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Coração

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O coração é um órgão muscular presente nos humanos e em outros Coração
animais que bombeia o sangue através dos vasos sanguíneos do
sistema circulatório.[1] O sangue fornece ao corpo oxigénio e
nutrientes e ajuda a eliminar resíduos metabólicos.[2] Nos humanos,
o coração situa-se na cavidade torácica entre os pulmões, num
espaço denominado mediastino.[3]

O coração humano divide-se em quatro cavidades. Na parte superior


situam-se as aurículas direita e esquerda e, na parte inferior, os
ventrículos direito e esquerdo.[4][5] É comum designar o conjunto da
aurícula e do ventrículo direitos por "coração direito" e o conjunto
equivalente do lado esquerdo por "coração esquerdo".[6] Num O coração humano divide-se em quatro cavidades:
coração saudável, as válvulas cardíacas fazem com que o sangue duas aurículas e dois ventrículos

dentro do coração flua em sentido único, impedindo o seu refluxo.[3] Latim 'cor'
O coração é envolvido pelo pericárdio, uma membrana protetora em Sistema Circulatório
forma de saco que contém uma pequena quantidade de líquido. A Aorta, tronco pulmonar e
parede do coração é constituída por três camadas: o epicárdio, o
artérias pulmonares direita
Vascularização e esquerda. Artéria
miocárdio e o endocárdio.[7] O coração dos restantes mamíferos e
coronária direita e artéria
das aves apresenta igualmente quatro cavidades.[4] O coração dos coronária esquerda.
peixes apresenta apenas duas cavidades, uma aurícula e um Veia cava superior, veia
ventrículo, enquanto o dosrépteis apresenta três cavidades.[5] cava inferior,[nota 1] veias
pulmonares direita e
O coração bombeia sangue ao ritmo determinado por um grupo de
Drenagem esquerda,[nota 2] grande
células marca-passo situadas no nódulo sinoatrial. Estas células venosa veia cardíaca, média veia
produzem uma corrente elétrica que percorre o nódulo cardíaca, pequena veia
atrioventricular e o sistema de condução elétrica do coração, cardíaca, Veias cardíacas
provocando a sua contração a um ritmo regular. O coração recebe o anteriores.[nota 3]
sangue pobre em oxigénio da circulação sistémica, que entra na MeSH Heart
aurícula direita pelas veias cava superior e inferior e daí passa para o
ventrículo direito. Do ventrículo direito o sangue é bombeado para a circulação pulmonar, onde liberta dióxido de carbono e recebe
oxigénio. O sangue oxigenado regressa então à aurícula esquerda e daí passa para o ventrículo esquerdo, onde é bombeado para a
artéria aorta, entrando novamente na circulação sistémica.[8] Em repouso, o coração bate a um ritmo de aproximadamente 72
batimentos por minuto.[9] O exercício físico aumenta temporariamente o ritmo cardíaco, embora a longo prazo contribua para
[10]
diminuir o ritmo em repouso e seja benéfico para a saúde do coração.

As doenças cardiovasculares foram a causa de morte mais comum em todo o mundo em 2008, sendo responsáveis por 30% dos
óbitos.[11][12] Mais de três quartos dessas mortes foram causadas pela doença arterial coronária e por acidentes vasculares
cerebrais.[11] Os fatores de risco incluem fumar, ter excesso de peso, falta de exercício físico, colesterol elevado, hipertensão arterial
e diabetes descontrolada, entre outros.[13] As doenças cardiovasculares muitas vezes não apresentam sintomas ou podem causar dor
no peito ou falta de ar. O diagnóstico baseia-se geralmente na avaliação do historial médico, na auscultação dos sons cardíacos com
um estetoscópio e na realização de exames como o eletrocardiograma ou ecografia.[3] Os especialistas que se focam nas doenças do
[12]
coração denominam-secardiologistas, embora o tratamento possa envolver diversas especialidades médicas.
Índice
Sistema cardiovascular
Circulação sistémica e circulação pulmonar
Localização e morfologia do coração
Anatomia
Parede cardíaca
Cavidades
Válvulas
Circulação do sangue nas cavidades
Circulação coronária
Sistema de condução elétrica e músculo cardíaco
Sistema de condução elétrica
Estrutura do músculo cardíaco
Inervação
Ciclo cardíaco
Ritmo cardíaco
Doenças cardiovasculares
Doenças isquémicas e inflamatórias
Sons e sopros cardíacos
Arritmias
Insuficiência e doenças congénitas
Diagnóstico
Tratamento
Desenvolvimento
História
Da Antiguidade à Idade Média
Idade Moderna
Noutros animais
Anfíbios e répteis
Aves e mamíferos
Peixes
Invertebrados
Notas
Referências
Bibliografia
Ligações externas

Sistema cardiovascular
O sistema cardiovascular, ou sistema circulatório, é constituído pelo coração e pelos vasos sanguíneos. O coração, embora seja um
órgão único, pode ser descrito como um conjunto de duas bombas que fazem circular o sangue de forma contínua em dois circuitos: a
circulação sistémica e a circulação pulmonar. Os vasos sanguíneos transportam o sangue rico em oxigénio e nutrientes para todas as
células do corpo.[14]

Circulação sistémica e circulação pulmonar


O coração atua de forma semelhante a uma bomba hidráulica, fazendo com que o sangue circule no sistema cardiovascular de forma
contínua. O sistema cardiovascular divide-se em dois circuitos distintos: a circulação pulmonar, que transporta o sangue para os
pulmões onde se dão as trocas gasosas, e a circulação sistémica, que fornece sangue a todos os órgãos do corpo, incluindo aos

[14]
pulmões e ao próprio coração.[14]

O coração esquerdo irriga a circulação sistémica, bombeando sangue arterial rico em


oxigénio para a maior artéria do corpo, a artéria aorta. A aorta ramifica-se em
inúmeras artérias que levam o sangue a todas as células do corpo. Nas células, o
sangue liberta oxigénio e nutrientes e recolhe dióxido de carbono e outros resíduos
metabólicos. O sangue venoso, pobre em oxigénio, regressa ao coração pelas
veias.[14][15][7]
O coração atua no sistema
O coração direito irriga a circulação pulmonar. A aurícula direita recebe o sangue
circulatório de forma semelhante a
uma bomba, fazendo o sangue venoso da circulação sistémica, pobre em oxigénio. Daí passa para o ventrículo
circular em dois circuitos diferentes: direito, onde é bombeado para a artéria pulmonar e entra na circulação pulmonar.
a circulação sistémica, que leva o Nos pulmões, o sangue liberta o dióxido de carbono e recebe o oxigénio inalado pelo
oxigénio a todas as células do corpo, sistema respiratório. O sangue rico em oxigénio regressa então ao coração esquerdo
e a circulação pulmonar, que
pelas veias pulmonares. Entra pela aurícula esquerda e daí passa para o ventrículo
transporta o sangue para os
esquerdo, onde é novamente bombeado para a circulação sistémica, repetindo-se o
pulmões, onde recebe oxigénio.
ciclo. As válvulas cardíacas fazem com que o sangue flua em sentido único e ajudam
a manter a pressão necessária.[14][15][7]

Localização e morfologia do coração


O coração humano situa-se na caixa torácica, no espaço do mediastino médio à altura das
vértebras dorsais T5 a T8. É envolvido por um saco com duas membranas denominado
pericárdio, que o une ao mediastino.[16] A superfície posterior do coração encontra-se
adjacente à coluna vertebral e a superfície anterior encontra-se adjacente ao osso esterno e
às costelas.[7] A parte superior do coração é o nó de ligação de vários vasos sanguíneos de
grande dimensão: a veia cava, a artéria aorta e a artéria pulmonar. A parte superior do
coração situa-se à altura da terceira cartilagem costal.[7] O vértice inferior do coração, o
ápice cardíaco, situa-se à esquerda do esterno, a aproximadamente 8–9 cm da linha médio-
esternal, entre a união das quarta e quinta vértebras, perto da articulação com as respetivas
cartilagens costais.[7]

