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dentro do coração flua em sentido único, impedindo o seu refluxo.[3] Latim 'cor'
O coração é envolvido pelo pericárdio, uma membrana protetora em Sistema Circulatório
forma de saco que contém uma pequena quantidade de líquido. A Aorta, tronco pulmonar e
parede do coração é constituída por três camadas: o epicárdio, o
artérias pulmonares direita
Vascularização e esquerda. Artéria
miocárdio e o endocárdio.[7] O coração dos restantes mamíferos e
coronária direita e artéria
das aves apresenta igualmente quatro cavidades.[4] O coração dos coronária esquerda.
peixes apresenta apenas duas cavidades, uma aurícula e um Veia cava superior, veia
ventrículo, enquanto o dosrépteis apresenta três cavidades.[5] cava inferior,[nota 1] veias
pulmonares direita e
O coração bombeia sangue ao ritmo determinado por um grupo de
Drenagem esquerda,[nota 2] grande
células marca-passo situadas no nódulo sinoatrial. Estas células venosa veia cardíaca, média veia
produzem uma corrente elétrica que percorre o nódulo cardíaca, pequena veia
atrioventricular e o sistema de condução elétrica do coração, cardíaca, Veias cardíacas
provocando a sua contração a um ritmo regular. O coração recebe o anteriores.[nota 3]
sangue pobre em oxigénio da circulação sistémica, que entra na MeSH Heart
aurícula direita pelas veias cava superior e inferior e daí passa para o
ventrículo direito. Do ventrículo direito o sangue é bombeado para a circulação pulmonar, onde liberta dióxido de carbono e recebe
oxigénio. O sangue oxigenado regressa então à aurícula esquerda e daí passa para o ventrículo esquerdo, onde é bombeado para a
artéria aorta, entrando novamente na circulação sistémica.[8] Em repouso, o coração bate a um ritmo de aproximadamente 72
batimentos por minuto.[9] O exercício físico aumenta temporariamente o ritmo cardíaco, embora a longo prazo contribua para
[10]
diminuir o ritmo em repouso e seja benéfico para a saúde do coração.
As doenças cardiovasculares foram a causa de morte mais comum em todo o mundo em 2008, sendo responsáveis por 30% dos
óbitos.[11][12] Mais de três quartos dessas mortes foram causadas pela doença arterial coronária e por acidentes vasculares
cerebrais.[11] Os fatores de risco incluem fumar, ter excesso de peso, falta de exercício físico, colesterol elevado, hipertensão arterial
e diabetes descontrolada, entre outros.[13] As doenças cardiovasculares muitas vezes não apresentam sintomas ou podem causar dor
no peito ou falta de ar. O diagnóstico baseia-se geralmente na avaliação do historial médico, na auscultação dos sons cardíacos com
um estetoscópio e na realização de exames como o eletrocardiograma ou ecografia.[3] Os especialistas que se focam nas doenças do
[12]
coração denominam-secardiologistas, embora o tratamento possa envolver diversas especialidades médicas.
Índice
Sistema cardiovascular
Circulação sistémica e circulação pulmonar
Localização e morfologia do coração
Anatomia
Parede cardíaca
Cavidades
Válvulas
Circulação do sangue nas cavidades
Circulação coronária
Sistema de condução elétrica e músculo cardíaco
Sistema de condução elétrica
Estrutura do músculo cardíaco
Inervação
Ciclo cardíaco
Ritmo cardíaco
Doenças cardiovasculares
Doenças isquémicas e inflamatórias
Sons e sopros cardíacos
Arritmias
Insuficiência e doenças congénitas
Diagnóstico
Tratamento
Desenvolvimento
História
Da Antiguidade à Idade Média
Idade Moderna
Noutros animais
Anfíbios e répteis
Aves e mamíferos
Peixes
Invertebrados
Notas
Referências
Bibliografia
Ligações externas
Sistema cardiovascular
O sistema cardiovascular, ou sistema circulatório, é constituído pelo coração e pelos vasos sanguíneos. O coração, embora seja um
órgão único, pode ser descrito como um conjunto de duas bombas que fazem circular o sangue de forma contínua em dois circuitos: a
circulação sistémica e a circulação pulmonar. Os vasos sanguíneos transportam o sangue rico em oxigénio e nutrientes para todas as
células do corpo.[14]
[14]
pulmões e ao próprio coração.[14]
O coração tem forma cónica, estando a base orientada para a parte superior do corpo e o
ápice para a parte inferior.[7] A massa de um coração adulto é de 250 a 350 gramas.[17] O
coração é geralmente do tamanho de um punho cerrado, medindo em média 12 cm de O coração humano situa-se
comprimento, 8 cm de largura e 6 cm de espessura.[7] No entanto, os atletas de competição no mediastino médio, um
podem apresentar corações de tamanho muito maior devido ao efeito do exercício físico no espaço na caixa torácica
entre os pulmões. Pesa em
músculo cardíaco, de forma semelhante à resposta nomúsculo esquelético.[7]
média entre 250 e 350
Grande parte do volume do coração está ligeiramente orientado para o lado esquerdo do gramas e tem o tamanho
aproximado de um punho
tórax, embora muito raramente possa estar orientada para o lado direito. A percepção de se
cerrado.
encontrar no lado esquerdo é ainda ampliada pelo facto do coração esquerdo ser a parte
maior e mais forte, dado que tem a função de bombear o sangue para todo o corpo. Como o
coração se situa entre os pulmões, o pulmão esquerdo é ligeiramente menor que o pulmão direito e apresenta uma forma que permite
encaixar o coração.[7]
Anatomia
Parede cardíaca
A parede do coração é constituída por
três camadas: o endocárdio, o miocárdio
e o epicárdio. Estas camadas estão
envolvidas por um saco com duas
membranas denominado pericárdio. O
endocárdio é a camada mais interior do
coração. É constituída por um
revestimento de tecido epitelial
escamoso simples e reveste as
cavidades e as válvulas cardíacas.
