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NOÇÕES DE DIREITO

CONSTITUCIONAL
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Prof. Adriano Augusto Placidino Gonçalves Estado sua intervenção para que a liberdade do homem fosse pro-
tegida totalmente (o direito à saúde, ao trabalho, à educação, o
Graduado pela Faculdade de Direito da Alta Paulista – FADAP. direito de greve, entre outros). Veio atrelado ao Estado Social da
Advogado regularmente inscrito na OAB/SP primeira metade do século passado. A natureza do comportamento
perante o Estado serviu de critério distintivo entre as gerações, eis
que os de primeira geração exigiam do Estado abstenções (pres-
tações negativas), enquanto os de segunda exigem uma prestação
1. DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDA- positiva.
MENTAIS EM ESPÉCIE;
1.2. DIREITO À VIDA; 3) Direitos de terceira geração: Os chamados de solidarie-
dade ou fraternidade, voltados para a proteção da coletividade. As
Constituições passam a tratar da preocupação com o meio ambien-
te, da conservação do patrimônio histórico e cultural, etc. A partir
A Constituição de 1988, em seu Título II, classifica o gênero destas, vários outros autores passam a identificar outras gerações,
“direito e garantias fundamentais” em cinco espécies: ainda que não reconhecidas pela unanimidade de todos os doutri-
1. Direitos individuais; nadores.
2. Direitos coletivos;
3. Direitos sociais; 4) Direitos de quarta geração: Segundo orientação de Nor-
4. Direitos à nacionalidade; berto Bobbio, a quarta geração de direitos humanos está ligada à
5. Direitos políticos. questão do biodireito. Referida geração de direitos decorreria dos
avanços no campo da engenharia genética, ao colocarem em risco
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS FUNDA- a própria existência humana, por meio da manipulação genética.
MENTAIS Por outro lado, o Professor Paulo Bonavides, afirma que em
Alguns autores apontam como marco inicial dos direitos fun- razão do processo de globalização econômica, com consequente
damentais a Magna Carta Inglesa (1215). Os direitos ali estabele- afrouxamento da soberania do Estado Nacional, existe uma ten-
cidos, entretanto, não visavam a garantir uma esfera irredutível de dência de globalização dos direitos fundamentais, de forma a
liberdades aos indivíduos em geral, mas, sim, essencialmente, a universalizá-los institucionalmente, sendo a única que realmente
assegurar poder político aos barões mediante a limitação dos po- interessaria aos povos da periferia, citando como exemplos: o di-
deres do rei. (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo) reito à democracia, à informação e ao pluralismo.
A positivação dos direitos fundamentais deu-se a partir da
Revolução Francesa, com a Declaração dos Direitos do Homem 5) Direitos da quinta geração: Em que pese doutrinadores
(em 1789), e das declarações de direitos formuladas pelos Estados enquadrarem os direitos humanos de quinta geração como sendo
Americanos, ao firmarem sua independência em relação à Inglater- os que envolvam a cibernética e a informática. Paulo Bonavides,
ra (Virgínia Bill of Rights, em 1776). Originam-se, assim, as Cons- vê na quinta geração o espaço para o direito à paz, chegando a
tituições liberais dos Estados ocidentais dos séculos XVIII e XIX. afirmar que a paz é axioma da democracia participativa, ou ainda,
Os primeiros direitos fundamentais têm o seu surgimento liga- supremo direito da humanidade.
do à necessidade de se imporem limites e controles aos atos prati- Vale observar que ainda que se fale em gerações, não existe
cados pelo Estado e suas autoridades constituídas. Nasceram, pois, qualquer relação de hierarquia entre estes direitos, mesmo porque
como uma proteção à liberdade do indivíduo frente à ingerência todos interagem entre si, de nada servindo um sem a existência
abusiva do Estado. Por esse motivo – por exigirem uma abstenção, dos outros. Esta nomenclatura adveio apenas em decorrência do
um não-fazer do Estado em respeito à liberdade individual – são tempo de surgimento, na eterna e constante busca do homem por
denominados direitos negativos, liberdades negativas, ou direitos mais proteção e mais garantias, com o objetivo de alcançar uma
de defesa. sociedade mais justa, igualitária e fraterna.

EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DIREITO À VIDA:


Os direitos fundamentais foram sendo reconhecidos pelos
textos constitucionais e pelo ordenamento jurídico dos países de O direito à vida, previsto de forma genérica no art. 5º, caput,
forma gradativa e histórica, aos poucos, os autores começaram a abrange tanto o direito de não ser morto, privado de vida, portanto,
reconhecer as gerações destes, podendo ser sintetizadas da seguin- o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma vida
te forma: digna.

1) Direitos de primeira geração: Surgidos no século XVII, 1) Direito de Não Ser Morto:
eles cuidam da proteção das liberdades públicas, ou seja, os direi-
tos individuais, compreendidos como aqueles inerentes ao homem a) Proibição da pena de morte: (art. 5.º, XLVII, “a”)
e que devem ser respeitados por todos os Estados, como o direito A CF assegura o direito de não ser morto quando proíbe a pena
à liberdade, à vida, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao de morte. A aplicação da pena de morte só é permitida em caso
voto, entre outros. São limites impostos à atuação do Estado. de guerra externa declarada. Não é possível a introdução da pena
de morte por Emenda Constitucional, visto que o direito à vida é
2) Direitos de segunda geração: Correspondem aos direitos direito individual e o art. 60, § 4.º, dispõe que os direitos indivi-
de igualdade, significa um fazer do Estado em prol dos menos fa- duais não poderão ser modificados por emenda (cláusula pétrea,
vorecidos pela ordem social e econômica. Passou-se a exigir do imutável).

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Também não seria possível um plebiscito para a introdução “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em digni-
da pena de morte, tendo em vista que a própria CF estabelece suas dade e direitos e, dotados que são de razão e consciência, devem
formas de alteração e o plebiscito não está incluído nessas formas. comportar-se fraternalmente uns com os outros”.
A única maneira de se introduzir a pena de morte no Brasil seria a No artigo 5º, são encontrados em torno de 70 incisos e exa-
confecção de uma nova Constituição pelo poder originário. tamente quatro parágrafos. No artigo são garantidos os diretos de
liberdade, igualdade, direitos à moradia. Também é dado a todo
b) Proibição do aborto: O legislador infraconstitucional pode brasileiro, segundo os registros, o direito de exercer os cultos re-
criar o crime de aborto ou descaracterizá-lo, tendo em vista que a ligiosos, seja qual for sua religião, o benefício de trabalho, enfim,
CF não se referiu ao aborto expressamente, simplesmente garantiu todo cidadão é livre, pode recorrer à justiça, quando necessário
a vida. Assim, o Código Penal (CP), na parte que trata do aborto, for, e não pode ser oprimido. É essencial que todo brasileiro saiba
foi recepcionado pela Constituição Federal. dos seus direitos e garantias, para que não sobrevenha sobre ele
O CP prevê o aborto legal em caso de estupro e em caso de ris- nenhum tipo de injustiça.
co de morte da mãe. A jurisprudência admite, no entanto, o aborto
eugênico baseado no direito à vida da mãe, visto que nesse caso
Após as severas consequências da ditadura, onde não se tinha
existe risco de integridade física e psicológica desta. Aborto eugê-
nico é aquele concedido mediante autorização judicial nas hipóte- o direito de liberdade de expressão; era proibida a manifestação
ses de comprovação científica de impossibilidade de sobrevivência de opinião contra o regime e a população era podada através de
extra-uterina. Para que o aborto seja legalizado no Brasil, basta so- uma semiliberdade, a Constituição Federal de 1988 assegurou a
mente à vontade do legislador infraconstitucional, tendo em vista liberdade em diversos dispositivos:
que a CF não proibiu nem permitiu esse procedimento. 1) Liberdade de Pensamento (art. 5.º, IV e V): É importante
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em julga- que o Estado assegure a liberdade das pessoas de manifestarem o
mento realizado no dia 11 de abril de 2012, por maioria de votos, seu pensamento. Foi vedado o anonimato para que a pessoa assu-
“julgou procedente o pedido contido na Arguição de Descumpri- ma aquilo que está manifestando caso haja danos materiais, morais
mento de Preceito Fundamental (ADPF) 54, ajuizada na Corte pela ou à imagem. O limite na manifestação do pensamento se encontra
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), para no respeito à imagem e à moral das outras pessoas.
declarar a inconstitucionalidade de interpretação segundo a qual a 2) Liberdade de Consciência, de Crença e de Culto (art.
interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificada nos 5.º, VI, VII e VIII): A liberdade de consciência refere-se à visão
artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, todos do Código Penal.  O que o indivíduo tem do mundo, ou seja, são as tendências ideoló-
ministro Marco Aurélio de Mello, afirmou que dogmas religiosos gicas, filosóficas, políticas, etc. de cada indivíduo. A liberdade de
não podem guiar decisões estatais e fetos com ausência parcial ou crença tem um significado de cunho religioso, ou seja, as pessoas
total de cérebro não têm vida, e por isso dava total procedência à
têm a liberdade de cultuar o que elas acreditam. A CF proíbe qual-
ação, no que foi acompanhado pelos Ministros Rosa Maria Weber,
quer distinção ou privilégio entre as igrejas e o Estado. O que se
Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Carmem Lúcia, Ayres Britto, Gilmar
Mendes e Celso de Mello. Os ministros entenderam ser também prevê é que o Estado poderá prestar auxílio a qualquer igreja quan-
essencial que o Ministério da Saúde crie normas para o aborto de do se tratar de assistência à saúde, à educação, etc. Seja qual for à
anencéfalos para garantir a segurança da mulher. crença, o indivíduo tem direito a praticar o culto. A CF/88 assegu-
ra, também, imunidade tributária aos templos quando se tratar de
c) Proibição da eutanásia: O médico que praticar a eutanásia, qualquer valor auferido em razão de realização do culto. Ainda, a
ainda que com autorização do paciente ou da família, estará co- CF assegura o atendimento religioso às pessoas que se encontrem
metendo crime de homicídio. A eutanásia se configura quando um em estabelecimentos de internação coletiva, como manicômios,
médico tira a vida de alguém que teria condições de vida autôno- cadeias, quartéis militares, etc.
ma. No caso de desligar os aparelhos de pessoa que só sobreviveria 3) Liberdade de Atividade Intelectual, Artística, Científica
por meio deles, não configura a eutanásia. e de Comunicação (art. 5.º, IX): A CF estabelece que a expres-
são das atividades intelectual, artística, científica e de comunica-
d) Garantia da legítima defesa: O direito de a pessoa não ser ção é livre, não se admitindo a censura prévia. É uma liberdade,
morta legitima que se tire a vida de outra pessoa que atentar contra no entanto, com responsabilidade, ou seja, se houver algum dano
a sua própria. moral ou material a outrem, haverá responsabilidade por indeni-
zação. O direito do prejudicado se limita à indenização por danos,
não se podendo proibir a circulação da obra. Apesar de não haver
1.2. DIREITO À LIBERDADE; previsão na CF/88 quanto à proibição de circulação de obras, o
Judiciário está concedendo liminares, fundamentando-se no fato
de que deve haver uma prevenção para que não ocorra o prejuízo e
não somente a indenização por isso. Os meios de comunicação são
Liberdade é o estado no qual se supõe estar livre de limi- públicos, sendo concedidos a terceiros. Caso a emissora apresente
tações ou coação, sempre que se tratar de agir de maneira lícita, programas que atinjam o bem público, ela poderá sofrer sanções,
de acordo com princípios éticos e legais cristalizados dentro da inclusive a não renovação da concessão.
sociedade. Veda-se a censura de natureza política, ideológica, artística
Neste aspecto, o direito à liberdade é citado nas mais diver- (art. 220, § 2º), porém, apesar da liberdade de expressão acima
sas formas, sempre considerando o indivíduo como parte de um garantida, lei federal deverá regular as diversões e os espetáculos
grupo, no qual influi e do qual recebe influência, ou seja, torna-se públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza de-
necessário à vida em sociedade a definição de regras claras, escri- les, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários
tas ou não, para um convívio harmonioso entre as pessoas. em que sua apresentação se mostre inadequada.