O coração tem forma cónica, estando a base orientada para a parte superior do corpo e o
ápice para a parte inferior.[7] A massa de um coração adulto é de 250 a 350 gramas.[17] O
coração é geralmente do tamanho de um punho cerrado, medindo em média 12 cm de O coração humano situa-se
comprimento, 8 cm de largura e 6 cm de espessura.[7] No entanto, os atletas de competição no mediastino médio, um
podem apresentar corações de tamanho muito maior devido ao efeito do exercício físico no espaço na caixa torácica
entre os pulmões. Pesa em
músculo cardíaco, de forma semelhante à resposta nomúsculo esquelético.[7]
média entre 250 e 350
Grande parte do volume do coração está ligeiramente orientado para o lado esquerdo do gramas e tem o tamanho
aproximado de um punho
tórax, embora muito raramente possa estar orientada para o lado direito. A percepção de se
cerrado.
encontrar no lado esquerdo é ainda ampliada pelo facto do coração esquerdo ser a parte
maior e mais forte, dado que tem a função de bombear o sangue para todo o corpo. Como o
coração se situa entre os pulmões, o pulmão esquerdo é ligeiramente menor que o pulmão direito e apresenta uma forma que permite
encaixar o coração.[7]

Anatomia

Parede cardíaca
A parede do coração é constituída por
três camadas: o endocárdio, o miocárdio
e o epicárdio. Estas camadas estão
envolvidas por um saco com duas
membranas denominado pericárdio. O
endocárdio é a camada mais interior do
coração. É constituída por um
revestimento de tecido epitelial
escamoso simples e reveste as
cavidades e as válvulas cardíacas.
Camadas da parede cardíaca, incluindo o O padrão complexo e em
pericárdio visceral e parietal. torvelinho do músculo Forma uma camada contínua com o
miocárdio permite ao coração endotélio das veias e das artérias e
bombear sangue de forma encontra-se unida ao miocárdio por uma
mais eficaz. camada fina de tecido conjuntivo.[7] O
endocárdio segrega endotelina, que
[7]
pode ter uma função na regulação da contração do miocárdio.

A camada intermédia da parede do coração é o miocárdio, que é o músculo cardíaco. Trata-se de uma camada de tecido muscular
estriado envolvida por uma estrutura de colagénio. O padrão do músculo cardíaco é intrincado e complexo, de modo a permitir ao
coração bombear sangue com maior eficácia. As células musculares fazem uma espiral à volta das cavidades do coração, em que os
músculos exteriores formam um 8 à volta das aurículas e das bases dos grandes vasos, e os músculos interiores formam um 8 à volta
dos dois ventrículos em direção ao ápice.[7]

O pericárdio envolve o coração e é constituído por duas membranas: uma membrana serosa interna denominada epicárdio e uma
membrana fibrosa externa. Por sua vez, o epicárdio, divide-se em pericárdio visceral e pericárdio parietal. Dentro destas camadas
existe a cavidade pericárdica, que contém o liquido pericárdico que lubrifica o coração.[7][18] O pericárdio ajuda a regular o ritmo
[7]
cardíaco e é através do epicárdio que os vasos sanguíneos e os nervos irrigam o músculo cardíaco.

Cavidades
O coração humano possui quatro cavidades, ou câmaras: duas aurículas na parte superior e dois ventrículos na parte inferior. As
aurículas recebem o sangue, enquanto os ventrículos têm a função de o bombear. O conjunto da aurícula e ventrículo direitos
[6]
denomina-se "coração direito" e, da mesma forma, o conjunto da aurícula e ventrículo esquerdos denomina-se "coração esquerdo".

As aurículas estão separadas dos ventrículos pelas válvulas auriculoventricularespresentes no septo atrioventricular. Os ventrículos
estão separados entre si pelosepto interventricular[19], enquanto as duas aurículas estão separadas entre si pelosepto interauricular. O
septo interventricular é muito mais espesso que o septo interauricular, uma vez que durante a contração os ventrículos geram uma
pressão muito superior.[7] A separação das cavidades pode também ser observada por sulcos presentes na superfície externa do
coração. O sulco coronário separa as aurículas dos ventrículos, enquanto os sulcos interventriculares anterior e posterior separam os
ventrículos.[19]

O septo atrioventricular que separa as aurículas dos ventrículos é formado pelo esqueleto cardíaco, uma estrutura de tecido
conjuntivo fibroso onde também se apoiam os anéis fibrosos das válvulas cardíacas. O esqueleto cardíaco tem também a função de
conduzir os estímulos elétricos através do coração, uma vez que o colagénio não é condutor de eletricidade.[7][20] Na aurícula
superior direita existe uma estrutura com a forma de orelha denominada apêndice auricular direito e outra na aurícula superior
[21]
esquerda denominada apêndice auricular esquerdo.

Coração direito
O coração direito é constituído por duas cavidades, a aurícula direita e o ventrículo
direito, separados pela válvula tricúspide.[7] A aurícula direita recebe sangue de
forma quase contínua a partir das duas principais veias do corpo, a veia cava
superior e inferior. A aurícula direita recebe ainda uma pequena quantidade de
sangue da circulação coronária através do seio coronário, situado imediatamente
acima da abertura da veia cava inferior.[7] Na parede da aurícula situa-se também
uma depressão denominada fossa oval, a qual é um vestígio de uma abertura durante
o desenvolvimento fetal denominada forame oval.[7] A maior parte da superfície
interna da aurícula direita é lisa, embora a fossa oval seja rugosa e a superfície
anterior possua cristas de músculo pectíneo.[7]

A aurícula direita encontra-se ligada ao ventrículo direito pela válvula tricúspide.[7]


As paredes do ventrículo direito encontram-se revestidas com trabéculas cárneas, Ilustração frontal de um coração
colunas de músculo cardíaco revestidas por endocárdio. Para além destas colunas, as humano. As setas brancas indicam o
paredes são também reforçadas por uma banda de músculo cardíaco denominada sentido de circulação do sangue. 1.
trabécula septomarginal, a qual é também fundamental para a condução dos Aurícula direita; 2. Aurícula
impulsos elétricos cardíacos. Esta estrutura tem origem na parte inferior do septo esquerda; 3. Veia cava superior; 4.
Veia cava inferior; 5. Artérias
interventricular e atravessa o espaço interior do ventrículo direito para se ligar ao
pulmonares esquerda e direita; 6.
músculo papilar inferior.[7] Quando se contrai, o ventrículo direito bombeia o sangue Veias pulmonares; 7. Válvula mitral;
para o tronco da artéria pulmonar. A passagem do sangue entre o coração direito e o 8. Válvula aórtica; 9. Ventrículo
tronco pulmonar é controlada pela válvula pulmonar. O tronco divide-se então nas esquerdo; 10. Ventrículo direito; 11.
artérias pulmonares direita e esquerda, que transportam o sangue pobre em oxigénio Veia cava inferior; 12. Válvula
para cada um dos pulmões.[7] tricúspide; 13. Válvula pulmonar

Coração esquerdo
O coração esquerdo possui duas cavidades: a aurícula esquerda e o ventrículo esquerdo, separados pela válvula mitral.[7] A aurícula
esquerda recebe o sangue oxigenado que regressa dos pulmões através de uma das quatro veias pulmonares. Tal como a aurícula
direita, a aurícula esquerda é revestida por músculo pectíneo.[22] A aurícula esquerda encontra-se ligada ao ventrículo esquerdo pela
válvula mitral.[7] O ventrículo esquerdo é muito mais espesso em comparação com o direito, uma vez que exerce uma força muito
superior para bombear o sangue para todo o corpo. Tal como o ventrículo direito, também apresenta trabéculas cárneas, mas não
possui trabécula septomarginal. O ventrículo esquerdo bombeia o sangue para o corpo através da válvula aórtica para a artéria aorta.
Por cima da válvula aórtica encontram-se dois pequenos orifícios que transportam sangue para o próprio coração, através da artéria
coronária esquerda e direita.[7]

Válvulas
O coração possui quatro válvulas que regulam a passagem do sangue entre as suas
cavidades. Existe uma válvula entre cada aurícula e ventrículo e uma válvula à saída
de cada ventrículo.[7] As válvulas entre as aurículas e os ventrículos são
denominadas válvulas auriculoventriculares. Entre a aurícula direita e o ventrículo
direito situa-se a válvula tricúspide. Esta válvula apresenta três cúspides[23] ligados
às cordas tendinosas e três músculos papilares, denominados anterior, posterior e
septal, de acordo com a sua posição.[23] Entre a aurícula esquerda e o ventrículo
esquerdo situa-se a válvula mitral. Esta válvula é por vezes denominada bicúspide,
por ter dois cúspides, um anterior e um posterior. Estes cúspides também estão
ligados pelas cordas tendinosas aos dois músculos papilares que se projetam da Ilustração em que foram removidas
ais aurículas e os maiores vasos
parede ventricular.[24]
sanguíneos, permitindo observar as
quatro válvulas.[7]
Os músculos papilares estendem-se a partir das paredes do coração para as válvulas através de ligações cartilaginosas denominadas
cordas tendinosas. Estes músculos impedem as válvulas de regredir quando se fecham.[25] Durante a fase de relaxamento do ciclo
cardíaco, os músculos papilares estão igualmente relaxados e a tensão nas cordas tendinosas é reduzida. Assim que as cavidades do
coração se contraem, também se contraem os músculos papilares. Isto cria tensão nas cordas tendinosas, o que ajuda a manter os
[7] [nota 4]
cúspides das válvulas auriculoventriculares no lugar e impede-as de serem projetadas para as aurículas.

