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GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA SECRETARIA DA

AGRICULTURA E DO DESENVOLVIMENTO RURAL


EMPRESA CATARINENSE DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E EXTENSÃO
RURAL DE SANTA CATARINA ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE ITAJAÍ
ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE ITAJAÍ

PLANTAS MEDICINAIS E
AROMÁTICAS

Coordenação : Antônio Amaury Silva Júnior


Arte final : Maria de Lourdes F. Verona

Apoio : Ministério do Meio Ambiente


Fundo Nacional do Meio Ambiente

Itajaí/SC
- 1997 -
TERRA - PLANETA DAS PLANTAS MEDICINAIS

Antônio Amaury Silva Júnior


Engo Agro - Pesquisador, M.Sc.
Pesquisador da EPAGRI, Itajaí

A vida vegetal tem sido sustento e remédio para toda sorte de espécies animais, em
todos os tempos. O consumo de plantas medicinais provavelmente seja tão remoto quanto as
primeiras espécies animais herbívoras. À medida em que a evolução ensaiava e esculpia a
inteligência, com o advento dos primeiros hominídeos, há 2.000.000 de anos, o instinto foi
cedendo lugar a razão e a busca à flora, embora empírica, passou a contar com um forte aliado:
o espírito investigador.
A busca e o uso de plantas com propriedades terapêuticas é uma prática multi-
milenar, atestada em vários tratados de fitoterapia das grandes civilizações há muito
desaparecidas (CORRÊA JÚNIOR et al. 1991a). O grande número de espécies medicinais hoje
conhecidas, é reflexo do grau de antigüidade dos conhecimentos fitoterápicos (HARLAN
1975) e resultado de incontáveis erros e acertos.

