Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
E ADOLESCENTES
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA:
• São gritos, choros, sons desagradáveis de socos, móveis caindo, pratos sendo quebrados...
• A violência doméstica está presente em nosso cotidiano.
• Embora tão antigo, poucos conhecem a abrangência deste fenômeno.
• O desconhecimento acaba por alimentar e incentivar ainda mais o ciclo de violência e
impunidade.
DESCONSTITUINDO MITOS:
• Mitos são convicções que, mesmo diante de provas concretas ao contrário, continuam sendo
aplicados por desinformação ou pretensões ideológicas ocultas.
• Todos nós somos frutos das crenças e dos costumes em que vivemos.
• O profissional que trabalha no enfrentamento da violência doméstica necessita ter senso crítico
as verdadeiras motivações das regras que dirigem as relações familiares.
MITOS:
• Mito da criança malvada:
“toda criança é uma pessoa má em potencial e deve ser submetida a castigos corporais moderados e
severos.... (Santo Agostinho in Santos, 1987)
CENÁRIO INTERNACIONAL:
CENÁRIO NACIONAL:
• Período colonial: 1500 a 1822
1. Povos indígenas: Guaikuru e os Tupis tinham por costume matar seus filhos recém-nascidos.
2. Os Tapirapé achavam ser mau agouro ter mais de três filhos e mais de dois do mesmo sexo.
Matavam e enterravam em casa.
• As mães costumavam matar os filhos de união com inimigos da tribo. Ao nascer a criança era
morta e devorada (Azevedo e Guerra, 1998).
• As mães também matavam seus filhos como forma de se vingar do companheiro, pai da criança
– comprova-se o mito de Medeia, (Azevedo e Guerra, 1998).
• Costumava-se matar os recém nascidos quando tinham defeito físico ou era de marido anterior
(Anchieta, 1565).
• Nas pop indígenas as crianças não eram castigadas quando aceitas, mas assassinadas quando
rejeitadas (Chaves, 1998).
• 2. Escravatura:
• Nem sempre as crianças escravas eram criadas por suas mães e cresciam sem conhecer o pai.
• O senhor dos escravos podia separar pais e filhos de acordo com sua conveniência (Azevedo e
Guerra 1998).
• Viviam nas senzalas das fazendas, onde a morte era perigo constante (Priore, 1992).
• Quando era fruto de mulher branca com um escravo seu destino era a morte.
PERIODO DO IMPERIO:
• Era comum criança fruto de união fora de o casamento ser assassinadas pelas mães solteiras,
viúvas desonestas ou parentas a fim de manter as aparências.
• Quando escapavam da morte, eram levados para a “RODA” dos enjeitados.
DOCUMENTOS NACIONAIS:
• CONSTITUIÇÃO FEDERAL – 1988
• ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 1990
• LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – Lei 8072 de 25.07.1990, que altera o art. 263 do ECA no
caso das penas impostas aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor.
CENÁRIO CIENTIFICO:
• Em 1860 o médico francês AMBROISE TARDIEU, presidente da Academia de Medicina de
Paris, criou o conceito de CRIANÇA MALTRATADA.
• Em 1929 PARISSOT e CAUSSADE lançaram em Paris um lançaram em Paris um trabalho que
contribuiu para que o fenômeno começasse a ter visibilidade.
• 1946 – CAFFEY, médico americano especializado em radiologia infantil, publicou um trabalho
que contribuiu de forma definitiva para o estudo do fenômeno.
• Em 1962 a violência doméstica teve visibilidade na medicina com os drs Kempe, Silvermann e
Steel (1962) que chamaram de SINDROME DA CRIANÇA MALTRATADA (crianças de baixa
idade que sofrem ferimentos inusitados, fraturas ósseas, queimaduras, etc.)
• Em 1971 o médico FONTANA definiu o fenômeno como a SINDROME DO MATRATO,
ampliando o conceito de Kempe.