À saída de cada um dos ventrículos existem duas válvulas adicionais. A válvula pulmonar situa-se na base da artéria pulmonar. Esta
válvula apresenta três cúspides que são se encontram ligados a quaisquer músculos papilares. Quando o ventrículo relaxa, o sangue
flui da artéria regressando ao ventrículo. Este refluxo preenche a válvula em forma de bolsa, o que exerce pressão contra os cúspides,
que se fecham para selar a válvula impedindo assim esse refluxo. A válvula aórtica situa-se na base da artéria aorta e também não se
encontra ligada aos músculos papilares. Também apresenta três cúspides que se fecham com a pressão do sangue que regressa da
aorta.[7]

Circulação do sangue nas cavidades


O coração direito recolhe o sangue desoxigenado a partir de duas grandes veias, a
veia cava superior e a veia cava inferior. A veia cava superior recolhe o sangue
proveniente das regiões do corpo acima do diafragma e descarrega-o na parte
superior e posterior da aurícula direita. A veia cava inferior recolhe o sangue
proveniente das regiões do corpo abaixo do diafragma e descarrega-o na parte
posterior da aurícula, por baixo da abertura da veia cava superior. Imediatamente por
cima do orifício da veia cava inferior encontra-se o orifício do seio coronário. O seio
coronário descarrega na aurícula direita o sangue desoxigenado da circulação
coronária. O sangue acumula-se na aurícula direita de forma contínua. Quando a
aurícula se contrai, o sangue é forçado a passar para o ventrículo direito através da
válvula tricúspide. Assim que o ventrículo se contrai, a válvula tricúspide fecha-se e
Circulação do sangue nas cavidades o sangue é bombeado para o tronco pulmonar através da válvula pulmonar. O tronco
do coração. pulmonar ramifica-se em artérias pulmonares e em artérias progressivamente
menores até chegar aos vasos capilares que irrigam os pulmões. Ao passar nos
alvéolos pulmonares, o dióxido de carbono é substituído por oxigénio.[7]

O sangue oxigenado é então transportado pelas veias pulmonares até à aurícula esquerda, de onde é bombeado para o ventrículo
esquerdo através da válvula mitral. Daí, é bombeado para a artéria aorta através da válvula aórtica, onde entra novamente na
circulação sistémica. A aorta é uma artéria de grande dimensão que se ramifica em muitas artérias menores, depois em arteríolas e
finalmente em vasos capilares. Nos vasos capilares, o oxigénio e os nutrientes do sangue são recolhidos pelas células para que os
possam usar nos processos metabólicos. As células libertam para o sangue dióxido de carbono e outros resíduos metabólicos.[7] O
sangue capilar, agora desoxigenado, é transportado pelasvénulas e veias, que descarregam na veia cava superior, entrando novamente
no coração direito.[7]

Circulação coronária
Tal como todas as células no corpo, o tecido cardíaco necessita de oxigénio, de nutrientes e de uma forma de remover resíduos
metabólicos. Esta função é desempenhada pela circulação coronária, que engloba as artérias, veias e vasos linfáticos que irrigam o
coração. A corrente sanguínea através dos vasos coronários tem intensidade variável, em picos e quebras, de acordo com o ciclo de
relaxamento ou contração do músculo cardíaco.[7]

O tecido do coração recebe sangue de duas artérias que têm início pouco acima da válvula aórtica: a artéria coronária esquerda e a
artéria coronária direita. Pouco depois de deixar a aorta, a artéria coronária esquerda bifurca em duas: a artéria descendente anterior
esquerda e a artéria circunflexa esquerda. A artéria descendente anterior esquerda ramifica-se depois em pequenas artérias que
irrigam o tecido do coração e a parte anterior, exterior e o septo do ventrículo esquerdo. A artéria circunflexa esquerda irriga a parte
posterior e inferior do ventrículo esquerdo. A artéria coronária direita irriga a aurícula direita, o ventrículo direito e as partes mais
inferiores do ventrículo esquerdo. No entanto, existe uma variação significativa entre
pessoas na anatomia das artérias que irrigam o coração. Em 90% das pessoas, a
artéria coronária direita também irriga sangue para o nódulo atrioventricular e, em
60% das pessoas, para onódulo sinusal.[26][7]

O seio coronário é uma grande veia que termina na aurícula direita e que recebe a
maior parte do sangue venoso do coração. Recolhe o sangue da veia cardíaca maior,
com origem na aurícula esquerda e em ambos os ventrículos, da veia cardíaca
posterior, com origem na parte posterior do ventrículo esquerdo, da veia cardíaca
média, com origem na parte inferior dos ventrículos, e da veia cardíaca menor.[27] A circulação coronária é o conjunto
As veias cardíacas anteriores recolhem o sangue da parte anterior do ventrículo de artérias e veias que irrigam o
[7]
direito e descarregam diretamente na aurícula direita. coração. A vermelho, as estruturas
que fazem parte da circulação
coronária. A azul, outras regiões.
Sistema de condução elétrica e músculo
cardíaco
Os batimentos cardíacos são o resultado de contrações do músculo miocárdio. Estas contrações são provocadas por estímulos
elétricos rítmicos produzidos pelas células marca-passo do nódulo sinusal, situado na parede da aurícula direita. Os impulsos fazem
com que as aurículas se contraiam, forçando o sangue a passar para os ventrículos. Os impulsos elétricos do nódulo
atrioventricular fazem com que os ventrículos se contraiam, bombeando o sangue. Depois da contração, os ventrículos relaxam, a
pressão diminui e são novamente preenchidos com sangue. Este processo tem o nome de ciclo cardíaco. O período de contração
denomina-se sístole e período de relaxamento diástole. O ritmo cardíaco em repouso de um adulto é, em média de 70 batimentos por
minuto, sendo mais elevado em crianças e idosos. O ritmo cardíaco aumenta temporariamente durante a prática de exercício físico
vigoroso, excitação emocional ou situações defebre, e diminui ao dormir.[15]

Sistema de condução elétrica


O coração possui um sistema excitatório que lhe permite gerar impulsos elétricos
rítmicos e um sistema de condução que lhe permite conduzir rapidamente esses
impulsos. Os impulsos provocam a contração rítmica das células cardíacas,
provocando o batimento cardíaco. Esses impulsos elétricos são denominados
potenciais de ação cardíacos e são produzidos por alterações químicas nas células
marca-passo do nódulo sinusal.[15]

O ritmo cardíaco normal em repouso do coração é denominado ritmo sinusal. Este


ritmo é produzido pelo nódulo sinusal, um grupo de células marca-passo situadas na
.[28] Estas
parede superior da aurícula direita, perto da união com a veia cava superior
células produzem um potencial de ação a partir do movimento de eletrólitos
específicos para dentro e para fora das células. Esse potencial de ação cardíaco, ou
[29]
impulso elétrico, propaga-se depois para as células nas proximidades.