Camadas da parede cardíaca, incluindo o O padrão complexo e em
pericárdio visceral e parietal. torvelinho do músculo Forma uma camada contínua com o
miocárdio permite ao coração endotélio das veias e das artérias e
bombear sangue de forma encontra-se unida ao miocárdio por uma
mais eficaz. camada fina de tecido conjuntivo.[7] O
endocárdio segrega endotelina, que
[7]
pode ter uma função na regulação da contração do miocárdio.
A camada intermédia da parede do coração é o miocárdio, que é o músculo cardíaco. Trata-se de uma camada de tecido muscular
estriado envolvida por uma estrutura de colagénio. O padrão do músculo cardíaco é intrincado e complexo, de modo a permitir ao
coração bombear sangue com maior eficácia. As células musculares fazem uma espiral à volta das cavidades do coração, em que os
músculos exteriores formam um 8 à volta das aurículas e das bases dos grandes vasos, e os músculos interiores formam um 8 à volta
dos dois ventrículos em direção ao ápice.[7]
O pericárdio envolve o coração e é constituído por duas membranas: uma membrana serosa interna denominada epicárdio e uma
membrana fibrosa externa. Por sua vez, o epicárdio, divide-se em pericárdio visceral e pericárdio parietal. Dentro destas camadas
existe a cavidade pericárdica, que contém o liquido pericárdico que lubrifica o coração.[7][18] O pericárdio ajuda a regular o ritmo
[7]
cardíaco e é através do epicárdio que os vasos sanguíneos e os nervos irrigam o músculo cardíaco.
Cavidades
O coração humano possui quatro cavidades, ou câmaras: duas aurículas na parte superior e dois ventrículos na parte inferior. As
aurículas recebem o sangue, enquanto os ventrículos têm a função de o bombear. O conjunto da aurícula e ventrículo direitos
[6]
denomina-se "coração direito" e, da mesma forma, o conjunto da aurícula e ventrículo esquerdos denomina-se "coração esquerdo".
As aurículas estão separadas dos ventrículos pelas válvulas auriculoventricularespresentes no septo atrioventricular. Os ventrículos
estão separados entre si pelosepto interventricular[19], enquanto as duas aurículas estão separadas entre si pelosepto interauricular. O
septo interventricular é muito mais espesso que o septo interauricular, uma vez que durante a contração os ventrículos geram uma
pressão muito superior.[7] A separação das cavidades pode também ser observada por sulcos presentes na superfície externa do
coração. O sulco coronário separa as aurículas dos ventrículos, enquanto os sulcos interventriculares anterior e posterior separam os
ventrículos.[19]
O septo atrioventricular que separa as aurículas dos ventrículos é formado pelo esqueleto cardíaco, uma estrutura de tecido
conjuntivo fibroso onde também se apoiam os anéis fibrosos das válvulas cardíacas. O esqueleto cardíaco tem também a função de
conduzir os estímulos elétricos através do coração, uma vez que o colagénio não é condutor de eletricidade.[7][20] Na aurícula
superior direita existe uma estrutura com a forma de orelha denominada apêndice auricular direito e outra na aurícula superior
[21]
esquerda denominada apêndice auricular esquerdo.
Coração direito
O coração direito é constituído por duas cavidades, a aurícula direita e o ventrículo
direito, separados pela válvula tricúspide.[7] A aurícula direita recebe sangue de
forma quase contínua a partir das duas principais veias do corpo, a veia cava
superior e inferior. A aurícula direita recebe ainda uma pequena quantidade de
sangue da circulação coronária através do seio coronário, situado imediatamente
acima da abertura da veia cava inferior.[7] Na parede da aurícula situa-se também
uma depressão denominada fossa oval, a qual é um vestígio de uma abertura durante
o desenvolvimento fetal denominada forame oval.[7] A maior parte da superfície
interna da aurícula direita é lisa, embora a fossa oval seja rugosa e a superfície
anterior possua cristas de músculo pectíneo.[7]
Coração esquerdo
O coração esquerdo possui duas cavidades: a aurícula esquerda e o ventrículo esquerdo, separados pela válvula mitral.[7] A aurícula
esquerda recebe o sangue oxigenado que regressa dos pulmões através de uma das quatro veias pulmonares. Tal como a aurícula
direita, a aurícula esquerda é revestida por músculo pectíneo.[22] A aurícula esquerda encontra-se ligada ao ventrículo esquerdo pela
válvula mitral.[7] O ventrículo esquerdo é muito mais espesso em comparação com o direito, uma vez que exerce uma força muito
superior para bombear o sangue para todo o corpo. Tal como o ventrículo direito, também apresenta trabéculas cárneas, mas não
possui trabécula septomarginal. O ventrículo esquerdo bombeia o sangue para o corpo através da válvula aórtica para a artéria aorta.
