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Mapeamento Sistemático Brasileiro

Marcio José Ornat; Almir Nabozny; Joseli Maria Silva

Apresentação

O conhecimento sobre as feições e características do espaço é uma das mais


importantes informações para o planejamento e a gestão territorial. É a partir de um
mapeamento de referência, denominado Mapeamento de Base, que outras séries
cartográficas podem ser construídas. Prova da sua importância é que em todos os países do
mundo, a atividade cartográfica oficial está a cargo ou de órgãos de Estado, ou do próprio
exército.
Como exemplo, nos Estados Unidos, o órgão responsável pela cartografia americana é
a Geological Survey; no Brasil, são responsáveis pelo mapeamento sistemático nacional tanto
o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -, como a DSG - Diretoria do Serviço
Geográfico do Exército. (LOCH, 2006).
Para que compreendamos seu propósito e lógica de confecção, estruturamos esta
unidade em três seções: na primeira, estaremos aprofundando o tema denominado Carta
Internacional do Mundo ao Milionésimo; na segunda seção, trataremos da lógica de
confecção das cartas a partir do sistema de coordenadas Universal Transversa de Mercator -
UTM; na ultima seção estaremos trabalhando com a nomenclatura e divisão das folhas da
Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo.

Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo

O mapeamento sistemático do mundo em escalas de 1:1.000.000 é um exemplo de


constituição de uma cartografia de base. Havia no início do séc. XX uma preocupação pela
necessidade de um mapeamento global, a partir dos mesmos critérios de detalhamento,
projeção e escala, com o objetivo de fornecer uma carta de uso geral que permitisse a
elaboração de outras séries cartográficas. Em 1909, representantes de vários países
reuniram-se em Londres, estabelecendo como critérios principais da CIM (Carta Internacional
do Mundo ao Milionésimo): escala 1:1.000.000, projeção policônica (ARCHELA, 2007), além
das dimensões da carta (4° de latitude / 6° de longitude) e a nomenclatura da divisão das
folhas.
Como visto por Loch (2006), no decorrer no século XX, novas reuniões aconteceram.
Uma das pautas foi a necessidade de manutenção e atualização dos mapeamentos. Sendo
um dos signatários do acordo internacional, o Brasil se comprometeu em atualizar seu
mapeamento a cada dez anos.
De forma geral, a CIM tem duas principais finalidades: fornecer uma carta que permita
visão de conjunto para planejamento e investimento; oferecer a possibilidade de preparação
de séries cartográficas, objetivando estudos e análises. (IBGE, 1999).
As informações que são apresentadas nessas cartas são a planimetria, com
hidrografia, solos, vegetação, unidades políticas e administrativas e sistemas viários. Também
linhas altimétricas que representam as diferentes feições do relevo.
A única série que cobre todo o território nacional, com 46 folhas, foi a concluída em
1960. Como visto por Oliveira (1988), até 1946, o que se tinha de mapeamento sistemático
era a compilação de um conjunto de produtos cartográficos heterogêneos do que já tinha sido
feito pelo próprio exército. A partir de 1946, com um levantamento fotográfico realizado pelos
Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, chamado Trimetrogon, a compilação das
cartas melhorou em informação. Em 1962, na conferência das Nações Unidas, novas
especificações foram criadas para a CIM. Uma segunda edição é iniciada, demonstrando uma
modificação de conteúdo, nas novas 46 cartas editadas em 1971/1972.
As normas para a realização da cartografia brasileira que correspondam aos critérios
estabelecidos pela CIM estão postas em um conjunto de regulamentos, elencados em
decretos, que datam da década de 1960. Silva (1999, p. 39) cita como importantes os
Decretos 243, 71.267, e 89.817, além da Resolução PR22. Acrescentamos a lista do autor a
Resolução PR23, Decreto 5.334 e a Resolução do Presidente do IBGE 1/2005. Vejamos a
seguir do que eles tratam:

Decreto-lei 243, de 28/2/1967: fixa as diretrizes básicas da Cartografia Brasileira, estabelece


o Sistema Cartográfico Nacional (SCN), cria a Comissão de Cartografia (Concar) e normaliza
a Cartografia Sistemática.

Decreto 71.267, de 25/10/1972: regulamenta as atividades dos aerolevantamentos. Portaria


2, FA 10220, de 12/12/1972: formaliza as instruções reguladoras dos aerolevantamentos,
habilitação e classificação de empresas, guarda, conservação e utilização dos originais
cartográficos.

Resolução PR22, de 21/7/1983: especifica as normas gerais para levantamentos geodésicos.

Decreto-lei 89.817 de 1984: formaliza as instruções reguladoras das normas técnicas da


cartografia brasileira, cria os Padrões da Exatidão Cartográfica (PEC).

Resolução PR23, de 21/2/1989: altera a PR 22, normaliza a utilização de Sistemas de


Posicionamento Global.

Decreto 5.334/2005, de 06/01/2005: altera a redação do artigo 21, do decreto n° 89.817. Os


referenciais planimétrico e altimétrico para a Cartografia Brasileira são aqueles que definem o
Sistema Geodésico Brasileiro - SGB, conforme estabelecido pelo IBGE, em suas
especificações e normas.