Quando as células do nódulo sinusal se encontram em repouso, as suas membranas


possuem carga negativa. A rápida afluência de iões de sódio faz com que essa carga
se torne positiva. Este fenómeno tem o nome de despolarização e ocorre de forma
espontânea.[7] Assim que uma célula marca-passo atinge uma carga positiva Sistema de condução elétrica do
suficientemente elevada, os canais de sódio fecham-se e começam a entrar na célula coração
iões de cálcio. Pouco depois, os canais de cálcio fecham-se e os canais de
potássio abrem-se, permitindo ao potássio sair da célula. Isto faz com que a célula adquira novamente uma carga negativa, um
fenómeno denominado repolarização. Quando o potencial da membrana atinge aproximadamente −60 mV, os canais de cálcio
fecham-se e o processo repete-se.[7]
Todos os iões passam pelos canais iónicos na membrana das células sinoatriais.
Como o potássio e o cálcio só se começam a deslocar para dentro e para fora da
célula quando esta tem uma carga suficientemente elevada, diz-se que estes canais
são dependentes de voltagem.[7] Os iões deslocam-se das áreas onde estão
concentrados para áreas onde não estão. É por esta razão que o sódio se move do
exterior para o interior da célula, e o potássio se move do interior para o exterior da
célula. O cálcio tem uma função essencial. O seu afluxo através de canais lentos
permite às células sinoatriais terem um período refratário prolongado enquanto têm
carga positiva. Os iões de cálcio também se combinam com a proteína troponina C
para ativar a contração do músculo cardíaco, e separam-se para ativar o
relaxamento.[30]

O sinal elétrico gerado pelo nódulo sinoatrial percorre a aurícula direita de forma
radial e chega à aurícula esquerda através do feixe de Bachmann, fazendo com que Onda de despolarização
ambas as aurículas se contraiam ao mesmo tempo.[31][32][33] Em seguida, o sinal
passa para o nódulo atrioventricular, situado na parte inferior do septo atrioventricular. O septo faz parte do esqueleto cardíaco, o
qual é constituído por tecido colaginoso que o sinal elétrico não consegue atravessar, o que força o sinal a passar apenas pelo nódulo
auriculoventricular.[7] O sinal percorre então o feixe de His e os seus dois ramos através dos ventrículos do coração. Nos ventrículos,
o sinal é transportado por um tecido especializado denominado fibras de Purkinje, que por sua vez transmitem o sinal elétrico ao
músculo cardíaco.[34]

Estrutura do músculo cardíaco


Existem dois tipos de células no músculo cardíaco: os cardiomiócitos, células musculares com a capacidade de se contraírem
facilmente, e as células marca-passo do sistema condutor. As células musculares constituem a maioria (99%) das células nas aurículas
e nos ventrículos. Estas células contrácteis estão ligadas por discos intercalares que possibilitam uma resposta rápida aos impulsos do
potencial de ação cardíaco das células marca-passo. Os discos intercalares fazem com que as células atuem como sincícios e
possibilitam as contrações que bombeiam o sangue através do coração e para as principais artérias do corpo.[7] As células marca-
passo correspondem a 1% das células e constituem o sistema de condução elétrica do coração. São geralmente muito menores que as
células contractéis e possuem poucas miofibrilhas, o que limita a sua capacidade de contração. Em muitos aspetos, a sua função é
semelhante à dos neurónios.[7] O músculo cardíaco possui auto-ritmicidade, a capacidade de iniciar um potencial de ação cardíaco a
[7]
um ritmo fixo, propagando rapidamente o impulso elétrico de modo a contrair todo o coração.

Inervação
Embora o coração possua o seu próprio sistema excitatório, também é irrigado por nervos do sistema nervoso simpático e
[35]
parassimpático. Estes nervos não ativam o batimento cardíaco, mas são capazes de influenciar o seu ritmo e força de contração.

O coração recebe sinais nervosos do nervo vago e de nervos no tronco simpático. Estes nervos atuam para influenciar, e não
controlar, o ritmo cardíaco. Os nervos simpáticos também influenciam a força da contração cardíaca.[36] Os sinais que são
transmitidos por estes nervos têm origem em dois centros cardiovasculares no bulbo raquidiano. O nervo vago do sistema nervoso
parasimpático atua para diminuir o ritmo cardíaco, enquanto os nervos do tronco simpático atuam para aumentar o ritmo cardíaco.[7]
Estes nervos formam uma rede nervosa em redor do coração denominadaplexo cardíaco.[7][37]

O nervo vago é um nervo comprido e sinuoso que tem origem no tronco cerebral e que fornece estímulos parassimpáticos a vários
órgãos no tórax e no abdómen, entre os quais o coração.[38] Os nervos do tronco simpático têm origem nos gânglios torácicos T1 a
T4 e terminam nos nós sinusais e auriculoventricular, nas aurículas e nos ventrículos. Os ventrículos são mais ricamente inervados
por fibras simpáticas do que parasimpáticas. A estimulação simpática provoca a libertação do neurotransmissor noradrenalina na
junção neuromuscular dos nervos cardíacos. Isto diminui o período de repolarização, aumentando assim o ritmo de despolarização e
contração, o que aumenta o ritmo cardíaco. Abre também os canais iónicos de cálcio e de sódio, permitindo um afluxo de iões de
carga positiva.[7] A noradrenalina liga-se aoreceptor adrenérgico beta 1.[7]
Os centros cardiovasculares no tronco cerebral influenciam o ritmo cardíaco através
do nervo vago e do tronco simpático.[39] Estes centros recebem dados de uma série
de recetores bioquímicos, incluindo barorrecetores que detectam o alargamento dos
vasos sanguíneos, e quimiorrecetores, que detectam a quantidade de oxigénio e de
dióxido de carbono no sangue e o seu pH. Através de uma série de reflexos, estes
ajudam a regular e manter a circulação do sangue.[7]

Os barorrecetores são recetores sensoriais situados no seio aórtico, no corpo


carótido, nas veias cavas, nos vasos pulmonares e no próprio coração. O exercício
físico, o aumento da pressão arterial e alterações na distribuição do sangue fazem
com que estes recetores estiquem. Quando se encontram suficientemente esticados,
enviam sinais ao cérebro para que diminua a estimulação simpática e aumente a
estimulação parasimpática do coração, aumentando assim o ritmo cardíaco. Quando
a pressão desce novamente, os centros cariovasculares aumentam a estimulação
[7][40]
simpática e diminuem a estimulação parassimpática.

O aumento da pressão sanguínea na aurícula direita ou na veia cava desencadeia o


reflexo de Bainbridge, que aumenta o ritmo cardíaco.[41][7] Os quimiorrecetores
presentes no corpo carótido ou adjacentes à aorta são sensíveis aos níveis de
oxigénio e dióxido de carbono no sangue, sendo ativados quando os níveis gasosos
se encontram reduzidos.[42]

Ciclo cardíaco Irrigação nervosa autónoma do


coração
O ciclo cardíaco denomina um batimento cardíaco completo, composto pela sístole,
diástole e o momento de pausa.[9] O ciclo tem início com a contração das
aurículas e termina com o relaxamento dos ventrículos. A sístole a é contração
das aurículas ou dos ventrículos. A diástole é o relaxamento das aurículas ou
dos ventrículos e o momento em que se enchem novamente de sangue. As
aurículas e os ventrículos funcionam em conjunto. Quando os ventrículos se
contraem durante a sístole, as aurículas estão relaxadas e a receber sangue.
Quando os ventrículos estão relaxados durante a diástole, as aurículas
contraem-se para bombear sangue para os ventrículos. Esta coordenação
[7]
assegura que o sangue seja bombeado para o corpo de forma eficaz.

Ciclo cardíaco e respetivo


eletrocardiograma

No início do ciclo cardíaco, imediatamente antes da diástole, tanto as aurículas


como os ventrículos se encontram relaxados. Como o sangue flui das áreas de
maior pressão para as áreas de menor pressão, quando ambas as cavidades se
encontram relaxadas o sangue flui para as aurículas. À medida que as aurículas
Animação gráfica da atividade cardíaca.
se vão enchendo, a pressão aumenta de tal forma que o sangue flui para os
ventrículos. No fim da diástole, as aurículas contraem-se, fazendo com que
mais sangue flua para os ventrículos. Isto faz com que aumente a pressão nos ventrículos. Assim que os ventrículos atingem a
diástole, o sangue é bombeado para a artéria pulmonar (no vaso do ventrículo direito) ou para a artéria aorta (no caso do ventrículo
esquerdo).[9]
Quando as válvulas atrioventriculares (tricúspide e mitral) se encontram abertas para o sangue fluir para os ventrículos, as válvulas
aórtica e pulmonar encontram-se encerradas de modo a impedir que o sangue regresse para os ventrículos. Quando a pressão
ventricular é maior do que a pressão auricular, as válvulas tricúspide e mitral fecham-se. Quando os ventrículos se contraem, a
pressão força as válvulas aórtica e pulmonar a abrir. Assim que os ventrículos relaxam, as válvulas aórtica e pulmonar fecham-se
novamente em resposta à diminuição da pressão.[9]

Ritmo cardíaco
O ritmo cardíaco, ou frequência cardíaca, é o número de vezes que o coração bate por minuto. Esse batimento pode ser dividido em
várias fases a que se dá o nome deciclo cardíaco. O ritmo cardíaco normal em repouso denomina-se ritmo sinusal. O ritmo sinusal de
um adulto é, em média, de 70 batimentos por minuto (bpm), podendo variar entre 60 e 100 bpm. O ritmo sinusal é mais elevado em
crianças e idosos. Umrecém-nascido pode chegar aos 129 bpm, valor que vai gradualmente diminuindo ao longo do crescimento.[43]
O ritmo sinusal de um atleta de competição pode ser inferior a 60 bpm. Durante exercício físico vigoroso, o ritmo cardíaco atinge 150
[7]
bpm, podendo atingir um máximo de 200–220 bpm.

