ARTIGO DOI: http://dx.doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.

v4n2p74-79

A eficácia do laser de baixa potência na cicatrização de úlcera de decúbito em paciente diabético:

Estudo de Caso
Luiz Armando Vidal Ramos1*, Michell Moraes Brito2, Wesdensbergton Weslley Monteiro Queiroz2, Diego Santos
Fagundes3, Cláudio Alberto Gellis de Mattos Dias4, Júlio César Sá de Oliveira5, Alessandro dos Santos Pin6,
Karla Maria Pereira Baraúna7
1. Fisioterapeuta; Professor Ms. do Curso de Enfermagem, Universidade Federal do Amapá (Campus Binacional do Oiapoque), Amapá, Brasil. *E-mail:
lvramos16@bol.com.br
2. Fisioterapeuta; Graduado em Fisioterapia pela Faculdade SEAMA, Amapá, Brasil.
3. Fisioterapeuta; Professor Dr. do Curso de Enfermagem, Universidade Federal do Amapá (Campus Binacional do Oiapoque), Amapá, Brasil.
4. Biólogo; Professor Ms. do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Amapá (Campus Binacional do Oiapoque), Amapá, Brasil.
5. Biólogo; Professor Dr. do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Amapá (Campus Marco Zero do Equador), Amapá, Brasil.
6. Fisioterapeuta; Professor Dr. do Curso de Fisioterapia, Universidade Federal do Amazonas (Campus Coari), Manaus, Brasil.
7. Fisioterapeuta; Professora. Ms. do Curso de Fisioterapia, Faculdade de Macapá, Amapá, Brasil.

RESUMO: A úlcera de decúbito tornou-se um dos principais problemas de saúde pública devido o maior tempo de
internação em hospitais, alcançando índices preocupantes e mortes evitáveis. Desta forma, o estudo tem como objetivo
verificar os efeitos da laserterapia de baixa potência como coadjuvante no tratamento de paciente diabético com úlcera
de decúbito. Foi investigada e acompanhada uma paciente diabética do Tipo II portadora de úlcera de decúbito, sendo
esta idosa, do gênero feminino, idade 83 anos. Essa paciente foi submetida à aplicação de laser tipo Hélio Neônio
2
(Hene), com comprimento de onda de 670 nm, modo pulsado, método pontual, densidade de energia de 6 J/cm , com
duração de 5 minutos em cada ponto, a qual o procedimento ocorreu durante 5 vezes por semana, no período de 6
semanas. A paciente foi avaliada por meio de registros fotográficos e por mensuração da ferida com uma régua
milimétrica, em que delimitou a área da úlcera em cm². Observou-se melhora e redução da úlcera de decúbito a partir da
terceira sessão. Com base nos resultados deste estudo o laser tipo Hene foi eficaz no tratamento da úlcera de decúbito em
paciente diabético no aspecto cicatrização.

Palavras-chave: laser, úlcera de decúbito, diabetes mellitus, cicatrização

The effectiveness of low power laser in healing decubitus ulcer in diabetic patient: A Case Study
ABSTRACT: The decubitus ulcer has become a major public health problem due to the greater length of stay in hospitals,
reaching alarming rates and deaths. Thus, this study aims to propose a low power laser therapy as an adjunct in the
treatment of diabetic patients with pressure ulcers. We investigated and followed a diabetic patient type II carrier
decubitus ulcer, which is elderly, female, age 83 years. This patient underwent application type HeNe laser with a
wavelength of 670 nm, pulsed, timely method, an energy density of 6 J/cm2, lasting 5 minutes each, which occurred during
the procedure 5 times per week in the period of 6 weeks. The patient was evaluated by means of photographic records
and measurement of the wound with a millimeter ruler, where it narrowed the ulcer area in cm². There was improvement
and significant reduction of pressure ulcers from the third session. Based on the results of this study the laser type Hene was
effective in the treatment of decubitus ulcer in a diabetic patient in the healing aspect.

Keywords: laser, decubitus ulcer, diabetes mellitus, healing.

