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A Política enquanto Ciência e a

necessidade de seu ensino para o exercício


eficiente da cidadania

Eitel Santiago de Brito Pereira

Sumário
1. Introdução. 2. O conhecimento científico
sobre Política. As técnicas e métodos emprega-
dos por politólogos. 3. Objeto e noção da Ciên-
cia Política. 4. Denominações e conteúdo pro-
gramático da Política. 5. Objetivos da Política e
suas relações com outras matérias. 6. A obriga-
toriedade do ensino da Política como solução
adequada ao exercício eficiente da cidadania.

1. Introdução
Ao organizar o Estado, a Constituição
atual consagrou a forma republicana e o re-
gime democrático de governo, assentados
na soberania popular e no pluralismo par-
tidário1.
O Presidente da República, os Governa-
dores, os Prefeitos, os Senadores, os Depu-
tados Federais e Estaduais e os Vereadores
são eleitos pelo povo, mediante o sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos. Apesar disso, criti-
cam-se bastante os agentes políticos. Mui-
tos deles não estariam à altura das aspira-
ções do corpo eleitoral.
Por que isso acontece? O que seria neces-
sário fazer para melhorar a representação?
Pretendo, neste trabalho, responder a tais
indagações. Com tal propósito, discorrerei
Eitel Santiago de Brito Pereira é Subprocura- sobre a Política enquanto Ciência, apontan-
dor-Geral da República e Professor de Ciência do a instituição de seu ensino nas escolas,
Política da Universidade Federal da Paraíba. a partir do ensino médio, como solução
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adequada para o exercício eficiente da ci- coerência unitária de seus juízos e a sua
dadania. adequação ao real”.
É possível o conhecimento científico so-
2. O conhecimento científico sobre bre a Política e, no seu labor, o politólogo
Política. As técnicas e métodos adota as mesmas técnicas de pesquisa de
outras ciências sociais. Numa perspectiva
empregados por politólogos
histórica, investiga acontecimentos do pas-
Sensível aos fenômenos do cosmo e ca- sado para revelar a realidade atual. No pla-
paz de pensar, o homem sente o imperioso no comparativo, coteja instituições de dife-
impulso de entender a realidade que o cir- rentes Estados com o propósito de apontar
cunda. O conhecimento científico procede o que existe de comum entre elas. Além dis-
dessa curiosidade. Curiosidade que atende so, faz manipulações estatísticas, fornecen-
ao seu instinto de sobrevivência e à sua as- do descrições quantitativas da sociedade, e
piração de progresso. Curiosidade que ilu- formula classificações, construindo tipos,
mina sua compreensão existencial e lhe per- modelos e estruturas.
mite antever, com relativa confiança, alguns A Política não prescinde dos métodos
eventos futuros. clássicos de organização do pensamento.
Num primeiro momento, observa os Algumas vezes, o cientista político parte de
acontecimentos, vivencia experiências e sen- afirmações gerais para chegar à conclusão
te emoções. Em seguida, forma em sua cons- particular (dedução). Noutras, sai do regis-
ciência um conjunto de crenças sobre os fa- tro de fatos específicos para atingir a propo-
tos, adquirindo casualmente o conhecimen- sição mais genérica (indução). Na maior
to vulgar. Somente numa terceira etapa, parte dos casos, aproveita os dois procedi-
analisa e reflete, distingue e classifica, con- mentos e também o método hipotético-de-
ceitua e sistematiza as descobertas, por meio dutivo.
de experimentos e verificações, construindo O politólogo, preleciona Dalmo de Abreu
pelo raciocínio o conhecimento científico. DALLARI (2000, p. 7-8), sempre integra os
O sentimento e a razão são os principais resultados obtidos em suas pesquisas
utensílios empregados no processo intelec- “numa síntese, podendo perfeitamente ocor-
tual de representação científica da realida- rer que de uma lei geral, obtida por indução,
de. Mas não esgotam os instrumentos de tirem-se deduções que irão explicar outros
aprendizado do sujeito cognoscente, que fenômenos, havendo, portanto, uma associa-
desfruta igualmente de resultados alcança- ção permanente de métodos, assim como os
dos por suas percepções extra-sensoriais. próprios fenômenos estão sujeitos a uma
Essas fontes, ainda pouco estudadas, rela- interação causal, uma vez que a vida social
cionam-se com fenômenos paranormais ou está sempre submetida a um processo dia-
parapsicológicos e explicam, em muitos ca- lético, o que faz da realidade social uma
sos, a excepcional intuição de alguns gê- permanente criação”.
nios do saber. Recordo, por oportuno, o sábio Jean-
A Ciência tem sido conceituada como o Jacques ROSSEAU (1996). Em sua famosa
“conjunto de conhecimentos relativos a cer- obra, ele lançou algumas premissas gerais.
tas categorias de fatos ou de fenômenos” Disse, por exemplo, que no estado da natu-
(NASCENTES, 1981, p. 373). Porém, Miguel reza o homem era livre, mas perdeu parte de
REALE (1975, p. 50) adverte que a natureza sua liberdade natural com o desenvolvimen-
científica da experiência só aparece se a in- to da vida em sociedade e a conseqüente ins-
vestigação “obedece a um processo ordena- titucionalização do poder. Afirmou, por ou-
tório da razão, garantindo-nos certa mar- tro lado, que o poder não se assenta na força
gem de segurança quanto aos resultados, a e sim no Direito. Assim, empregando um

