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36 CHARLES PARAIN A TRANSIÇÃO

DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO*
2. ··A feudalidade não lruida Já completamente elaborada da Alem,tnha, mas
teve sua origem, do lado dos conquistadores, na organização militar do
exército durante a mesma conqui�ta: est.1 organização dcl><!nvolvcu-se de­
pois da conqui.sta, MJb o cfei10 das forças produllvru, encontrada:-. nos paf­
PIERRE VILAR
_
sc� conquistado� e �omcntc então converteu-se na feudalidade propria­
men1e dira•· K. Marx. r�. Engels, L'ldrolog,e Al/enumtle, primeira parte:
"Fcuerbach". Écl1tion Soc1ale!>, Parn., 1968. pág.. 101.
3. Carta de 22 de dezembro de 1882.
4. /bidt'm
º
5. Um dos primc1n>s "c6d1gos" que reúne os usos feudaJ.s, os "UTSAGES '
de Barcelona (1008), d11: "As calçada� e via.s públicas. as ,lguaJ> correntes e
as fontes vivas, os prados, os can1rx,s de pa.,uigem, O!> bosqucli e as ro­
ch:15 ... são dos senhores não porque os tenham em 11/âdio (ou SCJU, cm pro­ A passagem q�1/itativa da sociedade feudal à sociedade capi­
pnedade absoluta) ou os tenham cm seu senhorio, ma.s para que cm lodos tnltsta não deve ser colocada de uma maneira acabada (existem va­
os momentos seu desfrute passe a seu povo." riações segundo os diversos países): mas nilo deixa de ser útil assi­
6. K. Marx, Le Capital, livro Ili. 1. VJ, cap. XVIII, 2 nalar desde seu aparecimento os fatores que preparam. desde longo
7 K. Marll.. Le Capital, Paris. Éd1t1ons Socmle,;. 1967. hvro 111, t. VJII,cap. 1empo, essa mudança de nature,a.
XI VIII. 5, plig. 186. Temos de imediato que todo elemento contrário ao princípio do
8. Um exemplo particularmente e�clarcce<lor encontro-'><! rcprodu,ido por G modo de produção feudal prepam .sua destruição. Este princ!pio é a
Lcfeb,.•re, Quesrio11.1 agraire au lt·11,ps de la Terrmr. 1932. p.íg. 193. Um
prnpricdadc da terra em diferentes gr.ius, e a propriedade limitad.i
memorial enviado pela munic1pa1Jdack de Mornand (departamento Jo
Loire) e a.<;,inado pelos habitantes de outras comuna�. 5 de \Clcmb ro de sohre as pcsso:1c;. daí resultando um circuito quase totalmente fecha­
1790, ex.plica que aquilo que o parceiro ou gr..mjciro rC(;ofhe "não é para do entre o produto agrícola e o consumo conjugado das classes cam­
ele �não um mót.hco e cruel salário, penosamente encontra aqui uma alt­ poncsas l' tias classes feudais.
mentaçâo -� ros.,eira: o �-ús gro��ciro pão, un,a úgua pútrida, alguns lcgu­ As trocas extcriore.<; perturbam este circuito, a circulação mo­
m,'s e quc1Jo: ainda lhe llram tudo o 4ue podem de.qcs dob. úfumm artigos. netária dcscnvolve-se, a propriedade absoluta progride (em lugar de
que \âO para ele bastante necci..-.á.rios: se ele não pos!>ui o que lhe pede o �l11K·,.•dcr) diante da propriedade feudal. os homens livres (ricos ou
arrc:ndamcnto, é rrcd:,o 4uc o compre. nssim como os ovos e as aves do� pobres) s.to ca<ln vez mais numerosos que aqueles ainda vinculados
m6ticas que são para clé como o fruto pro1bidn"' Os granJC1ros que têm ;ts relações feudais, a cidade adquire uma grande importância ao la­
J>one devem. ud1antado, 800 ltbras pelo mcno:., que recebem de seu pai ou <lo dos campos. constituem-se fortunas mobiliárias, os impostos do
que economizam. Também a municipalidade vê os gr.injciros como " se rvi­ I·stado vêm compelir com os tributos senhoriais: todos estes atos são
dores domésticos. m, primeiros valets de /ubour. bem menos assalariados e
ameaças à pureza do regime feudal e preparam sua desagregação.
com mu110 mais rio;c<k- que aqueles a quem (os senhores) dão. com este
nome, um salúno de criados bc_!l1 mais seguro". Alguns deles aparecem desde o século Xl, daí sucedendo que, lo­
9. K. Marx. Le Capuat, Pari.s, Editions Socialés, 1969, Uvro 1. t. JJJ. cap. calmente, pode ser esboçado um modo de produção capitalista. Marx
XXIX . o admite paro algumas cidades itaJjanas no século XIV.