1. Introdução respostas vasculares. Na derme lesionada ocorre uma

O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome de
comprometimento do metabolismo dos carboidratos,
das gorduras e proteínas, causadas pela ausência de
secreção de insulina ou por resistência a sua ação nos
tecidos (GUYTON; HALL, 2006). No diabético ocorre
uma dificuldade cicatricial nas feridas, devido ao
comprometimento da perfusão sanguínea, evitando um
adequado fornecimento de oxigênio, nutrientes e
antibióticos. Isso faz com que os estágios iniciais do
reparo tecidual fiquem desorganizados, ocasionando
um atraso no processo de regeneração tecidual (KWAN
et al., 2013; SIQUEIRA et al., 2003).
A cicatrização de feridas é um processo totalmente
íntegro e complexo, que envolve a atividade celular e
quimiotática, com liberação de mediadores químicos e
Biota Amazônia ISSN 2179-5746
Esta obra está licenciada sob uma Licença
Creative Commons Attribution 4.0 Internacional
sequência de eventos que levam a cicatrização da
ferida, sendo estes: Inflamação, reepitelização,
contração e remodelação celular seguida da
remodelação tecidual (CAMÕES et al., 2011; KITCHEN,
2003; ROCHA, 2007).
Estima-se que o número de casos de Diabetes Mellitus
no mundo é em torno de 150 milhões, sendo previsto
para dobrar esse número até 2025 na China e Índia.
(ABODERIN et al., 2001; BAL et al., 2005). No Brasil, o
DM vem acometendo indivíduos numa faixa etária de
30 a 69 anos, onde 50% deles desconhecem o
diagnóstico e 24% dos que tem confirmado não fazem
tratamento. O tratamento a laser é um método que visa
favorecer a regeneração tecidual, atuando
principalmente no metabolismo celular, através de
Macapá, v. 4, n. 2, p. 74-79, 2014
Disponível em http://periodicos.unifap.br/index.php/biota
Submetido em 30 de Janeiro de 2014 / Aceito em 23 de Abril de 2014
 Vidal-Ramos et al. | A eficácia do laser de baixa potência na cicatrização de úlcera de decúbito em paciente diabético
interação fotoquímica, acarretando diferentes efeitos,
como analgésico, anti-inflamatório e reparador
(APARECIDA et al., 2013; PINTO, 2007).
Em decorrência da elevada taxa do diabetes
mellitus na população nos últimos anos, faz-se
necessário não apenas o tratamento desta doença, mas
a profilaxia e a remediação de patologias que
sucumbem com o DM, como sua associação com úlceras
de decúbito. A oferta de equipamentos para o sistema
de saúde seria de grande utilidade para os pacientes.
Contudo, a utilização do laser hélio neônio (Hene) para
regeneração do tecido lesado tem demonstrado
benefício econômico e social diminuindo os gastos
públicos com saúde, já que o custo com materiais para
procedimentos de reparação e higienização das
úlceras se torna cada vez maior. (ESMAEELINEJAD et al.,
2014; KITCHEN, 2003).
Portanto, embora os resultados obtidos em alguns
experimentos com metodologia e dosimetria sejam
variados (CAMÕES et al., 2011; PINTO, 2007; ORTIZ et
al., 2001), o presente estudo tem como objetivo verificar
os efeitos da laserterapia de baixa potência como
coadjuvante no tratamento de paciente diabético com
úlcera de decúbito.
2. Material e Métodos
Foi acompanhada paciente diabética do Tipo II, sexo
feminino, com idade 83 anos e portadora de úlcera de
decúbito. Essa paciente foi submetida à aplicação de
laser tipo HeNe, com comprimento de onda de 670 nm,
modo pulsado, método pontual, densidade de energia
de 6 J/cm2, com duração de 5 minutos cada, a qual o
procedimento ocorreu durante 5 vezes por semana, com
duração de 6 semanas. O presente estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade SEAMA
(protocolo de pesquisa 041/2007). A paciente assinou
um termo de consentimento livre e esclarecido de
participação na pesquisa, sendo este de comum acordo
com o Conselho Nacional de Saúde (Resolução
196/96).
