto resulta na exigência de lei prévia, evidenciando-se como
instrumento de otimização da segurança jurídica ao prover uma maior certeza
do direito.

Questão 61 - ESAF/ATRFB/2009

O Supremo Tribunal Federal tem como referência, para análise da


irretroatividade, o aspecto temporal da hipótese de incidência, ou seja, o
momento apontado pela lei como sendo aquele em que se deve considerar
ocorrido o fato gerador.

Questão 62 - ESAF/ATRFB/2009

A lei instituidora ou majoradora de tributos tem de ser, como regra,


prospectiva; admite-se, porém, a sua retroatividade imprópria.

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Questão 63 – FCC/SEFAZ-MA-Auditor Fiscal/2016

De acordo com a Constituição Federal, as limitações ao poder de tributar,


descritas nos princípios da anterioridade, da irretroatividade, da anterioridade
nonagesimal (noventena) e da legalidade aplicam-se à instituição de
empréstimos compulsórios com a finalidade de
a) realizar investimento público de caráter urgente e de relevante interesse
nacional.
b) atender a despesas extraordinárias, decorrentes de guerra externa.
c) atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública
iminente.
d) realizar parceria público privada de caráter urgente e de relevante interesse
regional.
e) atender a despesas extraordinárias, decorrentes de iminência de guerra
externa.

Questão 64 – FCC/SEFAZ-MA-Auditor Fiscal/2016

A Constituição Federal, em seu art. 150, trata das limitações do poder de


tributar, consagrando, nesse artigo, vários princípios relacionados com essas
limitações. De acordo com o texto constitucional, estão EXCLUÍDOS do
princípio da:

(A) anterioridade, o IR, o ITR, o ITCMD e o ITBI.


(B) legalidade, o IPI, o IOF e o aumento da base de cálculo do ICMS e do ISS.
(C) anterioridade nonagesimal (noventena), o II, o IE, o IR e o IOF.
(D) legalidade, o aumento da base de cálculo do IR, o aumento da alíquota do
IPVA e do IPTU.
(E) irretroatividade, o IR, o IOF, o IPVA e o IPTU.

Questão 65 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar:


Os entes políticos tributantes não podem cobrar tributos em relação a fatos
geradores ocorridos após o início da vigência da lei que os houver instituído ou
aumentado.

Questão 66 – CESPE/PROMOTOR-MP-ES/2010

Para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, a


União pode instituir empréstimo compulsório, mediante lei complementar, sem
a observância dos princípios da anterioridade e da irretroatividade.

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Questão 67 – CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012

Considere que determinada lei, publicada no dia 30/12/2011, que instituiu taxa
de coleta domiciliar de lixo, tenha sido omissa em relação à data de início de
sua vigência. Nesse caso, é correto afirmar que a taxa somente poderá ser
cobrada a partir

a) de 45 dias após a data de publicação da referida lei.


b) de 90 dias após a data de publicação dessa lei.
c) da data de publicação da referida lei.
d) do primeiro dia do exercício financeiro de 2012.
e) de 30 dias após a data de publicação dessa lei.

Questão 68 – ESAF/MPOG-APO/2015

Sobre os princípios constitucionais tributários, é correto afirmar que o princípio


constitucional tributário da liberdade de tráfego de pessoas ou bens apenas
obsta a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas por empresas
privadas concessionárias de serviço público outorgado pelo Distrito Federal.

Questão 69 – ESAF/ATRFB/2012

Para combater o tráfego de gado infectado de uma região para outra, pode o
Estado impor tributos interestaduais ou intermunicipais?

Questão 70 – FCC/Pref. Campinas-SP-Procurador/2016

Acerca dos princípios consagrados pela Constituição Federal, é correto afirmar:


Somente a União poderá instituir tributo para estabelecer limitações ao tráfego
de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais,
sem qualquer ressalva.

Questão 71 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

De acordo com a CF, é livre a locomoção no território nacional em tempo de


paz, podendo qualquer pessoa nele entrar, permanecer ou dele sair,
entretanto, sobre o trânsito dos bens dessa pessoa incidirão impostos.

