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NOÇÕES DE DIREITO

PROCESSUAL PENAL
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Prof. Adriano Augusto Placidino Gonçalves puas a tomada de decisões quanto às prisões processuais, bem
como medidas cautelares diversas da prisão; e também são deci-
Graduado pela Faculdade de Direito da Alta Paulista – FADAP. sivos para auxiliar na formação da convicção do titular da ação
Advogado regularmente inscrito na OAB/SP penal (a chamada “opinio delicti”).

Presidência do inquérito policial. Será da autoridade poli-


INQUÉRITO POLICIAL. cial de onde se deu a consumação do delito, no exercício de fun-
ções de polícia judiciária.

Competência para investigar. A competência para investigar


O inquérito policial é um procedimento administrativo investiga- depende da justiça competente para julgar o crime.
tório, de caráter inquisitório e preparatório, consistente em um con- Assim, se o crime é de competência da Justiça Militar da
junto de diligências realizadas pela polícia investigativa para apuração União, em regra será instaurado um inquérito policial militar
da infração penal e de sua autoria, presidido pela autoridade policial, a (IPM), o qual será presidido por um encarregado, que é um Oficial
fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. das Forças Armadas.
A mesma definição pode ser dada para o termo circunstancia- Se o crime é da competência da Justiça Militar Estadual, tam-
do (ou “TC”, como é usualmente conhecido), que são instaurados bém será instaurado um inquérito policial militar (IPM), o qual
em caso de infrações penais de menor potencial ofensivo, a saber, será presidido por um encarregado, que é um Oficial da Polícia
as contravenções penais e os crimes com pena máxima não supe- Militar ou dos Bombeiros.
rior a dois anos, cumulada ou não com multa, submetidos ou não a Se o crime é da competência da Justiça Federal, a competên-
procedimento especial. cia para investigar será da Polícia Federal.
A natureza jurídica do inquérito policial, como já dito no item Se o crime é da competência da Justiça Eleitoral, também será
anterior, é de “procedimento administrativo investigatório”. E, se investigado pela Polícia Federal, já que a Justiça Eleitoral é uma
é administrativo o procedimento, significa que não incidem sobre Justiça da União (embora o Tribunal Superior Eleitoral entenda
ele as nulidades previstas no Código de Processo Penal para o pro- que, nas localidades em que não haja Polícia Federal, a Polícia
cesso, nem os princípios do contraditório e da ampla defesa. Civil estará autorizada a investigar).
Desta maneira, eventuais vícios existentes no inquérito poli- Se o crime é da competência da Justiça Estadual, usualmente
cial não afetam a ação penal a que der origem, salvo na hipótese de a investigação é feita pela Polícia Civil dos Estados, mas isso não
provas obtidas por meios ilícitos, bem como aquelas provas que, obsta que a Polícia Federal também possa investigar, caso o delito
excepcionalmente na fase do inquérito, já foram produzidas com tenha grande repercussão nacional ou envolva mais de um Esta-
observância do contraditório e da ampla defesa, como uma produ- do. Disso infere-se, pois, que as atribuições da Polícia Federal são
ção antecipada de provas, p. ex. mais amplas que a competência da Justiça Federal.

Características do inquérito policial. São elas:


Finalidade. Visa o inquérito policial à apuração do crime e
A) Peça escrita. Segundo o art. 9º, do Código de Processo Pe-
sua autoria, e à colheita de elementos de informação do delito no
nal, todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
que tange a sua materialidade e seu autor.
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela
autoridade policial. Vale lembrar, contudo, que o fato de ser peça
Diferenças entre elementos informativos e prova. Os ele-
escrita não obsta que sejam os atos produzidos durante tal fase
mentos informativos são aqueles colhidos na fase investigatória,
sejam gravados por meio de recurso de áudio e/ou vídeo;
nos quais não será obrigatório o contraditório e a ampla defesa.
B) Peça dispensável. Caso o titular da ação penal obtenha
Ademais, não há obrigação de participação dialética das partes. elementos de informação a partir de uma fonte autônoma (ex: a
Já a prova, em regra, é produzida na fase judicial, com exce- representação já contém todos os dados essenciais ao oferecimento
ção das provas cautelares, que necessitem ser produzidas anteci- da denúncia), poderá dispensar a realização do inquérito policial;
padamente. E, por ser produzida na fase judicial, obrigatoriamente C) Peça sigilosa. De acordo com o art. 20, caput, CPP, a auto-
a prova deve ser produzida com participação dialética das partes, ridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do
graças à necessidade de observância do contraditório e da ampla fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
defesa. Mas, esse sigilo não absoluto, pois, em verdade, tem acesso
Mas é possível utilizar elementos de informação como fun- aos autos do inquérito o juiz, o promotor de justiça, e a autoridade
damento numa sentença condenatória? Pode-se, desde que os ele- policial, e, ainda, de acordo com o art. 5º, LXIII, CF, com o art. 7º,
mentos de informação não sejam a essência única para a conde- XIV, da Lei nº 8.906/94 (“Estatuto da Ordem dos Advogados do
nação. Eis o teor do art. 155, do Código de Processo Penal, com Brasil”), e com a Súmula Vinculante nº 14, o advogado tem acesso
redação dada pela Lei nº 11.690/08. aos atos já documentados nos autos, independentemente de procu-
Assim, o juiz pode utilizá-los acessoriamente, em conjunto ração, para assegurar direito de assistência do preso e investigado.
com o universo probatório produzido à luz do contraditório e da Desta forma, veja-se, o acesso do advogado não é amplo e
ampla defesa que indiquem a mesma trilha do que os elementos de irrestrito. Seu acesso é apenas às informações já introduzidas nos
informação outrora disseram. autos, mas não em relação às diligências em andamento.
Então, afinal, para que servem os elementos de informação? Caso o delegado não permita o acesso do advogado aos atos
Se não servem como único meio para fundamentar um decreto já documentados, é cabível reclamação ao STF para ter acesso às
condenatório, esses elementos têm como suas finalidades precí- informações (por desrespeito a teor de Súmula Vinculante), ha-

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beas corpus em nome de seu cliente, ou o meio mais rápido que é Importância em saber a forma de instauração do inquérito
o mandado de segurança em nome do próprio advogado, já que a policial. A importância interessa para fins de análise de cabimento
prerrogativa violada de ter acesso aos autos é dele. de habeas corpus, mandado de segurança, e definição de autorida-
Por fim, ainda dentro desta característica da sigilosidade, há de coatora. Se for um procedimento instaurado por portaria, p. ex.,
se chamar atenção para o parágrafo único, do art. 20, CPP, com significa que a autoridade coatora é o delegado de polícia, logo o
nova redação dada pela Lei nº 12.681/2012, segundo o qual, nos habeas corpus é endereçado ao juiz de primeira instância. Agora,
atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade se for um procedimento instaurado a partir da requisição do pro-
policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes à motor de justiça, p. ex., este é a autoridade coatora, logo, para uma
instauração de inquérito contra os requerentes. primeira corrente (minoritária), o habeas corpus é endereçado ao
Isso atende a um anseio antigo de parcela considerável da juiz de primeira instância, ou, para uma corrente majoritária, o ha-
doutrina, no sentido de que o inquérito, justamente por sua carac- beas corpus deve ser encaminhado ao respectivo Tribunal, pois o
terística da pré-judicialidade, não deve ser sequer mencionado nos promotor de justiça tem foro por prerrogativa de função.
atestados de antecedentes. Já para outro entendimento, agora con-
tra a lei, tal medida representa criticável óbice a que se descubra “Notitia criminis”. É o conhecimento, pela autoridade poli-
mais sobre um cidadão em situações como a investigação de vida cial, acerca de um fato delituoso que tenha sido praticado. São as
pregressa anterior a um contrato de trabalho, p. ex.; seguintes suas espécies:
D) Peça inquisitorial. No inquérito não há contraditório nem A) “Notitia criminis” de cognição imediata. Nesta, a autori-
ampla defesa. Por tal motivo não é autorizado ao juiz, quando da dade policial toma conhecimento do fato por meio de suas ativida-
sentença, a se fundar exclusivamente nos elementos de informação des corriqueiras (ex: durante uma investigação qualquer descobre
colhidos durante tal fase administrativa para embasar seu decreto uma ossada humana enterrada no quintal de uma casa);
(art. 155, caput, CPP). Ademais, graças a esta característica, não B) “Notitia criminis” de cognição mediata. Nesta, a autorida-
há uma sequência pré-ordenada obrigatória de atos a ocorrer na de policial toma conhecimento do fato por meio de um expedien-
fase do inquérito, tal como ocorre no momento processual, deven- te escrito (ex: requisição do Ministério Público; requerimento da
do estes ser realizados de acordo com as necessidades que forem vítima);
surgindo; C) “Notitia criminis” de cognição coercitiva. Nesta, a autori-
E) Peça indisponível. O delegado não pode arquivar o inqué-
dade policial toma conhecimento do fato delituoso por intermédio
rito policial (art. 17, CPP). Quem vai fazer isso é a autoridade judi-
do auto de prisão em flagrante.
cial, mediante requerimento do promotor de justiça;
Alguns atos praticados durante o inquérito policial. De
Formas de instauração do inquérito policial. Tudo depen-
acordo com os arts. 6º, 7º, e 13, do Código de Processo Penal, são
derá da espécie de ação penal correspondente ao crime perpetrado.
algumas das providências a serem tomadas pela autoridade poli-
Vejamos:
A) Se o crime a ser averiguado for de ação penal privada ou cial durante a fase do inquérito policial:
condicionada à representação. O inquérito começa por represen- A) Dirigir-se ao local dos fatos, providenciando para que não
tação da vítima ou de seu representante legal; se alterem o estado e a conservação das coisas, até a chegada dos
B) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública peritos criminais (art. 6º, I);
condicionada à requisição do Ministro da Justiça. Neste caso, o B) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após
ato inaugural do inquérito é a própria requisição do Ministro da liberados pelos peritos criminais (art. 6º, II);
Justiça; C) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento
C) Se o crime a ser averiguado for de ação penal pública do fato e suas circunstâncias (art. 6º, III);
incondicionada. Neste caso, o inquérito pode começar de ofício D) Ouvir o ofendido (art. 6º, IV);
(quando a autoridade policial, em suas atividades, tomou conhe- E) Ouvir o indiciado com observância, no que for aplicável,
cimento dos fatos. Neste caso, o procedimento inicia-se por por- do disposto no Capítulo III, do Título Vll, do Livro I, CPP (“Do
taria); por requisição do juiz ou do Ministério Público (parte da Processo em Geral”), devendo o respectivo termo ser assinado por
doutrina entende que o ideal é que o juiz não requisite para se duas testemunhas que tenham ouvido a leitura deste (art. 6º, V);
manter imparcial e manter a essência do sistema acusatório. Neste F) Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acarea-
caso, a peça inaugural é a própria requisição); por requerimento da ções (art. 6º, VI);
vítima (neste caso, o delegado deve verificar as procedências das G) Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo
informações, e, em caso de indeferimento ao requerimento, cabe de delito e a quaisquer outras perícias (art. 6º, VII);
recurso inominado dirigido ao Chefe de Polícia. Caso entenda H) Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datilos-
pela instauração de inquérito, o ato inaugural do procedimento é a cópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antece-
portaria); por “delatio criminis” (trata-se de notícia oferecida por dentes (art. 6º, VIII);
qualquer do povo ou pela imprensa, de modo que esta não pode I) Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de
ser “anônima” (ou inqualificada). Neste caso, a peça inaugural do vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua
procedimento é a portaria. Ademais, vale lembrar que, para o STF, atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
a denúncia anônima, por si só, não serve para fundamentar a ins- quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do
tauração de inquérito policial, mas a partir dela o delegado deve seu temperamento e caráter (art. 6º, IX);
realizar diligências preliminares para apurar a procedência das in- J) Proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta
formações antes da devida instauração do inquérito); por auto de não contrarie a moralidade ou a ordem pública (art. 7º);
prisão em flagrante (neste caso, a peça inaugural do inquérito é o K) Fornecer às autoridades judiciárias as informações neces-
próprio auto de prisão em flagrante). sárias à instrução e julgamento dos processos (art. 13, I);

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L) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi- Por fim, atualmente, os dados relacionados à coleta do perfil
nistério Público (art. 13, II); genético deverão ser armazenados em banco de dados de perfis
M) Cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autorida- genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia criminal (art.
des judiciárias (art. 13, III); 5º-A, acrescido pela Lei nº 12.654/2012). Tais bancos de dados
N) Representar acerca da prisão preventiva (art. 13, IV) bem devem ter caráter sigiloso, respondendo civil, penal e administrati-
como de outras medidas cautelares diversas da prisão (construção vamente aquele que permitir ou promover sua utilização para fins
doutrinária recente). diversos do previsto na lei ou em decisão judicial.
Vale lembrar que este rol de atos não é exaustivo. Como de-
corrência do caráter inquisitorial do inquérito policial visto alhu- Indiciamento. “Indiciar” é atribuir a alguém a prática de uma
res, nada impede que, desde que não-contrária à moral, aos bons infração penal. Trata-se de ato privativo do delegado policial.
costumes, à ordem pública, e à dignidade da pessoa humana, outra O indiciamento pode ser direto, quando feito na presença do
infindável gama de atos possa ser praticada. investigado, ou indireto, quando este está ausente.
E o art. 15, da Lei Adjetiva Penal? Não mais se aplica o art.
Identificação criminal. Envolve a identificação fotográfica e 15, CPP, segundo o qual lhe deveria ser nomeado curador pela
a identificação datiloscópica. Antes da atual Constituição Federal, autoridade policial. Isto porque, antes do atual Código Civil, os
a identificação criminal era obrigatória (a Súmula nº 568, STF, an- indivíduos entre dezoito e vinte e um anos eram reputados relativa-
terior a 1988, inclusive, dizia isso), o que foi modificado na atual mente incapazes, razão pela qual deveriam ser assistidos por cura-
Lei Fundamental pelo art. 5º, LVIII, segundo o qual o civilmente dor caso praticassem infração. Com o Código Civil atual, tanto a
identificado não será submetido à identificação criminal, “salvo maioridade civil como a penal se iniciam aos dezoito anos.
nas hipóteses previstas em lei”. É possível o “desindiciamento”? Sim. Consiste na retirada da
A primeira Lei a tratar do assunto foi a de nº 8.069/90 (“Es- condição de indiciado do agente, por se entender, durante o trans-
tatuto da Criança e do Adolescente”), em seu art. 109, segundo o curso das investigações, que este não tem qualquer relação com
qual a identificação criminal somente será cabível quando houver o fato apurado. O desindiciamento pode ocorrer tanto de forma
fundada dúvida quanto à identidade do menor. facultativa, pela autoridade policial, quanto mediante o uso de
Depois, em 1995, a Lei nº 9.034 (“Lei das Organizações Cri- habeas corpus, impetrado com o objetivo de trancar o inquérito
minosas”) dispôs em seu art. 5º que a identificação criminal de policial em relação a algum agente alvo do procedimento adminis-
pessoas envolvidas com a ação praticada por organizações crimi- trativo investigatório.
nosas será realizada independentemente de identificação civil.
Incomunicabilidade do indiciado preso. De acordo com o
Posteriormente, a Lei nº 10.054/00 veio especialmente para
art. 21, do Código de Processo Penal, seria possível manter o indi-
tratar do assunto, e, em seu art. 3º, trouxe um rol taxativo de delitos
ciado preso pelo prazo de três dias, quando conveniente à investi-
em que a identificação criminal deveria ser feita obrigatoriamente,
gação ou quando houvesse interesse da sociedade
sem mencionar, contudo, os crimes praticados por organizações
O entendimento prevalente, contudo, é o de que, por ser o
criminosas, o que levou parcela da doutrina e da jurisprudência
Código de Processo Penal da década de 1940, não foi o mesmo re-
a considerar o art. 5º, da Lei nº 9.034/90 parcialmente revogado.
cepcionado pela Constituição Federal de 1988. Logo, prevalece de
Como último ato, a Lei nº 10.054/00 foi revogada pela Lei nº
forma maciça, atualmente, que este art. 21, CPP está tacitamente
12.037/09, que também trata especificamente apenas sobre o tema
revogado.
“identificação criminal”. Esta lei não traz mais um rol taxativo de
delitos nos quais a identificação será obrigatória, mas sim um art. Prazo para conclusão do inquérito policial. De acordo com
3º com situações em que ela será possível: o Código de Processo Penal, em se tratando de indiciado preso,
A) Quando o documento apresentar rasura ou tiver indícios de o prazo é de dez dias improrrogáveis para conclusão. Já em se
falsificação (inciso I); tratando de indiciado solto, tem-se trinta dias para conclusão, ad-
B) Quando o documento apresentado for insuficiente para mitida prorrogações a fim de se realizar ulteriores e necessárias
identificar o indivíduo de maneira cabal (inciso II); diligências.
C) Quando o indiciado portar documentos de identidade dis- Convém lembrar que, na Justiça Federal, o prazo é de quinze
tintos, com informações conflitantes entre si (inciso III); dias para acusado preso, admitida duplicação deste prazo (art. 66,
D) Quando a identificação criminal for essencial para as in- da Lei nº 5.010/66). Já para acusado solto, o prazo será de trinta
vestigações policiais conforme decidido por despacho da autorida- dias admitidas prorrogações, seguindo-se a regra geral.
de judiciária competente, de ofício ou mediante representação da Também, na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), o prazo é
autoridade policial/promotor de justiça/defesa (inciso IV). Nesta de trinta dias para acusado preso, e de noventa dias para acusado
hipótese, de acordo com o parágrafo único, do art. 5º da atual solto. Em ambos os casos pode haver duplicação de prazo.
lei (acrescido pela Lei nº 12.654/2012), a identificação criminal Por fim, na Lei nº 1.551/51 (“Lei dos Crimes contra a Eco-
poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do nomia Popular”), o prazo, esteja o acusado solto ou preso, será
perfil genético; sempre de dez dias.
E) Quando constar de registros policiais o uso de outros no- E como se dá a contagem de tal prazo? Trata-se de prazo pro-
mes ou diferentes qualificações (inciso V); cessual, isto é, exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do ven-
F) Quando o estado de conservação ou a distância temporal ou cimento, tal como disposto no art. 798, §1º, do Código de Processo
da localidade da expedição do documento apresentado impossibi- Penal.
litar a completa identificação dos caracteres essenciais (inciso VI).