FÁRMACOS

Com o advento da química moderna e da industrialização, os princípios ativos das


plantas foram isolados, refinados e até sintetizados objetivando uma maior eficácia do
produto concentrado frente à vultosa demanda da população em crescimento geométrico.
Entrementes, a planta que proporcionou a consecução do princípio ativo sintético,
acabaria invariavelmente, no esquecimento. O exemplo mais típico é da árvore conhecida
como o “salso-choräo” (Salix sp), da qual se extraía o ácido salicílico - princípio alopático
mundialmente conhecido por sua comprovada ação analgésica e vasodilatadora.
Não obstante, o custo das pesquisas, o nível tecnológico e o custo da industrialização,
aliados aos efeitos colaterais deletérios de muitos medicamentos alopáticos, viriam à depor
contra a quimioterapia, especialmente nos países de baixa renda (SCHEFFER 1992).
Bilhões de dólares são gastos anualmente com projetos que viabilizem o lançamento de uma
droga comprovadamente eficaz à população. De cada 5.000 destas drogas testadas apenas uma
consegue entrar no mercado (ERVAS & TEMPEROS 1991).
No Brasil, assim como em outros países de baixa renda per capita, as indústrias
farmacêuticas multinacionais invadem e controlam o mercado. Segundo CERRI (1991), a
Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu que 50 milhões de brasileiros não têm acesso
aos medicamentos. Mesmo assim, os brasileiros desembolsam anualmente cerca de 3 bilhões de
dólares com a aquisição de cerca de 6.000 medicamentos, o que corresponde a 95% de todos
os fármacos comercializados no país. Na Terra, 80% da população está marginalizada quanto
ao uso dos fármacos convencionais, tendo como alternativa mais viável a fitoterapia
(FARNSWORTH et al. 1985; RIEDER 1994). Apesar da supremacia das drogas de origem
sintética, 20% de todos os fármacos comercializados em todo o mundo são de origem vegetal
(Figura 1).
FITOTERAPIA
A Organização Mundial de Saúde, na 31º Assembléia, recomendou aos países membros
o desenvolvimento de pesquisas visando a utilização da flora nacional com o propósito
terapêutico (Figura 2). A OMS mantém um registro de cerca de 20.000 espécies de plantas
medicinais, distribuídas em 73 países, sendo que no Brasil são 332. Os critérios adotados pela
OMS para que a planta seja descrita como medicinal baseiam-se na farmacopéia nacional, uso
em pelo menos 5 países e que esteja disponível comercialmente (PENSO 1978).
Cerca de 4 bilhões de pessoas dependem das espécies medicinais, principalmente as
nativas de seus próprios países. Na França. cerca de 62% da população utiliza produtos
naturais para o tratamento da saúde (GONÇALVEZ 1997). Das 119 substâncias químicas
extraídas de plantas e utilizadas na medicina,74% delas foram obtidas com base no
conhecimento popular da fitoterapia (FARNSWORTH et al. 1985; CENARGEM INFORMA
1992). O índice de sucesso para o tratamento de câncer com o uso de plantas é de 5.000:1,
enquanto que através de fármacos sintéticos é de pelo menos 100.000:1.
Além de serem 35% menos dispendiosas que os sintéticos, as plantas medicinais podem
reunir inúmeras substâncias terapeuticamente ativas, que podem agir conjuntamente em
sinergismo à guisa de fitocomplexos, cujo efeito muitas vezes supera aqueles propiciados por
princípios ativos isolados. São cerca de 5.000 princípios ativos identificados em ervas nativas,
porém à falta de equipamentos, verbas e recursos humanos tem obstado o
desenvolvimento desta área (CERRI, 1991).
Os países do oriente, especialmente a China e a Índia são considerados paradigmas
mundiais na área de fitoterapia, seja pela tradição milenar, número de espécies utilizadas ou
pesquisas geradas (Figura 3). Na Índia, onde 80% da população faz uso corrente de plantas
medicinais, são encontradas 6.732 fito-farmácias. Entre as plantas mais pesquisadas e
procuradas pela população destacam-se a ipecacuanha (Psychotria ipecacuanha), de origem
brasileira, o tanchagem (Plantago spp) e o sene (Cassia medica). Na América Central, o
consumo de plantas medicinais, a nível familiar, é de cerca de 26.000t, movimentando uma
soma de 34 milhões de dólares, o que representa 7% do valor gasto com os medicamentos
alopáticos convencionais (CEPAL 1993).
A flora brasileira é riquíssima em espécies com princípios ativos prontos, esperando
apenas serem testados, a custos incomensuravelmente menores. A flora equatorial, atlântica e o
cerrado constituem-se autênticos celeiros de espécies medicinais, porém mesmo na vegetação
de restinga, bosques, sub-bosques, campos nativos e áreas ruderais são encontradas inúmeras
espécies descritas com propriedades terapêuticas. De todas as plantas pesquisadas para o
tratamento do câncer, 90% delas são de origem brasileira. Além de possuir o maior banco de
germoplasma da Terra, o Brasil detém ainda características peculiares que o habilitam a
qualidade de franco consumidor de plantas medicinais. Grande parte do conhecimento
fitoterápico nacional deve-se ao legado das inúmeras tribos indígenas brasileiras, da
colonização européia e dos escravos africanos. Alia-se a isso a vexatória conjuntura sócio-
econômica da maioria dos brasileiros e a falência do sistema oficial de saúde pública.

MERCADO
O valor de comercialização anual de plantas medicinais gira em torno de 14,5 bilhões
de dólares, sendo que os maiores importadores são a Alemanha, E.U.A. e o Japão. Só com a
comercialização de publicações os E.U.A. faturam anualmente 33 milhões de dólares por ano.
O mercado brasileiro destaca-se na exportação de ipê-roxo, espinheira-santa, erva-de-bicho,
fáfia, catuaba, chapéu-de-couro, capim-limão e erva-príncipe, sobretudo para os E.U.A. e Itália
(BRASIL 1991). Estima-se que o mercado brasileiro movimente um valor de pelo menos meio
bilhão de dólares com produtos à base de plantas (GONÇALVES 1997). Os E.U.A. importam
só do Brasil cerca de 200t/ano de folhas de maracujá (CERRI, 1991). Em contrapartida, o
Brasil tem importado mais de 1.500t/ano de folhas secas de sálvia, arnica, ginkgo, babosa,
arruda, erva-doce, alcaçúz, artemísia, sabugueiro, alfazema, estragão e até cabelo de milho
(estigmas), que são usados como diuréticos. Entre as mais importadas destacam-se a camomila
(50t/ano) e o alecrim (40t/ano) (BRASIL 1991). Devido à exígua e/ou irregular oferta nacional
e/ou à má qualidade dos produtos eventualmente colhidos, alguns laboratórios que operam no
Brasil chegam a importar cerca de 90 espécies de plantas medicinais do exterior para à
produção de cosméticos e medicamentos.