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raciocínio dedutivo, inferiu que o dever de toda a realidade em si mesma, mas a
obediência dos súditos à(s) pessoa(s) ou sua representação ou imagem, tal
órgão(s) encarregado(s) de exercer o poder como o sujeito a constrói, e na medida
somente pode ser fruto de um acordo firma- das formas de apreensão do sujeito
do por homens livres. correspondentes às peculiaridades
Como evidência da utilização do pensa- objetivas...”.
mento indutivo, lembro que MONTESQUIEU A Política é o objeto da atenção dos poli-
(2000) concluiu que a divisão dos poderes é tólogos, que costumam decifrar o significa-
indispensável para assegurar a liberdade do desse lexema antes de fornecer sua no-
política com esteio nos registros de alguns ção. A palavra tem diversas acepções, em-
fatos específicos: a) o respeito à liberdade bora sempre exprima uma idéia referente à
na Inglaterra, onde os três poderes (de fazer realidade estatal. Provém do idioma grego
as leis, de executar as resoluções públicas e (“politiké”) (NASCENTES, 1981, p. 1305),
de julgar os crimes e as demandas dos par- sendo derivada de “polis”, termo emprega-
ticulares) estavam separados e eram exerci- do para designar a Cidade.
dos por pessoas ou corpo de magistrados Todavia, entre os helênicos, a Cidade
distintos; b) a moderação dos governos na englobava o Estado, consoante se colhe da
maior parte dos reinos europeus, nos quais lição de ARISTÓTELES (1977, p. 13):
o Príncipe, embora reunindo as funções le- “Vemos que toda cidade é uma es-
gislativas e executivas, deixava aos súditos pécie de comunidade, e toda comuni-
a tarefa de julgar; e c) o despotismo atroz da dade se forma com vistas a algum bem,
Turquia, onde todos os poderes eram exer- pois todas as ações de todos os homens
cidos pelo Sultão. são praticadas com vistas ao que lhes
parece um bem; se todas as comunida-
3. Objeto e noção da Ciência Política des visam a algum bem, é evidente que
a mais importante de todas elas e que
O conhecimento desenvolve-se em áreas inclui todas as outras tem mais que to-
bem distintas. Mister se faz, portanto, deli- das este objetivo e visa ao mais impor-
mitar o objeto das reflexões dos politólogos tante de todos os bens; ela se chama
nos caminhos que percorrem para fundar a cidade e é a comunidade política...”.
Ciência Política. No tempo do sábio macedônio2, a polis já
Segundo Miguel REALE (1975, p. 8), se consolidara como fortaleza, edificada
“Conhecer é trazer para nossa pelas tribos sedentárias para a realização de
consciência algo que sabemos ou que seus cultos e o exercício de suas lidas, para a
supomos fora de nós. O conhecimen- garantia de sobrevivência do grupo e a segu-
to é uma conquista, uma apreensão rança dos homens livres, que viviam, moure-
espiritual de algo. Conhecer é abran- javam e deambulavam nos seus arredores.
ger algo tornando-nos senhores de um O vocábulo permanece estremando cer-
ou de algum de seus aspectos. Toda to setor da experiência humana: a realidade
vez que falamos em conhecimento, do Estado (JUSTO LÓPES, 1987, p. 31)3.
envolvemos dois termos: o sujeito, que Assim, ao assestar o Estado como objeto
conhece, e algo de que se tem ou de da investigação da Política, imagino-o en-
que se quer ter ciência. Algo, enquan- redando, em sua teia de relações, todas as
to passível de conhecimento, chama- atividades destinadas a construir e conser-
se objeto, que é assim, o resultado pos- var a organização da sociedade. Vejo-o inti-
sível de nossa atividade cognitiva...”. mamente relacionado com outras institui-
(...) “... Conhecer é trazer para o sujei- ções do mundo atual, as quais preciso estu-
to algo que se põe como objeto: – não dar se me disponho a fazer Ciência.