Questão 72 – FGV/ISS-Cuiabá/2016

A União Federal estabeleceu, por meio de lei ordinária, alíquotas progressivas


aplicáveis ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF). Segundo a
referida lei ordinária, sobre a renda dos contribuintes localizados nos Estados
da região Sudeste, incidiria a alíquota máxima de 10% (dez por cento) e,

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sobre a renda dos contribuintes localizados no restante do país, incidiria a


alíquota máxima de 20% (vinte por cento). Assinale a opção que indica o
princípio constitucional violado na hipótese apresentada.
a) Legalidade, uma vez que competiria à lei complementar a fixação de
alíquotas do IRPF.
b) Capacidade contributiva, no que se refere à alíquota máxima de 20%, pois a
referida legislação afetaria de maneira desproporcional a renda do
contribuinte.
c) Uniformidade geográfica da tributação, visto que a legislação fixaria
alíquotas diversas no território nacional.
d) Não-confisco, uma vez que a União está utilizando o IRPF com fins
confiscatórios.
e) Imunidade tributária recíproca, uma vez que os contribuintes dos Estados
da região Sudeste irão pagar menos tributos que os demais Estados da
Federação.

Questão 73 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

É possível que, em razão de relevantes interesses, a União institua um tributo


implicando distinção de um estado em detrimento de outro, admitida, ainda, a
concessão de incentivos fiscais, buscando-se o fomento econômico das regiões
mais pobres do país.

Questão 74 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

É possível que um tributo federal contenha alíquotas diferenciadas em algumas


áreas do país, não se observando uma alíquota una para toda a extensão do
território nacional.

Questão 75 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

Em nome do princípio da procedência ou destino, os estados, o DF e os


municípios podem estabelecer diferença tributária entre serviços de qualquer
natureza, em razão da procedência ou destino destes.

Questão 76 – CESPE/DPDF/2013

É vedado à União estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de


qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

Questão 77 – CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012

De acordo com a CF, em nenhuma hipótese a União poderá conceder isenção


de tributos estaduais e municipais.

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Curso de Teoria e Questões Comentadas
Aula 01 - Prof. Fábio Dutra

Questão 78– CESPE/JUIZ-TJ-BA/2012

Tratados internacionais ratificados pelo Brasil não constituem meio hábil para a
instituição de isenções relativas a tributos estaduais e municipais, conforme a
jurisprudência.

Questão 79 – FGV/ AFRE-RJ /2011

Considere a seguinte situação hipotética: lei federal fixou alíquotas aplicáveis


ao IPI e estabeleceu que a alíquota relativa aos carros de luxo produzidos no
Estado de Sergipe é de 12%, e a dos produzidos nos demais Estados da região
Nordeste é de 18%. Tal enunciado normativo viola o princípio constitucional

a) da uniformidade geográfica da tributação.


b) da capacidade contributiva.
c) da liberdade de tráfego.
d) da não diferenciação tributária entre a procedência e o destino do produto.
e) do não confisco.

Questão 80 – FGV/SEAD-AP/2010

A União não pode instituir tributo que não seja uniforme em todo território
nacional, ou que implique distinção em relação a Estado, Distrito Federal ou
Município, admitindo-se, contudo, a concessão de incentivos fiscais visando a
promover o desenvolvimento econômico entre as regiões do País.

Questão 81 – FGV/ AFRE-RJ /2009

É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território
nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao
Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, sendo inadmitida,
portanto, a concessão de incentivos fiscais ainda que destinados a promover o
equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do
país.

Questão 82 – FGV/ AFRE-RJ /2009

Em caso de outorga de isenção tributária a uma classe de contribuintes, a fim


de promover o desenvolvimento socioeconômico de uma dada região, é
possível àqueles excluídos pela lei socorrerem-se do Poder Judiciário para, com
base no princípio da isonomia, obterem idêntico tratamento fiscal.

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Questão 83 – FGV/Juiz-TJ-MS /2008

O princípio da uniformidade geográfica admite excepcionalmente que sejam


concedidos incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do país.

Questão 84 – FGV/SEAD-AP/2010

É vedado à União instituir isenções de tributos de competência dos Estados, do


Distrito Federal ou dos Municípios.

Questão 85 – FGV/SEAD-AP/2010

A jurisprudência admite a possibilidade de tratados internacionais, de


competência privativa do Presidente da República e referendo do Congresso
Nacional, versarem sobre tributos estaduais ou municipais, inclusive,
isentando-os;

Questão 86 – FCC/AFR-SP/2009-Adaptada

Sobre as prescrições constitucionais insertas na seção 'Das limitações do poder


de tributar', é correto afirmar que as operações interestaduais devem ser
imunes a qualquer tributação em obediência ao princípio da vedação de se
estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos
interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio.