QUALIDADE É IMPERATIVA

A busca de qualidade é condição "sine qua non" para o êxito técnico e mercadológico na
área de plantas medicinais. Os países desenvolvidos utilizam cultivares ou híbridos uniformes e
vigorosos, com tecnologias e equipamentos de cultivo e pós-colheita criados ou adaptados
especificamente para cada espécie medicinal ou aromática.
O guaco (Mikania glomerata) e a artemísia (Artemisia annua) foram submetidos ao
melhoramento genético visando à obtenção de genótipos com maior teor de cumarina e
artemisina, obtendo-se incrementos da ordem de 0,1 para 0,5% e 0,1 para 1%, respectivamente.
Para se evitar eventuais segregações e perda de qualidade genética original, as cultivares de
plantas medicinais e aromáticas são obtidas a partir de linhagens estéreis e por técnicas de
clonagem.
No Brasil, a situação é incipiente e preocupante. As sementes comercializadas são de
péssima qualidade genética e desuniformes. A flor de calêndula, cujo melhor padrão de
qualidade são as de lígulas fortemente alaranjadas e uniformes, apresentam-se em tonalidades
pouco atrativas que variam de albinas a amarelas.
A variação de concentração dos princípios ativos, a má qualidade dos produtos
colhidos e o seu inadequado acondicionamento, muitas vezes em locais impróprios, são os
principais obstáculos à exportação de espécies brasileiras para exterior.

ESPINHOS E ABROLHOS
A rigor, um dos entraves precípuos para o desenvolvimento da área de fitoterapia é,
sem dúvida, a desenfreada plurinomenclatura popular das espécies. É comum uma mesma
espécie apresentar diferentes designações, bem como algumas espécies, até mesmo de famílias
distintas, receberem a mesma nominaçäo.
A família das Labiadas, composta de várias espécies fitoterápicas, é um dos
casos mais comuns em que várias espécies diferentes recebem a generalização de hortelã
ou menta. No entanto algumas destas espécies não são medicinais ou, quando muito,
apresentam uma baixa concentração do princípio ativo.
O mesmo ocorre com o quebra-pedra, designativo de pelo menos três espécies, sendo
que uma delas (Euphorbia serpens) é tóxica. Um das confusões mais preclaras acontece com a
erva-cidreira, nome popular atribuído a Lippia alba (Verbenacea) e Cymbopogon citratus
(Gramínia), que além dos contrastes botânicos e bioquímicos, apresentam cotações
diferenciadas a nível de mercado, dando margem à eventuais fraudes.

O boldo, uma das espécies mais utilizadas em fitoterapia, passou a ser o nome genérico
de pelo menos cinco espécies de famílias distintas: Coleus barbatus (boldo-do-reino), Coleus
grandis (boldão), Tithonia diversifolia (boldo-baiano), Coleus amboinicus (boldo-cidreira),
Vernonia condensata (fel-de-índio) e Peumus boldus (boldo-do-chile), sendo que este último,
pela dificuldade de adaptação no Brasil, apresenta uma cotação pecuniária diferenciada das
demais.
A inexistência ou incipiência de informações sobre a caracterização cabal de espécies
fitoterápicas, tem incorrido também em coletas equivocadas de materiais nativos ou
subespontâneos. Neste mister, são proverbiais os equívocos entre a espinheira-santa e
algumas espécies da família Euphorbiaceae, entre as diferentes espécies de babosa, artemísia,
carqueja, malva e tachassem.