• Para que se caracterizasse o fenômeno, bastava a comprovação de privação emocional,
nutricional, negligência e abuso, sendo o espancamento a última fase.
• 1974 – O primeiro caso notificado foi feito por CANGER RODRIGUES.
• 1979 – O sociólogo Gelles (1979) inovou ao considerar violência física todo tipo de ação que
provoque dor, inclusive a palmada.
• 1988 o psicólogo OCHOTORENA define violência física não pela ótica da dor, mas sim pela
capacidade da mesma de provocar dano físico.
A violência sexual contra crianças e adolescentes é uma forma de violência que atinge uma das
bases estruturais da personalidade de uma pessoa, a sua sexualidade. Perceber-se ou ser considerada
vítima de violência sexual provoca traumas e reações na pessoa e na sociedade. Entende-se que a
violência sexual age de forma específica sobre as pessoas e, portanto, precisa de intervenções
especializadas, sem perder de vista o contexto violento e excludente da organização da sociedade
brasileira e da comunidade global.
Muito já se pensou, discutiu e até experimentou no enfrentamento da violência sexual contra
crianças e adolescentes e esta cartilha procura, a partir desta produção e vivência, apresentar as discussões
mais atuais sobre o assunto, sistematizadas para seu uso prático. Acredita-se que os avanços no
enfrentamento nascem do encontro dialético entre teoria e prática, num processo permanente de ação e
reflexão.
No Brasil, um conjunto de atores da sociedade civil e das esferas governamentais elaborou a
política de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, sistematizada no Plano
Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil, que serve de orientador para o governo
federal, os estados e municípios. Não é um documento acabado e a sua implementação depende de
constantes adaptações e atualizações.
Para intervir no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes considera-se
essencial que se tenha uma leitura sobre:
▪ O contexto da globalização em que se manifesta a violência sexual contra crianças e
adolescentes;
▪ Uma noção básica sobre infância e adolescência
▪ A sexualidade infanto-juvenil, por se constituir o alvo das violências;
▪ Violência sexual e suas manifestações como abuso e como exploração.
A legislação traz um conjunto de regras baseadas numa leitura simplificada da realidade da
violência sexual contra crianças e adolescentes. Precisa se compreender essa legislação para que qualquer
intervenção tenha suporte legal ou para poder possibilitar um debate consciente com a mesma. A partir
desta apropriação, dá-se novo passo para pensar em intervenções, seguindo os eixos do Plano Nacional de
Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, observando possibilidades e
dificuldades.
Encontraram-se dificuldades em abordar a violação sexual de meninos, pois há pouca
experiência na abordagem e literatura sobre este fenômeno. Sabe-se que a vitimização
sexual recai principalmente sobre as meninas, porém, percebe-se cada vez mais a presença
de meninos entre as vítimas deste tipo de violência.
Os abusadores são quase exclusivamente do sexo masculino, enquanto que entre os
exploradores sexuais também figuram muitas mulheres.
Mesmo com as suas imperfeições, a publicação pretende ser um instrumento de
enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, que articula os campos
do saber, abre possibilidades de conhecer o que é do domínio de outras profissões para,
assim, poder trabalhar de forma interdisciplinar e em rede. Portanto, não basta exercer a
profissão com qualidade e saber encaminhar para outros profissionais, necessita-se atuar e
pensar de modo interdisciplinar e sistêmico.
Cada fenômeno social deve ser entendido dentro de uma leitura do contexto sócio-econômico,
político e cultural onde ocorre. Neste sentido, a violência sexual contra crianças e adolescentes não pode
ser considerada apenas um problema interpessoal de caráter privado, mas, sobretudo uma expressão da
correlação de forças da sociedade em que acontece. Problematizá-la significa trazer a tona relações de
opressão embutidas na organização da sociedade como normais e naturais, visando mudanças estruturais
e não somente individuais.