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4) Liberdade de Trabalho, Ofício ou Profissão (art. 5.º, XIII):
É assegurada a liberdade de escolher qual a atividade que se exercerá. 1.4. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Essa é uma norma de eficácia contida porque tem uma aplicabilidade E DA ANTERIORIDADE PENAL
imediata, no entanto traz a possibilidade de ter o seu campo de inci- (ART. 5° LL, XXXIX);
dência contido por meio de requisitos exigidos por lei. A lei exige que
certos requisitos de capacitação técnica sejam preenchidos para que
se possa exercer a profissão (Exemplo: O advogado deve ser bacharel
em direito e obter a carteira da OAB por meio de um exame; O enge- PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
nheiro deve ter curso superior de engenharia; etc.).
5) Liberdade de Locomoção (art. 5.º, XV): É a liberdade O princípio da legalidade é um dos princípios mais impor-
física de ir, vir, ficar ou permanecer. Essa liberdade é considerada tantes do ordenamento jurídico Pátrio, é um dos sustentáculos do
pela CF como a mais fundamental, visto que é requisito essencial Estado de Direito, e vem consagrado no inciso II do artigo 5º da
para que se exerça o direito das demais liberdades. Constituição Federal, dispondo que ninguém será obrigado a fazer
6) Liberdade de Reunião (art. 5.º, XVI): É a permissão ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei , de modo
constitucional para um agrupamento transitório de pessoas com o a impedir que toda e qualquer divergência, os conflitos, as lides
objetivo de trocar ideias para o alcance de um fim comum. se resolvam pelo primado da força, mas, sim, pelo império da lei.
7) Liberdade de Associação (art. 5.º, XVII a XXI): Normal- Lei é a expressão do direito, emanada sob a forma escrita, de
mente, a liberdade de associação se manifesta por meio de uma autoridade competente surgida após tramitar por processos previa-
reunião. Logo, existe uma relação muito estreita entre a liberdade mente traçados pelo Direito, prescrevendo condutas estabelecidas
de reunião e a liberdade de associação. A reunião é importante para como justas e desejadas, dotada ainda de sanção jurídica da impe-
que se exerça a associação, visto que normalmente a associação ratividade.
começa com uma reunião. É o direito de coligação voluntária de Em outras palavras, lei nada mais é do que uma espécie nor-
algumas ou muitas pessoas físicas, por tempo indeterminado, com mativa munida de caráter geral e abstrato, normalmente expedida
o objetivo de atingir um fim lícito sob direção unificante. A as- pelo órgão de representação popular, o Legislativo, ou excepcio-
sociação, assim como a reunião, é uma união de pessoas que se nalmente, pelo Poder Executivo.
distingue pelo tempo, visto que o objetivo que se quer alcançar não Destes apontamentos, conclui-se que a expressão lei possui
poderá ser atingido em um único momento na associação, enquan- dois sentidos, um em sentido amplo e outro em sentido formal.
to na reunião, o objetivo se exaure em tempo determinado. Lei em sentido amplo é toda e qualquer forma de regulamenta-
ção, por ato normativo, oriundo do Estado, tais como as leis delega-
1.3. PRINCÍPIO DA IGUALDADE (ART. 5° I); das, nas medidas provisórias e nos decretos. Lei em sentido formal
são apenas os atos normativos provenientes do Poder Legislativo.
Em nosso país, apenas a lei, em seu sentido formal, é apta a
inovar, originariamente, na ordem jurídica. Logo, não é possível
pensar em direitos e deveres subjetivos sem que, contudo, seja es-
PRINCÍPIO DA IGUALDADE tipulado por lei. É a submissão e o respeito à lei.
Reverencia-se, assim, a autonomia da vontade individual, cuja
O inciso I do art. 5º traz, em seu bojo, um dos princípios mais atuação somente poderá ceder ante os limites pré-estabelecidos
importantes existentes no ordenamento jurídico brasileiro, qual pela lei. Neste obstante, tudo aquilo que não está proibido por lei é
seja, o princípio da isonomia ou da igualdade. Tal princípio igua- juridicamente permitido.
lou os direitos e obrigações dos homens e mulheres, todavia, per- O império e a submissão ao princípio da legalidade conduzem
mitindo as diferenciações realizadas nos termos da Constituição. a uma situação de segurança jurídica, em virtude da aplicação pre-
Quando falamos em igualdade, podemos fazer a distinção entre cisa e exata da lei preestabelecida.
igualdade material e igualdade formal. A igualdade material é aquela Complementando o raciocínio, o insigne doutrinador Cel-
efetiva, onde realmente é possível perceber que há aplicabilidade so Ribeiro Bastos leciona que “o princípio da legalidade mais se
da máxima que “os iguais serão tratados igualmente e os desiguais aproxima de uma garantia constitucional do que de um direito in-
desigualmente, na medida de suas desigualdades”. Já, a igualdade dividual, já que ele não tutela, especificamente, um bem da vida,
formal é aquela explicitada pela lei, que nem sempre é vista na re- mas assegura, ao particular, a prerrogativa de repelir as injunções
alidade de modo efetivo. Desta maneira, é importante salientar que que lhe sejam impostas por uma outra via que não seja a da lei ”.
nem sempre a igualdade formal corresponde à igualdade material. De um modo mais simplificado, pode-se afirmar que nenhum
Tal princípio vem sendo muito discutido ultimamente, prin- brasileiro ou estrangeiro pode ser compelido a fazer, a deixar de
cipalmente no que diz respeito às cotas raciais utilizadas pelos fazer ou a tolerar que se faça alguma coisa senão em virtude de lei.
negros com a finalidade de ingressarem em faculdades públicas.
De acordo com entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Princípio da Reserva Legal
Federal, de forma vinculante, ninguém pode ser privado de direi-
tos, nem sofrer quaisquer restrições de ordem jurídica, em razão O princípio da reserva legal é decorrente do princípio da lega-
de sua orientação sexual, como, por exemplo, a percepção de be- lidade. Por isso, não é errado afirmar que o princípio da legalidade
nefício pela morte de companheiro do mesmo sexo. Com base no possui uma abrangência mais ampla do que o princípio da reserva
mesmo entendimento, a Suprema Corte, deu interpretação confor- legal, este é um aprofundamento daquele.
me ao art. 1.723 do Código Civil, para assegurar o reconhecimento O princípio da reserva legal é rotulado por uma maior seve-
da união entre pessoas do mesmo sexo de forma contínua, pública ridade no intento de preservar as garantias individuais e limitar o
e duradoura como entidade familiar. poder do Estado sobre o cidadão, diz-se isso porque se trata de um