O atendimento foi realizado no Laboratório de
Recursos Terapêuticos Manuais (RTM) da Faculdade
Seama, sendo que para os critérios de inclusão o
indivíduo terá que apresentar idade acima de 70 anos,
ser portador de Diabetes Mellitus e úlcera de decúbito
em região lombo-sacra.
Instrumentação e equipamento
Foi utilizado nesse estudo o equipamento: Physiolux
Dual da IBRAMED, com caneta emissora InGaP (Índio
Gálio Fósforo), de laser diodo de emissão contínua
(CW), 30 nw de potência, com comprimento de onda
670 nm (vermelho visível). O Physiolux Dual já vem
calibrado, de acordo com a potência do laser em
energia emitida para a aplicação pontual,
estabelecendo a densidade de energia de 1 a 8
Joules/ cm2 para a área de aplicação do feixe Laser
Biota Amazônia
permitindo que se faça a calibração em segundos,
conforme descrito em Agne (2005). Uma máquina
fotográfica do tipo digital de marca Sony, modelo:
cyber-shot e de 7.2 mega-pixels, goniômetro de modelo
da Fisiomed, luvas de procedimento de látex polietileno
de marca Supermax, fita micropore, gaze de
procedimento e solução fisiológica de 0,9%.
Procedimentos
Foi realizada a avaliação clínica geral da paciente,
com anamnese e exame físico, mediante ficha específica
para este estudo. O processo ulcerativo foi avaliado por
meio do protocolo de Say et al (2008), onde foram
analisados os aspectos como tamanho, profundidade,
coloração, odor, presença de tecido de granulação,
d e s b r i d a m e n t o, d e n t r e o u t ro s. D u ra n t e o
acompanhamento da paciente obteve-se o registro
fotográfico, como recurso para mensurar a evolução do
quadro da úlcera de decúbito.
O registro fotográfico ocorreu antes do início do
tratamento e na última sessão (30ª aplicação), os
atendimentos foram realizados em 5 sessões semanais
consistindo de uma aplicação por dia do laser HeNe
durante 5 minutos. A irradiação foi realizado na borda
da úlcera, em tecido normal e repetido a cada 2 cm de
intervalo na área central, porém, se o diâmetro
ultrapassa-se 3 centímetros consequentemente a
irradiação seria realizada no modo varredura sobre a
úlcera de decúbito, no qual Rocha e Barros (2007)
relatam uma densidade de potência radiante de 60
2
mW, densidade de energia de 5 J/cm sendo feita uma
aplicação por dia com duração de 5 minutos e intervalo
de 72 horas entre cada aplicação sobre a úlcera de
pressão.
A avaliação local da lesão dérmica e suas condições
primárias ocorreram na primeira sessão da semana,
além de semanalmente, para melhor acompanhamento.
O registro fotográfico foi analisado de maneira
qualitativa para critério de avaliação da úlcera de
decúbito.
A paciente foi atendida por um período de 6
semanas, dependendo da data de adesão ao
tratamento, e informada quanto aos cuidados básicos
de limpeza e higiene da lesão cutânea, sendo realizada
apenas com soro fisiológico 0,9%, e recebeu também
instruções sobre métodos de prevenção de novas
úlceras dependendo da etiologia em questão. Em caso
de finalização do processo cicatricial ou manifestação
do desejo de abandono do projeto por parte da
paciente, a mesma foi informada a ser liberada
conforme o termo de consentimento livre e esclarecido.
Além disso, foi orientada a procurar atendimento na
área médica tendo em vista possível não evolução da
úlcera.
3. Resultados
Paciente colaborativa, hipertensa moderada
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 Vidal-Ramos et al. | A eficácia do laser de baixa potência na cicatrização de úlcera de decúbito em paciente diabético
(130/90 mmHg), normocárdica (65 bpm), diabetes tipo
II, com diagnóstico anterior de fratura de colo de fêmur
onde ficou hospitalizada no Hospital de Clínicas Alberto
Lima (HCAL) durante 17 dias e foi submetida ao
procedimento cirúrgico de redução aberta com fixação
interna. Desta forma, devido ao longo tempo de
internação, imobilização e sem os devidos meios
profiláticos a voluntária adquiriu ulceração de decúbito
na região lombo sacral, grau 3, em decorrência de ser
uma região de proeminência óssea, além de apresentar
hipotrofia generalizada que se agravou com o quadro
clínico da paciente que possui DM descompensada.