Didatismo e Conhecimento 3
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Conclusão do inquérito policial. De acordo com o art. 10, A) Argumentos favoráveis. Um argumento favorável à possi-
§1º, CPP, o inquérito policial é concluído com a confecção de um bilidade de investigar atribuída ao Ministério Público é a chamada
relatório pela autoridade policial, no qual se deve relatar, minucio- “Teoria dos Poderes Implícitos”, oriunda da Suprema Corte Norte-
samente, e em caráter essencialmente descritivo, o resultado das -americana, segundo a qual “quem pode o mais, pode o menos”,
investigações. Em seguida, deve o mesmo ser enviado à autoridade isto é, se ao Ministério Público compete o oferecimento da ação
judicial. penal (que é o “mais”), também a ele compete buscar os indícios
Não deve a autoridade policial fazer juízo de valor no relató- de autoria e materialidade para essa oferta de denúncia pela via do
rio, em regra, com exceção da Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”), inquérito policial (que é o “menos”). Ademais, o procedimento in-
em cujo art. 52 se exige da autoridade policial juízo de valor quan- vestigatório utilizado pela autoridade policial seria o mesmo, ape-
to à tipificação do ilícito de tráfico ou de porte de drogas.
nas tendo uma autoridade presidente diferente, no caso, o agente
Por fim, convém lembrar que o relatório é peça dispensável,
ministerial. Por fim, como último argumento, tem-se que a bem do
logo, a sua falta não tornará inquérito inválido.
direito estatal de perseguir o crime, atribuir funções investigatórias
Recebimento do inquérito policial pelo órgão do Ministé- ao Ministério Público é mais uma arma na busca deste intento;
rio Público. Recebido o inquérito policial, tem o agente do Minis- B) Argumentos desfavoráveis. Como primeiro argumento
tério Público as seguintes opções: desfavorável à possibilidade investigatória do Ministério Público,
A) Oferecimento de denúncia. Ora, se o promotor de justiça tem-se que tal função atenta contra o sistema acusatório. Ademais,
é o titular da ação penal, a ele compete se utilizar dos elementos fala-se em desequilíbrio entre acusação e defesa, já que terá o
colhidos durante a fase persecutória para dar o disparo inicial desta membro do MP todo o aparato estatal para conseguir a condenação
ação por intermédio da denúncia; de um acusado, restando a este, em contrapartida, apenas a defesa
B) Requerimento de diligências. Somente quando forem in- por seu advogado caso não tenha condições financeiras de condu-
dispensáveis; zir uma investigação particular. Também, fala-se que o Ministério
C) Promoção de arquivamento. Se entender que o investiga- Público já tem poder de requisitar diligências e instauração de in-
do não constitui qualquer infração penal, ou, ainda que constitua, quérito policial, de maneira que a atribuição para presidi-lo seria
encontra óbice nas máximas sociais que impedem que o processo “querer demais”. Por fim, alega-se que as funções investigativas
se desenvolva por atenção ao “Princípio da Insignificância”, p. ex., são uma exclusividade da polícia judiciária, e que não há previsão
o agente ministerial pode solicitar o arquivamento do inquérito à legal nem instrumentos para realização da investigação Ministério
autoridade judicial; Público.
D) Oferecer arguição de incompetência. Se não for de sua
competência, o membro do MP suscita a questão, para que a auto-
Vamos em seguida efetuar a leitura atenta dos dispositivos
ridade judicial remeta os autos à justiça competente;
E) Suscitar conflito de competência ou de atribuições. Con- contidos no Código de Processo Penal referente aos artigos que
forme o art. 114, do Código de Processo Penal, o “conflito de versam sobre o tema “Do Inquérito Policial”:
competência” é aquele que se estabelece entre dois ou mais ór-
gãos jurisdicionais. Já o “conflito de atribuições” é aquele que se TÍTULO II
estabelece entre órgãos do Ministério Público. DO INQUÉRITO POLICIAL
                
Arquivamento do inquérito policial. Quem determina o ar- Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades
quivamento do inquérito é a autoridade judicial, após solicitação policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por
efetuada pelo membro do Ministério Público. Disso infere-se que, fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. 
nem a autoridade policial, nem o membro do Ministério Público, Parágrafo único.  A competência definida neste artigo não
nem a autoridade judicial, podem promover o arquivamento de excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja
ofício. cometida a mesma função.
Ademais, em caso de ação penal privada, o juiz pode promo-        
ver o arquivamento caso assim requeira o ofendido. Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será
iniciado:
Trancamento do inquérito policial. Trata-se de medida de I - de ofício;
natureza excepcional, somente sendo possível nas hipóteses de
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Mi-
atipicidade da conduta, de causa extintiva da punibilidade, e de au-
nistério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver
sência de elementos indiciários relativos à autoria e materialidade.
Se houver o risco à liberdade de locomoção, o meio mais adequado qualidade para representá-lo.
de se fazê-lo é pela via do habeas corpus. § 1o  O requerimento a que se refere o no II conterá sempre
que possível:
Investigação pelo Ministério Público. Apesar do atual grau a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
de pacificação acerca do tema, no sentido de que o Ministério Pú- b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos
blico pode, sim, investigar - o que se confirmou com a rejeição da e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da
Proposta de Emenda à Constituição nº 37/2011, que acrescia um infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
décimo parágrafo ao art. 144 da Constituição Federal no sentido c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua
de que a apuração de infrações penais caberia apenas aos órgãos profissão e residência.
policiais -, há se disponibilizar argumentos favoráveis e contrários § 2o  Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de
a tal prática: inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
§  3o   Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da §  3o   Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo
esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar marcado pelo juiz.
inquérito.         
§ 4o  O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender Art. 11.  Os instrumentos do crime, bem como os objetos que
de representação, não poderá sem ela ser iniciado. interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.
§  5o   Nos crimes de ação privada, a autoridade policial        
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem Art. 12.  O inquérito policial acompanhará a denúncia ou
tenha qualidade para intentá-la. queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
               
Art. 6o  Logo que tiver conhecimento da prática da infração Art. 13.  Incumbirá ainda à autoridade policial:
penal, a autoridade policial deverá: I - fornecer às autoridades judiciárias as informações neces-
 I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alte- sárias à instrução e julgamento dos processos;
rem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos II -  realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Mi-
criminais; nistério Público;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas
liberados pelos peritos criminais; autoridades judiciárias;
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento IV - representar acerca da prisão preventiva.
do fato e suas circunstâncias;        
IV - ouvir o ofendido; Art. 14.  O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável,
juízo da autoridade.
do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o
       
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe te-
Art. 15.  Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador
nham ouvido a leitura;
pela autoridade policial.
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a aca-
       
reações;
Art. 16.  O Ministério Público não poderá requerer a devolução
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências,
de delito e a quaisquer outras perícias; imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
VIII  -  ordenar a identificação do indiciado pelo processo        
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de Art. 17.  A autoridade policial não poderá mandar arquivar
antecedentes; autos de inquérito.
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de         
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua Art. 18.  Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela
atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autorida-
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do de policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas
seu temperamento e caráter. tiver notícia.
               
Art. 7o   Para verificar a possibilidade de haver a infração Art. 19.  Nos crimes em que não couber ação pública, os autos
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão
proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão
contrarie a moralidade ou a ordem pública. entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
               
Art. 8o   Havendo prisão em flagrante, será observado o Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
        sociedade.
Art. 9o  Todas as peças do inquérito policial serão, num só Parágrafo único.  Nos atestados de antecedentes que lhe
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar
rubricadas pela autoridade. quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra
        os requerentes. (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012)
Art. 10.   O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias,        
se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso Art. 21.  A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de
§ 1o  A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a
apurado e enviará autos ao juiz competente. requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério
§ 2o  No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo
não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei
encontradas. n. 4.215, de 27 de abril de 1963) 

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 22.  No Distrito Federal e nas comarcas em que houver tiva privada figura o ofendido; e no polo passivo, sendo a ação pe-
mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício nal pública ou privada, figurará o provável autor do fato delituoso
em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, maior de dezoito anos;
ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente C) Interesse de agir. Composto pelo trinômio necessidade/
de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até adequação/utilidade.
que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que Pela necessidade, vai-se analisar até que ponto a existência
ocorra em sua presença, noutra circunscrição. de ação penal é fundamental para elucidação da causa. Pode ser
        que uma solução extrajudicial, p. ex., num determinado caso, seja
Art. 23.  Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao muito melhor.
juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Já a adequação consiste no perfilhamento da medida buscada
Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando via ação penal com o instrumento apto a isso. Assim, a título ilus-
o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à trativo, caso se almeje trancar uma ação penal cuja única sanção
infração penal e à pessoa do indiciado. cominada ao delito seja a de multa, não se mostra como medida
mais adequada a utilização do habeas corpus, já que não há risco à
liberdade de locomoção, mas sim a via do mandado de segurança.
Por fim, a utilidade consiste na eficácia prática que uma ação
DA AÇÃO PENAL: ESPÉCIES. deve ter. Se não há nada a ser apurado, ou não há qualquer sanção
a ser aplicada, inútil e desnecessária será a ação penal;
D) Justa causa. Trata-se de condição genérica da ação previs-
ta apenas no processo penal (art. 395, III, CPP), mas não no pro-
Conceito. A ação penal consiste no direito de pedir ao Estado cesso civil. Consiste num lastro probatório mínimo indispensável
tutela jurisdicional para resolver um problema que concretamente para o início de um processo, até para não submeter o cidadão à
se apresenta. Com o fato delituoso, nasce para o Estado o direito de situação degradante e embaraçosa que desempenha a persecução
buscar e punir um culpado. Esta busca e esta punição necessitam criminal na vida de uma pessoa.
respeitar um percurso que, pré-judicialmente, em geral se dá pelo
inquérito policial (estudado no item anterior), e, judicialmente, se 2 Condições específicas. São condições exigidas apenas para
inicia com a ação penal (que, a partir de agora, se passa a estudar). alguns delitos. Dentre elas, se podem mencionar a requisição do
Ministro da Justiça; o laudo pericial nos crimes contra a proprie-
Características da ação penal. São elas: dade imaterial; o exame preliminar em crimes de tóxicos; a repre-
A) A ação penal é pública. Trata-se de direito público. Por sentação do ofendido etc.
isso, p. ex., o mais correto é se dizer ação penal “de iniciativa
privada”, e não “ação penal privada”, afinal, toda ação penal é Classificação das ações penais. A classificação das ações pe-
pública. A iniciativa é que pode ser privada; nais observa, em regra, o titular para sua propositura.
B) A ação penal é direito subjetivo. Isto porque, o seu titular 1 Ação penal pública. A peça através da qual se dá origem à
tem o direito de exigir a prestação jurisdicional, já que ao Estado- ação penal pública é a denúncia, sendo suas características prin-
-juiz veda-se o “non liquet”; cipais:
C) A ação penal é direito autônomo. Ou seja, a ação penal não A) A denúncia conterá a exposição do fato criminoso, com
se confunde com o direito material que se pretende tutelar. “Direito todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado (ou escla-
processual” e “direito material” são ciências distintas há tempos; recimentos pelos quais se possa identificá-lo), a classificação do
D) A ação penal é direito abstrato. Isto porque, o acusado não crime e, quando necessário, o rol de testemunhas (art. 41, CPP). A
é considerado culpado desde o começo da ação penal. Para que ausência destes requisitos pode levar à inépcia da denuncia.
isto ocorra, é preciso que haja decreto condenatório ou absolutório Também, a impossibilidade de identificar o acusado com seu
impróprio transitado em julgado. O fato de alguém ser alvo de uma verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação pe-
ação penal não importa pré-condenação deste agente; nal, quando certa a identidade física. Assim, se descoberta poste-
E) A ação penal é direito específico. É direito específico, por riormente a qualificação, basta fazer retificação por termo nos au-
estar relacionada a um caso concreto. tos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes (art. 259, CPP);
B) Na hipótese de concurso de agentes, ou em crimes de con-
Condições da ação penal. Tratam-se de condições que regu- curso necessário, a denúncia deve especificar a conduta de cada
lam o exercício do direito. Com efeito, estas condições podem ser um. É posicionamento pacífico no Supremo Tribunal Federal e no
genéricas ou específicas. Superior Tribunal de Justiça de que a denúncia genérica deve ser
1 Condições genéricas. São aquelas que devem estar de todo evitada, por prejudicar o direito de defesa do(s) agente(s)
presentes em toda e qualquer ação penal. São elas: envolvido(s);
A) Possibilidade jurídica do pedido. O pedido formulado C) É possível “denúncia alternativa”? Neste caso, o agente
deve encontrar amparo no ordenamento jurídico, ou seja, deve se ministerial pede a condenação por um crime “X”, ou, caso isso
referir a uma providência admitida pelo direito objetivo; não fique provado, que seja o agente condenado, com a mesma
B) Legitimidade para agir. Deve-se perguntar “quem pode”, e narrativa acusatória fática, pelo crime “Y”.
“contra quem se pode” manejar ação penal. Diverge amplamente a doutrina quanto a essa possibilidade:
A regra geral é a de que no polo ativo da ação penal pública quem entende que isso não é possível, ampara-se no argumento
figura o Ministério Público; no polo ativo da ação penal de inicia- de que isso torna a acusação incerta e causa insegurança jurídica