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Tenho uma compreensão assemelhada cação, mas o próprio tronco desse ramo
à do jurista argentino Mario JUSTO LÓPEZ eminente do direito público”.
(1937, p. 34)4, que aponta outras acepções Aliás, o professor portenho Carlos S.
do referido termo, mas demarca assim seu FAYT (1988, p. 53) é outro que revela tal
especial significado científico. nuança, ensinando:
Por conta da amplitude de seu campo de “... 1) O que deve entender-se por
investigação, penso a Política como um con- Político determina o objeto e conteú-
junto sistematizado de conhecimentos so- do da matéria, sendo a origem das li-
bre o Estado, os grupos de pressão, os parti- mitações da doutrina tradicional.
dos, os sistemas políticos, os organismos e “2) O Político pode ser interpreta-
as relações internacionais. do como o referente ao Estado, a seus
fins e funções. O Direito Político, nesta
4. Denominações e conteúdo perspectiva, seria o Direito do Estado,
programático da Política quer dizer, a Teoria do Estado. Confun-
dir-se-ia com o Direito Constitucional.
Não consigo discriminar a Política, en- “3) O Político pode interpretar-se
quanto Ciência, da Teoria Geral do Estado, como tudo o que se relaciona ao po-
que, no dizer de DALLARI (1989, p. 6), estu- der. Deste ponto de vista o Direito Polí-
da a comunidade estatal “sob todos os as- tico seria uma Teoria do Poder e seu
pectos, incluindo a origem, a organização, objeto e conteúdo equivale ao da Ciên-
o funcionamento e as finalidades, compre- cia Política.
endendo-se no seu âmbito tudo o que se con- “4) Por último, o Político pode se
sidere existindo no Estado e influindo so- referir à organização Política e ao Di-
bre ele”. Permito-me, igualmente, encará-la reito Político, compreendendo uma
como disciplina integrada ao Direito Cons- Teoria da Organização Política. Como
titucional. um sistema de relacões estruturais da
Entretanto, há quem distinga as matérias. organização Política. Este critério dá
Entre nós, Wilson ACIOLY (1985, p. 47) substância ao Direito Político...”5.
faz a diferenciação. Para ele, a Política, isto Há diferentes perspectivas para conhe-
é, a Teoria Geral do Estado “estuda o Esta- cer a realidade estatal. DALLARI (2000,
do em geral, no tempo e no espaço, perqui- p. 5) lembra a lição de Alexandre Groppali,
rindo as suas origens, a sua evolução, as para quem o conhecimento científico sobre
suas finalidades”, enquanto o Direito Cons- a comunidade política
titucional “estuda um Estado em particu- “... compreende três doutrinas que se
lar, de preferência um Estado contemporâ- integram compondo a Doutrina do
neo, analisando a sua estrutura e o seu me- Estado e que são as seguintes: a) dou-
canismo de poder”. trina sociológica, que estuda a gênese
A separação é frágil. Não exibe maior ri- do Estado e sua evolução; b) doutrina
gor científico. O conteúdo da Teoria Geral jurídica, que se ocupa da organização
do Estado envolve a estrutura teórica do e personificação do Estado; c) doutri-
Direito Constitucional. Não se conhece bem na justificativa, que cuida dos funda-
a Lei Maior sem analisar as teorias de poli- mentos e dos fins do Estado...”.
tólogos recepcionadas em seu texto. Quando esquadrinho a Constituição
Por tudo isso, reputo correta a opinião para comentar suas regras, ocupo-me das
de quem, como Sahid MALUF (1986, p. 27), teses de politólogos que informam seu texto
sustenta que a Política, ou Teoria Geral do e não se dissociam da Ciência Constitucio-
Estado, corresponde à parte geral do Direi- nal, pois dão suporte à ampla especulação
to Constitucional, não sendo “uma ramifi- sobre o Estado.