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princípio de suma importância, especialmente no Direito Penal e Ressalta-se, que a Constituição Federal prevê a prática de atos
no Direito Tributário, ramos em que assume a sua força extrema, infralegais sobre determinadas matérias, contudo, impõe a tais atos
o da tipicidade. obediência a requisitos ou condições reservados à lei.
Assim o é, porquanto tais disciplinas são as que mais afetam,
se assim se pode dizer, a vida dos particulares, a primeira por avan- Anterioridade Penal
çar sobre a liberdade, o segundo por atacar o patrimônio.
Reserva legal, também chamado de reserva de lei, significa O princípio da legalidade penal está previsto no inciso XX-
que determinadas matérias somente podem ser tratadas mediante XIX do artigo 5º da Constituição da República, no qual estatui que
lei. Sendo vedado o uso de qualquer outra espécie normativa. “não haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
O doutrinador André Ramos Tavares, ao escrever sobre o prévia cominação legal”.
tema, ensina que a “reserva de lei reporta-se a divisão de compe- Como já sobredito, trata-se de um limite para a atuação do
tências no seio do Documento Constitucional. Assim, quando, v. Estado, agora no aspecto penal, na medida em que somente pode-
g., no artigo 175, parágrafo único, IV, prescreve-se que compete rá tipificar situações como caracterizadoras como crime, instituir
à lei dispor sobre a ‘obrigação de manter serviço adequado’, fica sanções ou penalidades se for por meio de lei. Ainda que o fato
claro que, embora já existindo essa obrigação, vale dizer, já sendo seja imoral, antissocial ou danoso, não há possibilidade de se im-
uma realidade jurídica (constitucional), ainda assim pretendeu o putar a qualquer pessoa a prática de um crime ou aplicar-lhe uma
legislador constituinte que ela fosse explicitada por lei ”. Perfa- sanção penal pela conduta praticada.
zendo o ensinamento transcrito, citamos, por exemplo, que apenas No âmbito penal, o princípio da legalidade é rotulado pela
a lei pode versar sobre as matérias relativas a nacionalidade, cida- reserva absoluta de lei, onde apenas a lei em sentido formal pode
dania, direitos políticos, partidos políticos, direito eleitoral, direito tipificar condutas e impor sanções. Logo, é uma função precípua
penal, processual penal, processual civil, direitos individuais, den- do Poder Legislativo.
tre outros, como muito prescreve o artigo 62, parágrafo 1º, incisos O doutrinador Fernando Capez, com muita maestria, ensina
I e II, e o artigo 68, parágrafo 1º, ambos da Carta Magna. que “nenhuma outra fonte subalterna pode gerar a norma penal,
Seguindo o mesmo entendimento, o ínclito doutrinador José uma vez que a reserva de lei proposta pela Constituição é absolu-
Afonso da Silva leciona que “quando a Constituição reserva con- ta, e não meramente relativa (...) somente a lei, na sua concepção
teúdo específico, caso a caso, à lei, encontramo-nos diante do prin- formal e estrita, emanada e aprovada pelo Poder Legislativo, por
cípio da reserva legal”. Por isso o entendimento de que o princípio meio de procedimento adequado, pode criar tipos e impor penas”.
em estudo envolve uma questão de competência, incidindo tão-so- A reserva legal no Direito Penal está implícita no conceito de
mente nas matérias especificadas pela Constituição da República. tipicidade, ou seja, somente haverá um crime quando ocorrer um
Necessário se faz explanar que o princípio da reserva legal fato descrito em lei como tal.
comporta, ainda, duas subdivisões, a primeira, reserva de lei abso-
luta, e a segunda, a reserva de lei relativa. Apenas a título de complementação, citamos o julgado da
A reserva de lei será absoluta quando uma determinada maté- “Justiça Bandeirante”:
ria só pode ser disciplinada por ato emanado pelo Poder Legislati- “Em Direito Penal, o princípio da reserva legal exige que os
vo, mediante adoção do processo legislativo, ou seja, somente pela textos sejam interpretados sem ampliações ou equiparações por
lei, em seu sentido mais estrito, poderá regular determina matéria analogia, salvo quando in bonam parte. Ainda vige o aforismo po-
prevista na Constituição Federal, sem a participação normativa do enalia sunt restringenda, ou seja, interpretam-se estritamente as
Poder Executivo. disposições cominadoras de pena” (RT 594/365).
Pode-se concluir, portanto, que o princípio em estudo tem o
Estribando a matéria, Simone Lahorge Nunes ensina que o condão de proteger o cidadão contra a ação do Estado, impondo li-
princípio da reserva legal absoluta “significa a sujeição e a subor- mites para a repressão de condutas penalmente típicas, para a fixa-
dinação do comportamento dos indivíduos às normas e prescrições ção da responsabilidade penal, quanto à natureza da sanção penal
editadas pelo Poder Legislativo – apenas a lei em sentido formal, e o regime de cumprimento da sanção, dentre outros.
portanto, poderia impor às pessoas um dever de prestação ou de
abstenção ”.
Em outra vertente está a reserva legal relativa, estabelecendo 1.5. LIBERDADE DA MANIFESTAÇÃO DO
que uma determinada matéria poderá ser disciplinada por atos nor-
PENSAMENTO (ART. 5° LV);
mativos que, embora não emanados diretamente pelo Poder Legis-
lativo, tem força de lei.
Ou melhor, haverá reserva de lei relativa quando a matéria
a ser estatuída pode ser regulamentada por atos emanados pelo Liberdade de Pensamento (art. 5.º, IV e V): É importante
Poder Executivo, desde que observados os ditames constantes em que o Estado assegure a liberdade das pessoas de manifestarem o
lei. São inúmeros os exemplos desses tipos de atos, tais como os seu pensamento. Foi vedado o anonimato para que a pessoa assu-
decretos, as leis delegadas e as medidas provisórias. ma aquilo que está manifestando caso haja danos materiais, morais
Para melhor elucidar o explanado, citamos os dizeres de Yon- ou à imagem. O limite na manifestação do pensamento se encontra
ne Dolacio de Oliveira, in Curso de direito tributário: no respeito à imagem e à moral das outras pessoas.
“ A reserva relativa de lei formal possibilita uma certa partilha Caso ocorram danos, o ofendido poderá se valer de dois di-
de competência legislativa, para inovar o direito vigente, entre lei reitos:
e o regulamento. Se a reserva é absoluta, inexiste a partilha de a) Indenização por dano material, moral ou à imagem:
competência, sendo a lei a única fonte, que se estrutura no Poder “São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral
Legislativo, podendo legitimamente constituir direito novo ”. oriundos do mesmo fato – Súmula n. 37 do STJ”;

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b) Direito de resposta, consiste essencialmente no poder, que O inciso em questão traz, em seu bojo, alguns casos onde é
assiste a todo aquele que seja pessoalmente afetado por notícia, perceptível a existência de limitações à liberdade de pensamento.
comentário ou referência saída num órgão de comunicação social, Isso ocorre pelo fato de que se fosse total a liberdade de pensamen-
de fazer publicar ou transmitir nesse mesmo órgão, gratuitamente, to, sem a existência de algumas limitações, sérios danos à intimi-
um texto seu desmentido, retificação ou apresentando defesa a esta dade, vida privada, honra e imagem das pessoas, poderiam ocorrer.
informação. Este instrumento deve realmente ser usado para defe- Assim, o artigo em questão traz a possibilidade de ajuizamen-
sa e não para ataque ao ofensor. Se o direito de resposta for negado to de ação que vise à indenização por danos materiais ou morais
pelo veículo de comunicação, caberá medida judicial. decorrentes da violação dos direitos expressamente tutelados.
Entende-se como dano material, o prejuízo sofrido na esfera patri-
Assim dispõe a Constituição Federal de 1988: monial, enquanto o dano moral, aquele não referente ao patrimô-
nio do indivíduo, mas sim que causa ofensa à honra do indivíduo
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o lesado.
anonimato; Não obstante a responsabilização na esfera civil, ainda é pos-
sível constatar que a agressão a tais direitos também encontra gua-
Este inciso garante a liberdade de manifestação de pensamen- rida no âmbito penal. Tal fato se abaliza na existência dos crimes
to, até como uma resposta à limitação desses direitos no período da de calúnia, injúria e difamação, expressamente tipificados no Có-
ditadura militar. Não somente por este inciso, mas por todo o con- digo Penal Brasileiro.
teúdo, que a Constituição da República Federativa de 1988 consa-
grou-se como a “Constituição Cidadã”. Um ponto importante a ser
citado neste inciso é a proibição do anonimato. Cabe ressaltar que
a adoção de eventuais pseudônimos não afetam o conteúdo deste
1.7. INVIOLABILIDADE DO
inciso, mas tão somente o anonimato na manifestação do pensa-
LAR (ART. 5° XI);
mento.

