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PLANTAS MEDICINAIS E
AROMÁTICAS
Itajaí/SC
- 1997 -
TERRA - PLANETA DAS PLANTAS MEDICINAIS
A vida vegetal tem sido sustento e remédio para toda sorte de espécies animais, em
todos os tempos. O consumo de plantas medicinais provavelmente seja tão remoto quanto as
primeiras espécies animais herbívoras. À medida em que a evolução ensaiava e esculpia a
inteligência, com o advento dos primeiros hominídeos, há 2.000.000 de anos, o instinto foi
cedendo lugar a razão e a busca à flora, embora empírica, passou a contar com um forte aliado:
o espírito investigador.
A busca e o uso de plantas com propriedades terapêuticas é uma prática multi-
milenar, atestada em vários tratados de fitoterapia das grandes civilizações há muito
desaparecidas (CORRÊA JÚNIOR et al. 1991a). O grande número de espécies medicinais hoje
conhecidas, é reflexo do grau de antigüidade dos conhecimentos fitoterápicos (HARLAN
1975) e resultado de incontáveis erros e acertos.
FÁRMACOS
MERCADO
O valor de comercialização anual de plantas medicinais gira em torno de 14,5 bilhões
de dólares, sendo que os maiores importadores são a Alemanha, E.U.A. e o Japão. Só com a
comercialização de publicações os E.U.A. faturam anualmente 33 milhões de dólares por ano.
O mercado brasileiro destaca-se na exportação de ipê-roxo, espinheira-santa, erva-de-bicho,
fáfia, catuaba, chapéu-de-couro, capim-limão e erva-príncipe, sobretudo para os E.U.A. e Itália
(BRASIL 1991). Estima-se que o mercado brasileiro movimente um valor de pelo menos meio
bilhão de dólares com produtos à base de plantas (GONÇALVES 1997). Os E.U.A. importam
só do Brasil cerca de 200t/ano de folhas de maracujá (CERRI, 1991). Em contrapartida, o
Brasil tem importado mais de 1.500t/ano de folhas secas de sálvia, arnica, ginkgo, babosa,
arruda, erva-doce, alcaçúz, artemísia, sabugueiro, alfazema, estragão e até cabelo de milho
(estigmas), que são usados como diuréticos. Entre as mais importadas destacam-se a camomila
(50t/ano) e o alecrim (40t/ano) (BRASIL 1991). Devido à exígua e/ou irregular oferta nacional
e/ou à má qualidade dos produtos eventualmente colhidos, alguns laboratórios que operam no
Brasil chegam a importar cerca de 90 espécies de plantas medicinais do exterior para à
produção de cosméticos e medicamentos.
QUALIDADE É IMPERATIVA
A busca de qualidade é condição "sine qua non" para o êxito técnico e mercadológico na
área de plantas medicinais. Os países desenvolvidos utilizam cultivares ou híbridos uniformes e
vigorosos, com tecnologias e equipamentos de cultivo e pós-colheita criados ou adaptados
especificamente para cada espécie medicinal ou aromática.
O guaco (Mikania glomerata) e a artemísia (Artemisia annua) foram submetidos ao
melhoramento genético visando à obtenção de genótipos com maior teor de cumarina e
artemisina, obtendo-se incrementos da ordem de 0,1 para 0,5% e 0,1 para 1%, respectivamente.
Para se evitar eventuais segregações e perda de qualidade genética original, as cultivares de
plantas medicinais e aromáticas são obtidas a partir de linhagens estéreis e por técnicas de
clonagem.
No Brasil, a situação é incipiente e preocupante. As sementes comercializadas são de
péssima qualidade genética e desuniformes. A flor de calêndula, cujo melhor padrão de
qualidade são as de lígulas fortemente alaranjadas e uniformes, apresentam-se em tonalidades
pouco atrativas que variam de albinas a amarelas.
A variação de concentração dos princípios ativos, a má qualidade dos produtos
colhidos e o seu inadequado acondicionamento, muitas vezes em locais impróprios, são os
principais obstáculos à exportação de espécies brasileiras para exterior.
ESPINHOS E ABROLHOS
A rigor, um dos entraves precípuos para o desenvolvimento da área de fitoterapia é,
sem dúvida, a desenfreada plurinomenclatura popular das espécies. É comum uma mesma
espécie apresentar diferentes designações, bem como algumas espécies, até mesmo de famílias
distintas, receberem a mesma nominaçäo.
