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ACONSELHADOR EM
DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Título: Aconselhador em Dependência Química
Itego – Instituto Tecnológico de Anápolis - Go
Organizadores:
Revisores:
Thiago Lima
Muriel Romeiro
Agradecimento: Aos autores responsáveis pelas obras que foram utilizadas neste material
didático, citadas nas referências.
Coordenadora Pedagógica
Eunice Maria Santiago
Direção:
1.1. Introdução
Atualmente o mercado de trabalho exige do profissional, competências, habilidades e
atitude. De tal modo, o desempenho assegura a empregabilidade por meio da aprendizagem.
• Conhecimento: um conceito, quando internalizado, o acúmulo de sabedoria por meio
de estudo formal, informal e bagagem de vida;
• Habilidade: é a capacidade de colocar em prática os conhecimentos acumulados;
• Atitude: é a vontade de fazer, ou, a iniciativa de transformar a capacidade em ação.
O CHA (conhecimento+ habilidade+ atitude) é o processo de construir novos
conceitos, resinificar outros, a fim de desenvolver uma competência.
Diante o problema da dependência química, a demanda de tratamento para esse
público tem aumentado significativamente. Essa necessidade de cuidados ao dependente
químico exige do profissional, qualificação, ética e que este consiga conciliar suas
competências técnicas ás suas características pessoais.
Entende-se que o aconselhador de dependente químico, estabelece um contato direto
com o paciente, constituindo o vínculo mais próximo entre paciente e instituição, assim
tornam-se necessários recursos formativos para a atuação desse profissional. O aconselhador
auxilia o paciente na integração ao grupo, readaptação à comunidade e orienta para que as
regras e normas sejam absorvidas e colocadas em prática.
Portanto, é de extrema importância incentivar e estimular esses profissionais a se
qualificarem, para que os mesmos possam desenvolver competências, compreender, respeitar,
e cuidar do usuário em tratamento.
Se você quiser obter melhores resultados em qualquer área de sua vida, você deve
dedicar-se ao aprendizado e crescimento. O Desenvolvimento Pessoal e Profissional está ao
seu alcance. Lembre-se: quanto mais você aprende, mais você ganha.
1.2. Autoestima
Autoestima é a percepção que o sujeito tem de si mesmo, o sentimento prazeroso de
afeto, ou desagradável de repulsa, que acompanha a valorização que fazemos de nós próprios.
É o modo como nos sentimos em relação a nós mesmos, o quanto aprendemos a nos amar,
apreciar e nos valorizar. A capacidade de a pessoa confiar em si mesmo. De sentir-se capaz, de
enfrentar os desafios. É um sentimento desenvolvido durante a vida. A autoestima é o que
sentimos sobre o que somos ou imaginamos que somos. É a visão íntima que cada um tem de
si mesmo, é o julgamento que cada um faz sobre sua capacidade de lidar com os desafios da
vida (entender e dominar os problemas) e sobre o direito de ser feliz (respeitar e defender seus
interesses e necessidades). Traduz-se, portanto, no sentimento de competência pessoal e de
valor pessoal, como produto da autoconfiança e do autor respeito.
Para melhorar a autoestima é preciso desenvolver as seguintes questões:
• Autoconhecimento: é conhecer as partes que compõem o eu, quais são suas
manifestações, necessidades e habilidades. É conhecer o porquê e como atua e sente a pessoa.
Ao conhecer todos os seus elementos, que logicamente não funcionam separadamente, mas
que se entrelaçam para se apoiarem um no outro.
• Autoconceito: é uma série de crenças sobre si mesmo, que se manifesta na conduta,
ou seja, o individuo atuará como acredita ser.
• Auto avaliação: reflete a capacidade interna de avaliar as coisas como sendo boas, se
lhe fazem sentir bem e lhe permitem crescer e aprender; e considerá-las como más se lhe
trazem dano e não lhe permitem crescer.
• Auto aceitação: é admitir e reconhecer todas as partes de si mesmo como um fato,
como a forma de ser e sentir, já que somente através da aceitação se pode transformar o que é
suscetível de ser transformado.
• Auto- respeito: é se respeitar, é buscar e valorizar tudo aquilo que o faça sentir-se
orgulhoso de si próprio, é atender e satisfazer as próprias necessidades e valores. É expressar e
manejar de forma conveniente sentimentos e emoções, sem provocar danos, nem culpar-se.
Se uma pessoa se conhece e está consciente de suas mudanças, cria sua própria escala
de valores e desenvolve suas capacidades, e se aceita e respeita, terá uma autoestima sadia. Do
contrário se uma pessoa não se conhece, tem um conceito pobre de si mesma, não se aceita
nem respeita, então terá uma baixa autoestima.
A autoestima, juntamente com o amor-próprio, é a base para o ser humano. É a cura
para todas as dificuldades e sofrimentos. E mais, é a cura para todas as doenças de origem
emocional e relações destrutivas. Por outro lado, a autoestima baixa gera ansiedade, medo,
depressão, fobias, enfim, uma série de outros problemas. Ela influencia tudo que fazemos, pois
é o resultado de tudo que acreditamos ser.
A autoestima está no âmago de todos os relacionamentos humanos e da produtividade
nas organizações. Por exemplo, as dificuldades no trabalho em equipe surgem da rigidez e
atitudes defensivas derivadas não das diferenças entre as pessoas, mas da baixa autoestima e
do medo da exposição; a resolução de conflitos também está relacionado à disposição para o
confronto direto e aberto das pessoas; a resolução de problemas fica comprometida e
bloqueada quando as pessoas sentem-se vulneráveis por se exporem; a liderança baseia-se na
autoconsciência que, por sua vez, exige uma autoestima forte o bastante para reconhecer os
seus pontos fracos e se sentir à vontade para se deixar conhecer pelos outros; a avaliação do
desempenho tem sucesso na medida em que cada pessoa se sente reconhecida por seus pontos
fortes e fracos e por quem é e está disposto a deixar de culpar os outros pelos problemas; a
diversidade pode ser comemorada quando se eliminam as ameaças e as competições entre os
grupos ―diferentes‖. Quanto maior a nossa autoestima, maior a possibilidade de sermos
criativos no trabalho, e maior a expectativa de se obter sucesso.
Nesse sentido, quando temos uma autoestima elevada, trabalhamos melhor em equipe,
resolvemos de forma mais assertiva os problemas e os conflitos, lideramos melhor nossas
equipes, avaliamos melhor nosso desempenho, participamos de forma mais efetiva nas ações
em que apostamos e acreditamos e lidamos melhor com as demais pessoas.
A autoestima será baixa (negativa) quando não gostamos do que vemos em nós.
Portanto, a pessoa sente-se:
1.3. Motivação
A palavra motivação é utilizada com diferentes significados. Pode-se falar em
motivação para estudar, ganhar dinheiro, viajar entre outros. A motivação indica as causas ou
motivos que produzem determinado comportamento, seja ele qual for. É um conjunto de
fatores circunstanciais e dinâmicos que determina a conduta do individuo, sendo de
importância decisiva no desenvolvimento do ser humano. É o resultado da interação do sujeito
com a situação. A motivação refere-se ao desejo de adquirir ou alcançar algum objetivo, ou
seja, resulta dos desejos das necessidades ou das vontades. Portanto constitui o motivo para
ação, ou seja, o que leva um indivíduo a agir nos campos do comportamento humano. Pode-se
afirmar que é um elo entre o objetivo e a ação. Motivação geralmente é descrita como um
estado interior que induz uma pessoa a assumir determinados tipos de comportamento.
A motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos
esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta. A direção refere-se á
escolha de comportamentos específicos dentro de uma série de comportamentos possíveis; por
exemplo, um funcionário pode decidir ir ao trabalho em um determinado dia, em vez de ligar
para a empresa e dizer que está doente e fazer alguma outra coisa como compras ou visitar um
amigo. A intensidade se refere ao esforço que o indivíduo empenha na realização de uma
tarefa. Se a um funcionário é dada a tarefa de varrer o chão, ele pode empenhar um grande
esforço varrendo com força e rapidamente ou não querer se esforçar, varrendo vagorosamente.
A persistência diz respeito ao contínuo engajamento em um determinado tipo de
comportamento ao longo tempo. Os funcionários podem fazer horas extras para concluir
tarefas que eles estejam motivados a completar. Há diversas teorias que explicam a motivação,
dentre elas a mais conhecida é a das necessidades, do psicólogo Abraham Maslow.
O Processo de Comunicação
Este processo possui algumas etapas, de um lado existe o emissor, que envia uma
mensagem (usando um meio e um código), e do outro, o receptor, quem recebe e da sentido a
esse conteúdo.
Emissor: quem emite uma mensagem.
Receptor: quem recebe a mensagem.
Mensagem: é o conteúdo propriamente dito.
