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Enfermagem
Módulo II
Microbiologia/Parasitologia
TÉCNICO EM ENFERMAGEM
Microbiologia/Parasitologia
Produzido por:
Depto. Pedagógico - Escola Info Jardins
www.escolainfojardins.com.br
SUMÁRIO
Introdução a Microbiologia..............................................................................................................03
Bacteriologia...................................................................................................................................05
Morfologia Bacteriana.....................................................................................................................05
Citologia Bacteriana........................................................................................................................07
Condições Físicas necessárias para o crescimento bacteriano........................................................09
Virologia.........................................................................................................................................11
Estrutura dos Vírus..........................................................................................................................11
Replicação Viral..............................................................................................................................11
Micologia........................................................................................................................................13
Propriedades gerais dos fungos.......................................................................................................13
Controle do crescimento microbiano..............................................................................................14
Introdução a Parasitologia...........................................................................................................19
Protozoários..................................................................................................................................20
Leishmanioses................................................................................................................................20
Tripanossomíase Americana..........................................................................................................25
Malária...........................................................................................................................................30
Toxoplasmose................................................................................................................................34
Helmintologia...............................................................................................................................37
Esquistossomose............................................................................................................................37
Teníase e Neurocisticercose..........................................................................................................43
Nematelmintos.............................................................................................................................47
Ascaridíase ...................................................................................................................................49
Enterobióse....................................................................................................................................51
Bibliografia...................................................................................................................................54
MICROBIOLOGIA
Introdução
A ciência da Microbiologia [do grego: mikros (“pequeno”), bios (“vida”) e logos (“ciência”)] é o
estudo dos organismos microscópicos e de suas atividades.
Preocupa-se com a forma, a estrutura, a reprodução, a fisiologia, o metabolismo e a identificação
dos seres microscópicos. Inclui o estudo da sua distribuição natural, suas relações recíprocas e com
outros seres vivos, seus efeitos benéficos e prejudiciais sobre os homens e as alterações físicas e
químicas que provocam em seu meio ambiente.
Em sua maior parte, a Microbiologia trata com organismos microscópicos unicelulares. Nas assim
chamadas formas superiores de vida, os organismos são compostos de muitas células, que
constituem tecidos altamente especializados e órgãos destinados a exercer funções específicas.
Nos indivíduos unicelulares, todos os processos vitais são realizados numa única célula.
Independentemente da complexidade de um organismo, a célula é, na realidade, a unidade básica da
vida.
Todas as células vivas são basicamente semelhantes. Elas compõem-se de protoplasma (do grego: a
primeira substância formada), um complexo orgânico coloidal constituído principalmente de
proteínas, lipídeos e ácidos nucléicos; o conjunto é circundado por membranas limitantes ou parede
celular, e todos contêm um núcleo ou uma substância nuclear equivalente.
Todos os sistemas biológicos têm as seguintes características comuns: 1) habilidade de reprodução;
2) capacidade de ingestão ou assimilação de substâncias alimentares, metabolizando-as para suas
necessidades de energia e de crescimento; 3) habilidade de excreção de produtos ; 4) capacidade de
reagir a alterações do meio ambiente e 5) suscetibilidade à mutação.
Os microrganismos fornecem sistemas específicos para a investigação das reações fisiológicas,
genéticas e bioquímicas, que são a base da vida. Eles podem crescer, de maneira conveniente, em
tubos de ensaio ou frascos, exigindo, assim, menos espaço e cuidados de manutenção do que as
plantas superiores e os animais. Além disso, crescem rapidamente e se reproduzem num ritmo muito
alto.
Em Microbiologia pode-se estudar os organismos em grande detalhe e observar seus processos
vitais durante o crescimento, a reprodução, o envelhecimento e a morte.
Modificando-se a composição do meio ambiente, é possível alterar as atividades metabólicas,
regular o crescimento e, até alterar alguns detalhes do padrão genético, tudo sem causar a destruição
do microrganismo.
Os principais grupos de microrganismos são os protozoários, fungos, algas e bactérias. Os vírus,
apesar de não serem considerados vivos, têm algumas características de células vivas e por isso são
estudados como microrganismos.
São transportados por correntes aéreas desde a superfície da Terra até as camadas superiores da
atmosfera. Mesmo os microrganismos típicos dos oceanos podem ser achados a muitos quilômetros
de distância, no alto de montanhas. São encontrados em sedimentos no fundo do mar, em grandes
profundidades. São carregados por correntes fluviais e até mares; e, se dejetos humanos contendo
bactérias patogênicas forem despejados em correntes de água, a doença pode disseminar-se de um
lugar para outro.
Os microrganismos ocorrem mais abundantemente onde puderem encontrar alimentos, umidade e
temperatura adequadas para seu crescimento e multiplicação. Uma vez que as condições que
favorecem a sobrevivência e o crescimento de muitos microrganismos são as mesmas sob as quais
vivem as populações humanas, é inevitável que vivamos entre grande quantidade de
microrganismos. Eles estão no ar que respiramos e no alimento que ingerimos. Estão na superfície
de nosso corpo, em nosso trato digestório, na boca, no nariz e em outros orifícios naturais.
Felizmente, a maioria dos microrganismos é inócua para o homem, e este tem meios de resistir à
invasão daqueles que são potencialmente patogênicos.
Antes de Louis Pasteur ter provado experimentalmente que as bactérias são a causa de algumas
doenças, muitos observadores já argumentavam a favor desta teoria. Fracastoro de Verona sugeriu
que as doenças podiam ser devidas a organismos invisíveis, transmitidos de uma pessoa para outra.
Em 1762, Von Plenciz, de Viena, não apenas estabeleceu que seres vivos eram causas de doenças,
como também suspeitou que microrganismos diferentes eram responsáveis por enfermidades
diferentes.
O médico Oliver W. Holmes insistia que a febre puerperal era contagiosa e, provavelmente, causada
por um germe transmitido de uma mãe para outra por intermédio das parteiras e dos médicos.
Quase na mesma época, o médico húngaro Ignaz P. Semmelweis (1818-1865) introduzia o uso de
antissépticos na prática obstétrica.
Na França, Louis Pasteur estudou os métodos e processos envolvidos na fabricação de vinhos e
cervejas. Observou que a fermentação das frutas e dos grãos, resultando em álcool, era efetuada por
micróbios.
Examinando muitas amostras de "fermentos", isolou micróbios de espécies diferentes.
Porém os micróbios já estavam nos sucos e deviam ser removidos por fermentação. Pasteur sugeriu
que os tipos indesejáveis de microrganismos deveriam ser eliminados pelo calor, não tão intenso
que prejudicasse o gosto do suco de fruta, mas suficiente para tornar inócuo os germes.
Observou que, mantendo os sucos a uma temperatura de 62-63 º C, durante uma hora e meia,
obtinha o resultado desejado. Este processo tornou-se conhecido como pasteurização e hoje é
amplamente utilizado nas indústrias de fermentação, porém é a indústria dos derivados do leite que
está mais familiarizada com este método, visando a destruição dos microrganismos patogênicos,
presentes no leite.
Na Alemanha, o médico Robert Koch estudou o problema do carbúculo hemático, que é uma
doença do gado bovino, caprino e, às vezes, do homem.
Ele descobriu os bacilos típicos com extremidades cortadas em ângulos retos, no sangue de animais
mortos pela infecção carbunculose.
Inoculou as bactérias em meios de cultura, em seu laboratório, examinou-as ao microscópio para
estar seguro de que apenas uma espécie tinha se desenvolvido e injetou-as em outros animais para
verificar se estes se tornavam doentes e desenvolviam os sintomas clínicos do carbúnculo hemático.
A partir destes animais experimentais, Koch isolou micróbios iguais aos que tinha encontrado
originalmente nos carneiros infectados. Esta foi a primeira vez que uma bactéria foi comprovada
como causa de uma doença animal.
Introdução a Bacteriologia
Morfologia Bacteriana
Entre as principais características das células bacterianas estão suas dimensões, forma, estrutura e
arranjo. Estes elementos constituem a morfologia da célula .
Embora existam milhares de espécies bacterianas diferentes, os organismos isolados apresentam
uma das três formas gerais: elipsoidal ou esférica, cilíndrica ou em bastonete e espiralada.
As células bacterianas esféricas ou elipsoidais são chamadas de cocos .
As células bacterianas cilíndricas ou em bastonetes (bacilos) comumente apresentam-se isoladas e
ocasionalmente ocorrem aos pares (diplobacilos) ou em cadeias (estreptobacilos) .
As bactérias espiraladas (singular = spirillum; plural = spirilla) ocorrem, predominantemente,
como células isoladas. As células individuais de espécies diferentes exibem, contudo, nítidas
diferenças no comprimento, número e amplitude das espirais e na rigidez das paredes celulares.
Cocos (esféricas): grupo mais homogêneo em relação a tamanho sendo células menores (0,8-1,0
µm). Os cocos tomam denominações diferentes de acordo com o seu arranjo:
São células cilíndricas, em forma de bastonetes que apresentam grande variação na forma e
tamanho entre gêneros e espécies.
Dentro da mesma espécie os bastonetes são relativamente constantes sob condições normais de
crescimento, podendo variar em tamanho e espessura (longos e delgados, pequenos e grossos,
extremidade reta, convexa ou arredondada).
Constituem o terceiro grupo morfológico sendo caracterizada por células de forma espiral que se
dividem em:
Espirilos: possuem corpo rígido e se movem às custas de flagelos externos, dando uma ou mais
voltas espirais em torno do próprio eixo.
Ex: Aquaspirillium
Espiroquetas: São flexíveis e locomovem-se provavelmente às custas de contrações do citoplasma,
podendo dar várias voltas completas em torno do próprio eixo.
Ex: Treponema pallidum .
Espirilos Espiroqueta
Quando os bacilos são muito curtos, podem se assemelhar aos cocos, sendo então chamados de
cocobacilos (Ex: Brucella melitensis).
Quando as formas espiraladas são muito curtas, assumindo a forma de vírgula, eles são chamados
de vibrião (Ex: Vibrio cholerae).
