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Geração de resíduos, seu tratamento e contabilização no setor moveleiro:

um levantamento sobre as políticas adotadas nas empresas de Cascavel/ PR

Marlowa Zachow (UNIOESTE) marlowaz@hotmail.com


Fernando Rodrigues (UNIOESTE) prokster@gmail.com
Lígia Fiedler (UNIOESTE) ligiafiedler@hotmail.com
Neiva Feuser Capponi (UNIOESTE) nfcapponi@hotmail.com
Marines Luiza Guerra Dotto (UNIOESTE) ml.dotto@terra.com.br

Resumo
O setor moveleiro tem a característica de gerar resíduos de diversas naturezas, que podem
passar por algum tipo de tratamento ou reaproveitamento. Esse estudo buscou saber quais os
principais resíduos gerados pelas indústrias moveleiras de Cascavel/PR, quais as políticas para
tratamento desses resíduos e se as empresas tem alguma forma de divulgação contábil dos
impactos gerados. O trabalho constitui-se em uma pesquisa descritiva, usando procedimentos
de pesquisa bibliográfica e análise documental, com abordagem qualitativa. Por meio de um
levantamento através de questionários enviados para as indústrias moveleiras foi realizada a
coleta de dados. Os dados foram coletados no ano de 2011 e os resultados apontam que os
principais resíduos gerados são: aparas, pó, sobras de tiras de PVC (polyvinyl chloride, ou em
português policloreto de polivilina) , vapor de cola, serragem, borra de tinta, solventes
orgânicos contaminados. Uma grande parte dos resíduos gerados é reaproveitada, ou seja, não
causam impacto ambiental. Porém, parte do que é descartado não tem a destinação correta,
sendo descartado no lixo comum. As empresas do setor moveleiro não contabilizam as ações
de caráter social e ambiental, no entanto, algumas empresas apresentam interesse na
contabilização e utilização das informações.

Palavras-chave: Meio ambiente. Resíduos. Contabilidade ambiental.

Área Temática: Sustentabilidade.

1 Introdução

As empresas podem causar um impacto ambiental, através da geração de resíduos. Esse


é o caso das indústrias moveleiras, que geram um grande volume de resíduos, inclusive tóxicos.
É importante que as empresas façam o tratamento adequado desses resíduos, com fins de
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preservar o meio ambiente. Além disso, essas organizações poderiam demonstrar, através do
balanço ambiental, quais os passivos ambientais elas possuem.
Com base nisso procura-se verificar nesse trabalho quais os resíduos gerados pelas indústrias
moveleiras de Cascavel/PR, qual o tratamento dado a esses resíduos e se há alguma
contabilização ambiental nessas empresas.