Código: é a forma escolhida para representar a mensagem.
Meio: é o veículo utilizado para transmitir a mensagem
Feedback: é o retorno do receptor mediante compreensão da mensagem.
Ruídos de Comunicação
Como você pode perceber, o processo de comunicação possui algumas etapas, e estas
podem sofrer algumas interferências ao serem emitidas. Esses entraves são chamamos de
ruídos, ou seja, qualquer fator que possa impedir ou dificultar a comunicação. Tanto o emissor
quanto o receptor podem contribuir para esses ruídos.
Essa confusão se da muitas vezes por motivos simples, uma vírgula por exemplo, pode
fazer a diferença.
Dizem que Napoleão Bonaparte, no campo de batalha, recebeu um comandante de
infantaria, para saber como proceder com um soldado insubordinado: Fuzila ou não? Napoleão
rapidamente a sentença e despachou ao comandante. Ao ler o papel se deparou com a seguinte
mensagem:
O que aconteceu com o soldado? Foi fuzilado ou não? Este exemplo mostra com um
processo de comunicação pode ser complexo.
Para ter comunicação eficaz é necessário superar os ruídos. Já que cada pessoa pode
ter uma percepção da mensagem recebida. Para evitar essas barreiras, é fundamental saber
escolher o meio mais adequado para enviar a mensagem, algumas perguntas facilitam nesse
momento.
• Que mensagem eu quero passar?
• Que código e veículo utilizar?
• Quem é meu público?
Uma mensagem alinhada ao seu público é uma forma iniciar bem um processo de
comunicação.
As Formas de Comunicação
Linguagem verbal: consiste na combinação de palavras que tem significado. Esta
combinação de palavras pode ser feita através da:
• Linguagem falada ou oral: quando a combinação de palavras é expressa pela voz.
• Linguagem escrita: quando a combinação de palavras é expressa por símbolos
gráficos.
Para a linguagem verbal ser eficiente na transmissão de mensagens é necessário que o
emissor (aquele que transmite a mensagem) utilize palavras cujo significado seja entendido
por ele e pelo receptor (aquele que recebe a mensagem).
Linguagem não verbal: Gestos e expressões corporais. Outra forma de linguagem é a
pintura. Podem-se transmitir muitas coisas através das cores, formas, do movimento, enfim, da
linguagem pictórica. A dança e a escultura são, também, (formas de se transmitir ideias, de
comunicar-se).
Da mesma forma, o corpo também tem sua própria linguagem e fala através da
expressão facial e dos gestos, muito importantes na comunicação. Quando estamos com sono
bocejamos. Quando estamos com pressa, consultamos insistentemente o relógio. E assim por
diante.
Civilidade e sinceridade devem estar patentes sempre que você se dirigir a outra pessoa.
Enquanto conversa, não cruze os braços para não passar uma impressão de que está na
defensiva. Não permita que seus nervos o traiam com pequenos gestos. Não contorça as
pernas, não fique balançando o pé, não passe a mão insistentemente no rosto ou nos cabelos,
nem fique conferindo objetos que esteja usando. A linguagem não-verbal pode valer mais que
mil palavras e garantir a você o respeito e a simpatia de chefes, colegas e subordinados.
Não saber ouvir, é um defeito gravíssimo.
Saber ouvir é tão importante quanto saber falar. Na realidade, basta ouvirmos
atentamente quem nos fala, para nos tornarmos pessoas interessantes, simpáticas, bem vistas,
bem relacionadas. Em etiqueta, a linguagem social deve ser: respeitosa; correta; clara;
objetiva; nunca vulgar. É preciso que nos façamos entender quando falamos com exatidão e
presteza.
Observar:
• A fisionomia: O que pensaria você sobre uma pessoa que estivesse constantemente
carrancuda, sobrancelhas erguidas, a apertar os olhos ou a entortar a boca, ou ainda a fazer
"muchochos"? Essas mímicas são expressões negativas que devem ser eliminadas, pois podem
dificultar ou até mesmo eliminar seu encanto pessoal. Uma pessoa com essas características é
geralmente invadida por sentimentos pessimistas e produz mal-estar com a sua presença.
•Voz: Uma boa voz ajuda a construir uma boa imagem. A voz revela muito sobre a
personalidade. Uma voz equilibrada é sinal de uma personalidade ajustada. O tom da voz não
deve ser baixo que mal se ouça, nem alto a ponto de incomodar os ouvidos.
• Vocabulário: Pior do que uma voz ruim é a pobreza do vocabulário, o vazio intelectual
e os vícios de linguagem. Assim como o uso exagerado de gírias, frases feitas ou de
expressões acadêmicas deixam a personalidade vulnerável.
Linguagem Corporal
Analisemos agora como a linguagem corporal interfere e ajuda nesse relacionamento.
Reflita sobre as seguintes questões:
1. Você acha que pernas ou braços cruzados podem expressar o estado de espírito de
alguém?
2. Você acha que podemos dar uma pista de nossos sentimentos pelo modo como
mantemos nossas pernas ao sentar?
Como acontece com todos os sinais corporais, não existe uma resposta ―sim‖ ou ―não‖.
Segundo Julius Fast, em seu livro ―Body Language‖: ―Pernas cruzadas ou paralelas podem ser
uma pista do que a pessoa está sentindo, de seu estado emocional no momento, mas eles
podem também não ter significado algum‖.
Portanto, antes de julgar, um bom observador analisa os indícios dentro de um contexto
maior e não só em gestos isolados.
O contexto
Os fatores contextuais estão significativamente relacionados com o desempenho da
equipe, uma boa liderança e a disponibilidade de recursos adequados são alguns dos itens que
podem contribuir positivamente no desempenho da equipe.
• Recursos adequados: Toda equipe é parte de um sistema organizacional maior, dessa
forma todas as equipes de trabalho dependem de recursos externos para sua sustentação. A
escassez de recursos implica diretamente na redução de sua eficácia.
• Liderança e estrutura: Os membros precisam chegar a um acordo quanto à divisão de
tarefas e assegurar que todos contribuam igualmente nesse arranjo, além disso, um
cronograma precisa ser estabelecido e um líder formal deve ser nomeado em conjunto por
todos os membros da equipe.
Introdução à Toxicologia
Droga
Droga e derivado do frances drogue, 'ingrediente de tintura ou de substância
química e farmacêutica', de origem controversa; provavelmente derivado do nerrlandês
droge vate, tonéis secos, de onde, por substantivação, droge passou a designar o
conteúdo, o 'produto seco'; ou do árabe dúrawá, 'bala de trigo'), em seu sentido original,
é um termo que abrange uma grande quantidade de substancias desde o carvão vegetal
à aspirina.
Em medicina, refere-se a qualquer substância com o potencial de prevenir ou
curar doenças ou aumentar o bem-estar físico ou mental; em farmacologia, refere-se a
qualquer agente químico que altera os processos bioquímicos e fisiológicos de tecidos
ou organismos. Portanto, droga é uma substância que é, ou pode ser, incluída numa
farmacopeia.
Contudo, em um contexto legal e no sentido corrente (fixado depois de quase
um século de repressão ao consumo de certas drogas), o termo "droga" refere-se,
geralmente, a substancia e, em particular, às drogas ilícitas ou àquelas cujo uso é
regulado por lei, por provocarem alterações do estado de consciência do indivíduo,
levando-o eventualmente à dependência química (haxixe, acido lisérgico, mescalina,
álcool etc). Certos fármacos de uso médico controlado, tais como os opiáceos, também
podem ser tratados como drogas ilícitas, quando produzidos e comercializados sem
controle dos órgãos sanitários ou se consumidos sem prescrição médica.
Droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética que, uma vez
introduzida no organismo, modifica suas funções.
As drogas naturais são obtidas através de determinadas plantas, de animais e de
alguns minerais – a cafeína (do café), a nicotina (presente no tabaco), o ópio (na
papoula) e o THC ou tetrahidrocanabinol (da cannabis).
As drogas sintéticas são fabricadas em laboratório, exigindo para isso técnicas
especiais. O termo droga, presta-se a várias interpretações, mas ao senso comum é uma
substância proibida, de uso ilegal e nocivo ao indivíduo, mundificando-lhe as funções,
as sensações, o humor e o comportamento.
No Brasil, a legislação define como droga "as substâncias ou produtos capazes
de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente pelo ―Poder Executivo da União" segundo o parágrafo único do art. 1.º
da Lei n.º 11.343, de 23 de agosto de 2006 (Lei de Drogas). Institui o Sistema Nacional
de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece
normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define
crimes e dá outras providências. Isto significa dizer que as normas penais que tratam do
usuário, do dependente e do traficante são consideradas normas penais em branco.
Atualmente, no país, são consideradas drogas todos os produtos e substâncias listados
na Portaria n.º SVS/MS 344/98 do Ministério da Saúde.