Por cima da válvula aórtica encontram-se dois pequenos orifícios que transportam sangue para o próprio coração, através da artéria
coronária esquerda e direita.[7]
Válvulas
O coração possui quatro válvulas que regulam a passagem do sangue entre as suas
cavidades. Existe uma válvula entre cada aurícula e ventrículo e uma válvula à saída
de cada ventrículo.[7] As válvulas entre as aurículas e os ventrículos são
denominadas válvulas auriculoventriculares. Entre a aurícula direita e o ventrículo
direito situa-se a válvula tricúspide. Esta válvula apresenta três cúspides[23] ligados
às cordas tendinosas e três músculos papilares, denominados anterior, posterior e
septal, de acordo com a sua posição.[23] Entre a aurícula esquerda e o ventrículo
esquerdo situa-se a válvula mitral. Esta válvula é por vezes denominada bicúspide,
por ter dois cúspides, um anterior e um posterior. Estes cúspides também estão
ligados pelas cordas tendinosas aos dois músculos papilares que se projetam da Ilustração em que foram removidas
ais aurículas e os maiores vasos
parede ventricular.[24]
sanguíneos, permitindo observar as
quatro válvulas.[7]
Os músculos papilares estendem-se a partir das paredes do coração para as válvulas através de ligações cartilaginosas denominadas
cordas tendinosas. Estes músculos impedem as válvulas de regredir quando se fecham.[25] Durante a fase de relaxamento do ciclo
cardíaco, os músculos papilares estão igualmente relaxados e a tensão nas cordas tendinosas é reduzida. Assim que as cavidades do
coração se contraem, também se contraem os músculos papilares. Isto cria tensão nas cordas tendinosas, o que ajuda a manter os
[7] [nota 4]
cúspides das válvulas auriculoventriculares no lugar e impede-as de serem projetadas para as aurículas.
À saída de cada um dos ventrículos existem duas válvulas adicionais. A válvula pulmonar situa-se na base da artéria pulmonar. Esta
válvula apresenta três cúspides que são se encontram ligados a quaisquer músculos papilares. Quando o ventrículo relaxa, o sangue
flui da artéria regressando ao ventrículo. Este refluxo preenche a válvula em forma de bolsa, o que exerce pressão contra os cúspides,
que se fecham para selar a válvula impedindo assim esse refluxo. A válvula aórtica situa-se na base da artéria aorta e também não se
encontra ligada aos músculos papilares. Também apresenta três cúspides que se fecham com a pressão do sangue que regressa da
aorta.[7]
O sangue oxigenado é então transportado pelas veias pulmonares até à aurícula esquerda, de onde é bombeado para o ventrículo
esquerdo através da válvula mitral. Daí, é bombeado para a artéria aorta através da válvula aórtica, onde entra novamente na
circulação sistémica. A aorta é uma artéria de grande dimensão que se ramifica em muitas artérias menores, depois em arteríolas e
finalmente em vasos capilares. Nos vasos capilares, o oxigénio e os nutrientes do sangue são recolhidos pelas células para que os
possam usar nos processos metabólicos. As células libertam para o sangue dióxido de carbono e outros resíduos metabólicos.[7] O
sangue capilar, agora desoxigenado, é transportado pelasvénulas e veias, que descarregam na veia cava superior, entrando novamente
no coração direito.[7]
Circulação coronária
Tal como todas as células no corpo, o tecido cardíaco necessita de oxigénio, de nutrientes e de uma forma de remover resíduos
metabólicos. Esta função é desempenhada pela circulação coronária, que engloba as artérias, veias e vasos linfáticos que irrigam o
coração. A corrente sanguínea através dos vasos coronários tem intensidade variável, em picos e quebras, de acordo com o ciclo de
relaxamento ou contração do músculo cardíaco.[7]
O tecido do coração recebe sangue de duas artérias que têm início pouco acima da válvula aórtica: a artéria coronária esquerda e a
artéria coronária direita. Pouco depois de deixar a aorta, a artéria coronária esquerda bifurca em duas: a artéria descendente anterior
esquerda e a artéria circunflexa esquerda. A artéria descendente anterior esquerda ramifica-se depois em pequenas artérias que
irrigam o tecido do coração e a parte anterior, exterior e o septo do ventrículo esquerdo. A artéria circunflexa esquerda irriga a parte
posterior e inferior do ventrículo esquerdo. A artéria coronária direita irriga a aurícula direita, o ventrículo direito e as partes mais
inferiores do ventrículo esquerdo. No entanto, existe uma variação significativa entre
pessoas na anatomia das artérias que irrigam o coração. Em 90% das pessoas, a
artéria coronária direita também irriga sangue para o nódulo atrioventricular e, em
60% das pessoas, para onódulo sinusal.[26][7]
O seio coronário é uma grande veia que termina na aurícula direita e que recebe a
maior parte do sangue venoso do coração. Recolhe o sangue da veia cardíaca maior,
com origem na aurícula esquerda e em ambos os ventrículos, da veia cardíaca
posterior, com origem na parte posterior do ventrículo esquerdo, da veia cardíaca
média, com origem na parte inferior dos ventrículos, e da veia cardíaca menor.[27] A circulação coronária é o conjunto
As veias cardíacas anteriores recolhem o sangue da parte anterior do ventrículo de artérias e veias que irrigam o
[7]
direito e descarregam diretamente na aurícula direita. coração. A vermelho, as estruturas
que fazem parte da circulação
coronária. A azul, outras regiões.