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
ao acusado; quem entende que isso é possível, afirma que, como o as hipóteses de transação penal (art. 76, da Lei nº 9.099/95), de
acusado se defende meramente de fatos, e não de uma tipificação acordo de leniência (art. 35, da Lei nº 8.884/94), de termo de ajus-
imposta, nada obsta que subsista um crime em detrimento de outro tamento de conduta em crimes ambientais, e de parcelamento do
e a condenação por um ou por outro seja pedida na acusação; débito tributário;
D) Pouco importa a definição jurídica que o agente ministerial E) Princípio da indisponibilidade. Se o Ministério Público é
atribui ao acusado. Este sempre se defenderá dos fatos narrados, e obrigado a oferecer denúncia, não pode, consequencialmente, de-
não do tipo penal imputado; sistir da ação penal pública (art. 42, CPP). A exceção a tal princípio
E) Com base no art. 46, CPP, o prazo para oferecimento da é a suspensão condicional do processo, prevista no art. 89, da Lei
denúncia (que é um prazo de natureza processual penal, isto é, nº 9.099/95, na qual, enquanto em período de cumprimento das
contado da forma do art. 798, CPP) será de cinco dias, estando o condições impostas ao acusado, ficam os agentes estatais inertes
réu preso (contado da data em que o órgão do Ministério Público quanto à continuidade da persecução criminal;
receber o inquérito policial), e de quinze dias, estando o réu solto F) Princípio da divisibilidade. Para os tribunais superiores, o
ou afiançado. Agora, se o agente do MP tiver dispensado o inqué- Ministério Público pode denunciar alguns dos corréus, sem prejuí-
rito, o prazo para a exordial acusatória contar-se-á da data em que zo do prosseguimento das investigações em relação aos demais.
tiver recebido as peças informativas substitutivas do procedimento Há quem entenda, todavia, que havendo elementos de informação,
administrativo investigatório (art. 46, §1º, CPP). o Ministério Público é obrigado a denunciar todos os suspeitos, de
Há, ainda, prazos especiais na legislação extravagante para modo que o princípio aplicável à ação penal pública seria o “da
oferecimento de denúncia, como o de dez dias para crime eleito- indivisibilidade”, e não o “da divisibilidade”.
ral, o de dez dias para tráfico de drogas, o de quarenta e oito horas Prevalece, contudo, na doutrina e na jurisprudência, que em
para crime de abuso de autoridade, e o de dois dias para crimes sede de ação penal pública o que vale é o “Princípio da Divisibili-
contra a economia popular; dade”, razão pela qual foi aqui incluído;
F) De acordo com o art. 395, CPP, a denúncia será rejeitada G) Princípio da oficiosidade. O Ministério Público não neces-
quando for manifestamente inepta (inciso I); quando faltar pressu- sita qualquer autorização para oferecer denúncia.
posto processual ou condição para o exercício da ação penal (in-
ciso II); e quando faltar justa causa para o exercício da ação penal 1.2 Ação penal pública condicionada. O Ministério Público
(inciso III); depende do implemento de uma condição, que pode ser a represen-
G) Da decisão que recebe a denúncia não cabe qualquer recur- tação do ofendido, ou a requisição do Ministro da Justiça.
so, devendo-se utilizar, se for o caso, habeas corpus ou mandado A sua titularidade também compete ao Ministério Público, que
de segurança, que não são recursos, mas sim meios autônomos de o faz por meio de denúncia. A diferença é que, enquanto na ação
impugnação. Já da que rejeita a denúncia ou a acolhe apenas par- pública incondicionada não carece o MP de qualquer autorização,
cialmente cabe recurso em sentido estrito, por força do art. 581, I, na condicionada fica o órgão ministerial subordinado justamente
CPP, conforme será estudado na parte de recursos. a uma autorização prévia que se faz por meio de representação/
Vale lembrar apenas que, excepcionalmente, na Lei nº requisição.
9.099/95, de acordo com seu art. 82, a rejeição da inicial acusatória Os princípios que norteiam esta espécie de ação são os mes-
desafia o recurso de apelação. mos da ação penal pública incondicionada.
Isto posto, feitas estas considerações acerca da denúncia, a Com efeito, há se estudar algumas questões pertinentes à re-
seguir há se estudar as espécies de ação penal pública. presentação do ofendido e à requisição do Ministro da Justiça:
A) Representação do ofendido. É a manifestação do ofendido
1.1 Ação penal pública incondicionada. É a regra no ordena- ou de seu representante legal no sentido de que tem interesse na
mento processual penal. Para que ação penal seja de outra espécie, persecução penal do fato delituoso. Ela deve ser oferecida por
isso deve estar expressamente previsto. Se não houver previsão pessoa maior de dezoito anos através de advogado, ou, se menor
diversa, entende-se pública a ação penal. de dezoito anos, é o representante legal deste quem procura um
Com efeito, a titularidade da ação penal pública incondicio- advogado para que o faça. Se houver colisão de interesses entre o
nada é do Ministério Público, com supedâneo no art. 129, I, da menor e seu representante, nomeia-se curador especial, na forma
Constituição Federal, que a exercerá por meio de denúncia, como do art. 33, do Código de Processo Penal.
já dito. Ademais, com supedâneo no primeiro parágrafo, do art. 24,
São princípios aplicados à ação penal pública incondicionada: CPP, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente
A) Princípio da inércia da jurisdição. Com adoção do sistema por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge
acusatório, ao juiz não é dado iniciar o processo de ofício. O juiz (ou convivente), ao ascendente, ao descendente, ou irmão;
precisa ser provocado, para sair de sua posição estática, inerte; B) Natureza jurídica da representação do ofendido. Em regra,
B) Princípio do “ne bis in idem”. Ninguém receberá condena- a representação funciona como condição específica de procedibi-
ção por crime a que já tenha sido condenado. Logo, ninguém pode lidade aos processos que ainda não tiveram início. Agora, se o
ser processado duas vezes pela mesma imputação, conforme cons- processo já está em andamento, aí a representação passa a ser uma
ta do art. 8º, n. 4, da Convenção Americana de Direitos Humanos; condição de prosseguibilidade da ação penal, já que, para que o
C) Princípio da intranscendência. A ação penal não pode pas- processo prossiga, uma condição superveniente tem de ser sanada;
sar da pessoa do autor do delito; C) Forma da representação do ofendido. Trata-se de peça sem
D) Princípio da obrigatoriedade (ou da legalidade proces- rigor formal, bastando que fique devidamente demonstrado o in-
sual). Por tal, presentes as condições da ação, o Ministério Público teresse da vítima ou de seu representante legal em representar o
é obrigado a oferecer denúncia. As exceções a tal princípio são ofensor. Conforme o art. 39, da Lei Adjetiva Penal, o direito de

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procura- mais, no caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente
dor com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na
feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade po- ação passará ao cônjuge (ou convivente), ascendente, descenden-
licial. Ato contínuo, o primeiro parágrafo do mencionado disposi- te, ou irmão (se houver colisão de interesses entre o menor e seu
tivo prevê que a representação feita oralmente ou por escrito, sem representante, nomeia-se curador especial, na forma do art. 33, do
assinatura devidamente autenticada do ofendido, de seu represen- Código de Processo Penal).
tante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou Como se não bastasse, de acordo com o art. 36, CPP, se com-
autoridade policial, presente o órgão do MP, quando a este houver parecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá preferência
sido dirigida. Por fim, o parágrafo segundo do art. 39 prevê que a o cônjuge (ou convivente), e, em seguida, o parente mais próximo
representação conterá todas as informações que possam servir à da ordem de enumeração constante do art. 31 (cônjuge, ascendente,
apuração do fato e da autoria; descendente, irmão), podendo, entretanto, qualquer delas prosse-
D) Direcionamento da representação. É feita à autoridade po- guir na ação, caso o querelante desista da instância ou a abandone;
licial, ao Ministério Público, ou ao juiz, pessoalmente ou por re- B) Com supedâneo no art. 44, CPP, a queixa poderá ser dada
presente com procuração atribuidora de poderes especiais para tal; por procurador com poderes especiais, devendo constar do ins-
E) Prazo para oferecimento da representação. Assim como a trumento do mandado o nome do querelante e a menção do fato
queixa-crime, a representação está sujeita ao prazo decadencial de criminoso (salvo quando tais esclarecimentos dependerem de dili-
seis meses, em regra contados do conhecimento da autoria. Trata- gências que devem previamente ser requeridas no juízo criminal);
-se de prazo penal, isto é, o dia do início é contabilizado (art. 10, C) A queixa-crime deve conter todos os elementos da denún-
CP); cia previstos no art. 41, CPP, valendo a mesma ressalva feita no art.
F) Retratação da representação. Depois de oferecida a denún- 259, da Lei Adjetiva;
cia, não é mais possível retratar-se da representação. Eis o teor do D) De acordo com o art. 45, CPP, a queixa, ainda quando a
art. 25, do Código de Processo Penal; ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Mi-
G) Retratação da retratação da representação. Trata-se de nistério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subse-
uma nova representação, ou seja, o agente representou, se retratou, quentes do processo;
e então se retrata da retratação. Ela é possível, desde que dentro do E) O prazo para oferta de queixa-crime é decadencial de seis
prazo decadencial de seis meses já falado; meses, contados com a natureza de prazo penal (art. 10, CP) do
H) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja conhecimento da autoridade delitiva, tal como o prazo para a re-
presentação do ofendido nos delitos de ação penal pública condi-
representação. A representação oferecida não vincula o agente mi-
cionada à representação. A exceção ao início da contagem de prazo
nisterial a oferecer denúncia se averiguar que o fato descrito não
se dá no caso do crime previsto no art. 236, do Código Penal (cri-
constitui delito, ou, ainda que constitua, não mais é possível sua
me de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento ao
punibilidade;
casamento), em que o prazo de seis meses para queixa começa a
I) Requisição do Ministro da Justiça. É condição específica
contar do trânsito em julgado da sentença que anule o casamento
de procedibilidade (ex.: crimes contra a honra do Presidente da
no âmbito cível, conforme disposto no parágrafo único do aludido
República, nos moldes do art. 145, CP). Trata-se, essencialmente,
dispositivo;
de ato político praticado pelo Ministro da Justiça, endereçado ao F) Da decisão que recebe a queixa não cabe qualquer recurso,
Ministério Público na figura de seu Procurador Geral; devendo-se utilizar, se for o caso, habeas corpus ou mandado de
J) A requisição do Ministro da Justiça está sujeita a prazo segurança, que não são recursos, mas sim meios autônomos de
decadencial? Não. O crime contra o qual se exige a requisição está impugnação. Já da que rejeita a queixa ou a acolhe apenas par-
sujeito à prescrição, mas a requisição do Ministro da Justiça não se cialmente cabe recurso em sentido estrito, por força do art. 581, I,
sujeita a prazo decadencial; CPP, conforme será estudado na parte de recursos.
K) Possibilidade de retratação da requisição. Há divergência Isto posto, feitas estas considerações acerca da queixa-crime,
na doutrina. Para uma primeira corrente, não se admite retratação há se discorrer sobre as espécies de ação penal privada.
da requisição, justamente pela grande natureza política que este
ato importa; para uma segunda corrente, essa retratação é, sim, ad- 2.1 Ação penal exclusivamente privada. É possível sucessão
mitida, desde que feita antes do oferecimento da peça acusatória; processual, já que, apesar de competir ao ofendido a iniciativa
L) Não vinculação do Ministério Público mesmo que haja re- de manejo, o art. 31, CPP permite que cônjuge (ou convivente),
quisição. Vale o mesmo que foi dito para a representação. ascendente, descendente ou irmão nela prossigam no caso de morte
do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial.
2 Ação penal de iniciativa privada. Trata-se de oportunidade São princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente priva-
conferida ao ofendido de oferecer queixa-crime caso entenda ter da:
sido vítima de delito. Vale dizer que, como a regra no silêncio do A) Princípio da inércia da jurisdição. Também aplicado à
legislador é a ação penal pública incondicionada, para que a ação ação penal pública, já foi devidamente explicado;
penal seja de iniciativa privada deve haver previsão legal neste B) Princípio do “ne bis in idem”. Também aplicado à ação
sentido. penal pública, já foi devidamente explicado;
Há se discorrer sobre algumas das características principais C) Princípio da intranscendência. Também aplicado à ação
da queixa-crime: penal pública, já foi devidamente explicado;
A) De acordo com o art. 30, do Código de Processo Penal, ao D) Princípio da oportunidade (ou princípio da conveniência).
ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo (querelan- Mediante critérios de oportunidade ou conveniência, o ofendido
te) caberá intentar ação privada contra o ofensor (querelado). Ade- pode optar pelo oferecimento ou não da queixa.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Dentro de tal princípio, há se estudar o instituto da renúncia, De acordo com o inciso LIX, do art. 5º, da Constituição Fede-
através do qual a vítima (ou seu representante legal ou procurador ral, será admitida ação penal privada nos crimes de ação pública,
com poderes especiais) demonstra seu desejo, de maneira expres- se esta não for intentada no prazo legal. Em mesmo sentido, o art.
sa (quando o faz explícita e deliberadamente mediante declaração 29, da Lei Adjetiva Penal, regulamenta o preceito constitucional e
assinada) ou tácita (quando tem condutas incompatíveis com seu prevê que será admitida ação privada nos crimes de ação pública,
desejo de processar o ofensor, como manter com ele relações ami- se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério
gáveis, p. ex.), de não exercer a ação. Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitu-
A renúncia é instituto pré-processual, e uma vez realizada não tiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos
admite retratação; de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência
E) Princípio da disponibilidade. Se a ação penal de iniciativa do querelante, retomar a ação como parte principal (o terceiro
privada está sujeita a critérios de oportunidade e conveniência, dela parágrafo, do art. 100, CP, também trata da ação penal privada
poderá dispor o querelante, que pode fazê-lo por perdão do ofendi- supletiva que aqui se estuda).
do ou por perempção (perda do direito de prosseguir no exercício Vale lembrar que, para caber tal ação, é necessária delibera-
da ação penal privada em virtude da desídia do querelante). da desídia do agente do Ministério Público. Caso tal membro não
Dentro de tal postulado, há se estudar dois institutos, a saber, tenha ofertado denúncia porque entendeu não ser o caso, desauto-
o perdão da vítima e a perempção. rizado fica o agente ofendido a manejar a ação privada subsidiária
O perdão é ato bilateral, isto é, precisa ser aceito pelo impu- da pública.
tado (ao contrário da renúncia, que é ato unilateral), ocorre quan- Vale lembrar por fim que, caso o Ministério Público retome a
do já instaurado o processo (isto é, não é pré-processual como a ação penal manejada pelo querelante subsidiário por negligência
renúncia), é irretratável, pode ser expresso ou tácito (o silêncio deste, a doutrina costuma designar tal retomada de “ação penal
do acusado, de acordo com o art. 58, CPP, implica aceitação do indireta”.
perdão), processual ou extrajudicial (de acordo com o art. 59, CPP,
a aceitação do perdão fora do processo constará de declaração as- Dispositivos do Código de Processo Penal pertinentes ao
sinada pelo querelado, ou por seu representante legal, ou por pro- tema:
curador com poderes especiais), e pode ser ofertado até o trânsito
em julgado da sentença final. Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por
Já a perempção, prevista no art. 60, CPP, revela a desídia do denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o
querelante quando, iniciada a ação penal, deixa de promover o an- exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
damento do processo durante trinta dias seguidos (inciso I); quan-
§1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado au-
do, falecendo o querelante ou sobrevindo sua incapacidade, não
sente por decisão judicial, o direito de representação passará ao
comparece em juízo para prosseguir no processo dentro do prazo
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
de sessenta dias qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo (res-
§2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento
salvado o disposto no art. 36, CPP) (inciso II); quando o querelante
do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação
deixa de comparecer sem motivo justificado a qualquer ato do pro-
penal será pública.
cesso a que deva estar presente (inciso III, primeira parte); quando
o querelante deixa de formular o pedido de condenação nas alega- Art. 25.  A representação será irretratável, depois de oferecida
ções finais (inciso III, segunda parte); quando, sendo o querelante a denúncia.
pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor (inciso IV);
F) Princípio da indivisibilidade. O processo de um obriga ao Art. 26.  A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o
processo de todos. Portanto, se o querelante renuncia ao direito de auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela
queixa em relação a um dos ofensores, isto se estende aos demais. autoridade judiciária ou policial.
Eis o teor que se pode extrair do art. 48, do Código de Processo
Penal. Da mesma maneira, o perdão dado a um dos ofensores se Art. 27.  Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa
estende aos demais querelados, desde que estes também aceitem- do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública,
-no (art. 51, CPP). fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e
O “fiscal” desse princípio será o Ministério Público, nos ter- indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
mos do art. 48, CPP, o qual velará pela indivisibilidade da ação
penal. Art. 28.  Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito
2.2 Ação penal privada personalíssima. Não é possível a policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso
sucessão processual. No caso de morte da vítima, extingue-se a de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa
punibilidade por não admitir sucessão (ex: o delito previsto no art. do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este
236, do Código Penal). oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público
Os princípios aplicáveis à ação penal exclusivamente privada para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
também se aplicam à ação penal privada personalíssima. então estará o juiz obrigado a atender.

2.3 Ação penal privada subsidiária da pública (ou ação pe- Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação
nal privada supletiva). Somente é cabível diante da inércia deli- pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao
berada do Ministério Público. Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer ele- §1º A representação feita oralmente ou por escrito, sem assi-
mentos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de natura devidamente autenticada do ofendido, de seu representante
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou au-
toridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando
Art. 30.  Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para a este houver sido dirigida.
representá-lo caberá intentar a ação privada. §2º A representação conterá todas as informações que pos-
sam servir à apuração do fato e da autoria.
Art. 31.  No caso de morte do ofendido ou quando declarado §3º Oferecida ou reduzida a termo a representação, a auto-
ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou ridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente,
prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente remetê-lo-á à autoridade que o for.
ou irmão. §4º A representação, quando feita ao juiz ou perante este re-
duzida a termo, será remetida à autoridade policial para que esta
Art. 32.  Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento proceda a inquérito.
da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para §5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se
promover a ação penal. com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem
§1º Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no
despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis prazo de quinze dias.
ao próprio sustento ou da família.
§2º Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade Art. 40.  Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os
policial em cuja circunscrição residir o ofendido. juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pú-
blica, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos
Art. 33.  Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente necessários ao oferecimento da denúncia.
enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou
colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato
poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do
requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a
processo penal.
classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Art. 34.   Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação
anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu
penal.
representante legal.
Art. 43. Revogado pela Lei nº 11.719/08.
Art. 35. Revogado pela Lei nº 9.520/97.

