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Ética e Filosofia Política I

Rodrigo Sá Leitão de Abreu Pinto


8983252

De Re Publica - Cícero

Ainda em Roma, não é à toa. Bem lembramos das descrições tão colossais quanto ufanistas
que Políbio dedicou a Roma. Dada a imensurabilidade do contexto romano, a persistência em seus
autores não é gratuita mas outorgada pela importância das suas reflexões políticas que, neste
sentido, estão em relação proporcional às realizções deste império cuja epicidade fora motivo de
perplexidade para Políbio.

Enquanto nas reflexões do historiador grego radicado em Roma esta perplexidade estava
conciliada com o período do apogeu do império romano; em Cícero, autor no qual agora
enveradamos, as reflexões política são inseperáveis da crise que avançava sobre o império. Esta
diferença é fundamental pois marca decisivamente o tom da escrita de cada um dos autores.
Anteriormente, falar daquele império romano que dominou o mundo inteiro significava, sobretudo,
tecer considerações patrióticas sobre o passado consolidado de Roma que proporcionava a solidez
necessária para as suas conquistas. Assim agia Políbio, como lembra o Prof. Sérgio em artigo sobre
o mesmo ao indissociar a existência e duração da associação política do consentimento e da do
povo a si mesmo (quero dizer: a virtude dos grandes nomes próprios que construíram a história
romana, os costumes e as leis que talharam-se segundo as exigências históricas, o bairrismo
característico que todo romano possuía).

Esta situação muda drasticamente em Cícero para quem o vínculo político é posto
essencialmente pelo Direito. Em contraposição ao historiador Políbio, Cícero, ex-consul da da
República (ou seja, um político), destaca o Direito da ciutas como o principal predicado da
República. É bem verdade que Políbio já destacava a constituição de Roma, seu modelo de
organização política, como o principal motivo das conquistas. No entanto, esta constituição ainda
não tinha, como em Cícero, formulações advindas de uma Lei de caráter natural e divino (como
frizava o Prof. Sérgio: “inscrita na natureza e decifrada pela reta razão do sábio, à qual a multidão,
para existir como povo dá seu consentimento”). Não nos estranhemos, destarte, em notar uma
espécie de retorno a Platão “que também adverte que as leis, verdadeiras e sábias, nao podem
prescindir da persuasão e da obtenção do consentimento popular, sob pena de se fazerem
tirânicas”). Ou seja, por um lado, teria a tendência natural a se unir em vista da utilidade comum (“E
a causa primeira para agrupar-se não é tanto a debilidade quanto uma certa naturalidade, por assim
dizer, dos homens se congregarem”). Do outro, a efetivação desta coesão pelo consentimento ao
Direito.
Esta proximidade com Platão revela-se ainda mais insuspeita quando observamos a estrutura
do Primeiro Livro do De Re Publica, objeto de estudo em questão deste escrito sem estatuto
epistemológico definido (resenha, comentário de texto, ideias na garrafa). Ao apelar para o dialógo
socrático no qual a figura principal é a de Cipião Africano, Cícero confirma, por um lado, a sua tese
exposta no início do livre quanto a sabiedade destes que se dedicam a República (“De fato, não há
coisa alguma na qual a virtude humana se aproxime mais dos deuses do que a na fundação de
novas ciuitates ou na conservação das já fundadas) ao eleger justamente Cipião Africano como
interlocutor principal. Com efeito, este elemento está em absoluta consonância com as reflexões
expostas antes do momento decisivo do diálogo quando, ainda através da figura do próprio Cícero,
ressalta-se a primordialidade da dedicação aos assuntos coletivos e somente “entregar ao nosso
uso privado tanto quanto possa sobrar disso”, e, já na parte inicial do diálogo, na maior importância
devido aos assuntos relacionados a ciuitas como sublinhou Lélio: “Aquelas artes que nos tornam
úteis ànciuitas; pois julgo que esta é a mais bela função da sabedoria e og rande exemplo ou dever
da virtude”.

Quanto, por sua vez, o método dialético enquanto meio mais eficaz para a apresentação de
suas reflexões a respeito da melhor constituição. Até porque, como o Prof. Sérgio ressaltou, Cícero
opera uma tentativa de unir a retórica às decisões da República. No ponto específico do Livro I em
que ocorre o diálogo, explicita-se uma discussão a respeito das diversas constituições de uma
República. Afinal, Cipião, qual seria o sistema superior? Cipião empreende um estudo detalhado de
todas as formas, comprovando a dificuldade de apontar com precisão qual delas seria a preferível.
Ele compreende que “os reis nos cativam pelo amor, os optimates pelo discernimento e o povo pela
liberdade; de modo que se as compararmos torna-se difícil escolher a que mais prefiras”. Não por
outro motivo, equacionando as vantagens e perigos de cada constituição, ele segue uma orientação
já presente em Políbio e mesmo em Platão a partir da qual exerce uma defesa do sistema
moderado, o qual estabelece um sistema “equânime e temperado pelas três primeiras formas da
República” mesmo que fosse possível que, em outras consituições, “se houver um rei equânime e
sábio, ou os soletos e os principais concidadãos, ou o próprio povo - ainda este seja o menos
aprovável - se não se interpuserem as iniquidades ou a cupidez, é possível haver uma situação
estável.”

Ainda que estável, a lógica destas demais constituições estaria suscetível a disparantes
contra as quais o regime misto seria mais zelose. Não por outro motivo, o regime misto é o melhor
caminho, embora esta opinião não possa ser dada sem uma certa dose de resignação já que, como
ele mesmo reconhece, uma vez que “não agrada igualar a riquezas”, esta saída atua quase
compensatoriamente ao pôr esta suposta igualdade de direitos que os tornam concidadãos em uma
mesma República. “Não há motivo para alteração quando cada qual está colcoado firmemente em
seu grau e não há rachadura por baixa onde se precipite e caia.”

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