A família das Labiadas, composta de várias espécies fitoterápicas, é um dos
casos mais comuns em que várias espécies diferentes recebem a generalização de hortelã
ou menta. No entanto algumas destas espécies não são medicinais ou, quando muito,
apresentam uma baixa concentração do princípio ativo.
O mesmo ocorre com o quebra-pedra, designativo de pelo menos três espécies, sendo
que uma delas (Euphorbia serpens) é tóxica. Um das confusões mais preclaras acontece com a
erva-cidreira, nome popular atribuído a Lippia alba (Verbenacea) e Cymbopogon citratus
(Gramínia), que além dos contrastes botânicos e bioquímicos, apresentam cotações
diferenciadas a nível de mercado, dando margem à eventuais fraudes.
O boldo, uma das espécies mais utilizadas em fitoterapia, passou a ser o nome genérico
de pelo menos cinco espécies de famílias distintas: Coleus barbatus (boldo-do-reino), Coleus
grandis (boldão), Tithonia diversifolia (boldo-baiano), Coleus amboinicus (boldo-cidreira),
Vernonia condensata (fel-de-índio) e Peumus boldus (boldo-do-chile), sendo que este último,
pela dificuldade de adaptação no Brasil, apresenta uma cotação pecuniária diferenciada das
demais.
A inexistência ou incipiência de informações sobre a caracterização cabal de espécies
fitoterápicas, tem incorrido também em coletas equivocadas de materiais nativos ou
subespontâneos. Neste mister, são proverbiais os equívocos entre a espinheira-santa e
algumas espécies da família Euphorbiaceae, entre as diferentes espécies de babosa, artemísia,
carqueja, malva e tachassem.
EXTRATIVISMO
A transformação das plantas, cujo valor terapêutico foi confirmado pelas pesquisas
farmacológicas, em medicamentos para a população, esbarra na dificuldade de obtenção da
matéria-prima na quantidade e qualidade necessária ao processamento. O extrativismo de
plantas medicinais tem sido uma prática abusiva e indiscriminada, principalmente em países
com flora luxuriante.
Além da dificuldade de obtenção de algumas espécies, de difícil localização e muitas
vezes originárias de locais de difícil acesso e muito distantes, o extrativismo peca pela
efêmera sazonalidade de espécies anuais, pela contaminação das plantas espontâneas e sub-
espontâneas com metais pesados, poeira, herbicidas e excrementos.
A busca infrene por panacéias consagradas pela ciência moderna aliada à notícias
bombásticas podem resultar num extrativismo desmedido de certas espécies da flora, sob pena
de extinção local e regional e aviltamento de preços praticados ao nível de mercado. O
extrativismo infrene e sem critérios, a poluição ambiental, o uso indiscriminado de
agroquímicos, o urbanismo, as queimadas e o cultivo extensivo têm sido as principais causas
que tem afetado a biodiversidade, resultando com isso em redução drástica ou até extinção
de espécies de valor fitoterápico.
Algumas espécies nativas estão sofrendoerosão genética acelerada, principalmente pela
perda de variabilidade, conseqüência direta do alto volume de extração em seus ambientes
naturais (ORELLANA et al. 1994). No Estado de São Paulo são extraídas inúmeras espécies
de plantas medicinais, perfazendo um total de 800-900t/mês. No Paraná são nada menos de
30t/mês de fáfia que são retiradas fortuitamente na calada da noite ao longo das barrancas do
rio Paraná.
Muitas espécies estão extintas, outras estão em vias de extinção como a Gingo
(Ginkgo biloba), salsaparrilha (Smilax spp), quina (Chinchona spp), ipeca (Psychotria
ipecacuanha), jaborandi (Pilocarpus microphyllus), entre outras (OCAMPO 1994). A maioria
das plantas é desconhecida e um limitado número delas apresenta comprovação científica
de suas propriedades habilitando-se à agro-industrializaçäo ou ao uso in natura (CERRI
1991).