Ma-. estes esboços isolados retrocedem em seguida, e não po­
demos falar de verdadeira passagem ao capitalismo senão quando
r'-·g,úcs ,ulic1cntemcntc extensas vivem sob um regime social com­
pletamente novo . A passagem somente é decisiva quando as revolu­
Tradução: Theo Sanüago c,ocs polít1cas snnc,onam juridicamente as mudanças de estrutura, e
lfuando novas cla-.'ies dominam o Estado. Por isso a evolução dura
v:írio, séculos. Ao final, é acelerada pela ação consciente da bur­
gucsi:1 Portanto, a instalação do capitaUsmo será no final imis rápi­
<la que.: H do lcudalismo, da mesma forma que a instaJação do socia-

\r1la1. 1' .. La 1rnns111on du féo<lahsmc au capi1afo..n,c". in Sur Le Jbtl11/l.1711e,


CI RM/hhuum, Scx·1ab, P,ms. 1971.
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A TRA.NSIÇÃO DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO 39
38 PTERRE VILAR
O RENASCIMENTO DAS CIDADES· BURGVESIAS MERCANTIS
lismo, mais consciente ainda, tem a possibilidade de ser ainda ma.is
E CORPORAÇÕES
rápida.
No Ocidente europeu - não no Oriente, nem nos países árabes
- o minmu,m da alividade urbana <iituava-se antes do século m
quando as cidades romanas foram cercadas de muralhas, e, sem de�
saparecer, começaram a viver mediocremente. O caráter essencial­
A FORMAÇÃO DA BURGUESIA E
mente rural da vida econômica e social corresponde a todo O perfodo
A PASSAGEM DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO
de implantação do modo de produção feudal, ou seja, do século rv
ao X. SomcnLe cm condições muito especiais, alguma<i cidades
(Lund no Báltico, Veneza no Mediterrâneo) praticaram desde o sé­
OBSERVAÇÕES PRELIMINARES cuJo IX o com6rcio com terras longínquas. Em determinadas frentes
de contato, entre a Espanha muçulmana e a cristã, por exemplo, as
Devemos empregar com precaução a palavra ·'burguesia" e cidades tam�m desempenharam um papcJ cons1dcrável, seja rwlitar
devemos evitar o termo "capitalismo•· enquanto não se trate da so­ ou já comercial, para a redistribuição dos objetos preciosos o u das
moedas adquiridas nas razzias e na venda de escravos.
ciedade moderna. onde a produção maciça de mercadorias repousa
sobre a exploração do trabalho assalariado, daquele que nada possui, Somente a partir do -.écuJo XI é que se generalizou O g rande
realizada pelos possuidores dos meios de produção comércto. Sua penetração combinou-se com o crescimento da produ­
Falar de .. capitali:smo" antigo ou mcdícvnl. porque eiusuam fi­ ção local destinada ao mercado, com a progressiva substituição das
nancistas em Roma e mercadores em Vene7.a, é um abuso de lingua­ oficinas confiadas aos servos na reserva senhorial para a fabricação
gem. Esses per;onagcns jamais dominamm a produção social de dl.! ohJeto" de uso corrente pelas oficinas urbanas. Este primeiro pas­
sua época, assegurada em Roma pelos escravos e na Idade Média so na direção da especulação acha-se na origem da oposição cidade­
pelos camponese-;, sob diversos estatutos da servidão, campo. cujo papel na história é bastante importante.
Quanto 1'1 produção industrial úa época feudal, sabemos que era :As cidades dependiam dos senhores. Mas elas foram mais for­
obtida quase que exclusivamente sob a fomia <1rtesanal e corporati• tes que ai, aldeias para discullr com seus amos. rebelarem-se, obter
va. O mcsLre artesão compromete, por sua ve7, seu capital e seu tra­ ou Impor "cartas de fmnqu1ac;" Coletivamente. continuavam vincu­
balho, e alimenta em sua casa seus companheiros e seus aprendizes. ladas ao sistema feudal. na medida cm que se reconheciam sobera­
Não há a separação entre os meios de prodll{"<iO e o produtor, não nos e possuíam senhorios. Mas em seu território, e sobretudo no re­
há uma redução das relações sociais a simples laços de dinheiro. cinto dentro da muralha, os habitantes eram livres e participavam da
..
organização coletiva. O.. senhores tiveram de conceder "cartas do
portanto, niio !ui capitalismo.
O caráter coletivo do modo de vida urbano (comunas). do mo­ mesmo gênero às "vilas novas", que eram fundadas para vigiar as
do de vida dos mercadores (guildas), e a inserção dessa.� coletivida­ fronteiras, povoar territórios ou aproveitar as encruzilhadas.