Cocobacilos Vibriões
Citologia Bacteriana
O exame da célula bacteriana revela certas estruturas definidas por dentro e por fora da parede
celular. Seguem-se breves descrições das estruturas bacterianas de fácil identificação:
Flagelos: apêndices muito finos, semelhantes a cabelos, que se exteriorizam através da parede
celular e se originam de uma estrutura granular (corpo basal) imediatamente abaixo da membrana
citoplasmática, no citoplasma, cuja função principal é a locomoção bacteriana.
Pêlos (fímbrias): apêndices filamentosos menores, mais curtos e mais numerosos que os flagelos e
que não formam ondas regulares. Estão presentes em muitas bactérias. São encontrados tanto nas
espécies móveis como nas imóveis e portanto, não desempenham papel relativo à mobilidade.
Podem funcionar como sítios de adsorção de vírus bacterianos, como mecanismo de aderência à
superfícies e como porta de entrada de material genético .
Glicocálice: formado de uma substância viscosa, que forma uma camada de cobertura ou envelope
ao redor da célula. Se o glicocálice estiver organizado de maneira definida e estiver acoplado
firmemente à parede celular, recebe o nome de cápsula.
O glicocálice é constituído por vários tipos de acucares (polissacarídio).
A principal função do glicocálice é a aderência sobre superfícies; ele pode evitar o dessecamento
das bactérias, fornece um envoltório protetor e pode servir, também, como reservatório de
alimentos.
Parede Celular: dá forma à célula e situa-se abaixo das substâncias extracelulares (glicocálice) e
externamente à membrana que está em contato imediato com o citoplasma.
A função da parede celular é a de proporcionar uma moldura rígida, ou "colete", que suporta e
protege as estruturas protoplasmáticas mais lábeis, em face das possíveis lesões osmóticas; evita
ainda a evasão de certas enzimas, assim como a entrada de certas substâncias que poderiam causar
dano à célula.
Membrana citoplasmática: fina membrana situada abaixo da parede celular, formada por uma
bicamada que envolve as proteínas (50 a 70%).
A membrana é o sítio da atividade enzimática específica e do transporte de moléculas para dentro e
para fora da célula. Em alguns casos, a membrana se estende no citoplasma para formar o
mesossomo, que participa do metabolismo (através da secreção de certas enzimas), alem de
participar do processo de divisão celular).
Citoplasma: o material celular pode ser dividido em: área citoplasmática, que é a porção fluida
contendo substâncias dissolvidas e partículas tais como ribossomos, e material nuclear ou
nucleóide, rico em DNA.
Material nuclear: as células bacterianas não contêm o núcleo típico das células animais e vegetais.
O material nuclear consiste de um cromossomo único e circular e ocupa uma posição próxima do
centro da célula.
Endósporos: esporos que se formam dentro da célula. São como um corpo oval de parede espessa
(um por célula), altamente resistente e refráteis. Todas bactérias dos gêneros Bacillus e Clostridium
produzem endósporos.
São constituídos de ácido e por grande quantidade de cálcio. Os esporos representam uma fase
latente (repouso) da célula bacteriana; comparados com as células vegetativas, são extremamente
resistentes aos agentes físicos e químicos adversos, demonstrando uma estratégia de sobrevivência.
Representação esquemática das estruturas de uma célula bacteriana típica. Neste corte longitudinal é possível a
visualização das estruturas internas e externas. Um modelo de estudo é a Escherichia coli.
Temperatura: o crescimento bacteriano pode ter seu ritmo e quantidade determinados pela
temperatura, uma vez que esta influencia as reações químicas do processo de crescimento. Cada
espécie de bactéria cresce sob temperaturas situadas em faixas características e, sendo assim, são
classificadas nos seguintes grupos:
Exigências atmosféricas: os principais gases que afetam o crescimento bacteriano são o oxigênio e
o dióxido de carbônico.
Como as bactérias apresentam grande variedade de resposta ao oxigênio livre, elas são divididas
em:
1. Bactérias aeróbias: crescem na presença obrigatória de oxigênio livre.
2. Bactérias anaeróbias: crescem na ausência de oxigênio livre.
3. Bactérias anaeróbias facultativas: crescem tanto na presença como na ausência do oxigênio
livre.
4. Bactérias microaerófilas: crescem na presença de quantidades pequenas de oxigênio livre.
Acidez e alcalinidade (pH): para a maioria das bactérias, o pH ótimo de crescimento localiza-se
entre 6,5 e 7,5. Embora poucos microrganismos possam desenvolver-se nos limites extremos de pH,
as variações mínimas e máximas, para a maior parte das espécies, estão entre pH 4 e pH 9.
Fase lag : esta fase de crescimento ocorre quando as células são transferidas de um meio para outro
ou de um ambiente para outro. Esta é a fase de ajuste e representa o período necessário para
adaptação das células ao novo ambiente. As células nesta fase aumentam no volume total em
quase duas ou quatro vezes, mas não se dividem. Tais células estão sintetizando DNA, novas
proteínas e enzimas, que são um pré-requisito para divisão.
Fase exponencial ou log: nesta fase, as células estão se dividindo a uma taxa geométrica constante
até atingir um máximo de crescimento. Os componentes celulares como o material genético e
proteínas da parede celular estão também aumentando a uma taxa constante. Como as células na
fase exponencial estão se dividindo a uma taxa máxima, elas são muito menores em diâmetro que as
células na fase Lag.
A fase de crescimento exponencial normalmente chega ao final devido à depleção de nutrientes
essenciais, diminuição de oxigênio ou acúmulo de produtos tóxicos.
Fase estacionária : durante esta fase, há rápido decréscimo na taxa de divisão celular.
Eventualmente, o número total de células em divisão será igual ao número de células mortas,
resultando na verdadeira população celular estacionária.
Introdução a Virologia
Os vírus constituem um grupo grande e heterogêneo de agentes infecciosos, semelhantes pelo fato
de serem parasitas intracelulares obrigatórios para as células de seus hospedeiros específicos. São
tão pequenos que passam através dos filtros cujos poros não permitem a passagem das bactérias.
O maior vírus tem menos do que a quarta parte das dimensões de uma salmonela.Os vírus causam
doenças ou infecções em insetos, peixes, microrganismos, plantas, homens e outros animais.
Os vírus são fragmentos de DNA ou RNA protegidos por uma capa protéica (capsídeo) ; eles não
têm capacidade de movimentação nem de metabolismo autônomo.
Reproduzem-se por replicação numa célula hospedeira (anima, vegetal ou de um microrganismo),
podendo sofrer mutações.
Capsídio e Envelope: o capsídio é uma capa protéica que circunda o ácido nucleico, e é composto
de subunidades de proteína, os capsômeros, que são responsáveis pela especificidade viral.
Todos os vírions possuem uma simetria de estrutura , podendo ou não apresentar um envoltório
(envelope) contendo lipídeos ou lipoproteínas. Assim, os vírions com envelope são sensíveis aos
solventes de lipídeos, tais como o éter, o clorofórmio e agentes emulsificantes (sais biliares e
detergentes).
Ácidos Nucleicos: Os vírus podem ter DNA ou RNA, mas nunca são encontrados os dois juntos no
mesmo vírion. A estrutura dos ácidos nucléicos nos vírions pode ser linear ou circular.
Replicação do Vírus
Antes que qualquer vírus possa infectar uma célula animal, ele primeiro deve ligar-se a um receptor
específico na membrana celular, provavelmente uma glicoproteína. Como já foi dito, muitos vírus
podem ter um envelope rico em lipídeo envolvendo o capsídio. Do envelope de muitos vírus
projetam-se espículas "pontas" que podem conter glicoproteínas e lipídeos.
As propriedades das moléculas que constituem o envelope estão relacionadas com a adesão do vírus
à vários substratos. Se o envelope não está presente, as propriedades do capsídio determinam as
características adesivas do vírus.
A multiplicação dos vírus se faz por replicação, no qual as porções protéica e nucléica aumentam
no interior das células hospedeiras sensíveis. Este processo pode ser dividido em etapas, que são
comuns a todas as infecções virais:
5. Liberação: este processo varia com o agente viral. Em alguns casos, a morte celular resulta na
liberação concomitante das partículas virais. A partícula viral libera a célula hospedeira, deixando-a
incompetente e infectara novas células.
Fungos
Propriedades Gerais
A palavra bolor tem emprego pouco nítido, sendo usada para designar os mofos, as ferrugens e o
carvão (doença de gramíneas).
As leveduras se diferenciam dos bolores por se apresentarem sob a forma unicelular.
Os fungos podem viver como saprófagos, quando obtêm seus alimentos decompondo organismos
mortos; como parasitas, quando se alimentam de substâncias que retiram dos organismos vivos nos
quais se instalam, prejudicando-os; ou podem estabelecer associações mutualísticas com outros
organismos, em que ambos se beneficiam.
Em todos os casos, no entanto, os fungos liberam enzimas digestivas para fora de seus corpos e
estas atuam diretamente no meio orgânico no qual eles se instalam, degradando moléculas simples,
que são então absorvidas pelo fungo.
Os fungos são importantes nas fermentações industriais, tais como na fabricação da cerveja, do
vinho e na produção de antibióticos (penicilina), de vitaminas e ácidos orgânicos (ácido cítrico).
A fabricação de pães e o amadurecimento de queijos também dependem da atividade saprofítica dos
fungos.
Como parasitas, os fungos causam doenças vegetais, humanas e animais, embora a maior parte das
micoses seja menos severa que as bacterioses ou as viroses.
Fungos crescem melhor em habitats úmidos e escuros, porém são encontrados universalmente onde
quer que exista matéria orgânica disponível.
Eles necessitam de umidade para crescer e podem obter água da atmosfera, bem como do meio
sobre o qual vivem. Quando o ambiente torna-se muito seco, os fungos sobrevivem entrando num
estado de repouso ou produzindo esporos, que são resistentes à aridez. Embora o pH ótimo para a
maioria das espécies seja ± 5,6, alguns fungos podem tolerar e crescer em ambientes onde o pH
varia de 2 a 9.
