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Rio de Janeiro
Janeiro de 2018
Panorama da aplicação de sistemas de gestão de segurança e saúde do trabalho na construção
civil
Examinado por:
______________________________________________
Profª. Alessandra Conde de Freitas
______________________________________________
Profª. Ana Catarina Jorge Evangelista
______________________________________________
Prof. Jorge dos Santos (orientador)
______________________________________________
Prof. Wilson Wanderley da Silva
RIO DE JANEIRO
Janeiro de 2018
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Santiago, Victor Iglesias Quitério.
84 p.
Orientador: Jorge dos Santos
Projeto de graduação – UFRJ/ Escola Politécnica / Curso
de Engenharia Civil, 2017.
Referências bibliográficas: p. 80-84.
1. Introdução. 2. Segurança e Saúde na Construção Civil
3. Requisitos Legais de SST aplicados a Construção Civil.
4. Modelos de Conformidade de Gestão de SST. 5.
Metodologia de Implantação SST: Aspectos Técnicos e
Práticos. 6. Panorama de Sistemas de Gestão de SST
aplicados a Construção Civil. 7. Conclusões
I. Jorge dos Santos. II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.
Panorama da aplicação de sistemas de gestão de segurança
e saúde do trabalho na construção civil
iii
AGRADECIMENTOS
Aos meus amigos externos a faculdade, principalmente minha namorada Isabella, que
me ajudaram a passar por tudo isso, seja ouvindo minhas reclamações ou me ajudando a levar
a faculdade com menos stress e preocupações. Durante esses 5 anos vocês me ajudaram a ter
uma vida melhor e a perceber que nossa vida não faz sentido se não tiver com quem
compartilhar os momentos bons e ruins.
Aos meus amigos da faculdade, sejam os da carona, que fizeram minhas viagens ao
fundão muito mais divertidas, sejam os do mesmo curso, que através do trabalho em equipe e
da ajuda mútua conseguimos chegar ao fim dessa trajetória chamada graduação. Nesse
ambiente conheci pessoas incríveis com que espero manter o contato, tanto para fins pessoais,
como profissionais. Em especial, dedico minha graduação a um amigo incrível chamado
Gustavo Barud que me fez enxergar a vida de outra forma, mas infelizmente não está aqui
para presenciar esse momento que seria dele também.
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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Janeiro/2018
No Brasil o setor de construção civil ainda é visto por muitos como rudimentar e
composto majoritariamente de trabalhos exaustivos e altos riscos quanto a acidentes. Tal visão
pode ser justificada devido à baixa qualificação profissional exigida para a maioria dos cargos
no setor, ao modo mais artesanal de construção usualmente adotado no país, as condições
mais precárias nos ambientes de trabalho e aos vários riscos associados ao trabalho realizado.
Indo contra essa imagem, empresas estão adequando-se de forma a reduzir o número de
acidentes através da implantação de sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho.
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SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... IV
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1
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6.2 EMPRESAS CERTIFICADAS E CERTIFICADORAS ........................... 69
6.3 GESTÃO DE SST EM EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL ............ 70
6.4 RELATO DE SITUAÇÃO DE SST EM OBRA DE EDIFICAÇÃO
COMERCIAL .................................................................................................... 73
6.4.1 DESCRIÇÃO DA EMPRESA .................................................................. 73
6.4.2 DESCRIÇÃO DA OBRA ......................................................................... 74
6.4.3 MEDIDAS DE SST ADOTADAS E OBSERVAÇÕES DIÁRIAS ........... 74
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 77
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LISTA DE FIGURAS
Figura 6 - Fluxograma Gestão de SST Tradicional (Fonte: Elaborado pelo autor, 2018)33
Figura 7 - Fluxograma Gestão de SST Proposto Atual (Fonte: Elaborado pelo autor, 2018)
........................................................................................................................................ 34
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Quadro de dias perdidos de trabalho devido a acidentes de trabalho (Fonte: Santana
Tabela 2 - Quadro de despesas mensais com benefícios por AT não fatais (Fonte: Santana et
Tabela 8 - Evolução da Integração dos Sistemas de Gestão (Fonte: Elaborado pelo autor)
........................................................................................................................................ 40
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Tabela 9 - Etapas de Execução de APR (Fonte: Esteves, 2017) .................................... 46
Tabela 12 - Categoria de Severidade das Consequências dos Cenários (Fonte: Esteves, 2017)
........................................................................................................................................ 48
Tabela 16 - Média de todas as atividades executadas por porte de obra (Fonte: Costella et al,
2014) ............................................................................................................................... 65
Tabela 17 - Ítens de menor cumprimento da NR-18 (Fonte: Adaptado de Costella et al, 2014)
........................................................................................................................................ 66
Tabela 18 - Ítens de maior cumprimento da NR-18 (Fonte: Adaptado de Costella et al, 2014)
........................................................................................................................................ 67
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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
BS – Britsh Standard
MT – Ministério do Trabalho
NR – Normas Regulamentadoras
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Sampaio (2015), a construção civil no Brasil sempre foi tratada como
subeconomia pelo governo, clientes e pelos construtores. Esse conceito deve-se, em parte, ao
fato do setor ter adotado, ao longo dos anos, poucas ações preventivas no aspecto gerencial,
mesmo sendo este um dos responsáveis pela criação de milhares de empregos diretos e
indiretos, além de representar para uma grande parte da população, o seu maior sonho: a casa
própria.
Saurin (2002) destaca algumas características diferenciadas que contribuem para a
ocorrência de incidentes na construção civil, sendo elas: Caráter temporário dos locais de
trabalho, uso extensivo de mão de obra migrante, grande número de empresas de pequeno
porte, uso extensivo de subcontratação de mão de obra, efeitos do clima, alta rotatividade de
mão-de-obra, baixa condição social dos trabalhadores, não consideração de custos com
segurança no orçamento e os pagamentos por tarefas, objetivando a redução de prazos e
desconsiderando o desempenho em termos de segurança.
Aliados as características dos trabalhadores, podem-se acrescentar as características
rudimentares das atividades desenvolvidas e a falta de crença no potencial real dos riscos que
se apresentam. As características anteriores citadas aliadas a falta de cultura de implantação
de sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho (SST) geram índices negativos como
alta taxa de letalidade e mortalidade relacionadas a acidentes de trabalho.
1.2 OBJETIVO
Por fim, após visitas a obra o autor relata experiências relacionadas à SST vividas em um
canteiro de obra em uma cidade no interior do estado do Rio de Janeiro.
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Na última década o país recebeu grandes eventos, dentre eles: Jogos Panamericanos,
Copa do Mundo e Olimpíadas, que alavancaram o setor de construção civil, não só pelas
obras diretamente relacionadas aos eventos, como parques olímpicos e estádios, como
também obras de infra-estrutura para que as cidades contempladas com os eventos tivessem
alguma capacidade para recebê-los. Aliado a esse “boom” de obras públicas, houve a
especulação imobiliária que estimulou a criação de diversos empreendimentos (comerciais e
residenciais) em um curto espaço de tempo. Esse excesso de obras civis evidenciou
necessidades, antes não tão aparentes, relacionadas à segurança do trabalho.
O tema Engenharia de Segurança no Trabalho ainda não é muito bem abordado nos
meios universitários, tendo vista a pequena quantidade de disciplinas disponíveis para tal
assunto. O exemplo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, faculdade bem avaliada com
conceito 4 no Enade de 2014 (INEP, 2014), que conta apenas com uma disciplina eletiva que
aborda o assunto de maneira mais aprofundada, evidencia a falta de ênfase no assunto que é
de suma importância na atualidade.