V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agra-


vo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; Assim dispõe a Constituição Federal de 1988:
O referido inciso traz, em seu bojo, uma norma assecuratória XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela po-
de direitos fundamentais, onde se encontra assegurado o direito dendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização corres- flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
pondente ao dano causado. Um exemplo corriqueiro da aplicação o dia, por determinação judicial;
deste inciso encontra-se nas propagandas partidárias, quando um
eventual candidato realiza ofensas ao outro. Desta maneira, o can- O referido inciso traz a inviolabilidade do domicílio do indiví-
didato ofendido possui o direito de resposta proporcional à ofensa, duo. Todavia, tal inviolabilidade não possui cunho absoluto, sendo
ou seja, a resposta deverá ser realizada nos mesmos parâmetros que o mesmo artigo explicita os casos em que há possibilidade
que a ofensa. Assim, se a resposta deverá possuir o mesmo tempo de penetração no domicílio sem o consentimento do morador. Os
que durou a ofensa, deverá ocorrer no mesmo veículo de comu- casos em que é possível a penetração do domicílio são:
nicação em que foi realizada a conduta ofensiva. Não obstante, - Durante a noite: há possibilidade de ingresso no domicílio
o horário obedecido para a resposta deverá ser o mesmo que o da somente com o consentimento do morador, em caso de flagrante
ofensa. delito, desastre ou para prestar socorro.
Em que pese haja a existência do direito de resposta propor- - Durante o dia: será possível ingressar no domicílio do indiví-
cional ao agravo, ainda há possibilidade de ajuizamento de ação duo com o consentimento do morador, em caso de flagrante delito,
de indenização por danos materiais, morais ou à imagem. Assim, desastre, para prestar socorro e, ainda, por determinação judicial.
estando presente a conduta lesiva, que tenha causando um resul- Note-se que o ingresso em domicílio por determinação judi-
tado danoso e seja provado o nexo de causalidade com o eventual cial somente é passível de realização durante o dia. Tal ingresso
elemento subjetivo constatado, ou seja, a culpa, demonstra-se me- deverá ser realizado com ordem judicial expedida por autoridade
dida de rigor, o arbitramento de indenização ao indivíduo lesado. judicial competente, sob pena de considerar-se o ingresso despro-
vido desta como abuso de autoridade, além da tipificação do crime
de Violação de Domicílio, que se encontra disposto no artigo 150
1.6. INVIOLABILIDADE DA do Código Penal.
INTIMIDADE. VIDA PRIVADA, HONRA E Todavia, o que podemos considerar como dia e noite? Exis-
IMAGEM (ART. 5° X); tem entendimentos que consideram o dia como o período em que
paira o sol, enquanto a noite onde há a existência do crepúsculo.
No entanto, entendo não ser eficiente tal classificação, haja vista
a existência no nosso país do horário de verão adotado por alguns
Estados e não por outros, o que pode gerar confusão na interpreta-
Assim dispõe a Constituição Federal de 1988: ção desse inciso. Assim, para fins didáticos e de maior segurança
quanto à interpretação, entendemos que o dia pode ser compreen-
X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e dido entre as 6 horas e às 18 horas, enquanto o período noturno das
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo 18 horas às 6 horas.
dano material ou moral decorrente de sua violação;

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
que se exerça o direito das demais liberdades. Todas as garantias
1.8. SIGILO DE CORRESPONDÊNCIA E DE penais e processuais penais previstas no art. 5.º são normas que
tratam da proteção da liberdade de locomoção. Por exemplo, o
COMUNICAÇÃO (ART. 5° XII);
habeas corpus é voltado especificamente para a liberdade de loco-
moção. Essa norma também é de eficácia contida, principalmente
no que diz respeito à liberdade de sair, entrar e permanecer em ter-
Assim dispõe a Constituição Federal de 1988: ritório nacional. A lei pode estabelecer exigências para sair, entrar
ou permanecer no país, visando a proteção da soberania nacional.
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comu-
nicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, Assim prevê a Constituição Federal de 1988:
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na for-
ma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de
instrução processual penal; paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
permanecer ou dele sair com seus bens;
Este inciso tem por escopo demonstrar a inviolabilidade do
sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de da- O inciso em questão prega o direito de locomoção. Esse di-
dos e comunicações telefônicas. No entanto, o próprio inciso traz reito abrange o fato de se entrar, permanecer, transitar e sair do
a possibilidade de quebra do sigilo telefônico, por ordem judicial, país, com ou sem bens. Quando o texto constitucional explicita
desde que respeite a lei, para que seja possível a investigação cri- que qualquer pessoa está abrangida pelo direito de locomoção, não
minal e instrução processual penal. há diferenciação entre brasileiros natos e naturalizados, bem como
Para que fique mais claro o conteúdo do inciso em questão, nenhuma questão atinente aos estrangeiros. Assim, no presente
vejamos: caso a Constituição tutela não somente o direito de locomoção do
 Sigilo de Correspondência: Possui como regra a inviola- brasileiro nato, bem como o do naturalizado e do estrangeiro.
bilidade trazida no Texto Constitucional. Todavia, em caso de de- Desta forma, como é possível perceber a locomoção será livre
cretação de estado de defesa ou estado de sítio poderá haver limi- em tempo de paz. Porém tal direito é relativo, podendo ser restrin-
tação a tal inviolabilidade. Outra possibilidade de quebra de sigilo gido em casos expressamente dispostos na Constituição, como por
de correspondência entendida pelo Supremo Tribunal Federal diz exemplo, no estado de sítio e no estado de defesa.
respeito às correspondências dos presidiários. Visando a segurança
pública e a preservação da ordem jurídica o Supremo Tribunal Fe-
deral entendeu ser possível à quebra do sigilo de correspondência 1.10. DIREITO DE REUNIÃO E DE
dos presidiários. Um dos motivos desse entendimento da Suprema ASSOCIAÇÃO (ART. 5° XVI, XVII, XVIII, XIX,
Corte é que o direito constitucional de inviolabilidade de sigilo de XX E XXI);
correspondência não pode servir de guarida aos criminosos para a
prática de condutas ilícitas.
 Sigilo de Comunicações Telegráficas: A regra emprega-
da é da inviolabilidade do sigilo, sendo, porém, possível à quebra
deste em caso de estado de defesa e estado de sítio. Liberdade de Reunião (art. 5.º, XVI): É a permissão cons-
 Sigilo das Comunicações Telefônicas: A regra é a invio- titucional para um agrupamento transitório de pessoas com o ob-
labilidade de tal direito. Outrossim, a própria Constituição traz no jetivo de trocar ideias para o alcance de um fim comum. O direito
inciso supracitado a exceção. Assim, será possível a quebra do si- de reunião pode ser analisado sob dois enfoques: De um lado a
gilo telefônico, desde que esteja amparado por decisão judicial de liberdade de se reunir para decidir um interesse comum e de ou-
autoridade competente para que seja possível a instrução processu- tro lado à liberdade de não se reunir, ou seja, ninguém poderá ser
al penal e a investigação criminal. O inciso em questão ainda exige obrigado a reunir-se. Para a caracterização desse direito, devem ser
para a quebra do sigilo a obediência de lei. Essa lei entrou em vigor observados alguns requisitos a fim de que não se confunda com o
em 1996, sob o nº 9.296/96. A lei em questão, traz em seu bojo, direito de associação. São eles:
alguns requisitos que devem ser observados para que seja possível a) Pluralidade de participantes: Trata-se de uma ação coleti-
realizar a quebra do sigilo telefônico. va, ou seja, deve haver várias pessoas para que possa haver uma
Isso demonstra que não será possível a quebra dos sigilos reunião. A diferença é que, na reunião, não existe um vínculo jurí-
supracitados por motivos banais, haja vista estarmos diante de um dico entre as pessoas reunidas, diferentemente da associação, em
direito constitucionalmente tutelado. que as pessoas estão vinculadas juridicamente.
b) Tempo: A reunião tem duração limitada, enquanto na asso-
ciação, a duração é ilimitada.
c) Finalidade: A reunião pressupõe uma organização com o
1.9. LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO
propósito determinado de atingir certo fim. É a finalidade que vai
(ART. 5° XV); distinguir a reunião do agrupamento de pessoas. Essa finalidade
deve ter determinadas características, ou seja, a reunião deve ter
uma finalidade lícita, pacífica e não deve haver armamento.
Liberdade de Locomoção (art. 5.º, XV): É a liberdade física d) Lugar: Deve ser predeterminado para a realização da reu-
de ir, vir, ficar ou permanecer. Essa liberdade é considerada pela nião. Não é necessária a autorização prévia para que se realize a
CF como a mais fundamental, visto que é requisito essencial para reunião, no entanto, o Poder Público deve ser avisado com antece-
dência para que não se permita que haja reunião de grupos rivais