Sistema de condução elétrica e músculo
cardíaco
Os batimentos cardíacos são o resultado de contrações do músculo miocárdio. Estas contrações são provocadas por estímulos
elétricos rítmicos produzidos pelas células marca-passo do nódulo sinusal, situado na parede da aurícula direita. Os impulsos fazem
com que as aurículas se contraiam, forçando o sangue a passar para os ventrículos. Os impulsos elétricos do nódulo
atrioventricular fazem com que os ventrículos se contraiam, bombeando o sangue. Depois da contração, os ventrículos relaxam, a
pressão diminui e são novamente preenchidos com sangue. Este processo tem o nome de ciclo cardíaco. O período de contração
denomina-se sístole e período de relaxamento diástole. O ritmo cardíaco em repouso de um adulto é, em média de 70 batimentos por
minuto, sendo mais elevado em crianças e idosos. O ritmo cardíaco aumenta temporariamente durante a prática de exercício físico
vigoroso, excitação emocional ou situações defebre, e diminui ao dormir.[15]
O sinal elétrico gerado pelo nódulo sinoatrial percorre a aurícula direita de forma
radial e chega à aurícula esquerda através do feixe de Bachmann, fazendo com que Onda de despolarização
ambas as aurículas se contraiam ao mesmo tempo.[31][32][33] Em seguida, o sinal
passa para o nódulo atrioventricular, situado na parte inferior do septo atrioventricular. O septo faz parte do esqueleto cardíaco, o
qual é constituído por tecido colaginoso que o sinal elétrico não consegue atravessar, o que força o sinal a passar apenas pelo nódulo
auriculoventricular.[7] O sinal percorre então o feixe de His e os seus dois ramos através dos ventrículos do coração. Nos ventrículos,
o sinal é transportado por um tecido especializado denominado fibras de Purkinje, que por sua vez transmitem o sinal elétrico ao
músculo cardíaco.[34]
Inervação
Embora o coração possua o seu próprio sistema excitatório, também é irrigado por nervos do sistema nervoso simpático e
[35]
parassimpático. Estes nervos não ativam o batimento cardíaco, mas são capazes de influenciar o seu ritmo e força de contração.
O coração recebe sinais nervosos do nervo vago e de nervos no tronco simpático. Estes nervos atuam para influenciar, e não
controlar, o ritmo cardíaco. Os nervos simpáticos também influenciam a força da contração cardíaca.[36] Os sinais que são
transmitidos por estes nervos têm origem em dois centros cardiovasculares no bulbo raquidiano. O nervo vago do sistema nervoso
parasimpático atua para diminuir o ritmo cardíaco, enquanto os nervos do tronco simpático atuam para aumentar o ritmo cardíaco.[7]
Estes nervos formam uma rede nervosa em redor do coração denominadaplexo cardíaco.[7][37]
O nervo vago é um nervo comprido e sinuoso que tem origem no tronco cerebral e que fornece estímulos parassimpáticos a vários
órgãos no tórax e no abdómen, entre os quais o coração.[38] Os nervos do tronco simpático têm origem nos gânglios torácicos T1 a
T4 e terminam nos nós sinusais e auriculoventricular, nas aurículas e nos ventrículos. Os ventrículos são mais ricamente inervados
por fibras simpáticas do que parasimpáticas. A estimulação simpática provoca a libertação do neurotransmissor noradrenalina na
junção neuromuscular dos nervos cardíacos. Isto diminui o período de repolarização, aumentando assim o ritmo de despolarização e
contração, o que aumenta o ritmo cardíaco. Abre também os canais iónicos de cálcio e de sódio, permitindo um afluxo de iões de
carga positiva.[7] A noradrenalina liga-se aoreceptor adrenérgico beta 1.[7]
Os centros cardiovasculares no tronco cerebral influenciam o ritmo cardíaco através
do nervo vago e do tronco simpático.[39] Estes centros recebem dados de uma série
de recetores bioquímicos, incluindo barorrecetores que detectam o alargamento dos
vasos sanguíneos, e quimiorrecetores, que detectam a quantidade de oxigénio e de
dióxido de carbono no sangue e o seu pH. Através de uma série de reflexos, estes
ajudam a regular e manter a circulação do sangue.[7]
Ritmo cardíaco
O ritmo cardíaco, ou frequência cardíaca, é o número de vezes que o coração bate por minuto. Esse batimento pode ser dividido em
várias fases a que se dá o nome deciclo cardíaco. O ritmo cardíaco normal em repouso denomina-se ritmo sinusal. O ritmo sinusal de
um adulto é, em média, de 70 batimentos por minuto (bpm), podendo variar entre 60 e 100 bpm. O ritmo sinusal é mais elevado em
crianças e idosos. Umrecém-nascido pode chegar aos 129 bpm, valor que vai gradualmente diminuindo ao longo do crescimento.[43]
O ritmo sinusal de um atleta de competição pode ser inferior a 60 bpm. Durante exercício físico vigoroso, o ritmo cardíaco atinge 150
[7]
bpm, podendo atingir um máximo de 200–220 bpm.
