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de Autor Desconhecido está licenciado

em UNIVERSIDADE
FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE AGROTECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE DIREITO

RAILSON RAMOS DE SOUZA

TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO

MOSSORÓ-RN

2018
PARTE GERAL DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. TEORIA GERAL DO NEGÓCIO
JURÍDICO

 Conceitos básicos. Fato, ato e negócio jurídico

FATO JURÍDICO - é um acontecimento que tem relevância para o Direito,


podendo ser natural ou causado por ação humana.

ATO JURÍDICO- espécie de fato jurídico que conta com fatores extras como a
vontade e a licitude. Portanto, para Tartuce o ato ilícito não é jurídico. Já para
Pontes de Miranda o é.

NEGÓCIO JURÍDICO – uma espécie de ato jurídico constituído de partes com


interesses particulares e propósito específico. Ademais, é caracterizado pela
liberdade negocial, pressupondo, segundo o ordenamento jurídico vigente, a
existência de três elementos fundamentais: a existência, a validade e, por
último, a eficácia.

ATO JURÍDICO STRICTO SENSU – Trata-se de fato jurídico (com declaração


unilateral de vontade) pelo qual os efeitos são determinados pelas normas
jurídicas, não permitindo, portanto, a escolha (arbítrio) das partes. Ex: o
reconhecimento de um filho, ocupação de imóvel ou até mesmo o
cumprimento com uma obrigação. Observação: as mesmas regras pelas
quais as teorias das nulidades e os defeitos dos negócios estão submetidas,
também são aplicadas ao ato jurídico stricto sensu.

 Classificações do negócio jurídico

1) No que diz respeito a vontade dos indivíduos:


 Negócios jurídicos unilaterais- quando tratar-se de atos e negócios que
surgem da manifestação de vontade de uma única pessoa. Alguns
exemplos: testamentos ou a própria renúncia a créditos de
recompensa.
 Negócios jurídicos bilaterais- como é de pressupor, trata-se do emanar
de duas vontades (de duas pessoas, obviamente) e que apresentam
os mesmos objetivos: casamento, contrato, compra e venda.
 Negócios jurídicos plurilaterais – como o próprio nome nos faz supor,
trata-se de uma espécie de negócio jurídico com a participação de
várias pessoas como, por exemplo :contrato de sociedade e contrato
de consórcio – entre mais de duas pessoas.
2) No que diz respeito às vantagens patrimoniais dos envolvidos:
 Negócios jurídicos gratuitos: tratam-se de atos pelos quais o
beneficiado por eles não tem nenhuma obrigação de compensação
como por exemplo: doação.
 Negócios jurídicos onerosos: há esforços e benefícios mútuos entre as
partes como por exemplo, locação e compra e venda.

3) No que diz respeito aos efeitos no tempo:


 Negócios jurídicos inter vivos – aqueles aptos a produzir efeitos já
enquanto os interessados estão vivos como por exemplo: contratos de
modo geral.
 Negócios jurídicos mortis causa – os efeitos são produzidos com a
morte de certa pessoa a exemplo de um testamento.

4) No que diz respeito à necessidade de solenidade ou formalidade:


 Negócios jurídicos formais ou solenes – seguem determinados padrões
de solenidades ou formalidades como por exemplo o casamento e o
testamento.
 Negócios jurídicos informais ou não solenes – em sintonia com o art.
107 do CC é operado de modo espontâneo, livre, sem formalidades
expressas, como por exemplo: prestação de serviços e a locação.
5) No que tange a independência ou autonomia:
 Negócios jurídicos principais ou independentes- a existência e validade
desse tipo de negócio jurídico não depende de um outro, a exemplo da
locação.
 Negócios jurídicos acessórios ou dependentes – sua existência pressupõe
a existência do principal (fiança em relação à locação).
6) No que diz respeito às condições pessoais especiais dos negociantes:
 Negócios jurídicos impessoais – aqueles nos quais as obrigações
poderão ser assumidas por qualquer pessoa (pelo obrigado ou até
mesmo por terceiros) a exemplo da compra e venda.
 Negócios jurídicos personalíssimos ou intuitu personae – quando um
dos negociantes apresenta uma condição especial, tratando-se,
portanto, de uma obrigação infungível (insubstituível) a exemplo do
contrato do trabalho artístico de um pintor renomado.
7) No que se refere à sua causa determinante:
 Negócios jurídicos causais ou materiais- remete a forma como o
negócio jurídico se deu, a exemplo de um termo de divórcio.
 Negócios jurídicos abstratos ou formais – a razão de ser desse tipo de
negócio não se deve ao conteúdo em si, mas do seu viés que se dá
naturalmente como por exemplo: termo de transmissão de
propriedade.
8) No que diz respeito ao momento de aperfeiçoamento:
 Negócios jurídicos consensuais – nesse tipo de negócio os efeitos
surtem resultados após o acordo entre os interessados, como a
exemplo do que ocorre na compra e venda (previsto no art.482 do CC).
 Negócios jurídicos reais - aqui os efeitos são gerados a partir da
entrega do objeto envolvido no negócio, do bem jurídico protegido, a
exemplo do comodato e mútuo (espécies de empréstimos).
9) No que tange à extensão dos efeitos:
 Negócios jurídicos constitutivos – Os efeitos surgem após a conclusão
do negócio jurídico, como por exemplo: compra e venda.
 Negócios jurídicos declarativos – efeitos gerados desde em que ocorre
o fato que constitui o objeto, a exemplo da partilha dos bens no
inventário.
 Elementos estruturais do negócio jurídico. A Escada Ponteana
Segundo o grande jurista Pontes de Miranda, existem alguns elementos que
são naturais, essenciais e acidentais no que diz respeito ao negócio jurídico,
estruturando-os no que ele vai chamar de Escada Ponteana ou “Escada
Pontiana”. O negócio jurídico, está, portanto, estruturado em três categorias:

 plano da existência;
 plano da validade;
 plano da eficácia;

o Plano da existência:
 agente;
 vontade;
 objeto;
 forma;
 (pressupostos de existência)

o Plano da validade:
 capacidade do agente;
 liberdade da vontade ou consentimento;
 licitude, possibilidade, determinabilidade do objeto;
 adequação das formas;
 (requisitos da validade)
o Categoria da eficácia:
 Condição;
 Termo;
 Consequências do inadimplemento negocial de
juros, multas danos e perdas;
 (efeitos do negócio)

Conforme Pontes de Miranda, a lógica do negócio jurídico é a seguinte: os


elementos da validade só serão examinados e verificados quando constar
suas existências. E mais, o negócio jurídico só terá eficácia quando
comprovadas sua existência e validade.