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
em mesmo local e horário. O objetivo do aviso ao Poder Público XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, ve-
também é garantir que o direito de reunião possa ser exercitado dada a de caráter paramilitar;
com segurança.
Como foi explicitado na explicação referente ao inciso ante-
O direito de reunião tem algumas restrições, quais sejam: rior, a maior diferença entre reunião e associação está na descon-
 Não pode ser uma reunião que tenha por objetivo fins tinuidade da primeira e na permanência da segunda. Este inciso
ilícitos; prega a liberdade de associação. É importante salientar que a as-
 Não pode haver reunião que não seja pacífica e não deve sociação deve ser para fins lícitos, haja vista que a ilicitude do fim
haver utilização de armas (art. 5.º, XLIV). A presença de pessoas pode tipificar conduta criminosa.
armadas em uma reunião não significa, no entanto, que a reunião O inciso supracitado ainda traz uma vedação, que consiste no
deva ser dissolvida. Nesse caso, a polícia deve agir no sentido de fato da proibição de criação de associações com caráter paramili-
desarmar a pessoa, mas sem dissolver a reunião. Em caso de pas- tar. Quando falamos em associações com caráter paramilitar es-
seata, não poderá haver nenhuma restrição quanto ao lugar em que tamos nos referindo àquelas que buscam se estruturar de maneira
ela será realizada; análoga às forças armadas ou policiais. Assim, para que não haja
 Durante o Estado de Defesa (art. 136, § 1.º, I, “a”) e o a existência de tais espécies de associações o texto constitucional
Estado de Sítio (art. 139, IV), poderá ser restringido o direito de traz expressamente a vedação.
reunião.
Este direito poderá ser exercido independentemente de prévia XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de coo-
autorização do Poder Público, desde que não frustre outra reunião perativas independem de autorização, sendo vedada a interferên-
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exi- cia estatal em seu funcionamento;
gido prévio aviso à autoridade competente. Esse prévio aviso é
fundamental para que a autoridade administrativa tome as provi- Neste inciso está presente o desdobramento da liberdade de
dências necessárias relacionadas ao trânsito, organização etc. associação, onde a criação de cooperativas e associações inde-
pendem de autorização. É importante salientar que o constituinte
Liberdade de Associação (art. 5.º, XVII a XXI): Normal- também trouxe no bojo deste inciso uma vedação no que diz res-
mente, a liberdade de associação se manifesta por meio de uma peito à interferência estatal no funcionamento de tais órgãos. O
reunião. Logo, existe uma relação muito estreita entre a liberdade constituinte vedou a possibilidade de interferência estatal no fun-
de reunião e a liberdade de associação. A reunião é importante para cionamento das associações e cooperativas obedecendo à própria
que se exerça a associação, visto que normalmente a associação liberdade de associação.
começa com uma reunião. É o direito de coligação voluntária de
algumas ou muitas pessoas físicas, por tempo indeterminado, com XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dis-
o objetivo de atingir um fim lícito sob direção unificante. A as- solvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial,
sociação, assim como a reunião, é uma união de pessoas que se exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
distingue pelo tempo, visto que o objetivo que se quer alcançar não
poderá ser atingido em um único momento na associação, enquan- O texto constitucional traz expressamente as questões refe-
to na reunião, o objetivo se exaure em tempo determinado. rentes à dissolução e suspensão das atividades das associações.
Neste inciso estamos diante de duas situações diversas. Quando
Assim preleciona a Constituição Federal de 1988: a questão for referente à suspensão de atividades da associação, a
mesma somente se concretizará através de decisão judicial. Toda-
XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em via, quando falamos em dissolução compulsória das entidades as-
locais abertos ao público, independentemente de autorização, sociativas, é importante salientar que a mesma somente alcançará
desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada êxito através de decisão judicial transitada em julgado.
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autori- Logo, para ambas as situações, seja na dissolução compulsó-
dade competente; ria, seja na suspensão de atividades, será necessária decisão judi-
cial. Entretanto, como a dissolução compulsória possui uma maior
Neste inciso encontra-se presente outro direito constitucional, gravidade exige-se o trânsito em julgado da decisão judicial.
qual seja: o direito de reunião. A grande característica da reunião é Para uma compreensão mais simples do inciso em questão, o
a descontinuidade, ou seja, pessoas se reúnem para discutirem de- que podemos entender como decisão judicial transitada em julga-
terminado assunto, e finda a discussão, a reunião se encerra. Cabe do? A decisão judicial transitada em julgado consiste em uma de-
ressaltar que a diferença entre reunião e associação está intima- cisão emanada pelo Poder Judiciário onde não seja mais possível a
mente ligada a tal característica. Enquanto a reunião não é contí- interposição de recursos.
nua, a associação tem caráter permanente.
Explicita o referido inciso, a possibilidade da realização de XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a per-
reuniões em locais abertos ao público, desde que não haja presen- manecer associado;
ça de armas e que não frustre reunião previamente convocada. É
importante salientar que o texto constitucional não exige que a Aqui se encontra outro desdobramento da liberdade de asso-
reunião seja autorizada, mas tão somente haja uma prévia comuni- ciação. Estamos diante da liberdade associativa, ou seja, do fato
cação à autoridade competente. que ninguém será obrigado a associar-se ou a permanecer asso-
De forma similar ao direito de locomoção, o direito de reunião ciado.
também é relativo, pois poderá ser restringido em caso de estado
de defesa e estado de sítio.

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXI- as entidades associativas, quando expressamente auto- Assim, prevê a Constituição Federal de 1988:
rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial
ou extrajudicialmente; XXII- é garantido o direito de propriedade;

Este inciso expressa a possibilidade das entidades associati- Este inciso traz a tutela de um dos direitos mais importantes
vas, desde que expressamente autorizadas, representem seus filia- na esfera jurídica, qual seja: a propriedade. Em que pese tenha o
dos judicial ou extrajudicialmente. Cabe ressaltar que, de acordo artigo 5º, caput, consagrado à propriedade como um direito fun-
com a legislação processual civil, ninguém poderá alegar em nome damental, o inciso em questão garante o direito de propriedade.
próprio direito alheio, ou seja, o próprio titular do direito buscará De acordo com a doutrina civilista, o direito de propriedade ca-
a sua efetivação. No entanto, aqui estamos diante de uma exceção racteriza-se pelo uso, gozo e disposição de um bem. Todavia, o
a tal regra, ou seja, há existência de legitimidade extraordinária direito de propriedade não é absoluto, pois existem restrições ao
na defesa dos interesses dos filiados. Assim, desde que expressa- seu exercício, como por exemplo, a obediência à função social da
mente previsto no estatuto social, as entidades associativas passam propriedade.
a ter legitimidade para representar os filiados judicial ou extraju-
dicialmente. Quando falamos em legitimidade na esfera judicial, XXIII- a propriedade atenderá a sua função social;
estamos nos referindo à tutela dos interesses no Poder Judiciário.
Porém, quando falamos em tutela extrajudicial a tutela pode ser Neste inciso encontra-se presente uma das limitações ao di-
realizada administrativamente. reito de propriedade, qual seja: a função social. A função social da
propriedade na área urbana está expressamente prevista no artigo
182, § 2º, da Constituição Federal. Dispõe o referido artigo:
1.11. DIREITO DE PROPRIEDADE (ART. 5°
XXII E XXIII); Artigo 182 – A política de desenvolvimento urbano, executada
pelo Poder Público, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem
por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade ex-
DIREITO A PROPRIEDADE pressas no plano diretor.
O inc. XXIII do art. 5.º da Constituição Federal dispõe que Como é possível perceber no parágrafo supracitado, a proprie-
a propriedade atenderá à sua função social, demonstrando que o dade urbana estará atendendo sua função social quando atender as
conceito constitucional de propriedade é mais amplo que o concei- exigências expressas no plano diretor. O plano diretor consiste em
to definido pelo Direito privado. O Direito Civil trata das relações um instrumento de política desenvolvimentista, obrigatório para as
civis e individuais pertinentes à propriedade, a exemplo da facul- cidades que possuam mais de vinte mil habitantes. Tal plano tem
dade de usar, gozar e dispor de bens em caráter pleno e exclusivo, por objetivo traçar metas que serão obedecidas para o desenvolvi-
direito esse oponível contra todos, enquanto a Constituição Fede- mento das cidades.
ral sujeita a propriedade às limitações exigidas pelo bem comum. Não obstante a necessidade de obediência da função social
Impõe à propriedade um interesse social que pode até mesmo não nas propriedades urbanas, há existência da função social da pro-
coincidir com o interesse do proprietário. priedade rural, que se encontra disposta no artigo 186 da Consti-
O direito de propriedade importa em duas garantias sucessi- tuição Federal de 1988. Dispõe o referido artigo:
vas: de conservação e compensação.
- Garantia de conservação: Ninguém pode ser privado de seus Artigo 186 – A função social é cumprida quando a proprie-
bens fora das hipóteses previstas na Constituição. dade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de
- Garantia de compensação: Caso privado de seus bens, o pro- exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
prietário tem o direito de receber a devida indenização, equivalen- I- aproveitamento racional e adequado;
te aos prejuízos sofridos. II- utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e
Desapropriação é o ato pelo qual o Estado toma para si ou preservação do meio ambiente;
transfere para terceiros bens de particulares, mediante o pagamen- III- observância das disposições que regulam as relações de
to de justa e prévia indenização. Trata-se de forma originária de trabalho;
aquisição de propriedade. A desapropriação é a forma mais drás- IV- exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários
tica do poder de intervenção do Estado na economia, só sendo e dos trabalhadores.
admissível nas hipóteses especialmente previstas na Constituição.
São estas as hipóteses de desapropriação: a) por necessidade públi- O artigo 186, acima disposto, traz, em seu bojo, a função so-
ca; b) por utilidade pública; e c) interesse social. cial da propriedade rural. Atualmente, a doutrina apresenta tam-
A indenização paga pelo Poder Público no processo de de- bém a função socioambiental da propriedade rural. Essa espécie
sapropriação, para ser juridicamente válida precisa atender a de- de função social da propriedade, disposta no inciso II, do artigo
terminadas exigências constitucionais. Deve ser: a) justa (deve 186, explicita a necessidade de utilização adequada dos recursos
ser feita de forma integral, reparando todo o prejuízo sofrido pelo naturais e a preservação do meio ambiente.
particular); b) prévia (o pagamento deve ser feito antes do ingresso Não obstante a presença dessas espécies restrições ao direito
na titularidade do bem); e c) em dinheiro (o pagamento deve ser de propriedade, existem outras, como por exemplo: A desapropria-
feito em moeda corrente e não em títulos para pagamento futuro e ção, as limitações administrativas, as servidões administrativas,
de liquidez incerta). dentre outras.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1.12. VEDAÇÃO AO RACISMO 1.14. VEDAÇÃO ÀS PROVAS ILÍCITAS