2 Referencial Teórico

2.1 Meio ambiente

Segundo Neves e Tostes (1992, p.08), “Meio Ambiente é tudo o que tem a ver com a
vida de um ser (plantas, animais, pessoas) ou de um grupo de seres vivos. (...) os elementos
físicos, vivos, culturais e a maneira como esses elementos são tratados pela sociedade”.
Independentemente da autoria, pode-se perceber que em geral a definição seria como sendo a
vida e o planeta como um todo.
O homem predomina sobre o mundo animal e vegetal desde os primórdios de sua
existência, e foram os recursos naturais que sustentaram toda a evolução até os dias de hoje.
Com a busca desenfreada pelo enriquecimento e descobrimento de novas tecnologias sem
preocupação com os impactos causados pela exploração, o meio ambiente acabou sendo
degradado a níveis preocupantes.
A Conferência sobre Meio Ambiente, ocorrida em Estocolmo, em 05 de junho de 1972,
na Suécia foi o primeiro passo que a Organização das Nações Unidas – ONU - e os governos
de diversos países deram em busca da conscientização e do cuidado com o espaço ambiental.
Desde então, nessa data é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. O próximo grande
acontecimento no avanço da humanidade com relação ao meio ambiente foi a conferência
conhecida como ECO 92 ou Cúpula da Terra ou ainda RIO 92, a qual foi sediada no Rio de
Janeiro, contando com uma grande quantidade de chefes de estado. Do relatório da conferência
foram gerados os 27 princípios da sustentabilidade e também a Agenda 21, que é o acordo
firmado entre os 179 países participantes para promover o desenvolvimento sustentável. A
Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de
sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que conciliam métodos de proteção
ambiental, justiça social e eficiência econômica. Em 1997 em Kyoto no Japão, onde foi redigido
o documento “O Protocolo de Kyoto”, cujo principal objetivo é a redução, pelos países
desenvolvidos, das emissões de gases que provocam o efeito estufa. Até 2012, os chamados no
documento de países do Anexo I devem reduzir em 5,2% suas emissões em relação ao emitido
em 1990. Os países em desenvolvimento não têm índices de redução fixados, mas podem
colaborar de formas alternativas. (OTERO, 2013)
Alguns fóruns paralelos foram ocorrendo após a RIO 92, como por exemplo Rio+10 ou
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que foi um fórum de discussão das
Nações Unidas, em Johanesburgo, África do Sul. Teve como objetivo principal discutir
soluções já propostas na Agenda 21 primordial (Rio 92), para que pudesse ser aplicada de forma
coerente não só pelo governo, mas também pelos cidadãos, realizando uma agenda 21 local e
implementando o que fora discutido em 1992. (CRUZ, 2013)
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2.1 Gestão Ambiental

Segundo Kraemer (2004), gestão ambiental é a parte da administração de um


empreendimento mercantil que desenvolve e implanta políticas e estratégias de zelo e reposição
dos recursos da natureza e os utiliza de forma consciente. Ainda segundo a autora, as entidades
estão cada vez mais preocupadas em demonstrar que seu desempenho está avançando em
relação ao meio ambiente, devido à crescente consciência ecológica por parte dos
consumidores.
A prática administrativa com foco ambientalista, quando bem aplicada, pode
proporcionar a redução de custos diretos pela diminuição do desperdício de matérias-primas e
de bens cada vez mais caros e escassos, como água e energia, e de custos indiretos, como
sanções e indenizações relacionadas a danos causados à esfera ambiental ou à saúde de
funcionários e da população de comunidades que estejam próximas ás estruturas de produção
da empresa.
Para que as empresas melhorem seu desempenho em relação ao meio ambiente, devem
introduzir em seu planejamento estratégico e operacional um sistema de gestão agregando seus
objetivos ambientais com seus objetivos econômico-financeiros.
Sistemas de Gestão Ambiental são processos voltados a resolver, diminuir e prevenir os
problemas do meio ambiente, com o objetivo de atingir o desenvolvimento sustentável. A NBR
ISO 14001 define o método SGA como um processo que serve para a prevenção, o
planejamento, estabelecimento de critérios, coordenação e integração para aperfeiçoar o
desempenho ambiental da empresa e atender a legislação.