Tendo vista o alto custo para contratação de profissionais de segurança e saúde e a não
atualização constante de muitos profissionais da construção civil, geram-se inúmeras obras de
menor porte com pouco ou nenhum controle de gestão de SST.
1.4 METODOLOGIA
A fim de alcançar os objetivos propostos, inicialmente o tema foi estudado de forma mais
abrangente a fim de se conhecer melhor o assunto e observar possíveis tendências do setor
quanto ao uso de sistemas de gestão. Em seguida, criou-se uma linha de raciocínio para
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melhor desenvolvimento das ideias e norteamento dos assuntos a serem pesquisados mais
afundo.
Após a consolidação da ideia principal, iniciou-se a pesquisa de dados estatísticos e
fontes bibliográficas para embasamento dos argumentos apresentados.
Por fim, analisaram-se qualitativamente e quantitativamente as informações pesquisadas
para se obter um panorama da situação atual das aplicações de sistemas de gestão de
segurança e saúde no setor de construção civil.
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criação até as fases de execução e análise de resultados. Em seguida, com base em estatísticas
de outros trabalhos científicos, foram abordados os indicadores e dificuldades para
implementação de SST em obras de construção civil.
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De acordo com Robbins (2006), Maslow formula a hipótese de que dentro de cada ser
humano existe uma hierarquia de cinco necessidades. São elas: fisiológicas, de segurança,
sociais, de estima e de auto-realização. As necessidades fisiológicas referem-se a necessidades
do corpo (fome, sede, abrigo...) e segurança refere-se à segurança e proteção contra danos
físicos e emocionais.
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b. ACIDENTES DE TRABALHO.
Acidente de trabalho é um conceito definido pela lei geral da Previdência Social (Lei
8213/1991) em que:
Gestão é uma ação humana intencional, isto é, vinculada a um objetivo, e pode ser
aleatória ou sistematizada (Trivelato, 2013). Tais ações têm riscos associados, resultados das
incertezas dos objetivos. Se feita de forma sistematizada, institui-se um sistema de gestão.
Como formas de auxílio à tomada de decisões existem ferramentas de sistemas de gestão que
permitem visualização mais clara e proporciona escolhas mais racionais e planejadas, o que
minora a probabilidade de imprevistos.
O setor da Indústria da Construção Civil (ICC) sempre foi marcado pela alta taxa de
informalidade e baixo nível de instrução da maioria dos funcionários envolvidos. Também se
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As figuras 3 e 4 são fotos tiradas por Lewis H. Hine durante a construção do Empire
State. As imagens refletem o perigo diário e falta de medidas de segurança vividas pelos
funcionários da época, visto que não existem equipamentos de proteção coletiva,
equipamentos de proteção individual (EPI), dentre outras medidas preventivas. Tais situações
eram recorrentes devido à falta de informação e medidas reguladoras. Atualmente, em regiões
menos fiscalizadas, ainda ocorrem situações semelhantes.
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Comissão tomou por base para a discussão o projeto que havia sido apresentado pela
delegação inglesa, o qual dispunha sobre a criação de um organismo tripartite, constituído de
representantes governamentais, patronais e operários, que votariam individualmente e
independentemente. No dia 24 de março de 1919 o projeto aprovado pela conferência, mas
com pequenas alterações, passou a constituir a Parte XIII do tratado de Versailles. Em seguida
a Conferência adotou o texto completo do Tratado da Paz, em que sua primeira sessão tinha
como título a OIT. Vale ressaltar que, de acordo com o art. 387 do Tratado de Versailles, são
membros fundadores da OIT todos os 29 países signatários do pacto e que o ratificaram,
dentre eles o Brasil.
Pouco antes da fundação da OIT, no Brasil, no dia 15 de janeiro de 1919 a legislação
brasileira começou a abordar a Saúde e Segurança no Trabalho através do Decreto nº 3.274,
que será abordado no item 3.1. Também no item 3.1 há a evolução da legislação de Saúde e
Segurança no Brasil, detalhando as etapas que culminaram nas atuais Normas
Regulamentadoras (NR).
Apenas em 08/06/78 a Portaria 3.214 do Ministério do Trabalho e Emprego aprova as
Normas Regulamentadoras (NR). Inicialmente foram 28 normas. Posteriormente, a partir de
novas demandas de regulamentação, criaram-se outras 8 NR‟s (NR-29 a NR-36). Vale
destacar que as NR‟s são regularmente atualizadas conforme demanda e aprovação pela
comissão Tripartide, a exemplo das NR-1, NR-5 e NR-18, ou mesmo revogadas, como a NR-
27. Mais detalhes sobre as NR‟s são abordados no item 3.1 do presente trabalho.
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Vale destacar que os dados levantados pela FUNDACENTRO são resultado de acidentes
notificados. De acordo com Benite (2004), devido à existência de uma cultura de
subnotificação no Brasil, os números podem ser bem maiores. Nesse sentido, algumas
características específicas das legislações contribuem para a subnotificação por não exigirem
notificação de diversos acidentes relacionados ao trabalho, como o que ocorre no Brasil em
relação aos acidentes envolvendo trabalhadores informais e outros contratados de formas
alternativas, como as que ocorrem na área rural entre cooperados e autônomos.
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De acordo com Pastore (2011), estima-se que a sociedade brasileira gastou em torno de
71 bilhões de reais com acidentes e doenças no trabalho frente aos 800 bilhões pagos em
salários no mesmo ano (em torno de 9%). Desses 71 bilhões, 41 bilhões foram oriundos de
gastos das empresas, resultados de: tempo perdido com acidentes e doenças, as despesas com
os primeiros socorros, a destruição de equipamentos e materiais, a interrupção da produção, o
retreinamento de mão de obra, a substituição de trabalhadores, o pagamento de horas-extras, a
recuperação dos empregados, os salários pagos aos trabalhadores afastados, as despesas
administrativas e os gastos com medicina e engenharia de reparação. Além desses, Pastore
destaca que existem custos menos óbvios como adicional que trabalhadores exigem para
trabalhar em condições perigosas. Os governos estabelecem hierarquias de riscos nas diversas
empresas que, por sua vez, implicam em pagamento de prêmios mais altos nos seguros de
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Tabela 1- Quadro de dias perdidos de trabalho devido a acidentes de trabalho (Fonte: Santana et al., 2015)
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Os valores indicados na coluna denominada “valor mensal” são relativos à média mensal
gasta com acidentes de trabalho para o setor no ano em questão (1/12 do valor anual). Na
coluna denominada “mediana por benefício mensal” os valores indicados correspondem a
mediana dos valores desempenhados a indenização de um trabalhador por mês devido a
acidentes de trabalho não fatais no setor. Valores gastos com indenizações por acidentes fatais
não estão incluídos na tabela.
Vale destacar que, similar a tabela de dias perdidos por acidentes de trabalho, a tabela
com gastos relativos à acidentes de trabalho não fatais corresponde apenas a parcela segurada
que trabalha com registro formal. Outro fator importante a ser observado é que, de acordo
com estudos realizados em 2007 por Santana et al, esses valores correspondem apenas a 17%
das despesas, visto que em torno de 70,5% das despesas foi de responsabilidade da família do
acidentado.