Plano da existência:
Neste plano estão os elementos mínimos e essenciais do negócio jurídico
(partes, vontade, objeto e forma). Na ausência de um desses elementos o
negócio jurídico inexiste.
Plano da validade:
O negócio jurídico que não é constituído por elementos como: I) agente
capaz; II) objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III) forma
prescrita ou não defesa em lei é, via de regra, nulo. Entretanto, quando tratar
de negócio celebrado por incapaz constituirá negócio jurídico anulável.
Esclarecimentos sobre os requisitos do plano da validade:
a) Partes capazes ou capacidade do agente: a capacidade das partes
envolvidas num negócio jurídico é fato fundamental para a validade do
mesmo. Segundo o código civil, os negócios jurídicos praticados por
relativamente incapaz- se realizados sem a devida assistência- são
anuláveis (também os que forem frutos de vício de consentimento);
enquanto isso, os realizados por absolutamente incapaz são nulos- se
realizados sem a devida representação. Para certos atos, além da
capacidade de modo geral necessita-se de legitimação. Imaginem a
seguinte situação: Railson, um homem casado, plenamente capaz, certo
dia decide vender sua casa, para tal, necessita, precipuamente, da
outorga do seu cônjuge.
b) Vontade: a vontade é o elemento que diferencia o negócio jurídico dos
fatos naturais. De modo geral se a vontade for fruto de um vício de
consentimento, em regra, será anulável.
c) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: o objeto para ser
lícito não deve contrariar os bons costumes, conturbar a ondem pública , a
boa-fé e a função social e econômica (pela qual fora estabelecido ), sob a
pena do negócio jurídico ser considerado nulo; a impossibilidade, tanto
física quanto jurídica será condição de nulidade do negócio jurídico; o
objeto do negócio deve ser determinado ou , no mínimo, determinável. No
entanto, a impossibilidade relativa inicial não anula o negócio
d) Forma prescrita ou não defesa em lei: enquanto a forma prescrita diz
respeito a exteriorização da vontade das partes, a não defesa significa, em
outras palavras, “não proibida”. A segurança jurídica de um negócio
jurídico celebrado está na solenidade e na formalidade. A solenidade aqui
compreendida como ato público (escritura pública); já a formalidade,
entendida como a forma exigida conforme a lei, a exemplo da forma
escrita. É importante diferenciar a escritura pública do registro no que
tange aos contratos: a primeira pode ser celebrada em tabelionatos de
notas de qualquer parte do país, não sendo determinante o local onde se
localiza o imóvel. Já o registro pressupõe o lugar da aquisição da
propriedade de determinado imóvel, aqui sendo, portanto, imprescindível
que o registro se faça no Cartório de Registros de Imóveis da localidade
do imóvel.
Plano da eficácia:
Neste último plano, último degrau da Escada Ponteana, estão as
consequências jurídicas e práticas do negócio jurídico. Os elementos de
eficácia (elementos da realidade concreta):
 Condição e termo de evento futuro e incerto;
 Encargo ou modo;
 Regras que tratam de inadimplemento em negócios jurídicos,
podendo gerar multas, juros, perdas e danos;
 Direito a extinguir o negócio jurídico;
 Registro imobiliário;
Tratam-se dos elementos concretos do negócio jurídico.
 A Escada Ponteana e o direito intertemporal. Análise do art. 2.035, caput, do
CC. Exemplos práticos
Este artigo 2035 vem a tratar do direito intertemporal na resolução de conflitos
envolvendo os negócios jurídicos. A redação dele traz explicitamente dois
aspectos importantíssimos: que o plano da existência se encontra tacitamente
no da validade e, por último, e não menos importante, a validade de um
negócio jurídico depende da aplicação de normas vigentes do momento da
celebração do mesmo. Agora, ao se referir ao plano da eficácia, o que deve
incidir são as normas do momento em que os efeitos forem produzidos.

