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CAPA

TERCEIRIZAÇÃO
É necessário discutir novas formas de organização
e gestão da mão-de-obra rural
Por Álvaro Legnaro

Terceirizar algumas atividades da empresa é blico do Trabalho interpretou que essa forma de ges-
uma alternativa comum para os setores urbanos. Na tão era fraudulenta porque não prevaleciam os prin-
agricultura, porém, a terceirização da mão-de-obra, cípios do cooperativismo de igualdade de direitos
especificamente, tem sido tema polêmico, que di- e deveres entre os membrosa,b. Um dos problemas
ficulta bastante a situação de produtores rurais que dessas cooperativas foi que a maior parte dos seus
dependem da intensificação do trabalho apenas em cooperados continuava subordinada muitas vezes
determinados períodos da safra. Terceirizar mão-de- à mesma pessoa (ou pequeno grupo) que os con-
obra tem sido uma dor de cabeça difícil de ser sana- tratavam anteriormente para trabalhar. Esse fato deu
da por produtores que dependem da intensificação margem para que a fiscalização trabalhista avaliasse
do trabalho apenas em determinados períodos. aquela situação como vínculo empregatício, não se
Terceirizar significa que uma empresa, habi- assemelhando à prática de cooperativismo.
tualmente chamada de tomadora, contrata outra, a A discussão continua até hoje e não só na ci-
prestadora, para cumprir determinadas atividades. tricultura paulista. A maioria das culturas hortifrutí-
Essas poderiam ser, até então, realizadas por fun- colas, altamente dependentes do trabalho temporá-
cionários da tomadora ou mesmo representar uma rio, tem dificuldade de interpretar quais são os seus
nova necessidade da empresa que procura a tercei- direitos e deveres no caso da terceirização.
rização. Atualmente, já ocorre também a “quarteiri-
zação”, quando uma empresa prestadora “terceiri-
za” parte de seu serviço a outra.
Na agricultura, um dos marcos da polêmica
da terceirização da mão-de-obra temporária foi a
formação das cooperativas de trabalhadores rurais.
Essas cooperativas prestadoras de serviços foram
estimuladas pela Lei nº 8.949, de 09/12/1994, que
acrescentou parágrafo ao artigo nº 442 da CLT (Con-
solidação das Leis Trabalhistas) para declarar ausên-
cia de vínculo empregatício entre a cooperativa e o
cooperado e entre este e o tomador de serviço.
Um dos setores a utilizar essas cooperativas
foi a citricultura paulista a partir de 1995, com os
serviços sendo demandados tanto pelas indústrias
de suco quanto por produtores. Essas organizações
ofereciam principalmente mão-de-obra terceirizada
para a colheita da fruta. No entanto, o Ministério Pú-

Nota:
a
“Contratação fraudulenta de trabalhadores por intermédio de cooperativas de trabalho”, de André Cremonesi e Orlando de
Melo, publicado na Revista do Ministério Público do Trabalho de fev/2001.
b
“Terceirização e Reestruturação Agroindustrial: Avaliando o Caso Citrícola Brasileiro”, de Luiz Fernando Paulillo, publicado
na Revista Administração Contemporânea de jan/abril/1999.

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COLHEITA É A PRINCIPAL DEMANDA