2.2 Contabilidade Ambiental

No mundo de hoje, que vive em constante mudança e expansão tecnológica, nasceu o


conceito de desenvolvimento sustentável e preocupação com o meio ambiente. A contabilidade
deve se adaptar a essa nova realidade, onde deve existir equilíbrio entre as atividades
econômicas e a exploração de recursos naturais através da mensuração dos impactos ambientais
e seus reflexos na sociedade.
A contabilidade ambiental, segundo o entendimento de Paiva (2003), é o registro de
eventos ambientais, gerando informações que colaborem com os usuários para a tomada de
decisões. Assim, o contador precisa gerar informações para os usuários interessados na atuação
empresarial relacionada ao meio ambiente, desta forma, contribuindo para a tomada de decisão.
De acordo com o já enunciado, para Tinoco e Kraemer (2004, p. 166-167), a contabilidade
ambiental destaca em particular os gastos e as ações ambientais que decorrem das atividades
operacionais das empresas, ao reconhecerem a existência de compromissos com o meio
ambiente; aborda, ademais, o tratamento dispensado aos eventos ambientais do processo
produtivo, além de focalizar medidas preventivas que contribuam para um reforço de sua
imagem perante a opinião pública, e para ajudá-las a evitar problemas legais futuros. Ou seja,
ao se utilizar dessa modalidade contábil, além de se evitar problemas e gastos com processos
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judiciais, a instituição também será bem vista pela sociedade, fator que potencialmente pode
ampliar seu número de clientes.
A Contabilidade deve evidenciar o impacto das atividades da entidade no meio
ambiente. Nessa linha, Ferreira (2003, p. 108) destaca que a Contabilidade Ambiental não é
outro sistema contábil, por isso todas as atividades realizadas pelas empresas precisam ser
reconhecidas e registradas. Assim, as demonstrações contábeis são as melhores ferramentas
para se demonstrar como a empresa está agindo em relação ao meio ambiente.
Desta forma, ela deve demonstrar qual o comportamento das empresas em relação ao
meio ambiente, destacando, consequentemente, custos, ativos e passivos ambientais resultantes
das atividades realizadas por elas nas demonstrações contábeis de acordo com os princípios
fundamentais da contabilidade e com ampla transparência para os usuários.
Alguns termos específicos são utilizados. Os custos ambientais são os métodos
empregados para o controle responsável dos impactos da atividade da empresa no meio
ambiente. Além disso, eles também abarcam expensas que podem ocorrer para se atender aos
objetivos e exigências pelos órgãos ambientais do governo, devendo ser contabilizados a partir
do momento em que forem identificados. Carvalho, Matos e Moraes (2000) os definem como
todos aqueles gastos relacionados direta ou indiretamente com a proteção do meio ambiente e
que serão ativados em função de sua vida útil. Exemplos:
a) Amortização, exaustão e depreciação;
b) Aquisição de insumos para controle, redução ou eliminação de poluentes;
c) Tratamento de resíduos de produtos;
d) Disposição dos detritos poluentes;
e) Tratamento para recuperação e restauração de áreas contaminadas;
f) Mão-de-obra utilizada nas atividades de controle, preservação e restabelecimento do
meio ambiente.
Ribeiro (1998) define ativos ambientais como recursos econômicos possuídos por uma
entidade, dos quais se espera a obtenção de benefícios futuros e que tratem sobre o controle,
preservação e recuperação do meio ambiente.
Assim, Tinoco e Kraemer (2004, p.130) classificam ativos ambientais de forma
parecida, como todos os bens que a empresa possui que têm como objetivo o cuidado, o controle
e a reabilitação ambiental. Eles citam alguns exemplos:
a) Os estoques dos insumos, peças, acessórios etc. utilizados no processo de eliminação
ou redução dos níveis de poluição e de geração de resíduos;
b) Os investimentos em máquinas, equipamentos, instalações etc. adquiridos ou
produzidos com intenção de amenizar os impactos causados ao meio ambiente;
c) Os gastos com pesquisas, visando ao desenvolvimento de tecnologias modernas, de
médio e longo prazo, desde que constituam benefícios ou ações que irão refletir nos
exercícios seguintes.
Então, entendem-se como ativos ambientais os recursos naturais que a indústria dispõe
para o desenvolvimento de sua atividade. Exemplos disso são os estoques de matérias primas
naturais, o local onde ela está instalada e ainda os equipamentos, tecnologias e investimentos
que possui para eliminação ou redução dos níveis de poluição e degradação ambiental, dos
quais se esperam benefícios futuros.