Muitos fungos são menos sensíveis à altas pressões osmóticas que as bactérias, e podem crescer em
soluções de sais concentradas ou soluções de açúcares, que inibem ou previnem o crescimento
bacteriano.
Os fungos também crescem num amplo intervalo de temperatura (0o a 62o C, estando a temperatura
ótima de crescimento entre 22o e 30o C).
Fungos Patogênicos
Os fungos são responsáveis por várias doenças sérias de plantas, incluindo doenças epidêmicas que
se espalham rapidamente por plantações, causando grandes prejuízos econômicos. Todas as plantas
são aparentemente suscetíveis a infecções fúngicas.
Uma planta pode tornar-se infectada após entrarem pelos estômatos da folha ou do caule ou através
de feridas na planta.
Alguns fungos podem causar doenças em humanos e outros animais.
Podem causar infecções superficiais que atingem somente a pele, cabelos ou unhas. Outros causam
infecções sistêmicas, nas quais o fungo infecta tecidos profundos e órgãos internos.
Sapinho e pé-de-atleta são exemplos de infecções fúngicas superficiais.
Candidíase é uma infecção de membranas mucosas da boca e vagina e está entre as infecções
fúngicas mais comuns.
Histoplasmose é uma séria infecção fúngica sistêmica que é causada por um fungo que esporula
abundantemente em solo que contém fezes de aves; uma pessoa que inala os esporos podem
desenvolver a infecção.
A condição sanitária de uma dada população humana é determinada, em larga escala, por sua
capacidade de controlar eficazmente as populações microbianas. Os processos podem ser muito
específicos, como o fornecimento de medicação eficaz na eliminação dos microrganismos
infectantes, ou podem ser mais gerais, como as práticas sanitárias utilizadas no lar e nos hospitais.
Cuidados diários, tais como a purificação da água, a pasteurização do leite e a preservação dos
alimentos concorrem para o controle das populações microbianas. Não somente torna-se o produto
de consumo seguro sob o ponto de vista de saúde pública, como também o processo traz muitos
benefícios para o bem-estar da comunidade.
As principais razões para desenvolver o controle de microrganismos podem, em resumo, ser: 1)
prevenir a transmissão de doenças e infecções; 2) prevenir a contaminação ou crescimento de
microrganismos nocivos e 3) prevenir a deterioração e dano de materiais por microrganismos.
Os microrganismos podem ser removidos, inibidos ou mortos por agentes físicos ou químicos. Uma
grande variedade de técnicas e de agentes pode ser utilizada, agindo de modos diferentes e tendo
seu próprio limite de aplicação prática.
Os termos a seguir são usados para descrever os processos físicos e os agentes químicos destinados
ao controle dos microrganismos:
Esterilização: processo de destruição ou remoção de todas as formas de vida microscópica de um
objeto ou espécime. Um objeto estéril, no sentido microbiológico, está completamente livre de
microrganismos vivos. Este termo refere-se à ausência total
ou à destruição de todos os microrganismos.
Desinfetante: é um agente, normalmente químico, que mata as formas vegetativas, mas não
necessariamente, as formas esporuladas de microrganismos patogênicos. O termo normalmente
refere-se às substâncias utilizadas em objetos inanimados.
Bactericida: é um agente que mata as bactérias. De modo similar, os termos fungicida, viricida e
esporocida se referem aos agentes que matam os fungos, vírus e esporos, respectivamente. As
formas esporulada não são necessariamente eliminadas por estes agentes.
Bacteriostático: A condição na qual o crescimento bacteriano está inibido, mas a bactéria não está
morta. Se o agente for retirado o crescimento pode recomeçar
Degermação: Remoção de microorganismos da pele por meio de remoção mecânica ou pelo uso de
anti-sépticos.
Métodos Físicos
O método mais empregado para destruir microorganismos é o calor, por ser eficaz, barato e prático.
Os microorganismos são considerados mortos quando perdem a capacidade de se multiplicarem.
Calor úmido: A esterilização empregando calor úmido requer temperaturas acima de fervura da
água (120º). Estas são conseguidas nas autoclaves, e este é o método preferencial de esterilização
desde que o material ou substância a ser esterilizado não sofra mudanças pelo calor ou umidade. A
esterilização é mais facilmente alcançada quando os organismos estão em contato direto como
vapor, nestas condições o calor úmido destruirá todas as formas de vida microbiana, incluindo os
esporos bacterianos.
Calor seco: A forma mais simples de esterilização empregando o calor seco é a flambagem. A
incineração também é uma forma de esterilizar, empregando o calor seco. Outra forma de
esterilização empregando o calor seco é feita em fornos (estufas), e este binômio tempo e
temperatura deve ser observado atentamente. A maior parte da vidraria empregada em laboratório é
esterilizada deste modo.
Pasteurização: consiste em aquecer o produto a uma dada temperatura, num dado tempo e a seguir,
resfriá-lo bruscamente, porém a pasteurização reduz o número de microorganismos presentes, mas
não assegura uma esterilização.
Microondas: Os fornos de microondas são cada vez mais utilizados em laboratórios e as radiações
emitidas não afetam o microorganismo, mas geram calor. O calor gerado é responsável pela morte
dos microorganismos.
Pressão Osmótica: A alta concentração de sais ou açúcares cria um ambiente hipertônico que
provoca a saída de água do interior da célula microbiana. Nessas condições os microorganismos
deixam de crescer devido a perda de líquido e isto tem permitido a preservação de alimentos.
Dessecação: Na falta total de água, os microorganismos não são capazes de crescer, multiplicar,
embora possam permanecer viáveis por vários anos. Quando a água é novamente reposta, o
microorganismo readquirem a capacidade de crescimento. Esta peculiaridade tem sido muito
explorada pelos microbiologistas para preservar microorganismos e o método mais empregado é a
liofilização.
Métodos Químicos
Os agentes químicos são apresentados em grupos que tenham em comum, ou as funções químicas,
ou elementos químicos, ou mecanismo de ação.
Aldeídos e derivados: Pode ser facilmente solúvel em água, é empregado sob a forma de solução
aquosa em concentrações que variam de 3 a 8% . Atualmente tem se utilizado o Glutaraldeido,
dependendo do tempo de exposição do material a solução pode ser considerado desinfetante ou
esterilizante ( 15 ou 30 minutos, respectivamente).
Fenóis e derivados: O fenol é um desinfetante fraco, tendo interesse apenas histórico, pois foi o
primeiro agente a ser utilizado como tal na prática médica e cirúrgica, os fenóis atuam sobre
qualquer proteína, mesmo aquelas que não fazem parte da estrutura do microorganismo,
significando que, em meio orgânico protéico, os fenóis perdem sua eficiência por redução da
concentração atuante.
Halogênios e derivados: Entre os halogênios, o iodo sob forma de tintura é um dos anti-sépticos
mais utilizados na práticas cirúrgicas. O mecanismo de ação é combinação irreversível com
proteínas, provavelmente através da interação com o aminoácidos.
Ácidos inorgânicos e orgânicos: Um dos ácidos inorgânicos mais populares é o acido bórico;
porém, em vista dos numerosos casos de intoxicação, seu emprego é desaconselhado. Desde a
muito tempo tem sido usados alguns ácidos orgânicos, como o ácido acético e o ácido láctico, não
como anti-sépticos mas sim na preservação de alimentos hospitalares.
Agentes oxidantes: A propriedade comum destes agentes é a liberação de oxigênio nascente, que é
extremamente reativo e oxida, entre outras substâncias o sistemas enzimáticos indispensáveis para a
sobrevivência dos microorganismos.
Esterilizantes gasosos: Embora tenha atividade esterilizante lenta o óxido de etileno tem sido
empregado com sucesso na esterilização de instrumentos cirúrgicos, fios de agulhas para suturas e
plásticos.
1. Destruir ou inibir a atividade de um parasita, sem lesar as células do hospedeiro ou, apenas, com
pequenos danos sobre estas células;
2. Ser capaz de entrar em contato com o parasita, atingindo concentrações efetivas nos tecidos e nas
células hospedeiras;
3. Deixar inalterados os mecanismos naturais de defesa do hospedeiro, tais como a fagocitose e a
síntese de anticorpos.
As drogas do tipo sulfa são um dos agentes quimioterápicos sintéticos mais conhecidos e utilizados.
A sulfa foi primeiramente obtida pelo químico alemão Gerhard Domagk, em 1935. O tipo mais
simples de sulfa é a sulfonamida.
As sulfonamidas são particularmente úteis no tratamento de infecções causadas por meningococos e
Shigella, de infecções respiratórias por estreptococos e estafilococos e das infecções urinárias
devidas a microrganismos Gram-negativos.
São importantes na prevenção da febre reumática, da endocardite bacteriana, da infecção de
ferimentos e de infecções urinárias, após cirurgia ou cateterismo.
A penicilina foi o primeiro dos antibióticos modernos e ainda é um dos mais úteis. Juntamente com
a sulfa, só passou a ser largamente utilizada no início dos anos 40, em plena Segunda Guerra
Mundial.
É produzida pelo fungo Penicillium notatum, Penicillium chrysogenium e outras espécies de
bolores. P. notatum foi isolado pela primeira vez pelo médico inglês Alexander Fleming, em 1929.
A penicilina é seletiva para bactérias Gram-positivas, alguns espiroquetas e os diplococos Gram-
negativos (Neisseria).
Embora a penicilina seja, ainda, um dos antibióticos mais valiosos, a busca da droga ideal continua.
Entre os compostos aceitáveis, estão aqueles que atuam sobre os microrganismos patogênicos
insensíveis ou que se tornaram resistentes à penicilina.
PARASITOLOGIA
Introdução
Parasitologia é uma ciência que se baseia no estudo dos parasitas e suas relações com o
hospedeiro, englobando os filos Protozoa (protozoários), do reino Protista e Nematoda e
Platyhelminthes (platelmintos) e Arthropoda (artrópodes), do reino Animal.