NOS SERVIÇOS TEMPORÁRIOS

Para saber a opinião do setor a respeito da já prestam esse serviço aos produtores. Nos
contratação de serviços terceirizados, a Hortifruti casos do tomate e da cebola, os produtores
Brasil entrevistou 162 produtores de frutas e hor- compram a semente e terceirizam o serviço
taliças das principais regiões ofertantes do País. de formação da muda. Essa relação, segundo
A pesquisa foi realizada na primeira quinzena de os entrevistados, tem um bom custo-benefício,
julho de 2008. O grupo de produtores entrevis- já que a qualidade do serviço seria muito boa.
tados abrange tanto aqueles de pequena quanto Além disso, ajuda o horticultor a se concentrar
de grande escala de produção. Os resultados não na produção de tomate e cebola propriamente,
têm a ambição de retratar a totalidade da hortifru- permitindo-lhe reduzir a estrutura fixa e de mão-
ticultura brasileira, mas fornecem de-obra para a atividade de viveiros, sobrando
um quadro razoável sobre como mais dinheiro para ser investido na produção.
produtores pensam e agem quanto É importante ressaltar que a opção por tercei-
à contratação de serviços terceiri- rizar serviços deve vir de um planejamento estraté-
zados temporários. gico do produtor, com vistas a otimizar seus recur-
Apesar da necessidade de sos, melhorar a qualidade do seu produto e elevar
mão-de-obra temporária e de a sua produtividade. No entanto, a exemplo de
dois terços dos entrevistados algumas empresas urbanas, parte dos contratantes
considerarem a qualidade desses rurais ainda considera a terceirização apenas co-
serviços igual ou superior à ob- mo meio de cortar custos ou de evitar problemas
tida por eles próprios, menos da trabalhistas, sem integrar essa modalidade ao pla-
iz Sanches
Foto: Frauzo Ru metade – 74 dos 162 consultados – declarou já nejamento da propriedade como um todo.
ter terceirizado alguma atividade. Na opinião de 73% dos entrevistados, con-
A oferta de serviços de empresas terceiriza- tratar uma empresa prestadora de serviços é uma
das na hortifruticultura seria baixa, com cerca de forma de evitar problemas trabalhistas. Por outro
50% dos entrevistados declarando que não há esse lado, 54% ressaltaram que esses serviços acabam
tipo de empresa na sua região. Na opinião dos pro- custando mais caro que o obtido por conta pró-
dutores, na hortifruticultura, a maior necessidade pria. Esse ponto deve ser analisado com cuidado.
de serviços terceirizados seria para as atividades O produtor deve comparar todos os seus encargos
de colheita e produção de mudas. trabalhistas para então avaliar se a mão-de-obra
Quanto à produção de mudas, os viveiristas terceirizada é realmente mais cara.

Principais atividades que demandam serviços terceirizados na hortifruticultura*:


29% Colheita
27% Produção de mudas
20% Tratamentos fitossanitários
Fonte: Cepea

13% Implantação da cultura


12% Serviços especializados (tecnologia de precisão, gestão)
* respostas de 162 produtores de hortifrutícolas - somente 46% declararam
que já contratam serviços terceirizados.
Foto: Gilberto Tozatti

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nches
zo Ruiz Sa
Foto: Frau

Avaliação dos serviços terceirizados na hortifruticultura

Avaliação/Aspecto Positiva Negativa Indiferente

O serviço terceirizado O serviço terceirizado


A qualidade
Qualidade do serviço é melhor que o obtido é inferior ao é a mesma1:
por mim mesmo1: obtido por mim1:
53% 25% 23%
Custo O custo do O custo é
O custo é maior2:
terceirizado é menor2: o mesmo2:
34% 54% 12%
É uma forma de Não evita
Legalização evitar problemas problemas Indiferente3:
trabalhistas3: trabalhistas3:
73% 18% 9%

1
Opinião dos produtores de uma amostra de 158 entrevistados
2
Opinião dos produtores de uma amostra de 160 entrevistados
3
Opinião dos produtores de uma amostra de 159 entrevistados

A confusão sobre o uso do serviço terceiri- cerca de 60% da necessidade de mão-de-obra


zado é maior quando se trata da atividade de co- temporária na hortifruticultura é justamente com
lheita. Nesse caso, o serviço principal é a própria colheita, o que torna difícil dizer que o produtor
mão-de-obra, não envolve transformação de um está errado ao buscar a terceirização desta ativi-
produto ou aquisição de uma infra-estrutura, co- dade como estratégia de minimização dos custos
mo no caso de viveiros. Segundo os entrevistados, trabalhistas da mão-de-obra temporária.