O ritmo cardíaco é influenciado por diversos fatores. O ritmo cardíaco aumenta temporariamente durante a prática de exercício físico
vigoroso, excitação emocional ou situações de febre, e diminui ao dormir.[15] A idade, temperatura corporal, taxa metabólica basal
podem também afetar o ritmo cardíaco. Níveis excessivos das hormonas epinefrina, norepinefrina e hormonas da tiroide podem
aumentar o ritmo cardíaco. Os níveis de eletrólitos, incluindo cálcio, sódio e potássio, podem também influenciar a velocidade e
regularidade do ritmo cardíaco. O ritmo pode também aumentar em situações de baixo oxigénio no sangue, baixa pressão arterial e
desidratação.[7]

Doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em todo o mundo.[44] A maior parte das doenças cardiovasculares não é
transmissível e está relacionada com o estilo de vida e outros fatores. A prevalência aumenta em função da idade.[44] Em 2008, as
doenças cardiovasculares foram responsáveis por 30% dos óbitos em todo o mundo.[11] A percentagem varia entre países, desde 28%
a 40% em países desenvolvidos.[12] Os médicos especialistas em doenças do coração são os cardiologistas. No tratamento das
[45]
doenças cardiovasculares podem estar envolvidas diversas especialidades.

Doenças isquémicas e inflamatórias


A doença arterial coronária é causada por aterosclerose, a acumulação de placas de
material degenerativo nas paredes interiores das artérias que provoca o seu
estreitamento e diminui o fluxo sanguíneo para o coração.[46] Uma placa estável
pode causar dores no peito ou falta de ar durante o exercício físico ou em repouso,
ou não manifestar sintomas. A rotura de uma placa pode bloquear um vaso
sanguíneo e provocar isquemia do músculo cardíaco, causando angina instável, um
enfarte do miocárdio[47] ou, em casos mais graves, uma paragem cardio- A doença arterial coronáriaé
respiratória.[48] Entre os fatores de risco para a aterosclerose e para a doença arterial causada por aterosclerose, a
coronária estão a obesidade, hipertensão arterial, diabetes não controlada, fumar e acumulação de placas de material
degenerativo nas artérias do
colesterol elevado.[44][46]
coração.
A cardiomiopatia é a deterioração da capacidade de contração do músculo cardíaco,
o que pode provocar insuficiência cardíaca. Embora as causas não sejam totalmente compreendidas, as causas identificadas incluem o
consumo excessivo de álcool, toxinas, doenças sistémicas como a sarcoidose e doenças congénitas. A cardiomiopatia é classificada
em função da forma como afeta o músculo cardíaco. A doença pode fazer com que o coração aumente de tamanho (cardiomiopatia
hipertrófica), pode restringir as paredes do coração c( ardiomiopatia restritiva) ou pode fazer com que o coração dilate c(ardiomiopatia
dilatada).[49] A cardimioopatia hipertrófica é muitas vezes subdiagnosticada e pode provocar paragem cardiorrespiratória em atletas
jovens.[7]
A inflamação do pericárdio denomina-se pericardite. Esta doença pode ter causa infecciosa, como mononucleose infecciosa,
citomegalovírus, vírus de Coxsackie, tuberculose ou febre Q, ou em doenças sistémicas como amiloidose ou sarcoidose, tumores ou
níveis excessivos de ácido úrico. Esta inflamação afeta a capacidade do coração em bombear sangue. Quando se verifica acumulação
de líquido no pericárdio, a condição é denominada derrame pericárdico. Quando este derrame, ou um trauma, causam insuficiência
cardíaca aguda, a condição é denominada tamponamento cardíaco.[50] Este processo pode comprimir o coração. O líquido pode ser
removido através de um procedimento denominadopericardiocentese.[51]

Sons e sopros cardíacos


Um dos métodos mais simples para avaliar o estado de saúde do coração é a
auscultação com um estetoscópio.[7] Geralmente, num coração saudável ouvem-se
apenas dois sons cardíacos, ou bulhas, denominados S1 e S2. O primeiro som
cardíaco (S1) é o som gerado pelas válvulas auriculoventriculares ao fecharem-se
durante a contração ventricular. O segundo som cardíaco (S2) é o som das válvulas
aórtica e pulmonar a fecharem-se durante a diástole ventricular.[7][52] No entanto,
em algumas pessoas é possível escutar-se outros sons para além dos sons normais, os
quais podem ser um sinal de problemas cardíacos. Os sons anormais tanto podem ser
sons adicionais como sopros causados pela circulação do sangue entre os dois sons.
Os mais comuns são os ritmos de galope S3 e S4, sopros cardíacos ou sons
adventícios.[52]

A presença de um terceiro som cardíaco (S3) geralmente indica um aumento de


volume do sangue no ventrículo. Um quarto som cardíaco, o S4, é geralmente
denominado "galope auricular" e é produzido pela passagem forçada do sangue num
ventrículo rígido. A presença combinada dos sons S3 e S4 é denominada "galope Fonograma com diferentessons
quádruplo".[7] cardíacos e respetivos problemas.

Os sopros cardíacos são sons cardíacos anormais que tanto podem ser benignos
como ser um sinal de uma doença cardíaca.[53] Existem vários tipos de sopros.[54] Os sopros são classificados de 1 a 6, em função do
volume. São também avaliadas a sua relação com os sons cardíacos normais, a posição no ciclo cardíaco, a sua propagação para
outros locais, eventuais alterações em função da posição da pessoa, a frequência do som e o local em que são auscultados com maior
intensidade.[54]

Os sopros podem ser o resultado de valvulopatias causadas pelo estreitamento ou regurgitação de qualquer uma das principais
válvulas, como é o caso daestenose aórtica, regurgitação mitral ou prolapso da válvula mitral. Podem também ser o resultado de uma
série de outras doenças, entre as quais comunicação interauricularou interventricular,[54] ou ainda ser causados por infeções, como a
endocardite infecciosaou febre reumática, em particular nos países em vias de desenvolvimento.[55] Um exemplo de sopro cardíaco é
o sopro de Still, que pode estar presente em crianças, mas que é assintomático e desaparece durante a adolescência.[56] Nos casos de
pericardite, em que as membranas inflamadas podem friccionar entre si, é possível auscultar um som denominado atrito
pericárdico.[57]

Arritmias
As anomalias no ritmo sinusal normal do coração podem impedir o coração de bombear sangue de forma adequada. As doenças deste
grupo são geralmente identificadas num eletrocardiograma. As arritmias podem causar ritmos cardíacos irregulares ou ritmos
cardíacos regulares, mas a velocidades anormais. O ritmo cardíaco anormalmente elevado denomina-se taquicardia, sendo
classificada em supraventricular ou ventrocular, dependendo da origem. O ritmo cardíaco anormalmente baixo denomina-se
bradicardia. A taquicardia define-se geralmente por um ritmo cardíaco superior a 100 bpm e bradicardia por um ritmo cardíaco
inferior a 60 bpm.[58] Uma assistolia é a paragem do ritmo cardíaco. Um ritmo aleatório e variável é classificado como fibrilação
auricular ou fibrilação ventricular, dependendo se a atividade elétrica tem origem nas aurículas ou nos ventrículos.[58] Uma anomalia
na condução elétrica pode causar um atraso ou alterações na ordem de contrações do músculo cardíaco. Isto pode ser o resultado de
uma doença, como o bloqueio de ramo, ou de uma doença congénita, como osíndrome de Wolff-Parkinson-White.[58]