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Grande parte da doutrina assegura que ao lado da expressão Direito Constitucio-
o Direito Constitucional não se resume à nal, a nomenclatura Ciência Política ou Ins-
dogmática extraída da observação e exege- tituições Políticas (p. 39)7.
se dos textos legais. Engloba, da mesma for- Ao estudar o ordenamento constitucio-
ma, a descoberta, no ordenamento observa- nal vigente num determinado Estado, faço
do, do “espírito, ou seja, o comum e o essen- pesquisa de Política, ingressando na arena
cial a todos os Estados” (PAUPÉRIO, 1985, do Direito Constitucional Positivo. Ao cote-
p. 16), o que se faz mediante consultas a es- jar as leis fundamentais de diversos países,
tudos antecipatórios da Política. elaboro estudo de Política, entrando no cam-
A ordem normativa e a realidade, em sua po de discussão do Direito Constitucional
dimensão histórica, precisam ser vistas pelo Comparado. Finalmente, ao investigar a rea-
estudioso num inseparável contexto de in- lidade multifacetada do Estado, produzo co-
teração e condicionamento recíprocos. Ao nhecimento de Política, penetrando no am-
comentar as normas fundamentais de uma plo palco do Direito Constitucional Geral.
determinada comunidade, assumo o com-
promisso de averiguar a eventual ineficácia 5. Objetivos da Política e suas
de algumas delas em face das relações de relações com outras matérias
poder e dos valores consagrados no meio
social. Não investigo com eficiência qual- No mundo da cultura, em que José Flósco-
quer Constituição, desprezando as experiên- lo da NÓBREGA (1987, p. 6-7) situa a Ciên-
cias hauridas nas teorias elaboradas por cia Jurídica8, nenhum jurisconsulto, digno
grandes pensadores. desse nome, contenta-se ao atingir seu obje-
A distinção, entre a Política enquanto tivo teórico de descobrir a verdade. Depois
Ciência e o Direito Constitucional, só atende de obter o conhecimento, aflora em seu espí-
aos interesses de alguns positivistas, ávidos rito outra aspiração de natureza prática: a
para purificar o saber jurídico dos elementos de contribuir para melhorar a realidade in-
informadores de outros ramos do conheci- vestigada, tornando mais leve o fardo da
mento humano. Enfrentando dificuldades humanidade em sua aventura terrena.
para explicar, com base apenas no exame das Assim, além do nobre objetivo teórico de
regras constitucionais, o exercício e a parti- atender ao desejo ardente que o ser humano
lha do poder em muitos Estados, eles trans- carrega de conhecer, compreender e desven-
formaram a dicotomia na válvula de que pre- dar os fatos e fenômenos do cosmo, a Ciência
cisavam para evitar a explosão de suas cons- tem, por igual, uma finalidade prática: o aper-
truções doutrinárias, levantadas com base na feiçoamento das condições de vida na terra.
afirmativa de que “existe apenas um concei- Ao observar o Estado, o politólogo ela-
to jurídico de Estado: o Estado como ordem bora conceitos, classifica fatos, faz compa-
jurídica, centralizada” (HANS, 1990, p. 190). rações, arrisca prognósticos, emite juízos e
Georges BURDEAU (1995, p. 39) já ad- termina também aconselhando os rumos
vertiu que o funcionamento do Estado não que deverão ser seguidos para o aprimora-
se pode compreender como resultado da sim- mento da comunidade política.
ples aplicação das regras do Direito Positivo, A finalidade teórica de Política é o co-
havendo inúmeras situações em que a repar- nhecimento por meio da exposição, ainda
tição real do poder se verifica de modo dife- que sumária, das descobertas reveladas pe-
rente do previsto nas normas constitucionais6. los grandes pensadores sobre os diversos
O notável professor francês registra in- aspectos da comunidade estatal.
clusive que os programas de estudo da Ciên- E o seu objetivo prático é o aperfeiçoa-
cia do Estado foram modificados naquele mento do Estado porque se propõe a pres-
País, acrescentando-se ao título dos cursos, crever as formas mais adequadas de orga-