(ART. 5° XLII); (ART. 5° LVI);

Assim, versa a Constituição Federal de 1988 sobre o tema: Assim, versa a Constituição Federal de 1988 sobre o tema:

XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; meios ilícitos;

Atualmente, um dos grandes objetivos da sociedade global é a A Constituição ao explicitar serem inadmissíveis no processo,
luta pela extinção do racismo no mundo. A nossa Constituição no as provas obtidas por meios ilícitos, diz respeito às provas adqui-
inciso supracitado foi muito feliz em abordar tal assunto, haja vista ridas em violação a normas constitucionais ou legais. Em outras
a importância do mesmo dentro da conjectura social do nosso país. palavras: prova ilícita é a que viola regra de direito material, seja
De acordo com o inciso XLII, a prática de racismo constitui constitucional ou legal, no momento de sua obtenção (ex.: confis-
crime inafiançável, imprescritível e sujeito à pena de reclusão. O são mediante tortura). Por outro lado, as provas que atingem re-
caráter de inafiançabilidade deriva do fato que não será admitido gra de direito processual, no momento de sua produção em Juízo,
o pagamento de fiança em razão do cometimento de uma conduta como por exemplo, interrogatório sem a presença de advogado;
racista. Como é cediço, a fiança consiste na prestação de caução colheita de depoimento sem a presença de advogado, não são ta-
pecuniária ou prestação de obrigações que garantem a liberdade ao xadas de ilícitas, mas sim de ilegítimas. Em que pese essas consi-
indivíduo até sentença condenatória. derações, ambos os tipos de provas são inadmissíveis no processo,
Outrossim, a prática do racismo constitui crime imprescritível. sob pena de nulidade.
Para interpretar de maneira mais eficaz o conteúdo do inciso su-
pracitado é necessário entendermos em que consiste o instituto da
prescrição. A prescrição consiste na perda do direito de punir pelo
Estado, em razão do elevado tempo para apuração dos fatos. As- 1.15. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
sim, o Estado não possui tempo delimitado para a apuração do fato INOCÊNCIA (ART. 5° LVII);
delituoso, podendo o procedimento perdurar por vários anos. Cabe
ressaltar que existem diversas espécies de prescrição, todavia, nos
ateremos somente ao gênero para uma noção do instituto tratado.
Ademais, o inciso estabelece que o crime em questão será su-
jeito à pena de reclusão. A reclusão é uma modalidade de pena pri- Assim, versa a Constituição Federal de 1988 sobre o tema:
vativa de liberdade que comporta alguns regimes prisionais, quais
sejam: o fechado, o semiaberto e o aberto. LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em
julgado da sentença penal condenatória;
1.13. GARANTIA ÀS INTEGRIDADES FÍSICA Aqui estamos diante do princípio da presunção de inocência
E MORAL DO PRESO (ART. 5° XLIX); ou da não-culpabilidade. Conforme dispõe o próprio inciso, nin-
guém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sen-
tença penal condenatória. Quando falamos em trânsito em julgado
da sentença penal condenatória, estamos diante de uma sentença
As pessoas recolhidas a lugares tutelados pelo Estado, nes- que condenou alguém pela prática de um crime e não há mais pos-
te caso em estabelecimentos penais, têm o direito à proteção dos sibilidade de interposição de recursos. Assim, após o trânsito em
órgãos públicos, sendo que o poder de polícia será exercido para julgado da sentença será possível lançar o nome do réu no rol dos
proteger de qualquer tipo de agressão, seja dos próprios compa- culpados.
nheiros, de policiais ou de outras pessoas. A sentença de pronúncia é aquela que encerra a primeira fase
O respeito à pessoa do preso é um direito constitucional, não do procedimento do júri, após verificadas a presença de autoria
podendo ele ser humilhado ou exposto a situação aviltante. Real- e materialidade. Como já dito anteriormente, não é possível efe-
mente, assim pontifica o inc. III do artigo 5°, caput, da Lei Maior, tuar o lançamento do nome do réu no rol dos culpados após essa
quando preceitua que: “ninguém será submetido a tortura nem a sentença, pois este ainda será julgado pelo Tribunal do Júri, cons-
tratamento desumano ou degradante”. E arremata o inc. XLIX que titucionalmente competente para julgar os crimes dolosos contra
“é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. a vida.
É importante salientar que este inciso é um desdobramento Outro ponto controverso diz respeito à prisão preventiva.
do princípio da dignidade da pessoa humana, pois, independente- Muito se discutiu se a prisão preventiva afetaria ao princípio da
mente do instinto criminoso, o preso é uma pessoa que possui seus presunção de inocência. Porém, esse assunto já foi dirimido pela
direitos protegidos pela Carta Magna. jurisprudência, ficando decidido que a prisão processual não afeta
Por sua vez, prevê o artigo 38 do Código Penal que “O preso o princípio esposado no inciso em questão.
conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade,
impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade fí-
sica e moral.

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Seção III
1.16. PRIVILEGIA CONTRA A AUTO- Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Terri-
INCRIMINAÇÃO (ART. 5° LXIII). tórios

Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-


beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia
e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Princípio da não autoincriminação significa que ninguém é Territórios.
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal
obrigado a se autoincriminar, ou seja, a produzir prova contra si
e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as dispo-
mesmo (nem o suspeito ou indiciado, nem o acusado, nem a tes-
sições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º,
temunha etc.). Trata-se de um princípio-garantia, que institui uma cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art.
garantia para todos os cidadãos, com densidade autêntica de uma 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos
norma jurídica determinante. Sendo um princípio fundamental, respectivos governadores.
conta com a proteção dada pelas cláusulas pétreas. § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito
Assim prevê a Constituição Federal de 1988: Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei especí-
fica do respectivo ente estatal.
LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistên- Dispositivos mencionados no §1º do art. 42:
cia da família e de advogado; - Art. 14, § 8º, CF: O militar alistável é elegível, atendidas as
seguintes condições:
Neste inciso, outros direitos do preso estão presentes, quais I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
sejam: o de permanecer calado, de assistência da família e de ad- da atividade;
vogado. O primeiro deles trata da possibilidade do preso perma- II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
necer calado, haja vista que este não é obrigado a produzir prova autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
contra si. Ademais, os outros garantem que seja assegurado este a da diplomação, para a inatividade.
assistência de sua família e de um advogado. - art. 40, § 9º, CF: Art. 40. Aos servidores titulares de cargos
efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regi-
me de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante
2. DOS MILITARES DOS ESTADOS, contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e
DO DISTRITO FEDERAL E DOS inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o
TERRITÓRIOS (ART. 42); equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço
correspondente para efeito de disponibilidade.
- art. 142, §§ 2º e 3º, CF: Art. 142. As Forças Armadas, cons-
tituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são insti-
Podemos considerar de forma geral que servidor público tuições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base
é todo aquele empregado de uma administração estatal. Sendo na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presi-
uma designação geral, engloba todos aqueles que mantêm vín- dente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia
culos de trabalho com entidades governamentais, integrados em dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes,
cargos ou empregos das entidades político-administrativas, bem da lei e da ordem.
como em suas respectivas autarquias e fundações de direito pú- § 2º - Não caberá “habeas-corpus” em relação a punições
blico, ou ainda, é uma definição a todo aquele que mantém um disciplinares militares.
vínculo empregatício com o Estado, e seu pagamento provém da § 3º Os membros das Forças Armadas são denominados mili-
arrecadação pública de impostos, sendo sua atividade chamada de tares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei,
“Típica de Estado”, geralmente é originário de concurso público, as seguintes disposições:
pois é defensor do setor público, que é diferente da atividade do I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas
Político, detentor de um mandato público, que está diretamente inerentes, são conferidas pelo Presidente da República e assegu-
ligado ao Governo e não necessariamente ao Estado de Direito, radas em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reforma-
sendo sua atribuição a defesa do Estado de Direito, principalmente dos, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, junta-
contra a Corrupção Política ou Governamental de um eleito, que mente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças
costuma destruir o Estado (Historicamente); um Estado corrompi- Armadas;
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou em-
do demonstra geralmente que essa função, cargo ou serventia não
prego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no
funciona adequadamente.
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva,
nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional
Assim, versa a Constituição Federal sobre os Servidores Mi- nº 77, de 2014)
litares: III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse
em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não ele-
tiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa CAPÍTULO III
situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo DA SEGURANÇA PÚBLICA
de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a
reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
não, transferido para a reserva, nos termos da lei; (Redação dada ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014) pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; dos seguintes órgãos:
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado I - polícia federal;
a partidos políticos; II - polícia rodoviária federal;
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado III - polícia ferroviária federal;
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tri- IV - polícias civis;
bunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tri- V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
bunal especial, em tempo de guerra; § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena nente, organizado e mantido pela União e estruturado em carrei-
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transi- ra, destina-se a:
tada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
anterior; em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras
VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou inter-
e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade nacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
militar, no art. 37, inciso XVI, alínea “c”; (Redação dada pela II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
Emenda Constitucional nº 77, de 2014) gas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação
IX – (Revogado) fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os li- competência;
mites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e
do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remune- de fronteiras;
ração, as prerrogativas e outras situações especiais dos milita- IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judici-
res, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive ária da União.
aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organi-
de guerra. zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organi-
3. DA SEGURANÇA PÚBLICA (ART.144). zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
§ 4º às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as fun-
ções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto
A Segurança é um direito constitucionalmente consagrado e as militares.
constitui, juntamente com a Justiça e o Bem-estar, um dos três fins § 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a pre-
do Estado Social. Viver em segurança é uma necessidade básica servação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares,
dos cidadãos, é um direito destes e uma garantia a ser prestada além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de ati-
pelo Estado. vidades de defesa civil.
Assim, o objetivo fundamental da segurança pública, dever § 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares,
do Estado, direito e responsabilidade de todos, é a preservação da forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamen-
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. te com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distri-
O poder de polícia é a atividade do Estado consistente em li- to Federal e dos Territórios.
mitar o exercício dos direitos individuais em benefícios do inte- § 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos
resse público. órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garan-
A atividade policial divide-se, então em duas grandes áreas: tir a eficiência de suas atividades.
administrativa e judiciária. A polícia administrativa (polícia pre- § 8º - Os Municípios poderão constituir guardas municipais
ventiva ou ostensiva) atua preventivamente, evitando que o crime destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, confor-
aconteça e preservando a ordem pública, fica a cargo das polícias me dispuser a lei.
militares, forças auxiliares e reserva do Exército. Já a polícia ju- § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
diciária (polícia de investigação) atua repressivamente, depois de órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do
ocorrido o ilícito. A investigação e a apuração de infrações penais art. 39.
(exceto militares e aquelas de competência da polícia federal), ou
seja, o exercício da polícia judiciária, em âmbito estadual, cabe às EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
policias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira.
1. (Analista Judiciário – Execução de Mandados– TJ/RJ
Vamos conferir o que preleciona a Constituição Federal de -2012 – FCC) Em decorrência de acordo homologado judicial-
1988 acerca do tema: mente, um pai obrigou-se ao pagamento mensal de pensão alimen-

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tícia a seu filho de 15 anos, que reside com a mãe. Ocorre que, nos a) CERTO
últimos seis meses, a despeito de gozar de boa situação financeira, b) ERRADO
o pai deixou de cumprir sua obrigação, situação que levou o filho,
devidamente assistido pela mãe, a requerer em juízo que se deter- 4. (PC-MG - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia) A Cons-
minasse a prisão do pai. Para o fim de localizar o pai, forneceu-se tituição da República de 1988 alargou significativamente o campo
ao juízo seu endereço residencial atual. dos direitos e garantias fundamentais, por isso é um marco jurídico
Nessa hipótese, considerada a disciplina constitucional dos da transição ao regime democrático no Brasil. Nesse processo de
direitos e garantias fundamentais, a prisão do pai: transição, é acentuada, na Constituição, a preocupação em asse-
(A) não poderá ser determinada pelo juízo, pois o ordenamen- gurar os valores da dignidade e do bem-estar da pessoa humana,
to constitucional estabelece expressamente que não haverá prisão como imperativo de justiça social. NÃO corrobora com o contexto
civil por dívida. acima, este entendimento o argumento:
(B) poderá ser efetuada, independentemente de ordem judi- a) Os objetivos fundamentais do Estado brasileiro visam à
cial, por se tratar de dívida de alimentos, restringindo-se, contudo, concretização da democracia econômica, social e cultural, a fim de
o horário de entrada na residência ao período diurno. efetivar na prática a dignidade da pessoa humana.
(C) poderá ser determinada pelo juízo, mas não poderá ser
b) Os direitos fundamentais, que têm como núcleo a dignida-
efetuada em sua residência, em função da garantia constitucional
de da pessoa humana, são elementos básicos para a realização do
da inviolabilidade de domicílio, que somente se excepciona em
virtude de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro. princípio democrático, tendo em vista que exercem uma função
(D) poderá ser determinada pelo juízo e efetuada em seu en- democratizadora.
dereço residencial, a qualquer hora do dia, por se tratar de cumpri- c) A Constituição traz a previsão expressa do valor da digni-
mento de ordem judicial. dade da pessoa humana como imperativo da justiça social, mas
(E) poderá ser efetuada em seu endereço residencial, desde que deve ceder frente à necessidade de se preservar a ordem de-
que mediante determinação judicial, a qual, no entanto, somente mocrática.
poderá ser cumprida durante o dia. d) O valor da dignidade da pessoa humana impõe-se como
núcleo básico e informador do todo o ordenamento jurídico como
2. (Analista Judiciário – Comissário Inf./Juv. e Idoso– TJ/ critério e parâmetro que orienta a compreensão do sistema cons-
RJ - 2012 – FCC). Um grupo de indivíduos pretende reunir-se em titucional.
praça pública, com vistas a lançar o Movimento Pró-Idoso Carioca
e criar uma associação de defesa dos interesses e direitos dos ido- 5. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRT 11ª AM/
sos do Rio de Janeiro. Promovem, para tanto, ampla divulgação RR -2012 – FCC) César, chefe de um determinado grupo armado
do evento pelos meios de comunicação de massa, de forma a con- civil, ordenou que seus comparsas controlassem uma determinada
gregar grande número de pessoas e atrair atenção para sua causa. comunidade de pessoas carentes, agindo contra a ordem consti-
Nessa hipótese, considerada a disciplina constitucional dos tucional e o Estado Democrático. De acordo com a Constituição
direitos e garantias fundamentais, os interessados: Federal tal ato constitui crime:
(A) poderão realizar o evento pretendido, desde que não frus- (A) inafiançável e insuscetível de anistia ou graça, sujeito à
trem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, pena de restrição da liberdade.
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente, estan- (B) insuscetível de graça ou anistia, apenas, sujeito à pena de
do ainda legitimados a criar a associação, independentemente de restrição da liberdade.
autorização. (C) inafiançável, apenas, sujeito à pena de reclusão.
(B) dependerão de autorização prévia da autoridade compe- (D) imprescritível, apenas, sujeito à pena de reclusão.
tente para realização do evento, por se tratar de local aberto ao pú- (E) inafiançável e imprescritível.
blico, bem como para criação da associação, que possui finalidade
de interesse público.
6. (Analista Judiciário – Exec. Mandatos– TRT 11ª AM/
(C) não poderão realizar o evento no local pretendido, por se
tratar de espaço aberto ao público, mas estarão legitimados a criar RR -2012 – FCC) Eriberto, cidadão que habitualmente aprecia
a associação, independentemente de autorização. a fachada de um prédio público antigo, que foi construído ano de
(D) poderão realizar o evento, desde que o transfiram para lo- 1800, soube que, apesar de tombado por ser considerado patrimô-
cal que não seja público, e estarão legitimados a criar a associação, nio histórico e cultural, a autoridade pública resolveu demoli-lo
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente, em ilegalmente para, no local, edificar um prédio moderno. Eriberto
ambos os casos. imediatamente procurou a autoridade pública suplicando que não
(E) dependerão de autorização prévia da autoridade compe- o demolisse, mas seus pleitos não foram atendidos, então, para
tente para realização do evento, por se tratar de local aberto ao anular ato lesivo, segundo a Constituição Federal, poderá:
público, mas poderão criar a associação, independentemente de (A) impetrar mandado de segurança individual.
autorização. (B) impetrar mandado de segurança coletivo, desde que apoia-
do por abaixo assinado com, no mínimo, trezentas assinaturas.
3. (Analista Judiciário – Direito – TJ/ES - 2012 – CESPE) (C) impetrar mandado de segurança coletivo, desde que apoia-
Considerando as normas constitucionais sobre os direitos e garan- do por abaixo assinado com, no mínimo, quinhentas assinaturas.
tias fundamentais, julgue os itens subsequentes. (D) impetrar mandado de segurança coletivo, desde que apoia-
do por abaixo assinado com, no mínimo, setecentas assinaturas.
A requisição, como forma de intervenção pública no direito (E) propor ação popular.
de propriedade que se dá em razão de iminente perigo público, não
configura forma de auto-execução administrativa na medida em 7. (TRE/PE - Téc. Judiciário Adm. – FCC-2011) No tocante
que pressupõe autorização do Poder Judiciário. aos Direitos e Garantias Fundamentais, ao autor