Um dos processos mais evidentes na estruturação da sociedade contemporânea é a globalização.
A lógica da globalização do mercado se expressa, de um lado, por meio das forças globais e, de outro, por
meio da reestrutura econômica e das conseqüências sociais nos países centrais e periféricos de forma
articulada, como o desemprego estrutural, rebaixamento salarial, crescentes desigualdades e migrações.
Este modelo recria, no mercado de trabalho, velhas e novas formas de precarização das relações de
trabalho no capitalismo, fato que não atinge as relações de trabalho masculino, mas, sobretudo, o
feminino e o infantil, através da inclusão da mão-de-obra dessas populações em sistemas informais
precários e em sistemas clandestinos e do crime organizado.
Esse novo cenário de crise no mundo do trabalho reflete diretamente nas relações familiares. A
desterritorialização (via processos migratórios) gradual ou geral dos membros da família atraídos para as
frentes de trabalho nas regiões rurais, de fronteiras, litorâneas e urbanas ou para outros países inclui
mulheres e crianças no mercado de trabalho sob condições precárias dentre outras situações de exploração
e violência.
O acirramento social provoca, dentre outras situações, a fragilização da família, por exemplo, por
meio do abandono do “gestor” das responsabilidades paternas, contribuindo para a formação de novos
arranjos familiares, em que cresce o número de famílias chefiadas por mulheres que acumulam a função
do pai e da mãe, assim como o abandono dos filhos em relação ao convívio do lar, da escola e de outras
relações de sociabilidade. Outra conseqüência é o afastamento da mãe do cotidiano do lar.
Na verdade, as transformações que esse modelo opera no âmbito familiar determinam novas
relações difíceis de serem enfrentadas dentro da família, especialmente por parte das crianças e dos
adolescentes, tais como: conviver com as novas dinâmicas familiares e conflitos na família, alcoolismo,
drogadição, experiências sexuais precoces e insalubres, violências sexuais, prostituição e tantas outras
relações que podem vulnerabilizar esse segmento.
Cresce, de forma mundial e milionária, o mercado do sexo, que se deixa conhecer através de
duas vertentes:
A erotização e infantilização de produtos e serviços;
A comercialização de serviços e produtos sexuais (envolvendo jovens).
A primeira vertente utiliza-se da receita de sexo e juventude para vender qualquer produto,
serviço ou idéia (cervejas, carros, viagens turísticas...) e, como conseqüência, estimula o interesse sexual
de adultos por crianças e adolescentes, provocando um interesse sexual prematuro no público infanto-
juvenil.
A segunda vertente é altamente diversificada, incluindo atividades como a prostituição, shows
eróticos, pornografia, tele-sexo, produção de artifícios eróticos, lojas de sexo etc., geralmente reforçando
desigualdades sociais, pois a satisfação obtida neste mercado é, além de sexual, de poder (imaginário).
Aguça a desigualdade de gênero, uma vez que a figura feminina é sempre mais explorada e erotizada,
recaindo sobre si uma inferiorização sexual frente à figura do “possuidor”.
A violência sexual contra crianças e adolescentes têm que ser entendida em suas determinações
históricas. A formação econômica, social e cultural da América Latina, assentada na colonização e
escravidão, produziu uma sociedade escravagista, elites oligárquicas dominantes e dominadores de
categorias sociais inferiorizadas pela raça, cor, gênero e idade. O que deu origem a uma sexualidade
machista, sexista, adultocêntrica, ainda vigente. (Faleiros, 2000)
Reverter esse quadro é intervir de forma a construir uma nova ordem em que a
mulher seja valorizada e a sexualidade de crianças e adolescentes seja respeitada no seu
processo de desenvolvimento.
Conceito 2: “Abuso Sexual é uma situação em que uma criança ou adolescente é usado para
gratificação de um adulto ou mesmo de um adolescente mais velho, baseado em uma
relação de poder que pode incluir desde carícias, manipulação de genitália, mama ou
ânus, ‘voyeurismo’, e exibicionismo, até o ato sexual com ou sem penetração, com ou
sem violência.”.