EXTRATIVISMO
A transformação das plantas, cujo valor terapêutico foi confirmado pelas pesquisas
farmacológicas, em medicamentos para a população, esbarra na dificuldade de obtenção da
matéria-prima na quantidade e qualidade necessária ao processamento. O extrativismo de
plantas medicinais tem sido uma prática abusiva e indiscriminada, principalmente em países
com flora luxuriante.
Além da dificuldade de obtenção de algumas espécies, de difícil localização e muitas
vezes originárias de locais de difícil acesso e muito distantes, o extrativismo peca pela
efêmera sazonalidade de espécies anuais, pela contaminação das plantas espontâneas e sub-
espontâneas com metais pesados, poeira, herbicidas e excrementos.
A busca infrene por panacéias consagradas pela ciência moderna aliada à notícias
bombásticas podem resultar num extrativismo desmedido de certas espécies da flora, sob pena
de extinção local e regional e aviltamento de preços praticados ao nível de mercado. O
extrativismo infrene e sem critérios, a poluição ambiental, o uso indiscriminado de
agroquímicos, o urbanismo, as queimadas e o cultivo extensivo têm sido as principais causas
que tem afetado a biodiversidade, resultando com isso em redução drástica ou até extinção
de espécies de valor fitoterápico.
Algumas espécies nativas estão sofrendoerosão genética acelerada, principalmente pela
perda de variabilidade, conseqüência direta do alto volume de extração em seus ambientes
naturais (ORELLANA et al. 1994). No Estado de São Paulo são extraídas inúmeras espécies
de plantas medicinais, perfazendo um total de 800-900t/mês. No Paraná são nada menos de
30t/mês de fáfia que são retiradas fortuitamente na calada da noite ao longo das barrancas do
rio Paraná.
Muitas espécies estão extintas, outras estão em vias de extinção como a Gingo
(Ginkgo biloba), salsaparrilha (Smilax spp), quina (Chinchona spp), ipeca (Psychotria
ipecacuanha), jaborandi (Pilocarpus microphyllus), entre outras (OCAMPO 1994). A maioria
das plantas é desconhecida e um limitado número delas apresenta comprovação científica
de suas propriedades habilitando-se à agro-industrializaçäo ou ao uso in natura (CERRI
1991).
Além disso, a coleta de ervas nativas da flora pode resultar na obtenção de produtos de
distintas composições bioquímicas, dada às diferentes situações edafoclimáticas
(SCHEFFER 1991). Na América Central, os indígenas Bribis selecionaram uma variedade
de Lippia alba que possui aroma mais pronunciado que todas as demais variedades da
região (OCAMPO 1994). As variedades sul-americanas de quina - árvore donde de extrai o
quinino - apresentam o mais alto conteúdo deste princípio ativo entre todas as demais
variedades do planeta (OCAMPO 1994).
Entre as espécies mais procuradas na flora destacam-se a salsaparrilha (Smilax sp),
a ipeca (Psychotria ipecacuanha), a quina (Chinchona sp), a espinheira-santa (Maytenus
ilicifolia),

a embaúba (Cecropia glaziovise), o barbatimäo (Stryphonodendron barbadetiman), a


caapeba (Pothomorphe umeballata), o fel-de-índio (Vernonia condensata), a carqueja
(Baccharis trimera), a erva-baleeira (Cordia verbenacea), o jaborandi (Pilocarpus
microphyllus), a pata-de-vaca (Bauhinia forficata), o pacová (Renealmia exalata), o
chapéu-de-couro (Echinodorusgrandiflorus), a fáfia (Pffafia glomerata), entre outras,
ameaçadas por um conjunto de ações antrópicas (Tabelas 1 e 2). Grande parte destas espécies
ainda podem ser encontradas crescendo espontaneamente em matas tropicais úmidas do
neotrópico.

