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o Fiel Ca ólico
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pudesse descer, por amor, da sua condição de ser humano para a condi-
ção de um verme ou algum outro ser realmente desprezível, como uma
barata. Terrível, não? Você seria capaz disso? Deixar de ser homem para
ser verme ou barata, mesmo que isso não lhe fosse absolutamente neces-
sário, apenas por puro amor?
Pois isso ainda não basta para fazer entender o milagre do Amor de
Deus; foi coisa ainda infinitamente maior que fez, por amor de nós, Nos-
so Senhor Jesus Cristo, Ele que, sendo Deus infinitamente poderoso, Ser
absoluto e autossuficiente, de Natureza infinita e vivendo na plenitude da
felicidade celeste, despiu-de de todo seu poder e glória e fez-se carne
mortal, e carne de seus traidores – nós, seres humanos decaídos – pelo
nosso bem, sem mérito nenhum de nossa parte.
A comparação é de Santo Afonso Maria de Ligório e faz refletir, de
modo especial, sobre a dimensão da nossa inacreditável ingratidão para
com esse Deus todo amoroso. Reflita sobre isso e procure retribuir a Deus
ao menos no amor pelo próximo e na oração, todos os dias.
Expediente
O Fiel Católico #30 – publicada originalmente em 8/2018. Esta revista é mantida pela Fraternidade Laical
São Próspero, grupo católico apostólico romano sediado na cidade de São Bento do Sul (SC), com a mis-
são primeira de anunciar o Evangelho e esclarecer a autêntica fé cristã a partir do estudo da Teologia, da
Filosofia, da História e da Sã Doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Parte da distribuição é gratuita.
Colabore com este trabalho e receba as novas edições de ‘O Fiel Católico’ em seu e-mail. Informe-se
em nossa página: www.ofielcatolico.com.br ou escreva para ofielcatolico@gmail.com, ou, ainda, pelo
WhatsApp: (11) 9-8646-7461 (de segunda a sexta, das 9h às 19h, sábados das 10h às 14h).
• Direção geral: Henrique Sebastião • Editoração, diagramação, arte e projeto gráfico: Henrique Sebastião • Articulistas:
Prof. Rudy Albino Assunção; Prof. Dr. Joel Gracioso; Prof. Dr. Ivanaldo Santos; Igor Andrade; Felipe Marques; Vitor E. Matias
Figueiró; Henrique Sebastião; • Revisão de texto e revisão geral: Silvana C. Sebastião e Silva. Capa desta edição: Retrato anô-
nimo de São Bento de Núrsia.
São Bento de Núrsia
O Santo Fundador do
Monasticismo Ocidental
Onze de julho é a data em que a Igreja celebra São Bento de Núrsia,
irmão gêmeo de Santa Escolástica e o fundador do monasticismo
ocidental. No ano 1964, o papa Paulo VI declarou-o patrono da Eu-
ropa; em 2005, o cardeal Ratzinger o escolheu como patrono do seu
papado, adotando o nome pontifício Bento XVI. São Bento – ou São
Benedito – é, ainda, padroeiro dos monges, dos exploradores de ca-
vernas, dos trabalhadores agrícolas, dos engenheiros civis, dos que
sofrem com doenças renais e cálculos biliares e dos agonizantes.
Brevíssima biografia
São Bento nasceu em Núrsia, Itália, uma aldeia montanhosa a nor-
deste de Roma, por volta do ano 480. Seus pais o enviaram a Roma
para ser educado, mas ele achou a vida na "Cidade Eterna" deca-
dente demais para o seu gosto. Assim, fugiu para um lugar a sudes-
te de Roma chamado Subiaco, onde viveu como eremita em uma
caverna, por três anos. Um monge chamado Romano, que também
morava em Subiaco, o alimentava durante esse período.
A solidão de Bento foi interrompida quando um grupo de mon-
ges o convenceu a ser seu abade. Seu regime austero, porém, rapi-
damente revelou-se além das capacidades daqueles monges mor-
nos, que então planejaram envenená-lo. Deram-lhe um jarro de
vinho envenenado para beber, mas, quando Bento o abençoou, este
se despedaçou. Depois disso, abandonou os monges indisciplinados
e terminou por fundar doze mosteiros na área ao sul de Roma.