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O produtor deve buscar a


regulamentação da mão-de-obra
Com base na pesquisa da Hortifruti Brasil, trabalhador e o empregador de custos inesperados.
constata-se que a maior parte da mão-de-obra tem- Para os que optam – por um motivo ou outro
porária na hortifruticultura brasileira continua sendo – contratar diretamente a mão-de-obra temporária,
obtida diretamente pelo produtor rural. No entan- a lei nº 11.718, de 20 junho de 2008, pode ser um
to, somente metade dos entrevistados declarou que auxílio. Ela permite que o produtor como pessoa
assina a carteira de trabalhadores temporários. A física contrate quantas vezes quiser o trabalhador,
maioria os remunera como diaristas. sendo que, em 1 ano, o período de contratação não
Apesar de a fiscalização ser mais severa em pode exceder 2 meses (somado o tempo de todos os
regiões próximas a grandes centros urbanos e em contratos). Nesse contrato, o produtor deverá reco-
culturas de grande escala, um terço dos entrevis- lher todos os encargos previstos em leis referentes
tados - entre produtores de frutas e hortaliças - de- somente pelo período trabalhado.
clarou que já teve problemas trabalhistas, sendo Outra alternativa são os condomínios de pro-
que na maioria dos casos o produtor teve de pagar dutores, que podem ser formados especificamente
multas. É importante que o produtor tenha ciência para a contratação conjunta de trabalhadores (veja
de que todos os trabalhadores rurais em sua pro- box abaixo). Essa modalidade, no entanto, ainda é
priedade – permanentes ou temporários – devem desconhecida pela maioria dos produtores consulta-
estar enquadrados na lei trabalhista. Isso protege o dos pela Hortifruti Brasil.

Quais as maiores dificuldades para regulamentar a mão-de-obra temporária1?


56% É muito oneroso “registrar” um trabalhador temporário.
46% Muita burocracia para um período curto de serviço.
20% Não há dificuldade.
2% Não soube responder.
1
Baseado nas respostas de 162 produtores. Os entrevistados podiam assinalar mais de uma alternativa.

Você já ouviu falar em condomínio de empregadores?


Define-se por “condomínio” a união de produtores rurais, pessoas físicas, com a única
finalidade de contratar, diretamente, empregados rurais, sendo delegado a um dos produtores
poderes para contratar e gerir a mão-de-obra a ser utilizada em suas propriedades. Essa união não
é caracterizada como pessoa jurídica, associação, sociedade mercantil ou união de proprieda-
des. Para a formação de um condomínio de empregadores rurais, é necessário que os produtores
estejam em municípios vizinhos, firmem o pacto de solidariedade e estejam dispostos a tentar
trabalhar em conjunto, de acordo com o contrato de condomínio firmado em cartório.
Há exemplos de condomínios de empregadores nas culturas da laranja e da batata. Essa
ação, inclusive, é muito bem vista sob o aspecto legal, sendo estimulada pelo próprio Ministério
Público do Trabalho.
O condomínio é vantajoso tanto para o empregado como para o empregador. Para o traba-
lhador é a garantia do cumprimento da legislação trabalhista e previdenciária por todos os produ-
tores devido ao pacto de solidariedade. Para o produtor, a principal vantagem é a segurança jurí-
dica, tendo em vista a legalização da mão-de-obra. Ele fica isento dos riscos com a contratação
de “gatos”, cooperativas ou prestadoras de serviço não idôneas. Além disso, pelo condomínio,
o pagamento é proporcional ao uso da mão-de-obra, com os gastos com encargos trabalhistas
sendo divididos entre os produtores.