Tipos de drogas
O termo "droga" envolve os analgésicos, estimulantes, alucinógenos,
tranquilizantes e barbitúricos, além do álcool e substâncias voláteis. As psicotrópicas
são as drogas que tem tropismo e afetam o Sistema Nervoso Central, modificando as
atividades psíquicas e o comportamento.
Drogas Psicotrópicas
O Álcool
Seus efeitos podem variar em relação aos níveis da substância no sangue (tipo de bebida
ingerida, forma de metabolizar a droga e velocidade de consumo).
Tabaco
O tabaco é uma planta cujo nome científico é Nicotiana tabacum, da qual é extraída
uma substância chamada nicotina. Começou a ser utilizada aproximadamente no ano
1000 a.C., nas sociedades indígenas da América Central, em rituais mágico-religiosos,
com o objetivo de purificar, contemplar, proteger e fortalecer os ímpetos guerreiros,
além disso, esses povos acreditavam que essa substância tinha o poder de predizer o
futuro.
Seu uso espalhou-se por todo o mundo a partir de meados do século XX, com a ajuda de
técnicas avançadas de publicidade e marketing que se desenvolveram nessa época.
É um dos maiores problemas de saúde pública em diversos países e uma das mais
importantes causas potencialmente evitável de doenças e mortes.
Fumar é um hábito promovido como um exercício de autonomia, liberdade e como um
desafio às normas vigentes.
Por estas razões jovens e adolescentes são mais suscetíveis, à influencia de amigos e
publicidades para experimentar e usar cigarros. Tal comportamento sofre influência também
pelas imagens apresentadas nos programas de televisão e nos filmes, onde heróis, heroínas e
famosos aparecem fumando e evidenciando a possível associação entre o glamour ou o sucesso
e o fato de ser fumante.
O Ministério da Saúde exige que todo verso dos maços de cigarros exiba ilustrações
sobre as consequências negativas do tabagismo, acompanhadas de uma frase de advertência.
È simplista a ideia de que o cigarro nada mais é do que a folha de uma planta (tabaco),
picada e enrolada em papel, pois o processo de produção do cigarro industrial envolve diversos
passos e processos químicos e a adição de várias substâncias, contudo não associados com
cigarro.
Ao ser queimado, o tabaco produz uma fumaça composta de, pelo menos, 4.800
componentes, sendo 68 deles já identificados como carcinogênicos (que provocam câncer).
Alguns desses aditivos são:
Amônia Também usada em produtos para desinfetar banheiros
DDT Inseticida
Cocaína
É extraída da coca (Eryhroxylon coca) planta típica da América do Sul. Pode ser usada
na forma de pó (cloridrato de cocaína), sendo aspirada, e se misturada na água pode ser injetada
na corrente sanguínea. Sob a forma de pedra (crack) ela é fumada, as pastas menos purificadas
da cocaína (oxi e a merla) também podem ser fumadas. Essa substância atua no SNC sobre os
neurotransmissores, serotonina, noradrenalina e dopamina.
A cocaína já foi usada no passado sobre indicação médica como anestésico local,
atualmente essa finalidade de uso está ultrapassada.
A cocaína é uma substância extraída das folhas da coca. Durante o século XIX e o início
do século XX, foi vendida nas farmácias como anestésico local e como tônico para dar mais
energia. No século XX, tornou-se uma substância ilegal, em grande parte devido aos efeitos
danosos e, frequentemente, fatais causados a seus usuários.
Os efeitos sob o organismos têm início rápido e duração breve, porém a utilização
intravenosa ou o uso da pasta (crack e da merla) proporcionam efeitos mais intensos e fugazes.
O uso da cocaína causa, estado de excitação, insônia, hiperatividade, sensação intensa
de euforia e poder, falta de apetite e perda da sensação de cansaço.
A ação da cocaína no cérebro provoca, em muitos de seus usuários, a sensação de alerta
e faz com que se sintam cheios de energia, sociáveis, confiantes e controlados. Essas sensações
podem ser tão poderosas e prazerosas que muitos usuários querem repetir o uso tão logo o efeito
passe. Para outros, a cocaína não provoca esse prazer. As sensações mais relatadas, nesse caso, é
necessidade de isolamento, ansiedade ou mesmo pânico.
O Crack
O crack é um derivado de cocaína, mas com uma ação muito mais rápida e intensa. O
crack surgiu nos Estados Unidos na década de 1980 em bairros pobres de Nova Iorque, Los
Angeles e Miami. O baixo preço da droga e a possibilidade de fabricação caseira atraíram
consumidores que não podiam comprar cocaína refinada, mais cara e, por isso, de difícil acesso.
Aos jovens atraídos pelo custo da droga juntaram-se usuários de cocaína injetável, que viram no
crack uma opção com efeitos igualmente intensos, porém sem risco de contaminação pelo vírus
da Aids, que se tornou epidemia na época.
No Brasil, a droga chegou no início da década de 1990 e se disseminou inicialmente em
São Paulo. ―O consumo do crack se alastrou no País por ser uma droga de custo mais baixo que
o cloridrato de coca, a cocaína refinada (em pó). Para produzir o crack, os traficantes utilizam
menos produtos químicos para fabricação, o que a torna mais barata". Seu consumo cresceu,
principalmente, entre crianças, adolescentes e adultos que vivem na rua, motivando pressões
diversas sobre a população pela necessidade de ações que deem aos usuários de crack
oportunidades de viverem de forma digna e com saúde. Seu primeiro grande foco no país foi a
região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo. Estudos relatam que o primeiro
uso do crack em São Paulo aconteceu em 1989. Dois anos depois, em 1991, houve a primeira
apreensão da droga, que avançou rapidamente: de 204 registros de apreensões em 1993 para
1.906 casos em 1995. Para popularizar o crack e aquecer as vendas, os traficantes esgotavam as
reservas de outras drogas nos pontos de distribuição, disponibilizando apenas as pedras. Logo,
diante da falta de alternativas, os usuários foram obrigados a optar e aderir ao uso.
Hoje, a droga está presente nos principais centros urbanos do País. Os dados mais
recentes sobre o consumo do crack estão sendo coletados e indicarão as principais regiões
afetadas, bem como o perfil do usuário. Segundo, no entanto, pesquisa domiciliar realizada pela
Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD, em parceria com o Centro Brasileiro
de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) em 2005, 0,1% da população brasileira
consumia a droga.
Os efeitos do crack aparecem quase imediatamente depois de uma única dose. Esses
efeitos incluem aceleração do coração, aumento da pressão arterial, agitação psicomotora,
dilatação das pupilas, aumento da temperatura do corpo, sudorese e tremor muscular. A ação no
cérebro provoca sensação de euforia, aumento da autoestima, indiferença à dor e ao cansaço,
sensação de estar alerta especialmente a estímulos visuais, auditivos e ao toque. Os usuários
também podem apresentar tonteiras e ideias de perseguição (síndrome paranoide). Existem
ainda efeitos do uso do crack que são decorrentes da ação local direta dos vapores em alta
temperatura (como queimaduras e olhos irritados) e dos efeitos farmacológicos estimulantes da
substância. O pulmão é o principal órgão exposto aos produtos da queima do crack. Os sintomas
respiratórios agudos mais comuns são: tosse com produção de escarro enegrecido, dor no peito
com ou sem falta de ar, presença de sangue no escarro e piora de asma. As principais
complicações neurológicas do uso de crack são acidente vascular cerebral (derrame cerebral),
dor de cabeça, tonteiras, inflamações dos vasos cerebrais, atrofia cerebral e convulsões. Muitas
vezes os usuários saem em ―jornadas‖ em que consomem a droga durante dias seguidos. O
consumo de crack e cocaína têm sido associados diretamente à infecção pelo vírus da
imunodeficiência humana (HIV) e a outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como
gonorreia e sífilis. O crack quando consumido durante a gestação chega à corrente sanguínea
aumentando o risco de complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a gestante,
aumenta o risco de descolamento prematuro de placenta, aborto espontâneo e redução da
oxigenação uterina. Para o bebê, o crack pode reduzir a velocidade de crescimento fetal, o peso
e o perímetro cefálico (diâmetro da cabeça). Há ainda possibilidade de má-formação congênita,
maior risco de morte súbita da infância, alterações do comportamento e atraso do
desenvolvimento. O crack passa pelo leite materno.
A Maconha
É o nome dado no Brasil à Cannabis sativa. Suas folhas e inflorescências secas podem
ser fumadas ou ingeridas. Há também o haxixe, pasta semissólida obtida por meio de grande
pressão nas inflorescências, com maiores concentrações de THC (tetraidrocanabinol), que é uma
das diversas substâncias produzidas pela planta, principal responsável por seus efeitos
psíquicos.