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nização do Estado, os melhores sistemas de “... Não basta, para ser bom cidadão,
exercício e de controle do poder, as maneiras votar e ser votado; é preciso conhecer,
mais eficientes para se conter o arbítrio e pro- dispor de informação científica sobre
teger os direitos fundamentais dos homens. os segredos e as realidades da vida
Para cumprir suas finalidades, a Políti- política. Uma visão exata das insti-
ca, enquanto Ciência, recolhe ensinamen- tuições e regimes políticos, com o bem
tos da Sociologia, da Economia, da Psicolo- e mal que eles contêm, traz a possibi-
gia, da História, da Geografia e de muitos lidade de agir conscientemente para
outros ramos do conhecimento humano. o seu aperfeiçoamento”.
DALLARI (2000, p. 2) realça esse aspec-
to. Ao seu sentir, trata-se de disciplina “de
síntese, que sistematiza conhecimentos ju-
rídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, Notas
históricos, antropológicos, econômicos, psi-
1
cológicos, valendo-se de tais conhecimen- Art. 1º, I, II e V, e parágrafo único, combinado
com o art. 14 da CF.
tos para buscar o aperfeiçoamento do Esta- 2
Aristóteles era natural de Stágiros, na Mace-
do, concebendo-o, ao mesmo tempo, como dônia.
um fato social e uma ordem, que procura 3
“La palabra política, como ocurre con la
atingir os seus fins com eficácia e justiça”. mayoría de las palabras, tiene diversos significados.
Sin embargo, a través de la mayor parte de ellos
sirve para calificar y, así, caracterizar y distinguir
6. A obrigatoriedade do ensino da un cierto sector de realidad humana, razón por la
Política como solução adequada ao cual es lo mismo decir política que decir realidad
política”.
exercício eficiente da cidadania 4
“...la actividad y la relación que constituyen la
A Constituição, se faculta aos brasilei- realidad política están referidas al Estado, el sistema
político mayor de nuestro tiempo, y a los sistemas
ros o direito de se alistar e votar a partir dos políticos, mayores a él, actualmente en gestación.
16 anos9, também impõe ao Estado o dever De acuerdo con ese marco de referencia, son políticas
de promover e incentivar a educação visan- la actividad y la relación estatales, y lo son
do o preparo da pessoa para o exercício da igualmente aquellas otras actividades y relaciones
cidadania 10. que converjan sobre ellas. Asi, además de la
actividad de un determinado órgano estatal, será
Não é possível exercer de modo eficiente también política la actividad de un partido político
a cidadania sem conhecimentos básicos de que procure el acesso a la ocupación de aquel
Política. Enquanto o corpo eleitoral estiver órgano o la de un grupo de presión que busque
alheio aos problemas do Estado e ao funcio- influir sobre la acción del mismo...”.
5
namento de seus órgãos, não conseguirá “1) Lo que deba entenderse por político
determina el objeto y contenido de la materia, siendo
melhorar sua representação nem aprimorar el origen de las limitaciones de la doctrina
as instituições democráticas. tradicional. 2) Lo político puede ser interpretado
Creio, portanto, que o aperfeiçoamento como lo referido al Estado, a sus fines y funciones.
do regime passa necessariamente pelo ensi- El Derecho Político, desde esta perspectiva, seria
no da Política, que precisa, enquanto Ciên- Derecho del Estado, es decir, Teoria del Estado. Se
confundiría con el Derecho Constitucional. 3) Lo
cia, integrar como disciplina obrigatória os político puede interpretarse como todo lo relativo
currículos das escolas de ensino médio da al Poder. Desde este punto de vista el Derecho
República Federativa do Brasil. Político sería una Teoría del Poder y su objeto y
Sobre o tema, Darcy AZAMBUJA (1987, contenido equivalente al de la Ciencia Política. 4)
p. 12-13, 15-16) assinala que os estudos des- Por último, lo político pode ser referido a la
organización política y el Derecho Político
sa matéria concorrem “decisivamente comprenderse como una teoria de la organización
para a educação cívica em sentido am- política. Como un sistema de relaciones
plo”. E adverte: estructurales de la organización política. Este