Além disso, a coleta de ervas nativas da flora pode resultar na obtenção de produtos de
distintas composições bioquímicas, dada às diferentes situações edafoclimáticas
(SCHEFFER 1991). Na América Central, os indígenas Bribis selecionaram uma variedade
de Lippia alba que possui aroma mais pronunciado que todas as demais variedades da
região (OCAMPO 1994). As variedades sul-americanas de quina - árvore donde de extrai o
quinino - apresentam o mais alto conteúdo deste princípio ativo entre todas as demais
variedades do planeta (OCAMPO 1994).
Entre as espécies mais procuradas na flora destacam-se a salsaparrilha (Smilax sp),
a ipeca (Psychotria ipecacuanha), a quina (Chinchona sp), a espinheira-santa (Maytenus
ilicifolia),
PROPRIEDADES E S P É C I E S
Adaptógena Fáfia, Guaraná, Ginseng, Clorela, Ginkgo
Nematicida Cravo-de-defunto
Cerca-viva Ora-pro-nobis,
LITERATURA CITADA
SCHEFFER, M.C. Roteiro para estudo de aspectos agronômicos das plantas medicinais
selecionadas pela fitoterapia do SUS-PR/CEMEPAR. SOB Informa v.10-11, n.1-2, p.29.31,
1992.
IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS
Fátima Chechetto
Enga Agrônoma - Professora
Universidade do Sul de Santa Catarina, Santa Rosa do Sul
2. Sistemas de Classificação
Desde a antigüidade clássica o homem vem procurando agrupar as plantas através de
sistemas de classificação, de forma a facilitar seu estudo.
Em 370 a .C. Teophrastus criou um sistema baseado no hábito das plantas (árvore,
arbusto, subarbusto, erva, etc.). Os chineses, também, em épocas remotas (3.000 a . C.) já
procuravam
agrupar as espécies vegetais de acordo com a sua utilização. Posteriormente, foram criados
diversos sistemas baseados em caracteres morfológicos de folhas e flores.
Com avanço científico e as novas teorias de evolução os sistemas de
classificação passaram a ser mais rigorosos em seus critérios. Tais sistemas são atualmente
utilizados e denominam-se filogenéticos.
4. Unidades de classificação
A classificação de uma espécie vegetal é feita através de um sistema que é formado por
unidades denominadas de táxon, Tais unidades são escritas em latim e seguem princípios,
regras e recomendações apresentadas no Código Internacional de Nomenclatura Botânica.
As unidades de um sistema de classificação estão divididas em unidades fundamentais e
sub-unidades. As fundamentais estarão presentes para a classificação de qualquer indivíduo, já
as subunidades estarão presentes apenas em certos casos, quando um táxon fundamental for
demasiadamente grande.
As unidades fundamentais e subunidades são:
Reino: Regnum Vegetabilis
Divisão: Radical + terminação phyta
Subdivisão: Radical + terminação phytina
Classe: Radical + terminação opsida
Subclasse: Radical + terminação iidae
Ordem: Radical + terminação ales
Subordem: Radical + terminação inales
Superfamília: Radical + terminação ineales
Família: Radical + terminação aceae
Subfamília: Radical + terminação oideae
tempo e no final, tem-se espécies completamente diferentes associadas com o mesmo nome
popular. Por exemplo, foi descoberta uma espécie do gênero Saintpaulia (família
Gesneriaceae) e notaram-se semelhanças visuais com a violeta (Viola odorata L. - família
Violaceae), prontamente a espécie recém descoberta foi popularmente designada de violeta-
africana, e com o passar do tempo, o adjetivo “africana” foi abandonado de forma que a violeta
passou a designar duas espécies diferentes. Uma vez que a primeira tem um interesse
ornamental muito grande, atualmente vemos o nome violeta empregado a espécies de
Saintpaullia, já a violeta (a verdadeira, a medicinal), praticamente foi renegada a segundo
plano. Os nomes boldo-do-jardim (Coleus barbatus Bentham, atualmente Plectrathus
barbatus Audr.) e boldo-de-baiano (Vernonia condensata Baker) foram criados devido à
semelhança dos efeitos fitoterapêuticos dessas espécies com os efeitos da espécie Peumus
boldus Molina, atualmente Boldea boldus (Mol.) Looser, o boldo-do-chile (todas atuam no
aparelho digestivo), posteriormente os nomes populares das primeiras espécies, por redução
passaram a ser boldo, e a confusão se estabeleceu.
