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Instituto de Geografia. Universidade Federal de Uberlândia.
Avenida Gonzaga, n° 1253 Tapuirama - Distrito de Uberlândia – MG. CEP: 38417-000
E-mail: francielelemes@yahoo.com.br
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Profa. Dra. da Universidade federal de Uberlândia. Instituo de Geografia. Email: vaniarubia@netsite.com.br
Avenida Salin Suaid,12 – 401 Uberlândia – MG. CEP: 38408-016
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coração continental, controlaria a ilha Suas teorias sobre espaço vital foram
mundo, quem dominasse essa ilha, amplamente discutidas e muitos as
dominaria o mundo. associam, de maneira equivocada, com o
O oficial da marinha norte - americana “Terceiro Reich” e a política expansionista
Alfred Thayer Mahan, por sua vez, foi um da Alemanha nazista (1933-1945). Esse foi
grande defensor do poder marítimo. Autor um dos motivos que levaram a Geopolítica
da obra “A influência do poder marítimo a enfrentar uma crise a partir do final da
sobre a história”, publicada em 1890, Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Mahan acreditava que os fluxos do José William Vesentini (2000) afirma que
comércio internacional dependiam a Geopolítica passou a ser identificada com
intrinsecamente do oceano e que um país o fascismo italiano e principalmente o
só se tornaria grande potência mundial se nazismo; praticá-la ou mesmo escrever
controlasse as rotas marítimas. sobre ela, passou a ser algo não
O poder aéreo também foi discutido por recomendável no mundo acadêmico e
grandes estrategistas; entre eles, William científico. A partir de meados da década de
Mitchell, J.F. Von Seecket, Alexandre P. 1970, passou-se a discutir teorias a respeito
Seversky e J. Douhet. do embate entre capitalismo e socialismo, a
Miyamoto (1995) afirma que a conquista guerra fria e a sua lógica, e os riscos de
dos ares tornou-se, a partir da Primeira uma terceira guerra mundial.
Guerra Mundial (1914-1918), um dos Vesentini considera que essa retomada de
fatores cruciais para assegurar um bom discussão sobre assuntos geopolíticos foi
resultado no combate militar, diminuindo e uma iniciativa de Yves Lacoste e seu
rompendo barreiras muitas vezes difíceis grupo, reunido em torno da revista
de serem transpostas por vias Hérodote, cujo primeiro número foi
convencionais. editado em 1976. Nesse mesmo ano, Yves
Muitos estudiosos consideram o alemão Lacoste escreveu a primeira edição do
Karl Haushofer, professor da Universidade livro “A Geografia, isso serve, em primeiro
de Munique, mero aplicador das idéias de lugar, para fazer a Guerra”. Neste livro, o
Mahan e Mackinder. Ele preocupava-se em autor aponta o verdadeiro papel da
ampliar o espaço vital da Alemanha; Geografia, o que causou, na época, um
influenciado pelas idéias de Ratzel e escândalo na corporação dos geógrafos
Kjéllen, acreditava no pressuposto de que o universitários franceses.
espaço rege a História da humanidade e é o
fator mais decisivo na política mundial.
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Há que se registrar, ainda, que a Geografia Preparar-se para a guerra, seja para
a luta contra outros aparelhos de
Política não se limita à abordagem dos Estados, como para a luta interna
Estados: contra aqueles que colocam em
causa do poder, ou querem dele se
apossar, é organizar o espaço de
maneira a ali poder agir do muno
O Estado, mesmo sendo a mais
mais eficaz possível. (LACOSTE,
acabada e mais incômoda das
2002, p. 31).
formas políticas, não é a única.
Se a linguagem tivesse sido
criada para justificar o poder Fazer com que os homens adquiram essa
político e as relações que ele
estabelece no espaço e no tempo, consciência crítica é uma das tarefas do
o Estado certamente teria tido
educador em Geografia que se preocupa
um lugar privilegiado, mas não
estaria sozinho. Sem dúvida, com a cidadania e democracia:
essa é uma das razões pelas
quais a “geografia política”, na
realidade a geografia do Estado, É preciso fazer com que aqueles
permaneceu marginal e pouco que ensinam a Geografia hoje
integrada no corpus geográfico. tomem consciência de que o
Em vez de se interessar por saber pensar o espaço pode ser
qualquer organização dotada de uma ferramenta para cada
poder político suscetível de se cidadão, não somente um meio
inscrever no espaço, a geografia de compreender melhor o mundo
política só viu e, em e seus conflitos, mas também a
conseqüência, só fez análise de situação local na qual se
uma forma de organização: a do encontra cada um de nós.
Estado. (RAFFESTIN, 1993, p. (LACOSTE, 1985, p. 256)
28)
Lacoste:
Diante disso, com o objetivo de despertar a
criticidade de alunos e professores, e
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Para a elaboração dos questionários foi utilizado
como base de apoio o material de assessoria
pedagógica da Série Parâmetros, Geografia para o
ensino médio. Geografia geral e do Brasil de
MOREIRA E SENE.
