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Abstract Introdução
1 Instituto de Saúde Coletiva, This article analyzes metaphors and meanings A partir da década de 60 do século XX, emer-
Universidade Federal da
related to breast cancer among families affected gem, com força na problemática social da en-
Bahia, Salvador, Brasil.
by the disease. The first section briefly contextu- fermidade, questões relativas ao modo como
Correspondência alizes the social construction of meanings relat- diferentes grupos sociais assumem o papel de
J. S. C. Tavares
ed to cancer in the 20th century, with the Brazil- enfermos ou à percepção que os indivíduos
Instituto de Saúde Coletiva,
Universidade Federal da ian context as the main reference. The next sec- têm dos sintomas da doença 1. Ambas as ques-
Bahia. Rua Padre Feijó 29, tion discusses meanings ascribed to breast can- tões remetem aos significados atribuídos à
4 o andar, Salvador, BA
cer in five families that included women who saúde e à doença em uma dada sociedade, in-
40110-170, Brasil.
jeanetavares@hotmail.com had received a diagnosis of breast cancer and cluindo aqui o entendimento sobre a causali-
who were (or had been) under in-hospital treat- dade, sintomatologia, estratégia de enfrenta-
ment. The families were part of a qualitative mento, dentre outros.
study on patients in a specialized cancer hospi- É possível distinguir dois grupos de expli-
tal in the State of Bahia. The data analysis cações no que se refere à compreensão acerca
showed differences among the concepts associ- da experiência da enfermidade 1: uma perspec-
ated with cancer and breast cancer, inter-gener- tiva (a) individualista, que reduz o comporta-
ational sharing of ontological interpretations, mento humano diante da enfermidade a ques-
reinterpretation of medical discourse based on tões psicológicas ou (b) uma perspectiva cole-
psychosomatic factors, and notion of cure asso- tivista, para a qual o fator cultural é o núcleo
ciated with clinical discharge. central da análise e enfatiza, portanto, as dife-
renças de valores e atitudes frente às doenças,
Breast Cancer; Disease; Family traduzidas em diferenças de grupos e de clas-
ses sociais, faixas etárias ou etnias.
Uma e outra perspectiva coincidem, entre-
tanto, na compreensão de que a enfermidade
consiste em uma experiência e, assim sendo, é
resultado de uma interpretação 1. A enfermida-
de adquire, portanto, um sentido particular à
medida que é interpretada. Assim, a análise dos
sentidos particulares deve considerar a cons-
trução histórico-social do câncer na configura-
ção destes significados e interpretações indivi- rias, para diagnosticar e tratar a doença. Reve-
duais compartilhados nos diferentes grupos la-se, assim, o caráter fluido e mutável das de-
sociais. No caso específico do câncer, Gimenes 2 finições referentes à doença e aflições dela ad-
destaca que significados e interpretações acer- vindas, que se inscreve em uma complexa di-
ca do câncer e das situações que lhe estão as- nâmica relacional, na qual ganha destaque o
sociadas interferem no processo de enfrenta- papel das redes sociais no processo de orienta-
mento e na adaptação às diferentes fases do ção e sustentação dos significados e comporta-
desenvolvimento e tratamento da doença. mentos frente à doença 5.