Conceitos em Parasitologia
Agente etiológico : é o agente causador ou o responsável pela origem da doença. pode ser um vírus,
bactéria, fungo, protozoário ou um helminto.
Incidência: Situação quando é notificado casos novos de uma determinada doença ou agravo.
Epidemia: é a ocorrência, numa região, de casos que ultrapassam a incidência normalmente
esperada de uma doença.
Endemia : quando o número esperado de casos de uma doença é constantemente observado em
uma população em um determinado espaço de tempo.
Doença endêmica :aquela cuja incidência permanece constante por vários anos, dando uma idéia
de equilíbrio entre a população e a doença.
Infecção: é a invasão do organismo por agentes patogênicos microscópicos.
infestação: é a invasão do organismo por agentes patogênicos macroscópicos.
Vetor:organismo capaz de transmitir agentes infecciosos. 0 parasita pode ou não desenvolver-se
enquanto encontra-se no vetor.Pode ser um mosquito, cão, gato, animais silvestres etc.
Hospedeiro:organismo que serve de habitat para outro que nele se instala encontrando as condições
de sobrevivência. O hospedeiro pode ou não servir como fonte de alimento para a parasita. A
palavra deriva do latím hospitator, significando visita, hóspede.
Hospedeiro definitivo: é o que apresenta o parasito em fase de maturidade ou em fase de atividade
sexual.
Hospedeiro intermediário: é o que apresenta o parasito em fase larvária ou em fase assexuada.
Ciclo biológico (vida): Conjunto de transformações sofridas pelo parasita, que se sucedem no
mesmo hospedeiro ou em vários, com ou sem passagem pelo meio exterior e que permitem ao
parasita atingir a forma adulta da geração seguinte.
Ciclo monoxénico ou ciclo de vida direto.Quando um só hospedeiro está envolvido no ciclo de vida
Ciclo heteroxénico ou ciclo de vida indireto. Quando é necessário a passagem por dois ou mais
hospedeiros
Profilaxia : é o conjunto de medidas que visam a prevenção, erradicação ou controle das doenças
ou de fatos prejudiciais aos seres vivos.
Período de incubação: Consiste no período desde a penetração do parasita no organismo até o
aparecimento dos primeiros sintomas, podendo ser mais longo que o período pré-patente, igual ou
mais curto.
Período de sintomas: É definido pelo surgimento de sinais e/ou sintomas.
Período de convalescência: Iniciam-se logo após ser atingida a maior sintomatologia, iniciando
com a cura do hospedeiro.
Período latente: É caracterizado pelo desaparecimento dos sintomas, sendo assintomática e com o
aumento do número de parasitas (período de recaída).
Protozoários
Características Gerais
Protozoários são seres unicelulares, na maioria heterótrofos, mas com formas autotróficas e com
mobilidade especializada. A maioria deles é muito pequena, medindo de 0,01 mm a 0,05 mm
aproximadamente, sendo que algumas exceções podem medir até 0,5 mm.
Sua forma de nutrição é muito diferenciada, pois podem ser predadores ou filtradores, herbívoros ou
carnívoros, parasitas ou mutualistas.
A digestão é intracelular, sendo que o alimento é ingerido ou entra na célula por meio de uma
"boca", o citóstoma.
O sistema locomotor é um dos mais especializados, com flagelos, cílios e membranas ondulantes.
Estes organismos estão presentes em todos os ambientes por causa de seu tamanho reduzido e
produção de cistos resistentes.
Dependendo da sua atividade fisiológica, algumas espécies possuem fases bem definidas:
Trofozoíto: é a forma ativa do protozoário, na qual ele se alimenta e se reproduz.
Cisto: é a forma de resistência ou inativa.
LEISHMANIOSES
Enfermidade polimórfica da pele e das mucosas, caracterizada por lesões ulcerosas indolores,
únicas ou múltiplas (forma cutânea simples), lesões nodulares (forma difusa) ou lesões
cutaneomucosas, que afetam as regiões mucofaríngeas concomitantemente ou após a infecção
cutânea inicial.
No Brasil, a Leishmaniose Tegumentar Americana(LTA) e uma das afecções dermatológicas que
merece mais atenção, devido a sua magnitude, assim como pelo risco de ocorrência de
deformidades que pode produzir no ser humano, e também pelo envolvimento psicológico, com
reflexos no campo social e econômico, uma vez que, na maioria dos casos, pode ser considerada
uma doença ocupacional. Apresenta ampla distribuição com registro de casos em todas as regiões
brasileiras.
Agente etiológico:
A LTA é causada por parasitos do gênero Leishmania . Este protozoário tem seu ciclo completado
em dois hospedeiros, um vertebrado e um invertebrado (heteroxeno).
Os hospedeiros vertebrados incluem uma grande variedade de mamíferos: Roedores, edentados
(tatu, tamanduá, preguiça), marsupiais (gambá), canídeos e primatas, inclusive o homem.
Os hospedeiros invertebrados são pequenos insetos da família Phlebotominae.
Reprodução: divisão binária.
Modo de transmissão
Período de incubação
O período de incubação da doença no ser humano e, em media, de dois a três meses, podendo variar
de duas semanas a dois anos.
Ciclo Biológico:
No vetor: o inseto pica o vertebrado contaminado para fazer o seu repasto sanguíneo "sugar o
sangue" e ingere macrófagos (células imunológicas ) contendo o parasito.
Ao chegarem ao estômago do inseto, os macrófagos se rompem liberando as formas do protozoário
Estas sofrem uma divisão binária e se multiplicam ainda no sangue ingerido, que é envolto por uma
membrana . Esta membrana se rompe no 3o ou no 4o dia e as formas do parasita adulta ficam livres.
Ciclo no vertebrado:
Quadro clinico
1- 2- 3-
cidades. Entretanto, estas características vem se modificando, principalmente, nos estados das
regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde a LV se encontra urbanizada.
Reservatórios
Na área urbana, o cão é a principal fonte de infecção (Calazar canino). A enzootia canina tem
precedido a ocorrência de casos humanos e a infecção em cães tem sido mais prevalente do que no
homem.
No ambiente silvestre, os reservatórios são as raposas e os marsupiais .
No Brasil, as raposas foram encontradas infectadas nas regiões Nordeste, Sudeste e Amazônica .
Os marsupiais didelfídeos foram encontrados infectados no Brasil e na Colômbia.
Quadro clinico
Diagnóstico
Clínico
Laboratorial
Pesquisa do parasito
Exame direto de esfregaços corados: após anestesia local, retira-se um fragmento das bordas da
lesão e faz-se um esfregaço em lâmina.
Cultura: pode ser feita a cultura de fragmentos de tecido ou de espirados da borda da lesão.
Métodos imunológicos
Tratamento
Profilaxia
Dirigidas ao vetor
Saneamento ambiental
O controle da transmissão urbana da LV é árduo e de resultados nem sempre satisfatórios a partir de
uma única aplicação residual de inseticida. Portanto, outras medidas mais permanentes são
indicadas como o manejo ambiental, através da limpeza de quintais, terrenos e praças públicas, a
fim de alterar as condições do meio, que propiciem o estabelecimento de criadouros de formas
imaturas do vetor.
Medidas simples como limpeza urbana, eliminação dos resíduos sólidos orgânicos e destino
adequado dos mesmos, eliminação de fonte de umidade, não permanência de animais domésticos
dentro de casa, entre outras, certamente contribuirão para evitar ou reduzir a proliferação do vetor.
Doação de animais: cães em áreas com transmissão de LV humana ou canina, é recomendado que
seja realizado previamente o exame sorológico canino antes de proceder a doação de cães. Caso
o resultado seja sororreagente, deverão ser adotadas as medidas de vigilância e controle
recomendadas pelo Programa do Ministério da Saúde.
A doença de Chagas (DC) é uma das conseqüências da infecção humana pelo protozoário flagelado
Trypanosoma cruzi. Na ocorrência da doença observam-se duas fases clínicas: uma aguda, que pode
ou não ser identificada, podendo evoluir para uma fase crônica.
No Brasil, atualmente predominam os casos crônicos decorrentes de infecção por via vetorial, com
aproximadamente três milhões de indivíduos infectados. No entanto, nos últimos anos, a ocorrência
de doença de Chagas aguda (DCA) tem sido observada em diferentes estados (Bahia, Ceará, Piauí,
Santa Catarina, São Paulo), com maior freqüência de casos e surtos registrados na Região da
Amazônia Legal (Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Amapá, Pará, Tocantins).
Agente etiológico
Vetores e reservatórios
A maioria das espécies de triatomíneos ( Barbeiro ) deposita seus ovos livremente no ambiente,
entretanto, algumas espécies possuem substâncias adesivas que fazem com que os ovos fiquem
aderidos ao substrato. Essa é uma característica muito importante, uma vez que ovos aderidos às
penas de aves e outros substratos podem ser transportados passivamente por longas distâncias,
promovendo a dispersão da espécie.
triatomíneo infestans
Alguns animais silvestres como quatis, mucuras e tatus aproximam-se das casas, frequentando
galinheiros, currais e depósitos na zona rural e periferia das cidades.
Em alguns casos, como os morcegos, compartilham ambientes com o homem e animais domésticos.
Desse modo, essas espécies podem estar servindo como fonte de infecção aos insetos vetores que
ocupam os mesmos habitats dos humanos.
Formas de transmissão
Vetorial: ocorre por meio das fezes dos triatomíneos, também conhecidos como “barbeiros” ou
“chupões”. Esses, ao picarem os vertebrados, em geral defecam após o repasto, eliminando formas
infectantes , que penetram pelo orifício da picada ou por solução de continuidade deixada pelo ato
de coçar;
Vertical ou congênita: ocorre pela passagem de parasitas de mulheres infectadas pelo T.cruzi para
seus bebês durante a gestação ou o parto;
Oral: ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com parasitas provenientes de triatomíneos
infectados ou, ocasionalmente, por secreção das glândulas de cheiro de marsupiais (mucura ou
gambá);
Acidental: ocorre pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado (sangue de
doentes, excretas de triatomíneos, animais contaminados) durante manipulação em laboratório
(acidental), em geral sem o uso adequado de equipamentos de proteção individual.