efeitos terapêuticos semelhantes - plantas que possuem propriedades
terapêuticas semelhantes, ainda que pertencentes a famílias botânicas diferentes, podem receber
a mesma terminologia popular. Por exemplo, a erva-cidreira pode designar a espécie
Cymbopogon citratus (Poaceaa - Gramineae), Melissa officinalis (Lamiaceae - Labiatae) ou
Lippia alba (Verbenaceae); a primeira espécie é conhecida também por capim-santo e capim-
cidreira; a segunda é a erva-cidreira (verdadeira); já a terceira é também denominada de falsa-
melissa, cidrão ou cidreira-brasileira.
espécies afins - um mesmo nome popular pode ser empregado para diversas
espécies afins, de um mesmo gênero, ou seja, espécies diferentes que tem um parentesco
botânico bastante estreito podem receber a mesma terminologia vulgar. Por exemplo, um
grande número de espécies do gênero Aristolochia são conhecidas em Fitoterapia e em
“medicina popular”, como cassaú ou mil-homens; deste modo restam as dúvidas - todas as
espécies podem ser empregadas ? todas atuam da mesma forma? etc. É muito comum
verificarmos em rótulos de fitoterápicos e de cosméticos à base de produtos naturais, a presença
de Passiflora (maracujá) em sua composição, ora, dentro deste gênero inúmeras espécies são
encontradas na nossa flora e denominadas de maracujá, faltou portanto a especificação de qual
espécie faz parte do composto.
utilizações indevidas - o nome comum e a semelhança entre espécies diferentes
podem levar a erros no emprego medicinal das plantas. Por exemplo, as espécies Maytenus
ilicifolia Mart. ex Reiss. (fam. Celastraceae), Zollernia ilicifolia Vogel (fam. Leguminosae) e
Sorocea bonplandii (Baill.) Burg., Lang. & Boer., são conhecidas popularmente por
espinheira-santa, contudo, a única com estudos e comprovada cientificamente como medicinal
é a Maytenus ilicifolia.
concluindo podemos afirmar que a utilização de plantas medicinais e mesmo de
pesquisas aplicadas relacionadas a elas ficam extremamente comprometidas, se não houver
uma identificação adequada servindo de suporte.
Muitas vezes a identificação não é feita por qualquer botânico, tal a complexidade
taxonômica do grupo a ser estudado e neste caso, recorre-se à ajuda de um especialista naquele
grupo.
Temos visto com bastante freqüência alguns leigos tentando fazer identificação de
plantas do gênero Mentha, e isso nos causa verdadeiro espanto pois as muitas espécies deste
gênero apresentam diversas variedades que se hibridizam (cruzam) entre sí.
Além disso, os botânicos estão continuamente estudando as espécies vegetais e muitas
vezes existem nomes que estão sendo empregados, porém, são ultrapassados, isto é, são
considerados sinônimos de outros. Desta forma, se você pretende aprofundar seus
conhecimentos em plantas medicinais e aromáticas não deixe de recorrer à bibliografia
especializada e atualizada, ou consultar um especialista no assunto.
FITOTERAPIA
Lenir Pirola
Extensionista Social, EPAGRI, Tubarão.
Maique W. Biavatti
Farmacêutica, M.Sc.
Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí
INTRODUÇÃO
"As plantas medicinais foram semeadas neste planeta como um presente do
Supremo Jardineiro, para minorar o sofrimento de seus pobres habitantes”.
Dr. Márcio Bontempo.
“Não escrevo para mentes sábias, mas para pessoas práticas“ Dieffenback.
Com estes dois pensamentos queremos dar abertura a nossa apostila de
fitoterapia uma terapia barata, que está ao nosso alcance e que através do
conhecimento prático poderemos minimizar e curar dores e doenças. A natureza
produz isto de graça e coloca ao nosso alcance, basta que saibamos selecionar o que
precisamos para nossos tratamentos.
CONCEITO
Fitoterapia - é o tratamento ou terapia de doenças com plantas.
O primeiro passo para podermos usar a fitoterapia é sabermos reconhecer na
natureza as espécies de plantas que temos. Depois de reconhecidas as mesmas
sabemos para que tipo de doença podemos usá-las.
1) Infusão
A infusão são soluções extrativas obtidas da adição de água previamente
aquecida sobre o vegetal. Coloca-se água fervente sobre a planta mantendo-a em
frasco fechado por 10 a 15 minutos.