O presente artigo analisa metáforas e signi-
ficados construídos em torno do câncer em Câncer: construção histórico-social
uma dupla perspectiva. Em um primeiro mo- dos significados
mento, realiza uma breve incursão histórica
pelo século XX, detendo-se, sobretudo, no con- No século XIX e início do século XX, o câncer,
texto brasileiro, apontando as imagens e signi- além de considerado contagioso, era associado
ficados vinculados ao câncer no decorrer do à falta de limpeza, à sujeira física e moral. Con-
século. Em seguida, são analisados os signifi- siderava-se que, principalmente no caso das
cados do câncer de mama para cinco famílias mulheres, o adoecimento era resultado de “pe-
que tinham entre seus membros mulheres que cados e vícios”, em especial nas práticas se-
haviam recebido diagnóstico de câncer de ma- xuais 6. Como aponta Bertolli Filho 7, entre prá-
ma e que estavam em diferentes estágios da ticas sexuais consideradas “monstruosas”, o
doença e do tratamento num hospital especia- coito bucal era identificado como causa princi-
lizado em oncologia da cidade de Salvador, Ba- pal das neoplasias nas mulheres homossexuais
hia, Brasil. ou bissexuais, formando-se nódulos cancero-
A produção dos significados no âmbito das sos inicialmente na cavidade bucal e trato di-
famílias é analisada aqui a partir da perspecti- gestivo, seguindo-se a disseminação por todo o
va fenomenológica, centrada na experiência organismo. Entretanto, alguns estudos realiza-
prática no mundo cotidiano. Essa concepção, dos no século XIX indicavam a associação en-
cuja origem remonta a Husserl 3, mas que se tre o câncer e pessoas submetidas ao excesso
atualiza em Shultz & Merleau Ponti 4, valoriza a de esforço e atividades, assim como pessoas
produção intersubjetiva de sentidos que se dá sobrecarregadas de emoções que deveriam ser
através dos processos interativos e reconhece o refreadas 8.
corpo como fundamento indiscutível da inser- As orientações sanitárias quanto à etiologia
ção do ser no mundo. e às possibilidades de cura do câncer dissemi-
Para focalizar a experiência da doença, mais nadas pelos órgãos de saúde eram confusas e
precisamente do câncer de mama, desde a óti- divergentes entre si 7. A medicina educadora
ca da fenomenologia, foram especialmente dessa época listava diversos elementos pró-
úteis as contribuições de Alves 1 e Rabelo et al. prios da vida civilizada na era industrial como
5 . Dois pressupostos, apresentados por esses possíveis causas do câncer, destacando-se o al-
autores, constituem um referencial teórico de catrão emanado das vias asfaltadas, a poeira
base na condução da nossa problemática. O das ruas, os gazes liberados pelos motores em
primeiro diz respeito à necessidade de com- funcionamento ou chaminés industriais, a pro-
preensão da experiência subjetiva da enfermi- ximidade constante de geladeiras elétricas e
dade, tendo em vista o seu enraizamento com uso de sapatos apertados ou de saltos altos. A
o contexto cultural. Devendo-se, portanto, con- atitude moralizadora e higienista, encontrada
siderar os processos sociais pelos quais os in- no Brasil nas primeiras décadas do século XX,
divíduos definem e legitimam tal experiência, norteava as ações dos órgãos de saúde pública,
assim como, comunicam e negociam os signi- que, como estratégia de intervenção sanitária
ficados relativos a ela para os demais 5. para o câncer, a tuberculose e a sífilis, aconse-
O segundo pressuposto justifica a ênfase lhavam o isolamento e desinfecção minuciosa
em torno dos processos interativos em estudos das residências em caso de morte dos doentes.
que focalizam a experiência de doença e cura Associando-se o câncer à pobreza e à sujei-
em contextos médicos plurais, uma vez que, ra física e moral, os enfermos dessa terrível mo-
nesses casos, os indivíduos percorrem diferen- léstia eram duplos inimigos da sociedade, pois
tes instituições terapêuticas e se utilizam, via não contribuíam para a produção de riqueza
de regra, de abordagens, por vezes contraditó- coletiva e oneravam os cofres públicos do Esta-
faixas etárias sobre a letalidade do câncer e o pelos participantes conforme o tipo de câncer
sofrimento provocado pelo tratamento. em questão:
Nos depoimentos dos participantes, perce- “(...) se não cuidar mata. Morre como qual-
beu-se a diferenciação entre o que entendem quer outra doença, tem doenças piores. (...) se
por câncer, a doença maligna, e o câncer de ma- ele não for agressivo demais você convive com
ma, uma manifestação branda da doença. Nas ele muitos anos. Eu, um dia, fui a uma reunião
caracterizações sobre o câncer, houve o predo- lá (no hospital) tinha uma senhora com vinte
mínio do que Laplantine 13 denomina de mo- anos de mastectomizada... a não ser que ele seja
delo ontológico de interpretação da doença, ou agressivo demais, você viu Mário Covas com to-
seja, o câncer é identificado como um “ser”, o da força, e muita, foi embora, né?” (Ivan, mari-
“flagelo”, a “coisa” que invade, degenera o cor- do de paciente, 52 anos).