Art. 36.  Se comparecer mais de uma pessoa com direito de Art. 44.  A queixa poderá ser dada por procurador com
queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o
próximo na ordem de enumeração constante do art. 31, podendo, nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando
entretanto, qualquer delas prosseguir na ação, caso o querelante tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser
desista da instância ou a abandone. previamente requeridas no juízo criminal.

Art. 37.  As fundações, associações ou sociedades Art. 45.  A queixa, ainda quando a ação penal for privativa
legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem
ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo.
designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-
gerentes. Art. 46.  O prazo para oferecimento da denúncia, estando o
réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Mi-
Art. 38.  Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou nistério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15
seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver
representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, -á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber
no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o ofere- novamente os autos.
cimento da denúncia. §1º Quando o Ministério Público dispensar o inquérito poli-
Parágrafo único.  Verificar-se-á a decadência do direito de cial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data
queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
arts. 24, parágrafo único, e 31. §2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, con-
tado da data em que o órgão do Ministério Público receber os
Art. 39.  O direito de representação poderá ser exercido, autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á
pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais      termos
declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério do processo.
Público, ou à autoridade policial.

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 47.  Se o Ministério Público julgar necessários maiores I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o
esclarecimentos e documentos complementares ou novos andamento do processo durante 30 dias seguidos;
elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua inca-
quaisquer autoridades ou funcionários que devam ou possam pacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no proces-
fornecê-los. so, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a
quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
Art. 48.  A queixa contra qualquer dos autores do crime III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente,
sua indivisibilidade. ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extin-
Art. 49.  A renúncia ao exercício do direito de queixa, em guir sem deixar sucessor.
relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
Art. 61.  Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer
Art. 50.  A renúncia expressa constará de declaração assinada extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com Parágrafo único.   No caso de requerimento do Ministério
poderes especiais. Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em
Parágrafo único.  A renúncia do representante legal do menor apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar conveniente,
que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do concederá o prazo de cinco dias para a prova, proferindo a decisão
direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do dentro de cinco dias ou reservando-se para apreciar a matéria na
primeiro. sentença final.

Art. 51.  O perdão concedido a um dos querelados aproveitará Art. 62.  No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista
a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público,
recusar. declarará extinta a punibilidade.

Art. 52.   Se o querelante for menor de 21 e maior de 18


anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES
representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo
oposição do outro, não produzirá efeito.
E DA LIBERDADE PROVISÓRIA.

Art. 53.  Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado


mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses A restrição da liberdade é medida excepcional na natureza
deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador humana. Aqui, a despeito da existência de “prisões penais” - estu-
que o juiz Ihe nomear. dadas pelo direito penal e pela execução penal - e da “prisão civil”
(em caso de dívida de alimentos) - estudada pelo direito constitu-
Art. 54.  Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, cional, pelo direito internacional, e pelo direito civil - somente se
quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52. estudará as tipicamente denominadas “prisões processuais”, decre-
tadas durante a fase investigatória ou judicial.
Art. 55.  O perdão poderá ser aceito por procurador com Nada obstante, temas circundantes ao tópico “prisões proces-
poderes especiais. suais” também merecem atenção especial. Se está falando, den-
tre outros, da liberdade provisória, com ou sem fiança, da prisão
Art. 56.  Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o domiciliar, e das recentes medidas cautelares diversas da prisão,
disposto no art. 50. inauguradas pela Lei nº 12.403/11.
De acordo com o art. 282, do Código de Processo Penal, as
Art. 57.  A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os medidas cautelares previstas no Título IX, do Código de Processo
meios de prova. Penal, intitulado “Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liber-
dade Provisória”, deverão ser aplicadas observando-se a necessi-
Art. 58.  Concedido o perdão, mediante declaração expressa dade para aplicação da lei penal, para a investigação ou instrução
nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática
o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu de infrações penais (inciso I), bem como a adequação da medida à
silêncio importará aceitação. gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do
Parágrafo único.  Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a indiciado ou acusado (inciso II).
punibilidade. Se está falando, com isso, que urge a observância do binômio
necessidade/adequação quando da análise de imposição de prisão
Art. 59.  A aceitação do perdão fora do processo constará de processual/medida cautelar diversa da prisão. Pode ser que, num
declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou extremo mais gravoso, a prisão preventiva seja a mais adequada.
procurador com poderes especiais. Já noutro extremo, mais brando, pode ser que a liberdade provi-
sória seja palavra de ordem. Qualquer coisa que ficar entre estes
Art. 60.   Nos casos em que somente se procede mediante dois extremos pode importar a imposição de medida cautelar de
queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: natureza diversa da prisão processual.

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Prisão em flagrante. A prisão em flagrante consiste numa CPP (razão pela qual a segunda corrente vai à bancarrota); a pri-
medida de autodefesa da sociedade, caracterizada pela privação da são em flagrante é, sim, ato complexo (ou “pré-cautelar”), porque
liberdade de locomoção daquele que é surpreendido em situação embora comece como um ato administrativo, seu relaxamento ou
de flagrância, independentemente de prévia autorização judicial. A conversão em prisão preventiva/liberdade provisória (isto é, sua
própria Constituição Federal autoriza a prisão em flagrante, em seu judicialização) é meramente questão de tempo.
art. 5º, LXI, o qual afirma que ninguém será preso senão em fla-
grante delito, ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade Funções da prisão em flagrante. São elas:
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou A) Evitar a fuga do infrator;
crime propriamente militar, definidos em lei. B) Auxiliar na colheita de elementos probatórios;
A expressão “flagrante” deriva do latim “flagrare”, que sig- C) Impedir a consumação ou o exaurimento do delito.
nifica “queimar”, “arder”. Isso serve para demonstrar que o deli-
to em flagrante é o delito que está “ardendo”, “queimando”, “que Procedimento do flagrante. O procedimento da prisão em
acaba de acontecer”. flagrante está essencialmente descrito entre os art. 304 e 310, do
Por isso, qualquer do povo poderá, e as autoridades policiais e Código de Processo Penal:
seus agentes deverão, prender quem quer que seja encontrado em A) Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta
flagrante delito. o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este
cópia do termo e recibo de entrega do preso (art. 304, caput, pri-
Natureza da prisão em flagrante. Trata-se de tema outrora meira parte, CPP);
excessivamente divergente, mas que parece caminhar para um en- B) Em seguida, procederá a autoridade competente à oitiva
tendimento uníssono graças ao advento da Lei nº 12.403/11. das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acu-
Conforme um primeiro entendimento, por independer de pré- sado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva,
via ordem judicial, a prisão em flagrante seria uma espécie de ato suas respectivas assinaturas, lavrando a autoridade, ao final, o auto
administrativo, não sendo modalidade autônoma de prisão caute- (art. 304, caput, parte final, CPP);
lar, portanto. C) A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontrem
Para um segundo posicionamento, a prisão em flagrante seria serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministé-
modalidade de prisão cautelar autônoma, por reclamar pronun-
rio Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art.
ciamento judicial acerca de sua manutenção. Este posicionamento
306, caput, CPP);
despreza, veja-se, a inexistência de prévia ordem judicial para rea-
D) Resultando das respostas às perguntas feitas ao acusado
lizar tal prisão.
fundada suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará reco-
Por fim, de acordo com uma terceira corrente, a prisão em
lhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fian-
flagrante é ato complexo, composto de uma primeira fase adminis-
ça, e prosseguirá nos atos do processo ou inquérito se para isso for
trativa, que se dá com sua efetivação (isto é, a captura do acusado),
competente (se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja)
e de uma segunda fase processual, que se dá com sua apreciação
(art. 304, §1º, CPP);
pela autoridade judicial acerca de sua manutenção ou não de acor-
do com a presença dos requisitos e pressupostos ensejadores da E) A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto
prisão preventiva. de prisão em flagrante, mas, nesse caso, com o condutor deverão
Diz-se que o assunto caminha para a pacificação, pois, se des- assiná-lo ao menos duas pessoas que tenham testemunhado a apre-
de a Lei nº 6.416/77 não mais se vislumbra a possibilidade de ficar sentação do preso à autoridade (art. 304, §2º, CPP). Quando o acu-
alguém preso em flagrante durante todo o processo (o juiz, desde sado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto
1977, deveria apreciar a presença dos requisitos ensejadores da de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas que te-
prisão preventiva para manter ou não o flagrante), agora, com a nham ouvido sua leitura na presença deste (art. 304, §3º, CPP). Na
Lei nº 12.403/11, ficou a prisão em flagrante em condição excep- falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa designada
cionalíssima, já que, de acordo com o atual art. 310, CPP, o juiz, ao pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o compromisso
receber o auto de prisão em flagrante, deverá fundamentadamente legal (art. 305, CPP);
relaxar a prisão se ilegal (inciso I), converter a prisão em flagrante F) Em até vinte e quatro horas após a realização da prisão, será
em preventiva se presentes os requisitos do art. 312, CPP e se reve- encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante, e
larem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será enca-
da prisão (inciso II), ou conceder liberdade provisória, com ou sem minhada cópia integral deste auto para a Defensoria Pública (art.
fiança (inciso III). 306, §1º, CPP);
Veja-se, pois, que a prisão em flagrante se solidificou, atual- E) No mesmo prazo de vinte e quatro horas, será entregue ao
mente, como uma “prisão pré-cautelar”, porque necessariamente preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
será ato meramente primário a uma análise acerca da prisão pro- com o motivo da prisão, o nome do condutor e o das testemunhas
cessual/medida diversa da prisão/liberdade provisória. O terceiro (art. 306, §2º, CPP);
entendimento é o que tende a prevalecer, portanto: a prisão em F) Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá
flagrante como ato administrativo não deve prevalecer já que a fundamentadamente relaxar a prisão ilegal, ou converter a prisão
flagrância não mais é um fim em si mesmo (razão pela qual a pri- em flagrante em preventiva (quando presentes os requisitos do art.
meira corrente “cai por terra”); a prisão em flagrante não tem na- 312, do Código de Processo Penal, e quando se revelarem ina-
tureza cautelar, pois é justamente a cautelaridade da medida que a dequadas as medidas cautelares diversas da prisão), ou conceder
autoridade judicial vai buscar ao apreciar as hipóteses do art. 310, liberdade provisória com ou sem fiança (art. 310, CPP);

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
G) Se o juiz verificar pelo auto que o agente praticou o fato Na Lei nº 12.850/13, em seu art. 3º, III, a ação controlada é
em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do permitida em qualquer fase da persecução penal, porém ao contrá-
dever legal, ou exercício regular de um direito (todos previstos no rio do previsto pela revogada Lei nº 9.034/95, devem ser observa-
art. 23, do Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder dos alguns requisitos para o procedimento, tais como: comunicar
ao acusado liberdade provisória, mediante termo de compareci- sigilosamente a ação ao juiz competente que, se for o caso, esta-
mento a todos os atos processuais, sob pena de revogação (art. 310, belecerá os limites desta e comunicará ao Ministério Público; até
parágrafo único, CPP). o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao
Obtempera-se que, não havendo autoridade no lugar em que juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma
se tiver efetuado a prisão, o preso será apresentado à prisão do de garantir o êxito das investigações e ao término da diligência,
lugar mais próximo (art. 308, CPP). elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada. Ou-
Por fim, se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, trossim, na Lei nº 11.343/06, em seu art. 53, II, a ação controlada é
depois de lavrado o “APF” (auto de prisão em flagrante) (art. 309, possível, desde que haja autorização judicial, ouvido o Ministério
CPP). Público.
I) Flagrante forjado (ou flagrante fabricado) (ou flagrante
Espécies/modalidades de flagrante. Vejamos a classificação maquinado). É o flagrante “plantado” pela autoridade policial (ex.:
feita pela doutrina: a autoridade policial coloca drogas nos objetos pessoais do inves-
A) Flagrante obrigatório. É aquele que se aplica às autorida- tigado somente para prendê-lo em flagrante).
des policiais e seus agentes, que têm o dever de efetuar a prisão
em flagrante; Apresentação espontânea do acusado. Trata-se de tema
B) Flagrante facultativo. É aquele efetuado por qualquer pes- novo, graças ao advento da Lei nº 12.403/11.
soa do povo, embora não seja o indivíduo obrigado a prender em Antes de tal diploma normativo, o art. 317, CPP, previa que
flagrante, caso isso ameace sua segurança e sua integridade; a apresentação espontânea do acusado à autoridade não impediria
C) Flagrante próprio (ou flagrante perfeito) (ou flagrante a decretação da prisão preventiva. Ou seja, a prisão em flagrante
verdadeiro). É aquele que ocorre se o agente é preso quando está não era possível (já que não havia flagrante: foi o agente quem se
cometendo a infração ou acaba de cometê-la. Sua previsão está nos apresentou à autoridade policial, e não a autoridade policial que foi
incisos I e II, do art. 302, do Código de Processo Penal; no encalço do agente), o que não obstava, contudo, a decretação de
D) Flagrante impróprio (ou flagrante imperfeito) (ou “quase prisão preventiva.
flagrante”). É aquele que o ocorre se o agente é perseguido, logo Com a nova lei, tal dispositivo foi suprimido, causando algu-
após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
ma divergência doutrinária acerca da possibilidade de se prender
situação que se faça presumir ser ele autor da infração. Sua previ-
em flagrante ou não em caso de livre apresentação por parte do
são está no terceiro inciso, do art. 302, do Diploma Adjetivo Penal.
acusado. Apesar de inexistir qualquer entendimento doutrinário/
Vale lembrar que não há um prazo pré-determinado para esta
jurisprudencial consolidado, até agora tem prevalecido a ideia de
perseguição, desde que ela seja contínua, ininterrupta. Assim, pode
que a apresentação espontânea continua impedindo a prisão em
um agente ser perseguido por vinte e quatro horas após a prática
flagrante.
delitiva, p. ex., e ainda assim ser autuado em flagrante;
E) Flagrante presumido (ou flagrante ficto). É aquele que
ocorre se o agente é encontrado, logo depois do crime, com ins- Prisão preventiva. Em qualquer fase da investigação policial
trumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o ou do processo penal caberá a prisão preventiva decretada pelo
autor da infração. Sua previsão está no art. 302, IV, CPP; juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do
F) Flagrante preparado (ou “crime de ensaio”) (ou delito Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por repre-
putativo por obra do agente provocador). A autoridade policial sentação da autoridade policial (art. 311, CPP).
instiga o indivíduo a cometer o crime, apenas para prendê-lo em De antemão já se pode observar que à autoridade judicial é
flagrante. O entendimento jurisprudencial, contudo, é no sentido vedada a decretação de prisão preventiva de ofício na fase do in-
de que esta espécie de flagrante não é válida, por se tratar de cri- quérito policial (isso é novidade da Lei nº 12.403, já que antes
me impossível. Neste sentido, há até mesmo a Súmula nº 145, do desta previa-se legalmente a possibilidade de decretar o juiz prisão
Supremo Tribunal Federal, segundo a qual não há crime quando a preventiva de ofício também durante as investigações, o que era
preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consu- bastante criticado pela doutrina garantista).
mação;
G) Flagrante esperado. Aqui, a autoridade policial sabe que Pressupostos da prisão preventiva. Há se distinguir os
o delito vai acontecer, independentemente de instigá-lo ou não, “pressupostos” dos “motivos ensejadores” da prisão preventiva
e, portanto, se limita a esperar o início da prática do delito, para (estes últimos serão estudados no tópico seguinte). São pressupos-
efetuar a prisão em flagrante. Trata-se de modalidade de flagran- tos:
te perfeitamente válida, apesar de entendimento minoritário que o A) Prova da existência do crime. É o chamado “fumus comissi
considera inválido pelos mesmos motivos do flagrante preparado; delicti”;
H) Flagrante prorrogado (ou “ação controlada”) (ou fla- B) Indícios suficientes de autoria. É o chamado “periculum
grante protelado). A autoridade policial retarda sua intervenção, libertatis”.
para que o faça no momento mais oportuno sob o ponto de vista Chama-se a atenção, preliminarmente, que o processualismo
da colheita de provas. Sua legalidade depende de previsão legal. penal exige “prova da existência do crime”, mas se contenta com
Atualmente, encontra-se na Lei nº 12.850/13 (“Nova Lei das Or- “indícios suficientes de autoria”. Desta maneira, desde que haja
ganizações Criminosas”) e na Lei nº 11.343/06 (“Lei de Drogas”). um contexto probatório maciço acerca dos fatos, dispensa-se a cer-

