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A CONTRIBUIÇÃO DO DIREITO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Iris Maria Sampaio de Oliveira


Maria Elci Moreira Galvão
Ricardo da Silva Araújo

INTRODUÇÃO

É de suma importância que os agentes públicos sempre pautem os seus atos em


consonância com os princípios que regem os atos constitutivos da Administração Pública.
Tais princípios assumem duas categorias, os que estão expressamente elencados no artigo 37
da Constituição Federal de 1988 e todos os demais que não possuem previsão expressa,
porém estão presentes, implicitamente, no decurso de todo texto constitucional.
Assim, há de se ressaltar que, ao longo do tempo, a Administração Pública tem
sido objeto de críticas, principalmente quando o assunto é alusivo à legalidade dos atos
realizados no ambiente público.
Em contrapartida, é notório o avanço das ferramentas que vem sendo
implementadas na administração em prol da excelência na gestão pública em todas as esferas
de governo.
E, mesmo com toda complexidade e burocracia peculiar da gestão pública, os
esforços empenhados tem alcançado bons resultados institucionais. Ademais, percebe-se uma
mudança no perfil do gestor, que tem se qualificado tecnicamente cada vez mais no seu
campo de atuação.
Este trabalho, que servirá de contribuição para outras pesquisas, fará um breve
relato do Direito, como fonte de amparo legal acerca de como o Estado cumpre o seu papel
perante a sociedade à luz da legislação que rege a Administração Pública. Estabelecerá ainda
uma rápida apreciação sobre a fonte do Direito como prudência na atuação do gestor público,
apresentando alguns posicionamentos de doutrinadores e estudiosos das normas
infraconstitucionais que abordam o tema e dispositivos da própria Carta Magna de 1988.
É sempre de bom alvitre lembrar os gestores que os seus atos devem sempre
acatar os ditames legais, pois quando isso não acontece, tais atos tendem a ser passivos de
nulidade. Outrossim, poderá o gestor responder pessoalmente, perante os tribunais de contas,
por não ter agido dentro das recomendações legais.
Vale lembrar, inclusive, que o agente público, quando no exercício de suas
funções ou exercente de cargos em comissão, pode responder em diversas áreas, como por
exemplo: administrativa, civil, penal e até mesmo na eleitoral, uma vez que esse gestor poderá
perder o direito de ser candidato a cargo eletivo, ficando, portanto, inelegível.

BREVE RELATO SOBRE O DIREITO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O Direito, que tem a lei como principal fonte, assume um papel essencial na vida
das pessoas, organizações e sociedade, bem como norteia os regramentos concernentes aos
atos e ações praticados pelo homem, pela sociedade e pelo Estado.
No campo do Direito existe um grande acervo de leis que regem e regulamentam
os atos e fatos da Administração Pública, o que efetivamente tem contribuído para a melhoria
da transparência na organização estatal.
Destarte, a Administração Pública é “a ação do Estado na sociedade, caracterizada
pela dupla natureza da própria administração Estatal: direção administrativa e domínio
político”. Desta forma, o ato de administrar uma organização pública é considerado uma
tarefa complexa e desafiadora, requerendo do administrador conhecimento, habilidade,
competência, prudência e superação de obstáculos com a finalidade de alcançar as metas e
objetivos propostos.
Assim, no contexto administrativo, a Constituição Federal é considerada um
marco das leis que regem a Administração Pública, especialmente, em seu artigo 37, ao
estabelecer os princípios norteadores de sua atuação, que são a legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência.
Por conseguinte, tais princípios requerem dos que fazem a gestão pública, a sua
observância e cumprimento para que o Estado possa cumprir o seu papel perante a sociedade,
ou seja, a prestação de serviços de excelência, com redução de custos, transparência e ética.
Desta forma, a "gestão pública se refere às funções de gerência pública dos negócios do
governo".
E, nesse contexto, de maneira resumida, a ação do administrador público é
pautada em três níveis distintos:
a) atos de governo, que se situam na órbita política;
b) atos de administração, atividade neutra, vinculada à lei; e
c) atos de gestão, que compreendem os seguintes parâmetros básicos:
I – tradução da missão;
II – realização de planejamento e controle;
III – administração de R. H. e financeira, bem como de materiais tecnológicos;
IV – inserção de cada unidade organizacional no foco da organização; e
V – tomada de decisão diante de conflitos internos e externos.