A maioria dos indivíduos com infecção pelo T. cruzi alberga o parasito nos tecidos e sangue,
durante toda a vida, o que significa que devem ser excluídos das doações de sangue e de órgãos.
A transmissão do T. cruzi para o homem ocorre por meio dos triatomíneos. Porém esses
triatomíneos apenas transmitem o parasita se estiverem infectados e isso acontece quando eles se
alimentam sobre um dos numerosos hospedeiros. Ou seja, se os mamíferos de uma determinada
área apresentar altas taxas de infecção por T. cruzi, há probabilidade do vetor se infectar e, portanto,
infectar o próximo mamífero (incluindo o homem) do qual ele se alimenta.
Período de incubação
Fase crônica: existem raros parasitos circulantes na corrente sanguínea. Inicialmente, essa fase é
assintomática e sem sinais de comprometimento cardíaco e/ou digestivo.
Forma indeterminada: paciente assintomático e sem sinais de comprometimento do aparelho
circulatório (clínica, eletrocardiograma e radiografia de tórax normais) e do aparelho digestivo
(avaliação clínica e radiológica normais de esôfago e cólon). Esse quadro poderá perdurar por toda
a vida da pessoa infectada ou pode evoluir tardiamente.
Manifestações clínicas
Sintomatologia inespecífica
Na maioria dos casos aparentes, ocorrem:
Prostração, diarreia, vômitos, inapetência, cefaléia, mialgias, aumento de gânglios linfáticos;
Manchas vermelhas na pele, de localização variável, com ou sem prurido; Crianças menores
frequentemente ficam irritadiças, com choro fácil e copioso.
Sintomatologia específica
Diagnóstico
Para definição do diagnóstico laboratorial da fase aguda da doença de Chagas, são considerados
critérios parasitológicos e sorológicos.
O critério parasitológico é definido pela presença de parasitos circulantes demonstráveis no exame
direto do sangue periférico. Por sua vez, o critério sorológico é baseado na presença de anticorpos
anti T. cruzi no sangue periférico, particularmente quando associada a alterações clínicas.
Exames parasitológicos
Exames sorológicos
Têm utilidade complementar aos exames parasitológicos e devem sempre ser colhidos em casos
suspeitos ou confirmados como é o teste imunoenzimático (Elisa).
Tratamento
Tratamento de suporte
Afastamento das atividades profissionais, escolares ou desportivas fica a critério médico. Dieta
livre, evitando-se bebidas alcoólicas.
A internação hospitalar é indicada em casos de maior comprometimento geral, cardiopatia de
moderada a grave, quadros hemorrágicos e meningoencefalite.
Tratamento específico
O Benznidazol é a droga disponível para o tratamento específico . O Nifurtimox pode ser utilizado
como alternativa em casos de intolerância ao Benznidazol, embora seja um medicamento de difícil
obtenção. No caso de falha terapêutica com uma das drogas, a outra pode ser tentada, apesar de
eventual resistência cruzada.
Na fase aguda, o tratamento deve ser realizado em todos os casos e o mais rápido possível após a
confirmação diagnóstica. O tratamento específico é eficaz na maioria dos casos agudos (> 60%) e
congênitos (> 95%), apresentando ainda boa eficácia em 50% a 60% de casos crônicos recentes.
Profilaxia
Malária
A malaria e também conhecida como impaludismo, febre intermitente, febre terçã, febre quartã,
maleita e outros.
E uma doença infecciosa, produzida por protozoários do gênero Plasmodium, e se caracteriza por
acessos intermitentes de febre, calafrios, cefaléia e sudorese. Continua sendo uma das mais
importantes doenças parasitarias e acomete anualmente milhões de pessoas, especialmente no
continente africano e no Brasil, no Amazonas.
Agente Etiológico
• Plasmodium malariae (Descoberto por Laveran em 1881, Grassi e Faletti em 1890), agente da
febre quartã, muito encontrada no continente africano;
• Plasmodium vivax (Descoberto por Grassi e Faletti, em 1890), responsável pela terçã benigna;
• Plasmodium falciparum (Descoberto por Welch, em 1897), responsável pela terçã maligna; e
• Plasmodium ovale (Descoberto por Stephens, em 1922), causador de uma forma de terçã benigna,
não encontrado no Brasil. Existe principalmente no continente africano.
Reservatório
Vetores
Os mosquitos transmissores da malaria são insetos do gênero Anopheles. Este gênero compreende
cerca de 400 espécies das quais apenas um numero reduzido tem importância epidemiológica.
Seus criadouros frequentemente são de águas limpas de baixa correnteza e sombreadas.
O Anopheles, predomina no litoral e tem preferência por criadouros de águas salobras (figura 1)
No Brasil, são conhecidos também por carapana, muricoca, mosquito-prego, suvela e pernilongo.
A denominação de mosquito-prego diz respeito a forma como ele pousa na parede (figura 2).
As fêmeas do anofelino põem seus ovos nesses criadouros e desses ovos saem as larvas que se
transformam em pupas, que, por sua vez, se transformam em adultos já dotados de asas. Portanto, o
anofelino tem uma fase de vida aquática (ovos, larvas e pupas) e uma fase aérea.
Alguns fatores são necessários para que a espécie seja considerada como transmissora da malaria
humana, por exemplo: ser suscetível a infecção pelo plasmódio humano; ser antropofilico, ou seja,
ter preferência por sangue humano; ter longevidade e alta densidade, entre outros.
A maioria dos anofelinos tem hábitos noturnos.
Durante o dia, procuram lugares onde ficam ao abrigo da luz excessiva, do vento e dos inimigos
naturais (figura 3).
Modo de Transmissão
Período de Transmissibilidade
O ser humano e considerado como fonte de infecção para o mosquito enquanto houver gametócitos
infectantes circulando no sangue em numero suficiente, para que o mosquito, ao sugá-lo, possa
ingerir gametócitos de ambos os sexos.
As pessoas não tratadas ou tratadas de forma inadequada podem ser fonte de infecção para o
mosquito por um período que varia de um a três anos, conforme a espécie.
O mosquito, por sua vez, permanece infectante enquanto ele viver.
O sangue armazenado pode continuar infectante por cerca de 16 dias.
Ciclo Biológico
Partindo do ponto da picada infectante, os esporozoitos (formas infectantes para o homem), após
permanecerem por um breve período na corrente sanguinea, vão localizar-se na célula hepatica
(hepatócito), onde se multiplicam assexuadamente,
O tempo necessário para o desenvolvimento desse ciclo não se encontram parasitos no sangue
periférico. Esse período e variável para cada espécie de plasmódio e, não ha manifestação clinica.
Ocorre uma mudança no estado larval onde alguns são fagocitados e outra parte vai parasitar os
eritrócitos (hemácias).
Dentro das hemácias, eles sofrem vários estágios de maturação, assim, as hemácias abarrotadas de
parasitos se rompem .
E neste momento que o individuo infectado começa a apresentar os sintomas da doença. Após
serem liberados vão parasitar outras hemácias e darão continuidade ao ciclo.
Quando a fêmea de um anofelino suga o sangue do individuo com plasmódios, estas passarão por
uma transformação no estômago do mosquito.
Este penetra na parede do estômago e cai na hemo-linfa do mosquito, que se alojam nas glândulas
salivares do mosquito, quando a partir dai as fêmeas tornam-se infectantes, estando, portanto, aptas
a transmitirem a doença ao sugar o sangue de um outro individuo, fechando assim, o ciclo evolutivo
dos plasmódios.
Aspectos Clínicos
A febre geralmente vem precedida por sinais e sintomas inespecíficos caracterizados por mal-estar,
cefaléia, cansaço e mialgia. O ataque inicia-se com calafrios seguido por uma fase febril, com
temperatura corpórea podendo atingir até 41oC. Apos um período de duas a seis horas, ocorre
defervecencia da febre e o paciente apresenta sudorese e fraqueza intensa.
Apos a fase inicial, a febre assume um caráter intermitente, dependente do tempo de duração dos
ciclos eritrocíticos de cada espécie de plasmódio.
Em crianças, e comum o aumento do fígado e baço.
A anemia também e um achado frequente, podendo ser bastante acentuada, principalmente em
pacientes graves, crianças e gestantes.
A icterícia geralmente só esta presente em casos raros de malaria, especialmente quando ha demora
em iniciar o tratamento.
Outro sinal clinico observado com muita freqüência e a colúria.
Diagnóstico
- Gota Espessa
Essa e a técnica mais utilizada para o diagnostico laboratorial da malaria e continua sendo
considerada como o “padrão ouro” para a confirmação especifica da doença.
Apos coleta de sangue, por meio de punção digital e sua distribuição adequada em lamina de vidro,
e realizada a coloração e leitura ao microscópio. Essa técnica e importante, pois permite a
visualização do parasito, identificação da espécie e o estagio de desenvolvimento para a avaliação
clinica e controle de cura do paciente.
- Esfregaço Sangüíneo
O diagnostico parasitologico da malaria pelo esfregaço sanguineo tem a vantagem de facilitar a
identificação da espécie por permitir maior detalhe da morfologia dos plasmódios, mas, por outro
lado, se houver poucos níveis de parasitas, ha uma redução da sua sensibilidade cerca de dez vezes,
se comparado a gota espessa.
- Imunotestes
Também chamado de testes rápidos, os imunotestes para diagnostico de malaria vem sendo
amplamente avaliados.
Outros Métodos
Existem ainda outros métodos que podem ser utilizados no diagnostico da malaria, como a Imuno-
fluorescência Indireta, Elisa e a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR).
Tratamento
O tratamento imediato e adequado da malaria tem como objetivo a prevenção de formas graves da
doença, bem como a redução da mortalidade, alem de eliminar a fonte de infecção para o mosquito,
e, consequentemente, reduzir a transmissão da doenca.
Na febre causada pela malaria, métodos físicos, como o uso de compressas de água morna e
ventilação, são mais eficazes na diminuição da temperatura corporal do que o uso de antitérmicos.