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
teza acerca da autoria, mesmo porque, em termos práticos, caso D) Quando houver dúvidas sobre a identidade civil da pessoa
fique realmente comprovada, a autoria só o ficará, de fato, quando ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-
de um eventual decreto condenatório definitivo. -la (neste caso, o preso deve imediatamente ser posto em liberdade
No mais, há se ter em mente que, para que se decrete a prisão após a identificação, salvo de outra hipótese recomendar a manu-
preventiva de alguém, basta um dos motivos ensejadores da prisão tenção da medida) (parágrafo único).
preventiva, mas os dois pressupostos devem estar necessariamente
previstos cumulativamente. Então, sempre deve haver, obrigato- Revogação da prisão preventiva. Isso é possível se, no trans-
riamente, os dois pressupostos (existência do crime e indícios de correr do processo, verificar a autoridade judicial a falta de motivo
autoria), mais ao menos um motivo ensejador (ou a garantia da para que subsista a prisão preventiva. Assim, em sentido contrário,
ordem pública, ou a garantia da ordem econômica, ou o assegu- também poder decretá-la se sobrevierem razões que a justifiquem.
ramento da aplicação da lei penal, ou a conveniência da instrução De toda forma, a decisão que decretar, substituir ou denegar a
criminal, ou o descumprimento de qualquer das medidas cautela- prisão preventiva será sempre motivada.
res diversas da prisão).
Prisão preventiva e excludentes de culpabilidade e de ili-
citude. De acordo com o art. 314, do Diploma Processual Penal,
Motivos ensejadores da prisão preventiva. Eles estão no art. a prisão preventiva em nenhum momento será decretada se o juiz
312, do Código de Processo Penal, e devem ser conjugadas com verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado
a prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. A o fato em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito
saber: cumprimento do dever legal, ou no exercício regular de um direito
A) Para garantia da ordem pública. É o risco considerável (excludentes de ilicitude).
de reiteração de ações delituosas, em virtude da periculosidade do Apesar da ausência de previsão acerca das excludentes de cul-
agente. pabilidade, é forte o entendimento no sentido de que o art. 314
O “clamor social” causado pelo delito autoriza à decretação deve a elas ser aplicado por analogia, com exceção da hipótese de
de prisão preventiva por “garantia da ordem pública”? Prevalece inimputabilidade (art. 26, caput, CP), afinal, o próprio Código de
que sim, pois, do contrário, se o indivíduo for mantido solto, há Processo Penal permite a absolvição sumária do agente se o juiz
risco de caírem as autoridades judiciais e policiais em descrédito verificar a existência de manifesta causa excludente de culpabili-
para com a sociedade; dade, salvo inimputabilidade (art. 297, II, CPP).
B) Para garantia da ordem econômica. Trata-se do risco de
reiteração delituosa, porém relacionado com crimes contra a or- Inexistência de qualquer hipótese de prisão preventiva au-
dem econômica. A inserção deste motivo (na verdade, uma espé- tomática. Não há se falar, sob qualquer hipótese, na prisão pre-
cie da garantia da ordem pública) se deu pelo art. 84, da Lei nº ventiva como efeito automático de algum ato.
Um bom exemplo disso é o parágrafo primeiro, do art. 387,
8.884/94 (“Lei Antitruste”);
CPP (antigo parágrafo único, mas hoje renumerado pela Lei nº
C) Por conveniência da instrução criminal. Visa-se impedir
12.736/2012), segundo o qual o juiz decidirá, fundamentadamente,
que o agente perturbe a livre produção probatória. O objetivo, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preven-
pois, é proteger o processo, as provas a que o Estado persecutor tiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da
ainda não teve acesso, e os agentes (como testemunhas, p. ex.) que apelação que vier a ser interposta.
podem auxiliar no deslinde da lide; Outro exemplo é o art. 366, da Lei Adjetiva, pelo qual se o
D) Para assegurar a aplicação da lei penal. Se ficar demons- acusado, citado por edital, não comparecer nem constituir defen-
trado concretamente que o acusado pretende fugir, p. ex., invia- sor, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
bilizando futura e eventual execução da pena, impõe-se a prisão podendo o juiz determinar a produção antecipada de provas urgen-
preventiva por este motivo; tes, e, se for o caso, decretar prisão preventiva.
E) Em caso de descumprimento de qualquer das medidas Várias informações podem ser extraídas destes dois únicos
cautelares diversas da prisão. As “medidas cautelares diversas da dispositivos.
prisão” são novidade no processo penal, e foram trazidas pela Lei A primeira delas é que não há mais se falar em prisão preven-
nº 12.403/2011. tiva como efeito automático da condenação. Pode ser o caso de,
mesmo diante de decreto condenatório, entender a autoridade judi-
Hipóteses em que se admite prisão preventiva. São elas, de cial que o acusado pode ficar solto esperando o trânsito em julgado
acordo com o art. 312, CPP: do processo no qual litiga.
A) Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberda- A segunda delas é a inexigibilidade de recolhimento à pri-
são para apelar, como se entendia no hoje revogado (pela Lei nº
de máxima superior a quatro a quatro anos (inciso I);
11.719/08) art. 594, CPP, o que acabava por constituir grave ofensa
B) Se o agente tiver sido condenado por outro crime doloso,
ao duplo grau de jurisdição.
em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no art. A terceira delas, prevista no art. 366, CPP, que trata da sus-
64, I, do Código Penal (configuração do período depurador) (in- pensão do processo e do prazo prescricional (e será estudado mais
ciso II); à frente), atine à informação de que, ainda que foragido/ausente o
C) Se o crime envolver violência doméstica e familiar con- acusado, deverá o magistrado fundamentar eventual decisão que
tra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com decrete prisão preventiva deste. Desta maneira, o mero “sumiço”
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de ur- do acusado não é, por si só, elemento decretador automático de
gência (inciso III); prisão preventiva.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Recurso de decisão acerca da prisão preventiva. Conforme §2º, CP), sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§1º
o art. 581, V, CPP, se o juiz de primeiro grau indeferir requerimen- e 2º, CP), roubo (art. 157, caput, e seus §§1º, 2º e 3º, CP), extorsão
to de prisão preventiva ou revogar a medida colocando o agente (art. 158, caput, e seus §§1º e 2º, CP), extorsão mediante seques-
em liberdade, caberá recurso em sentido estrito. tro (art. 159, caput, e seus §§1º, 2º e 3º, CP), estupro e atentado
Uma questão que fica em zona nebulosa diz respeito à revoga- violento ao pudor (art. 213, caput, CP), epidemia com resultado
ção de prisão preventiva em prol de uma medida cautelar diversa de morte (art. 267, §1º, CP), envenenamento de água potável ou
da prisão. Há quem diga que a lógica é mesma das hipóteses aci- substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art.
ma vistas que desafiam recurso em sentido estrito, por importarem 270, caput, c.c. art. 285, CP), quadrilha ou bando (art. 288, CP),
maior grau de liberdade ao agente, o que denotaria o manejo de genocídio em qualquer de suas formas típicas (arts. 1º, 2º e 3º, da
tal instrumento. Por outro lado, há quem entenda que tal decisão Lei nº 2.889/56), tráfico de drogas (art. 33, Lei nº 11.343/06), e
seja irrecorrível por ausência de previsão legal expressa. Não há crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492/86) (inciso III).
qualquer entendimento consolidado sobre o tema. Neste diapasão, uma pergunta que convém fazer é a seguinte:
De toda maneira, há se observar que o recurso em sentido quantos destes requisitos precisam estar presentes para se decretar
estrito somente será cabível caso se indefira o requerimento de a prisão temporária? Há várias posições na doutrina.
preventiva (caso o requerimento seja deferido não há previsão re- Um primeiro entendimento defende que o requisito “C” deve
cursal), ou caso se revogue a medida (caso a medida seja mantida estar sempre presente, seja ao lado do requisito “A”, seja ao lado
não há previsão recursal). do requisito “B”. Ou seja, sempre devem estar presentes dois re-
quisitos ao menos.
Substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar. Um segundo entendimento, mais radical, defende que basta a
O art. 317, da Lei Adjetiva, inovou (graças à Lei nº 12.403/11) presença de apenas um requisito.
ao disciplinar que a prisão domiciliar consiste no recolhimento do Um terceiro entendimento defende que é necessária a presen-
indiciado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com au- ça dos três requisitos conjuntamente.
torização judicial. Trata-se de medida humanitária a ser tomada Um quarto entendimento diz que é necessária a presença dos
em situações especiais, desde que se comprove a real existência três requisitos, mais as situações previstas no art. 312, do Código
da excepcionalidade (parágrafo único, do art. 318, do Código de de Processo Penal, o qual regula a prisão preventiva.
Processo Penal). Não há um entendimento prevalente, todavia.

Hipóteses de substituição da prisão preventiva pela domi- Prazo da prisão temporária. De acordo com o art. 2º, da Lei
ciliar. Isso será possível quando o agente for (art. 318, CPP): nº 7.960/89, o prazo da prisão temporária é de cinco dias, prorro-
A) Maior de oitenta anos (inciso I); gável por igual período em caso de comprovada e extrema neces-
B) Extremamente debilitado por motivo de doença grave (in- sidade.
ciso II); Agora, se o crime for hediondo ou equiparado, o parágrafo
C) Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de quarto, do art. 2º, da Lei nº 8.072/90 (popularmente conhecida por
seis anos de idade ou com deficiência (inciso III); “Lei dos Crimes Hediondos”), prevê que o prazo da prisão tempo-
D) Gestante a partir do sétimo mês de gravidez ou sendo esta rária será de trinta dias, prorrogável por igual período em caso de
de alto risco (inciso IV). comprovada e extrema necessidade.

Prisão temporária. A prisão temporária é uma das espécies Procedimento da prisão temporária. O procedimento está
de prisão cautelar, mais apropriada para a fase preliminar ao pro- previsto nos arts. 2º e 3º, da Lei nº 7.960/89:
cesso, tendo vindo como substitutiva da suspeita (e ilegal/incons- A) A prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo
titucional) “prisão para averiguações”. Embora não prevista no juiz, dependendo de representação da autoridade policial ou de re-
Código de Processo Penal, a Lei nº 7.960/89 a regulamenta. querimento do Ministério Público (na hipótese de representação
Esta lei tem origem na Medida Provisória nº 111/89, razão da autoridade policial, o juiz, antes de decidir, deverá ouvir o Mi-
pela qual parcela minoritária da doutrina afirma ser tal lei incons- nistério Público);
titucional, por não ser dado a Medidas Provisórias regulamentar B) O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser
prisões. O Supremo Tribunal Federal, contudo (e é essa a posi- fundamentado e prolatado dentro do prazo de vinte e quatro horas,
ção absolutamente prevalente), tem entendimento de que a Lei nº contados a partir do recebimento da representação ou do requeri-
7.960/89 é plenamente constitucional. mento;
C) O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do Ministério
Requisitos para se promover a prisão temporária. Cabe- Público e do advogado, determinar que o preso lhe seja apresenta-
rá prisão temporária, de acordo com o primeiro artigo, da Lei nº do, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial
7.960/89: e submetê-lo a exame de corpo de delito;
A) Quando esta for imprescindível para as investigações do D) Decretada a prisão temporária, se expedirá mandado de
inquérito policial (inciso I); prisão (em duas vias), uma das quais será entregue ao indiciado
B) Quando o indiciado não tiver residência fixa ou não for- e servirá como nota de culpa. Vale lembrar que a prisão somente
necer elementos necessários ao esclarecimento de sua atividade poderá ser executada depois de expedido o mandado judicial (aqui
(inciso II); reside a principal diferença em relação à “prisão para averigua-
C) Quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer ções”, extinta pela Lei nº 7.960/89, em que a autoridade policial
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do meramente recolhia o indivíduo ao claustro e se limitava a notifi-
indiciado nos crimes de homicídio doloso (art. 121, caput e seu car a autoridade judicial disso);

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
E) Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso Nuança acerca da prisão especial para quem, efetivamen-
dos direitos previstos no art. 5º, da Constituição Federal (vale lem- te, exerceu a função de jurado. O art. 295, X, do Código de Pro-
brar que os presos temporários deverão permanecer, obrigatoria- cesso Penal, prevê que os cidadãos que já tiverem exercido efetiva-
mente, separados dos demais detentos); mente a função de jurado terão direito à prisão especial.
F) Decorrido o prazo de prisão temporária, o indivíduo deverá Tal dispositivo guardava absoluta consonância com o art. 439,
ser imediatamente posto em liberdade, salvo se tiver havido a con- CPP, com redação dada pela Lei nº 11.689/08, segundo o qual o
versão da medida em prisão preventiva. exercício efetivo da função de jurado constituiria serviço público
relevante e asseguraria prisão especial.
Prisão especial. De acordo com o art. 295, do Código de Pro- No entanto, a Lei nº 12.403/11 (“Nova Lei de Prisões”) deu
cesso Penal, serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à dis- nova redação a este art. 439, para prever, apenas, que o exercício
posição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes efetivo da função de jurado constituirá serviço publico relevante e
de condenação definitiva: estabelecerá presunção de idoneidade moral. Há se observar, pois,
A) Os ministros de Estado (inciso I); que nada mais se fala acerca da função de jurado dar direito à pri-
B) Os Governadores ou Interventores de Estados ou Territó- são especial.
rios, o Prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os Por tal razão, apesar de ser tema recente na doutrina e na ju-
Prefeitos Municipais, os Vereadores e os chefes de Polícia (inciso risprudência, tem prevalecido o entendimento de que o art. 295, X,
II). Vale lembrar que este dispositivo tem redação dada pela Lei CPP, foi tacitamente revogado, e, atualmente, não mais é possível
nº 3.181/57, por isso a expressão “Prefeito do Distrito Federal”. a concessão ao direito de prisão especial àquele que efetivamente
Hoje esta expressão não mais se opera, haja vista possuir o Dis- exerceu a função de jurado.
trito Federal um Governador, e não um Prefeito;
C) Os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Medidas cautelares diversas da prisão. Antes do advento
Economia Nacional e das Assembleias Legislativas dos Estados da Lei nº 12.403/11, as únicas opções cabíveis na seara proces-
(inciso III); sual eram o aprisionamento cautelar do acusado ou a concessão
D) Os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito” (inciso IV); de liberdade provisória, em dois extremos antagonicamente opos-
E) Os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, tos que desconsideravam hipóteses em que nem a liberdade e nem
do Distrito Federal e dos Territórios (inciso V); o aprisionamento cautelar eram as medidas mais adequadas. Em
razão disso, após o advento da “Nova Lei de Prisões”, inúmeras
F) Os magistrados (inciso VI);
opções são conferidas no vácuo deixado entre o claustro e a liber-
G) Os diplomados por qualquer das faculdades superiores da
dade, opções estas conhecidas por “medidas cautelares diversas
República (inciso VII);
da prisão”.
H) Os ministros de confissão religiosa (inciso VIII);
I) Os ministros do Tribunal de Contas (inciso IX);
Medidas cautelares diversas da prisão em espécie. Elas
J) Os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função
estão no art. 319, do CPP, e são inovação trazida pela Lei nº
de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapaci- 12.403/2011 São elas:
dade para o exercício daquela função (inciso X); A) Comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condi-
K) Os Delegados de Polícia e os Guardas-Civis dos Estados e ções fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades (inciso
Territórios, ativos e inativos (inciso XI). I);
B) Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares
Conceito e finalidade da prisão especial. Não se pode consi- quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado
derar a prisão especial uma modalidade autônoma de prisão caute- ou acusado permanecer distante destes locais para evitar o risco de
lar, sendo, apenas, uma forma especial de cumprimento da prisão novas infrações (inciso II);
cautelar (ela somente é cabível, como se pode extrair da leitura da C) Proibição de manter contato com pessoa determinada
cabeça do art. 295, CPP, “antes da condenação definitiva”; depois quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, dela o indiciado
do decreto condenatório consumado, cessa esta “regalia” para o ou acusado deva permanecer distante (inciso III);
preso provisório). D) Proibição de ausentar-se da Comarca, quando a permanên-
Com efeito, a prisão especial consiste exclusivamente no re- cia seja conveniente ou necessária para a investigação/instrução
colhimento em local distinto da prisão comum. Não havendo es- (inciso IV);
tabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido E) Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de
em cela distinta do mesmo estabelecimento. folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho
Ademais, a cela especial poderá consistir em alojamento co- fixos (inciso V);
letivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela F) Suspensão do exercício de função pública ou de atividade
concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio
térmico adequados à existência humana. Ressalvada a previsão do de sua utilização para a prática de infrações penais (inciso VI);
quarto parágrafo, do art. 295, do Código de Processo Penal, que G) Internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes
prevê que o preso especial não será transportado juntamente com o praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos con-
preso comum, os demais direitos e deveres do preso especial serão cluírem ser inimputável ou semi-imputável e houver risco de rei-
os mesmos do preso comum. teração (inciso VII);
Por fim, não se deve confundir a prisão especial de que trata o H) Fiança, nas infrações penais que a admitem, para assegurar
art. 295, CPP, com a exigência de separação entre presos provisó- o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução de seu
rios e presos definitivos, de que tratam o art. 300, da Lei Adjetiva andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial
Penal, e o art. 84, caput, da Lei nº 7.210/84. (inciso VIII);