Este é o processo mais recomendado na preparação dos chás.
2 ) Decocção
É uma forma de extrair o princípio ativo de uma planta através do cozimento.
Ferve-se durante 2 minutos folhas e flores, 7 minutos para raízes e caules e 10
minutos para a planta toda. Após isto manter tampado por 10 minutos. Deve-se cuidar
quanto à presença de substâncias termolábeis (que se alteram pelo calor, caso em
que seria melhor utilizar a infusão).
A decocção é muito utilizada para preparar o chá de folhas coriáceas
(semelhante a couro - duras ), cascas e raízes. Utiliza-se normalmente 10 partes da
planta para 150 partes de água. Toma-se 3 a 5 xícaras ao dia. É preferível tomá-lo
quente. Toma-se o mesmo chá 10 a 15 dias e depois troca-se por outra planta
semelhante.
3 ) Tinturas
São resultantes do tratamento de substâncias vegetais por dissolventes que
contenham álcool como: vinho, pinga e outras diversas graduações alcoólicas.
Utilizam-se vegetais secos, na proporção de 10 a 20%, triturados e imersos em
álcool a 70, 80 ou 85 graus GL. É contra-indicada para pessoas com gastrite.
Tabela 1. Quantidade média de partes da planta medicinal, verde ou seca, para ser
usada na preparação de chás ou tinturas de aguardente ou de álcool.
4 ) Xarope
É a forma na qual se emprega 2/3 do peso da planta ou fruto em açúcar,
melado ou, preferencialmente, mel. Coloca-se para ferver ou no forno, não permitindo
o aumento da temperatura superior a 80ª C. Após solubilizado, filtra-se sobre gaze
conservando em frasco escuro. Contra-indicado para diabéticos.
5 ) Maceração
Amassar a erva e colocar em água :
7 horas para folhas e flores
12 horas para raízes e cascas
24 horas para a planta toda
6 ) Loções
São líquidos aquosos, soluções coloidais, emulsões e suspensões, de acordo
com a solubilidade do fármaco destinado à aplicações sobre a pele.
Ex.: Prepara-se o chá e adiciona-se ¼ de álcool ( 3 xícaras de chá e 1 de álcool).
7 ) Cataplasmas
São formas constituídas por massa úmida e mole de materiais sólidos.
Compõem-se de pó, farinhas ou sementes diluídas em cozimento ou infusão de
plantas até adquirirem consistência de uma pasta. A planta medicinal pode ser
incorporada por trituração à pasta mole. Aplica-se quente, morna ou fria entre 2
tecidos, para reduzir a inflamação ou exercer ação revulsiva.
8 ) Compressas
São feitas com pedaços de pano limpo, algodão ou gaze embebidos em chá ou
sumo de plantas aplicadas quentes ou frias no local afetado. Renova-se
frequentemente. Uso externo.
9 ) Alcoolaturas
São preparações contendo planta fresca em álcool a 90º, submetida à
maceração por 10 dias em frasco fechado. Geralmente, a proporção entre o vegetal e
o álcool é de 1:1 a.1:2.
10) Sumo
Obtém-se o sumo triturando a planta fresca e extraindo da parte sólida o líquido
(seiva) que é liberado.
11) Inalação
Prepara-se colocando água fervente sobre as folhas previamente picadas em
um recipiente, com a finalidade de aproveitar a ação dos óleos voláteis contidos na
planta, inalando-se os vapores.
12) Elixires
São líquidos hidroalcoólicos, destinados ao uso oral, contendo geralmente
glicerina, sorbitol ou xarope simples.
13 ) Emplastros
São preparações que possuem grande força aderente destinadas a uso
externo. Podem ser empregados com substâncias medicamentosas entre as quais os
extratos, as tinturas, os infusos etc. e utilizar diretamente sobre a lesão.
14 ) Ungüento
Prepara-se com o sumo de erva ou chá mais forte misturado em óleo vegetal.
Aplicação externa.
15. Linimento
Prepara-se com o sumo da erva o chá mais forte, misturado em óleo vegetal.
Aplicação externa.