Entretanto, os antitérmicos poderão ser usados na tentativa de evitar que ocorram convulsões febris
em criancas.
Para a cefaléia , o uso de bolsas de gelo traz um grande alivio aos pacientes, podendo, ainda, ser
usados os analgésicos.
A transfusão de concentrado de hemácias, ou mesmo sangue fresco (nos casos de distúrbios
hemorrágicos com choque hipovolêmico), esta indicada apenas nos casos de anemia grave.
Na hipoglicemia, pode-se administrar injeção endovenosa “em bolo” de glicose a 50%.
Em se tratando do uso de drogas são recomendados para o tratamento das infecções por
Plasmodium o uso de cloroquina em 3 dias e primaquina em 7 dias.
Medidas de Controle
As aplicações espaciais de inseticidas devem ser utilizadas em áreas de alta incidência de malaria,
urbana ou aglomerados populacionais das áreas rurais, onde o uso fica restrito ao redor da casa,
pressupondo que este seja o local de repouso do mosquito.
As medidas de proteção individual e familiar tem como finalidade proteger o individuo, sua família
ou sua comunidade e leva em consideração as características das atividades humanas, mas, de um
modo geral, os métodos mais indicados são:
• uso do repelente;
• uso de roupas e acessórios apropriados;
Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma infecção parasitária causada pelo Toxoplasma gondii, é uma protozoose de
ampla distribuição geográfica.
Seu hospedeiro definitivo, o gato espalha através das fezes, os ovos, os quais atingem maturidade
rapidamente no solo e tornam - se infectantes. Quando ingeridos por hospedeiros intermediários
transformam-se e multiplicam-se rapidamente com eventual desenvolvimento .
A infecção humana é mais comumente adquirida pela ingestão de oocistos presentes em alimento
crus ou mal cozidos e mesmo em água não potável.
Geralmente assintomática, nos quadro agudos, pode apresentar febre, linfadenopatia e dores
musculares que persistem durante dias a semanas. Ocorre transmissão transplacentária, em que o
feto apresentará lesão cerebral, deformidades físicas e convulsões desde do nascimento até um
pouco depois.
Pacientes imunodeficientes são mais acometidos pela infecção, podendo apresentar encefalite,
corioretinite, pneumonia, envolvimento músculo-esquelético generalizado, miocardite, e/ou morte.
Toxoplasmose cerebral é um componente freqüente da AIDS.
A distribuição da doença é mundial, e afeta os mamíferos e as aves. A infecção no homem é
comum. É mais comum em regiões de clima quente e de baixa altitude. Alta prevalência (85%) de
infecção foi relatada na França pelo consumo de carne crua ou mal cozida, enquanto que na
América Central a alta prevalência foi relacionada a presença de grande quantidades de gatos
abandonados em climas que favoreciam a sobrevivência de oocistos.
Agente etiológico
O agente causal, Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular, próprio dos gatos, e que
pertencem à família Sarcocystidae, da classe Sporozoa.
Ciclo de vida
Após ingestão pelo gato de tecidos contendo oocistos ou cistos, estes são liberados no organismo e
penetram no epitélio intestinal onde sofrem reprodução assexuada seguida de reprodução sexuada
se transformando em oocistos, podendo ser excretados junto com as fezes. Os oocistos não
esporulados necessitam de 1 a 5 dias para se esporularem no ambiente, tornado-se infectantes.
Oocistos podem sobreviver durante meses no ambiente e são resistentes a desinfetantes,
congelamento e processo de secagem, mas destruídos pelo aquecimento a 70ºC por 10 minutos.
Estes oocistos podem infectar o homem de diversas maneiras, como será visto no item modo de
transmissão.
Ciclo de vida
Reservatório
Os hospedeiro definitivos de Toxoplasma gondii são os gatos e outros felinos que se contaminam
pela ingestão de mamíferos.
Modo de transmissão
O Toxoplasma gondii é transmitido ao homem por diversas maneiras: através da ingestão de carne
mal cozida contendo cistos de Toxoplasma; pela ingestão de oocistos provenientes de mão
contaminada por fezes ou alimento e água; transmissão transplacentária; inoculação acidental de
traquizoítos ou pela ingestão de oocistos infectantes na água ou alimento contaminado com fezes de
gato. Pode ocorrer transmissão através da inalação de oocistos esporulados. As fezes de cabras e
vacas infectadas podem conter traquizoítos.
A infecção por transfusão de sangue e transplante de órgãos de um doador infectado é rara, porém
pode ocorrer.
Período de incubação
Consiste de 10 a 23 dias quando a infecção provém da ingestão de carne mal cozida; de 5 a 20 dias
em uma infecção associada a gatos.
Diagnóstico
O diagnóstico se baseia nos sinais clínicos e pela confirmação através de estudos sorológicos, pela
demonstração do agente em tecidos ou líquidos corporais pela biópsia ou necrópsia ou pela
identificação do agente em animais ou através do cultivo de material.
Aumentos dos níveis de anticorpos apontam para infecção ativa.
Tratamento
O tratamento não é necessário para pessoas saudáveis e que não estejam grávidas.
Para mulheres grávidas e pessoas com deficiência do sistema imunológico, o tratamento deve ser
feito com pirimetamina, sulfadiaziana e ácido folínico durante quatro semanas.
Clindamicina em adição a esses agentes é utilizada para tratamento da toxoplasmose ocular.
Espiramicina é usada em gestantes para prevenir a infecção placentária.
Medidas de controle
Prevenção Primária: Consiste na identificação dos fatores de risco envolvidos na infecção aguda
em gestantes e fornecer recomendações específicas para evitar a doença entre gestantes suscetíveis.
- Não ingerir carnes cruas, mal cozidas ou mal passadas.
- Lavar as mãos ao manipular alimentos.
- Após manusear a carne crua, lavar bem as mãos, assim como toda a superfície que entrou em
contato com o alimento e todos os utensílios utilizados.
- Lavar bem frutas, legumes e verduras antes de se alimentar.
- Usar luvas e lavar bem as mãos após contato com o solo e terra de jardim.
- Evitar contato com fezes de gato no lixo ou solo.
- Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados, seja de vaca ou de cabra.
- Propor que outra pessoa limpe a caixa de areia dos gatos; caso não seja possível, limpá-la e trocá-
la diariamente, utilizando luvas e pazinha.
- Alimentar os gatos com carne cozida ou ração, não deixando que estes ingiram sua caça.
- Lavar bem as mãos após contato com os animais.
Helmintologia
Platelmintos
Platelmintos são animais do filo Platyhelminthes(do grego platy, achatado + helmins, verme),
pertencente ao reino Animalia. São considerados vermes, tais como o são considerados os
integrantes dos filos Nematelmintos e Anelídeos.
Sistema digestório : Possui apenas uma abertura em todo o sistema, portanto é incompleto.
Constitui-se por boca, faringe e intestino ramificado que termina em fundo cego.
Oscestóides (animais endoparasitas, exemplo: a tênia) não possuem sistema digestivo.
A digestão é extra e intracelular.
Sistema nervoso: São os primeiros animais com um sistema nervoso central que é formado por um
anel nervoso. Isso permite uma melhor coordenação do sistema muscular, bem desenvolvido, o que
disciplina os movimentos do animal e lhe dá mais orientação.
Sistema reprodutor: Geralmente são hermafroditas (podendo ou não fazer a auto-fecundação).
Esquistossomose
Agente etiológico
Macho:
Mede cerca de 1 cm. Tem cor esbranquiçada, com o corpo coberto de minúsculas projeções
(tubérculos). O corpo pode ser dividido em duas porções: a anterior, na qual encontramos a ventosa
oral e ventosa ventral (acetábulo) e a posterior, onde encontramos o canal ginecóforo; este é
formado por dobras das laterais do corpo para albergar a fêmea e fecundá-la.
Fêmea:
Mede cerca de 1,5 cm. Tem cor mais escura, devido ao ceco com sangue semi digerido, com
tegumento liso.
Distribuição geográfica
No Brasil, inicialmente, a doença foi detectada nas faixas litorâneas da Região Nordeste. Hoje a
doença espalha-se por quase todo o país, em virtude dos movimentos migratórios.
A esquistossomose é uma doença originária da África, possivelmente do Egito.
A esquistossomose mansônica é característica das Américas.
No Brasil encontra-se um dos maiores focos do mundo, distribuindo-se praticamente por quase
todos os estados, principalmente com infestação endêmica em partes das Regiões Nordeste, Leste e
Centro-Oeste.
Nos Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco existem áreas em que a população infectada
alcança índices de 60%.
Modo de transmissão
É doença de veiculação hídrica, cuja transmissão ocorre quando o indivíduo suscetível entra em
contato com águas superficiais onde existam caramujos, hospedeiros intermediários, liberando
cercárias (Figuras 1 e 2).
A suscetibilidade ao verme é geral. Qualquer pessoa independente de sexo, cor (raça), idade, uma
vez entrando em contato com as cercárias, pode vir a contrair a doença.
Vetor
Os caramujos Biomphalaria são hospedeiros intermediários do verme, esses moluscos são de água
doce e vivem em águas paradas ou com fraca correnteza. São popularmente conhecidos como
caracóis.
Ciclo biológico
O homem infectado eliminando ovos viáveis de S. mansoni por meio das fezes .
Quando esses ovos entram em contato com a água, rompem-se e permitem a saída da forma larvária
ciliada, denominada miracídio.
Os miracídios penetram no caramujo, onde se multiplicam e, entre quatro a seis semanas depois,
começam a abandoná-lo em grande número, principalmente quando estão sob a ação de calor e
luminosidade.
A forma infectante larvária que sai do caramujo tem o nome de cercária.
O horário no qual as cercárias são vistas em maior quantidade na água e com maior atividade é
entre 10 e 16h, quando a luz solar e o calor são mais intensos.
As cercárias penetram no homem (hospedeiro definitivo) por meio da pele e/ou mucosas e, mais
freqüentemente, pelos pés e pernas, por serem áreas do corpo que ficam em maior contato com
águas contaminadas.