De acordo com Iriart et al (2008), para os trabalhadores da construção civil, a consciência
dos riscos de acidentes presentes no trabalho é muito forte. Foram identificados riscos
diversos, tais como: ser atingido por objetos, carregar peso, contato com substâncias tóxicas e
objetos perfurocortantes, além do risco de queda. Entre os problemas de saúde decorrentes do
trabalho, foram citados os de coluna, os respiratórios em consequência da inalação de poeira e
cheiro de tinta, hérnia, dores musculares, dores nas pernas e corrosão das mãos na
manipulação de cimento. Outros riscos citados foram trabalhar em ambiente insalubre e em
local inseguro (sujeito a deslizamento de terra). No entanto, o risco de acidente no trabalho na
construção civil é percebido como intrínseco à ocupação, o que leva alguns trabalhadores a
naturalizá-lo. A distinção feita entre acidentes de trabalho “graves” e acidentes ditos
“normais” remete à naturalização dos pequenos acidentes e incidentes que ocorrem no dia-a-
dia, tais como “arranhões, marteladas e talhozinhos”. De acordo com o autor, para os
trabalhadores o acidente, para ser considerado “grave”, tem que impedir o trabalhador de
continuar desempenhando sua atividade.
A fim de melhorar as estatísticas e auxiliar empresas e trabalhadores quanto ao
cumprimento dos requisitos para que se tenham condições de saúde e segurança na ICC, ações
são tomadas por meio do sistema tripartite no Brasil. De acordo com Júnior et al (2005), as
principais ações na área de segurança e saúde no trabalho na indústria da construção no Brasil
são:
a) Ações de organizações empresariais realizadas por meio das instituições:
a.1) Confederação Nacional das Indústrias;
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Em 01/05/43 a CLT foi aprovada pelo decreto Lei n°5452. Em seu Título II, capítulo V,
aborda o tema Higiene e Segurança no Trabalho e especifica medidas que devem ser adotadas
em relação ao ambiente e condições de trabalho, visando melhores condições aos
trabalhadores. Em 22/12/77 a Lei n° 6514 modificou o Capitulo V do Título II da CLT.
Em 10/11/44 institui-se o Decreto Lei n° 7036, que a partir do título II, capítulo V da
CLT, objetiva maior entendimento à matéria e agiliza a implementação dos dispositivos
referentes a Segurança e Higiene do Trabalho, além de garantir a “Assistência Médica,
hospitalar e farmacêutica” aos acidentados e indenizações por danos pessoais por acidentes.
Este Decreto Lei, em seu artigo 82 criou a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes). Tal lei foi revogada pela Lei nº 6.367, de 1976.
NR - 9 - Riscos Ambientais
NR - 10 - Instalações e Serviços de Eletricidade
NR - 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais
NR - 12 - Máquinas e Equipamentos
NR - 13 - Vasos Sob Pressão
NR - 14 - Fornos
NR - 15 - Atividades e Operações Insalubres
NR - 16 - Atividades e Operações Perigosas
NR - 17 - Ergonomia
NR - 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (Revisada
em 4 de julho de 1995).
NR - 19 - Explosivos
NR - 20 - Combustíveis Líquidos e Inflamáveis
NR - 21 - Trabalhos a Céu Aberto
NR - 22- Trabalhos Subterrâneos
NR - 23 - Proteção Contra Incêndios
NR - 24 - Condições Sanitárias dos Locais de Trabalho
NR - 25 - Resíduos Industriais
NR - 26 - Sinalização de Segurança
NR - 27 - Registro de Profissionais (Revogada pela Portaria n.º 262, 29/05/2008)
NR - 28 - Fiscalização e Penalidades.
NR - 35 - Trabalho em Altura
Dentre as leis anteriormente citadas, cabe aos responsáveis pela gestão de Segurança e
Saúde o entendimento do empreendimento em construção e a partir disso aplicar as leis e
normas demandadas para cada tipo de serviço e etapa da obra.
Das NR‟s descritas, podem-se destacar as NR-18 e NR-35 como as relacionadas mais
intrinsecamente com a Construção Civil, visto que tratam de Condições e Meio Ambiente de
Trabalho na Indústria da Construção e Trabalho em Altura (acima de 2m do nível inferior,
onde haja risco de queda), respectivamente.
Como o próprio texto da NR-18 explica, esta norma “estabelece diretrizes de ordem
administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas
de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio
ambiente de trabalho na Indústria da Construção”. Tal norma, além de ter exigências próprias
relacionadas exclusivamente IC, também cita outras NR‟s que devem servir de parâmetros
para outras atividades, como exemplificado abaixo retirado do item 18.6.16 da NR-18:
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NBR 7195 – Cores para Segurança: Elaborada em junho de 1995, esta Norma estabelece
as cores que devem ser usadas para prevenção de acidentes, empregadas para identificar de
advertir riscos. No entanto, a indicação dos riscos por meio de cores não dispensa o emprego
de outras formas de prevenção de acidentes, explicitando que outras normas devem ser
consultadas em parcimônia.
NBR 7678 – Segurança na execução de obras e serviços de construção: Elaborada em
janeiro de 1983, esta Norma estabelece as condições exigíveis de segurança e higiene em
obras e serviços de construção e os procedimentos e medidas, de caráter individual e coletivo,
para manutenção dessas condições na execução de tarefas específicas. Também explica em
seu objetivo que tem com finalidade servir às autoridades que tenham jurisdição sobre
trabalhos da ICC, de um modo geral e aos interessados na prevenção de acidentes de trabalho.
NBR 12284 – Áreas de vivência em canteiros de obras – Procedimento: Elaborada em
setembro de 1991, esta Norma estabelece os critérios mínimos para a permanência de
trabalhadores nos canteiros de obras (alojados ou não). Nela constam características físicas
das áreas de vivência, desde as dimensões mínimas para cada ambiente até os materiais
especificados para cada ambiente, dispositivo, dentre outros.
NBR 12543 – Equipamentos de proteção respiratória – Terminologia: Elaborada em
setembro de 1999, esta Norma define os termos empregados em equipamentos de proteção
respiratória, bem como os necessários à sua seleção e uso, e classifica os riscos respiratórios
onde o uso de equipamentos de proteção respiratória pode ser necessário, e os equipamentos
de proteção respiratória de acordo com seu projeto.
NBR 14280 – Cadastro de acidente do trabalho – Procedimento e classificação:
Elaborada em fevereiro de 2001, esta norma estabelece critérios para registro, comunicação,
estatística, análise e investigação de acidentes do trabalho, suas causas e conseqüências,
aplicando-se a quaisquer atividades laborativas.
NBR 14787 – Espaço confinado – Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de
proteção: Elaborada em dezembro de 2001, esta norma estabelece os requisitos mínimos para
a proteção dos trabalhadores e do local de trabalho contra os riscos de entrada em espaços
confinados. Em suas referências, cita as NR-7 e NR-15, já citadas anteriormente no presente
trabalho.