Neste diapasão, existe na literatura jurídica um conjunto articulado de leis, que


regulamentam, orientam e subsidiam o administrador público nas ações dos três níveis acima
citados, que deverão ser cumpridos integralmente pelos gestores públicos de todos os entes
federados para o controle da eficiência do Estado na realização do bem comum.
Ademais, em tal compêndio normativo, destaca-se a Lei de Responsabilidade
Fiscal – LRF (Lei Complementar à Constituição n°. 101, de 04 de maio de 2000), que
estabelece as “normas de finanças públicas voltadas à responsabilidade na gestão fiscal”.
Gonçalves et al. já defendiam, desde 2001, em sua obra Traçando um Panorama
Geral sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, que tal lei possuía o objetivo específico da
melhoria na qualidade da gestão fiscal e o equilíbrio das contas públicas, mas, internamente, o
governo afirmava que os objetivos mais amplos eram assegurar a estabilidade dos preços e a
retomada do desenvolvimento sustentável no país.
Outrossim, a LRF está sustentada em quatro pilares conceituais básicos que
enfatizam a necessidade do planejamento governamental, o alcance do equilíbrio fiscal,
controle do endividamento público, além de assegurar a transparência da gestão pública.
Ademais, afirma-se que a LRF constitui um importante instrumento de auxílio aos
governantes na gerência dos recursos públicos dentro de uma referência de regras claras e
necessárias, relativas à gestão das receitas e despesas públicas, bem como ao endividamento e
à gestão do patrimônio público. Consequentemente, auxilia na promoção da transparência da
gestão como mecanismo de controle social, através da publicação de relatórios e
demonstrativos da execução orçamentária, prestando contas ao contribuinte.
Verifica-se também que a gestão pública moderna trata da renovação e inovação
do funcionamento administrativo, incorporando técnicas do setor privado, adaptadas às suas
características próprias, desenvolvendo novas iniciativas para o logro da eficiência econômica
e eficácia social. Trazendo implícita nela a filosofia de que a administração pública oferece
oportunidades singulares para melhorar as condições econômicas e sociais dos povos.
A FONTE DO DIREITO COMO PRUDÊNCIA NA ATUAÇÃO DO GESTOR
PÚBLICO