Este rápido despontar de cidades livres (a "revolução comu­
des no marco feudal (a comuna é um "senhor coletivo"), serviriam
nal .. ) tem um alcance limitado, porque não modifica o modo e as
pam impedir qualquer confusão entre as estruturas "burguesas" da
_ relações de produção da quac;c totalidade da população, que conti­
Idade Mécha e ac; que a burguesia capitalista, propriamente dita, do
nua .,cndo camponesa. Não obstante, tem uma influência direta apre­
�<culo XIX, faria triunfar.
ciável. pelo exemplo que dão a muitas comunas rurais que também
Por último . ainda que seja correto que não -.e possa exagerar o
se libertam, e pelo asilo que oferecem aos servos fugit.ivos outra
caráter "fechado". "natural" da economia feudal nas su:ic; origens (a
fonte Jc libcnJade.
troca nunca foi "nula"). não é menos exato que bastante tarde ainda,
nos séculos XVU e XYJH, a sociedade rural, surgida do fcudaJ1srno. No mtcnor das cidades, os nobres (que por vezes a( habi Lam).
viveu durante muito tempo fechada cm si mesma, com um mínimo de os mcrcruJorec;, a:. corporações artesanais, disputam o poder munici­
pal. eliminam-se rcc1procament.e ou finnam compromissos. No caso
trocas e de contratos cm moeda. A cnmerciali✓açfio do produto agrí­
das t.·idades m.a.ritimas mais importantes como Veneza, aristocratas
cola foi sempre muito parcial. Contudo. no capnahsmo evoluído, tu­
mcn:adore-. dispõem de poderes militares. navais e políticos bastante
do é mercadoria. Ncsc;e sentido. como folar de "capital i smo" no sé­
culo XV, ou mesmo no século xvm francê )> '? amplos. Em alguma� dessas cidades mcdílcrr'".meas e também em

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40 PIERRE VILAR
A TRANSIÇÃO DO FEUDALISM O AO CAPJTALISMO 41
Flandres. a produção t�xtiJ desunada à e1tportação adquire, excep­
têxtil f:v com que na Inglaterra e cm Castela a criação de came�s
cionalmente, aspectos de esboço maí,; próximo do capitalismo2, roas concorra com n agricultura e despovoe os campos. f: uma cspec1al1-
que, historicamente, não é detennínante.
wçiio que vai no sentido do cap1ta.li<;mo (produção para o grande
Com efeito, vemos que se a crise geral do feudalismo, nos sé­ comércio. êxodo rural com vantagem para as cidades, prolctarização
culos XIV e XV. deixa que flutuem algumas ilustres prosperidades do campesinato), mas que contribua para a diminuição da massa de
urbanas, algumas bril�antes fortunas mercantis, isto é mais apa­ alimentos disponível par.i a população. Contudo, em outros lugares
rência que realidade. E o rempo do luxo, dà.s grandes \:Onstruçóes, como na França, as terra.� abandonadas quando da fome do século
dos mecenas das artes, mas não é o do auge produuvo •\s grandes X IV e <lur,rnlc as guerras, recuperam-se a partir do<; anos
burguesias enriquecidas vivem daí cm diante de renda.,, ou compram t460-1470, correspondendo a um aumento demográfico. que desem­
terras feudais; imitam os grandes �nhores São ela., que sustent am penha durante ccno tempo o papel de um progresso das forças de
sempre os senhores quando se produzem a<; guerra.,; camponesas. No pro<lução .
interior das comunidades, as lutas de classe agravam-se e os siste­ E.,;te 11npul,o mJemr, foi finalmente interrompido a partir dos
ma!> represenmtivos, que sempre foram olig�rqu1cos, tmn�fonnam-sc
lll11mos anos t.lo século XV, por uma injeção de riqueza e.\ltnor dc­
cm "tiranias". ,.ido à expan,ão maríuma e colonial.
Por último, as cidades do Mcditerranco que haviam realizado A circunnvcgaçfio ,J:l África, o descobrimento da rota t.la.s Ín­
as mais importantes "repúblicas mercantis". caem em decadência, dias por Vusco d; Galll3, o da América por Colombo e a volra ao
pelo rnenm; relativa. devido à conquista t.lo Oriente pelos rurcos e mundo por Magalhães elevaram o nível científico e amplia.mm a
diante do triunfo dac; rotas comerciais do Atlântico. Scri agora em
concepção do mundo na Europa.
Flandres. na [nglatemi, cm Portugal e Esrmnha que aparecerão as
Ma,; uo mc,.mo tcmpo o grande comércio de produt0s cxócic()s,
novidades decisivas par.1 a tran.;formação do Ocidente europeu.
de cscrnvos e metais preciosos - a verdadeira finalidade dos .. des­
De fato, a primeira etapa da fonnac;ãn do cap1tafümo, depois cuhmlorc, ·' - voltava a ,;er aberto e exO"aordinariamcnte runpliado
da crise dos séculos XIV e XV. nfio poderia íundar-:sc senã('I por um
Um,1 nova cr.i abria-se para o capital mercantil, mais fecunda que a
avanço das forças produtivas. que ocorreu entre meados do século
elas ro..·p1íhl1�·:ts meditcmineas da Idade Média, porque t.lc,ui vc1
XV e XVI
consrituía-sc um mcn."ado mundial e ,;eu impulso afetava roto o st.\•
1c:nk1 prr__'<lwivo ,·urof""''· ç porque grandes E,,;1;1dos, e náll IT:\is sim­
plc,. cidades, daí iriam 11prnve1tar-se para se constitu(rem.
SÉCUWS XV-XVI. AS FORÇAS PRODUTIVAS.