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4 – GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

1 Errada 30 Correta 59 Correta


2 Errada 31 Correta 60 Correta
3 Errada 32 Correta 61 Correta
4 Errada 33 Correta 62 Errada
5 Letra A 34 Correta 63 Letra A
6 Errada 35 Correta 64 Letra C
7 Errada 36 Correta 65 Errada
8 Errada 37 Correta 66 Errada
9 Correta 38 Errada 67 Letra B
10 Correta 39 Errada 68 Errada
11 Errada 40 Letra C 69 Errada
12 Errada 41 Correta 70 Errada
13 Errada 42 Letra B 71 Errada
14 Correta 43 Correta 72 Letra C
15 Correta 44 Letra A 73 Errada
16 Errada 45 Errada 74 Errada
17 Errada 46 Letra C 75 Errada
18 Errada 47 Letra E 76 Errada
19 Errada 48 Errada 77 Errada
20 Letra D 49 Errada 78 Errada
21 Letra A 50 Errada 79 Letra A
22 Correta 51 Correta 80 Correta
23 Errada 52 Errada 81 Errada
24 Correta 53 Letra A 82 Errada
25 Correta 54 Errada 83 Correta
26 Errada 55 Correta 84 Correta
27 Errada 56 Errada 85 Correta
28 Correta 57 Errada 86 Errada
29 Correta 58 Errada - -

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5 – RESUMO DA AULA

5.1 – Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar

 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios receberam da CF/88


competência tributária para instituir tributos. Contudo, o exercício dessa
competência encontra limitações no próprio texto constitucional, que
consistem nos princípios constitucionais tributários e nas imunidades
tributárias.

5.2 – Princípios Constitucionais Tributários

5.2.1 – Princípio da Legalidade

 O princípio da legalidade (art. 150, I, da CF/88) prevê a necessidade de que


uma lei seja editada para instituir ou aumentar um tributo. Trata-se, na
verdade, de uma forma de representação popular. Afinal de contas, as leis
são editadas pelo Congresso Nacional, onde estão aqueles que representam
a vontade do povo. Assim sendo, todos os tributos devem ser
instituídos por lei. Esta lei, em regra, é ordinária, ressalvados os casos
específicos de lei complementar.

 Existem 6 tributos, cuja alteração de alíquotas (e não as bases de cálculos)


está excetuada da legalidade, que são: II, IE, IPI, IOF, CIDE-
Combustíveis e ICMS-Combustíveis.

5.2.2 – Princípio da Isonomia

 O princípio da isonomia veda tratamento desigual entre contribuintes


que se encontrem em situação equivalente, tendo como destinatários
tanto o legislador (Poder Legislativo) aplicador da lei (Poder Executivo e
Judiciário).

 O princípio da capacidade contributiva não se limita a um parâmetro de


isonomia tributária. Na verdade, ele existe para a busca da justiça na
tributação, que pode ser considerada, a grosso modo, sinônimo de
equidade. Embora a CF/88 relacione o princípio da capacidade contributiva
apenas aos impostos, o STF entende que também pode ser extensível
a outras espécies tributárias, obedecendo, é claro, as singularidades de
cada uma delas.

5.2.3 – Princípio do Não Confisco

 Embora majoritariamente conhecido por princípio do não confisco, o que a


Constituição quis proteger foi a tributação com efeito confiscatório,
que é diferente do confisco em si. O conceito de efeito confiscatório é
indeterminado, sendo relevante a utilização dos princípios da
razoabilidade ou proporcionalidade, na análise do caso concreto.

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 Para o Supremo Tribunal Federal, a caracterização do efeito confiscatório


deve ser obtida, analisando a totalidade de tributos a que um
contribuinte está submetido, dentro de determinado período, em
relação à mesma pessoa política. Ou seja, se o objetivo é descobrir se
determinado imposto federal está sendo utilizado com efeito de confisco, há
que se verificar todo o ônus tributário com que certo contribuinte arca em
relação à União.

5.2.4 – Princípio da não surpresa

5.2.4.1 - Princípio da Anterioridade

 De acordo com o que foi previsto no art. 150, III, b, da CF/88, é vedado a
qualquer dos entes federativos (União, Estados, DF e Municípios) cobrar
tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a
lei que os instituiu ou aumentou”. Trata-se do princípio da anterioridade
anual, relacionado à eficácia da norma.

