Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
PARCIAL 2
SÃO LUIS
2018
ALANA MOREIRA SANTOS DA SILVA
PARCIAL 2
SÃO LUIS
2018
DESTAQUES DAS UNIDADES 3 E 4 DO LIVRO HOMEM, CULTURA E
SOCIEDADE
“Os povos da Terra viveram por muito e muito tempo isolados dos demais, já que os
continentes estavam separados por imensas e intransponíveis extensões de água e terra.
A consequência é que a maioria dos povos permanecia imersa em sua cultura de forma
autossuficiente. Isso quer dizer que nascia e morria no seu lugar de origem, sem ter
conhecimento da existência de outros grupos sociais.[...]”
“O primeiro deles foi que, no século XV, a produção agrícola não conseguia mais
atender à demanda dos centros urbanos. A produção feita de forma artesanal não
tinha mais mercados no campo. O comércio internacional escoava os poucos metais
preciosos da Europa para outras regiões. A solução encontrada era tentar ampliar a
Europa por meio da expansão marítima para alcançar novos comércios através de
produtos buscados e de alto valor, as especiarias. A produção deixara de ser artesanal,
no campo, e passava para as oficinas nas cidades, nos burgos.”
“Os termos “economia global” e “globalização” têm sido usados para caracterizar o
processo atual de integração econômica, que agora se faz em escala planetária, com a
consequente perda de importância das economias nacionais. Perceba como uma das
decorrências desse processo é a forte divisão que se estabelece entre as nações que
pensam, idealizam, elaboram novos produtos daquelas que os produzem, que entregam
mão de obra barata na execução e que serão possíveis consumidores.”
“Para Giddens (1991), a vida social sempre se organizou através do tempo e do espaço.
Porém, o que vemos na globalização é um afrouxamento do tempo-espaço como nunca
ocorreu antes. Vivenciamos atualmente relações entre formas sociais e eventos locais e
distantes que se tornam “alongadas”. A globalização se refere a esse processo de
longamento uma vez que as conexões entre diferentes regiões e contextos sociais se
alastraram através da Terra como um todo.”
“Veja como podemos explicar parte dessa teia: nós fomos colonizados tendo o
território invadido diversas vezes por outras nações. Além disso, ao longo da história,
recebemos também povos de vários locais com as mais diversas culturas: os
japoneses fugindo da Segunda Guerra, os espanhóis e italianos precisando escapar da
severa situação econômica de seus países no início do século XX, os judeus buscando
abrigo longe da perseguição do nazismo, por exemplo. O Brasil foi se compondo por
culturas distintas, formando um mosaico imenso. Fica fácil compreender que uma
marca importante, que identifica o brasileiro, é a multiculturalidade, resultando nesse
grande caleidoscópio cultural’
“As culturas estão sempre em transformação, mesmo que não notemos. Quando uma
determinada cultura é exposta a outra, há uma adaptação. Essa adaptação é uma
exigência das necessidades sociais, daquele cenário específico em questão. Essa forma
de adaptação das culturas é particular a cada momento, já que a própria sociedade
também não é sempre a mesma”
“Antropologia é uma ciência social. Ela se divide em diversos ramos, entre os quais
a antropologia biológica e a antropologia cultural. Há indícios de que os trabalhos feitos
pelos viajantes dos séculos XVIII e XIX podem ser considerados estudos
antropológicos; contudo, podemos dizer que, apenas no final do século XIX, a
Antropologia, como as demais ciências sociais, entre elas a Sociologia, adquire objeto e
método. Os estudos antropológicos são centrados no entendimento do homem enquanto
ser completo, formado pelas dimensões biológica, social e cultural, e do modo como
estas se interligam e influenciam a vida social seja das sociedades ditas primitivas, seja
das sociedades complexas.”
“O que é ser brasileiro? O que nos define enquanto povo? Essa é uma pergunta
que todos nós fazemos, uma vez que, ao olharmos uns para os outros, verificamos
quanto somos diferentes entre nós. Há pessoas loiras de olhos claros, há pessoas
negras de olhos claros, há pessoas caboclas, com seus cabelos escorridos e seus olhos
levemente puxados. Há gente com sotaque caipira, gente com sotaque “arretado” e
aqueles que falam um “orra, meu” ao final de cada frase. Somos um país imenso, de
dimensões continentais, povoado por pessoas que têm biótipos diferentes, que falam
de forma diferente, mas que se sentem parte de um único país.”