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O IBRACON, com a NPA 11, define passivo ambiental como sendo toda agressão que
se praticou/pratica contra o Meio Ambiente, consistindo no valor dos investimentos necessários
para reabilitá-lo e também possíveis multas e indenizações consequentes.
Nessa mesma linha, Ribeiro (1998) o conceitua como as expectativas de gastos futuros
impostos pelas legislações e regulamentações ambientais em vigor, como taxas, contribuições,
multas e penalidades por infrações legais e, ainda, em decorrência de ressarcimento a terceiros
por danos provocados, estimativa de gastos para reparos e restaurações de áreas degradadas,
por iniciativa própria, exigido por lei ou terceiros. O autor ainda afirma que os passivos
ambientais se originam de qualquer evento ou transação da empresa que envolva a variável
ambiental que ocasione num sacrifício de recursos no futuro. Exemplos:
a) Aquisição de ativos para contenção dos impactos ambientais;
b) Gastos com insumos que serão inseridos no processo operacional para que este não
produza resíduos tóxicos;
c) Despesas de manutenção e operação do departamento de gerenciamento ambiental,
inclusive com pessoal;
d) Expensas para recuperação e tratamento de áreas contaminadas (máquinas,
equipamentos, mão de obra, insumos em geral, etc.);
e) Pagamento de multas por infrações ambientais;
f) Dispêndios para compensar danos irreversíveis, inclusive os relacionados à tentativa
de reduzir o desgaste da imagem da empresa perante a opinião pública etc.
Apesar dos novos conceitos que surgiram com a contabilidade ambiental, há um
consenso entre os autores de que seus cálculos devem ser feitos de acordo com os princípios
fundamentais da ciência contábil e, ainda, se deve levar em consideração a teoria da
contabilidade.
Segundo Martins e Ribeiro (1993), os princípios contábeis não ajudam no
desenvolvimento da contabilidade ambiental sob o aspecto de responsabilidade, pois, há
dificuldade de mensuração dos custos e despesas no período de competência. Deve-se levar em
conta que nem sempre os eventos ocorrem no mesmo momento do desembolso e não existem
formas concretas de estimar os gastos no futuro devido às especificidades da questão ambiental.
Para se respeitar o princípio da competência, Martins, Iudícibus e Gelbcke (1995) definem que
as despesas diretamente delineáveis com as receitas reconhecidas devem ser confrontadas no
mesmo período; os consumos ou sacrifícios de ativo (atuais ou futuros) realizados em
determinado período e que não puderem ser associados à receita do período nem às dos períodos
futuros, deverão ser contabilizados como despesa do período em que ocorrerem.
Outro princípio conflitante com a contabilidade ambiental é o Princípio da Prudência,
que determina que se deve adotar maior valor para o Passivo e menor para o Ativo quando há
dúvida quanto ao valor a ser registrado, pois os fatores ambientais são mais complexos de se
pode quantificar monetariamente. Ferreira (2003, p.65), comenta que, no que se refere àquela
modalidade contábil, este princípio diz que se devem reconhecer os riscos relativos ao meio
ambiente que colocam em risco o patrimônio da entidade.
O Conselho Federal de Contabilidade - CFC, por meio da NBC T 15, estabeleceu os
procedimentos para a evidenciação de pormenores de natureza sócio-ambiental, para
demonstrar aos usuários a participação e a comprometimento das empresas com a sociedade.

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Segundo as instruções do parágrafo 15.1.2 da norma, as informações devem abranger a geração
e distribuição de riqueza, os recursos humanos e a interação da firma com a comunidade e o
meio ambiente. A NBC T 15 deixa claro que os registros sociais e ambientais podem ser de
natureza física, monetária ou qualitativa e, não necessariamente, provenientes da contabilidade.
Eles dizem ainda que os dados devem aparecer como informações complementares às
demonstrações contábeis e não como notas explicativas. Além disso, devem ser apresentados
precedidos das informações do ano anterior e auditados. Os procedimentos estabelecidos na
referida norma nada mais são do que a formulação de um balanço ambiental, que já é uma
ferramenta muito difundida e usada na Europa e nos Estados Unidos para evidenciação das
informações ambientais. (CFC, 2004)
No Brasil existem diversos trabalhos de conhecidos autores sobre o tema, porém, o
balanço social ainda não é obrigatório por lei. Mesmo assim, diversas grandes empresas, como,
por exemplo, a Petrobrás, a elaboram e disponibilizam.