Em outra ocasião, um pássaro preto esvoçava ao seu redor.
Bento teve então uma forte tentação carnal em seus pensamentos.
Quando estava quase vencido, ajudado pela Graça, tirou a roupa e
jogou-se em uma moita de espinhos e cardos, ferindo todo o corpo.
Depois disso, nunca mais voltou a se ver perturbado daquela forma.
Mais tarde, mudou-se para Monte Cassino, perto de Nápoles,
onde destruiu o templo pagão dedicado a Apolo e trouxe o povo da
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região de volta ao cristianismo. Por volta do ano 530, ele começou
a construir o mosteiro que seria o berço do monaquismo ocidental.
Seus seguidores espalhavam a sua reputação de santidade e sabedo-
ria, e os milagres que Deus produzia por meio dele se espalhavam.
Foi no Monte Casino que Bento compôs a Regra para “estabelecer
uma escola ao serviço do Senhor”, que prescrevia o senso comum,
uma vida de abnegação moderada, oração, estudo, trabalho e vida
comunitária sob um superior. Enfatizava a obediência, estabilida-
de, zelo; tinha o Ofício Divino como o centro da vida monástica.
São Bento não só serviu como superior aos monges, mas acon-
selhou governantes e papas, ministrou aos pobres e indigentes, ten-
tou reparar os estragos da invasão da Lombardia por Tótila. Faleceu
em Monte Cassino aos 21 de março de 543.
H
á alguns dias estive acometido por uma gravíssima doença que
gera nos homens barbados a estranha sensação de que são mor-
tais e não deuses. Esta maligna enfermidade, que dizimou cente-
nas de nativos americanos durante séculos após a chegada dos
grandes europeus (e não me refiro aos franceses) me levou a uma profunda
reflexão sobre a vida humana.
“Será que o fumo agrava a gripe?”, pensava eu enquanto, gripado, sabo-
reava um cigarro de duvidosa procedência (paraguaya).
De tal modo estava imerso nesta questão existencial que somente despertei
ao ouvir pancadas na porta do meu quarto – meu afilhado solicitava permissão
para adentrar em meus aposentos. Ele entrou e junto dele entrou o bom-senso
dos questionamentos infantis sobre a vida. Pegamos a conversar.
Lá pelas tantas, o nobre piá tece diversas narrativas sobre bruxas e zumbis
– seres estes de que tomou conhecimento através de vídeos no youtube (maligna
ferramenta que muitos pais usam para terceirizar a educação dos filhos).
O meu demônio da guarda me dizia para “não fomentar aquelas fantasias
pagãs”, mas meu anjo recitou para mim uma frase de Chesterton, que diz mais
ou menos o seguinte: “qualquer menino consegue imaginar um dragão, mas é
necessário um conto de fadas para que ele descubra que há um São Jorge com
seu cavalo e sua espada”1.
Assim, pus minha imaginação para funcionar e contei uma história de dra-
gão e contei um feito de um dos heróis que ele mais admira: eu. Levei-o para ver
o couro de Boitatá que matei em certa ocasião com minha brilhosa espada de
cavaleiro. “Então cortei-lhe a cabeça e arranquei uma tira de couro como lem-
brança”. Seus olhos brilhavam como os olhos da besta mitológica.
Claro, na realidade, o que fiz foi matar uma cascavel – que me preparara
um bote fatal – com um facão e a ajuda de um compadre, mas isso é muito chato
para uma criança cujo imaginário está em construção.
Ninguém pode me acusar de ser um mentiroso. Quem conta estórias fan-
tásticas não mente necessariamente, apenas comunica os medos e anseios da
alma por meio de palavras. Mentirosos são os doutores e os estatísticos – e para
uma criança como para um bárbaro, as estórias não só fazem sentido como tam-
bém explicam a realidade de modo satisfatório.