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(A) compete o exercício solidário do direito de utilização de 11. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRE/AP -2011
sua obra com a sociedade face o interesse público que se sobrepõe – FCC) Pitágoras foi condenado a reparar os danos morais que
ao privado, independentemente de prazo. causou à Libero por racismo. Porém, Pitágoras faleceu sem pagar a
(B) compete o exercício solidário do direito de publicação de dívida, o que motivou Libero a pleitear de Tibério, filho do faleci-
sua obra com a sociedade face o interesse público, independente- do, o pagamento. No tocante aos Direitos e Deveres Individuais e
mente de prazo. Coletivos previstos na Constituição Federal, tal cobrança em face
(C) pertence o direito exclusivo de publicação de sua obra, de Tibério é:
intransmissível aos herdeiros. (A) possível, desde que Pitágoras tenha deixado bens, ressal-
(D) pertence o direito exclusivo de utilização de sua obra, in- vando que a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdi-
transmissível aos herdeiros. mento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
(E) pertence o direito exclusivo de reprodução de sua obra, contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio trans-
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. ferido.
(B) impossível, porque a obrigação de reparar o dano e a de-
8. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRT 23ª MT cretação do perdimento de bens jamais serão estendidas aos suces-
-2011 – FCC) As associações: sores e contra eles executadas, mesmo se o falecido deixou bens.
(A) poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão (C) impossível, porque a Constituição Federal veda expres-
administrativa de autoridade competente, desde que tenha sido samente.
exercido o direito de defesa. (D) possível, porque por força da Constituição Federal, mes-
(B) não poderão ser compulsoriamente dissolvidas em nenhu- mo não tendo praticado o racismo, é responsável solidário da obri-
ma hipótese tratando-se de garantia constitucional indisponível. gação de reparar o dano pelo simples fato de ser filho do conde-
(C) só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão nado, sendo irrelevante se Pitágoras faleceu ou não e se deixou ou
judicial que haja transitado em julgado. não bens.
(D) só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão (E) impossível, porque a sentença de mérito que condenou
judicial não sendo o trânsito em julgado requisito indispensável Pitágoras à reparar os danos morais não condenou seu sucessor,
para a sua dissolução. Tibério, como responsável subsidiário da obrigação, mesmo ha-
(E) poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão ad- vendo bens deixados pelo falecido à titulo de herança.
ministrativa desde que proferida em segunda instância por órgão
colegiado. 12. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRE/AP -2011
– FCC) Bernardino foi preso, porém os policiais que o prenderam
9. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRE/SC -2011 – estavam encapuzados sendo impossível identificá-los. Segundo a
PONTUA) Analise os itens abaixo: Constituição Federal, Bernardino:
I. O direito fundamental individual de receber dos órgãos pú- (A) não tem direito à identificação dos responsáveis por sua
blicos informações refere-se apenas às informações de interesse prisão, porque no caso prevalece a segurança dos policiais.
particular; informações de interesse coletivo ou geral somente (B) tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão.
poderão ser requeridas e acessadas por entidades, associações ou (C) tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão
sindicatos na representação do interesse do conjunto de seus asso- apenas no ato do seu interrogatório em juízo e desde que a tenha
ciados ou filiados. requisitado à autoridade judiciária, sob pena de preclusão, medida
II. O habeas-data é uma ação constitucional adequada para a essa preventiva à segurança dos policiais e para evitar a prescrição
retificação de dados existentes em bancos de dados governamen- penal.
tais ou de caráter público. (D) não tem direito à identificação dos responsáveis por sua
III. Sendo a República Federativa do Brasil um Estado Demo- prisão porque a Constituição Federal confere aos policiais o direito
crático de Direito, é vedado aos órgãos públicos negar acesso, a de sigilo independentemente do motivo.
pessoas ou entidades representativas de grupo, a uma determinada (E) tem direito à identificação dos responsáveis por sua pri-
informação com a justificativa de que o sigilo é indispensável à são, desde que no seu depoimento pessoal prestado à autoridade
segurança do Estado. policial, a tenha requisitado, sob pena de preclusão, porque é irre-
levante saber quem o prendeu com o fim de evitar a ocorrência da
Está(ão) CORRETO(S): prescrição penal.
(A) Apenas os itens II e III.
(B) Apenas o item II. 13. (DELEGADO DE POLÍCIA/AP – FGV – 2010) Com
(C) Apenas os itens I e III. relação ao tema Direitos e Garantias Fundamentais analise as afir-
(D) Todos os itens. mativas a seguir:
I. Ninguém será privado de direitos por motivo de crença re-
10. (Analista Judiciário – Área Judiciária– TRE/ES -2011 ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar
– CESPE)Julgue os itens que se seguem, relativos aos direitos e para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
às garantias fundamentais. cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
II. No caso de iminente perigo público, a autoridade compe-
Uma associação já constituída somente poderá ser compulso- tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprie-
riamente dissolvida mediante decisão judicial transitada em julga- tário indenização ulterior, se houver dano.
do, na hipótese de ter finalidade ilícita. III. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
a) CERTO comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
b) ERRADO drogas afins, na forma da lei.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Assinale: (B) Constitui crime afiançável e prescritível a ação de grupos
(A) se somente a afirmativa I estiver correta. armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Es-
(B) se somente a afirmativa II estiver correta. tado Democrático.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta. (C) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre se-
(D) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. rão comunicados ao juiz competente após cinco dias de sua prisão.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas. (D) É proibida a prestação de assistência religiosa nas entida-
des militares de internação coletiva.
14. (FM –TER/SC – 2009) Analise as alternativas e assinale (E) Ninguém será privado de direitos por motivo de crença re-
a que apresenta uma proposição correta acerca dos direitos e ga- ligiosa ou de convicção filosófica ou política, sendo lícito invocá-
rantias fundamentais. -las para eximir-se de obrigação legal a todos imposta.
(A) A Constituição Federal, ao estabelecer que todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, está asse- 18. (FUNRIO – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL –
gurando aos indivíduos somente a igualdade formal. PRF 2009) A segurança pública, dever do Estado, direito e respon-
(B) A Constituição Federal assegura o direito de reunião, de for- sabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública
ma pacífica, sem armas e em locais abertos ao público, sendo exigi- e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
do prévio aviso à autoridade competente, e desde que não frustrem órgãos: I - polícia federal; I - polícia rodoviária federal; I - polícia
outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local. ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos
(C) Os direitos e garantias fundamentais são unicamente de bombeiros militares. Neste sentido, é correto afirmar que incumbe:
aqueles expressos na Constituição Federal. A) à polícia federal, instituída por lei como órgão permanente,
(D) A Constituição Federal assegura que ninguém será priva- organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, pre-
do de direitos por motivo de crença religiosa, mesmo que a invo- venir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
que para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e se recuse contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de
a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência.
B) à polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado
15. (FCC – TRE ACRE - 2010) No que se refere aos direitos e mantido pela União e estruturado em carreira, exercer com ex-
e deveres individuais e coletivos, é correto que clusividade as funções de polícia judiciária da União.
(A) a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilé- C) à polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado
gio permanente para sua utilização. e mantido pela União e estruturado em carreira, exercer as funções
(B) aos autores pertence o direito exclusivo de reprodução de de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras.
suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. D) às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car-
(C) é livre o exercício de qualquer trabalho ou profissão, inde- reira, apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
pendentemente das qualificações legais. em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
(D) as reuniões pacíficas, sem armas, em locais abertos ao pú- entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in-
blico sempre dependem de autorização do órgão competente. frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
(E) a lei não poderá, em qualquer hipótese, restringir a publi- nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei.
cidade de atos processuais por ser prerrogativa das partes. E) às polícias militares, ressalvada a competência da União,
exercer as funções de polícia judiciária e apurar as infrações penais.
16. (FCC – TRF 5ª Região − 2010) Em tema de direitos e
GABARITO:
deveres individuais e coletivos, considere:
I. Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em qual- 01 E
quer local, independentemente de autorização ou de prévio aviso à 02 A
autoridade competente.
II. As entidades associativas, quando expressamente autori- 03 B
zadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou 04 B
extrajudicialmente.
III. Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização de 05 E
suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. 06 E
IV. Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de 07 E
grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional
e o Estado Democrático. 08 C
V. Dentre outras hipóteses, será concedida a extradição de es- 09 B
trangeiro por crime político ou de opinião.
Estão corretas as que se encontram APENAS em 10 A
(A) II, III e IV. 11 A
(B) I, II e V.
(C) III, IV e V. 12 B
(D) I e IV. 13 E
(E) I, III e V. 14 B
17. (TRE/AL - Téc. Judiciário Adm. – FCC-2010) No to- 15 B
cante aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, é correto 16 A
afirmar que:
(A) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, cien- 17 A
tífica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. 18 A

Didatismo e Conhecimento 14

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