“ Lemos constantemente nos livros de história que o Brasil foi descoberto. Os livros
relatam que em 22 de abril de 1500 a esquadra de Pedro Álvares Cabral aportou
em terras brasileiras, tornando este local conhecido do mundo. Mas quando os
portugueses aqui chegaram já havia um povo habitando estas terras. Um povo bonito,
que Pero Vaz de Caminha, em sua carta escrita em 1º de maio de 1500, caracterizou
como “pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes” (SILVA, 2010,
p. 27). Assim, podemos dizer que, no lugar de falarmos em descobrimento, podemos
falar em “achamento”. O Brasil foi achado, uma vez que aqui já existia um povo
avermelhado, de cabelos escorridos e que povoava esta terra com sua caça e coleta.”
“Nesse sentido, era preciso pensar em como explorar efetivamente essa terra
fértil, tirando dela aquilo que ela tinha de melhor, até esgotá-la. A escravidão negra
entra então para suprir a “falta” de mão de obra nas lavouras brasileiras. Estimulados
pelo tráfico negreiro ativo desde antes do descobrimento do Brasil, os portugueses
introduziram um novo povo nessa terra, contribuindo para a formação do povo
brasileiro. “Surgimos da confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor
português com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros
aliciados como escravos” (RIBEIRO, 1995, p. 19).”
“Essa é a origem do nosso povo. Formado pela intersecção desses três povos, o
povo brasileiro surge como um povo novo. “Novo porque surge como uma etnia
nacional, diferenciada culturalmente de suas matrizes formadoras, fortemente
mestiçada, dinamizada por uma cultura sincrética e singularizada pela redefinição de
traços culturais delas oriundos”. (RIBEIRO, 1995, p. 19).”
“Dessa forma, esse povo brasileiro foi sendo formado com traços dessas diversas
culturas, que nos legaram uma língua conhecida porém com palavras distintas,
formas de culto religioso próximas às do colonizador, mas que foram adaptadas pelas
influências indígena e africana, além de uma maneira de lidar com aquilo que é público
e coletivo de forma privada.”
“Como vimos, a origem do povo brasileiro é heterogênea. Trata-se de um povo
formado por três principais matrizes raciais – o negro, o branco e o índio – que nos
legaram traços distintos no corpo, na cultura e na sociedade. Podemos, por isso, dizer
que a identidade racial brasileira é diversa, dadas essas matrizes e a forma como elas
foram sendo incorporadas à cultura brasileira. No entanto, devemos lembrar que a
relação entre as três raças não era harmoniosa, pois a incorporação do negro e do
índio à cultura brasileira foi feita de maneira subalterna, seja pela escravidão, seja pelo
genocídio.”
“Preconceito refere-se a uma atitude dos indivíduos. Ele não expressa efetivamente uma
ação, mas um pensamento, uma valoração sobre algo. Émile Durkheim, sociólogo
francês, dizia que os pré-conceitos são as valorações que os sujeitos constroem sobre a
sociedade a partir de sua relação com ela. Um exemplo são os estereótipos. Eles são
construções sociais que nos permitem reduzir o esforço de reconhecimento dos papéis
sociais. Contudo, a constituição dos estereótipos é feita a partir dos valores que
imputamos a um papel social. Os estereótipos tornam-se assim valorações e
julgamentos dos diversos tipos sociais. Construímos, por exemplo, o papel social da
mulher como pessoa amável, feminina, frágil, cuidadora, reprodutora da família. Esse
papel é resultado da forma como a sociedade vê a mulher e constitui uma preconcepção
do papel da mulher na sociedade. Contudo, é sabido que as mulheres possuem muitas
outras características. Elas são fortes, trabalhadoras, guerreiras. Dessa forma, essa
preconcepção sobre a mulher, quando reproduzida socialmente, pode
ser entendida como preconceito.”
“Essa composição da estrutura social deu origem a preconceitos e discriminações em
relação a essas classes mais baixas, compostas fortemente por negros e mestiços,
reforçando o mito da democracia racial. Se aquilo que motiva a atitude ou o
comportamento é a posição de classe e não as questões raciais, haveria um preconceito
de classe e não de cor. Esse foi um argumento muito usado por sociólogos nos anos
1930 e 1940, como Donald Pierson em Brancos e Pretos na Bahia (1971), mas que
posteriormente foi refutado inclusive por orientandos de Pierson, como Virgínia Leone
Bicudo que, em sua tese de mestrado, Atitudes Raciais de Pretos e Mulatos em São
Paulo (2010), verificou que a cor da pele era um elemento discriminador,
independentemente da posição de classe dos indivíduos, sendo o preconceito então de
raça e não de classe. Contudo, dada essa combinação, é possível dizer que no
Brasil há tanto a discriminação de cor/raça como de classe”.”