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
I) Monitoração eletrônica (inciso IX). Tal medida já havia sido A) Liberdade provisória obrigatória. O entendimento preva-
trazida para o âmbito da execução penal, pela Lei nº 12.258/10, e, lente na doutrina, atualmente, é o de que a liberdade provisória
agora, também o foi para o prisma processual. concedida ao acusado que “se livra solto” foi revogada pela Lei
nº 12.403/11, já que, após tal conjunto normativo, não mais é a
Possibilidade de cumulação de medidas cautelares diver- liberdade provisória mera medida de contracautela à imposição
sas da prisão e necessidade de fundamentação, sempre, da de prisão preventiva, podendo ser o caso atualmente, portanto, de
aplicação de medida cautelar, seja ou não diversa da prisão. liberdade provisória juntamente ou não com medida cautelar di-
O art. 310, II, CPP, fornece um “norte” para a aplicação de medi- versa da prisão. Mesmo porque, o art. 321, CPP, que previa esta
das cautelares diversas da prisão. De acordo com tal dispositivo, hipótese em que o acusado “se livrava solto” foi revogado, tendo
o juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá converter sido substituído por redação absolutamente diferente da anterior.
esta prisão em preventiva, se presentes os requisitos do art. 312, Assim, conforme entendimento doutrinário prevalente, a “liberda-
CPP, e se revelarem inadequadas as medidas cautelares diversas de provisória obrigatória” foi suprimida pelo advento da Lei nº
da prisão. 12.403/11;
Isso somente demonstra que, seguindo tendência iniciada na B) Liberdade provisória permitida. Se não for o caso da con-
execução penal, de aprisionamento corporal via pena privativa de versão da prisão em flagrante em preventiva por estarem presentes
liberdade somente quando estritamente necessário, também assim os requisitos de tal prisão processual (art. 310, II, CPP), ou, se não
passa a acontecer no ambiente processual, o que retira da prisão houver hipótese que enseje a determinação de prisão preventiva
preventiva grande poder de atuação ao se prevê-la, apenas, em úl- por si só (art. 321, CPP), ou se o juiz verificar que o indivíduo
timo caso. Assim, atualmente, primeiro o juiz verifica se é caso de praticou o fato em excludente de ilicitude/culpabilidade (art. 310,
liberdade provisória pura e simples; depois, se é caso de liberdade parágrafo único, CPP), é permitido à autoridade judicial a con-
provisória com medida cautelar diversa da prisão; depois, se é caso cessão de liberdade provisória, cumulada ou não com as medidas
de liberdade provisória mais a cumulação de medidas cautelares cautelares diversas da prisão;
diversas da prisão; e, apenas por último, se é caso de aprisiona- C) Liberdade provisória vedada. O entendimento prevalente
mento processual. da doutrina e da jurisprudência, mesmo antes da Lei nº 12.403/11,
Assim, toda e qualquer decisão exarada pela autoridade judi- é o de que a liberdade provisória não pode ser vedada, admita
cial quanto ao tema “prisões processuais” deve ser fundamentada. ou não o delito fiança, e, ainda, independentemente do que diz
Ao juiz compete decretar prisão preventiva fundamentadamente; o diploma legal. Isto ficou ainda mais clarividente com a “Nova
ao juiz compete conceder liberdade provisória fundamentada- Lei de Prisões”, de maneira que, atualmente, é possível liberdade
mente; ao juiz compete decretar medida cautelar diversa da prisão provisória com fiança, liberdade provisória sem fiança, liberdade
fundamentadamente; ao juiz compete converter a medida caute-
provisória com a cumulação de medida cautelar, liberdade provi-
lar diversa da prisão em outra medida cautelar diversa da prisão
sória sem a cumulação de medida cautelar, liberdade provisória
fundamentadamente; ao juiz compete converter a medida cautelar
mediante o cumprimento de obrigações, e liberdade provisória
diversa da prisão em prisão processual fundamentadamente.
sem o cumprimento de obrigações.
Neste diapasão, outra questão que merece ser analisada diz
respeito à possibilidade de cumulação de medidas cautelares di-
Recurso em sede de liberdade provisória. Consoante o art.
versas da prisão.
581, V, do Código de Processo Penal, a decisão que conceder li-
Ora, pode ser que, num determinado caso concreto, apenas
uma medida cautelar não surta efeito, e, ainda assim, não seja o berdade provisória desafia recurso em sentido estrito. Já a decisão
caso de se impor prisão processual ao acusado. Nesta hipótese, é que negar tal instituto é irrecorrível, podendo ser combatida pela
perfeitamente passível de se decretar mais de uma medida caute- via do habeas corpus, que não é recurso, mas meio autônomo de
lar diversa da prisão. É o caso da proibição de acesso a determi- impugnação.
nados lugares (art. 319, II) e a determinação de comparecimento
periódico em juízo (art. 319, I), como exemplo, ou da suspensão Fiança. A fiança é instituto que teve seu âmbito de aplicação
do exercício da função pública (art. 319, VI) e da proibição de reforçado e ampliado pela Lei nº 12.403/11, seja através de sua
ausentar-se da Comarca (art. 319, IV), como outro exemplo, ou da permissão para delitos que antes não a permitiam, seja através de
monitoração eletrônica (art. 319, IX) e da fiança (art. 319, VIII), sua existência como medida cautelar diversa da prisão, seja como
como último exemplo. Tudo depende, insiste-se, da necessidade da condicionante ou não da concessão de liberdade provisória.
medida, e da devida fundamentação feita pela autoridade policial.
Agente concessor de fiança. Em regra, a fiança é requerida à
Liberdade provisória, com ou sem fiança. Ausentes os re- autoridade judicial, que decidirá em quarenta e oito horas (art. 322,
quisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva ou de parágrafo único, do Código de Processo Penal).
medida(s) cautelar(es) diversa(s) da prisão, o juiz deverá conceder A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos ca-
ao acusado liberdade provisória. Trata-se de garantia assegurada sos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja
constitucionalmente, no art. 5º, LXVI, da Constituição Federal, se- superior a quatro anos (art. 322, caput, CPP).
gundo o qual ninguém será levado à prisão ou nela mantido quan-
do a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. Hipóteses que não admitem fiança. De acordo com os arts.
323 e 324, do Código de Processo Penal, não será concedida fian-
Espécies de liberdade provisória. São, tradicionalmente, ça:
três as espécies de liberdade provisória, a saber, a obrigatória, a A) Nos crimes de racismo (art. 323, inciso I). Segue-se, aqui,
permitida, e a vedada: o art. 5º, XLII, da Constituição Federal;

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
B) Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e dro- B) Reduzida até o máximo de dois terços (inciso II);
gas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos (art. C) Aumentada em até mil vezes (inciso III).
323, inciso II). Segue-se, aqui, o art. 5º, XLIII, da Constituição
Federal; Obrigações do afiançado e quebra da fiança. A concessão
C) Nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou mili- de liberdade provisória com fiança obriga o afiançado às seguintes
tares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. condições:
323, inciso III). Segue-se, aqui, o art. 5º, XLIV, da Constituição A) A fiança obrigará o afiançado a comparecer perante a au-
Federal; toridade todas as vezes que for intimado para atos do inquérito, da
D) Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança an- instrução criminal, e do julgamento (art. 327, CPP);
teriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer B) O afiançado não poderá mudar de residência sem prévia
das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 do Código de permissão da autoridade processante (art. 328, primeira parte,
Processo Penal (art. 324, inciso I); CPP);
E) Em caso de prisão civil ou militar (art. 324, inciso II); C) O afiançado não poderá ausentar-se por mais de oito dias
F) Quando presentes os motivos que autorizam a decretação de sua residência sem comunicar à autoridade processante onde
da prisão preventiva (art. 312) (art. 324, inciso III); possa ser encontrado (art. 328, segunda parte, CPP);
G) Art. 7º, da Lei nº 9.034/95 (“Lei das Organizações Crimi- D) O afiançado deverá comparecer, uma vez intimado, a todos
nosas”). Os agentes que tenham intensa e efetiva participação na os atos do processo, salvo justo motivo (art. 341, I, CPP);
organização criminosa não serão admitidos a prestar fiança; E) O afiançado não poderá obstar deliberadamente o anda-
H) Art. 3º, da Lei nº 9.613/98 (“Lei de Lavagem de Capitais”). mento processual (art. 341, II, CPP);
Tal dispositivo preceitua que os crimes previstos na “Lei de Lava- F) O afiançado não poderá descumprir medida cautelar cumu-
gem de Capitais” são insuscetíveis de fiança; lativamente imposta com a fiança (art. 341, III, CPP);
I) Art. 31, da Lei nº 7.492/86 (“Lei de Crimes contra o Sistema G) O afiançado não poderá resistir injustificadamente à ordem
Financeiro”). Tal dispositivo afirma que os crimes previstos nesta judicial (art. 341, IV, CPP);
lei, e apenados com reclusão, não serão passíveis de fiança se pre- H) O afiançado não poderá praticar nova infração penal dolo-
sentes os motivos ensejadores da prisão preventiva. sa (art. 341, V, CPP).
Descumprida qualquer destas condições, estará ocorrendo a
Valor da fiança. Para determinar o valor da fiança, a auto-
chamada quebra de fiança, consoante a cabeça do art. 341, CPP,
ridade terá em consideração a natureza da infração, as condições
que poderá importar a perda de metade de seu valor (que será re-
pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias
vertido em favor do fundo penitenciário após deduzidas as custas
indicativas de sua periculosidade, bem como a importância prová-
e demais encargos a que o acusado estiver obrigado, conforme
vel das custas do processo, até final julgamento (art. 326, CPP).
prevê o art. 346, CPP), a imposição de outras medidas cautelares
Neste diapasão, de acordo com o art. 325, da Lei Adjetiva Pe-
ou a decretação de prisão preventiva (se for o caso), bem como a
nal, o valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder
impossibilidade de nova prestação de fiança no mesmo processo.
nos seguintes limites:
A) De um a cem salários mínimos, quando se tratar de in- Da decisão que julga quebrada a fiança cabe recurso em senti-
fração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for do estrito (art. 581, VII, CPP).
superior a quatro anos (inciso I);
B) De dez a duzentos salários mínimos, quando o máximo da Perda da fiança. Se o acusado, condenado, não comparecer
pena privativa de liberdade cominada for superior a quatro anos para o início do cumprimento da pena privativa de liberdade defi-
(inciso II). nitivamente imposta, independentemente do regime, a fiança será
Vale lembrar que, de acordo com o art. 330, do Código de dada por perdida. Neste caso, consoante o art. 345, da Lei Adje-
Processo Penal, a fiança será sempre definitiva, e consistirá em de- tiva, o seu valor, deduzidas as custas e demais encargos a que o
pósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário.
dívida pública (federal, estadual ou municipal), ou em hipoteca Da decisão que julga perdida a fiança cabe recurso em sentido
inscrita em primeiro lugar. A avaliação de imóvel ou de pedras/ estrito (art. 581, VII, CPP).
objetos/metais preciosos será feita por perito nomeado pela auto-
ridade. Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida Cassação da fiança. A fiança a ser cassada, como regra, é
pública, o valor será determinado pela sua cotação em Bolsa. aquela concedida equivocadamente (ex.: foi concedida fiança ao
réu mesmo tendo ele praticado crime hediondo). Apenas o Poder
Dispensa/redução/aumento da fiança. Se assim recomendar Judiciário pode determinar a cassação, de ofício ou a requerimento
a situação econômica do preso, a fiança poderá ser (primeiro pará- da parte.
grafo, do art. 325, CPP): Ademais, caso haja inovação na tipificação delitiva, e o novo
A) Dispensada, na forma do art. 350 deste Código (inciso I). tipo vede fiança outrora concedida, também é caso de sua cassa-
Neste caso, o juiz analisa a capacidade econômica do acusado e, ção.
verificando ser esta baixa, concede-lhe a liberdade provisória e o Da decisão que julga cassada a fiança cabe recurso em sentido
sujeita às condições dos arts. 327 e 328, CPP. Vale lembrar que estrito (art. 581, V, CPP).
essa “prova de capacidade econômica” pode ser feita de qualquer
maneira, e, uma vez demonstrada, prevalece não ser mera discri- Reforço da fiança. Trata-se de um implemento à fiança outro-
cionariedade do magistrado concedê-la, mas sim direito subjetivo ra prestada, seja porque o foi de maneira insuficiente, seja porque
do beneficiário; ocorreu nova tipificação do delito fazendo-se mister a elevação de

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
seu valor, seja porque ocorreu o perecimento de bens hipotecados, § 1o  As medidas cautelares previstas neste Título não
seja porque ocorreu a depreciação de pedras/metais/objetos pre- se aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa ou
ciosos. Se tal reforço não for realizado, a fiança será julgada sem alternativamente cominada pena privativa de liberdade. (Incluído
efeito. pela Lei nº 12.403, de 2011).
Da decisão que julga sem efeito a fiança cabe recurso em sen- § 2o  A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer
tido estrito (art. 581, V, CPP). hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do
domicílio. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Em seguida, se faz necessária a leitura atenta dos dispositivos
contidos no Código de Processo Penal referente aos artigos que Art. 284.   Não será permitido o emprego de força, salvo a
serão objeto de questionamento no presente concurso: indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do
preso.
TÍTULO IX
DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA LI- Art. 285.  A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o
BERDADE PROVISÓRIA respectivo mandado.
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Parágrafo único.  O mandado de prisão:
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade;
Art. 282.  As medidas cautelares previstas neste Título deverão b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome,
ser aplicadas observando-se a: (Redação dada pela Lei nº 12.403, alcunha ou sinais característicos;
de 2011). c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investiga- d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável
ção ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, a infração;
para evitar a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execu-
12.403, de 2011). ção.
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstân-
cias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado. (Incluí-
Art. 286.  O mandado será passado em duplicata, e o executor
do pela Lei nº 12.403, de 2011).
entregará ao preso, logo depois da prisão, um dos exemplares com
§ 1o  As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou
declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega deverá o
cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou
§ 2o  As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz,
não puder escrever, o fato será mencionado em declaração, assi-
de ofício ou a requerimento das partes ou, quando no curso da
nada por duas testemunhas.
investigação criminal, por representação da autoridade policial ou
mediante requerimento do Ministério Público. (Incluído pela Lei
Art. 287.  Se a infração for inafiançável, a falta de exibição
nº 12.403, de 2011).
do mandado não obstará à prisão, e o preso, em tal caso, será
§ 3o  Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de
ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado.
cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada
de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo Art. 288.   Ninguém será recolhido à prisão, sem que seja
os autos em juízo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). exibido o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, a quem
§ 4o  No caso de descumprimento de qualquer das obrigações será entregue cópia assinada pelo executor ou apresentada a guia
impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério expedida pela autoridade competente, devendo ser passado recibo
Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a da entrega do preso, com declaração de dia e hora.
medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar Parágrafo único.  O recibo poderá ser passado no próprio
a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). (Incluído pela Lei exemplar do mandado, se este for o documento exibido.
nº 12.403, de 2011).
§ 5o  O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la Art. 289.  Quando o acusado estiver no território nacional,
quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como fora da jurisdição do juiz processante, será deprecada a sua prisão,
voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (In- devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado. (Reda-
cluído pela Lei nº 12.403, de 2011). ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 6o  A prisão preventiva será determinada quando não for § 1o  Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por
cabível a sua substituição por outra medida cautelar (art. 319). (In- qualquer meio de comunicação, do qual deverá constar o motivo
cluído pela Lei nº 12.403, de 2011). da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada. (Incluído pela
Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 283.  Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito § 2o  A autoridade a quem se fizer a requisição tomará
ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária as precauções necessárias para averiguar a autenticidade da
competente, em decorrência de sentença condenatória transitada comunicação. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em § 3o  O juiz processante deverá providenciar a remoção do
virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. (Redação dada preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da efetivação
pela Lei nº 12.403, de 2011). da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 289-A.  O juiz competente providenciará o imediato Art. 293.  Se o executor do mandado verificar, com segurança,
registro do mandado de prisão em banco de dados mantido pelo que o réu entrou ou se encontra em alguma casa, o morador será
Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. (Incluído pela intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for
Lei nº 12.403, de 2011). obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas
§ 1o  Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se
determinada no mandado de prisão registrado no Conselho preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador,
Nacional de Justiça, ainda que fora da competência territorial do se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa
juiz que o expediu. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e
efetuará a prisão.
§ 2o  Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
Parágrafo único.  O morador que se recusar a entregar o réu
decretada, ainda que sem registro no Conselho Nacional de Justiça, oculto em sua casa será levado à presença da autoridade, para que
adotando as precauções necessárias para averiguar a autenticidade se proceda contra ele como for de direito.
do mandado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo
este providenciar, em seguida, o registro do mandado na forma Art. 294.   No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o
do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). disposto no artigo anterior, no que for aplicável.
§ 3o  A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do
local de cumprimento da medida o qual providenciará a certidão Art. 295.  Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial,
extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e informará à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão
ao juízo que a decretou. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). antes de condenação definitiva:
§ 4o  O preso será informado de seus direitos, nos termos do I - os ministros de Estado;
inciso LXIII do art. 5o da Constituição Federal e, caso o autuado não II - os governadores ou interventores de Estados ou Territó-
informe o nome de seu advogado, será comunicado à Defensoria rios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários,
os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia;
Pública. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
III  -  os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de
§ 5o  Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a
Economia Nacional e das Assembleias Legislativas dos Estados;
legitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade do preso, IV - os cidadãos inscritos no «Livro de Mérito»;
aplica-se o disposto no § 2o  do art. 290 deste Código.  (Incluído V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados,
pela Lei nº 12.403, de 2011). do Distrito Federal e dos Territórios;
§ 6o  O Conselho Nacional de Justiça regulamentará o registro VI - os magistrados;
do mandado de prisão a que se refere o caput deste artigo. (Incluí- VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores
do pela Lei nº 12.403, de 2011). da República;
VIII - os ministros de confissão religiosa;
Art. 290.  Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de IX - os ministros do Tribunal de Contas;
outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a pri- X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função
são no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapa-
autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de cidade para o exercício daquela função;
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e
flagrante, providenciará para a remoção do preso.
Territórios, ativos e inativos. 
§  1o  -  Entender-se-á que o executor vai em perseguição do
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras
réu, quando: leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, em- prisão comum. 
bora depois o tenha perdido de vista; § 2o  Não havendo estabelecimento específico para o
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo
tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar estabelecimento.
em que o procure, for no seu encalço. § 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo,
§  2o   Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela
para duvidar da legitimidade da pessoa do executor ou da concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento
legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o térmico adequados à existência humana.
réu, até que fique esclarecida a dúvida. § 4o O preso especial não será transportado juntamente com o
preso comum. 
Art. 291.  A prisão em virtude de mandado entender-se-á feita § 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os
mesmos do preso comum. 
desde que o executor, fazendo-se conhecer do réu, Ihe apresente o
mandado e o intime a acompanhá-lo. Art. 296.  Os inferiores e praças de pré, onde for possível, se-
rão recolhidos à prisão, em estabelecimentos militares, de acordo
Art. 292.  Se houver, ainda que por parte de terceiros, com os respectivos regulamentos.
resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade
competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão Art. 297.  Para o cumprimento de mandado expedido pela
usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a re- autoridade judiciária, a autoridade policial poderá expedir tantos
sistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas outros quantos necessários às diligências, devendo neles ser
testemunhas. fielmente reproduzido o teor do mandado original.