po e transforma o paciente num não-ser. Vale Essa percepção é associada, nos depoimen-
notar que as definições mais radicais e enfáti- tos, à possibilidade de esconder os efeitos da
cas sobre o câncer como doença fatal e asso- doença e da mastectomia. A “invisibilidade”
ciada a sofrimento insuportável foram encon- dos resultados da cirurgia e a sobrevivência das
tradas nas famílias nas quais havia casos de pacientes são considerados fatores que mini-
morte por câncer ou de pacientes com metás- mizam a gravidade desse tipo de câncer, pois
tase e na fase terminal da doença. não expõe a paciente à vergonha e ao precon-
Os relatos das famílias coincidem, como ceito. Por não ser um órgão de importância vi-
aponta Sant’Anna 6, com a imagem do câncer tal, a crença de que a retirada da mama promo-
encontrada em grande parte dos depoimentos ve a resolução imediata da doença também
e na literatura sobre o tema: bicho que devora o contribui para a percepção de menor gravida-
corpo do paciente. Os participantes referem-se de desse tipo de câncer.
a uma sentença de morte, uma doença mortal e No entanto, o sofrimento causado pelas re-
de rápida evolução, uma doença traiçoeira, uma percussões da quimioterapia e da mastectomia
espécie de inimigo latente que se desenvolve para auto-imagem da mulher e na sexualidade
com extrema rapidez após ser descoberto. De do casal é reconhecido pela maioria dos parti-
modo geral, são usados adjetivos radicais, asso- cipantes. As marcas deixadas no corpo pela
ciados ao terror e recobertos por mistério. mastectomia impressionam, e tanto pacientes
“Ai! Câncer é uma praga, é uma.... é uma quanto familiares evitam visualizá-las:
miséria viu? (...) é horrível a metástase come o “(...) eu tava olhando o processo feio que é o
corpo (...) eu acho que é pior do que a AIDS, por- processo cicatricial então isso mexe comigo en-
que a AIDS por mais que... por ser um vírus que tendeu? ... aquele medo assim da... da do seu
não tenha cura, mas prolonga a vida muito ... corpo daquela mudança que é uma retirada é
não tem uma rapidez como o câncer, o câncer de um processo de extração de uma parte de seu
uma hora pra outra a metástase já tá comendo corpo que você gosta, que você não quer que tire
seu... seu... seu estômago, já tá pro fígado come e que se você mesmo reconstituindo não vai fi-
(...) então corrói tudo de uma hora pra outra” car a mesma coisa, não vai ficar perfeito como
(Carla, filha de paciente, 22 anos). era entendeu? (...) porque você fica usando uma
Esses resultados concordam com as pesqui- prótese de silicone, eu acho que até na, na sua
sas nacionais e internacionais realizadas sobre vida se você tem um parceiro... deixa a mulher
o tema, nas quais o câncer é representado co- inibida aquela coisa da queda da auto-estima”
mo algo negativo, invasivo, traumático, limitan- (Ingrid, filha de paciente, 20 anos).