Podem até argumentar que falar de seres fantásticos – sacis, dragões,
caiporas, curupiras, matintas, anões, gigantes, bruxas (estas existem, não só no
imaginário como na realidade), etc. – incute medo nas pessoas, sobretudo nas
crianças. Mas o Apóstolo do Senso Comum acertou novamente quando disse
que “o medo não vem dos contos de fadas: vem do universo da alma”2.
Com “estórias fantásticas” quero significar todas as narrativas criadas pela
fantasia humana: contos de fadas, mitos, lendas, romances, etc. Estas estórias têm
uma dupla importância: retratam a realidade de tal modo que a misturam com os
medos e anseios da alma humana; e, no mais das vezes, ensinam a viver a vida.
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Desde as estórias de um Pedro Malas Artes até as mais fantasiosas estórias
de como as estrelas foram parar no céu, sempre há uma (ou mais) lição. Com os
mitos busca-se, geralmente, explicar um fato e ensinar uma lição. Por exemplo,
há uma narrativa mítica de uma certa tribo de índios que diz mais ou menos o se-
guinte: haviam muitos curumins desobedientes que subiam até o céu pelos cipós
que, há muito, ligavam o céu e a terra. As mães, já irritadas com a desobediência
dos meninos, certa noite, lhes mandaram que descessem depressa; como ne-
nhum deles obedeceu, elas cortaram os cipós e nunca mais eles puderam voltar
à terra, ficando presos e estáticos no céu. Eles brilham à noite para servir de
exemplo aos outros curumins.
Nas fábulas há muitos ensinamentos também, porque o homem é cons-
tituído de uma parte animal – e fica mais fácil enxergar as realidades anímicas
personificadas em lobos, ovelhas, raposas, e assim por diante. É muito mais fácil
reconhecer a injustiça de um poderoso (político ou magnata) por meio da fábula
do lobo e do cordeiro. Diz mais ou menos o seguinte:
Havia um cordeiro que estava a saciar sua sede num riacho que corria das
montanhas e desaguava num rio maior.
O lobo estava disposto a argumentar como fosse para saciar sua fome
com o cordeiro. O lobo pôs-se na parte alta do riacho e disse:
- Cordeiro! Você está sujando minha água com sua baba.
O cordeiro respondeu:
- Como pode ser tal coisa se estou na parte mais baixa do riacho?
- Você tem razão nisso – respondeu o lobo. – Mas no ano passado eu o ouvi falar
mal de meu pai.
- Como pode ser tal coisa – retrucou o cordeiro – se tenho menos de um ano?
- Você tem razão nisso também – replicou o lobo. – Então deve ter sido teu irmão!
- Mas eu não tenho irmão – disse o cordeiro.
- Está certo. Você tem razão em tudo o que diz, mas vou te devorar mesmo assim.
– E então o lobo saltou e devorou o cordeiro.
Moral da estória: não importa os teus argumentos, se você está ou não
com a razão, o que importa, no fim das contas, é a força.
É assim que a humanidade enxerga a realidade – claro que todos sabe-
mos que lobos e cordeiros não falam, mas homens fortes usam essa força contra
os mais fracos.
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É evidente que estas coisas são melhor assimiladas pela fantasia, uma vez
que a razão indica que deveria ser de outro modo. Não à toa Nosso Senhor en-
sinava por meio de parábolas e não de tratados filosóficos. Justamente por isso
as estórias fantásticas devem ser contadas às crianças.
Monteiro Lobato, num de seus artigos,
fala sobre a construção do imaginário po-
pular. A intenção não é a de incutir medo
nas pessoas simples, mas externar o medo
natural por meio de estórias – além disso, é
uma tentativa de explicar o inexplicável. Em
suas palavras: “A rotação da Terra produz
a noite, a noite produz o medo e o medo
gera o sobrenatural [...]. Quando o sol raia,
desdemoniza-se a natureza. Satã afunda no
Inferno, seguido da alcateia inteira de de-
mônios menores”3.
Outro importante aspecto das estórias
fantásticas é o ensinamento de certas virtudes. Um detalhe que Chesterton obser-
va é que “nos contos de fadas o mundo inteiro enlouquece, mas o herói não”4.