No setor público, encontra-se o gestor que dentre suas atribuições, possui a


competência da responsabilidade pelo assessoramento, planejamento, tramitação nos
processos deliberativos e decisórios, além de coordenação das ações e avaliação de programas
e políticas públicas em organizações estatais e não estatais, nacionais ou internacionais. Sua
atuação é vista em todos os níveis governamentais – União, Estados e Municípios – em que
há a utilização de recursos empenhados para a produção de bens públicos.
Já em termos de atividades, Ferrarezi e Zimbrão (2006), destacam ainda a
existência do gerenciamento e a execução das atividades relacionadas à elaboração,
implementação, coordenação e controle de políticas públicas; além da elaboração, proposição
e coordenação de projetos e iniciativas de inovação e modernização do modelo de gestão nos
diversos órgãos do Poder Executivo.
Assim, diante da missão institucional, o gestor público tem sob sua
responsabilidade questões de relevância pelo fato de ser o responsável para proporcionar ao
cidadão o acesso e acessibilidade com eficiência, eficácia e pontualidade aos serviços básicos
constitucionais. Tem ainda o dever de sempre cumprir os princípios constitucionais e
promover a utilização dos recursos públicos com transparência.
Adicionalmente, é válido ressaltar que na prática do dia a dia, o gestor se depara
com entraves advindos de leis e normas excessivamente burocráticas que, em alguns casos, ao
comprometer a vida de uma pessoa, como no caso da saúde, impedem a execução de
atividades e/ou resolutividade de problemas em tempo hábil. O fato é que o descumprimento
das normas e regras, considerados meramente burocráticos nas instituições privadas, fará esse
gestor assumir a obrigação de prestar esclarecimentos perante os órgãos de auditoria.
Destarte, a nossa Carta Magna também estabelece o comportamento dos gestores
em conformidade com os princípios constitucionais da administração pública, em seu artigo
37, a saber: princípio da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da
eficiência.
Princípios estes considerados basilares da Administração Pública, promotores da
constante busca pela garantia da probidade na administração da coisa pública além de
possibilitar a responsabilização dos agentes que se desviarem dessas diretrizes.
Por certo, entende-se o compromisso do administrador perante à Administração
Pública e a sociedade de um modo geral para a boa gerência do dinheiro, bens e valores
públicos, sem perder de vista o estabelecido no artigo acima citado (37) da Nossa Carta
Magna.
Nesse contexto, essa mesma Constituição, instituidora do Estado Democrático de
Direito, ao prever a expressa admissão do princípio da moralidade, reacendeu as discussões
acerca do tema ético e moral no Direito, especialmente em seara administrativa, onde a
observância do princípio em epígrafe, constitui pressuposto de validade dos atos e contratos
administrativos, conforme exarado constitucionalmente.
Já ao se discorrer acerca do Princípio da Legalidade, de acordo com o nosso texto
constitucional, em seu artigo 5º, inciso II, "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei". Neste sentido a legalidade, no contexto
principiológico, significa que o administrador público está, em toda sua atividade funcional,
sujeito aos mandamentos da lei e exigências do bem comum, e deles não pode se afastar ou
desviar, sob pena de praticar ato inválido e de responsabilidade disciplinar, civil e criminal.
Desta forma, o nobre professor Hely Lopes Meirelles, em 1991 já relatava:

Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na


administração particular é lícito fazer o que a lei não proíbe, na Administração
Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa
'pode fazer assim': para o administrador público significa 'deve fazer assim'.

Assim, o egrégio jurista e magistrado afirma que se requer dos gestores o


conhecimento, a conscientização e a responsabilidade para gerenciar fundamentados nos
princípios constitucionais, principalmente, no que se refere ao Princípio da Moralidade.
Desta forma, ele continua relatando que:

A moralidade administrativa está intimamente ligada ao conceito do bom


administrador, aquele que, usando de sua competência, determina-se não só pelos
preceitos legais vigentes, como também pela moral comum, propugnando pelo que
for melhor e mais útil para o interesse público. Por essa razão veda-se à
Administração Pública qualquer comportamento que contrarie os princípios da
lealdade e da boa-fé. A importância do princípio da moralidade administrativa é
constantemente ressaltada pelos Tribunais brasileiros, ao afirmar que a moralidade
administrativa e o interesse coletivo, integram a legalidade do ato administrativo.