A cannabis sativa conhecida como maconha, pode ter sua denominação conforme a
região e o procedimento de extração, podendo ser chamada de haxixe, marijuana ou cânhamo.
Os efeitos podem ser sensação de bem-estar, calma, relaxamento, menos fadiga e
hilaridade, já em outros casos podem ocorrer, angústia, atordoamento, medo de perder o
controle, ansiedade, tremores e sudoreses. Perturbação da capacidade de calcular o tempo e o
espaço, prejuízo da memória e atenção. Dependendo da dose ou da sensibilidade do indivíduo à
maconha, podem acontecer alucinações e delírios, geralmente é quando essas perturbações
ficam mais evidentes.
Em pequenas doses a maconha distorce os sentidos e a percepção. A percepção de
tempo e distância também fica alterada e a consciência corporal aumentada. Todas essas
sensações podem ser prazerosas para algumas pessoas e desagradáveis para outras.
Em altas doses, a possibilidade de experimentar sensações desagradáveis aumenta,
podendo gerar confusão mental, paranoia (sensação de estar sendo perseguido), pânico e
agitação. Podem também ocorrer alucinações.
O uso prolongado dessa substância causa efeitos psíquicos crônicos, como, prejuízos ao
aprendizado e a memorização, além de induzir a total falta de vontade para as coisas da vida,
tudo parece ficar sem graça e sem importância.
Os efeitos físicos são hiperemia conjuntival (olhos avermelhados); diminuição da
produção de saliva taquicardia.
Muitos indivíduos defendem os benefícios da maconha, por se tratar de uma planta, e
justificam o uso, como sendo terapêutico. Essas pessoas na maioria das vezes ignoram os efeitos
físicos crônicos causados pelo uso prolongado. A fumaça contém alto teor de alcatrão (maior
que o cigarro) e é altamente irritante, o benzopireno, substância encontrada na fumaça é
conhecida como fator cancerígeno.
Também ocorre a diminuição na produção de testosterona (de 50% a 60%), podendo
causar infertilidade masculina.
De acordo com pesquisa realizada em 2005, de cada 100 brasileiros, aproximadamente
nove já haviam usado maconha pelo menos uma vez na vida (ou seja, 9%). É claro que esse
dado varia conforme o sexo e a idade: entre homens, 14,3% já usaram e, entre mulheres, 5,1%.
O uso maior é entre jovens adultos de 18 a 24 anos de idade, atingindo a porcentagem de 17%
nessa faixa etária, e menor entre adolescentes de 12 a 17 anos: 4,1%.
Alucinógenos
Denominação dada a diversas drogas que podem provocar distorções do funcionamento
normal do cérebro, trazendo como consequência diversas alterações psíquicas, entre as quais
alucinações e delírios, sem que haja estimulação ou depressão da atividade cerebral. Fazem
parte deste grupo a dietilamida do ácido lisérgico (LSD) e o ecstasy.
Ectasy (MDMA)
A MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina) foi sintetizada em 1912 e patenteada em
1914 na Alemanha, pela Merck, empresa farmacêutica, que tinha como proposito desenvolver
um medicamento que pudesse diminuir o apetite, porém devido sua baixa utilidade clínica, os
estudos com essa substancia foram abandonados.
No final da década de 70, voltou a ser discutida a utilidade clinica da MDMA, como
auxiliar do processo terapêutico, onde alguns psiquiatras e psicólogos acreditavam que tal
substância permitia que a pessoa ficasse mais solta, melhorando a comunicação e vínculo entre
paciente e terapeuta.
Paralelamente nos EUA. Iniciou-se o crescimento do uso recreativo da droga, entre
jovens universitários. No inicio dos anos 90 começaram a chegar às primeiras remessas ao
Brasil, vindas da Europa.
No Brasil atualmente existem indícios que tal droga é utilizada para fins recreativos e
parece estar ligada a música eletrônica e ao contexto de festa e dança.
Existem relatos de casos de morte por hipertermia maligna, em que a participação da
droga não é completamente esclarecida. Acredita-se que o ecstasy estimula a hiperatividade e
aumenta a sensação de sede, podendo, talvez, induzir um quadro tóxico específico. Também
existem suspeitas de que a substância seja tóxica para um grupo específico de neurônios
produtores de serotonina.
Causam os seguintes efeitos: agitação, mudança da percepção da realidade, sensação de
melhora nas relações interpessoais, com o desejo de se comunicar, diminuição do apetite,
dilatação das pupilas, aceleração do batimento cardíaco, hipertermia, etc. Dias após o uso de tal
substância pode ocorrer episódios depressivos, fadiga e insônia.
Esteroides Anabolizantes
Apesar de não serem drogas psicotrópicas (pois não são capazes de induzir
dependência, não estando, por este motivo, incluídos nas convenções internacionais da ONU),
os esteroides anabolizantes têm sido usados de forma abusiva.
São drogas lícitas sintetizadas em laboratórios farmacêuticos para substituir o hormônio
masculino testosterona, produzido pelos testículos. São usados como medicamentos para
tratamento de pacientes com deficiência na produção desse hormônio.
A propriedade dessas drogas de aumentar os músculos tem feito com que atletas ou
pessoas que querem melhorar o desempenho e a aparência física utilizem anabolizantes sem
necessidade médica, principalmente aquelas que se julgam pequenas e se sentem infelizes por
essa condição. Esse uso estético não é médico, portanto é ilegal e ainda acarreta problemas à
saúde.
No Brasil, não se tem estimativa desse uso ilícito, mas sabe-se que o consumidor
preferencial está entre 18 e 34 anos de idade e, em geral, é do sexo masculino. Alguns
usuários chegam a utilizar produtos veterinários, à base de esteroides, sobre os quais
não se tem nenhuma ideia dos riscos do uso em humanos.
Essas substâncias podem causar diversas doenças cardiovasculares; alterações no
fígado, inclusive câncer; alterações musculoesqueléticas indesejáveis (ruptura de tendões,
interrupção precoce do crescimento). Quando utilizadas por mulheres, podem, ainda, provocar
masculinização (crescimento de pelos pelo corpo, voz grave, aumento do volume do clitóris).
Em homens podem provocar atrofia dos testículos.
Droga Oxi:
A partir da década de 1980, o estado do Acre convive com a ruína produzida pelo óxi,
uma mistura de pasta-base de cocaína, querosene e cal virgem mais devastadora do que o
temível crack. Há relatos de que o uso do oxi começou em Estados como Acre e Pará há cerca
de 20 anos, mas, ao que tudo indica, começou a se espalhar pelo país nos últimos sete anos. Os
primeiros relatos do consumo da droga se divulgaram na região Norte e, agora, espalha sua
chaga pelas cidades do Centro-Oeste e Sudeste. "Ela já chegou ao Piauí, à Paraíba, ao
Maranhão, a Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro". A droga pode ser misturada ao cigarro
comum e ao cigarro de maconha, mas, geralmente, é fumado em cachimbos de fabricação
caseira, como o crack. Podemos citar duas características da droga, que ajudam a explicar por
que ela se espalha pelo país. A primeira é seu potencial alucinógeno. Assim como o crack, o óxi
pode estimular em um usuário o dobro da euforia provocada pela cocaína. A segunda razão é
seu preço. "O crack não é uma droga cara, mas o óxi é ainda mais barato". Essa é a principal
diferença entre o oxi e o crack no mercado das drogas: o preço. No entanto, especialistas dizem
que o efeito psicológico das duas drogas é muito semelhante, já que ambas têm o mesmo
princípio ativo, que é a pasta de cocaína.Contudo o oxi é mais letal do que o crack, por causa do
alto nível de toxicidade das substâncias de que é composto. A toxicidade do oxi encurta a vida
do usuário em 20% em relação ao crack. ―Os usuários de crack vivem pelo menos 5 a 6 anos,
mas 30% dos usuários de oxi poderão estar mortos depois de um ano". A droga age no sistema
nervoso, proporcionando sensações variadas, que podem ir de prazer e alívio a angústia e
paranoia a depender da pessoa. Uma vez no organismo, a combinação de substâncias do oxi
pode causar lesões sérias da boca até os rins. Devido ao uso prolongado do oxi, a chance de
doenças como cirrose hepática aumenta. Algumas pessoas misturam o oxi com o álcool o que
ainda é pior, por que tal mistura constitui uma substância chamada cocaletileno, sendo esta
altamente tóxica para o fígado.
(Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/oxi-e-mais-prejudicial-que-o-
crack).
(Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI233391-15223,00-
UMA+DROGA+AINDA+PIOR.html)
Cultura Moderna e o Papel das Drogas
O conceito, a percepção humana e o julgamento moral sobre o consumo de drogas
evoluem constantemente e muito se basearam na relação humana com o álcool, por ser ele a
droga de uso mais difundido e antigo. Os aspectos relacionados à saúde só foram mais
estudados e discutidos nos últimos dois séculos, predominando, antes disso, visões
preconceituosas dos usuários, vistos muitas vezes como ‗possuídos por forças do mal‘,
portadores de graves falhas de caráter ou totalmente desprovidos de ‗força de vontade‘ para não
sucumbirem ao ‗vício‘.
Em uma sociedade focada no consumo, na qual o importante é o ―ter‖ e não o ―ser‖, e a
inversão de crenças e valores gera desigualdades sociais, favorece a competitividade e o
individualismo, não há mais ―certezas‖ religiosas, morais, econômicas ou políticas. Esse estado
de insegurança, de insatisfação e de estresse constante incentiva à busca de novos produtos e
prazeres – nesse contexto, as drogas podem ser um deles. Dessa forma, as drogas inserem- se no
movimento social da nossa cultura. Algumas delas, no entanto, são incorporadas em nossa
cultura a ponto de não serem consideradas como drogas. O álcool e o tabaco, por exemplo, são
drogas legalmente comercializadas e aceitas pela sociedade. O álcool faz parte tanto das
festividades sociais, quanto da economia. Essa aceitação é determinada, em geral, por valores
sociais e culturais.
Cultura é definida como um complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das
instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e
característicos de uma sociedade ou de uma civilização (FERREIRA, 1986). Pode ser vista,
também, como um conjunto de atitudes e modos de agir, de costumes, de instituições e valores
espirituais e materiais de um grupo social, de uma sociedade, de um povo.
Com o passar dos tempos à finalidade do consumo de drogas se modificou devido ao
processo de desenvolvimento das civilizações. O homem passou a ter outras necessidades,
outros desejos, que não foram preenchidos pelos modos tradicionais. Essa nova época foi de tal
forma modificada na busca de facilitações para a vida que trouxe, no bojo dos benefícios,
também muitos riscos. Nesse contexto o homem vem perdendo a capacidade de conduzir sua
própria vida, e lidar com suas emoções.
Considerada como sintoma social a dependência química além de ter aumentado
significativamente, também está inscrita no discurso dos tempos atuais e só dessa forma pode
ser compreendida. A época do consumo, marcada pela queda dos referenciais, pela era das
incertezas e fragilidade dos laços sociais, faz com que os indivíduos se sintam desamparados e
adoeçam cada vez mais.
A psicanálise aborda a questão da dependência química de forma a contemplar o
funcionamento psíquico do sujeito dependente.
Com base no mecanismo da compulsão à repetição é possível compreender a violência
psíquica que está envolvida nos quadros de dependência química.
Esse mal-estar causado pela civilização desperta no indivíduo uma insatisfação e
angústia que precisam ser apaziguados, e muitas vezes a solução é a droga.
Na demanda de suprir sua angústia causada pela falta, o dependente é impulsionado a
eleger a droga como substituto de suas inquietações, nessa dinâmica de busca pelo prazer e
evitação do desprazer a pessoa entra num movimento difícil de escapar, pois qualquer desprazer
do mundo real ou subjetivo se torna motivação para o uso. O indivíduo estabelece uma relação
totalitária com a droga, não investindo mais em suas relações sociais e até mesmo profissionais.
2.4. Co-Dependência
A dependência química não se explica apenas pelo contexto social, ser pobre ou ser rico
não determina que alguém use droga. Para compreender a toxicomania faz-se necessário levar
em consideração o significado (lugar) que o indivíduo dá à droga e o papel que este desempenha
dentro da dinâmica familiar, esses dois aspectos são fundamentais para abordar a questão da
dependência química. Nesse sentido o sintoma da dependência não é somente um sintoma
particular, mas um sintoma de um desequilíbrio familiar, onde o sujeito diante os conflitos
familiares encontra uma saída no uso de drogas. A família é tanto parte do problema quanto
parte da solução.
Mas achar um culpado nesse caso não é relevante. Ao contrário, essa busca pode
colocar pais e filhos em posição defensiva, os efeitos negativos podem impedir ambas as partes
compreendam que o problema afeta toda a família.
A dependência química sinaliza uma patologia familiar que, como tal, deve ser tratada.
Codependência é um transtorno emocional definido e conceituado por volta das
décadas de 70 e 80, relacionadas aos familiares dos dependentes químicos, e atualmente
estendidas também aos casos de alcoolismo, de jogo patológico e outros problemas sérios da
personalidade. Codependentes são esses familiares, normalmente cônjuge ou companheira (o),
que vivem em função da pessoa problemática, fazendo desta tutela obsessiva a razão de suas
vidas, sentindo-se úteis e com objetivos apenas quando estão diante do dependente e de seus
problemas. São pessoas que têm baixa autoestima, intenso sentimento de culpa e não
conseguem se desvencilhar da pessoa dependente. É evidente que os codependentes vivem
tentando ajudar a outra pessoa, esquecendo, na maior parte do tempo, de cuidar de sua própria
vida, auto anulando sua própria pessoa em função do outro e dos comportamentos insanos desse
outro. Essa atitude patológica costuma acometer mães (e pais), esposas (e maridos) e namoradas
(os) de alcoolistas, dependentes químicos, jogadores compulsivos, alguns sociopatas, sexuais
compulsivos, etc.
O co-dependente é todo aquele que oferece seus sentimentos e sua vida para proteger o
dependente químico. Geralmente são a família, os amigos e todos que procuram remover as
consequências dolorosas do abuso de drogas na intenção de minimizar os danos causados.
A seguir abordaremos as fases que a família atravessa quando lida com o filho usuário.
Cegueira Familiar
É o período entre o início do uso de drogas pelo jovem até a descoberta pela família.
Muito frequente essa fase mostra o desconhecimento do problema, assim como a dificuldade
dos pais em enfrentar os problemas do filho.
Embora o usuário deixe evidências do uso de drogas, este não fala abertamente à
família. Por exemplo: a irmã ou primos têm conhecimento de alguns cigarros de maconha, a
mãe começa a dar falta de alguns objetos em casa, o pai acha estranho o estado que o filho
chega em casa ultimamente. E apesar dos indícios a família não consegue discutir sobre o que
está acontecendo, nem transmitir suas inquietações ao jovem. Mesmo sinalizado os desajustes
pessoais ou familiares são omitidos pelos pais que se negam a ver o que está acontecendo.
A cegueira familiar pode decorrer de uma desinformação ou de um julgamento
moralista e preconceituoso dos familiares em relação ao uso de drogas.
Uma abordagem que valoriza somente informações sobre o produto (droga) e os
indícios (efeitos) visíveis do seu uso reforça os pais a terem uma postura de identificação do uso
de drogas no filho. Os pais passam a vigiar o filho usuário, a segui-lo e a mexer em seus
pertences, mas não verbalizam suas dúvidas e anseios sobre o uso de drogas, criando desta
forma um clima de desconfiança e angústia dentro da família. Apegar-se á descrição física do
sintoma não é suficiente para compreender toda a complexidade da dependência química.
Para sair desta fase da cegueira familiar é preciso a família se informar de maneira clara
e objetiva sobre os produtos, seus efeitos e suas consequências, sempre levando em
consideração os aspectos pessoais, familiares e sociais do sujeito.
A cegueira familiar faz com que os pais não percebam os problemas que
o jovem apresentava antes da descoberta do uso de drogas. Mesmo depois de
descobrir o uso de drogas a família continua a negar ou desconhecer a
problemática que antecedia a vida do filho, concentrando sua preocupação
exclusivamente ao produto. Os pais acreditam que a solução está na força de
vontade do filho e se deixar de usar droga, o filho voltará a ser o que era antes.
A família nega-se a ver que muitas vezes a única solução encontrada pelo filho
foi o uso de drogas, intoxicando-se conseguiria chamar atenção sobre sua
angústia e que recorrer á droga talvez tenha sido a única forma de pedir socorro
para seus problemas subjetivos e familiares.
A segunda fase atravessada pela família é a revelação do uso de drogas, nesse momento
a família entra em crise.
Essa revelação geralmente é feita por um terceiro (irmão, tio, amigo e até a polícia) ou
decorrente de uma realidade que não se sustenta mais, por exemplo, o comportamento do filho
está muito exacerbado em relação às drogas e o problema não pode mais ser omitido, a família
não consegue mais fechar os olhos diante a cegueira familiar. Admitir essa dura realidade
provoca uma eclosão de conflitos latentes, a família em crise sente-se culpada e sem saber o que
fazer diante a situação do filho usuário de drogas. Nessa fase é comum os familiares, proibir ou
evitar que o usuário saia de casa, que encontre com os amigos, quando é adolescente muitos
apanham dos pais, ora da mais carinho, inclusive se deixando manipular, ora rejeita, ora vigia.
Estes são os comportamentos contraditórios da família nesse momento de crise.