O ritmo cardíaco é influenciado por diversos fatores. O ritmo cardíaco aumenta temporariamente durante a prática de exercício físico
vigoroso, excitação emocional ou situações de febre, e diminui ao dormir.[15] A idade, temperatura corporal, taxa metabólica basal
podem também afetar o ritmo cardíaco. Níveis excessivos das hormonas epinefrina, norepinefrina e hormonas da tiroide podem
aumentar o ritmo cardíaco. Os níveis de eletrólitos, incluindo cálcio, sódio e potássio, podem também influenciar a velocidade e
regularidade do ritmo cardíaco. O ritmo pode também aumentar em situações de baixo oxigénio no sangue, baixa pressão arterial e
desidratação.[7]
Doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo.[44] A maior parte das doenças cardiovasculares não é
transmissível e está relacionada com o estilo de vida e outros fatores. A prevalência aumenta em função da idade.[44] Em 2008, as
doenças cardiovasculares foram responsáveis por 30% dos óbitos em todo o mundo.[11] A percentagem varia entre países, desde 28%
a 40% em países desenvolvidos.[12] Os médicos especialistas em doenças do coração são os cardiologistas. No tratamento das
[45]
doenças cardiovasculares podem estar envolvidas diversas especialidades.
Os sopros cardíacos são sons cardíacos anormais que tanto podem ser benignos
como ser um sinal de uma doença cardíaca.[53] Existem vários tipos de sopros.[54] Os sopros são classificados de 1 a 6, em função do
volume. São também avaliadas a sua relação com os sons cardíacos normais, a posição no ciclo cardíaco, a sua propagação para
outros locais, eventuais alterações em função da posição da pessoa, a frequência do som e o local em que são auscultados com maior
intensidade.[54]
Os sopros podem ser o resultado de valvulopatias causadas pelo estreitamento ou regurgitação de qualquer uma das principais
válvulas, como é o caso daestenose aórtica, regurgitação mitral ou prolapso da válvula mitral. Podem também ser o resultado de uma
série de outras doenças, entre as quais comunicação interauricularou interventricular,[54] ou ainda ser causados por infeções, como a
endocardite infecciosaou febre reumática, em particular nos países em vias de desenvolvimento.[55] Um exemplo de sopro cardíaco é
o sopro de Still, que pode estar presente em crianças, mas que é assintomático e desaparece durante a adolescência.[56] Nos casos de
pericardite, em que as membranas inflamadas podem friccionar entre si, é possível auscultar um som denominado atrito
pericárdico.[57]
Arritmias
As anomalias no ritmo sinusal normal do coração podem impedir o coração de bombear sangue de forma adequada. As doenças deste
grupo são geralmente identificadas num eletrocardiograma. As arritmias podem causar ritmos cardíacos irregulares ou ritmos
cardíacos regulares, mas a velocidades anormais. O ritmo cardíaco anormalmente elevado denomina-se taquicardia, sendo
classificada em supraventricular ou ventrocular, dependendo da origem. O ritmo cardíaco anormalmente baixo denomina-se
bradicardia. A taquicardia define-se geralmente por um ritmo cardíaco superior a 100 bpm e bradicardia por um ritmo cardíaco
inferior a 60 bpm.[58] Uma assistolia é a paragem do ritmo cardíaco. Um ritmo aleatório e variável é classificado como fibrilação
auricular ou fibrilação ventricular, dependendo se a atividade elétrica tem origem nas aurículas ou nos ventrículos.[58] Uma anomalia
na condução elétrica pode causar um atraso ou alterações na ordem de contrações do músculo cardíaco. Isto pode ser o resultado de
uma doença, como o bloqueio de ramo, ou de uma doença congénita, como osíndrome de Wolff-Parkinson-White.[58]
O coração pode ser afetado por doenças congénitas, ou doenças de nascença. Entre estas doenças estão um forame oval que não foi
devidamente encerrado durante o desenvolvimento, condição que se verifica em até 25% da população;[61] comunicação
interventricular ou interauricular; doenças congénitas das válvulas (como a estenose aórtica congénita); ou doenças relacionadas com
os vasos sanguíneos e circulação do sangue, como persistência do canal arterial ou coarctação da aorta.[62][63] Apesar de congénitas,
estas doenças podem manifestar sintomas a qualquer idade. Quando o sangue desoxigenado passa do coração direito para o esquerdo,
como na tetralogia de Fallot, a condição é facilmente observável à nascença, já que faz com que a pele do bebé apresente um tom
azul. Um problema cardíaco de nascença pode afetar a capacidade de crescimento da criança.[62] Alguns casos resolvem-se com o
tempo e são considerados benignos. Outros podem não manifestar sintomas e serem diagnosticados por acaso num exame cardíaco.
As doenças congénitas são na maior parte dos casos detectadas com umecocardiograma.[63]
Diagnóstico
As doenças cardíacas são diagnosticadas com base no historial clínico, no exame
físico pelo médico e em vários exames, dos quais os mais comuns são análises ao
sangue, ecocardiogramas, eletrocardiogramas e exames imagiológicos. Em alguns
casos podem ser necessários exames invasivos, comocateterismo cardíaco.[64]
As análises gerais ao sangue permitem avaliar o estado geral de saúde da pessoa e determinar a presença de fatores de risco de
doenças cardiovasculares. Entre os parâmetros mais comuns estão um hemograma, que permite detectar anemia, e a medição dos
metabólitos, que permite detectar alterações nos eletrólitos. Pode também ser realizado um perfil lipídico e um exame à glicose em
jejum para avaliar os níveis de colesterol e diabetes. Em muitos casos pode ser necessário um coagulograma para determinar a dose
correta de anticoagulantes.[67] Entre os exames específicos, podem ser realizados exames à troponina. A troponina é um biomarcador
específico para doenças cardíacas, sensível à insuficiência no fornecimento de sangue pelo coração, sendo libertada 4 a 6 horas após a
lesão e atingindo um pico entre as 12 e 24 horas.[68]> Podem também ser realizados exames ao peptídeos natriuréticos cerebrais, um
biomarcador cujos níveis aumentam na presença de maior esforço do ventrículo esquerdo e permite avaliar a insuficiência
cardíaca.[69] O exame CPK-MB oferece informação sobre o fornecimento de sangue do coração, embora seja menos específico e
sensível do que os biomarcadores.[70]
Um eletrocardiograma (ECG) é um exame que regista a atividade elétrica do coração
por meio de elétrodos colocados na pele.[71] O ECG permite detectar distúrbios no
ritmo cardíaco e detectar quando não existe irrigação sanguínea suficiente no
coração.[71] Em alguns casos, pode haver suspeita de anomalias que não são
imediatamente observáveis no ECG. Nestes casos, pode ser realizado uma prova de
esforço que provoque essa anomalia. Quando a anomalia não se manifesta na data do
exame, é possível usar durante alguns dias um ECG portátil, como um monitor
Holter.[71] Existem três principais parâmetros de avaliação num eletrocardiograma:
a onda P, o complexo WRS e a onda T. A onda P corresponde à despolarização Ecocardiograma tridimensional em
que se avalia a função dasválvulas
auricular, o complexo QRS à despolarização ventricular e a onda T à repolarização
cardíacas.