O contrário acontece com os romances e novelas modernas tão apreciadas por
aqueles que criticam os contos de fadas: neles, o mundo permanece intacto, mas
o herói é um completo louco.
Isto ocorre também com as estórias infantis dos tempos atuais: o herói é
louco, acredita em múltiplos gêneros e outras mentiras, mas o mundo no qual ele
está inserido é um perfeito retrato naturalista da realidade. Bons valores não são
passados, somente as loucuras da pós-modernidade.
Estórias fantásticas são muito mais saudáveis que a realidade falseada
pelo homem. A imagem de São Jorge segurando a cabeça do dragão retrata
com maior assertividade o heroísmo do homem comum que a Grande Mídia, que
quer transformar o homem comum em cordeiros a serem devorados pelos lobos,
digo, “vítimas da sociedade”.
Além disso, é mais plausível que, em algum momento da história, um bando
de curumins escalou o céu por cipós e lá foram largados por suas mães que acre-
ditar que o ser humano é um mero fruto da Divina Providência do Mero Acaso.
Oferecimento do Dia
Eu vos adoro, meu Deus, e vos amo de todo meu coração. Dou-Vos graças
por me terdes criado, feito cristão e conservado nesta noite. Ofereço-Vos
as ações deste dia; fazei que sejam todas segundo a vossa santa Vontade,
para maior glória vossa. Preservai-me do pecado e de todo o mal. A Vossa
Graça seja sempre comigo e com todos os que me são caros. Amém.
ou
É
bem de notar que o influxo do livre arbítrio não é peculiar somente
à fé religiosa; verifica-se também em relação a todas as verdades
que repercutem sobre nossa vida moral. Já Leibniz observou que, se
as matemáticas tivessem consequências éticas, o homem logo ten-
taria pô-las em dúvida. Não tão paradoxal é, como parece, o dito de Pascal:
"Ao que não ama a Deus é impossível ser convencido da verdade da Igreja".
Entende que, para chegar à fé, falta-lhe instrução religiosa; certa ma-
nhã, apresenta-se ao confessionário de um sacerdote de excepcional virtude,
o Abade Huvelin. Sem se ajoelhar, declara: “Senhor padre, não tenho fé; ve-
nho pedir-lhe que me instrua”. O padre o fitou e disse: “Ponha-se de joelhos,
confesse-se a Deus e encontrará a fé”. A isso, tentou retrucar o buscador de
Deus, hesitante: “Mas eu não vim para isso...”, no que foi cortado pelo padre:
“Confesse-se!”. Sentiu então Focauld que a acusação dos seus pecados era,
para ele, condição da Luz.
A razão justifica, sim, o ato de fé, mas a razão não é a força que nos
impele a produzir esse ato, não apenas pelo fato de a Revelação ser misterio-
sa como também porque esta nos apresenta doutrina de vida e não só uma
verdade teórica: “escrevemos a fim de que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho
de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu Nome” (Jo 20,3).
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VOCÊ CONHECE
O VENERÁVEL
FULTON SHEEN?
Fulton Sheen, uma apresentação – texto de apresentação de Henri-
que Sebastião para o livro 'O Eterno Galileu' (Molokai, 2018)
N
asceu Peter John Sheen este poderoso evangelizador, em El
Paso, no Illinois, EUA, aos 8 de maio de 1895, filho do fazen-
deiro Newt Sheen e sua esposa, Delia.
Aos 8 anos de idade já servia à Santa Missa como um coroinha,
para o bispo John L. Spalding, da cidade de Peoria. Um dia, Sheen dei-
xou cair um galheteiro no chão e o quebrou. Naquela época havia um
rigor muito maior do que há hoje para com as crianças, que dirá na-
quilo que se relacionava às coisas de Deus, e mais ainda numa cidade
do interior. O menino, naturalmente, ficou muito assustado. Depois
da Celebração, esperava, trêmulo, por uma dura reprimenda. O Bispo
Spalding, de fato, veio falar com ele, mas para a sua surpresa, ao invés
de lhe fazer uma advertência, sussurrou-lhe duas previsões inesperadas
sobre sua vida. Primeiro, o bispo disse que Sheen um dia estudaria em
Louvain, na Bélgica, o que naquele momento soava absurdo; segundo,
disse-lhe: "Algum dia, você será exatamente como eu sou".