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TERCEIRIZAÇÃO COMO ALTERNATIVA
PARA AS PROPRIEDADES AGRÍCOLAS
No meio industrial, a terceirização ganhou japonês, as estratégias de produção denominadas
força no fim da década de 1970 com a crise do “toyotismo” (desenvolvida na empresa Toyota) e
modelo de produção “fordista”. Este modelo ba- “just in time” (que dispensa a formação de esto-
seava-se na concentração de todas as etapas de ques) também foram desenvolvidas em montado-
produção numa única planta industrial. O exem- ras de automóveis, mas buscaram descentralizar
plo clássico que deu o nome ao modelo era o a produção. Essa terceirização proporcionou ga-
sistema de produção da montadora de automóvel nhos com a redução dos custos com estoques,
Ford. A empresa era responsável desde a lã utili- com o enxugamento da mão-de-obra e com a efi-
zada nos bancos dos carros até a venda e servi- ciência da produção devido à maior especializa-
ços de manutenção dos veículos. Com o aumento ção das empresas em cada etapa do processo.
do mercado de automóveis, porém, esse modelo A partir daí, a terceirização foi difundida
tornou-se de difícil administração pela complexi- como elemento de modernização nas estratégias
dade de serviços envolvidos em uma única uni- das empresas. As empresas de grande porte fo-
dade produtiva. ram as primeiras a adotá-la, mas com o passar
Na década de 1980, várias estratégias de dos anos se integrou como ferramenta na gestão
administração surgiram contrapondo-se ao mo- administrativa em todos os setores da economia
delo fordista. O exemplo principal foi o modelo desde indústrias, hospitais, governos e também
japonês de produção, que avançou pelo mundo na agricultura. Nesta área, a terceirização tem
e se tornou referência devido ao ganho de produ- apresentado relação direta com a minimização
tividade em relação ao modelo anterior. No caso dos custos da mão-de-obra temporária.

“TERCEIRIZAÇÃO TUPINIQUIM”
No Brasil, a terceirização iniciou nos anos foi denominada “tupiniquim”, já que as empresas
1980, mas só ganhou força com a implantação do não utilizam o recurso da terceirização como uma
Plano Real (1994). Inicialmente, os serviços tercei- estratégia de longo prazo, visando selecionar par-
rizados eram basicamente de limpeza e de segu- cerias que pudessem aumentar a qualidade do seu
rança. Nos anos 90, com a abertura do mercado e produto ou serviço e sua competitividade. O foco
a concorrência com produtos estrangeiros, as em- era somente reduzir o custo da mão-de-obra. As-
presas precisaram se tornar mais competitivas. sim, a terceirização na década passada ficou co-
No entanto, muitos especialistas em adminis- nhecida como uma prestadora de mão-de-obra de
tração relatam que a terceirização daquele período baixa qualidade ou de baixa capacitação.

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A terceirização no ambiente agrícola


A contratação de serviços terceirizados tem tindo, inclusive, tecnologia para a mecanização
aumentado na agricultura, principalmente nas de muitas atividades. Dessa forma, ao hortifruti-
grandes culturas, como cana-de-açúcar e grãos. cultor, a terceirização se apresenta possível princi-
Constata-se grande demanda por equipamentos palmente através da contratação de empresas que
sofisticados e serviços de alta qualificação para oferecem serviços de mão-de-obra. A exemplo da
serviços como colheita mecanizada, pulverização indústria, no entanto, a terceirização na agricultu-
aérea, agricultura de precisão, máquinas de poda ra brasileira também tem características “tupini-
entre outros. A contratação desses serviços pelos quins”, ou seja, com foco somente na redução dos
produtores tende a reduzir o investimento em ma- custos de curto prazo.
quinaria e mão-de-obra qualificada. É, portanto, Reitera-se que a busca por terceirização de-
uma ferramenta a ser considerada na gestão da ve visar, além da redução de custo, a obtenção de
propriedade agrícola, com potencial para aumen- serviços de melhor qualidade que, no conjunto,
tar sua competitividade. elevem a competitividade da empresa rural. Para
Nas grandes culturas, a mecanização do tanto, a idoneidade da empresa contratada é fun-
processo tem sido alternativa factível para reduzir damental, principalmente nos quesitos obrigações
a necessidade de mão-de-obra temporária. Já na trabalhistas e qualificação dos profissionais. Caso
produção de frutas e hortaliças, a substituição do contrário, o produtor pode se ver diante do ditado
trabalhador por máquinas não é simples, não exis- “o barato pode sair caro”.

O que O produtor deve buscar na terceirização?