INVENÇÕES E DESCOBRJME.l'vl'OS
1\ ACUMUIAÇÃO PR/MrTNA Df CAPrTAL
Foi precisamente ao longo da crise geral do feut.lalLsmo (como
Os ccunomi,tas burgueses, ao fa1erem do capital a origem t.la
reação a ela) que numerosas invcnçf>cs vier..un modificar o nível das
pro<luç:\o, vi:un-,;c com t.lificuldaJcs para Cllplicar, por q.ia ve,.
forças de produção. Recentes estudos precisaram que no século XV a on}:<"lll tio capital. Marx ridicularizou esta evasiva diarte deste
o número de inventos foi maior que no século XVJJ. O uso da arll­
"p,.-i:ado original"' e ,ua idílica e�plicação a partir do c-;rírito de
lhuria obrigou a impulsionar a produção de metal. O primeiro alto p1111pan,a do, hoM e o cspírico pcrdultirio dos maus. Max Weber, ªº
forno data do século XV. A difusão do pensamento humano, com .
,11rilmtr c,tl' l'<i f)Ínto de poupança ao protc4-tanusmo. niío IC7 mais
a invenção da impren'>a, o progresso da c1êm.:ia da navciação, de­ lJlll' ,omar 11111 no,·o mito à velha ftibula apologl!taca.
sempenharam um papel não menos importante. Pela pnmeira vel,
Man. tkmonstmu magistralmente 1 que, ,e o capital se repro<lu,
técnicas tndu'itriais e técnica,; de comunicação ultrapassam a técnica l' !><.' acumula som,·ntc pelo hvrc Jogo da<; força� econôrn cas. foi
agrícola. É o começo de um processo que colocará a .indústria no pi,·t'i"l, t'nln:lilnhl, qul' ,ua acw1111/t1ção primtti'I-·" se h1css,! graças
primeiro plano do progre%o. Na agricultura, a hort icultura (Jlália, hs "i,c:-., a, v1olênc ,,...,, aos dc,cqutlíbrio.,, ao� aç:1rnharcarrll'.!ntos e
vale do Loire) e talvel a viticultura, conhecem algumas melhoras r,s u�uras 4ut· man:aram n fim do regame feudal e a cxpan,ão dos cu•
Mas o rendimento dos grãos não ira senar um progres-.o antes do sé­ 1,,1x:u" auuv\!, do mundo. Dcve1l'O'i a,sinalar aqui .'iua, pnncipa1'
culo XVlU, e as colheitas conunuarão a ser irregulares, com carc<;­ 1111>il,1lid,nk,, que ho.Jé a h1stüna econômica curop6a dcf'1,rma cm
tias periódit·a,;. Em e<mtrapart1da, o apelo comercial da indústria 11111110" t"aso, (Mo>. Weber e Keync� conservam uma inílul'�cia nc-
A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO AO CAPJTALISMO 43
42 PIERRE VILAR uma proletarização. O número dos Lrabalhadores qu� di spõem �e
_
seuc; meios de produção chegou a ser ínfimo. O cap1taJismo mais
f �ta): _mas sobre as quais investigações históricas majs profundas
avançado expropriou completamente o camponês, fazendo o que
nao deixam de trazer complementos e confirmações dos geniais es­
finge reprovar no socialismo.
boços que Marx traçou, confirmações que nem sequer os historiado­

1
res mais honestos preocupam-se em colocar cla.ramen1e. b) Saque e exploração colonial.
Diversos aspectos de suas conseqüências
a) Expropriação agrária e proletarização das massas rnrais
A coloniwção eu ropéia em escala mundial determina outro as­
Na Inglaterra, a pequena propriedade e o goL.o dos direitos pecto da acumulação primitiva, realtzando-a por mecanismos bas­
_
contnbufram para desenvolver, a partir do século XIV uma classe tante variados:
ruraJ precocemente comprometjda na produção artesanai' e na comer­
ciaJi �ç â<? dos produtos. Po� esta �sma ra?ão, a diferenciação entre Os saques. Delicadas jóias arrebatadas dos índios das ilhas,
aJdeaos ncoo; e pobres e o rncenttvo de grandes lucros conseguidos imensos tesouros dos príncipes mexicanos e incas: tudo foi direta­
sobre os campos de pastagem. devido à exten�ão da indústria de lã, mente transfondo para a Europa. É correto que os "conquistadores"
tro �xeram como conseqüência uma expulsão em massa dos pequenos espanhóis e o imperador Carlos V de<licaram cssen�ialmente e:.tes
agncultores durante os séculos XV e XVI e uma apropnação siste­ primeiros lucros a suas empresas militares ou suntuárias, mas o o�ro
_
mática de sua� parcelas, bem como das terras comunais pelos gran­ passou às mãos tios me rcadores, dos banqueiros que, como os Fug­
_
<1:s propn _etários. O despovoam�nto, o empobrecimento dos campos gcr ou os Welscr. converteram-se nos intennediários da aventura
sao dcscntos de forma dramática pelos conlcmporãneos. Thomas colonial.