ESPÉCIES MEDICINAIS
O chá das folhas e flores, usado quente, provoca suor nas gripes, resfriados,
tosses, sarampo e caxumba. Elimina ácido úrico, cálculos renais e toxinas em geral. É
depurativo do sangue. Indicado também para gota, reumatismo, pressão alta, diabete,
flebite, feridas. A raiz e a casca são purgativas e laxativas.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1. KÖRBES, V. C. Ed. ASSESSOAR - Associação de Estudos, Orientação e
Assistência Rural - 1995 Francisco Beltrão - PR.
Mônica Dozza
Eng. Agrônoma - M. Sc.
EPAGRI, Itajaí
FATORES CLIMÁTICOS
Temperatura
Cada planta possui uma temperatura ótima para seu crescimento e desenvolvimento
(Figura 1). Para a grande maioria das plantas tipicamente tropicais, a temperatura ótima gira em
torno de 150 C. A maioria das plantas medicinais e aromáticas herbáceas, no entanto, exigem
temperaturas brandas durante seu ciclo; se são plantas vivazes (que duram dois ou mais anos, e
a cada ano renovam suas hastes), o frio no inverno não pode ultrapassar o limite tolerado por
cada uma, sob pena de provocar sua morte.
A grosso modo pode-se dizer que com o aumento da temperatura, aumenta a velocidade
de crescimento de uma planta. Porém, esse processo fisiológico não é constante. Verifica-se que
existe uma curva de crescimento onde existe uma temperatura mínima, uma temperatura
máxima e uma faixa de temperatura ótima para o desenvolvimento de cada espécie.
Outra influência importante da temperatura é sobre a formação da clorofila, cujo nível
ótimo é ligeiramente superior ao exigido para o crescimento da planta. Quando esta
temperatura não é atingida, as plantas se desenvolvem, porém possuem uma coloração
amarelada, característica da formação insuficiente de clorofila.
Luz
A luz desempenha um papel fundamental na vida das plantas, influenciando na
fotossíntese e em outros fenômenos fisiológicos, como crescimento, desenvolvimento e forma
das plantas. Folhas expostas ao sol são geralmente menores do que as que ficam em local
sombreado. A disposição e a formação de parênquimas no mesófilo das folhas também se
altera.
Nas folhas crescidas ao sol, o parênquima paliçádico é mais desenvolvido e os
cloroplastos estão dispostos em fileiras perpendiculares ao limbo foliar. Em folhas crescidas à
sombra, o parênquima paliçádico é pouco desenvolvido ou inexiste, e os cloroplastos estão
dispersos. Não se deve confundir a adaptação das plantas ao crescimento em locais
sombreados, com o desenvolvimento anormal provocado pela falta de luz, que se chama
estiolamento.
As plantas também respondem às modificações na proporção de luz e escuridão dentro
de um ciclo de 24 horas. Este comportamento é chamado fotoperiodismo. Em muitas espécies
o fotoperíodo é o responsável pela germinação das sementes, desenvolvimento da planta e
formação de bulbos ou flores. De acordo com seu comportamento em relação ao fotoperíodo as
plantas são classificadas em:
- plantas de dias curtos: florescem quando recebem iluminação por um período
inferior a um determinado número de horas por dia. Este limite é chamado fotoperíodo crítico.
- plantas de dias longos: florescem ou o fazem mais rapidamente quando recebem
iluminação por um período superior a um certo número de horas por dia.
- plantas indiferentes: florescem sem nenhuma relação com o período de iluminação
recebida.
Na verdade, o fotoperíodo não está relacionado apenas com a luz mas também com o
período de escuridão pelo qual a planta passa.
Em geral as plantas de dias curtos são as de origem tropical e, as de dias longos, são
oriundas das regiões temperadas. É devido a este fenômeno que muitas plantas européias não
florescem no Brasil.
Umidade
Sendo a água um elemento essencial para a vida e o metabolismo das plantas, supõe-se
que em ambientes mais úmidos a produção de princípios ativos seja maior. Porém, nem sempre
isto é verdadeiro. Diversas experiências mostram que a água reduz o teor de alcalóides
produzidos, como em experimento realizado por Sokolov (1959) e também por Evenari (1960),
com solanáceas (Datura, Atropa e Hyoscianus) irrigadas e não irrigadas, onde estas espécies
apresentaram maior teor de alcalóides quando mantidos sob estresse hídrico.