Especialistas em administração recomen- não é interessante economicamente para o em-
dam que o produtor, inicialmente, identifique o presário rural manter um parque de máquinas
seu núcleo de competência. A partir de então, superdimensionado, caro, que será utilizado de
poderá analisar se é viável ou não externalizar forma sazonal, em épocas pontuais. Além disso,
as demais etapas de produção. Só então começa o parque de máquinas imobiliza capital finan-
a busca por uma empresa parceira, que deverá ceiro e recursos humanos que implicam em alto
fornecer serviço igual ou de melhor qualidade a custo.
um custo competitivo para o seu negócio. Essa É fundamental ter em mente que a ter-
ferramenta pode ser útil para propriedades de ceirização deve tornar mais eficiente as tarefas
todas as escalas, inclusive para as de pequena, substituídas. Deve reduzir os gastos relativos à
que podem enfrentar dificuldades de financia- contratação de mão-de-obra e otimizar os in-
mentos para adquirir novas tecnologias. vestimentos nos fatores de produção que aten-
A terceirização permite descentralizar par- dem ao núcleo de
cela importante dos riscos de produção e de dis- competência do
tribuição de bens e serviços. Em muitos casos, produtor.

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Súmula nº 331 -
Contrato de prestação de serviços
É legal contratar mão-de-obra terceirizada? I - A contratação de trabalhadores por
empresa interposta é ilegal, formando-
A Súmula nº 331 do Supremo Tribunal do Trabalho, sobre se o vínculo diretamente com o to-
Contrato de Prestação de Serviços (descrita ao lado), gera dúvidas mador dos serviços, salvo no caso de
entre produtores e tem causado diferentes interpretações até mes- trabalho temporário (Lei nº 6.019, de
mo entre magistrados. 03.01.1974).
Segundo o ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho II - A contratação irregular de trabalha-
(TST) e ex-ministro do Trabalho, Dr. Almir Pazzianotto Pinto, em dor, mediante empresa interposta, não
palestra proferida no dia 17 de abril de 2008 em Leme (SP), gera vínculo de emprego com os ór-
o inciso I da Súmula nº 331, que diz que a contratação gãos da administração pública direta,
por empresa interposta é ilegal, configurando-se vínculo indireta ou fundacional (art. 37, II, da
empregatício com o contratante da empresa (tomador do CF/1988).
serviço), de certa forma, se contradiz com o inciso III da
III - Não forma vínculo de emprego com
mesma Súmula, que diz que não forma vínculo empre-
o tomador a contratação de serviços de
gatício a contratação de serviços de vigilância limpeza
vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983)
e ligados a atividade-meio do tomador. De acordo com
e de conservação e limpeza, bem como
o ex-presidente do TST, não há nada na lei que defina o
a de serviços especializados ligados à
que é atividade meio ou fim, ficando a cargo dos juízes a
atividade-meio do tomador, desde que
interpretação do fato.
inexistente a pessoalidade e a subordi-
nação direta.
IV - O inadimplemento das obrigações
trabalhistas, por parte do empregador,
implica a responsabilidade subsidiá-

Terceirizar é legal? ria do tomador dos serviços, quanto


àquelas obrigações, inclusive quanto
A contratação de empresas pres- artigo 9º da Consolidação das Leis Traba- aos órgãos da administração direta, das
tadoras de serviços é juridicamente lhistas (CLT): “serão nulos de pleno direi- autarquias, das fundações públicas, das
aceita. Contudo, a legislação traba- to os atos praticados com o objetivo de empresas públicas e das sociedades de
lhista referente à mão-de-obra uti- desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação economia mista, desde que hajam parti-
lizada pelas empresas que prestam dos preceitos contidos na CLT.” cipado da relação processual e constem
serviço terceirizado é de difícil inter- O produtor que queira terceiri- também do título executivo judicial (art.
pretação. Uma das grandes discussões zar algumas atividades da produção, 71 da Lei nº 8.666, de 21.06.1993).
sobre o tema é se o vínculo emprega- deve buscar no mercado uma empre-
Fonte: Tribunal Regional do Trabalho/SP (grifos
tício se configura entre o trabalhador sa parceira, idônea, que venha a esta- dos autores da matéria)
Disponível em: http://www.trt02.gov.br/geral/
e a empresa que presta serviço – e belecer uma relação de colaboração e tribunal2/tst/Sumulas.htm#331
oficialmente o contrata – ou se entre aumento da sua competitividade, sem
o trabalhador e o produtor rural que que isso constitua fraude ao contrato
terceirizou determinada atividade. de trabalho. A terceirização é uma al-
Para responder a esse impasse, um ternativa necessária à competitivida-
dos principais critérios é analisar quem dá de do produtor, independentemente
ordens ao trabalhador: se o prestador de das discussões sobre sua regulamen-
serviços ou se o produtor que contratou a tação. Essa modalidade continuará a
empresa. A terceirização da mão-de-obra avançar e deve forçar os legisladores
não pode ser simplesmente um artifício a discutir o tema, buscando alterna-
utilizado pelo empregador para não con- tivas para organização dos serviços
tratar em carteira, conforme descrito no terceirizados na área rural.