2.3 Setor Moveleiro

Segundo Machado (2017) a indústria moveleira no Brasil começou em 1890, no Rio


de Janeiro com a abertura da Companhia de Móveis Curvados. A partir da década de 90 o
negócio moveleiro se profissionaliza, desenvolvendo tecnologia, mão-de-obra qualificada e
investindo em design, com o primeiro Curso Superior em Produção Moveleira e o Curso de
Produção Industrial de Móveis. Em 1994 o MDF ganha o mercado interno, e essa indústria
passa a integrar o Programa Brasileiro do Design e o Promóvel, para aumentar os índices de
exportação do Brasil. (TRENTIN, ADAMCZUK E LIMA, 2009)
Nos primeiros anos de 2000 o setor consegue participar de feiras na Europa, objetivando
aumentar as exportações, com o suporte da Embaixada do Brasil na Inglaterra e do Promóvel.
O Governo Federal mostra apoio à atividade moveleira através de fóruns organizados pelo
Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e pela CNI. (ABIMOVEL, 2017)
No Paraná, segundo dados da Abimóvel, existem 2.576 empresas (11,9% do total
nacional). Elas fabricam móveis retilíneos, de escritório e tubulares e empregam 37,1 mil
trabalhadores (13,1%). O estado responde por 11% das exportações do setor e possui um pólo
na região de Arapongas, com quase 8.000 empregados. (ABIMOVEL, 2017)
Segundo dados da Prefeitura de Cascavel, a cidade já conta com cerca de 80 indústrias
que geram cerca de 2.000 empregos diretos e indiretos, movimentando aproximadamente 50
milhões de reais anualmente, incluindo as exportações.

2.3.1 Impactos ambientais do setor moveleiro

Atualmente, dentre as técnicas utilizadas para reduzir os impactos ambientais pela


indústria de madeira e móveis, pode-se destacar o manejo florestal, que se configura em um
conjunto de técnicas empregadas para colher cuidadosamente as árvores maiores, de tal maneira
que as menores, a serem colhidas futuramente, sejam protegidas. Com a adoção do manejo, a
produção de madeira pode ser contínua ao longo dos anos.
6
Com isso, a indústria vem impulsionando a Certificação Florestal, que consiste em um
sistema de rastreamento da origem do produto, desde a floresta até o consumidor final. Este
tipo de certificação é conhecido como Certificação de Cadeia de Custódia (chain-of-custody -
CoC) e traz para o consumidor final a garantia de que o produto é proveniente de uma floresta
que foi manejada de acordo com critérios ambientais e sociais, o que consequentemente gera
benefícios para a imagem da empresa.

3 Metodologia

Os aspectos metodológicos do estudo são definidos a partir de uma pesquisa descritiva,


que de acordo com Gil (1999), é aquela que tem por objetivo estudar as características de um
grupo, levantar opiniões, atitudes e crenças de uma população.
Neste trabalho foram levantadas as informações sobre as atitudes das empresas em
relação ao meio ambiente para, então, se descrever os resultados e apontar soluções.
A técnica aplicada neste estudo para a obtenção dos dados foi o levantamento, através
da aplicação de questionários. Este tipo de pesquisa segundo Gil (1998), se caracteriza pela
busca de informações sobre o problema estudado diretamente em um grupo significativo de
indivíduos.
Quanto à abordagem do problema, este estudo faz uma análise qualitativa. Richardson
(1989, p. 38) destaca que a abordagem qualitativa difere, em princípio, do quantitativo à medida
que não emprega um instrumental estatístico como base do processo de investigação de uma
questão, não pretendendo, assim, numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas.
A população do estudo é representada por 80 empresas moveleiras situadas na cidade
de Cascavel-PR, segundo dados da prefeitura municipal, responsáveis por gerar cerca de 2000
empregos e movimentando R$ 50 milhões todo ano. Todas elas foram consideradas
independentemente de tamanho ou faturamento, porém, o total de 42 questionários foram
devolvidos respondidos. Os formulários foram preenchidos no ano de 2011.