Insuficiência e doenças congénitas


A insuficiência cardíaca é uma condição em que o coração não consegue bombear sangue em quantidade suficiente para responder às
necessidades do corpo.[46] É geralmente uma condição crónica, associada à idade e que se vai agravando gradualmente.[59] A doença
pode afetar cada um dos lados do coração de forma independente. A insuficiência do lado esquerdo pode levar à insuficiência do lado
direito através da deformação do músculo. Quando o coração não consegue bombear sangue suficiente, o sangue pode-se acumular
ao longo do corpo causando congestão pulmonar e edema pulmonar, inchaço dos pés, diminuição da tolerância ao exercício físico ou
outros sinais, como aumento de tamanho do fígado, sopros cardíacos ou aumento da pressão venosa jugular. Entre as causas mais
comuns de insuficiência cardíaca estão a doença arterial coronária,valvulopatias e doenças do músculo cardíaco.[60]

O coração pode ser afetado por doenças congénitas, ou doenças de nascença. Entre estas doenças estão um forame oval que não foi
devidamente encerrado durante o desenvolvimento, condição que se verifica em até 25% da população;[61] comunicação
interventricular ou interauricular; doenças congénitas das válvulas (como a estenose aórtica congénita); ou doenças relacionadas com
os vasos sanguíneos e circulação do sangue, como persistência do canal arterial ou coarctação da aorta.[62][63] Apesar de congénitas,
estas doenças podem manifestar sintomas a qualquer idade. Quando o sangue desoxigenado passa do coração direito para o esquerdo,
como na tetralogia de Fallot, a condição é facilmente observável à nascença, já que faz com que a pele do bebé apresente um tom
azul. Um problema cardíaco de nascença pode afetar a capacidade de crescimento da criança.[62] Alguns casos resolvem-se com o
tempo e são considerados benignos. Outros podem não manifestar sintomas e serem diagnosticados por acaso num exame cardíaco.
As doenças congénitas são na maior parte dos casos detectadas com umecocardiograma.[63]

Diagnóstico
As doenças cardíacas são diagnosticadas com base no historial clínico, no exame
físico pelo médico e em vários exames, dos quais os mais comuns são análises ao
sangue, ecocardiogramas, eletrocardiogramas e exames imagiológicos. Em alguns
casos podem ser necessários exames invasivos, comocateterismo cardíaco.[64]

O exame físico consiste na inspeção e palpação do peito com as mãos e na


auscultação do coração com um estetoscópio.[65][66] O exame permite também
observar eventuais sinais médicos presentes nas articulações ou mãos da pessoa.
Também é medida e auscultada a pulsação, geralmente na artéria radial perto do A realização de um
eletrocardiograma durante uma
pulso, de modo a avaliar o ritmo e força. É medida a pressão arterial, geralmente
prova de esforço é um exame de
com um esfigmomanómetro. Observam-se também eventuais alterações da veia
diagnóstico que regista a atividade
jugular. É apalpado o peito para detectar eventuais vibrações e depois auscultado elétrica do coração e permite detetar
com um estetoscópio. Esta avaliação permite detectar a presença de sopros cardíacos anomalias.
ou sons cardíacos adicionais.[66]

As análises gerais ao sangue permitem avaliar o estado geral de saúde da pessoa e determinar a presença de fatores de risco de
doenças cardiovasculares. Entre os parâmetros mais comuns estão um hemograma, que permite detectar anemia, e a medição dos
metabólitos, que permite detectar alterações nos eletrólitos. Pode também ser realizado um perfil lipídico e um exame à glicose em
jejum para avaliar os níveis de colesterol e diabetes. Em muitos casos pode ser necessário um coagulograma para determinar a dose
correta de anticoagulantes.[67] Entre os exames específicos, podem ser realizados exames à troponina. A troponina é um biomarcador
específico para doenças cardíacas, sensível à insuficiência no fornecimento de sangue pelo coração, sendo libertada 4 a 6 horas após a
lesão e atingindo um pico entre as 12 e 24 horas.[68]> Podem também ser realizados exames ao peptídeos natriuréticos cerebrais, um
biomarcador cujos níveis aumentam na presença de maior esforço do ventrículo esquerdo e permite avaliar a insuficiência
cardíaca.[69] O exame CPK-MB oferece informação sobre o fornecimento de sangue do coração, embora seja menos específico e
sensível do que os biomarcadores.[70]
Um eletrocardiograma (ECG) é um exame que regista a atividade elétrica do coração
por meio de elétrodos colocados na pele.[71] O ECG permite detectar distúrbios no
ritmo cardíaco e detectar quando não existe irrigação sanguínea suficiente no
coração.[71] Em alguns casos, pode haver suspeita de anomalias que não são
imediatamente observáveis no ECG. Nestes casos, pode ser realizado uma prova de
esforço que provoque essa anomalia. Quando a anomalia não se manifesta na data do
exame, é possível usar durante alguns dias um ECG portátil, como um monitor
Holter.[71] Existem três principais parâmetros de avaliação num eletrocardiograma:
a onda P, o complexo WRS e a onda T. A onda P corresponde à despolarização Ecocardiograma tridimensional em
que se avalia a função dasválvulas
auricular, o complexo QRS à despolarização ventricular e a onda T à repolarização
cardíacas.
ventricular.[71][7] Uma variação no registo no sentido descendente significa que a
carga das células se está a tornar mais positiva (despolarização), enquanto que no
sentido descendente significa que a carga das células se está a tornar mais negativa (repolarização).[71]

Estão também disponíveis vários exames imagiológicos para avaliar a anatomia e função cardíacas. Os mais comuns são a
ecocardiografia, angiografia, tomografia computorizada, ressonância magnética e tomografia por emissão de positrões. Um
ecocardiograma é uma ecografia do coração que permite avaliar a função cardíaca, detectar doenças nas válvulas e procurar
anomalias. A ecocardiografia pode ser realizada pelo exterior do peito (ecocardiografia transtorácica) ou com uma sonda no esófago
(ecocardiografia transesofágica). Um relatório ecocardiográfico geralmente inclui informação sobre a largura e eventual dilatação das
válvulas, eventuais regurgitações de sangue e informação sobre o volume de sangue no fim da sístole e da diástole.[72] As
ecocardiografias podem ser realizadas em situações em que o corpo esteja mais stressado, como em provas de esforço, o que permite
detectar sinais de insuficiente irrigação sanguínea.[66] As tomografias e os raios-X ao tórax permitem avaliar a morfologia do coração
e da aorta, detectar sinais deedema pulmonar e indicar se existe derrame pericárdico à volta do coração.[66]

Tratamento
Estão disponíveis vários fármacos e técnicas cirúrgicas para o tratamento de doenças
cardíacas. O tratamento passa também por medidas para prevenir a ocorrência da
doença, prevenir o aparecimento de ateroesclerose ou diminuir o agravamento dos
sintomas. Entre as principais medidas de prevenção estão deixar de fumar, diminuir
o consumo de bebidas alcoólicas, praticar exercício físico e modificar a dieta de
modo a diminuir o consumo de gordura e açúcar. Os medicamentos permitem
também controlar a diabetes. Os níveis de colesterol podem ser diminuídos com
estatinas.[67] Em muitas das doenças cardíacas, incluindo fibrilhação auricular,
valvulopatias, e após cirurgia cardíaca, são administrados em simultâneo
anticoagulantes como a aspirina, varfarina ou clopidogrel, de modo a diminuir o
risco de AVC ou de trombose.[67]

No tratamento de doenças isquémicas podem ser administrados nitroglicerina,


betabloqueadores e, no contexto de um episódio agudo, analgésicos fortes como a
morfina e outros opiáceos. Muitos destes fármacos oferecem ainda outros benefícios
protetores, ao diminuir a ação do sistema simpático ou dilatar os vasos
sanguíneos.[67] Para o tratamento de doenças relacionadas com o ritmo cardíaco
Aplicação de um stent.
podem ser administrados antiarrítmicos, realizada uma cardioversão ou serem
aplicados implantes. Alguns antirrítmicos atuam nos canais de eletrólitos para
modificar o potencial de ação cardíaco., como é o caso dos bloqueadores dos canais de cálcio ou bloqueadores dos canais de sódio.
Outros interferem com a estimulação do coração pelo sistema nervoso simpático, como é o caso dos betabloqueadores. Outros ainda
modificam o movimento do sódio e do potássio pelas membranas celulares, como a Digoxina.[73] A atropina é usada no tratamento
de ritmos lentos e a amiodarona no tratamento de ritmos irregulares. A arritmia causada por fibrilação auricular pode também ser
tratada com cardioversão elétrica. Nos casos de ritmo cardíaco lento ou bloqueio cardíaco é possível implantar um pacemaker ou
desfibrilhador.[67]