Morus, em Utopia, fala do pafs "onde os carneiros devoram os ho­ É claro que uma economia não pode basear-se durante muito
me ns". A legislação foi impotente contta este movi me nto. E foi tempo no simples e puro sa�ue. Mas tan1pouco deven:os ci:er que se
contra os pobres, desocupados e vagabundos que a lei acabou vol­ tratou de um breve episódio. Os holandeses, que d1fundiram urna
tando suas armas. A pnrneira "lei dos pobres'', no reino de Eliza­ vl'rsüo haMantc m:gra das crueldade,; espanholas na América, não
bclh. preparou, sob o pretexto de ajuda obrigatória, cs ..as futuras foram menos cru�is nas ilhas do Extremo Oriente, as quais ocuparam
"casas de trabalho .. onde o pobre "que niio tinha on<lc cair morto·• 110 sfrulo X VJI, nem os ingleses na Índia (século XVIIl). Al<!m do
.sena colocado à disposição do produtor industrial. que. desde o 1empo de Elit.abeth, uma das grandes fontes de enn­
Expropriação-proJetariz.ação são os dois 1cm1os di! "acumula­ qut·cimcnto da corte real inglesa fora a piralaria, a pilhagem direta
çJo pnnuuv _a.. no estado puro, a perfeita separação. mediante a vio­ dos carregamentos c,;panhóis. A esta economia de pilhagem, a colo­
lencia legalizada, do produtor de seus mcms de produção. Por isto nu.ação a seguir acrescenta uma exploração contínua e sistemática.
Ma.n: elegeu o exemplo inglês dos ,;�cu los XV e XVI como símbolo.
Para dizer a verdade, teremoc; que esperar o século XVHI para que o Exploração coloninl e alta de preços nn Europa. Muitos histo­
_ nadorcs contentam-se em constatar: é produzida, na Europa no sé­
processo seJa concluído, e <,omcntc na Inglatcrra "cumpriu-se de
uma maneira radical": cu lo XVI. uma chegada em massa de ouro. e sobretudo de prata. Isto
desencadeia uma .. revolução nos preços": o preço dos produtos eu­
Mas _cm todos os pali,cs da Europa Ocidc1110l produ1-sc O mesmo wpcus sobe, por vezes, numa proporção de 1 a 4. Como os salários
movimento, ainda que, mcd1an1c ro meio, mude de cor local ou en­ -;obcm muito menos. produz-se uma ''inflação de lucros", e o pri­
cerre-se num cín:ulo m.1h cstrc1to. ou apre,cntc um caratcr menos nll!im grande episódio de criação capi1a)jsta.
pronunciado ou siga uma ordem de :o,ucc,,.io d1 fcrcn11•4. O esqucmà não é faJso, e Marx foi o primeiro a descrevê-lo em
1847 no Trabalho assalariado e capital:
Na RLíssia, por exemplo, Lênrn descreve o movimento de cx.­
propriação--pmlctarização c01110 conc;cqüência da libcrtaçito do,; ,;cr­ No ,éculo XVI, a quantidade de ouro em circulação na l::uropa
vos em 1861. "Ja :rança, onde é mantida a pmpnetlade cm pequena,; aumentou ror con�üência do descobrimento das mmas am!rica­
na\, mais ricas e f:iccis de explorar. O resultado foi que<> valor do
parcc !as. com a aiuda da legislação dcgaullista, prossegue-se à cx­
ouro e da prata diminuiu cm relação ao de outros artigos de ct�n­
propnação-prolctari;r.ação do camponêc; Nos Estado,; Unidos. con<;i­ .>l11110. Conlmuava-M! a pagar aos trabalhadores os mesmos stlános
dera- �c que a baixa percentagem da população ocupada na agricultu­
ra scy\ um sinaJ de "desenvolvimento": isto é lamh�m a medida de
A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO 45

44 PIERRE VILAR O cscrav1smo velado dos assalanados europeus, coticluia Marx,


nfio podia instalar-se senão sobre o escravismo sem disfarce dos
1rabalhadores do Novo Mundo.
por sua força de trabalho. Seu salário-dinheiro manteve-se estável,
� �u saJári� diminuiu, por �ue em troca da mesma quantidade de
clinhe,ro recebiam uma quantJdade menor de bens. b,tc foi um dos O papel do capital usurário e do capital mercantil. Enquanto a
fatores que favoreceu o crcsc11nemo do capJtal e o ascenso da bur­ produção mdustrial em massa não se toma regra, na Europa no sé­
guesia no século XVI.