MIL E UMA PROPRIEDADES


Muitas das espécies com possíveis propriedades fitoterápicas, tanto as nativas no
Brasil, como as exóticas, aliam ainda propriedades peculiares que as habilitam a categoria de
matéria-prima industrial para a fabricação de aromatizantes, flavorizantes, condimentos,
corantes, edulcorantes, conservantes, anti-oxidantes e vitaminas (Tabela 3).
É ostensiva a procura por aditivos alimentares, medicamentos e cosméticos de
origem natural nos últimos anos, conseqüência, principalmente dos efeitos colaterais, alguns
até desconhecidos, causados por princípios ativos sintéticos. Muitas destas espécies
contém princípios bioquímicos, como o fenol, a cucurbitacina, os terpenóides, entre
tantos outros, em quantidades apreciáveis o suficiente para prevenir a infecção de doenças e
repelir ou atrair insetos. O extrato vegetal de algumas destas plantas pode ser usado como
inseticida, insetífugo, tônico vegetal e/ou nematicida, com baixa toxicidade ao homem, aos
animais e aos organismos inimigos naturais das pragas domésticas e da agricultura.
A citronela (Cymbopogon nardus) produz um óleo essencial que repele insetos. A
Ryania speciosa contém a ryanodina, princípio ativo vegetal com reconhecida ação
inseticida, da mesma forma que algumas espécies do gênero Chrysanthemum, que encerram o
piretro - inseticida natural de eficiência comprovada (OCAMPO et al. 1994).
O piretro, também conhecido como pó da Pérsia, é 30 vezes mais tóxico que o
arseniato de chumbo, porém é inócuo ao homem, sendo até utilizado como desinfestante
intestinal para animais (CAMINHA FILHO 1940). Um sinergismo positivo é observado
quando o piretro é associado à sesamina, componente bioquímico existente no gergelim
(Sesamum indicum).
Algumas leguminosas, dos gêneros Derris (timbó), Ponyamia, Mundulea,
Lonchocarpus, Miletia e Tephrosia, bem como algumas espécies da família das sapindáceas,
euforbiáceas e simarubáceas, encerram o alcalóide conhecido como rotenona, que tem ação
tóxica estomacal, traqueal e de contato aos insetos. Níveis de rotenona de 0,000001%, na
água, são considerados tóxicos aos peixes. Entre as 20 espécies de timbó conhecidas na
América, a espécie autóctone brasileira (Lonchocarpus nicoi) é a que apresenta o maior teor
de rotenona (15 a 17%), cuja extraçäo é feita com o tetracloreto de carbono (CAMINHA
FILHO 1940).
Outras espécies como o tabaco, a arruda, a samambaia, a urtiga, o cravo-de-defunto, a
cabaça, a losna, a alamanda, o cinamomo, a pimenta, a alfavaca, a hortelä, o alecrim, a
catinga-de-mulata, o tomilho e a borragem säo relatadas como tendo açäo inseticida e/ou
insetífuga. A procura por estas plantas tem crescido ultimamente, principalmente devido ao
uso indiscriminado de agrotóxicos que têm resultado em contaminaçäo ambiental,
ressurgência e resistência de pragas, intoxicaçäo humana, sem falar no alto custo dos
agrotóxicos (CENARGEM INFORMA 1992).
Há indicaçöes do uso da manjerona para acentuar o aroma das plantas em cultivo, da
mil-folhas em acentuar o teor de óleos essenciais, da arnica brasileira em inibir a germinaçäo
de plantas daninhas e da camomila e raiz forte em controlar alguns fungos fitopatogênicos
(CORREA JÚNIOR et al. 1991b).
Tabela 1. As dez plantas medicinais mais comercializadas no Brasil.

NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO INDICAÇÕES


Quina Chinchona calisaya Malária
Boldo-do-chile Peumus boldus Fígado, estômago e intestino
Catuaba Erythroxylon catuaba Impotência e sistema nervoso
Carqueja Baccharis genistelloides Tônica e anti-reumática
Alcaçuz-da-terra Periandra dulcis Expectorante e calmante
Buchinha-do-norte Luffa operculata Sinusite. É abortiva
Abacate - folha Persea americana Diurético e afecções urinárias
Fucus Fucus vesiculosus Obesidade
Cáscara-sagrada Rhamnus purshiana Purgante e hepática
Sene Cassia angustifolia Laxativa

Tabela 2. As dez plantas medicinais mais comercializadas na


Terra.