ventricular.[71][7] Uma variação no registo no sentido descendente significa que a
carga das células se está a tornar mais positiva (despolarização), enquanto que no
sentido descendente significa que a carga das células se está a tornar mais negativa (repolarização).[71]
Estão também disponíveis vários exames imagiológicos para avaliar a anatomia e função cardíacas. Os mais comuns são a
ecocardiografia, angiografia, tomografia computorizada, ressonância magnética e tomografia por emissão de positrões. Um
ecocardiograma é uma ecografia do coração que permite avaliar a função cardíaca, detectar doenças nas válvulas e procurar
anomalias. A ecocardiografia pode ser realizada pelo exterior do peito (ecocardiografia transtorácica) ou com uma sonda no esófago
(ecocardiografia transesofágica). Um relatório ecocardiográfico geralmente inclui informação sobre a largura e eventual dilatação das
válvulas, eventuais regurgitações de sangue e informação sobre o volume de sangue no fim da sístole e da diástole.[72] As
ecocardiografias podem ser realizadas em situações em que o corpo esteja mais stressado, como em provas de esforço, o que permite
detectar sinais de insuficiente irrigação sanguínea.[66] As tomografias e os raios-X ao tórax permitem avaliar a morfologia do coração
e da aorta, detectar sinais deedema pulmonar e indicar se existe derrame pericárdico à volta do coração.[66]
Tratamento
Estão disponíveis vários fármacos e técnicas cirúrgicas para o tratamento de doenças
cardíacas. O tratamento passa também por medidas para prevenir a ocorrência da
doença, prevenir o aparecimento de ateroesclerose ou diminuir o agravamento dos
sintomas. Entre as principais medidas de prevenção estão deixar de fumar, diminuir
o consumo de bebidas alcoólicas, praticar exercício físico e modificar a dieta de
modo a diminuir o consumo de gordura e açúcar. Os medicamentos permitem
também controlar a diabetes. Os níveis de colesterol podem ser diminuídos com
estatinas.[67] Em muitas das doenças cardíacas, incluindo fibrilhação auricular,
valvulopatias, e após cirurgia cardíaca, são administrados em simultâneo
anticoagulantes como a aspirina, varfarina ou clopidogrel, de modo a diminuir o
risco de AVC ou de trombose.[67]
Nos casos em que é necessária cirurgia cardiovascular, esta pode ser aberta ou, de forma menos invasiva, através da inserção de
pequenos arames pelas artérias periféricas, a que se dá o nome de angioplastia coronária. Esta intervenção é geralmente realizada no
contexto de uma síndrome coronária aguda e pode ser usada para inserir um stent coronário.[74] Um exemplo deste tipo de
intervenção é a ponte de safena, em que se faz uma ponte nas artérias bloqueadas do coração usando vasos sanguíneos recolhidos
noutras partes do corpo, permitindo ao sangue voltar a fluir normalmente.[74] Nas valvulopatias pode ser realizadas cirurgias para
reparação ou substituição das válvulas.[74]
Desenvolvimento
Durante a gravidez, o desenvolvimento do coração tem início com a formação de
dois tubos endocardíacos no embrião por volta da terceira semana de gestação. Estes
tubos fundem-se, formando um tubo cardíaco primitivo denominado coração
tubular.[75] Entre a terceira e quarta semana de gestação, o coração tubular aumenta
de comprimento e começa-se a dobrar em forma de "S" no periocárdio, dando ao
coração desenvolvido o alinhamento correto. Por volta do mesma altura começam-se
a formar os septos e as válvulas e as cavidades começam a tomar forma. Por volta do
fim da quinta semana, está concluída a formação dos septos. Na nona semana está
concluída a formação das cavidades.[7]
O coração embrionário começa a bater cerca de 22 dias após a fecundação, a um Em cima: desenvolvimento do
ritmo aproximado do da mãe (75–80 bpm). O ritmo aumenta progressivamente até coração humano durante as
atingir um máximo de 165–185 bpm por volta da sétima semana de gestação.[76] primeiras oito semanas de gestação.
Em baixo: formação das cavidades
Após a nona semana, quando se dá o início da fase fetal, o ritmo diminui
cardíacas.
progressivamente até cerca de 145 (±25) bpm no momento do parto. Antes do
[77]
nascimento, não existem diferenças de ritmo cardíaco entre os sexos.
