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Texto resenhado:
SCHIFFER, Sueli Ramos. Tendências da distribuição da população urbana e dos serviços básicos no Brasil:
1980 – 2000. Distinções com Argentina e México. Cadernos PROLAM/USP, 2002, 1.1: 1-21.
Sueli Ramos Schiffer possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (1975) e
Pós-Doutorado no ICCROM - International Centre for the Study of the Preservation and Restoration, em
Roma. Atualmente é Professora Titular aposentada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo, onde ocupou por oito anos o cargo de Chefe do Departamento de Tecnologia.
Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com atuação nos seguintes temas:
desenvolvimento urbano e regional, políticas públicas, renovação e conservação urbana, transformações
urbanas e sócio-economicas na Região Metropolitana de São Paulo, desenvolvimento regional e globalização
da economia. (Informações da autora coletada do Currículo Lattes, atualizado em 2014).
A autora inicia dando um panorama geral do que pode se observar como tendências do processo
demográfico e do desenvolvimento econômico do Brasil nas últimas duas décadas do século XX, tomando
como referência os dados preliminares do Censo de 2000 e a “Síntese de Indicadores Sociais” da pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios- PNAD de 1992 e 1999 realizados pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística- FIBGE.
Além disto, previa-se que nos primeiros anos do século XX existiria uma diminuição das taxas de
crescimento económico, predomínio do setor terciário da produção, aumento do emprego informal e do
desemprego. Tudo isto sem uma mudança na distribuição da renda que fosse favorável aos setores mais
empobrecidos.
O artigo está organizado em quatro partes, além da introdução. A primeira parte trata sobre o
processo demográfico do Brasil na década de 1990. A partir do censo do ano 2000, conclui-se que a taxa
média geométrica de crescimento da população total teve uma redução continua, tendência que vinha se
manifestando desde a década de 1950. A autora sublinha que as Regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram
as maiores taxas de crescimento da população na década de 1990, sendo polos de atração. Enquanto o
Nordeste teve as menores taxas, isto devido à maior emigração que tinha como polo de atração a Região
Sudeste.
Constata-se, ademais, uma queda na taxa de fecundidade que passou de uma média de 5,8 filhos
por mulher em 1970 para atingir 3,4 filhos por mulher no final da década de 1990. Seguindo os dados do
Banco Mundial (2000) para a mesma década, a autora afirma que o processo de queda da fecundidade foi
similar no México e na Argentina.
Como implicação da reversão da taxa de crescimento por faixa etária a autora coloca a maior pressão
demográfica sobre o mercado de trabalho devida ao aumento relativo de pessoas dependentes
economicamente (crianças e idosos).
No texto, afirma-se que o processo de urbanização chegou a se consolidar na maioria dos países da
América Latina. No casso especifico do Brasil, vale a pena destacar um tema que a autora não questiona, que
consiste em revisar os critérios utilizados para estabelecer que parte da população vive em áreas que possam
ser denominadas especificamente “urbanas”. Porque, do critério escolhido depende a contagem da
população urbana e da população rural. Junto com a urbanização acelerada constata-se o fenômeno da
“nuclearização das unidades familiares”, ou seja, que parte dos membros da família vivem em habitações
distintas, com maior tendência a que sejam as pessoas idosas. Isto repercute em um enfraquecimento da
integração social medida pela densidade demográfica.
A segunda parte do artigo versa sobre a distribuição da população nos centros urbanos, na qual
assinala-se que no Brasil, no México e na Argentina coincidem os “elevados indicadores representativos do
percentual de população que reside nas aglomerações urbanas com mais de um milhão de habitantes e do
percentual da população urbana nacional que habita a maior cidade” (p. 7). Porém, na Argentina a
aglomeração nas principais cidades é notavelmente maior do que nos outros dos países. Entre os três países
comparados, o Brasil apresenta uma população mais distribuída no território federal, com um incremento
da população nas cidades de porte médio. Por outro lado, a maior diminuição da população apresenta-se
nos municípios com 2.000 a 10.000 habitantes. Uma tendência relevante é a “maior homogeneização da
distribuição populacional no território brasileiro” (p. 9) que é atribuída à diminuição da migração interna.
Outra tendência observável na América Latina é que a população de menor renda tem, também,
menor escolaridade. Porém, será importante comprovar (em outros estudos) se um maior nível educativo
produz um incremento significativo da mobilidade social. Sobre tudo, pensando nas condições impostas pela
terceirização dos serviços e as altas taxas de desemprego e de emprego informal.
A quarta parte do artigo aborda a distribuição dos serviços básicos e a evolução dos indicadores
sociais. Para os três países comparados, destacam-se algumas tendências em comum: 1. O crescimento
populacional positivo; 2. O aumento do desemprego; 3. A tendência de baixo crescimento econômico.
Características que geram pressão no mercado de trabalho e nos serviços urbanos.