Nesse sentido, chama atenção o fato de que, diferentemente do indivíduo


particular que possui total liberdade em seus atos, limitado apenas às proibições legais, pois
pode fazer tudo o que a lei não proíbe, ao administrador público somente lhe cabe
imperativamente as ações legalmente contextualizadas. Ou seja, este poderá fazer somente o
que a lei manda ou permite. Esta é considerada a principal diferença do princípio da
legalidade para os particulares e para a Administração Pública.
Já o Princípio da Impessoalidade fundamenta-se na igualdade, possuindo
desdobramentos explícitos em vários dispositivos constitucionais, como por exemplo, o inciso
II, do artigo 37, que exige concurso público para o exercício da atividade no setor público, ou
o inciso XXI do mesmo artigo, que exige licitações públicas com o objetivo de assegurar
igualdade de condições a todos os concorrentes. Este estabelece que a Administração Pública
não deve conter a marca pessoal do administrador, ou seja, os atos públicos não são praticados
pelo servidor e sim pela Administração a qual ele pertence.
Nesse contexto, o gestor público precisa buscar o direcionamento da atividade e
dos serviços públicos e da efetividade do bem comum, a imparcialidade, a neutralidade, a
transparência, a participação e a aproximação dos serviços públicos da população, sempre
objetivando a eficácia, desburocratização e a busca da qualidade.
Por isso, a administração gerenciada à luz da legislação vigente, preconiza que o
gestor público integre sua equipe com o objetivo de prestação de serviços com eficiência e
eficácia agregando novos valores à administração pública em prol de serviços públicos de
qualidade.
Aqui, chama-se a atenção para as considerações apresentadas por Brand et al.
(2008) no que se refere ao atual papel que a gestão de pessoas está assumindo nas
organizações. Pressuposto de diversas alterações e que cria a obrigação de que o gestor de
pessoas esteja capacitado para gerenciar adequadamente seus colaboradores a essa realidade.
Desta forma, a visão burocrática, rígida, controladora, fiscalizadora e inflexível da
gestão, passa a ser substituída por uma visão estratégica, com foco nos objetivos estratégicos
da instituição. Onde a visão sistêmica, articulada por todos, dentro da organização, torna mais
flexível a parceria do colaborador.
Assim, é importante ainda que o profissional responsável pela gestão de pessoas
contribua e participe ativamente do desenvolvimento de sua equipe e dos demais
colaboradores, de modo a estimular, reconhecer e potencializar suas habilidades e
conhecimentos.
Ressalta-se que o caminhar junto na organização pública de gestão de
colaboradores é de suma importância para o crescimento desta, uma vez que todos são
responsáveis pela prestação de serviços de qualidade, pelo zelo da imagem institucional e pelo
cumprimento da legislação vigente. E, acima de tudo, todos respondem pelos atos praticados
que venham caracterizar o descumprimento das normas e regras que regulamentam a
Administração Pública. Assim, vencer a complexidade das leis e burocracia acirrada no
contexto administrativo requer de seus atores o conhecimento, habilidades, competência e
atitudes.
Mussak, em 2003, já afirmava que o conhecimento é a informação com
significado, capaz de criar movimento, modificar fatos, encontrar caminhos, construir
utilidade e fabricar beleza. Nesta sequência, diversos outros autores trazem definições acerca
do conceito de habilidade, como Silva (2009), que considera que as habilidades são um
conjunto de aptidões e capacidades que o gestor adquire em sua formação acadêmica e
aprimora nas suas atividades profissionais, num processo contínuo.
Já para Maximiano (1995), as habilidades, ao contrário dos conhecimentos, são
adquiridas por meio da experiência profissional na prática. Assim, para se assimilar as
habilidades, faz-se necessária a experiência prática.
Outro conceito para habilidade, é trazido à baila por Gagné et al. (1988), que a
relaciona à aplicação produtiva do conhecimento, ou seja, à capacidade da pessoa de instaurar
conhecimentos armazenados em sua memória e utilizá-los em uma ação.
Para definir e caracterizar o instituto da competência, Bitencourt (2001) assevera
estudos que determinam as três dimensões principais para a análise das competências, o saber
(referente ao conhecimento), o saber fazer (referente às habilidades) e o saber agir (relativo às
atitudes).
Nesse contexto, Fleury e Fleury (2001), definem competência como:

Um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir


conhecimentos, recursos, habilidades que agreguem valor econômico à organização
e valor social ao indivíduo. O conceito de competência procura ir além do conceito
de qualificação: refere-se à capacidade de uma pessoa assumir iniciativas, ir além
das atividades prescritas, ser capaz de compreender e dominar novas situações no
trabalho, ser responsável e ser reconhecido por isso.

Ainda de acordo com os nobres autores, no processo de desenvolvimento de


competências restarão presentes 5 (cinco) tipos de conhecimentos:

▪ conhecimento teórico (entendimento e interpretação), adquirido na educação


formal e continuada;
▪ conhecimento sobre os procedimentos (saber como proceder), adquiridos na
educação formal e experiência profissional;
▪ conhecimento empírico (saber como fazer), adquirido pela experiência
profissional;
▪ conhecimento social (saber como se comportar), adquirido pela experiência
profissional e social; e
▪ conhecimento cognitivo (saber como lidar com a informação e como
aprender), adquirido pela educação formal e continuada, e as experiências
sociais e profissionais.