Em geral as famílias procuram especialistas a fim de que o tratamento cure seus filhos
das drogas, que muitas vezes são levados à força às clínicas ou casas de recuperação. Parte
desses usuários não deseja parar de usar drogas nem se comprometem com tratamento o que faz
diminuir as chances de sucesso de uma possível recuperação. Nesse caso, o primeiro contato
com a equipe é uma oportunidade para uma acolhida calorosa, para que posteriormente em um
segundo encontro o sujeito se manifeste espontaneamente com um pedido de ajuda. Diante das
dificuldades da adesão ao tratamento resta aos profissionais apostarem na expectativa de
construção de vínculos com o usuário de drogas. Para melhor compreensão da crise familiar,
vamos usar o exemplo de duas famílias de usuário de drogas.
A Dinâmica Familiar
Existem alguns aspectos comuns às famílias do usuário de droga que merecem ser
refletidos.
Embora algumas literaturas acreditem que o toxicômano é um sujeito separado de sua
família, percebe-se que mesmo rejeitando os valores familiares, o dependente não consegue
ultrapassar a barreira da dependência dos pais.
Geralmente sai da casa dos pais em uma idade mais avançada, o que denota
imaturidade, dificuldade de assumir atitude de autonomia e independência.
Quando rompe bruscamente com a família, logo recorre aos pais nos momentos de
dificuldade, essa ruptura raramente é definitiva e clara para ambas as partes.
Redução da oferta
A redução substancial dos crimes relacionados ao tráfico de drogas ilícitas e ao uso
abusivo de substâncias nocivas à saúde, responsáveis pelo alto índice de violência no país, deve
proporcionar melhoria nas condições de segurança das pessoas.
Meios adequados devem ser assegurados à promoção da saúde e à preservação das
condições de trabalho e da saúde física e mental dos profissionais de segurança pública,
incluindo assistência jurídica.
As ações contínuas de repressão devem ser promovidas para reduzir a oferta das
drogas ilegais e/ou de abuso, pela erradicação e apreensão permanentes destas produzidas no
país, pelo bloqueio do ingresso das oriundas do exterior, destinadas ao consumo interno ou ao
mercado internacional e pela identificação e desmantelamento das organizações criminosas.
A coordenação, promoção e integração das ações dos setores governamentais,
responsáveis pelas atividades de prevenção e repressão ao tráfico de drogas ilícitas, nos diversos
níveis de governo, devem orientar a todos que possam apoiar, aprimorar e facilitar o trabalho.
A execução da Política Nacional sobre Drogas deve estimular e promover, de forma
harmônica com as diretrizes governamentais, a participação e o engajamento de organizações
não governamentais e de todos os setores organizados da sociedade.
Finalidade
O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as atividades
relacionadas com: a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e
dependentes de drogas e a repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de
drogas. (artigo 2º)
Princípios
São princípios do Sisnad, como enumera o artigo 3º da referida lei:
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, especialmente quanto à sua
autonomia e à sua liberdade;
II - o respeito à diversidade e às especificidades populacionais existentes;
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do povo brasileiro,
reconhecendo-os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros
comportamentos correlacionados;
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla participação social, para o
estabelecimento dos fundamentos e estratégias do Sisnad;
V - a promoção da responsabilidade compartilhada entre Estado e Sociedade,
reconhecendo a importância da participação social nas atividades do Sisnad;
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores correlacionados com o uso
indevido de drogas, com a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
VII - a integração das estratégias nacionais e internacionais de prevenção do uso
indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público e dos Poderes Legislativo e
Judiciário visando à cooperação mútua nas atividades do Sisnad;
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que reconheça a interdependência e a
natureza complementar das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social
de usuários e dependentes de drogas, repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de
drogas;
X - a observância do equilíbrio entre as atividades de prevenção do uso indevido,
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua produção
não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o bem-estar social;
XI - a observância às orientações e normas emanadas do Conselho Nacional
Antidrogas - Conad.
Objetivos
O Sisnad tem os seguintes objetivos: contribuir para a inclusão social do cidadão,
visando a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de risco para o uso indevido de
drogas, seu tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados; promover a construção e a
socialização do conhecimento sobre drogas no país e promover a integração entre as políticas de
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas e de
repressão à sua produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas públicas setoriais dos
órgãos do Poder Executivo da União, Distrito Federal, Estados e Municípios.
Do procedimento
Em conformidade com o artigo 48 O procedimento relativo aos processos por crimes
definidos nesta lei, aplica-se, subsidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal e da
Lei de Execução Penal. Lembrando que, tratando-se da conduta prevista no art. 28 da Lei, não
se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo
competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo
circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários.
Decreto nº 5.912/2006
Esse decreto regulamenta sobre as políticas públicas sobre drogas e a instituição do
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD, e dá outras providências.
Lei nº 9.099/1995
A Lei n.º 9.099/95 representou grande avanço do discurso despenalizador ao
estabelecer como princípios orientadores do procedimento penal no âmbito dos Juizados
Especiais Criminais a oralidade, informalidade, economia processual e celeridade (Rapidez), e a
mitigação dos princípios da obrigatoriedade e da indisponibilidade da ação penal pública através
de medidas como a transação penal, a composição civil dos danos e a suspensão condicional do
processo.
No que concerne à conduta de posse de drogas para consumo pessoal, durante a
vigência da Lei n.º 6.368/1976, cominava-se pena privativa de liberdade, qual seja, de 6 (seis)
meses a 2 (dois) anos de detenção, e multa.
Com a entrada em vigor da Lei dos Juizados Especiais surge a "primeira perspectiva
despenalizadora em relação à posse de droga para consumo pessoal", representada pelo instituto
da suspensão condicional do processo para os crimes cuja pena mínima cominada for igual ou
inferior a um ano, critério no qual encontrava-se inserida a conduta de posse de drogas para
consumo próprio tipificada pelo artigo 16 da antiga lei de drogas.
Em sua redação original, o artigo 61 da Lei 9.099/95 inseria no conceito de infração
de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes a que a lei cominasse pena
máxima não superior a um ano, excetuados os casos submetidos a procedimento especial.
Configurada a conduta típica, o agente deverá ser prontamente encaminhado ao juízo
competente. Caso tal procedimento não seja possível o possuidor de drogas para consumo
pessoal será apresentado à autoridade policial, perante a qual será lavrado termo
circunstanciado, o agente assumirá o compromisso de comparecer em juízo e livrar-se-á solto.
O parágrafo 2º do artigo 48 da lei de drogas refere-se ainda à requisição de exames e
perícias, a qual, ausente a autoridade judicial, será realizada pela autoridade policial, de acordo
com o parágrafo 3º do mesmo artigo.
Apesar de o artigo de lei em questão não referir-se expressamente à realização do
laudo de constatação da potencialidade tóxica do objeto material da infração, respectivo exame
torna-se imprescindível para a comprovação da materialidade do ilícito.
Decreto nº 6.117/2007
Aprovada a Política Nacional sobre o Álcool, consolidada a partir das conclusões do
Grupo Técnico Interministerial instituído pelo Decreto de 28 de maio de 2003, que formulou
propostas para a política do Governo Federal em relação à atenção a usuários de álcool, e das
medidas aprovadas no âmbito do Conselho Nacional Antidrogas.
Objetivos
A Política Nacional sobre o Álcool contém princípios fundamentais à sustentação de
estratégias para o enfrentamento coletivo dos problemas relacionados ao consumo de álcool,
contemplando a intersetorialidade e a integralidade de ações para a redução dos danos sociais, à
saúde e à vida, causados pelo consumo desta substância, bem como as situações de violência e
criminalidade associadas ao uso prejudicial de bebidas alcoólicas na população brasileira.
Conceito de Bebida Aalcoólica
Para os efeitos desta Política, é considerada bebida alcoólica aquela que contiver 0,5
grau Gay- Lussac ou mais de concentração, incluindo-se aí bebidas destiladas, fermentadas e
outras preparações, como a mistura de refrigerantes e destilados, além de preparações
farmacêuticas que contenham teor alcoólico igual ou acima de 0,5 grau Gay-Lussac.
Introdução
O uso de drogas é, atualmente, uma fonte de preocupação mundial em todos os
seguimentos da sociedade. Pode-se afirmar ser este um dos maiores problemas de saúde pública
da nossa história.
A prevenção na área de drogas visa a adoção de uma atitude responsável com relação
aos psicotrópicos. O objetivo da prevenção, no campo dos problemas relacionados ao consumo
de drogas psicotrópicas, é procurar fazer com que a população não abuse de drogas e,
consequentemente, que o seu uso não cause danos pessoais e sociais, nem prejuízos que daí
possa decorrer.