te, que remete ao medo e à dor tanto para os Devido à dor e ao sofrimento gerados, a
pacientes quanto para os familiares. Esses sig- quimioterapia parece receber o status de doen-
nificados podem ser uma das causas da cons- ça. Isso porque, na maioria dos casos, foi esse
tante utilização de figuras de linguagem para tratamento a principal fonte de sofrimento de-
referir-se ao câncer, dos pactos de silêncio de- vido à despersonalização e estigmatização pa-
senvolvidos intra e extra grupo familiar, da evi- ra pacientes e familiares:
tação de comportamentos preventivos e para a “O que eu sabia que eu tava com câncer era
tendência a postergar a busca pelo diagnóstico. exatamente as quimioterapias que eu tomava,
Contrariamente ao termo câncer, o câncer porque eu me olhava no espelho e via uma cria-
de mama foi identificado como uma forma de tura totalmente sem um fio de cabelo, sem so-
câncer de menor periculosidade, um mal menor brancelha, sem cílio, quer dizer... você não se
quando comparado à manifestação em outros sente nem mulher, sabe? (...) Quando você olha
órgãos. Dessa forma, embora haja ênfase do pro teu corpo que você não vê um pêlo no teu
câncer como doença fatal e com aspectos so- braço, um pêlo em canto nenhum do teu corpo,
brenaturais, o perigo da doença é relativizado aí você olha pro espelho ai você não vê sobran-
celha, você não vê cílio, quer dizer... poxa você Entre as famílias estudadas, as explicações
tá.... diante de um mostro, é esquisito, é feio. (...) psicossomáticas foram as que receberam maior
Era outra pessoa que estava ali, não era Alana, ênfase. No surgimento do câncer, destacam-se
não era Alana-alegria, não era Alana-mãe, não como deflagradores da doença o “sofrimento
era Alana que gostava de brincar tá entenden- retido”, o “guardar rancor”, a “amargura”:
do? Era uma coisa que estava ali fingindo que “Porque eu, eu tenho pra mim que o câncer
era Alana (...)” (Alana, paciente, 49 anos). da minha mãe foi um problema psicológico (...)
ela carregou muito assim a responsabilidade de
Etiologia do câncer dentro de casa, porque meu pai ficou desempre-
gado durante quase dez anos (...) Isso tudo foi
Nas explicações dos participantes acerca da mexendo e segundo os estudiosos tudo o que a
etiologia do câncer de mama, pode-se obser- mulher absorve, a mama que pega isso né? Que
var a combinação entre o desequilíbrio interno é a parte mais sensível da mulher (...) O psicoló-
(psíquico), social (particularmente na relação gico dela, ela, ela absorveu muito essas coisas”
com familiares), espiritual e biológico. Mescla- (Elisa, filha de paciente, 25 anos).
das aos argumentos biomédicos, foram identi- “(...) Tudo que eu sofria ficava calada e não
ficadas noções do câncer como castigo pelo pe- contava a minha família entendeu? Guardava,
cado, como fruto da sobrecarga de emoções e um dia explode né? Como se diz mesmo? Você
trabalho e expressão do caráter da paciente, de guarda, guarda, guarda um dia aparece né isso?
modo geral, em desequilíbrio com a sociedade (...) minha doença foi toda isso viu? O desgosto
em que vive. da minha vida mesmo guardando, guardando,
Ao se referirem aos aspectos biológicos do guardando acaba nisso. A doença tava retida,
câncer, os participantes apropriam-se do dis- acho que tudo isso desgosto de família mesmo
curso médico com o qual tiveram contato não entendeu?” (Célia, paciente, 54 anos).
só durante o tratamento das pacientes, como Embora seja comum a descrição do “Tipo
também através da literatura especializada e C” de personalidade, nas explicações que con-
propagandas veiculadas pelos meios de comu- sideram aspectos psicossomáticos, o câncer é
nicação. Foram citados elementos como trau- associado aos sentimentos considerados “nega-
mas físicos (queda/ pontapé, relatados pelos tivos” pelos entrevistados. Parece que qualquer
participantes com baixa escolaridade), a idade comportamento ou traço de personalidade ava-
das pacientes (acima de 35 anos), a heredita- liados como prejudiciais para os participantes
riedade, sendo essa relacionada tanto à con- são associados à gênese do câncer. Dessa for-
sangüinidade como à ocorrência de outros ca- ma, são apontados não só traços depressivos e
sos de câncer na família: melancólicos da personalidade de quem adoe-
“Não, nem me passou pela cabeça [preven- ce como também traços de ansiedade e agressi-
ção do câncer de mama], e principalmente de vidade como possíveis causas do adoecimento.