Resolução do Presidente do IBGE 1/2005, de 25/02/2005: estabelece o Sistema de


Referência Geocêntrico para as Américas - SIRGAS, em sua realização do ano de 2000 -
SIRGAS2000, como novo sistema geodésico de referência para o Sistema Geodésico
Brasileiro - SGB e para o Sistema Cartográfico Nacional – SCN.

Projeção Universal Transversa de Mercator - UTM

O sistema de coordenadas UTM adota a projeção conforme de Gauss. A partir do anti-


meridiano de Greenwich, conta-se de oeste para leste, de 6º em 6°.
Cada faixa entende-se por um fuso (figura 30). No Brasil o sistema de coordenadas
UTM apresenta as seguintes especificações (IBGE, 1999):

• Transversa de Mercator com fusos de seis graus de amplitude em longitude e cilindro


secante (figura 31)
• Elipsoide de referência UGGI, 1967
• Origem das coordenadas Norte no equador
• Origem das coordenadas Leste no meridiano central
• Unidade de medida - metro
• Norte (N) = 0 para o hemisfério Norte e Norte falso = 10.000.000,00 para o hemisfério sul
• Leste falso (E) = 500.000 metros
• Fator de escala para o meridiano central (K0) = 0,9996 (figura 32)
• Numeração dos fusos de 1 a 60, começando no anti-meridiano de Greenwich e crescendo
no sentido Leste
• Latitudes limites: 80 º Norte e Sul

Figura 30 - Fusos UTM Fonte: IBGE, 1999.


Figura 31 – Transversa de Mercator com Cilindro Secante Fonte: IBGE, 1999.

Figura 32 – Critérios Fuso UTM Fonte: IBGE, 1999.

Cada localização geográfica na Projeção UTM é fornecida por coordenadas x e y, em


metros, de acordo com a Projeção Transversa de Mercator. Como visto na figura 32. No
Hemisfério Norte a origem é tomada no encontro do Equador com o Meridiano Central, com
coordenadas x = 500.000 m e y = 0 m; no Hemisfério Sul, o mesmo ponto é a origem, mas,
enquanto x permanece 500.000 m, y = 10.000.000 m. Em cada caso, os números aumentam
em direção ao leste e ao norte, portanto, não existem coordenadas negativas.
O modelo matemático adotado na projeção UTM é o modelo Elipsoidal, contudo, para
cada região, existe um elipsoide adequado. Por exemplo, nos EUA, o elipsoide de Clark 1866
é usado para a projeção cartográfica. No Brasil, o mais adequado é o SAD-69, ou como no
Decreto 5.334/2005, de 06/01/2005, o elipsoide Sirgas 2000.
Nomenclatura e Articulação de Folhas

A nomenclatura tem por objetivo articular a subdivisão das cartas ao Milionésimo.


Segundo o IBGE (1999), não existem códigos de nomenclatura para documentos
cartográficos com escala maior que 1:25.000. O que acontece na maioria das vezes é que
cada órgão que confecciona os documentos cartográficos estabelece sua própria
nomenclatura. Isso problematiza a articulação entre documentos com escalas idênticas, mas
produzidas por órgãos específicos.
Todavia, duas articulações foram propostas por dois órgãos envolvidos com a
produção cartográfica no Brasil, o Concar e a Comissão Nacional de Regiões Metropolitanas
e Política Urbana. O primeiro desenvolveu uma metodologia que articulava as folhas de
1:100.000 até folhas de 1:500; o segundo vai da escala 1:25.000 até 1:1.000. Esta última tem
sido adotada por órgãos responsáveis pela cartografia regional e urbana.
Vejamos a articulação das cartas ao Milionésimo (figura 33):

Figura 33 – Nomenclatura das Folhas Fonte: IBGE, 1999.


Quadro IV – Relação entre Escala, Número de Folhas e Nomenclatura

N° de Folhas Escala Nomenclatura


1 1:1.000.000 SD – 21
4 1:500.000 SD 21 – V
4 1:250.000 SD – 21 – V – A
6 1:100.000 SD – 21 – V – A – I
4 1:50.000 SD – 21 – V – A – I – 1
4 1:25.000 SD – 21 – V – A – I – 1 – NO

Síntese

Os conhecimentos relacionados à superfície da Terra são uma das mais importantes informações para o
planejamento e gestão do espaço. É a partir delas que são gestadas relações e recursos sociais. Essas
informações, denominadas Cartografia de Base, sempre estão a cargo de órgãos do Estado ou do próprio
exército.
Para que os levantamentos possam ser comunicáveis, faz-se necessário o estabelecimento de critérios
gerais de trabalho, colocando-se a Universal Transversa de Mercator, a Carta Internacional do Mundo ao
Milionésimo e sua sistematização, dentro destes critérios.

REFERÊNCIAS

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Material retirado da obra:

ORNAT, Marcio José, NABOZNY, Almir; SILVA, Joseli Maria. Cartografia 2. Ponta Grossa: UEPG/NUTEAD, 2009.
ANEXO

Divisão do Globo em Zonas UTM

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