Após atravessarem a pele ou mucosa, as cercárias perdem a cauda e se transformam em
esquistossômulos. Esses caem na circulação venosa e alcançam o coração e pulmões, onde
permanecem por algum tempo.
Retornam posteriormente ao coração, de onde são lançados, por meio das artérias, aos pontos mais
diversos do organismo, sendo o fígado, o órgão preferencial de localização do parasito. No fígado,
as formas jovens se diferenciam sexualmente e crescem alimentando-se de sangue, migram para as
veias do intestino, onde alcançam a forma adulta, acasalam-se e iniciam a postura de ovos,
recomeçando o ciclo.
Quadro clinico
Esses indivíduos, desde a infância em contato com a forma larvária infectante (cercaria) ,
desenvolvem certa resistência e, neles, a fase aguda passa quase sempre despercebida, às vezes com
manifestações leves de diarréia e urticária.
Ao contrário, as manifestações agudas da doença são mais freqüentes em pessoas que entram em
contato com águas contaminadas pela primeira vez. Após seis meses de infecção há risco de evoluir
para a fase crônica.
Escola Info Jardins 41
TÉCNICO EM ENFERMAGEM
Microbiologia/Parasitologia
Fase crônica
A esquistossomose na fase crônica pode apresentar distintas manifestações. Nessa fase, o fígado é o
órgão mais freqüentemente comprometido. Dependendo da maior ou menor suscetibilidade do
indivíduo e da intensidade da infecção, na fase crônica, pode ocorrer a evolução da doença para
diversas formas clínicas:
a) Intestinal
É a mais comumente encontrada. Pode ser assintomática ou caracterizada por diarréias repetidas, do
tipo muco sangüinolenta ou não. O fígado e o baço não são palpáveis, embora exista,
freqüentemente, queixa de dor abdominal no hipocôndrio direito.
b) Hepatointestinal
Na forma hepatointestinal, os sintomas intestinais são semelhantes aos descritos para a forma
intestinal, sendo, porém, mais freqüentes os casos com diarréia e epigastralgia.
O fígado encontra-se aumentado de volume..
c) Hepatoesplênica
O estado geral do paciente fica comprometido. O fígado e baço são palpáveis, o que caracteriza essa
fase da doença .
Diagnóstico
Clínico:
Para o diagnóstico clínico, deve-se levar em conta a fase da doença e a anamnese detalhada do caso
do paciente (origem, hábitos, contato com a água).
Parasitológico:
Os métodos parasitológicos diretos se baseiam no encontro dos ovos dos parasitos nas fezes ou
tecidos dos pacientes.
Exame de fezes
Pode ser feito por métodos de sedimentação ou centrifugação, métodos estes baseados na alta
densidade de ovos.
Pesquisa de sorologia : os antígenos do verme adulto constituem evidência direta de sua presença,
quando identificados no soro e na urina de pacientes com esquistossomose.
Exames de imagem
a) Ultra-sonografia do abdômen: detecta alterações hepáticas que são específicas da
esquistossomose hepatoesplênica;
Tratamento
Medidas de controle
Basicamente dois são os aspectos do lado do homem, a serem analisados em um processo de
prevenção: o contato com a água contaminada e a disposição das excretas. A promiscuidade
no uso da água, principalmente pelas crianças mal cuidadas, é um dos fatores de
favorecimento à continuidade do ciclo da doença.
Evitar contato com águas habitadas por caramujos que podem ser portadores das larvas do
esquistossoma.
Eficiência no saneamento público e combate ao caramujo hospedeiro e o tratamento da água e das
fezes são as principais medidas de prevenção, e o tratamento efetivo dos portadores.
É primordial que não se deixe que as excretas humanas atinjam os reservatórios de água, devendo
ser generalizado o uso de privadas higiênicas em regiões sem redes coletoras de esgotos.
Estas privadas devem ficar longe de canais de irrigação, por exemplo, e seu conteúdo
residuário não deve ser usado como adubo sem uma prévia análise da sua composição.
Em regiões endêmicas, onde a água não tem tratamento prévio, antes de ser utilizada é
indispensável que a mesma seja fervida, para que não haja a contaminação pela mucosa da
boca, visto a quase imediata destruição dos seus ovos a temperaturas acima de 60°C.
É essencial que haja um sistema de distribuição de água potável para que a população não corra
riscos, onde a doença seja endêmica.
O combate ao caramujo , seria teoricamente a medida mais efetiva de luta contra a doença. Porém,
embora de preferência aquática, este molusco é bastante versátil em suas condições de
sobrevivência e de fácil reprodução. Por exemplo, na falta de água nos rios e lagos, ele é
capaz de sobreviver por meses a fio escondido nas margens secas e sob a terra.
Na perseguição a esse hospedeiro têm sido usados desde moluscocidas até predadores naturais, tais
como o peixes e caramujos carnívoros, estes oriundos de Porto Rico.
Teníase e Neurocisticercose
Teníase e cisticercose são causadas pelo mesmo parasita, porém com uma fase de vida diferente.
A teníase ocorre devido a presença deTaenia solium adulta ou Taenia saginata dentro do intestino
delgado dos humanos, que são os hospedeiros definitivos.
A cisticercose ocorre devido presença da larva (chamada popularmente de canjiquinha) que pode
estar presente em hospedeiros intermediários, onde os mais comuns são os suínos e
os bovinos, onde os humanos acidentalmente podem abrigar esta forma.
São, portanto, duas fases distintas de um mesmo verme, causando duas parasitoses no homem, o
que não significa que uma mesma pessoa tenha que ter as duas formas ao mesmo tempo.
Agente Etiológico
Morfologia
Estróbilo (Corpo)
É formado pela união das proglotes (anéis), podendo ter de 800 a mil proglotes e atingir de três
metros (T. solium) e oito metros (T. saginata).
As proglotes são divididas em jovens, maduras e grávidas.
Cisticerco
Constituídos de um escólex com quatro ventosas, colo e uma vesícula membranosa contendo
líquido no seu interior. Podem atingir até 12mm de comprimento, após quatro meses de
infecção.
Características Epidemiológicas
A América Latina tem sido apontada por vários autores como área de prevalência elevada de
neurocisticercose, relatada em 18 países latino-americanos, com estimativa de 350.000
pacientes.
O abate clandestino de animais, sem inspeção e controle sanitário, é muito elevado na maioria dos
países da América Latina e Caribe, sendo a causa fundamental da ocorrência da doença .
No Brasil, a Cisticercose tem sido cada vez mais diagnosticada, principalmente nas regiões Sul e
Sudeste.
A baixa ocorrência de Cisticercose em algumas áreas, como, por exemplo, nas regiões Norte e
Nordeste, pode ser explicada pela falta de notificação ou porque o tratamento dos indivíduos
acometidos é realizado em grandes centros, o que dificulta identificar a procedência do local
da infecção.
Ciclo biológico
Teníase
O homem portador da teníase apresenta a tênia no estado adulto em seu intestino delgado, também
sendo, o hospedeiro definitivo.
Os proglotes grávidos se desprendem periodicamente e são eliminados junto com as fezes.
Os hospedeiros intermediários são os suínos e os bovinos, que se infectam ingerindo água ou
alimentos contaminados com ovos ou proglotes eliminados nas fezes humanas.
Os suínos, por possuírem hábitos coprófagos, (ingesta de fezes) ingerem os proglotes grávidos ou
ovos presentes nas fezes humanas.
Dentro do intestino do animal, os embriões deixam a proteção dos ovos e, por meio de seis ganchos,
perfuram a mucosa intestinal.
Pela circulação sangüínea, alcançam os músculos e o fígado do porco, transformando-se em larvas
denominadas cisticercos, que apresentam o escólex invaginado numa vesícula.
Os cisticercos apresentam-se semelhantes a pérolas esbranquiçadas, com diâmetros variáveis,
normalmente do tamanho de uma ervilha.
Quando o homem se alimenta de carne suína ou bovina crua ou mal cozida contendo estes
cisticercos, as vesículas são digeridas, liberando o escólex que se evagina e fixa-se nas
paredes intestinais, evoluindo então para a forma adulta.
Cisticercose
O homem entra no lugar do porco, ingerindo os ovos do parasita.
Verme adulto
Transmissão
Teníase
A teníase ocorre devido à ingestão de carne suína ou bovina, que não teve os devidos cuidados de
preparo, como congelamento e cozimento, contaminada com o cisticerco (canjiquinha),
dependendo da espécie.
Cisticercose
Os portadores de teníase eliminam ovos através das fezes no ambiente, assim, por acidente, os
humanos podem ingerir estes ovos e adquirir a parasitose. Além desta forma, os humanos
podem adquirir a cisticercose através dos mecanismos abaixo:
Auto-infecção externa
A contaminação é dada pela ingestão dos ovos do próprio portador de Taenia solium, em condições
de falta de higiene e nos casos de coprofagia em crianças e indivíduos com doenças mentais.
Auto-infecção interna
Pode ocorrer quando o portador de tênia vomita, nos movimentos retroperistálticos do intestino.
Assim os ovos podem atingir o estômago e iniciar o ciclo de cisticercose.
Heteroinfecção
Outro indivíduo pode contaminar a água e os alimentos com ovos de tênia. Desta forma o homem
ao ingerir estes itens poderá contaminar-se.
Quadro clinico
Nos casos de Neurocisticercose, a sintomatologia pode ocorrer meses ou até mesmo anos depois
da infecção . Dentre eles, dores de cabeça frequentes, convulsões, transtornos de visão,
alterações psiquiátricas, vômitos, infecções na coluna, demência e perda da consciência.
Diagnóstico
Tratamento
O uso de anticonvulsivantes, às vezes, se impõe, pois cerca de 62% dos pacientes desenvolvem
epilepsia.
Medidas de controle
Trabalho educativo para a população - A aplicação pratica dos princípios básicos de higiene
pessoal e o conhecimento dos principais meios de contaminação constituem medidas
importantes de profilaxia. O trabalho educativo voltado para a população deve visar à
conscientização, ou seja, a substituição de hábitos e costumes inadequados e a adoção de
outros que evitem as infecções.