4 Apresentação dos dados

A pesquisa procurou identificar as políticas das empresas relacionadas às questões


ambientais e ainda constatar se elas estão fazendo os devidos lançamentos na contabilidade.
O gráfico 01 evidencia se as empresas possuem ou não Licença Ambiental proveniente
do Instituto Ambiental do Paraná – IAP. Aqui, observa-se que 31% delas ainda não possui o
documento. Geralmente, as razões para isso são a falta de conhecimento e a falta de interesse
no investimento que deverá ser feito. Ainda assim, 69% das empresas estão regulares perante
o órgão.

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Gráfico 01– Licença ambiental

31%
Possui
Não possui

69%

Fonte: o autor (2011)

Conforme descrito no gráfico 02, apenas 7% das indústrias afirmam ter feito estudo de
impacto ambiental antes da sua instalação. Como o IAP não exige essa análise para todo tipo
de empreendimento, 93% delas não se interessaram em fazê-lo

Gráfico 02 – Estudo de impacto ambiental

7%

Sim
Não

93%
Fonte: o autor (2011)

Através do gráfico 03 percebe-se que, no geral, as empresas produzem os mesmos


resíduos, exceto algumas fábricas que utilizam somente chapas de madeira e fitas de PVC,
excluindo totalmente o uso de tinta. Outras fazem a cola das fitas totalmente à mão, não
produzindo assim vapor de cola.

8
.
Gráfico 03 – Resíduos gerados

100%100%100% 100% 100% Aparas


100%
76% Pó
80% 67%
Sobras de fitas de PVC
60%
Vapor de cola
40%
Serragem
20%
Borra de tinta
0%
Solventes orgânicos
% de empresas contaminados

Fonte: o autor (2011)

O gráfico 04 apresenta o percentual de empresas que reutiliza os resíduos, e qual o


destino dos resíduos que não são reaproveitados.

Gráfico 04 – Tratamento de resíduos

100%
81% 83% Reutilizados
80% Estocagem
Lixo comum
60%
Filtro, queima, etc.
40% 29%
17%
20%

0%
% de empresas

Fonte: o autor (2011)

Apenas 17% das empresas dão um destino correto aos resíduos, conforme apresentado
no gráfico 19. A grande maioria (83%) ainda descarta todos os resíduos em lixo comum. Este
é um dado alarmante, pois as borras de solvente são prejudiciais ao meio ambiente.
Constata-se ainda a grande reutilização de materiais, sendo que 81% das instituições
afirmam reaproveitar alguma sobra da produção, que em sua maior parte são pedaços de chapas

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e fitas de PVC. O restante é imediatamente jogado no lixo ou estocado para outros tipos de
utilização.

Gráfico 05 – Reutilização de subprodutos e resíduos

100%
100%
Outras etapas da
80% produção
Outros fins
60%
36% Venda
40%
19%
Não reutilizados
20%
0%
0%
% de empresas

Fonte: o autor (2011)

A partir do gráfico 05 pode-se perceber que as empresas tentam economizar em material


através de seu reaproveitamento. Como exemplo, pequenos pedaços de chapas que sobram do
corte podem ser reutilizados como material para gavetas, prateleiras e assim por diante. Das
empresas que reutilizam os materiais, todas afirmam que eles são usados novamente em outras
etapas do processo.
Um sub-mercado surge da venda dos resíduos e subprodutos, tais como a serragem, que
é muito empregada para forrar aviários. Outra aplicação comum é transformar restos de madeira
em lenha. Segundo o gráfico 20, 19% das empresas afirmam que a venda é uma alternativa
muito usada e 36% utilizam esses produtos com outros fins, principalmente particulares.