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Aquela criança certamente não entendeu muita coisa, naquele
momento. Anos mais tarde, viria a cursar o ensino médio no Instituto
Spalding, depois prosseguiu seus estudos no St. Viator College, Illinois,
e frequentou o St. Paul Seminary, em Minnesota, antes de ser ordena-
do sacerdote – aos 20 de setembro de 1919.
_______________
1. SHEEN, Fulton J. Radio Replies, vol. 1, p.9, ‘Rumble & Carty’, Tan Pu-
blishing (tradução de Gercione Lima).
3. Idem.
4. Ibidem.
______
Referência:
Biographical Profile of Fulton J. Sheen, do The Catholic University of Ame-
rica, disp. em: http://fulton-sheen.cua.edu/bio/index.cfm
Acesso 29/5/2018
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O DRAMA DO
FIM DOS TEMPOS
Obra do Revmo.
Padre Emmanuel-André
OITAVO ARTIGO
escrito em outubro de 1885
A CRISE FINAL
–I–
“E depois que tiverem acabado de dar o seu testemunho, a fera que sobe
do abismo fará guerra contra eles, e vencê-los-á e matá-los-á.
“Mas depois de três dias e meio o espírito de vida entrou neles da parte
de Deus. E eles puseram-se em pé, e apoderou-se um grande temor dos
que os viram.
“E ouviram uma grande voz do céu que lhes dizia: Subi para cá. E subi-
ram ao céu numa nuvem e seus inimigos foram testemunhas disso.
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A quinta procede do governo das coisas — Pois, vemos que algumas, como os
corpos naturais, que carecem de conhecimento, operam em vista de um fim;
o que se conclui de operarem sempre ou freqüentemente do mesmo modo,
para conseguirem o que é ótimo; donde resulta que chegam ao fim, não pelo
acaso, mas pela intenção. Mas, os seres sem conhecimento não tendem ao fim
sem serem dirigidos por um ente conhecedor e inteligente, como a seta, pelo
arqueiro. Logo, há um ser inteligente, pelo qual todas as coisas naturais se or-
denam ao fim, e a que chamamos Deus.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO — Como diz Agostinho,
Deus sumamente bom, de nenhum modo permitiria existir algum mal nas suas
obras, se não fosse onipotente e bom para, mesmo do mal, tirar o bem3. Logo,
pertence à infinita bondade de Deus permitir o mal para deste fazer jorrar o
bem.
RESPOSTA À SEGUNDA — A natureza, operando para um fim determina-
do, sob a direção de um agente superior, é necessário que as coisas feitas por
ela ainda se reduzam a Deus, como à causa primeira. E, semelhantemente, as
coisas propositadamente feitas devem-se reduzir a alguma causa mais alta, que
não a razão e a vontade humanas, mutáveis e defectíveis; é, logo, necessário
que todas as coisas móveis e suscetíveis de defeito se reduzam a algum primei-
ro princípio imóvel e por si necessário, como se demonstrou4.
RESPOSTA À TERCEIRA — Efeitos não proporcionados à causa não le-
vam a um conhecimento perfeito dela; todavia, por qualquer efeito nos pode
ser, manifestamente, demonstrada a existência da causa, como se disse. E as-
sim, pelos seus efeitos, pode ser demonstrada a existência de Deus, embora
por eles não possamos perfeitamente conhecê-lo na sua essência.
1. II Metaphys., c. 1
2. Ibid
3. in Enchiridio, c. 11
4. In corp.
abcdefghijklmnopqrst
uvwxyz1234567890ABCD
EFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ=
!@#$%&*()_+/*-+.?"|<
41
‘a Virgem Clemente’
Cartões de oração antigos – série OFC (30) 'VIRGO CLEMENS' (Augsburg, Alemanha)