Inspeção sanitária da carne - Essa medida visa reduzir, ao menor nível possível, a
comercialização ou o consumo de carne contaminada por cisticercos e orientar o produtor
sobre as medidas de aproveitamento da carcaça (salga, congelamento, em acordo com a
intensidade da infecção), reduzindo perdas financeiras e dando segurança para o consumidor.
Fiscalização de produtos de origem vegetal - A irrigação de hortas e pomares com água de rios
e córregos, que recebam esgoto ou outras fontes de águas contaminadas, deve ser proibidas
pela rigorosa fiscalização, evitando a comercialização ou o uso de vegetais contaminados por
ovos de Taenia.
Cuidados na suinocultura - Impedir o acesso do suíno as fezes
Para os portadores de Teníase, entretanto, recomenda-se medidas para evitar a sua propagação:
tratamento específico, higiene pessoal adequada e eliminação de material fecal em local
adequado.
Nematelmitos
Os nematelmintos (do grego nematos: 'filamento', ehelmin: 'vermes') são vermes de corpo
cilíndrico, afilado nas extremidades. Muitas espécies são de vida livre e vivem em ambiente
aquático ou terrestre; outras são parasitas de plantas e de animais, inclusive o ser humano.
Ao contrário dos platelmintos, os nematelmintos possuem tubo digestório completo, com boca e
ânus. Geralmente têm sexos separados, e as diferenças entre o macho e a fêmea podem ser
bem nítidas, como no caso dos principais parasitas humanos. De modo geral o macho é menor
do que a fêmea da mesma idade e sua extremidade posterior possui forma de gancho.
Sistema digestório
O tubo digestório dos nematelmintos é completo, ou seja, possui um orifício de entrada de
alimentos (a boca) e um outro orifício de saída de dejetos (o ânus) -
sãoenterozóarios completos.
Na boca, podem ser encontradas placas cortantes semelhantes a dentes, com as quais os
nematelmintos podem perfurar os tecidos de outros seres vivos. A faringe é musculosa e serve
para esmagar os alimentos e também para os dirigir para o intestino, que não possui qualquer
musculatura. O alimento é completamente digerido pelas enzimas que atuam sobre ele no
interior do tubo digestivo, e os nutrientes são passados para a cavidade do corpo para serem
distribuídos pelas células.
Muitos nematelmintos de vida livre são carnívoros e se alimentam de pequenos animais ou de
corpos de animais mortos. Os parasitas intestinais recebem o alimento já parcialmente
digerido pelo hospedeiro.
Trocas gasosas
Eles não possuem órgãos respiratórios. As trocas gasosas acontecem na superfície corporal,
por difusão.
Ascaridíase
Epidemiologia
A ascaridíase é uma das helmintoses mais comuns no Brasil se não a helmintose mais comum, bem
como em todo o mundo, principalmente nas regiões subtropicais do planeta. Nas sociedades de
baixo nível socioeconômico, sua prevalência facilmente ultrapassa os 80%.
Ciclo Biológico
As larvas são liberadas no intestino delgado e alcançam a corrente sanguínea através da parede do
intestino. Infectam o fígado, onde crescem durante menos de uma semana e entram nos vasos
sanguíneos novamente, passando pelo coração e seguem para os pulmões. Nos pulmões invadem
Escola Info Jardins 49
TÉCNICO EM ENFERMAGEM
Microbiologia/Parasitologia
os alvéolos, e crescem mais com os nutrientes e oxigênio abundantes nesse órgão bem irrigado.
Quando crescem demasiados para os alvéolos, as larvas saem dos pulmões e sobem
pelos brônquios chegando à faringe onde são maioritariamente deglutidas pelo tubo digestivo,
passando pelo estômago, atingem o intestino delgado onde completam o desenvolvimento,
tornando-se adultos.
Apesar de haver alguns casos em que são expectoradas saindo pela boca. A forma adulta vive
aproximadamente dois anos. Durante esse período, ocorre a cópula e a liberação de ovos que são
excretados com as fezes.
Observe abaixo o ciclo de vida esquematizado:
1- A ingestão de água ou alimento (frutas e verduras) contaminados pode introduzir ovos de lombriga no tubo digestório humano.
2- No intestino delgado, cada ovo se rompe e libera uma larva.
3- Cada larva penetra no revestimento intestinal e cai na corrente sanguínea, atingindo fígado, coração e pulmões, onde sofre algumas
mudanças de cutícula e aumenta de tamanho.
4- Permanece nos alvéolos pulmonares podendo causar sintomas semelhantes ao de pneumonia.
5- Ao abandonar os alvéolos passam para os brônquios, traquéia, laringe (onde provocam tosse com o movimento que executam) e faringe.
6- Em seguida, são deglutidas e atingem o intestino delgado, onde crescem e se transformam em vermes adultos.
7- Após o acasalamento, a fêmea inicia a liberação dos ovos. Cerca de 15.000 por dia. Todo esse ciclo que começou com a ingestão de ovos, até a
formação de adultos, dura cerca de 2 meses.
8-Os ovos são eliminados com as fezes. Dentro de cada ovo, dotado de casca protetora, ocorre o desenvolvimento de um embrião que, após algum
tempo, origina uma larva.
9- Ovos contidos nas fezes contaminam a água de consumo e os alimentos utilizados pelo homem.
Manifestações clínicas
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pela observação microscópica de ovos nas fezes, através do Exame
Parasitológico de Fezes, ou no material vomitado.
Ao Raio-X podem ser visíveis após ingestão de contraste, os parasitas com seu trato alimentar
contrastado, ou como manchas alongadas, além de outros exames de imagem, como endoscopias,
ultrassonografias.
Também são solicitados exames sanguineos com achados de eosinofilia (célula alterada na presença
de infecção parasitaria ), além de testes imunológicos.
Tratamento
O tratamento deve ser feito de imediato, mesmo com pequeno número de vermes, pois sua
migração pode aparecer de fato. Apenas nos casos de ascaridíase intestinal, as drogas mais
indicadas são: os sais de piperazina, sais de tetramisol ou levamisol, pamoato de pirantel e
o mebendazol, durante três dias consecutivos.
Complicações
As complicações graves da ascaridíase são raras e predominantemente em crianças que têm grande
número de parasitos (devido muitas vezes às crianças comerem terra ou lamberem objetos
sujos de terra). Assim, um grande número de adultos no intestino pode formar uma bolo de
parasitos, que obstrui a passagem dos alimentos pelo intestino; grande número de parasitas na
passagem pelos pulmões e faringe podem provocar crises de asfixia; e a migração de
parasitas para os ductos biliares, pancreáticos ou apêndice resultar
em colecistite, pancreatite ou apendicite.
Pode também existir a forma errática da infecção (altas cargas parasitárias), onde os parasitos
albergam órgãos não naturais da infecção podendo provocar hemorragias internas.
Profilaxia
Os principais meios de prevenção são a educação para a saúde, de modo a evitar a contaminação no
solo com fezes, e contato direto com solo, melhoria dos hábitos higiênicos no preparo de alimentos
e seu manuseio, especialmente vegetais.
O saneamento básico, a desinfecção e o tratamento são os principais meios de erradicar a doença.
Deve-se usar latrinas, fossas secas e outros dispositivos para o recolhimento de dejetos,
especialmente nas comunidades com precárias condições socioeconômicas.
A desinfecção do solo também deve ser realizada , especialmente galinheiros e fazendas, além da
desinfecção de alimentos, o que é mais dificultado, pois geralmente utilizamo-nos da fervura, o que
por si só não seria possível para completa desinfecção.
Enterobiose
Agente etiológico
Transmissão
Por água, alimentos, poeira ou objetos levados a boca contaminados com os vermes.
As fêmeas produzem grande quantidade de ovos na região perianal. Os ovos são transparentes,
muito resistentes, leves e conseguem resistir até três semanas em ambientes domésticos.
Crianças pequenas que coçam a área e colocam os dedos na boca podem se re-contaminar mais de
uma vez.
Crianças em idade pré-escolar ou escolar e pessoas que cuidam dessas crianças são os mais
afetados.
A dificuldade em eliminar os ovos, impedir re-infecções, medicar todos infectados, mesmo os
assintomáticos, e impedir a importação de novos vermes torna essa doença extremamente difícil de
ser eliminada.
Ciclo de vida
Quadro clinico
O sintoma característico da enterobíase é o prurido anal, que se exacerba no período noturno devido
à movimentação do parasita pelo calor do local , produzindo um quadro de irritabilidade e insônia.
Outros sintomas comuns são:
Coceira no ânus,
Enjoo/náusea,
Vômitos,
Dores abdominais,
Cólicas;
Em alguns casos ocorrem sangue nas fezes. É comum também que não hajam sintomas além da
coceira anal.
Nas meninas , o verme pode migrar da região anal para a genital, ocasionando prurido vulvar,
corrimento vaginal, eventualmente infecção do trato urinário, e até excitação sexual.
Diagnóstico
Tratamento
O tratamento de primeira escolha é o pamoato de pirantel em dose única, por via oral,
preferencialmente em jejum.
Como terapia alternativa à participação dos benzimidazólicos, mebendazol e albendazol em dose
única e repetição em 2 semanas.
Prevenção
A higiene permite reduzir a probabilidade de contaminação, assim como a limpeza frequente dos
quartos das crianças e sobretudo em zonas em que se acumula o pó como debaixo da mobília e ao
redor de portas.
É preferível limpar com pano molhado de modo a não levantar pó que pode ser inalado ao varrer.
As roupas das crianças devem ser trocadas frequentemente, e as suas unhas cortadas de modo a não
reter ovos ao coçar.
Outro grande cuidado deve ser o banho diário e o lavar as mãos antes de qualquer refeição para
evitar a re-infecção.
Todos os materiais infectados ou em contato com o corpo do doente (pijamas, roupa de cama,
roupas íntimas) devem ser lavados com água morna (superior a 55 graus Celsius, por alguns
segundos, é suficiente) e sabão diariamente.
Água sanitária também auxilia para desinfectar brinquedos e roupas.
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