Atividades de caráter sexual que caracterizam a violência:
Toques inapropriados ou inadequados, beijos de língua, beijos e manipulação dos genitais,
carícias nos seios, ligações telefônicas obscenas, imagens pornográficas, ereção ao sentar a criança no
colo, voyeurismo, exibicionismo, fel ação, masturbação, mesmo que não envolvam os órgãos genitais da
criança.
Atos invasivos e perturbadores, violando a criança em seus direitos, limites, liberdade e
dignidade, tendo o agravante de serem perpetrados por uma pessoa em quem ela confia.
INCESTO:
“Toda atividade de caráter sexual, implicando uma criança de 0 a 18 anos e um adulto que
tenha para com ela seja uma relação de consangüinidade seja de afinidade ou de mera responsabilidade”
(AZEVEDO; GUERRA, 1989).
Famílias Incestogênicas:
18. Nesta família há:
13. Uma grande confusão nas fronteiras intergeracionais e das identidades de seus
membros;
14. Uma fronteira organizacional muito pouco permeável ao exterior (relações exteriores
superficiais e pouco consistentes). Ao mesmo tempo as relações intrafamiliares são
rígidas. Qualquer mudança seria um terror a evitar. A família incestogênica é, portanto,
uma família resistente a mudanças;
15. A família tem como regras de ouro: a obediência inconteste à autoridade do pai ou
responsável, a obediência necessária dos filhos;
16. Uma organização fundada num segredo que por vezes persiste de geração a geração. O
segredo faz com que o incesto seja um crime perfeito: só a vítima por testemunha
silenciada ante a ameaça – sempre presente - das terríveis conseqüências de uma
possível revelação do segredo (complô do silêncio);
17. As formas de manifestação de carinho e afeto, quando existem, são erotizadas;
18. Mesmo que a c/a não goste, pode não oferecer resistência, por medo ou por estar
seduzida pelo agressor;
19. Algumas vezes, o abuso se inicia por sedução, mas à medida que a c/a vai percebendo e
tenta oferecer resistência, entram as ameaças e até as agressões físicas;
20. Muitas vezes, a vítima pode ser colocada pela família como promíscua, sedutora e
mentirosa;
21. “Crê que o contato sexual é a forma de amor familiar; conta histórias alegando outro
agressor para proteger membro da família” (DESLANDES, 1994 apud CRAMI, 2005,
p. 19).
19. NESTAS FAMÍLIAS:
22. A maioria das vítimas é do sexo feminino e os autores da violência são geralmente do
sexo masculino (pai, padrasto, parente ou pessoa de confiança da criança ou
adolescente);
23. A violência sexual pode ser praticada por uma condição situacional ou preferencial. O
autor de violência sexual situacional é aquele que não tem uma verdadeira preferência
sexual por crianças ou adolescentes, mas acaba se envolvendo em sexo com elas por
várias razões (insegurança, fugir do stress, oportunidade, curiosidade, vingança, etc...) e
o autor de violência sexual preferencial é o pedófilo, pois prefere fazer sexo com
crianças e adolescentes;
24. Em seus históricos de vida, é freqüente encontrarmos situações de vitimização física ou
sexual;
25. Utilizam-se da sexualidade com a criança, muito mais como uma gratificação
compensatória para um sentimento de impotência e de baixa auto estima, do que uma
gratificação sexual. O que o move é a relação de poder, dominação e opressão;
26. Em uma minoria de casos, o agressor sexual sofre de distúrbios psiquiátricos;
27. Embora haja vítimas de 0 -18 anos, a idade mais freqüente varia de 8-12 anos;
28. A mãe (ou adulto não abusador), na maioria das vezes apresenta-se submissa ao
companheiro, mas ao mesmo tempo desempenha um papel de superprotetora deste.