NBR NM 213-2 – Segurança de máquinas – Conceitos fundamentais, princípios gerais de
projeto – Princípios técnicos e especificações: Elaborada em janeiro de 2000, esta norma
define princípios técnicos e especificações destinadas a auxiliar os projetistas e os fabricantes
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consolidação técnica e social de suas iniciativas. Sua função oficial segue atribuições
definidas por lei que o tornam representante legal das empresas de Construção no Estado do
Rio de Janeiro e interlocutor das empresas da ICC do Estado do Rio de Janeiro com o
pela análise dos assuntos referentes à política de relações do trabalho no setor da construção
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civil. Dentre os guias produzidos pelo Comissão de Política e Relações do Trabalho podem-se
destacar os seguintes relacionados à Segurança e Saúde na IC: Guia para gestão de segurança
nos canteiros de obra; Guia orientativo de incentivo a formalidade; Guia orientativo áreas de
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A OIT foi criada em 1919, como parte do tratado de Versalhes. É a única das agências do
Sistema das Nações Unidas com uma estrutura tripartite, composta de representantes de
governos e de organizações de empregadores e trabalhadores. A OIT tem dentre outras
responsabilidades, formular e aplicar normas internacionais do trabalho (convenções e
recomendações). (OIT, 2017)
Algumas das funções fundamentais da OIT são a elaboração, adoção, aplicação e
promoção das Normas Internacionais do Trabalho, sob a forma de convenções, protocolos,
recomendações, resoluções e declarações. Todos estes instrumentos são discutidos e adotados
pela Conferência Internacional do Trabalho, órgão máximo de decisão da OIT, que se reúne
uma vez por ano. (OIT, 2017)
As convenções e protocolos são tratados internacionais que definem padrões e pisos
mínimos a serem observados e cumpridos por todos os países que os ratificam. A ratificação
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Tabela 3 - Total de Inspeções Realizadas em SST - Brasil - Janeiro a Novembro de 2016 (Fonte: MT, 2017).
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Ind. Metal 2.727 729.094 1.815 4.187 179 115
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Como detalhado no item 3.1 do presente trabalho, a partir de 1919 surgiram leis que
citavam SST, e com isso, necessidades das empresas de se adequarem ao tema em questão.
Posteriormente na década de 40 surgiu a CLT com exigências relativas à Segurança e Higiene
no Trabalho e obrigações do empregador quanto aos trabalhadores acidentados, seja por meio
de assistência médica, hospitalar e farmacêutica ou por meio de indenizações por danos
pessoais por acidentes. A partir da década de 70, com a criação de grandes obras como a
Hidrelétrica de Itaipu, foi intensificada a preocupação por parte dos órgãos regulamentadores
criando-se as NR‟s e programas obrigatórios relacionados à SST.
Em 1999, com base na BS 8800, foi lançada a “OHSAS 18001 – Sistemas de gestão de
saúde e segurança no trabalho – Requisitos” que, de acordo com Araújo et al (2007), surgiu
do anseio da sociedade em obter parâmetros para a comparação de suas organizações. Dentre
os seus objetivos está o de eliminar a confusão dentro dos locais de trabalho dado à
proliferação de especificações certificáveis em SST (CAPONI, 2004). De acordo com o texto
da própria OHSAS 18001, essa norma e a OHSAS 18002 (Diretrizes para implementação da
OHSAS 18001, detalhada no item 5 do presente trabalho) “foram desenvolvidas para
responder a urgente necessidade sentida pelos interessados na existência de uma norma de
sistemas de gestão de SST reconhecível e em relação a qual os seus sistemas de gestão se
possam avaliar e certificar”.
Vale destacar que a OHSAS 18001 passou por atualizações até a sua última versão
lançada em 2007. Em seu texto a OHSAS 18001:2007 destaca que foi desenvolvida para ser
compatível com as normas de gestão ISO 9001:2000 e ISO 14001:2004, a fim de facilitar a
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Modelos mais atuais de gestão não devem ter como objetivo apenas atender às exigências
legais, mas, a partir delas, instituir uma cultura de prevenção de acidentes de trabalho que
garanta a segurança e a integridade dos trabalhadores, podendo desencadear, como
consequência, o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade dos serviços. (Benite,
2004). A afirmação de Benite justifica-se através do pensamento sistêmico de como
funcionariam a criação de novas normas, e seguindo sua ideia, estar “um passo a frente”
através da cultura prevencionista, como exemplificado nas figuras 6 e 7.
Figura 6 - Fluxograma Gestão de SST Tradicional (Fonte: Elaborado pelo autor, 2018)
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Figura 7 - Fluxograma Gestão de SST Proposto Atual (Fonte: Elaborado pelo autor, 2018)
Dos modelos tradicionais existentes, podem-se destacar os feitos com base nos requisitos
inicialmente abordados pela norma BS 8800, seguido da OHSAS 18001.
A norma BS 8800 propõe a composição de um sistema de gestão de SST através de
requisitos, no entanto não estabelece critérios de desempenho ou especificações detalhadas do
sistema. Como os requisitos são descritos de forma geral, torna a norma aplicável a diferentes
tipos de organização, que criariam sistemas obedecendo a esses requisitos, mas adaptados as
suas realidades. Na tabela 4 está descrita a lista de requisitos estabelecidos pela BS 8800.
Tabela 4 - Requisitos da norma BS-8800 (Fonte: Benite, 2004)
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De acordo com Benite (2004), a BS 8800 não permite que as empresas obtenham a
certificação de seus sistema de gestão de SST por meio de auditorias de organismos
certificadores, pois é composta por um conjunto de orientações e recomendações, não
estabelecendo requisitos auditáveis. Com isso, organismos certificadores e entidades
normalizadoras passaram a desenvolver normas para fins de certificação.
Em 1999, com o objetivo de substituir todas as normas e guias desenvolvidos
anteriormente por uma norma de utilização internacional, a British Standards Institution junto
de diversos organismos certificadores internacionais desenvolveu e aprovou a norma OHSAS-
18001. De acordo com Benite (2004), a OHSAS-18001 foi desenvolvida em um curto espaço
de tempo (nove meses) e tomou como base a norma BS-8800, visto que já se encontrava
disseminada e implementada em um grande número de empresas no mundo. Na tabela 5 está
descrita a lista de requisitos estabelecidos pela OHSAS-18001.
Tabela 5 - Requisitos da OHSAS-18001:2007 (Fonte: Elaborado pelo autor, 2018)
De acordo com a OHSAS-18001 foi desenvolvida com base no ciclo PDCA, como
explicitado em nota na norma:
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Cada cláusula tem seus respectivos subitens com suas características específicas. A
correta organização das informações requeridas em cada uma dessas cláusulas permite a
interação de diferentes sistemas de gestão de forma que um não sobreponha o outro, o que
gera melhores resultados em escala. Além da complementação dos sistemas de gestão, o
anexo SL permite maior agilidade quanto à extração de informações de cada norma para seu
correto funcionamento.
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Tabela 8 - Evolução da Integração dos Sistemas de Gestão (Fonte: Elaborado pelo autor)
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Visto que a ISO-45001 ainda está em desenvolvimento e tem lançamento recente de sua
versão prévia, é abordado nessa etapa do trabalho a OHSAS-18001 para análise de requisitos
e aspectos técnicos relacionados à implantação de um sistema de gestão de SST, pois já é
amplamente usado pelas empresas e ainda é reconhecida para fins de certificação.
Vale destacar que ambas as Normas serão válidas somente até o lançamento da ISO-
45001, que as substituirá, como relatado no prefácio de ambas as normas:
“Esta norma OHSAS será retirada de circulação quando da publicação de seu conteúdo
em, ou como, normas internacionais.”
Para determinar como o sistema de gestão de SST atenderá aos requisitos da OHSAS
18001, é recomendado que a organização considere as condições e os fatores que afetam, ou
poderiam afetar a segurança e a saúde das pessoas, quais políticas de SST são necessárias e
como fará a gestão de seus riscos de SST. Para que isso ocorra, deve ser feita uma análise
crítica inicial.