culo XIX e ainda hoje, nos chamados países "subdesenvolvidos'·, a
acumulação monetária é obtida por três procedimentos: I!?) o em­
Marx diz: um dos fatores. e que fa voreceu. Não diz como préstimo usurúrio para o consumo. No nível mais baixo, em cada aJ­
Keynes e seus discípulos: a chegada do ouro americano a alta de
deia, o homem que tem disponibilidades monetárias, pode emprestar,
preços, a baixa relaliva dos salários são a causa do avanço produti­
com juros muito elevados. ao camponês que não tem do que viver o
vo do século XVI. Mane não o disse, J9) porque no século XVI a
necessário para comprar a semente ou uma ferramenta, ou para pagar
quase totalidade da produção não é obtida sob o regime de assaJa­
riamento (a economia é feudaJ ou artesanal); o que favorece a aJta de o imposto; no nível mais aJto, os grandes mercadores ou banqueiros
preços, t a instalação do assalariamento; encontramo-nos na fase emprestam aos grandes senhores ou aos príncipes; é mais perigoso
preparatória do capitalismo , na acumulação "primitiva"; 2!?) o lu­ pois pode haver falências, confiscos, mas ao mesmo tempo é remu­
cro capitalista é apenas facilitado, não I! medido pela distância que nerador: 2'.!) a e.\peculação .'>obre a escassez é outro mo do de acu­
se estabelece_ entre preços e salários: depende. com efeito, do tempo mulação. As carcstias são pcri6dicas. e aqueles que podem acumul:u­
de trabalho mcorporado numa determinada mercadoria, comparado grfto o vendem. no momento oportuno, a quem oferece mais; esses
com o te'!'P° de traballw incorporado no salário do trabalhador que .. açambarc:adores •· são detestados, mas enriquecem; 3�) a especula­
a produ7tU: mas este tempo de trabalho depende de condições muito çâo c<Hriercial a partir dos produtos valiosos é a que alimenta o ca­
complexas (intensidade, organização, aparelhagem técrtica) e não pital mernmtil propriamente dito. Relacionando pontos do globo
s�mente de variações monetárias; 3� por últi mo, os preços europeus nrn, quais as 1.:ondiçôes de produção são completamente distintas e
nao sobem no século XVI porque o ouro e a prata são "mais abun­ mon<lp<llintndo pequenas quantidades de produtos de grande valor,
dantes"; sobem porque o preço de custo do ouro e da prata dimi­ n mercador da Idade Média rcaJizava operações aventureiras, mas
nuem: portanto, os lucros são extraídos mais do trabalho dos nunei­ luc:r:1tiva-.. Os prirncims mercadores portugueses e espanhóis, que
ros americanos que da exploração crescente doli trabalhadores euro� colocaram 1 .isoo,1 e Sevilha em relação com o Extremo Oriente e
peus. com a Aménca, não fi1..eram outra coisa. Os conquistadores e colo­
Este trabalho na América em suas diferentes fonnas (escravis­ no-, dos primeiros tempos. estavam dispostos a dar muito ouro {que
mo, e��e "d:1, mitas, compromisso entre esse trabalho forçado e lhes custava pouco) cm troca de azeite, vinho ou panos chegados da
um salário), fo1 extenuante. Os índios das ilhas (São Dorrtingos, Cu­ Furopa. Foi este contato inicial, entre condições colortiais e condi­
�a) pereceram em massa; a população do México também caiu. Por ções européias. que cm primeiro lugar causou a alta de preços. To­
isso, a partir de 1600 o preço de custo do metal precioso aumentou dos os mcrradorcs do continente afluíram às feiras da Península Ibé­
e, portanto, o preço das demais mercadorias começou a baixar na rica, constituindo-i-c no maior boom histórico do capital mercantil.
Europa Os lucros eram então obtidos com menos facilidades, e no
Mac; um movimento de taJ envergadura levava em si sua pró­
século XVD a acumulação primitiva de capital foi menos intensa que
no século XVI: voltou a subir no século XVITI, quando o ascenso pria contradição: cm primeiro lugar, aqueles países onde os preços
suh1ram demasiado foram eliminados pela concorrência, como no
demográfico e a exploração colonial reorganizada pcnnitiram nova­
mente que fossem diminuídos os preços de custo da extração mineira rnsu da Espanha. onde o afluxo de dinheiro traduziu-se numa pirâ­
(�uro do Brasil, minas mexicanas). Deste modo, vemos que a inten­ mide de dívida-., rendas e censos. tão perfeitamente parasitários que
sidade da acumulação monetária na Europa, condição para a instala­ a cç<mumia espanhola foi a pique e eliminada do processo capitalis­
ção do capitalismo, dependeu do grau de e...xpwração do trabalhador t.i, do qual fora o ponto de partida. Por outra parte, quanto mais di­
americano. ísto não vale somente para as minas. O ouro e a prata nheiro circula, ni:us difícil é exigir lucros usurários; a usura não
são mercadorias. O açtícar, o cacau. o café, as madeiras tintoriais morreu pelas inúteis condenações lançadas pela Igreja, morreu devi­
pod�m provocar fenômenos análogos. A. acumulação primitiva do do à l'Írculação de dinheiro. Por último, na medida em que a nave-
capital europeu dependeu tanto do escravo cubano quanto do minei­
ro dos Andes.