Ajuda a manter o complô do silêncio, justificando ou encobrindo o que acontece;
29. A mãe apresenta histórico de vitimização na infância, inclusive freqüentemente como
vítima de abuso sexual;
30. Com poucos recursos para proteger a criança, quando faz, tem dificuldade em manter
esta proteção, pois ela própria pode estar sendo vítima de agressões deste companheiro;
31. Segredo Familiar: esta forma de violência está envolta em segredo;
32. Reincidência: Os autores de violência sexual são reincidentes, não se restringindo a
vitimização de apenas uma pessoa;
33. Repetição da violência: As pessoas vitimizadas, quando criança, tendem também a
repetir a violência com outras pessoas;
34. Presença da violência em todas as classes sociais: a pobreza não pode ser considerada
causa de abuso, mas constitui uma situação de risco;
35. Impunidade do autor da violência sexual: ele é muitas vezes “perdoado” pela família,
por razões culturais e autoritárias;
36. Fuga de Casa: É freqüente, em depoimentos de meninas e meninos de rua, a
constatação de que a fuga da casa foi motivada por agressões físicas e ou sexuais;
37. Necessidade de terapia e acompanhamento de forma multiprofissional ou
interdisciplinar, tendo em vista a complexidade do problema.
1.5.2.Conseqüências Psicológicas:
26. Sentimento de culpa – isto se dá porque a criança participa de um “complô” de
silêncio e costuma ser pressionada para nada revelar, sofrendo ameaças e também porque
teme o descrédito do adulto. Pode experimentar culpa por ter sentido algum prazer físico e
por ter se deixado abusar por muito tempo. Pode estar ligado a sentimento de ódio em
relação ao pai e à mãe, os quais são figuras para serem amadas. Pode ser desencadeado
pelo fato de o agressor, familiares e até instituições de atendimento responsabilizar a
criança ou adolescente pelo ocorrido, acusando-a de “sedução”.
27. Sentimento de auto desvalorização;
28. Depressão;
29. Dificuldades de adaptação interpessoal:
30. Recusa no estabelecimento de relação com homens;
31. Estabelecimento de relações apenas transitórias com homens;
32. Tendência a supersexualizar relações com homens;
33. Negação de todo e qualquer relacionamento sexual;
34. Incapacidade de relações sexuais satisfatórias.
2.1. CONCEITO
• Exploração sexual comercial;
o É a comercialização da prática sexual com crianças e adolescentes com fins comerciais. São
considerados exploradores o cliente, que paga pelos serviços sexuais, e os intermediários em
qualquer nível, ou seja, aqueles que induzem, facilitam ou obrigam crianças e adolescentes a se
prostituir. A pornografia, a prostituição e o turismo sexual são espécies de exploração sexual
comercial de crianças e adolescentes.
Turismo sexual:
O turismo sexual utiliza também crianças e adolescentes. Nesse caso, trata-se de exploração
sexual e comercial para servir a turistas nacionais e estrangeiros. As vítimas fazem, muitas vezes,
parte de pacotes turísticos ou são traficadas como mercadoria (objeto sexual) para outros países.
Pornografia infantil:
É a exposição e reprodução do corpo ou de atos sexuais praticados com crianças, definida nos
artigos 240 e 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente, como a produção de representação
teatral, televisiva ou película cinematográfica, fotografias e publicações utilizando-se de criança
ou adolescentes em cena de sexo explícito ou pornográfico. A pornografia infantil é considerada
uma forma de exploração sexual.
A conivência ou omissão dos poderes constituídos é, sem dúvida, o principal fator responsável pela
impunidade de que desfruta a maioria dos usuários e aliciadores sexuais.
Existe uma rede que tem interesse em manter este tipo de exploração, por ser um negócio rentável,
principalmente em cidades turísticas, portuárias e áreas de garimpo. É uma rede organizada,
inclusive internacionalmente com utilização de tecnologia e sistemas de informação.