A OHSAS 18002 sugere uma análise crítica inicial com o objetivo de se obter todos os
riscos de SST enfrentados pela organização. São listados os seguintes itens para a análise
crítica inicial que servirá de base para o estabelecimento de do sistema de gestão de SST:
41
„
a) Requisitos Legais (itens descritos mais adiante como exigidos pelos órgãos
fiscalizadores);
b) Identificação dos Perigos de SST e avaliação dos riscos enfrentados pela organização;
c) Avaliações da SST;
De acordo com Benite (2004), a política de SST é uma carta de intenções, devendo ser
composta por pontos que efetivamente sejam cumpridos pela empresa e que possam ser
evidenciados de maneira clara.
Ainda de acordo com OHSAS-18001, a política de SST deveria ser consistente com a
visão de futuro da organização e ser realista, sem exagerar na natureza dos riscos que a
organização enfrenta, nem considerá-los triviais.
42
„
e) Requisitos legais e outros subscritos pela organização, relacionados aos seus perigos de
SST;
5.2.3. PLANEJAMENTO
43
„
sistema de gestão, mas deve ser atualizado periodicamente para que se obtenha melhoria
contínua.
Os procedimentos de identificação de perigos e avaliação de riscos devem levar em
consideração:
a) Atividades de rotina e de não rotina;
b) Atividades de todas as pessoas que tenham acesso aos locais de trabalho, incluindo
terceirizados e visitantes;
c) Comportamento humano, grau de capacitação e outros fatores humanos;
d) Perigos identificados como originados fora do local de trabalho, mas que são capazes
de afetar de alguma forma a segurança e a saúde das pessoas sob controle da organização no
local de trabalho;
e) Perigos criados na vizinhança do local de trabalho por atividades relacionadas com o
trabalho sob o controle da organização. Tais perigos podem ser evidenciados também através
de outros sistemas de gestão, como o de Gestão Ambiental, por exemplo, destacando
novamente a importância da integração dos sistemas de gestão;
f) Infraestruturas, equipamentos e materiais nos locais de trabalho, sejam eles fornecidos
pela organização, sejam por terceiros;
g) Alterações efetivas ou propostas na organização, nas suas atividades ou materiais,
evidenciando a necessidade de atualização constante do sistema, como descrito acima em
relação ao ciclo PDCA.
h) Modificações do sistema de gestão de SST, incluindo alterações temporárias e os seus
impactos nas operações, processos e atividades. Tal tópico remete a possíveis alterações em
outros sistemas, como o sistema de gestão de qualidade, por exemplo, o que evidencia
novamente vantagens no uso de sistemas de gestão integrada.
i) Qualquer obrigação legal aplicável relacionada com a avaliação de riscos e com a
implementação das medidas de controle necessárias.
j) Concepção de áreas de trabalho, processos, instalações, máquinas e equipamentos,
procedimentos operacionais e organização do trabalho. Como no ambiente do canteiro de
obras esses itens sofrem modificações constantes, é necessário que sejam feitas atualizações
constantes nos sistemas, remetendo novamente a necessidade de reavaliação do sistema em
várias etapas da obra.
44
„
analisada. A técnica aplicada possui um formato padrão tabular, onde, para cada perigo
identificado, são levantadas suas possíveis causas, efeitos potenciais, medidas de controle
básicas para cada caso, a nível preventivo e/ou corretivo, tanto aquelas já existentes ou
projetadas como aquelas a serem implantadas no estudo efetuado (conforme definições a
seguir). Finalmente, os perigos identificados pela APP são avaliados com relação a sua
freqüência de ocorrência, grau de severidade e nível de suas conseqüências considerando os
potenciais danos resultantes à pessoas, materiais (equipamentos e edificações) e a comunidade
em geral. (Brown, 1998).
De acordo com Cicco (1996) a identificação de perigos e riscos mal planejada, e efetuada
apenas para obedecer a uma imposição burocrática, resulta em um desperdício de tempo, não
traz resultados positivos em relação à SST e podem levar a empresa a se perder em detalhes.
46
„
Quanto à severidade das consequências dos cenários, podem ser classificados a partir da
tabela 12, vinculando os prováveis danos a uma categoria.
47
„
Tabela 12 - Categoria de Severidade das Consequências dos Cenários (Fonte: Esteves, 2017)
Feita a classificação dos riscos, por fim termina-se de preencher a APR com seus
respectivos índices. Também se preenchem as recomendações.
A partir dos resultados da APR o gestor de SST pode optar pelas medidas que serão
adotadas com base em uma ordenação qualitativa dos cenários de acidente, podendo ser
utilizada como um primeiro elemento na priorização das medidas propostas para redução dos
riscos da instalação.
processo, gerando também soluções para os problemas levantados. Seu principal objetivo é a
identificação de potenciais de riscos que passaram desapercebidos em outras fases do estudo
de segurança. O conceito é conduzir um exame sistemático de uma operação ou processo
através de perguntas do tipo “O que aconteceria se ...” e, com isto, permitir a troca de idéias
entre os participantes das reuniões, favorecendo e estimulando a reflexão e a associação
dessas idéias. (BROWN, 1998).
A limitação da técnica se deve algumas vezes aquelas propostas de difícil condição de
realização, quer na prática ou quer economicamente, porém, o julgamento da implementação
de qualquer ação proposta deve ser o do consenso do grupo de análise. A equipe técnica é
multidisciplinar, deve ser composta de técnicos experientes na operação submetida a essa
análise e de um líder experiente na aplicação da técnica, obedecendo a um limite máximo de
seis participantes. As reuniões devem ser realizadas em dias alternados e com duração não
superior a quatro horas cada reunião. As questões devem ser anotadas e enumeradas em uma
planilha de trabalho. Os riscos, causas, consequências, ações existentes e recomendações de
segurança correspondentes a essas questões também devem ser registradas nesta planilha.
Geralmente, o estudo procede desde as entradas do processo até as respectivas saídas. As
questões de segurança também devem ser anotadas durante a análise. Após o registro das
ações a serem tomadas, é efetuado uma avaliação dos potenciais de riscos identificados pela
aplicação da técnica. A implementação dessas ações é priorizada conforme a sua categoria de
risco. (BROWN, 1998).
5.2.3.2.2. Análise de modos de falhas e efeitos (“Fail Mode & Effect Analysis”)
De acordo com Brown (1998), essa técnica permite analisar o modo de falha, ou seja,
como podem falhar os componentes de um equipamento ou sistema, estimar as taxas de
falhas, determinar os efeitos que poderão advir e, consequentemente, estabelecer mudanças a
serem realizadas para aumentar a probabilidade do sistema ou do equipamento em análise
funcione realmente de maneira satisfatória e segura. Os seus principais objetivos são:
a) revisar sistematicamente os modos de falhas de componentes para garantir danos mínimos
ao sistema;
b) determinar os efeitos dessas falhas em outros componentes do sistema;
c) determinar a probabilidade de falha com efeito crítico na operação do sistema;
d) apresentar medidas que promovam a redução dessas probabilidades, através do uso de
componentes mais confiáveis, redundâncias, etc.
49
„
Os principais objetivos do HAZOP (Hazard and Operability Study) são identificar todos
os desvios operacionais possíveis do processo e todos os perigos e/ou riscos associados a
esses desvios operacionais. Essa ferramenta de análise de risco de processos é muito poderosa
no sentido de minimizar ou até eliminar problemas operacionais que tendem geralmente a
conduzir o operador a cometer um erro operacional que, muitas vezes poderá conduzir a um
acidente industrial de graves proporções para o empreendimento industrial. (LAWLEY,
1974).