O resultado foi obtido através da observação clínica
por meio de fotos que foram retiradas antes de iniciar o
tratamento e na 30ª aplicação. Na 1ª foto (Fig.1) pode-
se observar que a úlcera sacral apresentava um
tamanho de 8 cm de comprimento por 4cm de largura,
profundidade de cerca de 1 cm, cor avermelhada por
toda a sua extensão, sem infecção, não apresentando
substâncias purulentas, e nem cheiro fétido. Além disso,
apresentava focos de tecido morto e necrose tecidual,
pois obtinha partes de coloração preta e sem processo
de desbridamento, não revelando sinais de início de
cicatrização.
A paciente não relatou dor ou qualquer incômodo no
local da úlcera, explicação que se dá devido à baixa
sensibilidade proporcionada pela oclusão crônica dos
pequenos vasos que estão presentes nas paredes dos
nervos, o que leva a diminuição do aporte sanguíneo
ocasionando a isquemia do tecido neural, podendo
ocasionar um distúrbio na condução dos estímulos
nervosos (GUYTON; HALL, 2006).
Figura 1. Medição da úlcera sacral necrosada durante a 1º
aplicação.
A partir da 6ª aplicação foi possível observar tecido
cicatricial em determinados locais da úlcera. A
observação deste tecido cicatricial deve-se a
proliferação celular, principalmente de fibroblastos,
pois com a aplicação do laser os fibroblastos se
modificam para miofibroblastos, que por sua vez estão
Biota Amazônia
diretamente envolvidos no processo de contração do
tecido granular, mostrando-se capaz de promover,
portanto, a aceleração do processo de cicatrização
(ESMAEELINEJAD et al., 2014; ORTIZ et al., 2001).
Deste modo, a proliferação celular se dá devido ao
aumento de adenosina trifosfato (ATP), que ocorre pela
ativação do fluxo de elétrons da membrana
mitocondrial durante a cadeia respiratória das células
mitocondriais irradiadas pelo laser (AYUK et al., 2012).
Na última sessão 30ª aplicação, observa-se a
presença de extensa área coberta por tecido cicatricial,
todavia esta havia sido regenerada totalmente na 22ª
aplicação, sendo a área necrosada expulsa do local na
10ª aplicação. Deve-se a expulsão do tecido necrosado
ao efeito de cicatrização que ocorre de forma
centrífuga, haja vista que o crescimento do epitélio se
faz precocemente e as células epiteliais apresentam
mitoses e começam a se aglomerar por baixo da área
necrosada, assim formando o tecido de granulação,
expulsando a área de necrose (Fig.2). Durante o
tratamento a paciente não relatou incômodos, que por
sua vez pode ser devido à ausência de sensibilidade
gerada pela DM, além do que a aplicação do laser
libera mediadores químicos responsáveis pela
inativação sensorial da dor (ORTIZ et al., 2001).
Figura 2. Medição da úlcera sacral cicatrizada na 30º aplicação.
4. Discussão
O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da
laserterapia de baixa intensidade (Laser HeNe), no
tratamento de paciente portador de diabetes mellitus
com úlcera de decúbito, sendo que alguns estudos
descrevem que este tipo de laser é eficaz no
fechamento de úlceras (ROIG et al., 1990; ROCHKIND,
1989; SUELI et al., 2002). Em nosso estudo, foi
observada a cicatrização de úlcera de decúbito na
paciente diabética corroborando com os achados
acima. Desta forma, o laser penetra na pele
modificando as enzimas através da absorção do fóton,
e consequentemente, aumentando o ritmo de
transferência da cadeia de elétrons da membrana
mitocondrial elevando o número de prótons para fora
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 Vidal-Ramos et al. | A eficácia do laser de baixa potência na cicatrização de úlcera de decúbito em paciente diabético
da célula. Além disso, as mitocôndrias se modificam
para mitocôndrias gigantes proporcionando altos níveis
de respiração e energia de reposição elevando o nível
de ATP, ou seja, o laser direciona as membranas
mitocondriais externas a uma modificação nas
propriedades químicas e físicas, gerando potencial
eletroquímico e aumento na síntese de ATP (DADPAY et
al., 2012; ORTIZ et al., 2001). No caso da paciente
estudada por ser portadora de diabetes mellitus a
cicatrização ocorre de maneira mais lenta pela falta de
glicose, o que demonstra a efetividade do laser durante
o processo cicatricial sem necessitar do auxílio da
glicose, pois esta se encontra diretamente envolvida na
fase de respiração anaeróbia da célula.