Crianças e adolescentes explorados perdem sua dignidade, amor próprio e a integridade física,
moral e mental. Podem também ser contaminados por doenças. Muitas encontram a morte ao tentar
sair deste circuito.
O mercado do sexo tem várias ramificações e é caracterizado por um dinamismo que faz surgir
novas formas de comercialização do sexo com os avanços da tecnologia e da globalização.
Há diferentes regimes de trabalho e formas de pagamento, além de que os serviços e o contato com
os “consumidores” vão desde o “contato direto, físico, exclusivo” até “a comunicação à distância,
sem nenhum contato físico ou ao vivo”.
Para enfrentar a presença de crianças e adolescentes neste mercado, precisa-se conhecê-lo
minimamente. No Brasil, não se tratam de atividades ilegais, em princípio, mas a sua organização é
parcialmente criminalizada e, ao mesmo tempo, conta com envolvimento do crime organizado.
Identificam-se três grandes setores no mercado do sexo:
* um no qual a relação sexual entre o cliente e a prostituta se apresenta como fundamental
(a prostituição);
* o segundo onde o cliente aprecia ao vivo exibições eróticas (shows eróticos);
* o terceiro é aquele no qual a relação libidinosa se estabelece via estímulos visuais ou
auditivos sem contato físico ou presença direta do cliente (a pornografia).
Na prática, existe uma relação estreita entre as três ramificações do mercado, porém, a sua
organização e até a legislação sobre elas diferenciam.
O mercado do sexo se organiza nos lugares onde se encontra uma demanda de clientes ou onde
esta demanda pode ser potencializada. Pressupõe-se a presença de um contingente masculino e uma
cultura de permissividade, um ambiente de falta de compromisso e de satisfação sexual imediata. São
aquelas situações em que o cliente está longe de seu convívio familiar, normalmente encontradas e
vinculadas a outras atividades econômicas que implicam no deslocamento de homens (caminhoneiros,
marinheiros, garimpeiros, turistas, trabalhadores sazonais, militares, mão-de-obra de grandes projetos
etc.) e/ou a sua convivência permissiva grupal (grupos de estudantes, amigos, despedida de solteiro...).
Há outras situações nas quais homens transformam o exercício do seu poder em abuso e
exploração em todos os seus sentidos, incluindo o sexual, como a exploração sexual por fazendeiros,
políticos, donos de empresas, entre outros, como se ainda estivessem vivendo no tempo da escravidão.
A exploração por pedófilos ou por outras pessoas, que através de pagamento procuram realizar
suas perversões sexuais, configura como terceira vertente no mercado. Este não se organiza vinculado a
outras atividades econômicas, mas através da comunicação e conexão entre esses “usuários”.
> Algumas reflexões:
* O mercado do sexo, nas atividades de prostituição, shows eróticos e pornografia, desvaloriza
o sujeito mulher, reduzindo-a a condição de objeto de prazer e gerando dificuldades na valorização de
sentimentos como o amor (próprio e por/de outrem) e de estabelecer uma vida social na qual seja
reconhecida e valorizada como sujeito.
* Por outro lado, o mercado do sexo proporciona a inclusão financeira e um grau de
independência e liberdade, mas resulta muitas vezes em exclusão social e pessoal e novas dependências.
* Crianças e adolescentes, neste contexto, têm a sua sexualidade violentada por tê-la modelada
com os preconceitos, valores, agressões e dominações do mercado e sabe-se que a sexualidade é um dos
fatores constituintes da personalidade humana.
* Hoje, a exploração sexual está relacionada ao exercício de consumo para satisfazer
necessidades de carinho, atenção, sexo e lazer ou ao gozo do exercício extremo de poder, comprando o
que é mais íntimo e frágil no ser humano, à sexualidade infantil.