De acordo com Brown (1998), o HAZOP é elaborado de acordo com as seguintes etapas:
a) Definição de objetivos: Compreende a seleção de unidades de processo a serem estudadas e
definição dos nós de processo para o estudo;
b) Seleção da Equipe técnica: A equipe será formada por técnicos que conheçam ou operem a
unidade objeto do estudo. Para conduzir o HAZOP é necessário haver uma pessoa que lidere a
condução da técnica;
c) Preparação para o estudo: Compreende a coleta de toda informação possível para a
elaboração do HAZOP, inclusive documentos, manuais, desenhos, fluxogramas de processo e
de engenharia;
d) Realização das reuniões técnicas: O HAZOP é elaborado sobre um documento básico que é
o fluxograma de engenharia atualizado. Neste fluxograma são marcados os nós relevantes
para a execução do estudo;
e) Acompanhamento das pendências: As pendências ou dúvidas ocorridas durante as reuniões
de estudo deverão ser esclarecidas na própria reunião ou então, quando não houver tempo
hábil, deverão ser solucionadas fora da reunião e o seu resultado apresentado na próxima
reunião;
f) Registro do estudo em planilhas próprias: Durante as reuniões tanto a condução da técnica
como os seus os resultados deverão ser registrados em planilhas técnicas especialmente
preparadas para o HAZOP;
g) Resultados: Normalmente são apresentados na última coluna da planilha e, também
relacionados à parte, com indicação do responsável para sua implementação, bem como o
prazo para tal.
h) Elaboração e implementação das recomendações de segurança de processo sugeridas pelo
HAZOP;
50
„
5.2.3.3.Gestão de Mudanças
A OHSAS 18002 recomenda que toda mudança que possa afetar ou provocar impactos
nos perigos e riscos levantados pelo sistema de gestão de SST deveria ser controlado e
gerenciado. Para o correto funcionamento do sistema, os perigos e riscos associados a novos
processos e operações, ou mudanças em processos e operações já existentes, deveriam ser
considerados e previstos no estágio de projeto. Para auxiliar esse processo pouco intuitivo, a
OHSAS 18002 sugere alguns questionamentos que devem ser feitos para facilitar a
identificação de possíveis perigos e riscos associados às mudanças que podem ocorrer no
longo prazo.
5.2.3.4.Medidas de Controle.
51
„
52
„
5.2.3.7.Objetivos e Programas.
53
„
Outro fator importante citado pela OHSAS 18002 é o fato de que apesar da pessoa
indicada para ser diretor de SST ser um membro da alta direção, este pode ter suporte de
outras pessoas que tenham responsabilidades relativas a operação global da função SST.
Também indica a necessidade de informar que a SST é de responsabilidade de todos na
organização, visto que se os funcionários assumem responsabilidades de aspectos de SST
sobre os quais tem controle, colabora positivamente considerando não só sua segurança como
a de outras pessoas.
54
„
procedimentos, desde itens essenciais na sua estruturação, até as partes envolvidas em sua
criação.
Também devem ser criados procedimentos para a participação dos trabalhadores. A
OHSAS 18001 lista os itens exigidos para criação desses procedimentos e exige que os
trabalhadores sejam informados sobre esses mecanismos, incluindo quem são seus
representantes em matéria de SST.
55
„
a) Documentos Internos
São os documentos do SGSST gerados pela empresa. São considerados documentos internos
aqueles desenvolvidos para atender aos requisitos legais relativos a legislação nacional,
estadual e municipal e aos requisitos da norma OHSAS 18001:
a.1) Manual do SGSST
Contendo a descrição da Política e dos objetivos de SST da empresa e dos demais
elementos do SGSST.
a.2) Procedimentos sistêmicos
Deve ser emitido um procedimento sistêmico para cada requisito da OHSAS 18001.
Naturalmente a quantidade e abrangência dos procedimentos sistêmicos de SST são
estabelecidas em função do porte e da complexidade dos processos de cada empresa. De
forma geral os SGSST contém os seguintes procedimentos sistêmicos:
a.2.1) Procedimento de Identificação de Perigos e Avaliação de Riscos;
a.2.2) Procedimento de Identificação de Requisitos Legais e outros;
a.2.3) Procedimento Objetivos, Metas, Programas e Indicadores de SST;
a.2.4) Procedimento com a Definição da Estrutura Organizacional e Responsabilidades;
a.2.5) Procedimento para Ações Treinamento, Conscientização e Competência;
a.2.6) Procedimento de Segurança de Empreiteiros e Subcontratados;
a.2.7) Procedimento para Identificação das Partes Interessadas, Consulta e Comunicação.
a.2.8) Procedimento de Controle de Documentos Internos, Externos e Registros.
a.2.9) Procedimento de Gestão de Trabalho Seguro (com a definição da sistemática de
gestão de trabalho seguro a análise de risco e autorização dos trabalhos);
a.2.10) Procedimento de Preparação e Atendimento a Emergências;
a.2.11) Procedimento de Monitoramento e Medição de Processos do SGSST;
a.2.12) Procedimento Não-Conformidades e Implantação de Ações Corretivas e
Preventivas;
a.2.13) Procedimento de Investigação e Registro de Acidentes do Trabalho.
a.2.14) Procedimento de Auditorias de SST;
a.2.15) Procedimento de Análise Crítica do SGSST pela Diretoria.
a.3) Procedimentos operacionais
Os procedimentos operacionais contém diretrizes para disciplinar a execução e o controle
das atividades obedecendo diretrizes para a manutenção do pensamento e da prática seguros.
Normalmente as empresas estabelecem procedimento operacional para cada processo ou
56
„
atividade cujo grau de risco tenha sido classificado como moderado e substancial ou cuja
cujas peculiaridades de desenvolvimento assim o requeira. Os procedimentos operacionais
abordam temas de SST específicos ou agrupados por afinidade e apresentam esclarecimentos
sobre os perigos, riscos e danos de SST associados a determinadas atividades, define critérios
e condições e dá recomendações e diretrizes para a adoção de boas práticas de SST que
venham eliminar, minimizar e prevenir riscos de acidentes e incidentes.
a.4) Registros
Os registros são documentos do SGSST das empresas nos quais são evidenciadas as
evidências objetivas da realização de atividades e controles operacionais de SST obedecendo
as diretrizes de SST da empresa. Os modelos dos registros (modelos dos formulários) são
anexados a cada procedimento sistêmico e operacional pelo qual foi gerado.
b) Documentos Externos
Os documentos externos são aqueles emitidos por terceiros (partes interessadas) cuja
manutenção seja indispensável para a gestão e controle de SST.
No Brasil as medidas de prevenção contra acidentes de trabalho são cobradas pelo MT no
setor de construção civil através dos mecanismos descritos nas Normas Regulamentadoras
(NR). Tais medidas devem ser documentadas e controladas de acordo com as recomendações
da OHSAS 18001.
Além dos requisitos legais, recomenda-se que sejam seguidos os requisitos estabelecidos
pelas normas técnicas da ABNT relativas à SST, como descrito no capítulo 3.
Dentre as medidas cobradas pelo MT, destacam-se para o setor de construção civil:
Tabela 14 - Medidas cobradas pelo MT (Elaborado pelo Autor).
A NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de acidentes estabelece como dimensionar tal comissão, e
suas funções no ambiente de trabalho. Diferente da SESMT, a CIPA é formada por representantes do
empregador e do empregado, que não são necessariamente especialistas em SST. Dentre as funções
da CIPA, ela auxilia o SESMT na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
57
„
A NR-9 – Programa de prevenção de riscos ambientais estabelece quais os fatores que devem ser
levados em consideração para um levantamento dos agentes físicos, biológicos e químicos existentes
na frente de trabalho que podem colocar em risco a saúde do trabalhador. Além do levantamento, a
norma indica que no programa devem conter informações relativas as medidas de controle, ação,
monitoramento e registro de dados que serão adotados. Sua execução pode ser feita de forma mais
eficiente quando integrada ao Sistema de Gestão Ambiental da empresa, evidenciando necessidades e
benefícios gerados por um Sistema de Gestão Integrado.
Além dos itens principais, também se podem citar os documentos principais exigidos pelo
Ministério do Trabalho, tanto os relativos à obra, como os relativos aos trabalhadores. Outros
documentos relativos especificamente ao sistema de gestão de SST, como a política de SST e
objetivos, também devem ser mantidos e documentados como estabelecido pela OHSAS
18001.
58
„
ART - Anotação de
Responsabilidade Técnica, de Ficha de Registro
projeto e de execução.
Livro de Inspeção do Trabalho. Ordem de Serviço
Matrícula CEI da obra – Cadastro Cópia da CTPS – Carteira de
Específico do INSS. Trabalho e Previdência Social
Última alteração do CAGED
Ficha de Controle de Entrega de
(Cadastro Geral dos Empregados e
EPI.
Desempregados).
59
„
emergência e para respondê-las em caso de ocorrência. Também é necessário que sejam feitas
análises ao longo do tempo, verificando a eficácia e fazendo as alterações quando necessárias.
Para auxiliar na criação e execução desses procedimentos, a OHSAS 18002 recomenda
etapas para maior eficiência no processo.
Inicialmente é feita a identificação de situações potenciais de emergência. Para isso, a
norma exemplifica situações e lista informações que devem ser levadas em consideração no
processo.
Feita a identificação, a organização deve estabelecer e implementar procedimentos de
respostas a emergências. Para essa etapa, a OHSAS 18002 lista uma série de considerações e
itens essenciais ao desenvolvimento dos procedimentos. Além disso, também destaca-se a
recomendação pela definição de funções, responsabilidades e autoridades a pessoas com
obrigações de resposta a emergências. A partir dos procedimentos criados recomenda-se que
sejam analisados e determinados os equipamentos e treinamentos de resposta a emergência
necessários.
Após o estabelecimento e implementação dos procedimentos de resposta a emergências,
recomenda-se que sejam realizados testes periódicos (quando for de possível execução). Os
resultados devem ser mantidos para futuras análises e revisões. Análises críticas e revisões
devem ser feitas periodicamente, considerando-se os registros obtidos com simulações,
situações reais e propostas de melhorias para os procedimentos.
5.2.5. Verificação
60
„
devem ser definidos nos procedimentos, como a identificação e correção das não
conformidades e implementação de ações para minimizar as consequências as SST, a
determinação das causas e implementação de ações necessárias para evitar a ocorrência futura
de não conformidades, o registro, a comunicação e a revisão da eficácia de ações corretivas e
preventivas implementadas.
De acordo com a OHSAS 18002, define-se ações preventivas e corretivas como:
Ações corretivas são ações executadas para eliminar a(s) causa(s)-raiz
subjacente(s) das não-conformidades ou incidentes identificados, a fim de
evitar sua repetição.
Ações preventivas são executadas para eliminar a(s) causa(s)-raiz
subjacente(s) de uma não-conformidade potencial, ou de situações
indesejáveis potenciais, a fim de evitar sua ocorrência.
(OHSAS 18002,2008)
Para auxiliar a criação e implementação de ações corretivas e preventivas, a OHSAS
18002 lista exemplos de questões que podem causar o surgimento de não conformidades,
tanto para o desempenho do sistema de gestão de SST como para o desempenho da SST em
si. Também indica resultados que podem servir de entradas para as determinações de ações
corretivas e preventivas, como testes periódicos dos procedimentos de emergência,
monitoramento do desempenho e auditorias internas e externas.
62
„
De acordo com a OHSAS 18002, as auditorias podem ser utilizadas por uma organização
para analisar criticamente e avaliar o desempenho e a eficácia de seu sistema de gestão de
SST.
A OHSAS 18001 exige que a organização planeje suas auditorias internas do sistema de
gestão de SST de forma que: determine se o sistema de gestão de SST está em conformidade
com disposições planejadas, se foi adequadamente implementado e é mantido e se é efetivo
no cumprimento das políticas e objetivos da organização.
A OHSAS 18002 recomenda etapas para criação do procedimento de auditoria e as
detalha. Inicialmente se estabelece um programa de auditoria e a norma sugere itens que o
programa deve seguir como comunicação as partes pertinentes, fornecimento de recursos
necessários e garantias. A programação da auditoria interna consiste basicamente das
seguintes atividades:
Início da auditoria
Realização de análise crítica dos documentos e preparação para a
auditoria
Condução da auditoria
Preparação e distribuição do relatório de auditoria
Conclusão da auditoria e condução das ações de acompanhamento da
auditoria
(OHSAS 18002, 2008)
Cada uma das etapas citadas é descrita com a respectivas recomendações na OHSAS
18002, inclusive a seleção dos auditores.
A OHSAS 18002 recomenda também que a partir do resultado das auditorias a alta
direção deveria considerar as constatações e recomendações do sistema de gestão de SST e
executar as ações dentro de um prazo apropriado.
A OHSAS 18001 estipula que a gestão de topo deve rever o sistema de gestão de SST da
organização em intervalos planejados, assegurando sua contínua adequação, eficiência e
eficácia. As revisões devem incluir avaliações de oportunidades de melhorias e necessidades
de alterações no sistema de gestão de SST, incluindo a política e objetivos de SST. A norma
lista as entradas que são necessárias as revisões, e quais itens esperados nas saídas das
63
„
revisões. A OHSAS 18002 sugere que as revisões sejam feitas com regularidade (trimestral,
semestral ou anualmente). Dos itens citados como entradas pela OHSAS 18001, destacam-se:
a) Resultados de auditorias e avaliações de conformidade
b) Comunicações das partes externas interessadas, inclusive reclamações
c) Desempenho de SST da organização
d) Grau de cumprimento dos objetivos
e) Recomendações para melhoria
Dos itens citados como saídas pela OHSAS 18001, destacam-se:
a) Desempenho da SST
b) Política e objetivos de SST revisados
c) Recursos disponibilizados
Além dos itens exigidos pela OHSAS 18001, a OHSAS 18002 sugere outros itens que
podem ser considerados nas entradas e saídas do processo de forma complementar. A
exemplo dos itens sugeridos para entrada, destacam-se os relatórios de gerentes sobre a
eficácia do sistema em suas áreas e o progresso no cumprimento dos planos de treinamento de
SST. A exemplo dos itens sugeridos para saídas, destaca-se a avaliação dos efeitos de
mudanças previstas na legislação ou tecnologia, pois o Brasil é um país com mudanças
frequentes na legislação vigente. O uso de novas tecnologias pode aumentar a eficiência do
sistema de gestão devido a melhorias nos processos e economia de recursos no longo prazo.