NOME POPULAR FORNECEDORES INDICAÇÕES


Ginkgo China e Coréia Circulação e radicais livres
Ginseng China, Coréia e Japão Regulador da pressão
Maria-sem-vergonha Tailândia, Vietnã e Índia Câncer
Jaborandi Brasil Glaucoma e alopécia
Sene Sudão, Egito e Tailândia Laxativo
Ipeca Brasil e América Central Amebíase
Ipê-roxo Brasi Câncer
Quina Brasil e América Central Malária
Cáscara sagrada Europa Purgante e hepática
Catuaba Brasil Impotência e sistema
nervoso
Tabela 3. Utilização alternativa de algumas espécies de plantas medicinais.

PROPRIEDADES E S P É C I E S
Adaptógena Fáfia, Guaraná, Ginseng, Clorela, Ginkgo

Afrodisíaca Yombine, Catuaba, Muirapuama, Erva-da-perdição,


semente de Urucum

Alimentar Ora-pro-nobis, Bardana, Yacon, Jacatupé, Alcachofra,


Lírio-do-brejo, Capuchinha

Aromatizante Malva-cheirosa, Patchuli, Vetiver, Alfazema

Flavorizante Cúrcumas, Gengibre, Coentro, Canela

Edulcorante Estévia, Árvore-do-maná

Condimentar Estragão, Tomilho, Alfavacas, Baliera

Corante Cúrcumas, Urucum, Carajurú, Estrela-do-norte

Alvejante Alface-d’água, Camomila, Rubim, Melão-de-são-caetano

Fito-estimulante Camomila, Manjerona, Cavalinha

Inseticida Timbó, Tabaco, Arruda, Urtiga, Losna

Insetífuga Borragem, Alecrim, Citronela, Anileira

Atrativa Tajujá, Cabaceira, Beldroega-européia, Lambari

Fito-herbicida Arnica-brasileira, Feijão-de-porco

Nematicida Cravo-de-defunto

Forrageira Chapéu-de-couro, Jacatupé, Lágrima-de-nossa-senhora

Cerca-viva Ora-pro-nobis,

Fel-de-índio, Figo-da-índia, 2-amores

Outras Cavalinha (lixa e esfoliante dérmico), Sumaré (cola),


Alfavacas (anti-fúngica), Vetiver e Sapé (artesanato),
Embaúba (carvão); Erva-de-bicho (refino do açúcar)
METABÓLITOS SECUNDÁRIOS E O AMBIENTE