Gráfico 06 – Treinamento para descarte e reutilização de subprodutos e resíduos

17%
Sim

7% É pretendido
Não é pretendido

76%

Fonte: o autor (2011)

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O gráfico 06 demonstra se as indústrias estão treinando devidamente seus funcionários
para descarte e reutilização dos subprodutos e resíduos. Tratando-se de treinamento em atitudes
ambientalmente sustentáveis, somente 17% das empresas afirmam estar disponibilizando isso
aos seus empregados. Apenas 7% dos empresários dizem se interessar por esse tipo de
qualificação.

Gráfico 07 – Investimentos em tecnologias de tratamento e redução de resíduos

17%
Sim

7% É pretendido
Não é pretendido

76%

Fonte: o autor (2011)

No gráfico 07 percebe-se que o investimento em tecnologias segue a mesma proporção


do treinamento em práticas sustentáveis: 17% das empresas estão investindo em tecnologias
para eliminar seus resíduos de forma a não poluir o ambiente, enquanto outros 7% estão
iniciando sua consciência ambiental e pretendem realizar investimentos futuramente.

Gráfico 08 – Elaboração do Balanço Ambiental

0%
24%
Sim
Não
Não sabe

76%

Fonte: o autor (2011)

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As instituições não estão organizando o seu Balanço Ambiental (gráfico 08). Com a
predominância de organizações que contratam serviços de escritórios contábeis, 76% declaram
não saber se ele é elaborado ou não, enquanto os 24% restantes dizem que não o fazem.

Gráfico 09 – Utilização das informações do Balanço Ambiental

5%

Sim
Têm interesse
Não tem interesse
0%

95%
Fonte: o autor (2011)

O gráfico 09 demonstra a posição da empresa quanto à utilização das informações


ambientais em sua gestão. Tal como acontece com o balanço ambiental, 95% das empresas não
utiliza e não tem interesse em utilizar os dados demonstrados no balanço. As outras 5% se
interessam em utilizar, porém ainda não tem essa possibilidade.

5 Conclusão

Conclui-se através deste estudo que somente 7% das empresas fizeram estudo de
impacto ambiental, demonstrando que a maioria das empresas não está preocupada com a
questão ambiental. Contudo, percebe-se que 17% das empresas está treinando seus funcionários
e investindo em novas tecnologias para o descarte correto de resíduos, enquanto 7% das
empresas pretendem fazer. Isso mostra que pode haver melhorias nesse aspecto, sendo que uma
barreira pode ser a falta de informação ou de recursos financeiros.
Os principais resíduos gerados pelo setor moveleiro do município de Cascavel são:
aparas, pó, sobras de tiras de pvc, vapor de cola, serragem, borra de tinta, solventes orgânicos
contaminados. Mesmo sem se preocupar muito com o meio ambiente, os empreendimentos
adotam alguns métodos de sustentabilidade, como a reutilização de sobras e restos do processo
de produção. No entanto, somente uma pequena fração (17%) deles já emprega metodologias
mais avançadas de tratamento e diminuição dos detritos.
Investir em processos de produção sustentáveis é um diferencial de mercado que a
maioria das empresas não está explorando e, por esta causa, inevitavelmente estão perdendo
clientes para seus concorrentes que já desenvolvem projetos neste sentido. Afinal, o consumidor
atualmente está mais crítico e consciente quanto à necessidade de preservação do meio
ambiente.

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Percebe-se que nenhuma das empresas estudadas tira proveito das informações
contábeis em relação ao meio ambiente, já que 24% não elabora o balanço ambiental e 76%
nem sabe se o mesmo é feito. Como boa parcela dessas empresas utiliza serviços de escritório,
elas acabam simplesmente deixando o aspecto contábil de lado e não percebem sua importância
na gestão, chegando a um ponto em que os empresários simplesmente não sabem o que está
sendo feito em sua contabilidade.
Poucas empresas, apenas 5%, tem interesse em utilização das informações do balanço
ambiental. Se adotassem esses procedimentos, elas poderiam colher benefícios como a
diminuição de impostos e ter uma visão mais realista sobre os próprios processos.

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