“O mesmo acontece com o público LGBT. Assumir uma orientação sexual diferente do
padrão de normalidade é assumir-se diferente em uma sociedade padronizada. Durante
décadas, a homossexualidade foi tratada como doença, chegando a figurar na
Classificação Internacional de Doenças (CID), com o título de homossexualismo.
Apenas em 1990 a Organização Mundial de Saúde retirou o homossexualismo da CID,
compreendendo a homossexualidade como uma orientação dos indivíduos e como uma
forma de gerir o seu próprio corpo.”
“As políticas de ações afirmativas mudaram esse quadro, tanto nos Estados Unidos
como no Brasil. Essas políticas surgiram da luta de movimentos engajados na garantia
dos direitos aos públicos excluídos, como o movimento negro. Eles lutam e requerem,
junto às instituições cabíveis, a mudança de leis e a criação de políticas que permitam
a essas parcelas discriminadas da população terem acesso igual a direitos como
educação, saúde, emprego, entre outros.”
“As políticas afirmativas são consideradas políticas de discriminação positiva, pois elas
buscam afirmar a diferença para produção da igualdade, garantindo a essa parcela da
sociedade o acesso a esses bens materiais e imateriais. Um exemplo de política de ação
afirmativa são as cotas raciais nas universidades. Elas são voltadas para o acesso das
pessoas negras ou indígenas ao ensino superior. Para se beneficiar da política, é
necessário que a pessoa se afirme como negro ou indígena. Dessa forma, apenas pessoas
autoidentificadas como tal podem pleitear uma vaga nas universidades por meio das
cotas raciais. Ou seja, a política não é de acesso universal, mas focalizada em um
determinado público.”
“Essa condição foi reproduzida ao longo do tempo, pois o legado de pobreza acarretou
discriminação e a construção de um imaginário de que preto é pobre e pobre é bandido.
Expressões como “lista negra”, “fazer negrices”, entre outras, existentes no palavreado
cotidiano do brasileiro, demonstram a forma como o negro é visto pela sociedade
brasileira.”
“As mulheres ainda estão em menor número no mercado de trabalho, e, quando ocupam
postos de trabalhos, em boa parte estes não possuem cobertura previdenciáriae,
consequentemente, direitos do trabalho. Segundo dados da Pesquisa Nacional de mostra
por Domicílios (PNAD) para o ano de 2014, apenas, 31,3% das mulheres negras com
mais de 16 anos ocupadas estão empregadas com carteira assinada. Boa parte está em
empregos domésticos, considerados, junto com os demais serviços de asseio e
conservação, os de posição mais baixa no mercado de trabalho, em razão de suas
condições e do ciclo de reprodução da subserviência herdada do período escravocrata.”
“As questões de gênero e raça também devem ser pensadas em suas intersecções com a
classe. Classe é um fator de discriminação importante no Brasil. Como vimos nas
seções anteriores, o mito da democracia racial ratificou a permanência de um imaginário
no qual o preconceito de classe era predominante no Brasil. Sua presença se faz bastante
forte, no entanto vem acompanhada dos preconceitos de raça e gênero.”
“Por isso, também são importantes as políticas de ações afirmativas que visam reduzir
a desigualdade de classes. Políticas como as de transferência de renda, com o objetivo
de criar condições de emancipação com a melhoria das condições de vida, ou as cotas
sociais, que permitem que pessoas de baixa renda possam ter acesso ao ensino superior,
por exemplo, auxiliam na redução dessa desigualdade e na construção de condições
igualitárias de acesso aos direitos e aos capitais impessoais.”
“Por fim, vale lembrar das políticas afirmativas para pessoas com deficiência. Esse
grupo, cuja condição de vulnerabilidade decorre das diferenças físicas e da “crença” de
determinados grupos de que tais deficiências acarretam em incapacidades intelectuais,
tem dificuldade principalmente no acesso ao emprego. Cresce paulatinamente o número
de pessoas com deficiência que têm ensino superior completo e mesmo assim não
conseguem emprego. Para isso, os movimentos de luta pelos direitos das pessoas com
deficiência conseguiram a garantia da inclusão no mercado de trabalho pela subseção II
da Lei n. 8.213/1991. Segundo a lei, também conhecida como Lei de Cotas, as empresas
devem preencher um percentual de suas vagas com pessoas com deficiência.”
UNIDADE 3
UNIDADE 4
REFERÊNCIAS