Partindo desse pressuposto, a noção de prevenção evoluiu para um modelo pedagógico
que privilegia a multicausalidade das doenças, levando em conta a interação do sujeito com seu
meio. Dentro desta perspectiva podemos dividir as ações preventivas em três níveis: primária
que se baseia em ações antecipatórias que visam diminuir a probabilidade do início ou do
desenvolvimento de uma condição; secundária que consiste em intervenções para se evitar que
um estado de dependência se estabeleça e terciária que incide em quaisquer atos destinados a
diminuir a prevalência das incapacidades crônicas, reduzindo às deficiências funcionais
consecutivas a dependência de substâncias psicoativas.
O Componente Curricular Tratamento e Prevenção ao Uso e Abuso de Drogas propõe
oferecer ao aluno uma formação, por entender que estará contribuindo para a elevação na
qualidade do atendimento aos dependentes químicos, contribuindo para uma formação humana,
democrática visando à justiça social.
Efeitos
Sob o efeito de determinadas drogas, o indivíduo parece ver além do comum em
objetos, em gestos ou até mesmo no vazio, daí a utilização de termos como
despersonalização, alucinação ou sintomas paranóicos e psicóticos na descrição do seu
comportamento. Sob o efeito de drogas, algumas pessoas tendem a parecer mais
introspectivas ou mais extrovertidas e agressivas, a depender do tipo de substância
consumida, assim como do contexto de utilização e dos próprios traços de personalidade
individual.
A dependência de drogas está relacionada tanto ao prazer produzido, usualmente
designado como euforia, sensação de bem estar, estimulação ou entorpecimento
(analgesia), como à compreensão deformada de seus efeitos nocivos (tóxicos) ao
organismo, além dos mecanismos químicos ou crise de abstinência induzidos pela
ausência da substância após um período de uso continuado. Ademais, ao adquirir drogas
no mercado negro, o indivíduo se expõe a outros riscos - agressão, roubo, consumo
involuntário de outras substâncias nocivas misturadas às drogas, violência policial e
prisão.
Efeito da Cocaína
A cocaína é uma droga psicoativa que estimula e vicia, promovendo alterando
cerebrais muito importantes. É extraída da folha da coca e se consumida por muito
tempo ocasiona muitos problemas de saúde, como por exemplo: a aceleração do
envelhecimento e danos cerebrais. A cocaína é originária da planta Erythroxylon coca,
nativa da Bolívia e do Peru. Pode ser utilizada pelas vias intra nasal, intravenosa e
pulmonar, podendo em casos mais raros ser usada via oral.
Devido os efeitos de euforia e prazer que a cocaína proporciona, as pessoas são
seduzidas a utilizá-la para vivenciar sensações de poder, entretanto esses efeitos duram
pouco tempo, onde a pessoa entra em contato com a realidade e experimenta depressão
e ansiedade por utilizá-la novamente.
Aceleração ou diminuição do ritmo cardíaco, dilatação da pupila, elevação ou
diminuição da pressão sanguínea, calafrios, náuseas e vômitos, perda de peso e apetite
são alguns dos efeitos biológicos da cocaína.
Efeito do Crack
O crack deriva da planta de coca, é resultante da mistura de cocaína, bicarbonato
de sódio ou amônia e água destilada, resultando em grãos que são fumados em
cachimbos. O surgimento do crack se deu no início da década de 80, o que possibilitou
seu fumo foi a criação da base de coca batizada como livre. O consumo do crack é
maior que o da cocaína, pois é mais barato e seus efeitos duram menos. Por ser
estimulante, ocasiona dependência física e, posteriormente, a morte por sua terrível ação
sobre o sistema nervoso central e cardíaco.
Devido à sua ação sobre o sistema nervoso central, o crack gera aceleração dos
batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso,
tremores, excitação, maior aptidão física e mental. Os efeitos psicológicos são euforia,
sensação de poder e aumento da auto estima.
A dependência se constitui em pouco tempo no organismo. Se inalado junto com
o álcool, o crack aumenta o ritmo cardíaco e a pressão arterial o que pode levar a
resultados letais.
Efeito da Heroína
A heroína é derivada do ópio. Seu consumo pode causar dependência física,
envelhecimento acelerado e danos cerebrais, favorecendo dependência química e
psíquica, além de ser muito nociva ao corpo, o que faz dela a droga mais prejudicial que
se conhece.
Depois do contato com a droga, a pessoa fica fora da realidade, apresentando
estado de sonolência, as pupilas ficam contraídas, e logo após apresenta estado de
depressão profunda. A heroína pode ser injetada, inalada ou fumada.
Os efeitos físicos são surdez, cegueira, delírios, inflamação das válvulas
cardíacas, coma e às vezes morte. Devido o excesso de noradrenalina produzida pela
droga, os batimentos cardíacos e a respiração aceleram, a temperatura do corpo fica
desregulada ocasionando calafrios. Podem ser observadas também vômitos, diarréias e
dores abdominais.
A heroína diminui sensações de dor e ansiedade, é utilizada com o intuito de
diminuir o desânimo e aumentar a auto estima, seus efeitos podem durar entre quatro e
seis horas e se misturada com álcool ou outras drogas depressoras aumenta o risco de
overdose.
Efeito do Ecstasy
O ecstasy é uma substância psicoativa designada como 3,4
metilenodioximetanfetamina. Foi sintetizada pela empresa Merck em 1914, e é chamada
droga de recreio ou de desenho, pois possui ação estimulante e alucinógena.É
consumido injetado, inalado, e por via oral. Apresenta-se em forma de pastilhas,
comprimidos, barras, cápsulas ou pó.
O ecstasy, a nível cerebral, age aumentando a produção e a diminuição da
reabsorção da serotonina, dopamina e noradrenalina. Seus efeitos surgem após vinte e
setenta minutos, atingindo estabilidade em duas horas, pode agrupar efeitos da cannabis,
das anfetaminas e do álcool.
Os efeitos físicos são taquicardia, aumento da pressão sanguínea, secura da boca,
diminuição do apetite, dilatação das pupilas, dificuldade em caminhar, reflexos
exaltados, vontade de urinar, tremores, transpiração, câimbras ou dores musculares.
Quanto aos efeitos psíquicos, o ecstasy ocasiona sensação de intimidade e de
proximidade com outras pessoas, aumento da comunicação, da sensualidade, euforia,
despreocupação, autoconfiança e perda da noção de espaço.
Em longo prazo podem ocorrer alguns efeitos tais como lesões celulares
irreversíveis, depressão, paranoia, alucinação, despersonalização, ataques de pânico,
perda do autocontrole, impulsividade, dificuldade de memória e de tomar decisões.
Experimentação
Mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais são características da
adolescência. Essa fase da vida é um momento relevante para a adoção de novos hábitos e
práticas saudáveis. Entretanto, a adolescência também é marcada pela indecisão, fator que pode
expor o adolescente a comportamentos de risco à saúde, como tabagismo, consumo de álcool e
outras drogas (Saito 2000).
4.1. Prevenção
Poderíamos dizer que, em geral, a prevenção refere-se a toda iniciativa coletiva visando
à sobrevivência da espécie. Na realidade é um conceito recente e poderíamos dizer que as
primeiras instituições na história que estiveram na sua vanguarda foram as religiosas
(CAVALCANTI – 2001).
Podemos ver esse preceito através de práticas religiosas, como a tentativa de pregar o
respeito ao próximo. A humanidade foi se desenvolvendo e conseguindo atualizar algumas
formas de preservação e algumas formas de ataque ao seu desenvolvimento. Sabemos, por
exemplo, dos danos que a poluição nos causa e da nossa dificuldade em cuidar das nossas
florestas.
Assim, junto com a humanidade, o uso de drogas foi se modificando. Nos anos 60,
preservávamos um uso ritualístico, hoje, temos um uso que podemos definir como consumista.
Com estas mudanças, novos pensamentos e novas pesquisas foram se desenvolvendo para que
as ações planejadas pudessem ser efetivas e preservadoras. As mais sérias pesquisas sobre a
questão nos mostram um aumento do uso de drogas, mas, principalmente, mostram-nos a
necessidade de planejarmos ações preventivas adequadas ao grupo que desejamos atingir.
Prevenir não é banir a possibilidade de uso de drogas. Prevenir é considerar uma série
de fatores para favorecer que o indivíduo tenha condições de fazer escolhas. Diante das
necessidades da sociedade, ou seja, dos problemas apresentados, o conceito de prevenção se
ampliou a ponto de poder se colocar dentro do conceito de ―Promoção de Saúde‖.
Portanto, é fundamental que o agente de prevenção conheça os diferentes aspectos
envolvidos no seu trabalho. Os múltiplos fatores que levam às drogas. O uso indevido das
drogas é fruto de uma multiplicidade de fatores. Nenhuma pessoa nasce predestinada a usar
drogas ou se torna dependente apenas por influência de amigos ou pela grande oferta do tráfico.