 Estudo dos elementos acidentais do negócio jurídico. Condição, termo e


encargo
Dizem respeito a elementos adicionados aos negócios jurídicos pretendendo
modifica-los no que tange às suas consequências naturais.
a) Condição: derivada das partes, depende de um evento futuro (e
incerto). Portanto, os efeitos do negócio jurídico só se concretizarão se
aquele acontecer.
Classificações das condições:
I. Classificação quanto a sua licitude:
 Condições lícitas: são as que estão conforme o
ordenamento jurídico vigente e, portanto, que não
contrariam a lei, os bons costumes e, principalmente, a
ordem pública, não gerando, portanto, invalidade do
negócio jurídico como por exemplo a venda sob avaliação
prévia do comprador.
 Condições ilícitas: como a própria expressão deve supor,
trata de condições que contrariam ou discordam da lei, do
ordenamento jurídico, gerando, portanto, a nulidade do
negócio jurídico, a exemplo de uma venda que dependa
de um crime a ser realizado pelo comprador.
II. Classificação quanto à possibilidade:
 Condições possíveis: diz respeito a possibilidade física e
jurídica, para que um negócio possa ser concretizado
(consumado). Ex: venda que dependa que o comprador
vá – que é de Mossoró- vá a Icapuí pegar o objeto fruto
do negócio jurídico.
 Condições impossíveis: são condições que geram a
nulidade do negócio jurídico devido a sua impossibilidade
natural ou jurídica, a exemplo de uma venda de um bem
jurídico a um comprador de Saturno.
III. Quanto à origem da condição:
 Condições causais ou casuais: decorrentes de situações
naturais. Ex: comprometimento de vender minha
plantação caso chova.
 Condições potestativas: são condições intimamente
ligadas à vontade humana.
 Condições mistas: correspondem a uma mescla da
vontade com o evento natural. Ex: dou-lhe 5 reais se você
tirar 10 na prova de amanhã, desde que neve na praia de
Icapuí.
IV. Quanto aos efeitos da condição:
 Condições suspensivas: na ausência dessas o negócio acaba
não produzindo seus efeitos. Exemplo: a venda de um produto
a depender da aprovação do comprador, neste caso enquanto
não for aprovada, a venda encontra-se suspensa.
 Condições resolutivas: as consequências jurídicas do negócio
jurídico decorrem da verificação dessas condições. Exemplo:
alienação fiduciária em garantia
b) Termo: elemento ligado a evento futuro e certo, ligado a eficácia do
negócio jurídico. De maneira geral, há um termo inicial que permite o
começo dos efeitos do negócio jurídico e, por fim, o termo final, pelo
qual são findadas todas as consequências práticas e jurídicas
decorrentes do negócio. O art.31 do CC traz a seguinte interpretação:
de que o termo inicial suspende o exercício do direito, porém não a sua
aquisição. Identifica-se um termo pela palavra “quando “, exemplo:
Dou-lhe uma bicicleta quando você for para a faculdade.
c) Encargo ou modo: elemento acidental normalmente ligado a
liberalidade no negócio jurídico. Exemplo: de modo geral se dá na
forma de encargo, testamento, doação e legado. O encargo, fruto de
um negócio gratuito é acompanhado de uma determinação,
normalmente identificado pelas expressões “a fim de que ou para que”.
Exemplo: doarei esse terreno para a construção de uma escola.
 Vícios ou defeitos do negócio jurídico
: o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo e a lesão são tipos de vícios ou
defeitos do negócio jurídico capazes de anular ou tornar anulável um negócio
jurídico. Além deles, já presentes no CC de 1916, o CC de 2002 consagrou
mais duas espécies de vícios (Simulação e fraude contra credores). Os vícios
ou defeitos jurídicos estão divididos em vícios da vontade ou do
consentimento e os vícios sociais.
 Os vícios da vontade e do consentimento:
 Do erro e da ignorância
Falta de noção, engano, ou até mesmo um certo grau de ignorância
em relação a direito, pessoa ou ao objeto do negócio jurídico que
influenciam na vontade e tomada de decisão de uma das partes no
negócio jurídico. Conforme o CC em seu art. 138, qualquer negócio
jurídico celebrado com erro está sujeito a anulação. Segundo o mesmo
artigo, é irrelevante se o erro é escusável ou não, pois adota-se o
princípio da confiança. O erro essencial ou substancial, ao contrário do
erro acidental, gera anulabilidade do negócio jurídico. De modo geral, o
prazo decadencial de anulação do negócio jurídico fruto de erro é de 4
anos (obviamente, contados a partir da celebração do negócio
jurídico ).
 Do dolo
Recurso estratégico usado por uma das partes do negócio jurídico , a
fim de ludibriar a outra parte, prejudicando-a, visando benefício próprio.
Segundo o Código Civil em seu artigo 145, o negócio jurídico fruto de
dolo é anulável (obviamente sendo este a sua causa), uma espécie de
dolo essencial, pois é através dele que se dá a celebração do negócio
jurídico. O dolo acidental, assim como o erro acidental, não gera ou
causa anulabilidade, uma vez que seria celebrado de qualquer forma
(não sendo, portanto, a causa do negócio jurídico). O dolo acidental
apenas permite ou admite a satisfação envolvendo perda e danos aos
afetados. Além desses, existe o dolo de terceiro, acontecendo quando
a parte que se aproveita dele tem ciência.
 Da coação
A coação é concebida como uma espécie de pressão moral ou física
que caracteriza a imposição de uma obrigação desinteressante a uma
das partes do negócio jurídico. Essa pressão sendo imposta tanto ao
coato, a à sua família ou bens. Isso configura como vício de
consentimento, cabível de anulação do negócio jurídico, por meio de
ação anulatória, dentro do prazo decadencial de 4 anos a partir do
cessar da coação.
 Do estado de perigo
De forma simples e didática o estado de perigo se caracteriza numa
situação de perigo que é de pleno conhecimento da outra parte
(consistindo em elemento subjetivo) e que faz com que a parte que
está em perigo celebre o negócio jurídico mesmo demandando uma
excessiva onerosidade (elemento objetivo). Ex: Carlos, pai uma criança
7 anos, certo dia leva a criança que está com a perna quebrada ao
hospital e precisando fazer uma cirurgia urgentemente e, sabendo do
risco, o médico diz que somente fará a cirurgia com o pagamento da
quantia de R$ 300.000 sendo que a mesma só valeria R$ 2.000. O
negócio jurídico celebrado por razão do estado de perigo é, via de
regra, anulável, no entanto, nesta situação caberia apenas a revisão do
negócio, mantendo, portanto, a função social dos contratos.
 Da lesão
Trata-se de negócio absolutamente desproporcional, pelo qual uma
das partes, agindo de forma inexperiente ou por necessidade, e que
reduz patrimonialmente a outra. Para o autor, uma forma típica de
lesão que ocorre no Brasil diz respeito a aquisição da casa própria por
meio de financiamento. Visando manter o princípio da conservação
contratual e da função social do contrato o CC, em seu art. 157, § 2,
permite a revisão extrajudicial ou judicial do negócio fruto de lesão,
pelos quais o réu -parte favorecida concorde em reduzir os proventos’.
 os vícios sociais:

 Da simulação. O enquadramento da reserva mental


Para Tartuce, a simulação constitui um vício social do negócio jurídico que
causa a sua nulidade. A simulação acontece quando as duas partes de um
negócio jurídico se juntam a fim de ludibriar a terceiros. Nela há um vício de
repercussão social que gera a nulidade do negócio celebrado. A simulação,
ainda que inocente, torna o ato nulo, pois constitui atentado a ordem pública.
Constatando-se a valida da substância e forma do negócio jurídico é
reconhecida a nulidade do mesmo, no entanto perdura o que fora
dissimulado. Entretanto , deve-se ter uma maior atenção quanto a simulação
relativa , aquele em que aparentemente é uma coisa ( há um negócio ),mas
no cerne , há um outro, uma que o negócio aparente ( simulado ) mesmo
sendo nulo, não invalida o negócio oculto ( dissimulado ) que, se
apresentando se não causar danos a sociedade.
A reserva mental ou reticência essencial consiste na emissão de forma
proposital de uma declaração não requerida.
De forma sintetizada: quando a outra parte não tem conhecimento da reserva
mental, o negócio é válido. No entanto quando a outra parte tem
conhecimento da reserva mental, automaticamente anula-se o negócio,
devido a sua semelhança com a simulação. Para alguns doutrinadores, os
danos da reserva mental atingem tanto ao declaratário quanto a terceiros,
sendo, contudo, um ato inexistente.

 Da fraude contra credores


Resumidamente, trata-se de vício social que acomete o negócio jurídico
quando, o devedor, visando não cumprir com suas obrigações juntas ao
credor, dispõe do seu próprio patrimônio, essa disposição sendo tanto
onerosa quanto gratuita.
Esse tipo de fraude contra credores, via de regra, anula o ato praticado (o
negócio jurídico).
Fórmula da fraude contra credores: existência de propósito de prejudicar o
credor (elemento subjetivo) + prejuízo aos credores (elemento objetivo).
Ressalta-se que para configurar a anulabilidade do negócio jurídico, é
essencial a presença do conluio entre quem compra e quem vende.

Por outro lado, quando se refere à disposição gratuita dos bens o art. 158 do
CC não se exige o elemento subjetivo, desde que se comprove fator danoso
ao credor.
 Teoria das nulidades do negócio jurídico
A Teoria das Nulidades do Negócio Jurídico diz respeito a invalidade do
mesmo. A invalidade e a consequente ineficácia do negócio jurídico
pressupõem a inexistência do negócio jurídico, a nulidade absoluta do
negócio e anulabilidade dele.
 Da inexistência do negócio jurídico