 Os tributos que constituem exceções ao princípio ora estudado são os


seguintes:

II/IE/IPI/IOF Tributos Extrafiscais

 Impostos Extraordinários de Guerra Situações que demandam


 Empréstimos Compulsórios (somente urgência
para guerra e calamidade)

Seguem regra específica


Contribuições para Financiamento da
Seguridade Social do art. 195, § 6°

 ICMS-Combustíveis Apenas para redução e


 CIDE-Combustíveis restabelecimento

5.2.4.2 - Princípio da Noventena (Anterioridade Nonagesimal)

 O princípio da noventena (também denominado anterioridade nonagesimal)


prega que a cobrança de tributos deve ocorrer apenas 90 dias após a
publicação de uma lei que institua ou majore tributos. Trata-se de
princípio aplicável cumulativamente com o da anterioridade anual.

 Com algumas diferenças e semelhanças em relação ao princípio da


anterioridade, os tributos que constituem exceções ao princípio ora
estudado são os seguintes:

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Tributos Extrafiscais
II/IE/IOF (IPI não é exceção)

 Impostos Extraordinários de Guerra


Situações que demandam
 Empréstimos Compulsórios (somente
para guerra e calamidade) urgência

Imposto de Renda

Características Específicas
 Base de Cálculo do IPTU
(Só BC, alíquota não)
 Base de Cálculo do IPVA

 Deve-se ficar atento ao que consta no art. 62, § 2º, da CF/88. A regra
estabelece que medida provisória que implique instituição ou
majoração de impostos, só produzirá efeitos no exercício seguinte
se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada. Destaque-se que nem todos os impostos estão sujeitos a essa
regra, pois o II, IE, IPI, IOF e IEG constituem exceções estampadas
na própria norma.

5.2.4.4 - Princípio da Irretroatividade

 O princípio da irretroatividade foi disposto no art. 150, III, “a”, o qual


assevera que é vedado a todos os entes federativos cobrar tributos “em
relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei
que os houver instituído ou aumentado”.

 O objetivo do princípio da irretroatividade está diretamente interligado à


segurança jurídica, pois o objetivo é proteger as relações constituídas
de novos efeitos tributários. Ou seja, quando se praticou o fato gerador
(uma importação, por exemplo), o contribuinte havia levado em
consideração a legislação em vigor naquela data.

5.2.5 – Princípio da Liberdade de Tráfego

Com o objetivo de proteger a liberdade de tráfego das pessoas e seus


bens dentro do território nacional, direito individual expressamente
previsto no art. 5°, XV, da própria CF, o princípio tributário da liberdade de
tráfego veda aos entes federados estabelecer limitações ao tráfego de pessoas
ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a
cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público.

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5.2.6 – Outros Princípios Constitucionais Tributários

Princípio da Uniformidade Geográfica da Tributação

Aplicáveis
Princípio da Uniformidade da Tributação da Renda
Exclusivamente à União

Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas

Princípio da não discriminação baseada na Aplicável aos Estados,


procedência ou destino DF e Municípios

 O princípio da uniformidade geográfica da tributação veda, no seu art.


151, I, da CF/88, que a União institua tributo que não seja uniforme em todo o
território nacional ou que venha implicar em distinção em relação a outro ente
federativo, em detrimento dos demais. Contudo, é permitida a concessão
de incentivos fiscais para promover o desenvolvimento
socioeconômico de determinadas regiões do país.

 O princípio da uniformidade da tributação da renda foi previsto no art.


151, II, da CF/88, que veda ̀ União “tributar a renda das obrigações da
dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como
a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em
níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus
agentes”.

 O que se veda com o princípio da vedação às isenções heterônomas é


que um ente político conceda isenção sobre tributo instituído por outro. Tal
benefício é chamado de isenção heterônoma. Assim sendo, não obstante
tenha sido vedado apenas à União, a lógica jurídica deve prevalecer, isto é,
também é vedado aos Estados instituir isenções de tributos
municipais.

 O art. 152 consagra o princípio da não discriminação baseada na


procedência ou destino, tendo o intuito de proibir que tais entes
federados criem diferenças tributárias em razão da procedência ou
destino dos bens e serviços. Não se pode, portanto, estabelecer
alíquotas diferenciadas de IPVA entre veículos importados e nacionais.

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 O princípio da transparência tributária, que consta no art. 150, § 5º, da


CF/88, tem por objetivo precípuo promover a transparência ao contribuinte
quanto à carga tributária resultante da incidência de impostos a que está
submetido quando do consumo de mercadorias e serviços. Trata-se,
portanto, de uma norma direcionada ao legislador ordinário.

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