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 298 - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 306.  A prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente,
Art. 299.  A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele
judicial, por qualquer meio de comunicação, tomadas pela auto- indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
ridade, a quem se fizer a requisição, as precauções necessárias § 1o  Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da
para averiguar a autenticidade desta. (Redação dada pela Lei nº prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em
12.403, de 2011). flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado,
cópia integral para a Defensoria Pública.  (Redação dada pela Lei
Art. 300.  As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas nº 12.403, de 2011).
das que já estiverem definitivamente condenadas, nos termos da lei § 2o  No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante
de execução penal. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da
Parágrafo único.  O militar preso em flagrante delito, após prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada
a lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da pela Lei nº 12.403, de 2011).
instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das         
Art. 307.   Quando o fato for praticado em presença da
autoridades competentes. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
autoridade, ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão
do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações
CAPÍTULO II que fizer o preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo
DA PRISÃO EM FLAGRANTE assinado pela autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido
        imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato
Art. 301.  Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o auto.
e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em        
flagrante delito. Art. 308.  Não havendo autoridade no lugar em que se tiver
        efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais
Art. 302.  Considera-se em flagrante delito quem: próximo.
I - está cometendo a infração penal;        
II - acaba de cometê-la; Art. 309.  Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor         
da infração; Art. 310.  Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, ob- deverá fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 12.403,
jetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. de 2011).
        I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403,
Art. 303.  Nas infrações permanentes, entende-se o agente em de 2011).
flagrante delito enquanto não cessar a permanência. II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando
         presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ou- revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares di-
virá esta o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, en- versas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
tregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (In-
seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem cluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, Parágrafo único.  Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em
flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes
colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando,
dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7
a autoridade, afinal, o auto. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de
de dezembro de 1940 - Código Penal, poderá, fundamentadamen-
2005) te, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
§  1o  Resultando das respostas fundada a suspeita contra o comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revoga-
conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no ção. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos
do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for, CAPÍTULO III
enviará os autos à autoridade que o seja. DA PRISÃO PREVENTIVA
§ 2o  A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto
de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão Art. 311.  Em qualquer fase da investigação policial ou do
assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de
apresentação do preso à autoridade. ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério
§ 3o  Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da
não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença
deste. (Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005) Art. 312.  A prisão preventiva poderá ser decretada como
        garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
Art. 305.  Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal,
pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de
o compromisso legal. autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Parágrafo único.  A prisão preventiva também poderá ser IV - gestante a partir do 7o (sétimo) mês de gravidez ou sendo
decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações esta de alto risco. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § Parágrafo único.  Para a substituição, o juiz exigirá prova
4o). (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. (Incluído pela Lei
nº 12.403, de 2011).
Art. 313.  Nos termos do art. 312 deste Código, será admiti-
da a decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº CAPÍTULO V
12.403, de 2011). DAS OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberda- (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
de máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011). Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão: (Reda-
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sen- ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
tença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condi-
do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de ções fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; (Re-
1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar con- II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares
tra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco
urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). de novas infrações; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). III - proibição de manter contato com pessoa determinada
Parágrafo único.  Também será admitida a prisão preven- quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado
tiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou ou acusado dela permanecer distante; (Redação dada pela Lei nº
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, 12.403, de 2011).
devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a perma-
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção nência seja conveniente ou necessária para a investigação ou ins-
da medida. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). trução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de
Art. 314.  A prisão preventiva em nenhum caso será decretada
folga quando o investigado ou acusado tenha residência e traba-
se o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente
lho fixos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
praticado o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade
do caput do art. 23 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio
1940 - Código Penal. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
de sua utilização para a prática de infrações penais; (Incluído
pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 315.  A decisão que decretar, substituir ou denegar a pri-
são preventiva será sempre motivada. (Redação dada pela Lei nº VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de cri-
12.403, de 2011). mes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos
concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código
Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no cor- Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403,
rer do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem de 2011).
como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar
o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu
CAPÍTULO IV andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judi-
DA PRISÃO DOMICILIAR cial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011).
Art. 317.  A prisão domiciliar consiste no recolhimento do § 1o  (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar- § 2o  (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
se com autorização judicial.  (Redação dada pela Lei nº 12.403, § 3o  (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
de 2011). § 4o  A fiança será aplicada de acordo com as disposições
do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras
Art. 318.  Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
domiciliar quando o agente for: (Redação dada pela Lei nº 12.403,
de 2011). Art. 320.  A proibição de ausentar-se do País será comunicada
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do
de 2011). território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; (In- entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. (Re-
cluído pela Lei nº 12.403, de 2011). dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor
de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
CAPÍTULO VI § 1o  Se assim recomendar a situação econômica do preso, a
DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA fiança poderá ser: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código; (Redação
Art. 321.  Ausentes os requisitos que autorizam a decretação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou (Redação
impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. (Incluído pela Lei
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). nº 12.403, de 2011).
I - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2o  (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). I -  (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 322.  A autoridade policial somente poderá conceder III -  (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Art. 326.  Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá
Lei nº 12.403, de 2011). em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de
Parágrafo único.  Nos demais casos, a fiança será requerida fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas
ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada de sua periculosidade, bem como a importância provável das
pela Lei nº 12.403, de 2011). custas do processo, até final julgamento.

Art. 323.  Não será concedida fiança: (Redação dada pela Lei Art. 327.  A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a
nº 12.403, de 2011). comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado
I - nos crimes de racismo; (Redação dada pela Lei nº 12.403, para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento.
de 2011). Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada.
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hedion- Art. 328.   O réu afiançado não poderá, sob pena de
dos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou mili- da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias
tares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; (Re- de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde
será encontrado.
dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 329.  Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá
V - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
um livro especial, com termos de abertura e de encerramento,
numerado e rubricado em todas as suas folhas pela autoridade,
Art. 324.  Não será, igualmente, concedida fiança: (Redação
destinado especialmente aos termos de fiança. O termo será lavrado
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
pelo escrivão e assinado pela autoridade e por quem prestar a
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança ante-
fiança, e dele extrair-se-á certidão para juntar-se aos autos.
riormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das Parágrafo único.  O réu e quem prestar a fiança serão pelo es-
obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; (Re- crivão notificados das obrigações e da sanção previstas nos arts.
dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 327 e 328, o que constará dos autos.
II - em caso de prisão civil ou militar; (Redação dada pela Lei
nº 12.403, de 2011). Art. 330.  A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em
III - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca
da prisão preventiva (art. 312). (Redação dada pela Lei nº 12.403, inscrita em primeiro lugar.
de 2011). § 1o  A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais
preciosos será feita imediatamente por perito nomeado pela au-
Art. 325.  O valor da fiança será fixado pela autoridade que a toridade.
conceder nos seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 12.403, § 2o  Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida
de 2011). pública, o valor será determinado pela sua cotação em Bolsa, e, sendo
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
c) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 331.   O valor em que consistir a fiança será recolhido
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar à repartição arrecadadora federal ou estadual, ou entregue
de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, ao depositário público, juntando-se aos autos os respectivos
não for superior a 4 (quatro) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, conhecimentos.
de 2011). Parágrafo único.   Nos lugares em que o depósito não se
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o puder fazer de pronto, o valor será entregue ao escrivão ou pessoa
máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 abonada, a critério da autoridade, e dentro de três dias dar-se-á ao
(quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). valor o destino que Ihe assina este artigo, o que tudo constará do
termo de fiança.

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 332.   Em caso de prisão em flagrante, será competente III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente
para conceder a fiança a autoridade que presidir ao respectivo com a fiança; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
auto, e, em caso de prisão por mandado, o juiz que o houver ex- IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;  (Incluído
pedido, ou a autoridade judiciária ou policial a quem tiver sido pela Lei nº 12.403, de 2011).
requisitada a prisão. V - praticar nova infração penal dolosa. (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).
Art. 333.   Depois de prestada a fiança, que será concedida
independentemente de audiência do Ministério Público, este terá     Art. 342.  Se vier a ser reformado o julgamento em que se
vista do processo a fim de requerer o que julgar conveniente. declarou quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos

Art. 334.  A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar Art. 343.  O quebramento injustificado da fiança importará
em julgado a sentença condenatória.  (Redação dada pela Lei nº na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre
12.403, de 2011). a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a
decretação da prisão preventiva. (Redação dada pela Lei nº
Art. 335.  Recusando ou retardando a autoridade policial a 12.403, de 2011).
concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la,
mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá Art. 344.  Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da
em 48 (quarenta e oito) horas.(Redação dada pela Lei nº 12.403, fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início
de 2011). do cumprimento da pena definitivamente imposta. (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 336.  O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão
ao pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação Art. 345.  No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas
pecuniária e da multa, se o réu for condenado. (Redação dada pela as custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, será
Lei nº 12.403, de 2011). recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. (Redação dada
Parágrafo único.  Este dispositivo terá aplicação ainda no pela Lei nº 12.403, de 2011).
caso da prescrição depois da sentença condenatória (art. 110 do
Código Penal). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 346.  No caso de quebramento de fiança, feitas as
deduções previstas no art. 345 deste Código, o valor restante será
Art. 337.  Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. (Redação dada
julgado sentença que houver absolvido o acusado ou declarada pela Lei nº 12.403, de 2011).
extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será
restituído sem desconto, salvo o disposto no parágrafo único do Art. 347.  Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o saldo será
art. 336 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). entregue a quem houver prestado a fiança, depois de deduzidos os
encargos a que o réu estiver obrigado.
Art. 338.  A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie
será cassada em qualquer fase do processo. Art. 348.  Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por
meio de hipoteca, a execução será promovida no juízo cível pelo
Art. 339.  Será também cassada a fiança quando reconhecida órgão do Ministério Público.
a existência de delito inafiançável, no caso de inovação na
classificação do delito. Art. 349.  Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais
preciosos, o juiz determinará a venda por leiloeiro ou corretor.
Art. 340.  Será exigido o reforço da fiança:
I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficien- Art. 350.  Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando
te; a situação econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade
II - quando houver depreciação material ou perecimento dos provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e
bens hipotecados ou caucionados, ou depreciação dos metais ou 328 deste Código e a outras medidas cautelares, se for o caso. (Re-
pedras preciosas; dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - quando for inovada a classificação do delito. Parágrafo único.  Se o beneficiado descumprir, sem motivo
Parágrafo único.  A fiança ficará sem efeito e o réu será re- justo, qualquer das obrigações ou medidas impostas, aplicar-se-á o
colhido à prisão, quando, na conformidade deste artigo, não for disposto no § 4o do art. 282 deste Código. (Redação dada pela Lei
reforçada. nº 12.403, de 2011).

Art. 341.  Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: (Re- LEI Nº 7.960, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1989.
dação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de Dispõe sobre prisão temporária.
comparecer, sem motivo justo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de
2011). O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
do processo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Art. 1° Caberá prisão temporária: Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de 1965,
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação:
policial; “Art. 4° ...............................................................
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não for- i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de
necer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer de cumprir imediatamente ordem de liberdade;”
prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do
indiciado nos seguintes crimes: Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder Judiciário e
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão tem-
e 2°); porária.
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°,
2° e 3°); Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223,
caput, e parágrafo único); EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combina-
ção com o art. 223, caput, e parágrafo único); 1. (ANALISTA JUDICIÁRIO - CNJ - 2013 - CESPE) A
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 respeito do disposto na Constituição Federal de 1988 (CF) e no
caput, e parágrafo único); Código de Processo Penal, julgue o próximo item:
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); Em que pese a previsão constitucional de publicidade dos atos
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia processuais, isso não ocorre no inquérito policial que, por ser pro-
ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado cedimento administrativo informativo, é acobertado pelo sigilo.
com art. 285); a) CERTO
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; b) ERRADO
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outu-
2. (AGENTE DE POLÍCIA - PC/RN - 2009 - CESPE)
bro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;
Acerca das características do inquérito policial, assinale a op-
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro
ção incorreta:
de 1976);
(A) o inquérito policial constitui procedimento administrativo
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de
informativo, que busca indícios de autoria e materialidade do
junho de 1986).
crime.
(B) os agentes de polícia devem preservar durante o inquérito
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
da representação da autoridade policial ou de requerimento do Mi- sociedade.
nistério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por (C) o membro do MP pode dispensar o inquérito policial
igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. quando tiver elementos suficientes para promover a ação penal.
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o (D) a autoridade policial pode arquivar inquérito que foi
Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. instaurado para apurar a prática de crime, quando não há indícios
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser de autoria.
fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) (E) o inquérito policial é inquisitivo, na medida em que a
horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do autoridade policial preside o inquérito e pode indeferir diligência
requerimento. requerida pelo indiciado.
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério
Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresenta- 3. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA - PC/ES - 2013 - FUNCAB)
do, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial O inquérito policial poderá ser iniciado por:
e submetê-lo a exame de corpo de delito. I. Auto de prisão em flagrante.
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de II. Auto de resistência.
prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e III. Representação do ofendido ou seu representante legal.
servirá como nota de culpa. IV. Requerimento do ofendido ou seu representante legal.
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da expedi- Assinale a opção que contempla as assertivas corretas:
ção de mandado judicial. (A) I, II, III e IV.
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso (B) I, II e III, apenas.
dos direitos previstos no art. 5° da Constituição Federal. (C) I e II, apenas.
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso (D) II e III, apenas.
deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido (E) III e IV, apenas.
decretada sua prisão preventiva.
4. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA - PC/ES - 2013 - FUNCAB)
Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obrigato- Consoante os ditames do Código de Processo Penal, a autoridade
riamente, separados dos demais detentos. policial deverá:

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
(A) Arquivar o inquérito policial, quando restar provada a ine- todas as circunstâncias; a individualização do indiciado ou seus
xistência de crime ao final das investigações. sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção
(B) Representar pela liberdade provisória, quando não esti- de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade
verem presentes os requisitos da prisão processual de natureza de o fazer; a nomeação das testemunhas, com indicação de sua
cautelar. profissão e residência.
(C) Conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa
de liberdade máxima não seja superior a 5 (cinco) anos. A) Verdadeiro
(D) Representar acerca da prisão preventiva. B) Falso
(E) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, an-
tes de liberados pelos peritos criminais. 9. (MPE/SC - Promotor de Justiça Manhã - MPESC/2013)
Analise o enunciado abaixo e assinale “verdadeiro” ou “falso”.
5. (TJ/SC – Juiz – TJSC/2013) De acordo com as proposi-
ções abaixo, assinale a alternativa correta: O prazo para conclusão do inquérito policial será de 10 (dez)
I. A sentença absolutória que decidir que o fato imputado não dias quando o indiciado estiver preso preventivamente, contados
constitui crime impede a propositura da ação cível. a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; enquanto
II. A existência de dois inquéritos policiais versando sobre o o inquérito policial militar deverá terminar dentro em 20 (vinte)
mesmo fato criminoso e tendo o mesmo indiciado não enseja litis- dias, se o indiciado estiver preso, contados esse prazo a partir do
pendência. dia em que se executar a ordem de prisão.
III. Se o acusado, citado por edital ou por hora certa, não com-
parecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e A) Verdadeiro
o curso do prazo prescrição, podendo o juiz determinar a produ- B) Falso
ção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312 do 10. (TJ/RS - Analista Judiciário - FAURGS/2012) Sobre o
CPP. inquérito policial, considere as afirmações abaixo.
IV. Denomina-se de juízo de prelibação a análise prévia sobre I - Se o crime for de ação penal privada, a instauração do in-
a admissibilidade de um recurso. quérito policial suspende o prazo para o oferecimento da queixa.
A) Somente as proposições I e II estão corretas. II - Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é
B) Somente as proposições II e III estão corretas. direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
C) Somente as proposições II e IV estão corretas. aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
D) Somente as proposições III e IV estão corretas. investigatório realizado por órgão com competência de polícia ju-
E) Todas as proposições estão corretas. diciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
III - Nas comarcas em que houver mais de uma circunscri-
6. (MPE/SC - Promotor de Justiça Manhã - MPESC/2013) ção policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos
Analise o enunciado abaixo e assinale “verdadeiro” ou “falso”. inquéritos que conduza, ordenar diligências em circunscrição de
outra, independentemente de precatórias ou requisições.
O juiz excepcionalmente, por decisão fundamentada, poderá IV - O arquivamento do inquérito pela insuficiência de mate-
realizar o interrogatório do réu que não estiver preso por sistema rial probatório disponível no que se refere à comprovação da au-
de videconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão toria e materialidade do crime pode ser ordenado pela autoridade
de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja neces- judiciária ou policial; nesse caso, a polícia judiciária, se de outras
sária para responder à gravíssima questão de ordem pública. provas tiver conhecimento, poderá proceder a reabertura das in-
vestigações.
A) Verdadeiro
B) Falso Estão corretas?
A) Apenas I e II.
7. (MPE/SC - Promotor de Justiça Manhã - MPESC/2013) B) Apenas II e III.
Analise o enunciado abaixo e assinale “verdadeiro” ou “falso”. C) Apenas II e IV.
D) Apenas III e IV.
A queixa crime poderá ser dada por procurador com poderes E) Apenas IV e V.
especiais, devendo constar do instrumento do mandato, sempre, o
nome do querelante e a menção do fato criminoso. 11. (PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE/SP - 2011 - MPE/
SP) No tocante à reparação dos danos causados pela infração pe-
A) Verdadeiro nal, analise os seguintes itens:
B) Falso I. Intentada a ação penal, o juiz deverá suspender o curso da
ação civil para ressarcimento do dano decorrente da infração penal
8. (MPE/SC - Promotor de Justiça Manhã - MPESC/2013) até o julgamento definitivo daquela.
Analise o enunciado abaixo e assinale “verdadeiro” ou “falso”. II. A execução da sentença penal condenatória transitada
em julgado pelo valor mínimo fixado para reparação dos danos
O requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para causados pela infração impede a liquidação para apuração do dano
representá-lo conterá, obrigatoriamente, a narração do fato, com efetivamente sofrido pelo ofendido.

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
III. Tratando-se de crime de ação penal pública condicionada 14. (PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE/SP - 2005 - MPE/
à representação, caracterizada a hipótese de infração penal de SP) Os princípios da ação penal pública são:
menor potencial ofensivo, o acordo relativo à composição dos (A)  obrigatoriedade, indisponibilidade, oficialidade,
danos civis homologado pelo Juiz acarreta a renúncia ao direito indivisibilidade e intranscendência.
de representação. (B)  obrigatoriedade, disponibilidade, oficialidade,
IV. A não reparação do dano sem motivo justificado é causa indivisibilidade e intranscendência.
de revogação facultativa da suspensão condicional do processo (C)  oportunidade, disponibilidade, oficialidade,
prevista na Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais). indivisibilidade e transcendência.
V.  Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, (D) oportunidade, disponibilidade, iniciativa da parte,
a prévia composição do dano ambiental, salvo comprovada indivisibilidade e transcendência.
impossibilidade, é condição para a proposta de transação penal (E) oportunidade, indisponibilidade, iniciativa da parte,
prevista no art. 76 da Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais individualidade e intranscendência.
Criminais).
Está correto apenas o que se afirma em: 15. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TJ/PE - 2012 - FCC) A
(A) I e II. respeito da titularidade da ação penal pública e da ação penal pri-
(B) I e III. vada, é incorreto afirmar que:
(C) II e IV. (A) a ação penal privada não pode ser proposta pelo Ministé-
(D) III e V. rio Público, mesmo se houver requisição do Ministro da Justiça.
(E) IV e V. (B) a ação penal privada não pode ser proposta pelo Minis-
tério Público, mesmo se houver representação do ofendido ou de
12. (PROCURADOR DE ESTADO - PGE/RR - 2006 - quem tenha qualidade para representá-lo.
FCC) Sobre ação penal, é incorreto afirmar: (C) o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação, no caso
(A) tanto na ação penal pública condicionada à representação de morte do ofendido, passará ao cônjuge, ascendente, descenden-
do ofendido quanto na condicionada à requisição do Ministro da te ou irmão.
Justiça, admite-se a retratação até o recebimento da denúncia. (D) a ação penal pública pode ser ajuizada por qualquer do
(B) a renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a povo, no caso de inércia do Ministério Público, e nesse caso, de-
um dos autores do crime, a todos se estenderá, conforme disposi- nomina-se ação penal popular.
ção expressa do Código de Processo Penal. (E) o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação, caso
(C) nos casos em que somente se procede mediante queixa, o ofendido seja declarado ausente por decisão judicial, passará ao
considerar-se-á perempta a ação penal quando o querelante deixar cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
de formular o pedido de condenação em alegações finais.
(D) em caso de ação penal privada subsidiária da pública, o 16. (DELEGADO DE POLÍCIA - PC/MG - 2011 - FU-
Ministério Público poderá oferecer denúncia substitutiva. MARC) Sobre a prisão preventiva é correto afirmar:
(E) segundo o Código de Processo Penal, em regra, o ofendido (A) poderá ser decretada de ofício pelo juiz na fase do inqué-
decairá do direito de queixa, se não o exercer dentro do prazo de rito policial.
6 (seis) meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor (B) poderá ser decretada em crime doloso, quando se tratar de
do crime. reincidente, independente da pena cominada ao delito.
(C) nos casos de violência doméstica poderá ser decretada in-
13. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRE/PA - 2005 - CESPE) dependentemente da imposição anterior de medida protetiva.
Acerca da classificação da ação penal, assinale a opção correta: (D) quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa
(A) a ação penal, sendo pública condicionada à representação, poderá se decretada e mantida mesmo após superada a dúvida.
inicia-se mediante o oferecimento de queixa por parte do ofendido
ou de seu representante legal. 17. (ANALISTA JUDICIÁRIO - TRF/1ª REGIÃO - 2011 -
(B) a ação penal pública incondicionada é promovida pelo FCC) A prisão temporária:
Ministério Público por meio de denúncia, que deve ser oferecida (A) não possibilita a liberação do agente pela autoridade
no prazo decadencial de 6 meses, contados do dia em que ocorreu policial sem alvará de soltura expedido pelo juiz que a decretou,
a infração penal. ainda que tenha terminado o prazo de sua duração.
(C) a ação penal é pública quando a lei expressamente a (B) pode ser decretada pelo juiz de ofício, independentemente
declara de titularidade do Estado, o que equivale a dizer que, no de representação da autoridade policial.
silêncio da lei a respeito da ação penal, ela será exclusivamente (C) só pode ser decretada no curso da ação penal, se houver
privada. prova da materialidade do delito e indícios veementes da autoria.
(D) quando o crime é de ação penal privada subsidiária da (D)  é uma modalidade de prisão cautelar, cuja finalidade é
pública, o Código Penal ou lei especial, após descrever o delito, assegurar uma eficaz investigação policial, quando se tratar da
faz referência à titularidade do ofendido, empregando a expressão apuração de infração penal de natureza grave.
“somente se procede mediante representação”. (E) pode ser prorrogada tantas vezes quantas forem necessá-
(E) a ação penal pública, seja ela condicionada ou rias, desde que seja imprescindível para a investigação do delito.
incondicionada, é promovida pelo Ministério Público por meio de
denúncia, que constitui sua peça inicial.

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
18. (DEFENSOR PÚBLICO - DPE/RR - 2013 - CESPE) 21. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA - PC/ES - 2013 - FUNCAB)
No que concerne às prisões e à liberdade provisória, assinale a Nos termos do art. 313 do Código Processual Penal, será admitida
opção correta: a decretação da prisão preventiva:
(A) A fiança tem por finalidade primordial assegurar a liber- I. Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberda-
dade provisória do acusado ou réu, admitindo-se sua concessão de máxima superior a 5 (cinco) anos.
pela autoridade policial, desde que a pena máxima privativa de II. Se o crime envolver violência doméstica e familiar con-
liberdade prevista para a infração não seja superior a quatro anos; tra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com
a autoridade policial deve levar em consideração, para o cálculo do deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
máximo em abstrato da pena, o concurso de crimes, e as causas de urgência.
diminuição de pena. III. Quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa
(B) Impõe-se a decretação da prisão preventiva dos indivíduos ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-
que pratiquem crimes considerados inafiançáveis ou delitos para -la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade
os quais, de acordo com o CPP, não seja possível a concessão da após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manu-
fiança, o que, por si só, obsta a liberdade provisória. tenção da medida.
(C) De acordo com o CPP, caso o magistrado verifique não IV. Nos crimes culposos punidos com pena superior a 8 (oito)
mais subsistirem os elementos que tenham ensejado a decretação anos.
de prisão preventiva ou temporária, deverá ser decretada a liber- Assinale a opção que contempla apenas as assertivas verda-
dade provisória do réu, com ou sem fiança, e, nesse último caso, deiras:
mediante condições a serem estabelecidas pelo juízo. (A) I e II.
(D) Ao se decretar prisão preventiva, de acordo com preceito (B) II e III.
expresso no CPP, em qualquer de suas modalidades, deve-se ob- (C) III e IV.
servar sempre, para os crimes dolosos, o limite da pena privativa (D) I e III.
de liberdade máxima superior a quatro anos. (E) II e IV.
(E) A prisão preventiva, de acordo com o estabelecido no CPP,
é considerada medida cautelar, razão pela qual se submete ao con- 22. (VUNESP - 2013 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil) É
trole prévio do contraditório e ampla defesa, ressalvados os casos medida cautelar diversa da prisão, expressamente prevista no art.
de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, tendo o magis- 319 do CPP, a
trado o dever de intimar a parte contrária do pedido de custódia, ao (A) imediata reparação dos prejuízos sofridos pela vítima.
qual deve ser anexada cópia do requerimento e das peças necessá- (B) multa.
rias; nesse caso, os autos permanecem em juízo, aguardando mani- (C) monitoração eletrônica.
festação, o que resulta em óbice à decretação da prisão preventiva, (D) prestação de serviços à comunidade.
de ofício, em qualquer fase da persecução penal. (E) imediata reparação dos prejuízos sofridos pelo erário.

19. (JUIZ - TJ/PE - 2013 - FCC) No tocante à prisão no 23. (PM/DF - Soldado da Polícia Militar Combatente - FU-
curso do processo e medidas cautelares: NIVERSA/2013) De acordo com o Código de Processo Penal,
(A) Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado praticar ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem
nova infração penal, ainda que culposa. escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em
(B) Se assim recomendar a situação econômica do preso, a decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no
fiança poderá ser aumentada, pelo juiz, até, no máximo, o décuplo. curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão tem-
(C) A proibição de ausentar-se do país será comunicada pelo porária ou prisão preventiva. Com relação à prisão em flagrante,
juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do territó- assinale a alternativa correta.
rio nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o A) Poderá o preso pleitear ao juiz sua liberdade provisória,
passaporte, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. havendo ilegalidade no auto de prisão em flagrante.
(D) O juiz poderá substituir a prisão preventiva pela domici- B) Independentemente da lavratura do auto de prisão em fla-
liar quando o agente for maior de 75 (setenta e cinco) anos. grante, se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade.
(E) A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos C) Considera-se em flagrante delito o indivíduo que é per-
casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja seguido, logo após cometer infração penal, pela autoridade, pelo
superior a 4 (quatro) anos. ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir
ser autor da infração.
20. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA - PC/ES - 2013 - FUNCAB) D) O auto de prisão em flagrante será assinado por uma tes-
O Juiz poderá substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando temunha que tenha ouvido a leitura na presença do condutor e do
o agente for: acusado quando este se recusar a assinar, não souber ou não puder
(A) Maior de 70 anos. fazê-lo.
(B) Debilitado por doença infectocontagiosa. E) Somente a autoridade policial e seus agentes poderão pren-
(C) Imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de der alguém em flagrante delito.
8 (oito) anos de idade ou com deficiência.
(D) Gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo 24. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - FUNCAB/2010)
esta de alto risco. São espécies de prisão provisória a prisão em flagrante e a prisão
(E) Inimputável. preventiva. Sobre o tema, é correto afirmar que:

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
A) não se considera em flagrante delito quem é encontrado, 21 B
logo depois do crime, com instrumentos, armas e objetos ou papéis
que façam presumir ser ele o autor da infração. 22 C
B) nas infrações permanentes, entende-se o agente em fla- 23 C
grante delito enquanto não cessar a permanência. 24 B
C) é admitida a prisão preventiva nos crimes culposos punidos
com reclusão. 25 A
D) a decisão que decretar a prisão preventiva não precisa de
fundamentação.
E) uma vez decretada a prisão preventiva, esta não mais pode- ANOTAÇÕES
rá ser revogada, somente podendo cessar com a prolação da sen-
tença.

25. (PC/PA - Escriturário - Investigador - UEPA/2013)


Marque, dentre as opções abaixo, a ÚNICA que NÃO configura —————————————————————————
uma situação provável de flagrante delito. —————————————————————————
A) Autor de roubo ocorrido na noite de sábado, que não che-
gou a ser perseguido, mas foi encontrado casualmente na rua e —————————————————————————
reconhecido pela vítima na manhã do dia seguinte.
B) Indivíduo encontrado dirigindo um automóvel furtado —————————————————————————
meia hora antes, que gerou um chamado à Polícia Militar através —————————————————————————
do serviço 190.
C) Autor de estupro encontrado saindo do local onde praticou —————————————————————————
a violência sexual minutos antes.
D) Indivíduo encontrado com uma faca suja de sangue a pou- —————————————————————————
cos metros de local onde uma pessoa acabou de ser morta a faca- —————————————————————————
das.
E) Indivíduo que, em perseguição a pessoa que pretendia ma- —————————————————————————
tar, caminha em via pública exibindo arma de fogo.
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GABARITO —————————————————————————

1 A —————————————————————————
2 D —————————————————————————
3 A
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4 D
5 C
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6 B —————————————————————————
7 B —————————————————————————
8 B
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9 A
10 B —————————————————————————
11 D —————————————————————————
12 A
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13 E
—————————————————————————
14 A
15 D —————————————————————————
16 B —————————————————————————
17 D
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18 A
19 E —————————————————————————
20 D —————————————————————————

Didatismo e Conhecimento 29
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ANOTAÇÕES

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