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A TRANSIÇAO DO FLUOALJSMO AO CAPITALISMO 47
gação progredia, o "mercado mundial" passava a ser uma realidade
e poderosos. Por liltimo, o E..c;tado protege a produção nacional por
cotidiana e, conseqüentemente, desapareceram cada ve°L. mais as
intermédio das aduanas e da marinha nacional, pelos "atos de nave­
oportunidades para a grand e especulação comercial, e com tudo isto,
gaç ão", que lhe reservam os transportes. A f�alidade de todas estas
os preços tenderam a se igualar.
medidas é bastante consciente, e expre.-;so anudde pelos economistas
Tocamos oo aspecto diaJét1co do fenômeno; a acumulação pri­ " mercan tilistas", que representavam, como mostrou perfeitamente
mitiva de capital engendra sua própria destruição Numa primeira fa­
Marx, a forma primitiva, ingênua, do capitalismo: a finalidade de
se, a alta dos preços. o aumento dos impostos reais, os empréstimos
qualquer atividade é "f.uer dinheiro"; a nação é rica se te ':" um sal­
grandiosos estimulam os usurános e os especuladores, mas no finaJ _
do positivo de metais preciosos, pouco tmporta como é d1stnbuído
em graus diferentes segundo os países, as taxas médias de Juros e
esse saldo. Confundem-se ..lucro nacionaJ" e lucro dos co mercian tes
dos lucros tendem a igualar-se e a duninuir. Então é necessá rio que
(que, por sua vez, confundem-se com os industriais).
o capital acumulado busque outro meio de rcprodul'ir-sc. É preciso .
O país mais característico desta fase é a Inglaterra de finais do
que os homens de dinheiro - que se haviam mantido relativamente à
século XVII. A evolução que sofreu desde o século XV - con��
margem da c;ociedade feudaJ - invadam todo o corpo social e tomem
tração da propriedade agrária, P";>l_etarização da mão-dC:-Obra, ativi­
o controle da produção. _
dade marítima e colonial - perrrutlu-lhe superar defimnvamente os
países dos primeiros descobrimentos, Espanha e Portugal, paralisa­
dos pelo e,-;cessivo aflu't0 de dmheuo e o �aras1t1smo da<; rcndas
_ -�
AS ETAPAS FINAIS DA TRANSFORMAÇÃO
evoluir mais depressa que a Holanda (pnvada de recursos indus­
triais) e a França (onde a estrutura agrária resistiu ao movimento de
a) Primeiro controle do capital mercantil sobre a produção i,ulus­ ,.
concentração das propriedades e de "cercamento das terras comu­
trial
nais). Marx apresentou este avanço da Inglaterra com a seguinte frase:
É no curso do século XVfl, menos favorável aos lucros extraí­ Os e.li rerente:. método<: de acumulação primitiva. que era a capita­
dos dac; colônias, que os mercadores, aproveitando as dificuldades füta fa, aparcci.:r, dividem-se, primeiro. por ordc _m ma� ou menos
do artesanato corporativo e o excesso de mão-de-obra existente no cronológica. entre PortugaJ. Espanha, Holanda, França e Inglater­
campo, põem-se a distribuir, primetro matéria-prima, e logo após ra, até que esta última combi� •os tod<? s, n� último terç o do �cy l�
instrumentos de produção, tanto a domict1io cmre os camponeses, XVII, num conjunto s•�tcmáttco que mclu1 por sua �CL o rcguuc
qu anto às grandes oficinas, em geral pnv1leg1 adas pelo E.-.tado. É colonial, o crédito público, as finança:, modernas e o sistema protc­
a época da "manufatura", importante etapa em direção ao capitalis­ c,ontsta5.
mo. porque realiza na indústria, a separação entre produtor e meio
de produção; concorre mortalmente com o artesanato corporativo; e) O século XVIII e o novo avanço das forças de produção:
organiza a divisão do trabalho, que aumenta de modo considerável a
produção industrial em mossa e ''nova agricultura".
produtividade do trabalho individual.
Será também na Inglaterra que aparecerão, no curso do século
b) Papel dos primeiros Estados nacionais e a acu mulaçâo primitiva
XVIll. as novidades que caracterizam de forma decisiva a nova era.
a era capitalista.
O domínio do capital mercantil corresponde, na Europa oci­
dental, a uma nova estrutura do Estado. Às vezes, como na França,
O aparecinumto do maquinismo. A partir de 1730, e sobretudo
es� Estado favorece diretamente a manufatura Os impostos, cuja
a partir de 1760, ocorre uma série �� inven� ões que irão �u�st1tuir a
importância aumenta. são cobrados geralmente �iante o sistema
"manufatura" pela "maquinofatura . ou scJa, que: perm1ttrao multt­
de fermes, ou seja, por companhias de financistas privados, que
guardam para si_grande parte dessas cobranças feitas a partir do pro­
plicar a produtividade do trabalho �umano, reduzir este mesmo 1:3-
balho a um mecanismo cada vez mrus barato, cada vez menos unido
duto nacional. E uma importante fonte de acumul ação monetária. A
ao objeto produtivo (de forma contrária ao trabalho artesanaJ), e por
organização do crédito, o aparecimento dos primeiros bancos esta­ ,_
últuno, utilizar uma múo-dc-obra de força reduzida, com a mob1hza­
lais, se fazem baixar as taxas de Juros usurários. em contrapartida
ção maciça do trabalho de mulhere!i e criança.e;. Esta.s invenções são
mobilizam o dmhe,ro dos "capitalistas" nas mãos de grupos restritos
as de que concernem à metalurgia (fundição do carvão) e. por últm10
48 PIERRE VILAR 49
A TRANSIÇ,\O DO FEUDALISMO AO CAPITALISMO
à máquina a vapor. Este avanço das força<; produtivas é necessário Temos de deixar claro que nem todos os países entram des­
para subverter as estruturas econõrrucas e sociais. Daí em diante, de o c;éculo XVIII nc�la fase decisiva. Por diversas característica<;, a
a produção industrial em massa será a fonte essencial do capital. França se encontra bastante atrasada com relação à Inglaterra. A Eu­
pela distância c.c;tabcJecidac; entre o vaJor produzido pelo operário e ropa oriental e meridional ainda custará n:1uito a_ criar as aglomcra­
o valor que lhe é restituído sob a forma de salário_ por aqueles que çf)es urbanas dedicadas completamente à indú,;tna, como Manches­
dispõem dos novos meios de produção (máquina-., fábricas). A era ter, que d urante bastante tempo será um símbolo. Sorne?te no �éculo
1 XIX o capitalismo industrial c;e propagará laJ como havta nascido na
11
da acumulação "primitiva" tenninou. Tudo irá tornar-<;<: "mercado­
ria'º e as relações sociais se estabelecerão ex.clusivamentc em termos Inglaterra a partir de 1760. Sabemos que ainda hoje não chegou a
de dinheiro. Já não há mais ''feudalismo". todos os continentes.