Nos casos em que é necessária cirurgia cardiovascular, esta pode ser aberta ou, de forma menos invasiva, através da inserção de
pequenos arames pelas artérias periféricas, a que se dá o nome de angioplastia coronária. Esta intervenção é geralmente realizada no
contexto de uma síndrome coronária aguda e pode ser usada para inserir um stent coronário.[74] Um exemplo deste tipo de
intervenção é a ponte de safena, em que se faz uma ponte nas artérias bloqueadas do coração usando vasos sanguíneos recolhidos
noutras partes do corpo, permitindo ao sangue voltar a fluir normalmente.[74] Nas valvulopatias pode ser realizadas cirurgias para
reparação ou substituição das válvulas.[74]

Desenvolvimento
Durante a gravidez, o desenvolvimento do coração tem início com a formação de
dois tubos endocardíacos no embrião por volta da terceira semana de gestação. Estes
tubos fundem-se, formando um tubo cardíaco primitivo denominado coração
tubular.[75] Entre a terceira e quarta semana de gestação, o coração tubular aumenta
de comprimento e começa-se a dobrar em forma de "S" no periocárdio, dando ao
coração desenvolvido o alinhamento correto. Por volta do mesma altura começam-se
a formar os septos e as válvulas e as cavidades começam a tomar forma. Por volta do
fim da quinta semana, está concluída a formação dos septos. Na nona semana está
concluída a formação das cavidades.[7]

O coração embrionário começa a bater cerca de 22 dias após a fecundação, a um Em cima: desenvolvimento do
ritmo aproximado do da mãe (75–80 bpm). O ritmo aumenta progressivamente até coração humano durante as
atingir um máximo de 165–185 bpm por volta da sétima semana de gestação.[76] primeiras oito semanas de gestação.
Em baixo: formação das cavidades
Após a nona semana, quando se dá o início da fase fetal, o ritmo diminui
cardíacas.
progressivamente até cerca de 145 (±25) bpm no momento do parto. Antes do
[77]
nascimento, não existem diferenças de ritmo cardíaco entre os sexos.

Até à quinta semana forma-se no coração fetal um orifício denominado forame oval. Este orifício permite ao sangue passar
diretamente da aurícula direita para a aurícula esquerda, desviando-o dos pulmões. Segundos após o parto, este orifício é fechado por
uma membrana de tecido denominada septo primário, que até esse momento funcionava como válvula, dando assim início ao padrão
de circulação de sangue regular.[7]

História

Da Antiguidade à Idade Média


Desde a Antiguidade que o ser humano conhece a existência do coração, embora a sua função e anatomia não fossem totalmente
compreendidas.[78] As primeiras sociedades viam o coração de forma essencialmente religiosa. Os gregos antigos foram os primeiros
na Antiguidade a tentar compreender o coração de forma científica.[79][80][81] Aristóteles acreditava que a função do coração era
produzir sangue e Platão considerava que o sangue em circulação tinha origem no coração. Hipócrates observou que o sangue
circulava ciclicamente do corpo para os pulmões através do coração.[79][81] O anatomista Erasístrato, que descobriu as válvulas
cardíacas, observou também que o coração atuava como uma bomba e que fazia dilatar os vasos sanguíneos. Descobriu ainda que
tanto as artérias como as veias irradiavam a partir do coração, tornando-se progressivamente mais estreitas à medida que se afastavam
do órgão. No entanto, acreditava que continham ar, e não sangue.[79]
No século II, o médico grego Cláudio Galeno foi o primeiro a distinguir o sangue
venoso (vermelho escuro) do arterial (mais claro e menos espesso) e concluiu que
cada um teria diferentes funções. No entanto, acreditava que o sangue arterial era
criado a partir do sangue venoso ao passar por poros entre os ventrículos, onde
receberia ar dos pulmões através da artéria pulmonar.[81][79] Ao observar que o
coração era o órgão mais quente do corpo, sugeriu que seria o órgão responsável
pelo calor corporal. Galeno acreditava também que não era o coração que bombeava
o sangue, apenas que o sugava durante a diástole, e que o sangue fluía movido pela
pulsação das próprias artérias.[78][81] As propostas de Galeno só seriam
questionadas cerca de um milénio mais tarde.[78][81] A primeira descrição da
circulação coronária e pulmonar foram publicadas pelo médico árabe Ibn al-Nafis na
obra Comentário sobre o Cânone da Medicina de Avicena, editada em 1242.[82] Al-
Nafis observou que o sangue passava pela circulação pulmonar, e não entre os
ventrículos, como acreditava Galeno.[83] A publicação foi mais tarde traduzida para
latim por Andrea Alpago.[84] Ilustração do coração e dos vasos
sanguíneos da autoria deLeonardo
da Vinci, século XV
Idade Moderna
No início da Idade Moderna, a comunidade académica na Europa continuava a ser
dominada pelas ideias de Galeno, as quais foram adotadas como cânone pela própria
Igreja. Em 1543, Andreas Vesalius publicou a obra De Humani Corporis Fabrica, na
qual questionava algumas das crenças de Galeno sobre o coração. No entanto, esta
obra foi considerada uma afronta à autoridade e sujeita a uma série de ataques na
época.[85] Em 1553, Miguel Servet defendeu em Christianismi Restitutio que o
sangue passa de um lado do coração para o outro por meio dos pulmões.[85] Um dos
grandes avanços na compreensão da corrente sanguínea no coração e no corpo
aconteceu com a publicação em 1628 da obra De Motu Cordis pelo médico inglês
William Harvey. O livro de Harvey descreve de forma precisa a circulação sistémica
[81]
e a força mecânica do coração, tendo tornado obsoletas as doutrinas de Galeno.

No início do século XX, embora trabalhando de forma independente, o médico


alemão Otto Frank e o médico inglês Ernest Starling publicaram vários estudos
sobre o coração que seriam sintetizados no mecanismo de Frank-Starling.[7] Embora Ilustração anatómica do coração
as fibras de Purkinje e o feixe de His já tivessem sido descobertos no século XIX, a para a obra Thesaurus anatomicus
sua função específica no sistema de condução elétrica permaneceu desconhecida até primus de Frederik Ruysch, 1701

à publicação, em 1906, da monografia de Sunao Tawara Das Reizleitungssystem des


Säugetierherzens. Tawara descobriu também o nódulo auriculoventricular, o que levou mais tarde Arthur Keith e Martin Flack a
procurar estruturas semelhantes e à descoberta em 1907 do nódulo sinusal. Estas estruturas correspondem aos fundamentos
anatómicos do eletrocardiograma, cujo inventor, Willem Einthoven, foi agraciado em 1924 com oNobel de Medicina.[86]

O primeiro transplante de coração bem sucedido foi realizado em 1967 pelo cirurgião sul-africano Christiaan Barnard. Este evento é
considerado um marco importante na cirurgia cardíaca, tendo chamado à atenção não só da comunidade científica, mas de todo o
mundo. No entanto, nos primeiros anos de transplantes a sobrevivência a longo prazo dos pacientes era muito baixa. A primeira
pessoa a receber um transplante, morreu decorridos apenas 18 dias da operação e outros pacientes não sobreviviam mais do que
algumas semanas.[87] Nos anos seguintes as técnicas de transplante foram significativamente melhoradas, graças ao trabalho pioneiro
dos cirurgiões Norman Shumway, Richard Lower, Vladimir Demikhov e Adrian Kantrowitz. À data de março de 2000, tinham já
[88]
sido realizados em todo o mundo cerca de 55 000 transplantes de coração.