Nós, seres humanos, por nossa humanidade e incompletude, buscamos elementos para
aliviar dores e acirrar prazeres. Assim, encontramos as drogas. Algumas vezes experimentamos,
outras usamos sem nos comprometermos, e em outras, ainda abusamos. Existem fatores que
convergem para a construção das circunstâncias do uso abusivo, chamados de fatores de risco.
Também existem fatores que colaboram para que o indivíduo, mesmo tendo contato com a
droga, tenha condição de se proteger. Estes são os fatores de proteção.
Podemos dizer que fatores de risco são os que tornam a pessoa mais vulnerável a ter
comportamentos que podem levar ao uso ou abuso de drogas. Já os fatores de proteção são os
que contrabalançam as vulnerabilidades para os comportamentos que levam ao uso ou abuso de
drogas.
Mostra-se evidente a inter-relação e a interdependência existentes entre o usuário e o
contexto que o circunda. Pensar nesta teia de vulnerabilidades e nos determinantes
socioculturais em relação ao uso de drogas, em uma sociedade, certamente, amplia e torna mais
complexa a abordagem desse fenômeno (Sapienga, 2005).
Para que se realize um trabalho sério e cuidadoso de prevenção, com um determinado
grupo de usuários, é necessário:
• Identificar os fatores de risco – para minimizá-los;
• Identificar os fatores de proteção – para fortalecê-los;
• Tratar o grupo como específico – para a identificação dos fatores acima.
Na família também podem estar contidos tanto os fatores de risco como os de proteção
para o uso das substâncias psicoativas. Pais que fazem uso abusivo de drogas, que sofrem de
doenças mentais e que são excessivamente autoritários ou muito exigentes podem fazer com que
a pessoa use da droga como um método de fuga ou escape. Já pais que acompanham as
atividades dos filhos, que estabelecem e esclarecem regras de conduta, mas sempre
demonstrando afeto e respeito com a vida dos filhos, isso faz com que o filho sinta acolhido e
com isso não precisa usar drogas.
A formação de cada um de nós se inicia na família. É função da família proteger seus
filhos e favorecer neles o desenvolvimento de competências, por exemplo, para lidar com
limites e frustrações. Na adolescência, a falta da proteção da família, especialmente, para o
adolescente transgressor que não sabe lidar com frustrações, pode favorecer o uso indevido de
substâncias psicoativas (Sapienga, 2005).
O fato de um indivíduo usar ou até ser um dependente da droga não faz com que esteja
condenado a nunca mais se recuperar. Nos anos 70, no Brasil, antes dos movimentos
antimanicomiais, tratávamos os usuários de drogas, dentro dos hospitais psiquiátricos, como
psicopatas, ou seja, amorais. Nenhuma diferenciação era feita entre eles. Isso acontecia porque
nós, os técnicos, tínhamos uma posição muito moralista diante do problema. Se o usuário não
era julgado pelo sistema prisional, ele era julgado pelo sistema psiquiátrico.
Nos anos 80, tivemos que repensar a posição diante do aumento do consumo das drogas
injetáveis e do aparecimento da AIDS. Foi nesta época que dois conceitos importantes passaram
a ser cuidadosamente estudados e aplicados: ―resiliência‖ e ―redução de danos‖.
De acordo com Junqueira e Deslandes (2003), resiliência é entendida como uma
―reafirmação da capacidade humana de superar adversidades e situações potencialmente
traumáticas‖. Ou seja, o indivíduo resiliente é aquele capaz de superar frustrações e/ou situações
de crise e de adversidades.
Já a redução de riscos, é um conjunto de medidas individuais e coletivas, sanitárias ou
sociais cujo objetivo é diminuir os malefícios ligados ao uso de drogas lícitas ou ilícitas. Estas
definições já fazem refletir sobre nossas ―pretensões‖ quando pensamos em um programa de
prevenção.
Para o ser humano, a vivência sobre o peso dos chamados fatores de risco causa
mudanças em sua vida, não é inofensiva. Mas também não é
determinante na sua impossibilidade de superação. Se este ser
humano contar com seus fatores de proteção, poderá superar
suas dificuldades.
É preciso que as propostas de prevenção estejam mais
sintonizadas com as necessidades da população de usuários. Da
mesma forma, felizmente, os novos conhecimentos trouxeram
novas posturas para quem estudava novas formas de enfrentar o
problema das drogas. Uma delas é a de redução de danos. BASTOS e MESQUITA (1994),
fazendo eco com alguns estudiosos, dizem que: é tempo de substituir
as declarações de fé pelo rigoroso escrutínio científico, partindo de
pressupostos que não sejam pró ou antidrogas, mas que, de fato,
consigam minimizar os danos decorrentes do consumo em um sentido
mais amplo. [...] o então crescente número de usuários de drogas
injetáveis infectados pelo HIV/AIDS nos países desenvolvidos [...] fez
com que estratégias alternativas à pura e simples repressão no âmbito
dos danos secundários ao abuso de drogas, até então restrita a um
punhado de ativistas e especialistas, se revestisse de uma dimensão
coletiva e global e se tornassem legítimas aos olhos de dirigentes
líderes de países e comunidades influentes (Bastos e Mesquita,1994).
Para se fazer prevenção, além da preparação da equipe, da definição de objetivos e do
estabelecimento de apoio, temos de contar com dados da realidade externa que interferem no
nosso trabalho e estar atentos a novos fatores que possam interferir nele. Por exemplo, uma
nova droga introduzida no mercado ou novos hábitos que vêm fazer parte daquela comunidade
devem ser considerados. As ações preventivas na comunidade podem ser orientadas por
diferentes modelos que não são excludentes entre si.
Tanto quanto o planejamento para iniciar a intervenção preventiva, a avaliação dos
resultados obtidos é de suma importância.
5. COMUNIDADES TERAPÊUTICAS
Introdução
O presente Código de Ética subordina-se às leis do país, naquilo que lhe for aplicável,
ao Código de Ética da Federação Mundial de Comunidades Terapêuticas e ao Estatuto da
Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas.
I. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
1. O Trabalho nas Comunidades Terapêuticas deve ser baseado no respeito à dignidade
da pessoa humana.
2. A permanência na Comunidade Terapêutica deve ser voluntária e decidida após o
interno ser informado sobre a orientação seguida e as normas em vigor.
3. Nas Comunidades Terapêuticas deve ser assegurado, a todos que dela participam, um
ambiente livre de drogas, sexo e violência.
II. DO INTERNO
O interno da Comunidade Terapêutica deve:
1. Receber, por escrito, a orientação e os objetivos do Programa de Atendimento, e as
regras existentes na Comunidade Terapêutica, declarando, de modo explicito, sua
concordância com eles. Qualquer modificação nas determinações acima deverá ser
comunicada com a necessária antecedência.
2. Estar protegido em relação a castigos físicos e violências psíquicas ou morais.
3. Ser encaminhado a recursos externos, em caso de doença, quando a Comunidade não
dispuser de meios para atendê-lo. . Ter conhecimento antecipado dos pagamentos que deverá
efetuar e dos procedimentos relacionados com eles.
4. Ter possibilidade de encaminhar a uma pessoa credenciada, queixas e sugestões
relacionadas com a vida na Comunidade.
5. Deixar o programa a qualquer tempo, sem sofrer nenhum tipo de constrangimento.
6. Cumprir as normas da Comunidade Terapêutica, livremente aceitas por ele.
7. Contribuir para que haja um clima de cordialidade e de respeito mútuo dentro da
Comunidade.
V. DAS SANÇÕES
1. A entidade filiada que não cumprir nem zelar pelo cumprimento das determinações
deste Código poderão receber, de acordo com a gravidade da infração:
a) Advertência individual;
b) Advertência em boletim da FEBRACT;
c) Desfiliação.
2. O membro da entidade filiada que pertencer aos órgãos diretivos da FEBRACT, em
caso de infração aos princípios éticos poderá ser:
a) Advertido individualmente;
b) Destituído de seu cargo ou função.
3. O membro da Equipe de Assistência que cometer infração grave aos princípios éticos,
além das punições recebidas da Comunidade Terapêutica pode ter cancelado seu Certificado
fornecido pela FEBRACT.
4. As penas de Desfiliação e de Destituição do cargo ou função serão aplicadas pelo
Conselho Deliberativo. As demais, pela Diretoria Executiva.
- Aprovado em Assembleia Geral da FEBRACT, realizada no dia 21 de janeiro de 1995.
- Aprovado pela Federação Mundial de Comunidades Terapêuticas em 24 de abril de 1995.
- Modificações aprovadas em Assembleia Geral da FEBRACT, realizada no dia 16 de Janeiro
de 1999.
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TONET, Helena. Desenvolvimento de Equipes. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.
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