Como dito na gênese desse trabalho, a inexistência de um negócio jurídico se


dá quando o mesmo não preenche as condições mínimas para sua
existência, não apresentando, portanto, o suporte fático: partes, vontade,
objeto e forma.
O plano da existência está contido no da validade, por isso que não é
necessário uma ação para declarar um negócio jurídico como inexistente,
uma vez que isso pressupõe sua invalidade. Os juristas têm como
inexistentes, os negócios jurídicos que estão no âmbito da nulidade absoluta.
 Da nulidade absoluta – Negócio jurídico nulo
A nulidade, de modo geral, concebida como a privação de um negócio jurídico
de produzir efeitos, uma vez que se deu em desconformidade com a norma
jurídica prescrita. Ela se subdivide em duas, uma em sentido mais amplo
(nulidade absoluta) e, a outra, a nulidade relativa (anulabilidade).
A anulabilidade para ser absoluta deve contrariar as normas de ordem pública
(negócio absolutamente inválido), necessitando, portanto, de ação
declaratória de nulidade.
Por serem de ordem pública, as nulidades absolutas podem ser apresentadas
por qualquer interessado ou até mesmo pelo MP.
Por fim, é relevante destacar que a sentença declaratória de nulidade do
negócio jurídico se dá contra todos que ameaçarem a ordem pública.

 Da nulidade relativa ou anulabilidade. Negócio jurídico anulável


A nulidade de partes envolve interesse de partes. Em negócios jurídicos
celebrados por relativamente incapaz sem a devida assistência de seu
curador, em caso de vícios como o erro, o dolo a coação moral ou
psicológica, a fraude a credores, o estado de perigo ou lesão. Em relação a
situações concretas de anulabilidade cabe ação anulatória.
Na ausência de prazo pelo ordenamento jurídico para a anulação do negócio
jurídico, esse será de dois anos, que são contados desde sua consumação.
Os artigos 177 e 178 do CC concordam que a alegação da anulabilidade do
negócio jurídico diz respeito às partes e não ao juiz.
Quando o menor de 18 e maior de 16 anos, usando de malícia, celebra
negócio jurídico com o intuito de quando celebrado, invocar sua idade, que
anteriormente havia ocultado, com o propósito único de isentar-se das
obrigações, tal negócio não perde sua validade e efeitos jurídicos, livrando-se
de qualquer anulabilidade.
Conforme o art. 181 do CC: “Ninguém pode reclamar o que, por uma
obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em
proveito dele a importância paga”. Portanto, a pessoa pode ter seu dinheiro
ressarcido, caso prove que o menor plenamente dele se beneficiou.
Por fim, é traçado um quadro comparativo entre negócio jurídico nulo x
negócio jurídico anulável:
 Negócio jurídico nulo (diz respeito a ordem pública)
 Quando, sem autorização do seu representante, o absolutamente
incapaz celebra um negócio jurídico;
 Quando a intenção das partes envolvidas no negócio for ilícita;
 Quando tratar-se de Objeto ilícito, impossível, indeterminado ou
indeterminável;
 Quando a celebração do negócio envolver a simulação, incluindo-se
também a reserva mental;
 Coação física e psicológica;
 Efeitos e procedimentos
 Quando tratar-se de nulidade absoluta (nulidade)
 O juiz é incompetente para sanar a nulidade
 Agora o MP pode intervir a fim de promover a demanda
 E a sentença declaratória serve para todos e pode retroagir no tempo

 Negócio Jurídico Anulável


 Aqui, por outro lado, a celebração do negócio jurídico se dar por um
relativamente incapaz;
 Quando na incidência daqueles vários tipos de vícios: dolo, erro, lesão,
estado de perigo, coação em todos os aspectos (moral e psicológico) e
fraude aos credores;
 O ordenamento jurídico vigente garante a anulabilidade de semelhante
negócio jurídico;

 Efeitos e procedimentos
 A nulidade relativa (também concebida como anulabilidade);
 Ação anulatória e prazos decadenciais para as mesmas;
 As partes podem contribuir para saná-la;
 Somente os interessados tem competência para propor ação
anulatória;
 A ação anulatória tem eficácia entre as partes envolvidas e não
retroage.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. 7. ed. rev., atual.
e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.

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