Com relação aos óleos essenciais, Penka (1978) observou um aumento de sua
concentração em 15 espécies medicinais, quando não eram irrigadas. Fluck (1955) constatou o
mesmo com capim-limão (Cymbopogon citratus). Por outro lado, plantas irrigadas podem
compensar o menor teor de princípios ativos com uma maior produção de biomassa o que
resultará num maior rendimento final de princípios ativos/área.
Altitude
Altitude é a altura de uma região em relação ao nível do mar. À medida que aumenta a
altitude diminui a temperatura (cerca de 10 C a cada 150 - 200 metros acima do nível do mar), e
aumenta a insolação, interferindo no desenvolvimento das plantas e na produção de princípios
ativos. O dente-de-leão (Taraxacum officinale), cultivado em baixas altitudes, desenvolve uma
planta normal, com folhas grandes, inflorescência com haste comprida e raízes curtas. Quando
cultivado em altitudes maiores, suas folhas são pequenas, as hastes das inflorescências são
curtas e as raízes bastante compridas.
Plantas produtoras de alcalóides, quando em baixas altitudes, apresentam maior teor de
princípios ativos, possivelmente devido a maior atividade metabólica em virtude das
temperaturas maiores. Outras plantas, em altitudes maiores, tem um aumento de produção de
carboidratos e glicosídeos, pois a maior intensidade luminosa estimula a fotossíntese.
Latitude
Latitude é a distância que determinada região se encontra da linha do Equador. Pode-se
ter latitude sul e norte. Teoricamente plantas cultivadas em latitudes equivalentes (norte e sul),
tenderiam a ter o mesmo comportamento em relação ao desenvolvimento, época de floração e
teor de princípios ativos.
Estudos com Datura stramonium e Hyoscianus sp., demonstraram que plantas
cultivadas em latitude sul eram mais ricas em alcalóides que as cultivadas em latitude norte
equivalente. Tais diferenças estão relacionadas, entre outros, com a inclinação da Terra e a
influência das correntes marítimas sobre a temperatura.
Preparo do Solo
A planta alimenta-se quase exclusivamente pelas raízes, que também são responsáveis
por sua fixação. Daí conclui-se que, quanto maior a expansão radicular, conforme a
característica da espécie, maior a capacidade de absorver nutrientes e, consequentemente de se
desenvolver e de produzir. Alertamos para o fato que, quanto mais intenso for o uso de
máquinas e equipamentos, excesso de preparo, etc., tanto mais prejudicial será para a
fertilidade do solo, pois poderão ocorrer perdas por erosão, morte de microorganismos,
formação de camada compactada, desestruturação do solo. estes efeitos são minorados pelo
manejo correto do solo. desta forma recomenda-se que o preparo do solo pelo método
convencional ou cultivo mínimo, obedecendo as características próprias da unidade produtiva
(topografia, índice pluviométrico, etc.), assim como a infra-estrutura existente, seguindo as
práticas conservacionistas recomendadas.
Análise do Solo
Uma das primeiras medidas a serem tomadas, quando se pretende iniciar o cultivo de
qualquer espécie vegetal, é coletar (corretamente), uma amostra de solo da área que será
cultivada, e enviá-la para o laboratório de análise de solos, permitindo uma adequada
recomendação da correção e fertilização (Figura 2).
Correção do Solo
A correção do pH normalmente é feita com calcário e deve ser realizada pelo menos
dois meses antes do plantio. Quando a necessidade de calcário a ser aplicada ultrapassar 4 t/ha,
ela deve ser parcelada, o que é feito aplicando uma parcela de cada vez antes de cada preparo
de solo, em cultivos sucessivos. Esta prática tem por objetivo corrigir a acidez do solo e
fornecer nutrientes (principalmente cálcio e magnésio). Também é chamada de calagem. A
recomendação da calagem, feita por engenheiros agrônomos, sempre terá por base os resultados
da análise do solo.
Durante o preparo do solo, devem ser observadas as práticas de conservação de solos,
como preparo em nível, curvas de nível, cordão de contorno e outras que se fizerem
necessárias.