No final da década de 60 e início dos anos 70, a
primeira aplicação do laser de baixa intensidade foi
experimentada em humanos para o tratamento dos
diversos tipos de úlceras crônicas, quando foram
2
utilizadas fontes HeNe e doses de até 4 j/cm havendo
obtenção de êxito nesses primeiros estudos, tendo em
vista a velocidade mais rápida de cicatrização. Logo, a
modalidade tornou-se rapidamente popular nesta
aplicação (KITCHEN; BAZIN, 1998).
Em estudo realizado por Arantes et al (1992), com
pacientes portadores de úlcera de membro inferior,
observou-se melhores resultados no tratamento sem
recidivas e com diminuição ou ausência de complicações
obtidas com tratamento clínico associado à laserterapia
de baixa intensidade, corroborando com os resultados
de nosso estudo, em que o tratamento foi realizado por
um período de 6 semanas, sendo o laser aplicado ao
longo da semana cinco vezes.
Nos achados de Roig et al (1990) que realizaram o
tratamento de úlcera de decúbito em região sacral de
lesado medular com laser Hene, observaram a
diminuição do tempo de reabilitação e melhora do
trofismo da região afetada e da dor, sem a ocorrência
de recidiva. No entanto, Fiurini (1993) propõe que a
utilização de laser Hene em cicatrização de úlceras
cutâneas crônicas possui um tratamento de eficácia
superior aos procedimentos fisioterápicos convencionais,
sendo que este não é um estudo controlado. No presente
estudo foi observado que se tratava de uma úlcera
crônica, e com a intervenção do laser foi possível
observar que houve melhora da sensibilidade, do
trofismo e coloração da derme.
Há ampla variedade sobre a energia ideal para
condições diferentes, que vai desde tecido cartilaginoso
até neural. As faixas mais utilizadas ficam entre 1 a 10
J/cm2, mas doses baixas como 0.5 J/cm2 e altas como
32 J/cm2 têm sido sugeridas (LOW; REED, 2001). Assim,
no presente trabalho, a densidade de energia utilizada
no tratamento de úlcera de decúbito foi de 6 J/cm2,
devido à maioria dos estudos obterem sucesso em suas
pesquisas com a potência abaixo de 10j/cm2, e
utilizando o laser HeNe. Nesta pesquisa utilizou-se o
método pontual, sendo cinco sessões semanais, com um
Biota Amazônia
total de 30 aplicações, com a úlcera completamente
cicatrizada na 22ª aplicação, porém deve-se levar em
questão o realinhamento tecidual.
Segundo Rigau (1996), o ideal é que a energia não
ultrapasse 40 J/cm2. No entanto, para Al-Watban e
Zhang (1995) em estudos realizados com ratos,
observou-se o efeito do laser sobre o processo cicatricial
e constataram que os resultados foram dependentes das
doses e da frequência do tratamento, pois em mais de
cinco dias por semana obteve-se efeito negativo sobre a
cicatrização. Em contrapartida, no presente estudo a
cicatrização ocorreu com uma frequência de 5 sessões
semanais, abaixo do tempo previsto.
Apesar de se tratar de estudo de caso, não se pode
ignorar a importância clínica do resultado obtido na
úlcera de decúbito. O registro fotográfico e a
mensuração da área da úlcera indicam que na maioria
dos casos há uma progressão no sentido de cicatrização
segundo as literaturas (ESMAEELINEJAD et al., 2014;
TAM, 1999; GONÇALVES et al., 2000).