Diante do processo de desenvolvimento de competências acima citados, é válido


que se ressalte que as competências individuais podem ser recursos que, juntos a outros,
compõem uma competência organizacional.
De outra forma, Zarifian (1996) define que competência se traduz como o ato de
assumir responsabilidades frente a situações de trabalho complexas [...] ao exercício
sistemático de uma reflexibilidade no trabalho, que permita ao profissional lidar com eventos
inéditos, surpreendentes, de natureza singular.
Logo, as atitudes influenciarão diretamente na forma como o responsável pela
gestão de pessoas gerencia seus funcionários, uma vez que é com base nelas que seus
conhecimentos e habilidades são postos em prática.
Dito isto, no contexto conceitual, Gramigna (2002), define atitude como o início
de tudo e o principal componente da competência. Estando diretamente relacionada com
querer ser e querer agir. Desta forma, a atitude tem grande importância no papel do gestor
quanto a condução de suas atividades de liderança frente aos seus colaboradores, uma vez que
esse elemento é fundamental para que o conhecimento e a habilidade sejam colocados em
prática, permitindo ao mesmo o “querer ser e querer agir”.
Não obstante à conceitualização, faz-se imprescindível agregar na alma dos atores
do espaço administrativo público o conhecimento, habilidades, competência e atitudes dos
que trazem luz todos os dias à vida interna da organização. Assim, esta mudança de
paradigma é necessária à obtenção de resultados que agreguem valor não só ao ente público,
mas também à pessoa por seus atos e realizações.
Diante desta pesquisa bibliográfica realizada e da observação participante no
contexto da gerência da Administração Pública, pode-se perceber que as leis do Direito
Administrativo foram sancionadas de modo a orientar e assegurar a legitimidade dos atos
realizados na gestão pública, como também, para punir os que não respeitam os conteúdos de
seus dispositivos. Para que isto não venha ocorrer, é preciso que se tenha conhecimento e
atitude para agir em conformidade com a legislação vigente.
Não é fácil, mas também não é impossível que o gestor público não precise temer
a gestão pública pela legislação, muito pelo contrário, ele deve conhecê-la e utilizá-la para
gerenciar com objetividade, racionalidade e eficiência.
Dentre o acervo legal à disposição do gestor público, a Lei de Responsabilidade
Fiscal, foi citada por alguns autores e estudiosos, como norteadora para a promoção da boa
gestão. Dentre eles cita-se:

▪ Bezerra Filho (2008), que afirma ter-se obtido, através da LRF, uma
melhora do controle e transparência através de critérios de fixação e
cumprimento de metas de resultados, entre receitas e despesas, bem como a
obediência aos limites e condições em relação à geração de despesa, dívida
pública e renúncia de receitas, entre outras;
▪ Quintana et al. (2011), afirma que com a edição da LRF, ficou demonstrada
a intenção do legislador em fortalecer cada vez mais a transparência e
ampliar o controle das contas públicas;
▪ Platt Neto (2009), por sua vez destaca a importância da LRF no âmbito do
controle social, trazendo benefícios inquestionáveis à transparência; e
▪ Araújo e Arruda (2009), afiram que a implantação da LRF, foi um marco na
história da contabilidade no Brasil, no sentido de ser um instrumento
regulador das contas públicas no País.

A Transparência da Gestão Fiscal tem sido citada como um dos pontos positivos
da Lei de Responsabilidade Fiscal. Assim, para enriquecimento desta obra, considerou-se de
especial importância, o artigo 48 da LRF que garante transparência 1 aos instrumentos de
gestão fiscal.
Esta transparência pode ser considerada um fator que afeta positivamente a
qualidade da gestão, uma vez que no processo de divulgação das contas públicas, observa-se