* Como se fala em mercado, a discussão sobre exploração sexual de crianças e adolescentes
necessita de uma reflexão dentro do contexto da problemática do trabalho infanto-juvenil.
* O trabalho infanto-juvenil é proibido, conforme o art. 60 da lei 8069/90, caracterizando-se
assim, a exploração sexual como ilegal, tendo em vista que prejudica o desenvolvimento físico,
psicológico e social de crianças e adolescentes.
* Podem trabalhar na condição de aprendiz adolescentes de 14 anos, realizando atividades
profissionalizantes que respeitem a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
* Só é permitido o trabalho a partir dos 16 anos, conforme determina a Constituição Brasileira,
no artigo 7º, XXXIII e mesmo assim é vedado conforme art. 67 do ECA:
I - trabalho noturno, realizado entre as 22 horas de um dia e às cinco horas do dia seguinte;
II - perigoso insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico,
moral e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam à freqüência a escola.
3. NEGLIGÊNCIA:
☺ crescimento deficiente;
☺ problemas de saúde;
☺ fadiga constante;
☺ problema na conduta;
☺ privação cultural;
☺sentimento de rejeição e menos valor;
☺ desnutrição;
☺ depressão.
4. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA:
É um processo de socialização através do qual a criança aprende a se comportar como um
adulto, o que envolve uma dose necessária de repressão. Reprimem-se desejos cuja realização contraria o
bem-estar social tal como definido pelos adultos. (SAFFIOTI, 1989)
Coação é feita através de ameaças, humilhações, privação emocional. A Violência Psicológica
também é chamada de tortura psicológica “quando os adultos sistematicamente depreciam as crianças,
bloqueiam seus esforços de auto-estima e realização ou as ameaçam de abandono e crueldade”.
(WESTHPAL, 2002).
4.1. FORMAS DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA:
Fazer ameaças (palavras ou gestos);
Privação (não deixar sair com amigos, brincar, etc.);
Silêncio (ninguém lhe dirige a palavra);
Não dar voz à criança e não permitir que faça suas escolhas;
Vetar a expressão de emoções;
Olhares reprovadores;
Controle severo da criança;
Mau humor;
Tratamento diferenciado dos filhos ou alunos por serem diferentes;
Envergonhar ou humilhar a criança em público;
Fazer a criança se sentir culpada por erros de adultos;
Não respeitar as suas necessidades (ser ouvida, respeito aos seus sentimentos, “menino
chora, sim!”);
Rir da criança / adolescente;
Ouvir sistematicamente brigas dos pais;
Mentiras;
A criança é o “bode expiatório”;
Ausência de limites;
Corromper;
Produzir expectativas irreais ou extremadas exigências;
Negligencia afetiva;
Isolar.
CONCEITO “... é o uso intencional, não acidental de força física por parte de um parente ou
outra pessoa incumbida dos cuidados das crianças, tendo como objetivo danificar, ferir ou destruir aquela
criança” (AZEVEDO; GUERRA, 2000).
“Toda ação que causa dor física numa criança desde um simples tapa até o espancamento fatal,
representando um só continuum de violência” (NEWELL, 1989).
5.5. O “PSICOTAPA”:
* Assim como o espancamento, o tapa no bumbum apesar da alegação de que é “para o bem
da criança”, é uma forma de violência contra a criança que passa a ser uma pessoa de segunda categoria;
* É uma confissão de falência da autoridade do adulto e de uma adesão desesperada ao
autoritarismo;
* É muito mais um artifício para assegurar a obediência dos filhos e evitar uma possível
(des)ordem familiar (“Honrar pai e mãe”);
* É uma forma de disfarçar um sentimento – muitas vezes incômodo e inconfessável - de
irritação e impaciência para com a infância. As crianças continuam meramente toleradas no mundo
adulto;
* O tapa repousa na falsa idéia de que a criança é naturalmente perversa, teimosa, desobediente
e que precisa ser dominada.