Fertilização do Solo
Os resultados até agora obtidos nos ensaios de adubação mineral de plantas medicinais e
aromáticas ainda são inconsistentes. Pouco se sabe sobre o efeito desses adubos sobre a
formação e o teor dos princípios ativos. Talvez isso ocorra devido ao fato das plantas cultivadas
de alto valor comercial, como o milho, a soja, o tomate, etc., terem passado por intensivos
processos de seleção para adaptá-las a rápida absorção de adubos industrializados visando
aumentos de produção/área. Já
as plantas medicinais e aromáticas sofreram um processo de seleção não tão dirigido, onde a
preocupação principal era preservar seu poder terapêutico.
Dos dados existentes pode-se concluir que, de maneira geral, os adubos químicos em
poucos casos são prejudiciais aos teores de princípios ativos das plantas, quando usados dentro
dos limites técnicos. No entanto, quando resultados positivos foram obtidos, o aumento do teor
de fitofármacos é pequeno.
Nossa avaliação é que os adubos orgânicos e verdes, aliados às práticas de agricultura
ecológica (orgânica, biológica, biodinâmica, etc.) apresentam um potencial de resposta
econômica maior, devendo os adubos químicos serem utilizados quando a análise do solo
revelar baixos teores de nutrientes, como nitrogênio, fósforo, potássio, etc.
Principais Nutrientes
São dezessete os elementos conhecidos hoje como essenciais ao crescimento dos
vegetais. Conforme a quantidade que um determinado elemento entra na composição da planta
ele é classificado como macro ou micronutriente (grande ou pequena quantidade,
respectivamente). Porém todos desempenham funções vitais nas plantas (Tabela 1). Destes
dezessete, três são provenientes do ar ou da água, e existem em grande quantidade no meio
ambiente. São o carbono, o oxigênio e o hidrogênio e, a rigor, não são considerados nutrientes.
Os demais provêm do solo.
O esterco, assim como outros adubos orgânicos, pode perder qualidade quando
manuseado de forma inadequada. Se estocado ao ar livre por muito tempo, pode perder grande
parte de seus nutrientes por volatilização ou por lixiviação. O esterco pode ser incorporado ao
solo, no sulco de plantio, na cova, ou no canteiro. A quantidade média de esterco a ser aplicada
em plantas medicinais e aromáticas é de 1,5 a 3,0 kg/m 2 de cama de aviário ou 3,0 a 5,0 kg/m 2
de bovinos, equinos e outros.
Restos de Cultura
Os restos de cultura do plantio anterior e que permanecem na área cultivada podem ser
incorporados ou mantidos como cobertura morta. Fornecem matéria orgânica ao solo,
contribuindo para melhorar sua fertilidade. Restos de culturas de plantas medicinais e
aromáticas podem ser utilizadas para esta finalidade, como por exemplo a camomila, porém
com a ressalva de que esta prática deve ser melhor estudada tendo em vista o efeito alelopático
entre as espécies.
Húmus de minhoca
O húmus de minhoca ou vermicomposto ainda não é largamente utilizado devido sua
pouca ventilação, porém representa uma opção altamente interessante, pois é um adubo
orgânico muito rico em nutrientes. Contém 1,5 a 3,0% de N; 2,5 a 5,0% de P 2O5; e 0,6 a 1,5%
de K2O. Devido a sua facilidade de produção nas propriedades pode ser uma alternativa de
enriquecimento de esterco. Recomenda-se a aplicação de 1,5 a 3,0 kg/m2 (15 a 30t/ha).
Composto orgânico
O composto é um adubo orgânico obtido a partir do lixo, restos de culturas e dejetos
animais. O princípio básico da produção do composto está na transformação dos restos
orgânicos pelos microorganismos, dando como produto final a matéria orgânica humificada. O
método de compostagem é tipicamente aeróbio, ou seja, realiza-se na presença de ar.
Para se ter um bom adubo, os restos de culturas ou outras fontes de material devem ter
quantidade suficiente de nitrogênio, para que os microorganismos possam atuar na sua
transformação. Alguns resíduos são relativamente pobres em nitrogênio (restos de gramíneas:
palhada de milho, sorgo, arroz,, trigo, bagaço de cana); outros são mais ricos (restos de
leguminosas: soja, feijão, ervilha, mucura; e estercos de animais: boi, porco ou aves). Em
termos práticos, é o teor de nitrogênio que determina a velocidade de decomposição, portanto,
para que a decomposição seja rápida e sem perda de nitrogênio, deve-se misturar o material
mais pobre com o mais rico.