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Gráficos 1 e 2
Diante disso, questiona-se: Como preparar
o educando para o exercício da cidadania
88% dos alunos de Ensino Fundamental, e sem que conheça o significado do termo
76% dos alunos de Ensino Médio, democracia? Afinal, sem democracia não
Ensino Fundamental
16% 10% 9%
3% 26%
65%
71%
sim teoricamente sim
não não souberam
Gráficos 3 e 4
Ensino Médio
58% dos alunos do ensino fundamental e
65% dos alunos do ensino médio
responderam que, teoricamente, sim, o 10% 17%
judiciário.
Os dados apontam que a maior parte dos
alunos consegue definir precisamente o sim não
sim não
12% dos alunos do ensino fundamental e
30% dos alunos do ensino médio admitem
Tema mundialmente discutido, por a resposta, indicando, mais uma vez, o seu
especialistas e leigos, principalmente após desinteresse por tais temas.
os ataques ao World Trade Center (11 de Os demais alunos (48% dos alunos do
setembro de 2001), a “guerra contra o ensino fundamental e 45% dos alunos do
terrorismo” é um dos mais importantes ensino médio) como demonstram os
fatos geopolíticos da história gráficos, afirmam que os motivos da guerra
contemporânea da humanidade. Mas, qual são: combater o terrorismo nos chamados
o verdadeiro motivo dessa guerra travada “Estados do eixo do mal”; defender a
pelos Estados Unidos? A escola discute segurança nacional americana ou combater
essa questão com os alunos? E estes o fundamentalismo islâmico.
possuem, de fato, conhecimento sobre o
tema? Substituiu-se a noção coletiva das
causa profundas da Guerra
40% dos alunos de ensino fundamental e estadunidense, baseada na história,
45% dos alunos de ensino médio disseram pela necessidade de “combater o
mal”, de deter os chamados
que a “guerra contra o terrorismo”, é, na “Estados delinqüentes”, de caçar
“Osama”, palavras repetidas
verdade, a nova guerra dos Estados Unidos continuamente e que fazem parte
contra os países que não se alinham à nova de uma campanha propagandista
cuidadosamente orquestrada.
ordem mundial, nem aos postulados do (Chossudovsky, 200, p. 32)
sistema de livre mercado, mostrando, com
criticidade, certa indignação. Cabe aqui discutir a influência e poder da
mídia na formação e controle da opinião
A nova guerra dos Estados unidos pública. E admitir que ela oculta sua
consiste em abrir novas “fronteiras submissão aos poderes econômicos e
econômicas” para o capital
estadunidense. Por conseguinte, a políticos, e constrói “verdades” que, na
invasão militar encabeçada por
esse país responde aos interesses maioria das vezes, geram preconceitos
dos gigantes petrolíferos anglo- graves, manipulando a sociedade moderna.
americanos, aliados aos cinco
grandes fabricantes de armas dos É necessário defender a informação como
Estados Unidos: Lockheed Martin,
Raytheon, Norhrop Grummmman,
um bem público. A escola deve
Boeing e General Dynamies. transformar pessoas em cidadãos críticos e
(Chossudovsky, 2002, p. 91.)
participantes da organização do seu
12% dos alunos do ensino fundamental e espaço, deve assumir as novas tecnologias,
o seu poder é forte, mas não é superior à É consenso a importância da pesquisa para
inteligência humana. a educação escolar e a formação da opinião
pública. Os gráficos demonstram a
8) Como você obtém informações sobre
insuficiência de recursos para pesquisas
fatos políticos mundiais e conflitos étnicos
nos distritos. 42% dos alunos de ensino
e sociais?
fundamental e 58% dos alunos do ensino
televisão
52% 48%
Gráfico 13 e 14
14
19%
63%
17% 64%
sim não
as unidades internas gozam de relativa autonomia
política com relação ao poder central e têm seus
governantes eleitos diretamente
Gráficos 15 e 16
No Estado federal, as unidades internas não têm
autonomia política e seus governantes são
indicados pelo poder central
37% dos alunos de ensino fundamental e
não responderam
48% dos alunos de ensino médio
consideram os conteúdos de Geografia
Gráfico 17
Política e Geopolítica, trabalhados na
disciplina de Geografia da sua escola,
No Estado Federal, as unidades internas
suficientes para sua formação como
gozam de relativa autonomia política em
cidadão crítico e democrático e afirmam
relação ao poder central e têm seus
que as professoras explicam muito bem
governantes eleitos diretamente. A
esse tema.
característica mais importante da federação
52% dos alunos de ensino fundamental e
é a convivência entre os três poderes; o
63% dos alunos de ensino médio não estão
Brasil e os Estados Unidos são exemplos
satisfeitos com o ensino desses temas em
de Estados Federais.
suas escolas; relataram que faltam recursos
64% dos alunos concordaram com essa
didáticos, a carga horária é insuficiente, e
afirmativa. Enquanto 17% afirmaram que,
os professores não demonstram conhecer
ao contrário, as unidades internas não têm
os conteúdos como o desejado.
autonomia política e seus governantes são
indicados pelo poder central (é o caso da
Devido a uma maior complexidade, as
França), e 19% não responderam,
questões de 10 a 14 foram aplicadas
afirmando não saber o que significa o
somente aos alunos de ensino médio.
termo.
15
42%
Gráfico 18