mama porque muita gente diz que... é hereditá-
rio né? E quando... é difícil ter uma pessoa ter A cura do câncer
câncer de mama se não tiver alguém na família
e até agora na família não... não tem ninguém, Prevalece nas famílias estudadas a noção do
eu sou a primeira. E até que o de bexiga, como é câncer como doença incurável atualmente. No
hereditário, eu podia... eu ficava assim ‘meu entanto, indicam esperança no desenvolvimen-
Deus eu tenho que me cuidar’. Eu faço preventi- to científico e tecnológico que promovam a cu-
vo todo ano, eu tenho que me cuidar porque ra e destacam aspectos que favoreceriam me-
possa a ser que venha acontecer, agora de ma- lhores resultados no tratamento e prevenção
ma não, de mama eu não esperei que viesse como a associação entre tratamentos médicos
acontecer” (Sônia, paciente, 45 anos). e espirituais, e comportamentos voltados para
Nas explicações espirituais, há ênfase na promoção da saúde.
predestinação, na vontade de Deus e no peca- Os comportamentos que, segundo os parti-
do como aspectos decisivos no adoecimento. cipantes, poderiam prevenir o surgimento ou a
Para os participantes, a surpresa e a dificulda- recidiva do câncer relacionam-se principal-
de de aceitar o adoecimento são geradas pelo mente ao fato de cuidar-se e à manutenção de
fato de a paciente ser considerada uma “boa elevada qualidade de vida. O que significa de-
pessoa”. Na maioria dos casos, considerou-se senvolver hábitos saudáveis relacionados à ali-
que a paciente não deveria ter adoecido, uma mentação e a atividades físicas semanais, as-
vez que não havia cometido um “erro” tão gra- sim como melhoria nas relações sociais.
ve que provocasse o câncer, e, portanto, geras- Corroborando as observações anteriores
se culpa e sofrimento merecidos. sobre a diferenciação entre câncer e câncer de
Resumo Colaboradores
O presente artigo analisa metáforas e significados J. S. C. Tavares conduziu a pesquisa que derivou no
construídos em torno do câncer de mama por famílias artigo, redigiu a maior parte do conteúdo do artigo
afetadas por essa enfermidade. A primeira parte do ar- enviado, participou do processo de revisão do artigo
tigo apresenta uma breve contextualização da cons- (versões 1, 2 e 3), colaborou na redação da carta de
trução social dos significados do câncer no decorrer do resposta ao editor. L. A. B. Trad orientou o desenvol-
século XX, tendo como referência principal o contexto vimento da pesquisa que derivou no artigo, sugeriu a
brasileiro. Posteriormente, são analisados os significa- concepção geral do artigo, redigiu segmentos do arti-
dos atribuídos ao câncer de mama por cinco famílias go, conduziu o processo de revisão do artigo (versões
que tinham, entre seus membros, mulheres que ha- 1, 2, 3), redigiu a carta de resposta ao editor em cola-
viam recebido diagnóstico positivo para o câncer de boração com a outra autora.
mama e que estiveram ou estavam em tratamento
hospitalar. Essas famílias integraram um estudo qua-
litativo realizado na Bahia, com pacientes de um hos-
pital especializado em câncer. Na análise dos dados,
identificaram-se: diferenças entre as concepções asso-
ciadas ao câncer e ao câncer de mama, compartilha-
mento intergeracional de interpretações ontológicas,
reinterpretação do discurso médico a partir de consi-
derações psicossomáticas, além da noção de cura asso-
ciada à alta médica.
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