Até à quinta semana forma-se no coração fetal um orifício denominado forame oval. Este orifício permite ao sangue passar
diretamente da aurícula direita para a aurícula esquerda, desviando-o dos pulmões. Segundos após o parto, este orifício é fechado por
uma membrana de tecido denominada septo primário, que até esse momento funcionava como válvula, dando assim início ao padrão
de circulação de sangue regular.[7]
História
O primeiro transplante de coração bem sucedido foi realizado em 1967 pelo cirurgião sul-africano Christiaan Barnard. Este evento é
considerado um marco importante na cirurgia cardíaca, tendo chamado à atenção não só da comunidade científica, mas de todo o
mundo. No entanto, nos primeiros anos de transplantes a sobrevivência a longo prazo dos pacientes era muito baixa. A primeira
pessoa a receber um transplante, morreu decorridos apenas 18 dias da operação e outros pacientes não sobreviviam mais do que
algumas semanas.[87] Nos anos seguintes as técnicas de transplante foram significativamente melhoradas, graças ao trabalho pioneiro
dos cirurgiões Norman Shumway, Richard Lower, Vladimir Demikhov e Adrian Kantrowitz. À data de março de 2000, tinham já
[88]
sido realizados em todo o mundo cerca de 55 000 transplantes de coração.
Em meados do século XX, as doenças cardiovasculares ultrapassaram pela primeira vez as doenças infecciosas como principal causa
de morte nos Estados Unidos e são hoje a principal causa de morte em todo o mundo. Desde 1948 que o Estudo de Framinghan tem
vindo a descobrir a influência no coração de vários fatores, entre os quais a dieta, exercício físico e medicamentos comuns como a
aspirina. Embora o aparecimento no mercado de vários inibidores da enzima de conversão da angiotensina e de betabloqueadores
tenha melhorado significativamente o tratamento dainsuficiência cardíaca crónica, a doença continua a representar enormes encargos
médicos e sociais.[89]
Noutros animais
O volume do coração varia significativamente entre os diferentes filos animais, desde os pequenos corações de algumas espécies de
ratos com 12 miligramas até ao coração da baleia-azul, que pesa mais de 600 quilos.[90] O ritmo cardíaco também varia de forma
significativa entre as diferentes espécies, desde os 20 bpm nobacalhau até aos 1200 bpm no beija-flor-de-pescoço-vermelho.[91][92]
A estrutura do coração varia entre as diferentes classes do reino animal. Tal como no ser humano, nos restantes vertebrados o coração
situa-se no centro do corpo e encontra-se envolvido por um pericárdio,[93] que geralmente é uma estrutura distinta, mas que em
alguns peixes sem mandíbula pode estar ligado ao peritónio.[94] O nódulo sinoauricular está presente em todos os amniotas, mas não
nos vertebrados mais primitivos. Em animais mais primitivos, os músculos do coração são relativamente contínuos e o ritmo cardíaco
é controlado pelo seio venoso, de forma homóloga ao nódulo sinoauricular em amniotas. Nos teleósteos, o principal centro de
coordenação é na aurícula.[91]
Anfíbios e répteis
Os anfíbios adultos, tal como a maior parte dos répteis, possuem um sistema
circulatório duplo; ou seja, dividido nas partes arterial e venosa. No entanto, o
coração em si não se encontra totalmente dividido em dois lados como nos
mamíferos. O coração destes animais organiza-se em três cavidades: duas aurículas e
um ventrículo. As aurículas recolhem o sangue proveniente da circulação pulmonar
e da circulação sistémica, passa para o ventrículo e daí é bombeado em simultâneo
para o corpo e para os pulmões. O sistema duplo permite ao sangue circular de e
[95]
para os pulmões, que entregam sangue oxigenado diretamente ao coração.
Corte de um coração de três
Na maioria dos répteis o coração situa-se geralmente a meio do tórax. Nas serpentes, cavidades num anfíbio adulto. As
situa-se na união do primeiro e segundo segmentos. Tal como os anfíbios adultos, o regiões a roxo representam as áreas
coração de maior parte dos répteis possui três cavidades: duas aurículas e um onde ocorrem as trocas gasosas. 1.
ventrículo. No entanto, esse ventrículo encontra-se parcialmente dividido por um Veia pulmonar, 2. Aurícula esquerda,
3. Aurícula direita, 4. Ventrículo, 5.
septo com aberturas consideráveis junto à artéria pulmonar e aorta. No entanto,
Cone arterial, 6. Seio venoso.
apesar dessas aberturas, na maior parte das espécies de répteis aparenta existir pouca
ou nenhuma mistura entre as correntes sanguíneas, pelo que a aorta recebe apenas
sangue oxigenado.[91][95] A exceção a esta regra são oscrocodilos, que possuem um coração com quatro cavidades distintas.
[96]
Aves e mamíferos
O coração dos mamíferos e dos arcossauros (crocodilianos e aves) está completamente separado em duas bombas, num total de
quatro cavidades. Pensa-se que o coração de quatro cavidades dos arcossauros tenha evoluído de forma independente do dos
mamíferos. Nos crocodilianos existe na base dos troncos ateriais um pequeno orifício, o forame de Panizza, que durante o mergulho
permite alguma mistura entre as correntes sanguíneas de cada lado do coração.[97][98] Assim, só nos mamíferos e nas aves é que
existem duas correntes de sangue (sistémica e pulmonar) totalmente separadas por uma barreira física.[91] O coração dos restantes
mamíferos é idêntico ao coração humano. Possui quatro cavidades: duas aurículas na parte superior, que recebem o sangue, e dois
[99]
ventrículos na parte inferior, de onde é bombeado o sangue, separadas por quatro válvulas.