1
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em
meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão
Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos. Lei Complementar nº 101/2000. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/ lcp101.htm> Acessado em 27/04/2018.
um movimento de melhoria do desempenho fiscal, já que os gestores públicos desejam
demonstrar os bons resultados obtidos na utilização dos recursos públicos.
Ademais, a transparência fiscal possibilita o acompanhamento claro e transparente
da execução orçamentária e das finanças públicas. Porém, ressalta-se que dar publicidade não
significa necessariamente ser transparente. Para tal, faz-se necessário que as informações
disponibilizadas sejam capazes de comunicar o real sentido que expressam, de modo a não
parecerem enganosas.
Na real conjuntura política e administrativa brasileira, a transparência da gestão
fiscal, a partir da LRF, passou a ser uma exigência legal, que pode ser periodicamente
acompanhada e fiscalizada pelos órgãos competentes, assim como pela população.
Destaca-se também que a tendência da abertura de acesso às informações relativas
às ações governamentais, constituem um dos pilares da democracia representativa, de forma a
criar mecanismos promotores de mudanças no comportamento, uma vez que inibe ações de
desvios e corrupção por parte de seus gestores.
Outrossim, a ideia de permissão de ampla divulgação de informações por meio da
internet propõe uma maior eficácia no controle social, além de construir novas estruturas de
governança no setor público. Com isso, há a redução de práticas de corrupção, promoção do
desempenho fiscal e fortalecimento da relação entre governo e cidadãos.
Nesse contexto, a internet tem desempenhado uma essencial função na
disseminação de informações e oferecimento de serviços à população. A grande maioria dos
órgãos do governo dispõe de homepages que fornecem informações sobre políticas, projetos e
ações próprias. Essa possibilidade de interação e prestação de serviços para a sociedade é
conhecida como governo eletrônico (e-gov), uma poderosa ferramenta que auxilia, de modo
integrado, a administração pública no desempenho de suas funções.
Porém, mesmo com os avanços das ferramentas e da constante busca pela
excelência na gestão pública, ainda se faz necessário um trabalho de base, de maneira a criar
na sociedade, um espírito crítico e de conscientização em relação à educação fiscal e uma
cobrança mais efetiva dos governantes, através do controle social, de como estão sendo
utilizados os recursos públicos.
O administrador público pode constantemente buscar no campo do Direito
contribuições valiosas para desempenhar seu papel, a fim de que não venha violar os
princípios que regem à Administração Pública, uma vez que violar um princípio é tão grave
quanto transgredir uma norma, já que a desatenção aos princípios, poderá implicar ofensa a
um mandamento específico e obrigatório, como também a todo o sistema de comandos.
Será passível de um julgamento judicial pela Lei de Improbidade Administrativa,
o administrador público que cometer ato de improbidade administrativa. Bem como outros
julgamentos cabíveis, como exemplo, o criminal decorrente do nosso Código Penal e leis
penais.
De modo similar, serão considerados atos de improbidade descritos na legislação
o uso de bens e equipamentos públicos com finalidade particular, agir de forma a intermediar
liberação de verbas em desacordo com os princípios da legalidade, estabelecer contratação
direta quando a lei manda licitar, vender bem público abaixo do valor de mercado, adquirir
bens acima do valor de mercado (superfaturamento), entre vários outros atos que importem
enriquecimento ilícito, causem prejuízo ao erário ou que atentem contra os princípios da
Administração Pública.
Vale reafirmar, que o gestor público muitas vezes se depara com situações que
exigem providências imediatas, fazendo com que ele tome decisões e atitudes que podem ser
consideradas como descumprimento da legislação, mas que por outro lado, não causam
qualquer tipo de prejuízo ao erário público, ou seja, foi a bem da administração. Em alguns
desses casos, pode-se buscar no direito algum amparo a fim de se empoderar o ato praticado,
ou seja, através do que estabelece o Poder Discricionário.
Desta forma, tal Poder concede à Administração Pública, de modo explícito ou
implícito, a prática de alguns atos administrativos, com liberdade na escolha de sua
conveniência, oportunidade e conteúdo, não se confundindo com o poder arbitrário.
Assim, a discricionariedade é a liberdade de ação administrativa, dentro dos
limites permitidos pela lei; arbítrio é ação contrária ou excedente da lei.

A DISCRICIONARIEDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Cada ato ou ação que o gestor público confere à administração, tem que ter por
escopo a proteção dos interesses de toda a coletividade na qual este se encontra inserido.
Desta forma, a legislação vigente impõe competências e atribuições a esses agentes, bem
como determina cristalinamente os limites para o exercício dessas diretrizes. Assim, resta não
só subentendido, mas também expresso que, a própria noção destas competências pressupõe a
sucessão de limites dentro dos quais esse gestor está vinculado a atuar.
Destarte, no sentido de assegurar o respeito aos direitos subjetivos dos cidadãos,
bem como garantir a observância de todas as diretrizes constitucionais direcionadas à
Administração Pública, existem os instrumentos jurídicos e sociais de fiscalização, que
exercem atuação direta junto aos agentes, órgãos e todas as entidades integrantes dessa
mesma Administração.
Nesse sentido, foi editado o Decreto-Lei de nº 200/672 dispondo sobre a
Administração Pública Federal. Um dos pontos interessantes que se pode extrair desse decreto
é o entendimento de que as atividades da Administração Federal obedecerão aos princípios
fundamentais do planejamento, coordenação, descentralização, delegação de competência e
controle. E, ao bem da doutrina, bem como ao princípio da simetria, os princípios
fundamentais acima citados podem e devem servir de base, analogamente, às demais esferas
da Administração Pública Direta, Indireta, Autárquica e Fundacionais dos Estados,
Municípios e Distrito Federal.
Academicamente, os controles impostos à Administração Pública são variados e
classificados de acordo com diversos critérios, porém, para o conteúdo desta seção,
abordaremos o tema de modo superficial, nos limitando assim especificamente à
discricionariedade dos agentes administrativos, uma vez que estes têm como base o poder de
autotutela de seus atos. E tal característica lhe possibilita a confirmação, correção ou alteração
de seu “comportamento”.
Assim, em face da autotutela que possui a Administração Pública, evidente se faz
esclarecer a proporção do direito à liberdade que possuem os Administradores Públicos.
Nessa seara, há de se entender que a discricionariedade3 administrativa promove
necessariamente um poder limitado, abarcado pelas balizas da racionalidade, uma vez que, na
ausência desses limites, esta discricionariedade perderia o seu caráter jurídico.
Depreende-se de tal entendimento que é impossível assimilar racionalmente o
conceito de discricionariedade sem regressar à sua compreensão limítrofe, que permeia as
esteiras dos regramentos legais. Assim, por mais contraditório que possa parecer, esses
mesmos limites configuram uma certa imprecisão, promovendo igualmente a sua delimitação.
De outro modo, a interpretação legalmente expressa, não altera a
discricionariedade administrativa do agente público, apenas lhe confere fronteira e não altera
em nada a sua liberdade administrativa. Por isso, resta-se aqui delimitada exatamente a
extensão vinculante e discricionária dos atos públicos.

2
Decreto-Lei de nº 200/67: Dispõe acerca da organização da Administração Pública Federal, estabelece as
diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências.
3
Discricionariedade. É a margem de autonomia inerente ao administrador para selecionar, de acordo com
parâmetros congruentes de razoabilidade, um, dentre pelo menos dois atos, cabíveis para cada caso concreto, a
fim de desempenhar o encargo de adoção do resultado mais adequado à satisfação da finalidade legal.
Há de se ressaltar também que, como dito inicialmente, toda atividade
administrativa deve estar subordinada ao cumprimento de determinadas propensões, sempre
com o objetivo de promover a proteção dos interesses de toda a coletividade. Assim, por mais
que pareça lógico, não seria possível que a lei sempre regulasse de forma vinculada4 a atuação
do administrador. Isto criaria uma padronização da solução. E, óbvio que sabemos que o ser
humano não projeta seus comportamentos e ações em situações padronizadas no dia-a-dia.
Muito pelo contrário, as ações humanas emanam muito dinamismo e diversidade. E, desta
forma devem-se portar os regramentos, vinculando de forma específica o que é padrão e
permitindo a discricionariedade frente as situações que precisam ser distinguidas e que não
poderiam ser antecipadamente catalogadas com segurança, uma vez que o mundo empírico
comporta inúmeras variáveis.
Deste entendimento conclui-se que a variabilidade de soluções permitidas pelas
ações discricionárias dos agentes públicos não significa necessariamente que todas são
idênticas e indiferentemente adequadas às aplicações em todos os casos, mas sim que a lei
considera que algumas são apropriadas especificamente para certos casos não se aplicando de
forma globalizada.
Por certo, também pode-se afirmar que a discricionariedade possui como
característica a existência de um juízo de conveniência e oportunidade no motivo ou objeto
conhecido como mérito. Desta forma, admite-se que essa mesma discricionariedade nunca
será absoluta, uma vez que, pelo menos de modo geral, a competência, a forma e a finalidade
dos atos administrativos possuem características elementares expressas em lei de gênero
exclusivamente vinculante.
Ademais, é de extrema importância ressaltar que, doutrinariamente, muitos
operadores do direito relacionam a discricionariedade à aplicação de leis que empregam
conceitos jurídicos indeterminados5, considerando assim as acepções sociais e culturais
contemporâneas do momento histórico da interpretação do regramento.
Porém, destacam-se situações em que essa discricionariedade se faz presente
mesmo em normatizações que não amparem ideias vagas ou imprecisas, exemplo disso é a
clara expressão legal permissiva que confere liberdade decisória ao gestor público. Nesses
casos, o regramento permite ampla liberdade comportamental da Administração Pública.