Em meados do século XX, as doenças cardiovasculares ultrapassaram pela primeira vez as doenças infecciosas como principal causa
de morte nos Estados Unidos e são hoje a principal causa de morte em todo o mundo. Desde 1948 que o Estudo de Framinghan tem
vindo a descobrir a influência no coração de vários fatores, entre os quais a dieta, exercício físico e medicamentos comuns como a
aspirina. Embora o aparecimento no mercado de vários inibidores da enzima de conversão da angiotensina e de betabloqueadores
tenha melhorado significativamente o tratamento dainsuficiência cardíaca crónica, a doença continua a representar enormes encargos
médicos e sociais.[89]

Noutros animais
O volume do coração varia significativamente entre os diferentes filos animais, desde os pequenos corações de algumas espécies de
ratos com 12 miligramas até ao coração da baleia-azul, que pesa mais de 600 quilos.[90] O ritmo cardíaco também varia de forma
significativa entre as diferentes espécies, desde os 20 bpm nobacalhau até aos 1200 bpm no beija-flor-de-pescoço-vermelho.[91][92]

A estrutura do coração varia entre as diferentes classes do reino animal. Tal como no ser humano, nos restantes vertebrados o coração
situa-se no centro do corpo e encontra-se envolvido por um pericárdio,[93] que geralmente é uma estrutura distinta, mas que em
alguns peixes sem mandíbula pode estar ligado ao peritónio.[94] O nódulo sinoauricular está presente em todos os amniotas, mas não
nos vertebrados mais primitivos. Em animais mais primitivos, os músculos do coração são relativamente contínuos e o ritmo cardíaco
é controlado pelo seio venoso, de forma homóloga ao nódulo sinoauricular em amniotas. Nos teleósteos, o principal centro de
coordenação é na aurícula.[91]

Anfíbios e répteis
Os anfíbios adultos, tal como a maior parte dos répteis, possuem um sistema
circulatório duplo; ou seja, dividido nas partes arterial e venosa. No entanto, o
coração em si não se encontra totalmente dividido em dois lados como nos
mamíferos. O coração destes animais organiza-se em três cavidades: duas aurículas e
um ventrículo. As aurículas recolhem o sangue proveniente da circulação pulmonar
e da circulação sistémica, passa para o ventrículo e daí é bombeado em simultâneo
para o corpo e para os pulmões. O sistema duplo permite ao sangue circular de e
[95]
para os pulmões, que entregam sangue oxigenado diretamente ao coração.
Corte de um coração de três
Na maioria dos répteis o coração situa-se geralmente a meio do tórax. Nas serpentes, cavidades num anfíbio adulto. As
situa-se na união do primeiro e segundo segmentos. Tal como os anfíbios adultos, o regiões a roxo representam as áreas
coração de maior parte dos répteis possui três cavidades: duas aurículas e um onde ocorrem as trocas gasosas. 1.
ventrículo. No entanto, esse ventrículo encontra-se parcialmente dividido por um Veia pulmonar, 2. Aurícula esquerda,
3. Aurícula direita, 4. Ventrículo, 5.
septo com aberturas consideráveis junto à artéria pulmonar e aorta. No entanto,
Cone arterial, 6. Seio venoso.
apesar dessas aberturas, na maior parte das espécies de répteis aparenta existir pouca
ou nenhuma mistura entre as correntes sanguíneas, pelo que a aorta recebe apenas
sangue oxigenado.[91][95] A exceção a esta regra são oscrocodilos, que possuem um coração com quatro cavidades distintas.
[96]

Aves e mamíferos
O coração dos mamíferos e dos arcossauros (crocodilianos e aves) está completamente separado em duas bombas, num total de
quatro cavidades. Pensa-se que o coração de quatro cavidades dos arcossauros tenha evoluído de forma independente do dos
mamíferos. Nos crocodilianos existe na base dos troncos ateriais um pequeno orifício, o forame de Panizza, que durante o mergulho
permite alguma mistura entre as correntes sanguíneas de cada lado do coração.[97][98] Assim, só nos mamíferos e nas aves é que
existem duas correntes de sangue (sistémica e pulmonar) totalmente separadas por uma barreira física.[91] O coração dos restantes
mamíferos é idêntico ao coração humano. Possui quatro cavidades: duas aurículas na parte superior, que recebem o sangue, e dois
[99]
ventrículos na parte inferior, de onde é bombeado o sangue, separadas por quatro válvulas.

O sistema circulatório das aves é impulsionado por um coração miogénico de quatro câmaras protegido por um pericárdio fibroso. O
pericárdio encontra-se preenchido com fluido seroso que o lubrifica.[100] O coração em si está dividido em duas metades, direita e
esquerda, cada uma constituída por umaaurícula e um ventrículo. As aurículas e ventrículos de cada lado estão separados entre si por
válvulas cardíacas que impedem que o sangue passe de uma câmara para a outra durante a contração. Sendo miogénico, o ritmo
cardíaco é mantido pelas células marca-passo do nó sinusal situado na aurícula direita. O coração das aves também apresenta arcos
musculares, constituídos por camadas espessas de músculo. De forma semelhante ao coração dos mamíferos, o coração das aves é
constituído pelas camadas do endocárdio, miocárdio e pericárdio.[100] As paredes auriculares tendem a ser mais delgadas do que as
paredes ventriculares, devido à intensa contração ventricular usada para bombear sangue oxigenado pelo corpo. Em comparação com
a massa corporal, o coração das aves é geralmente maior do que o dos mamíferos. Esta adaptação permite que seja bombeada maior
quantidade de sangue de modo a responder às necessidades metabólicas associadas ao voo.[101] As principais artérias que
transportam o sangue do coração têm origem no arco aórtico direito, ao contrário dos mamíferos, em que é o arco aórtico esquerdo
que forma esta parte da aorta. A veia cava inferior recebe o sangue dos membros através do sistema venoso portal. Também ao
contrário dos mamíferos, osglóbulos vermelhos das aves mantêm o seunúcleo celular.[102]

Peixes
O coração dos peixes é muitas vezes descrito como tendo duas cavidades – uma
aurícula que recebe o sangue e um ventrículo que o bombeia.[103][104] No entanto,
apresenta também dois compartimentos, um de entrada e um de saída, que alguns
autores classificam como cavidades. Assim, dependendo daquilo que se considera
cavidade, o coração dos peixes também pode ser descrito como um coração de três
cavidades[103] ou de quatro cavidades.[105] A aurícula e o ventrículo são por vezes
Circulação do sangue pelo coração
denominados "cavidades verdadeiras", enquanto as restantes são denominadas
da maioria dos peixes:seio venoso,
"cavidades acessórias".[106]
aurícula, ventrículo e infundíbulo
cardíaco.
Os peixes primitivos apresentam um coração de quatro cavidades. No entanto, essas
cavidades estão dispostas de forma sequencial, pelo que este coração primitivo é
significativamente distinto do coração dos mamíferos e aves. A primeira cavidade é o seio venoso, que recebe pela veia hepática e
veia cardinal o sangue pobre em oxigénio do corpo. Daqui o sangue passa para a aurícula e depois para o ventrículo musculado, onde
ocorre a ação de bombear. A quarta e última câmara é o infundíbulo cardíaco, ou cone arterial, que contém várias válvulas que
enviam o sangue para a aorta ventral. Por sua vez, a aorta ventral transporta o sangue até às guelras, onde recebe oxigénio e circula
para o resto do corpo.[91]

No peixe adulto, as quatro cavidades não estão dispostas em linha, mas sim em forma de "S", em que as últimas duas cavidades estão
superiores às duas primeiras. Este padrão relativamente simples pode ser observado nos peixes cartilaginosos e nos actinopterígeos.
Nos teleósteos, o infundíbulo é muito pequeno, pelo que geralmente é considerado parte da aorta e não do próprio coração. Este
infundíbulo não está presente em nenhum amniota, tendo possivelmente sido absorvido pelos ventrículos ao longo da evolução. Da
mesma forma, enquanto o seio venoso está presente de forma vestigial em alguns répteis e aves, noutros animais foi absorvido pelo
ventrículo direito e já não é distinguível.[91]

Invertebrados
Os artrópodes como os insetos, aracnídeos, miriápodes e crustáceos, bem como a maior parte dos moluscos, possuem um sistema
circulatório aberto. Neste sistema, o sangue pobre em oxigénio é armazenado em cavidades à volta do coração e lentamente vai
permeando a parede do coração através de pequenos canais unidirecionais. Esse sangue é bombeado pelo coração para a hemocele,
uma cavidade entre os órgãos. O coração dos artrópodes é geralmente um tubo muscular que se estende desde a base da cabeça ao
longo de todo o comprimento do corpo. Em vez de sangue, estes animais possuem hemolinfa. A molécula de transporte de oxigénio
mais comum entre os artróprodes é ahemocianina, só se encontrando hemoglobina em algumas espécies.[107]

Os cefalópodes têm dois corações branquiais e um coração sistémico. Os corações branquiais possuem duas aurículas e dois
ventrículos cada um e têm a função de bombear sangue para as guelras, enquanto que o coração principal tem a função de bombear
sangue para o corpo.[108][109]

Notas
1. Do corpo para o coração
2. Veias que transportam sangue oxigenado dos pulmões para o coração
3. Veias que realizam a drenagem venosa do próprio tecido cardíaco
4. Note-se que não são os músculos que fazem com que as válvulas se abram. A abertura é o resultado da diferença
[23]
de pressão entre o sangue nas aurículas e nos ventrículos.

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