O sistema circulatório das aves é impulsionado por um coração miogénico de quatro câmaras protegido por um pericárdio fibroso. O
pericárdio encontra-se preenchido com fluido seroso que o lubrifica.[100] O coração em si está dividido em duas metades, direita e
esquerda, cada uma constituída por umaaurícula e um ventrículo. As aurículas e ventrículos de cada lado estão separados entre si por
válvulas cardíacas que impedem que o sangue passe de uma câmara para a outra durante a contração. Sendo miogénico, o ritmo
cardíaco é mantido pelas células marca-passo do nó sinusal situado na aurícula direita. O coração das aves também apresenta arcos
musculares, constituídos por camadas espessas de músculo. De forma semelhante ao coração dos mamíferos, o coração das aves é
constituído pelas camadas do endocárdio, miocárdio e pericárdio.[100] As paredes auriculares tendem a ser mais delgadas do que as
paredes ventriculares, devido à intensa contração ventricular usada para bombear sangue oxigenado pelo corpo. Em comparação com
a massa corporal, o coração das aves é geralmente maior do que o dos mamíferos. Esta adaptação permite que seja bombeada maior
quantidade de sangue de modo a responder às necessidades metabólicas associadas ao voo.[101] As principais artérias que
transportam o sangue do coração têm origem no arco aórtico direito, ao contrário dos mamíferos, em que é o arco aórtico esquerdo
que forma esta parte da aorta. A veia cava inferior recebe o sangue dos membros através do sistema venoso portal. Também ao
contrário dos mamíferos, osglóbulos vermelhos das aves mantêm o seunúcleo celular.[102]
Peixes
O coração dos peixes é muitas vezes descrito como tendo duas cavidades – uma
aurícula que recebe o sangue e um ventrículo que o bombeia.[103][104] No entanto,
apresenta também dois compartimentos, um de entrada e um de saída, que alguns
autores classificam como cavidades. Assim, dependendo daquilo que se considera
cavidade, o coração dos peixes também pode ser descrito como um coração de três
cavidades[103] ou de quatro cavidades.[105] A aurícula e o ventrículo são por vezes
Circulação do sangue pelo coração
denominados "cavidades verdadeiras", enquanto as restantes são denominadas
da maioria dos peixes:seio venoso,
"cavidades acessórias".[106]
aurícula, ventrículo e infundíbulo
cardíaco.
Os peixes primitivos apresentam um coração de quatro cavidades. No entanto, essas
cavidades estão dispostas de forma sequencial, pelo que este coração primitivo é
significativamente distinto do coração dos mamíferos e aves. A primeira cavidade é o seio venoso, que recebe pela veia hepática e
veia cardinal o sangue pobre em oxigénio do corpo. Daqui o sangue passa para a aurícula e depois para o ventrículo musculado, onde
ocorre a ação de bombear. A quarta e última câmara é o infundíbulo cardíaco, ou cone arterial, que contém várias válvulas que
enviam o sangue para a aorta ventral. Por sua vez, a aorta ventral transporta o sangue até às guelras, onde recebe oxigénio e circula
para o resto do corpo.[91]
No peixe adulto, as quatro cavidades não estão dispostas em linha, mas sim em forma de "S", em que as últimas duas cavidades estão
superiores às duas primeiras. Este padrão relativamente simples pode ser observado nos peixes cartilaginosos e nos actinopterígeos.
Nos teleósteos, o infundíbulo é muito pequeno, pelo que geralmente é considerado parte da aorta e não do próprio coração. Este
infundíbulo não está presente em nenhum amniota, tendo possivelmente sido absorvido pelos ventrículos ao longo da evolução. Da
mesma forma, enquanto o seio venoso está presente de forma vestigial em alguns répteis e aves, noutros animais foi absorvido pelo
ventrículo direito e já não é distinguível.[91]
Invertebrados
Os artrópodes como os insetos, aracnídeos, miriápodes e crustáceos, bem como a maior parte dos moluscos, possuem um sistema
circulatório aberto. Neste sistema, o sangue pobre em oxigénio é armazenado em cavidades à volta do coração e lentamente vai
permeando a parede do coração através de pequenos canais unidirecionais. Esse sangue é bombeado pelo coração para a hemocele,
uma cavidade entre os órgãos. O coração dos artrópodes é geralmente um tubo muscular que se estende desde a base da cabeça ao
longo de todo o comprimento do corpo. Em vez de sangue, estes animais possuem hemolinfa. A molécula de transporte de oxigénio
mais comum entre os artróprodes é ahemocianina, só se encontrando hemoglobina em algumas espécies.[107]
Os cefalópodes têm dois corações branquiais e um coração sistémico. Os corações branquiais possuem duas aurículas e dois
ventrículos cada um e têm a função de bombear sangue para as guelras, enquanto que o coração principal tem a função de bombear
sangue para o corpo.[108][109]
Notas
1. Do corpo para o coração
2. Veias que transportam sangue oxigenado dos pulmões para o coração
3. Veias que realizam a drenagem venosa do próprio tecido cardíaco
4. Note-se que não são os músculos que fazem com que as válvulas se abram. A abertura é o resultado da diferença
[23]
de pressão entre o sangue nas aurículas e nos ventrículos.
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