1
Resta considerarmos que um regime social não está consti­
tuído exclusivamente por seus fundamentos econômicos. A cada
A e.xploraçãc e.ada vez mais oanruoda do trobalho humano é modo de produção corresponde não somente um sistema de rcl:lÇ'(les
sua conseqüência e seu preço. Por uma parte, o século XVIII é um de produção, como também um s1stema de direilo, de instituiç(,cs e
século de alta geral dos preços, e já falamos da fonte colonial deste de formas de pensamento.
fenômeno; é ainda o século das grandes fortunac; edificadas sobre o Um regime social em decadência serve-:.c precisamcnle des­
ouro do Brasil. da prata mexicana, do açúcar e do rum das ilhas, do se direito. dc,;sas in,tiluiçóes e desses pensamento:-. já adquindo",
algodão da América e da Índia, tudo islO ex.lrafdo do trabalho dos para opor-c.e com Iodas as suas forças ru- movaçõcs que amem;am
povc">s colonizados. Na Europa, a alta dos preços tem como conse­ sua existência. bto provoca a luta das novas classes. das classe,; a-;­
qüência uma diminuição do sa1ário individual diário real, da qual o cendcntcs contm as cla.sses dirigentes que ameia se acham no poder e
capital apro\'eita-se. Constata-se contudo, que o século XVIII, espe­ determina o caráter revolucionário da nção e do pensamento que
cialmente nos países mais avançados como a Inglaterra, vê desapa­ nnimam estas lutas.
O regime feudal não morreu !iem defender-se. E o ataque
recer senão a carestia e a falta de pão, pelo m,.•nos as fomes mortais.
que o;ofrcu não começou somente com as fonn:is mai� desenvolvida-.
Como se explica isto? Deve-se, em primeiro lugar, a que os operá­ dos novos modos de produç!io. Estas formas, com efeito, só puderam
rios trabalham mais (mais dias ao ano) e as mulheres e as crianças triuntar quando já tinham se liberado dos inconvenientes, dos entra­
são postas a trabalhar. O ..alirio familiar aumenta até o mínimo de ves que as instiluiç&-s de tipo feudal 11\..�es,;ariamcn1c lhes opunh�.
subsistência, mas por uma quantidade de trabalho extraordinaria­ Isto é a história das revoluções burguesas.
mente aumentada.

A revolução agrfcola e a liberdade do comércio de 8râc per­


mi tcm que sejam alimentados um maior número de homens e com NOIAS
maior regularidade; nos paíse� mais adiantados, suprime-se o pousio 1. fotc tcJtlO foi rcd1giJo em 1963. Aprc!-entamos eslc traoalbo a título de
e utiliza-se mais legi..aninosas e tubérculos. Isto ocasiona-se a dimi­ orientação para in.,c,tigação.
nuição dos antigos lucros da especulação quando se tirava proveito 2. K. M.ir,. f.,., Capital, livro 1. t.111,cap. XXVII.
das crises de alimentação, fazendo o capital mercantil de tipo antigo J. Idem. livro 1. t. 111, M:<;ão 8.
ressentir-se. \ifas o capital industrial, cada ve, que pode diminuir o 4. //Jid. livro 1, fim do cap. XXYI
S. lhid. hvru 1, t, Ili, c.::1p. XXXI
conteúdo-valor da alimentação mínima do operário, assegura um lu­
cro sempre maior. Vemos com clare,.a de que m�círa, daí por
diante, o capitalismo iruh1Strial, que neste caso, merece simples­
mente o nome de capiJalismb, substitui as modalidades primitivas da
Tradução: Theo S,11111ngo
formação do capital. Ainda nos países avançados como a Inglaterra,
a agricultura, na.ri mãos dos granjeiros-capitalistas, adapta-se à pro­
dw;ãc em massa para a venda, ou seja, ao capitalismo.

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