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É necessário legalizar o trabalho temporário

É necessário que se discutam alternativas de burocracia. O produtor deve se interar de todos os


legalização da mão-de-obra temporária na hortifru- seus direitos e deveres quanto à contratação do tra-
ticultura. Essa discussão deve envolver todos: em- balhador temporário, bem como se informar sobre
pregados, produtores e legisladores. A terceirização novas organizações de trabalho.
dos serviços na agricultura não deve se concentrar Outro aspecto é cultural, tanto do lado de
apenas na colheita, mas é inegável que esta é uma trabalhador quanto do empregador. Muitos empre-
das etapas da produção hortifru- gadores acreditam que não é
tícola que mais demanda servi- necessário recolher todos os en-
ços temporários. Dessa forma, As leis trabalhistas de- cargos sociais no caso da contra-
essa seria justamente a etapa vem garantir os direitos tação de serviços dos chamados
mais beneficiada pelo avanço de
dos funcionários e serem “diaristas”. Do lado do trabalha-
alternativas de contratação – se- dor temporário, muitas vezes ele
ja via terceirização, condomínio flexíveis para acompa- está recebendo o seguro-desem-
ou contratos de curto prazo. nhar a modernização da prego ou algum benefício social
Ainda que legislação so- agricultura e se recusa a formalizar vínculo
bre terceirização dê margem a empregatício. Esses fatores cul-
várias interpretações, a contra- turais alimentam a informalida-
tação de prestadoras de serviços tem sido uma ne- de do trabalho temporário e coloca em risco tanto o
cessidade dos produtores. Dessa forma, a verifica- empregador quanto o empregado, no caso de even-
ção dessas empresas, tanto na questão do respeito tuais infortúnios como acidentes de trabalho.
às obrigações trabalhistas quanto no treinamento Juntamente com os esforços para se moder-
da mão-de-obra, é prioritária. Somente assim, o se- nizar as relações entre empregados e empregado-
tor poderá ter na terceirização um aliado. res rurais, mantém-se firme o posicionamento de
O fato é que ainda alguns pequenos e mé- absoluta reprovação a práticas como exploração
dios hortifruticultores têm pouca informação sobre da mão-de-obra infantil, relação de trabalho semi-
a legislação trabalhista e grande parte deles tam- escravo e ambientes de trabalho insalubres. Isso é
bém não consegue absorver o custo de contratação condenável e deve ser denunciado por todos os
da mão-de-obra temporária via carteira assinada. agentes de todos os setores do agronegócio que
Assim, as alternativas devem auxiliar a minimizar têm como objetivo o desenvolvimento sustentável
tanto os custos da contratação quanto a reduzir a da agricultura brasileira.

Na hora de terceirizar....
O produtor deve estar atento à idoneidade da empresa contratada e à qualidade dos serviços
oferecidos, como capacitação do pessoal, para que não corra riscos de ter um serviço de má qualida-
de ou que implique em problemas legais. Se a empresa prestadora não cumprir com suas obrigações
trabalhistas, o produtor terá de responder por estas.
Deve buscar a integração da mão-de-obra contratada por sua empresa e de máquinas próprias
com os serviços terceirizados.
Precisa observar que, mesmo com a contratação de serviços, em al-
guns casos, ainda será necessário manter uma estrutura mínima de máquinas
próprias.
O sucesso das prestadoras de serviço tem se baseado na oferta de opera-
ções com qualidade e preços razoáveis. Procure empresas com esse perfil.

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