É difícil comparar o nosso resultado com os
encontrados na literatura, pela metodologia não ser a
mesma, pois nos estudos os pacientes foram submetidos
à aplicação de laser apenas duas vezes por semana
(MESTER et al., 1985; LUNDEBERG; MALM, 1991). Em
relação a alguns trabalhos o presente estudo de caso
mostra-se eficaz, pois houve a diminuição do tempo de
tratamento, levando em consideração a quantidade de
aplicações do laser, a metodologia empregada, além
de se tratar de paciente diabético.
Este estudo demonstra que o laser Hene é capaz de
fornecer bons resultados no tratamento de úlceras de
decúbito em paciente diabético. Desta maneira,
Camões et al (2011) afirma que a epitelização inicia-se
a partir das bordas da úlcera e de alguns focos
epidérmicos como podemos observar nas figuras (1) e
(2) deste estudo, ou seja, demonstrando os benefícios
que o laser pode oferecer ao indivíduo. No entanto, há
escassa literatura que aborda um consenso do melhor
tipo de laser para o tratamento de úlceras (AYUK et al.,
2012; RIGAU, 1996), todavia o laser HeNe é o que
possui mais resultados satisfatórios.
Segundo Lundeberg e Malm (1991) os pacientes com
úlcera de decúbito que foram atendidos 2 vezes por
semana, durante 12 semanas não foi constatada
diferença significativa. Porém, estudos experimentais
sugerem que o laser HeNe auxilia no tratamento de
tecido cicatrizável e a irradiação estimula a
elasticidade desse tecido, pois os benefícios da
dosagem correta do laser HeNe na estimulação de
fibroblastos já foram relatados por diversos autores
(KWAN et al., 2013; AYUK et al., 2012; DAPAY et al.,
2012), mas a dosagem errada pode levar a
coagulação do tecido irradiado, o que justifica a
continuidade dos estudos na determinação de todos os
parâmetros necessários para a terapia correta e eficaz
(LUNDEBERG e MALM, 1991).
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 Vidal-Ramos et al. | A eficácia do laser de baixa potência na cicatrização de úlcera de decúbito em paciente diabético
Sabe-se também que há muitas controvérsias a
respeito do tempo de aplicação e da intensidade da
terapia por laser de baixa intensidade. Num estudo em
ratos, Aparecida et al (2013) verificaram que a
aplicação do laser de AsGa por 5 minutos aumenta
significativamente o reparo das úlceras, entretanto a
aplicação por 10 minutos reduz o avanço do reparo,
tanto macroscopicamente como histologicamente. Outro
ponto a ser discutido é que neste trabalho as sessões de
laserterapia foram realizadas 5 vezes por semana e
obtiveram-se bons resultados.
De certa forma, Ayuk et al (2012) sugere em seu
estudo um intervalo entre as aplicações para
acompanhar e promover a síntese de colágeno, tendo
ótimos resultados com esse procedimento. Em
contrapartida, em nosso trabalho as sessões de
aplicações foram ininterruptas e os resultados de
cicatrização também foram alcançados. Logo, não foi
observado resultados que direcionassem a otimização
de um comprimento de onda do laser de baixa
intensidade para uma etiologia específica de úlcera
(TAM, 1999).
A paciente obteve resultados rápidos de
cicatrização após longo período de instalação da
úlcera de decúbito, a qual lhe causava muitos incômodos
e limitava suas atividades de vida diária (dor, vestuário,
transferência e higiene pessoal). Portanto, sugerimos
que este estudo continue a ser pesquisado com maior
número de sujeitos e com outros métodos, para que a
temática laser-úlcera possam ser melhor entendidas e
estabeleçam os benefícios desta terapia quanto à
cicatrização de úlceras de decúbito em pacientes
diabéticos.
5. Conclusão
Pela análise quantitativa dos resultados obtidos e
nas observações clínicas, o presente estudo demonstrou,
que o efeito do laser Hene como coadjuvante é eficaz
no processo de cicatrização de úlcera de decúbito em
paciente diabético.
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