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criterio proporciona sustantividad al Derecho ARISTÓTELES. Política. Tradução de Mário da
Político”. Gama Kuri. Brasília: Universidade de Brasília, 1977.
6
“... le fonctionnement réel du povoir politique
AZAMBUJA, Darci. Introdução à ciência política. Rio
ne peut se comprendre comme le résultad d’une
de Janeiro: Globo, 1987.
simple application de règles de droit et qu’il y a des
situations, de plus en plus nombreuses au XIXe BURDEAU, Georges. Manuel: droit constitutionnel.
siècle, où celui que le droit désigne comme le principal 24. ed. Revue e mise à jour par Francis Hamon e
détenteur du Pouvoir, le monarque, n’est plus en Michel Troper. Paris: Librairie Générale de Droit et
mesure de l’exercer que partiellement ou plus du de Jurisprudence, E. J. A., 1995.
tout. Il faut alors chercher d’abord à décrire la
répartition réele du pouvoir, puis à l’expliquer et on DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria ge-
ne peut naturellement le faire qu’en mettant en ral do Estado. São Paulo: Saraiva, 2000.
évidence les rapports sociaux. Il se constitue donc, FAYT, Carlos S. Derecho político. 7. ed. Buenos Ayres:
à côté d’une discipline proprement juridique, le droit Depalma, 1988.
constitutionnel que étudie les règles, une discipline
sociologique, la science politique attachée à decrire KELSEN, Hans. Teoria geral do direito e do Estado.
la réalité”. Tradução de Luís Carlos Borges, revisão técnica de
7
“On a donc admis à cette époque que, puisque Péricles Prado. Brasília: Martins Fontes, 1990.
la science du droit constitutionnel ne donnait pas JUSTO LÓPEZ, Mario. Introducción a los estudios
accès à une connaissance de la politique, il fallait políticos: teoría política. Buenos Ayres: Depalma,
compléter l’exposer des règles par la description du 1987. 2 v.
fonctionnement réel. C’est ainsi que les programmes
des études de droit on été modifiés pour faire figurer MALUF, Sahid. Teoria geral do Estado. São Paulo:
dans le titre des cours, à côté de l’expression ‘droit Sugestões Literárias, 1986.
constitutionnel’, celle de ‘science politique’ ou
MONTESOUIEU. O espírito das leis: as formas de
d’institutions politiques”.
8 governo, a federação, a divisão dos poderes, presi-
“... o direito não tem sede nem na natureza,
dencialismo versus parlamentarismo. Tradução e
nem no mundo dos valores, mas participa a um só
notas de Pedro Vieira Mota. São Paulo: Saraiva,
tempo de um e de outro: da natureza, porque tem
2000.
base na vida humana, nas relações sociais, e dos
valores, pela significação que imprime a essas rela- NASCENTES, Antenor. Dicionário ilustrado da lín-
ções, orientando-as para a satisfação dos interes- gua portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Rio
ses comuns. É, portanto, natureza valorada, mol- de Janeiro: Bloch, 1981. 6 v.
dada pelo valor e valor objetivado através de da-
dos naturais. O que significa que o direito é fato NÓBREGA, José Flóscolo da. Introdução ao direito.
cultural e se situa no mundo da cultura”. São Paulo: Sugestões Literárias, 1987.
9
Art. 14, § 1º, II, c, da CF. PAUPÉRIO, Artur Machado. Teoria do Estado resu-
10
Art. 205 da CF. mida. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1985.
REALE, Miguel. Filosofia do direito. São Paulo: Sa-
raiva, 1975. 2 v.
Bibliografia
ROSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social: princí-
pios de direito político. Tradução de Antonio de
ACIOLY, Wilson. Teoria geral do Estado. Rio de Ja- Pádua Danesi e revisão de Edison Darci Heldt. São
neiro: Forense, 1985. Paulo: Martins Fontes, 1996.

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