4
Atos Vinculados. São atos que a Administração pratica sem qualquer margem de liberdade para decidir, uma
vez que a lei já tipificou previamente a única conduta possível do agente frente ao caso concreto.
5
Conceitos jurídicos indeterminados são aquelas concepções relativamente vagas, que o legislador adota para
propiciar ao intérprete uma interpretação do regramento de acordo com as pretensões atuais da sociedade
analisando a singularidade de cada caso concreto.
E, caso a linha fronteiriça que limita o comportamento discricionário da
Administração Pública seja ultrapassada, existem os controles que as regulam. Um destes a
que o comportamento discricionário estaria sujeito é o da legalidade do ato perante o Poder
Judiciário. Não suportando, este Poder, qualquer tipo de óbice ao seu exercício, uma vez que
ele é de vital importância à garantia do atendimento positivo do regramento jurídico.

CONCLUSÃO

Atualmente, gerenciar recursos públicos não é tarefa fácil, o gestor público precisa
ser capacitado e ter conhecimento para atuar na realidade da administração púbica com todas
as suas particularidades burocráticas e legais, de forma a traçar e alcançar as metas
organizacionais que atendam às necessidades da sociedade em termos de políticas públicas,
assumidas pelo Estado.
O papel do gestor público ao longo dos tempos vem mudando diante do campo
atual da gestão pública que busca por competências e por excelência.
O Direito através da sua principal fonte que é a Lei, tem contribuído na atuação
desse gestor quanto à sua procura para o exercício de sua função à luz da legislação,
promovendo resultados que apresentem dentre outras características, a qualidade,
transparência, integridade e moralidade.
A "integridade pública" refere-se à aplicação de normas e valores públicos
geralmente aceitos na prática diária de organizações do setor público.
Já a moralidade administrativa é o princípio que rege as ações administrativas,
dentro do que seja honesto e justo. Desta feita a moralidade do ato administrativo, como
também a sua legalidade e finalidade, são pressupostos de validade, que sem os quais a
atividade pública será ilegítima.
Esta revisão teórica permitiu a observação de que, na opinião de alguns autores, a
transparência da gestão fiscal no Brasil foi uma das grandes contribuições da LRF para a
administração pública. Dentre muitos citados no escopo do trabalho, destacam-se
Grimmelikhuijsen e Welch (2012) que consideram o fato de a transparência ter contribuído
para a melhoria da governança no setor público inibindo práticas de corrupção ao possibilitar
o desenvolvimento do controle social, e, Matias-Pereira (2006) que afirma que a transparência
do Estado se efetiva por meio do acesso do cidadão à informação governamental, o que torna
mais democráticas as relações entre este ente e a sociedade civil.
Os motivos e a finalidade apontados no regramento jurídico, bem como a causa do
fato, propiciam as limitações ao exercício da discricionariedade administrativa, uma vez que
todo o conceito, por imperativo racional, é uma noção finita que possui delineamentos
perceptíveis.
Destarte, é importante frisar que por maior que seja o aparato legislativo brasileiro
relevante à Administração Pública aqui citados, os mesmos não se exaurem com esta obra.
Servindo apenas de base ou orientação para futuras pesquisas.

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