Listas de verificação quanto ao cumprimento da NR-18 nos canteiros de obra têm sido
realizadas nos últimos tempos. A exemplo, Costella et al (2014) analisa um levantamento de
115 canteiros de obra feito entre 2008 e 2010 que compara o grau de cumprimento da NR-18
de obras de diferentes portes a partir de uma lista inicialmente usada. De acordo com a análise
de resultados, quanto maior o porte da obra, maior foi o grau de cumprimento da lista, como
pode ser observado:
64
„
Tabela 16 - Média de todas as atividades executadas por porte de obra (Fonte: Costella et al, 2014)
Na tabela 16, a macro coluna relativa ao porte de obra é dividida em duas colunas que
representam a esquerda o número de obras que se enquadravam na exigência e a direita o grau
de cumprimento, representado por um décimo do valor percentual de empresas que
cumpriram (exemplo: 0,69 representam 6,9% do cumprimento daquela atividade no número
de obras que se enquadram na situação).
A partir da ordenação dos 5 tópicos mais bem pontuados e os 5 piores por porte de obras,
observa-se certa tendência para os tipos de preocupação relacionados ao porte da obra.
65
„
Tabela 17 - Ítens de menor cumprimento da NR-18 (Fonte: Adaptado de Costella et al, 2014)
66
„
Tabela 18 - Ítens de maior cumprimento da NR-18 (Fonte: Adaptado de Costella et al, 2014)
Dos itens de maior cumprimento, destacam-se itens comuns a todos os portes de obra.
Destaca-se na tabela 18 o item “Instalações Elétricas”, que apesar de não estar dentre os 5
mais cumpridos de obras de médio porte, apresenta 42% de grau de cumprimento. O mesmo
ocorre com o item “Andaime Simplesmente Apoiado”, que apesar de não estar dentre os 5
mais cumpridos de obras de grande porte, apresenta 61,5% de grau de cumprimento.
Em obras de grande porte, devido ao maior número de trabalhadores e maior área a ser
vistoriada, destacam-se maior preocupação quanto ao cumprimento de medidas de proteção
individual (representado por “Equipamentos de Proteção Individual” (EPI), como capacete,
óculos de segurança e cintos) e exigências da NR-18 para obras com grande quantidade de
trabalhadores (representado por “Área de Lazer”). Itens relacionados ao elevador (“Torre do
67
„
68
„
De forma geral a indústria da construção civil utiliza como guia para a implantação de
seus SGSST metodologias conforme as ferramentas e técnicas descritas no capítulo 5. No
entanto, há peculiaridades que tornam esta indústria ímpar (ver capítulo 2), fazendo com que
sejam necessários adaptações para que sejam atendidos os aspectos e requisitos da norma
OHSAS 18001.
Até que seja lançada a ISO 45001, empresas buscam a certificação de seus sistemas de
gestão de SST através da certificação pela OHSAS 18001.
Apesar da certificação pela OHSAS 18001 ser reconhecida e adotada pelo mercado, ela
não é acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia por não
seguir os parâmetros convencionais de normalização, como o caso das ISO. Em virtude disso,
não há um ranking oficial de certificação relacionado à OHSAS 18001.
A Revista Proteção, no ano de 2014, divulgou um ranking com as empresas certificadoras
e o número de empresas certificadas:
69
„
Como já destacado nos itens 6.1 e 5.2 do presente trabalho, é evidente que existe maior
preocupação com medidas de SST em canteiros de obras de maior porte.
Para que a empresa obedeça aos critérios de SST, é recomendável que se introduza um
sistema de gestão de SST.
70
„
72
„
A empresa analisada no estudo de caso é uma construtora de médio porte que atua no
mercado de construção civil voltado para construções de uso comercial através de serviços de
planejamento e gerenciamento, por meio de contratos de administração.
Não foi autorizado o uso de mais informações relativas à empresa em questão. Assim
sendo neste trabalho a empresa é denominada como “Construtora A”.
Apesar da preocupação por parte dos engenheiros em campo com SST, a Construtora A
não é certificada em SGSST.
73
„
Respeitando os requisitos das NR‟s, foram tomadas todas as providências iniciais relativas
à SST para aquele tipo e porte de obra, como treinamentos de uso de equipamentos de
proteção individual e coletivos e conscientização quanto aos riscos.
No entanto, não houve acompanhamento diário por parte de profissionais de SST, visto
que o mesmo fazia visitas semanais à obra para “analisar a situação em que obra se
encontrava”. A falta de informações dadas pelo engenheiro de SST quando perguntado sobre
os procedimentos de rotina que seriam feitos tenderam a interpretação de que apenas
relatórios eram gerados para o suprimento dos requisitos mínimos exigidos pela legislação.
Não foi obtido acesso aos documentos de Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA), Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de
74
„
75
„
terceiras, como o caso da responsável pela perfuração das estacas, pareciam não fazer ideia do
que se trata SST, tanto por parte dos supervisores, quanto pelos operários.
76
„
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7.1 CONCLUSÕES
77
„
Como proposta para solução no longo prazo para a falta de conscientização sobre SST em
obras de construção civil propõe-se as seguintes medidas:
Em relação aos Engenheiros Civis, que o tema SST seja abordado na graduação desses
profissionais de diferentes formas ao longo das disciplinas apresentadas, de maneira que a
verificação dos quesitos de SST se torne um hábito comum na execução das diferentes
etapas da obra. A integração da previsão das medidas de SST com o planejamento da obra
aumenta a produtividade de todos os setores e diminui gastos que seriam resultados de
medidas preventivas de acidentes. Tal política converge com pensamentos de Sistemas de
Gestão Integrados e com a hierarquia estabelecida pela OHSAS 18001 sobre prevenção à
proteção. Além disso, tal medida traz a formação profissional o pensamento de sistemas de
gestão integrada, que é um dos princípios da ISO 45001, o que tornaria ainda mais atual a
formação desses engenheiros.
Em relação aos trabalhadores de campo (operacionais), programas de conscientização
quanto aos riscos de acidentes poderiam ser abordados nas disciplinas escolares do ensino
básico, de cursos técnicos e profissionalizantes e em eventos sociais promovidos pelo
governo, destacando-se a maior necessidade para regiões mais distantes do centro, onde se
tem menor presença de fiscalizações e acesso a informação. Outro fator importante está
relacionado ao diálogo com os trabalhadores operacionais e questioná-los sobre o conforto
e ergonomia associados aos equipamentos de proteção. A partir das informações obtidas
com esses diálogos, buscar alternativas que estimulem o uso dos equipamentos quando
necessários.
78
„
Como sugestão para trabalhos futuros, trabalhos que abordem o tema SST em fatores
quantitativos. Trabalhos comparando custos de obras de portes similares que implementem
sistemas de gestão de SST com outras que não implementem podem gerar estatísticas que
incentivem a implementação dos sistemas, não só por fatores financeiros diretos relacionados
aos custos de acidentes de trabalho, mas por fatores subjetivos, como os relacionados ao
aumento da produtividade da equipe.
79
„
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BROWN, A. E.P. Análise de Risco. São Paulo: Boletim Técnico do GSI / NUTAU / USP,
1998.
CAPELAS, L. Manual prático para a certificação da qualidade com base nas normas
ISO9001:2000. Lisboa: Verlag Dashofer, 2002.
ESTEVES, V. P.P. Gerência de Riscos. Rio de Janeiro: Escola Politécnica da UFRJ, 2017.
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HINE, Lewis W. Men at Work: Photographic Studies of Modern Men and Machines. 2
ed. USA: Dover Publications, 1977.
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PITTA, D. F. da R.; DE AGUIAR, P. F. Cartilha Prêmio Vitae Rio Ciclo 2016. Rio de
Janeiro: SECONCI-RJ, 2016.
SANTANA, V.S. et al. A utilização de serviços de saúde por acidentados de trabalho. São
Paulo: Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 2007.
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