Os princípios ativos existentes nas plantas, sejam êles terapêuticos, tóxicos ou


genotóxicos, podem estar espalhados por toda planta, ou ainda concentrarem-se em algum
órgäo dela. Uma planta pode ter centenas a milhares de substâncias, a maioria desconhecida,
que podem agir em sinergismo ou antagonismo.
Os alcalóides, que säo substâncias de proteçäo, reserva e de crescimento das plantas,
localizam-se preferencialmente na casca do caule e nas raízes, enquanto os óleos essenciais
acumulam-se notadamente nas folhas e flores.
Fatores ambientais como a fertilidade e umidade do solo, pH, temperatura, altitude e
estaçöes climáticas, afetam decisivamente a expressäo de determinados princípios ativos.
Deste modo, o alecrim, em solo muito argiloso e rico em matéria orgânica, näo produz tanto
óleo essencial quanto a mesma planta cultivada em solo arenoso (CORREA JÚNIOR et al.
1991).
A alfazema näo floresce em Santa Catarina, inviabilizando a colheita das sumidades
florais, as quais encerram o maior teor de princípios ativos. A Ginkgo biloba, a planta
medicinal mais comercializada em todo mundo, não produz flavonóides em níveis aceitáveis,
no Estado de Santa Catarina.
DOMESTICAÇÃO E CULTIVO
A domesticaçäo de espécies silvestres é um compromisso com a preservação da
biodiversidade regional, com a saúde do ser humano e com a estabilidade do produtor rural no
campo (OCAMPO 1994). Não obstante, para algumas espécies em extinção ou ameaçadas por
agressões ambientais, há necessidade da implantação de um manejo auto-sustentável para
sobreviverem às condições de domesticaçäo (OCAMPO et. al. 1994).
O controle de qualidade e quantidade dos princípios ativos, bem como a proteçäo das
espécies que os encerram, poderá ser viabilizada através de técnicas de cultivo sistemático em
áreas agricultáveis, como já ocorre com o jaborandi, no Nordeste brasileiro. Esta espécie é rica
em pilocarpina - um alcalóide imidazólico que está sendo industrializado e exportado pelo
Brasil para o tratamento de glaucomas e como tônico capilar (OCAMPO 1994).
O resgate de espécies e de informações sobre as mesmas deve ser perpetrado através da
implantação de bancos de germoplasma e hortos medicinais que contemplem estudos
fenológicos, fitotécnicos e fitoquímicos das plantas, visando observar formas de propagaçäo
das espécies, manejo cultural, composiçäo bioquímica, sua variabilidade genética e a devida
preservaçäo.
A produçäo sistemática de plantas medicinais reduz ou elimina os riscos de agressäo
ao meio ambiente, contribui com a saúde e a economia do consumidor e constitui-se uma
alternativa rentável aqueles produtores que optarem por esta atividade. Por ser uma
atividade de alta densidade econômica, o cultivo de plantas medicinais e aromáticas adequa-
se a estrutura fundiária do Estado de Santa Catarina, formada, essencialmente, à base de
pequenos e micro-produtores. Alie-se a isso o grande consumo destas ervas nas áreas rurais do
Estado e a crescente procura dos produtos da flora medicinal nos grandes centros urbanos
(BARROS et al. 1993), seja na forma in natura ou processada por laboratórios e indústrias de
cosméticos, refrigerantes e alimentos.
Na regiäo metropolitana de Curitiba, o consumo de plantas medicinais abrange cerca
de 70% da populaçäo, que consome aproximadamente 60 espécies, entre cultivadas e
espontâneas. No município de Mandirituba, próximo à Curitiba, 90 produtores
dedicam-se à produçäo de
camomila, perfazendo uma área de 200ha de cultivo, a maior do país. O Paraná destaca-se
também como o maior coletor de carqueja e espinheira-santa do Brasil (CORREA JUNIOR et
al. 1991).
MULTIPLICAÇÃO DAS ESPÉCIES
Näo obstante, um dos grandes entraves à produçäo sistemática de plantas medicinais,
aromáticas e fitoprotetoras é a dificuldade de obtençäo de sementes viáveis, em espécies
muito exigentes em baixas temperaturas durante o estádio reprodutivo, como a alfazema, o
alecrim, o estragão, a babosa, a cânfora, o confrei, o sabugueiro, o poejo, a losna, entre
outras.
Embora grande parte delas possam ser reproduzidas vegetativamente, algumas
são recalcitrantes, como o louro, a espinheira-santa e o cidrão, cujo enraizamento de estacas é
muito difícil em condições normais.
Algumas espécies, embora produzam sementes, apresentam dormência
genética e fisiológica que dificultam sobremaneira sua propagaçäo. Neste grupo incluem-
se as espécies arbustivas e arbóreas, amiúde coletadas na mata atlântica na forma de mudas,
rebentos e estacas (EIRA et al 1993).
Com o advento da biotecnologia, tem-se logrado superar dificuldades na
obtençäo de plantas de difícil acesso, muito sensíveis ao estresse biótico (pragas e doenças) ou
em vias de extinçäo. As espécies com dificuldade de propagarem-se tanto sexuada ou
assexuadamente, tem sido micropropagadas através de ápices caulinares, gemas laterais,
microestacas e/ou meristemas, visando a regeneraçäo de plântulas in vitro, conforme atestam
vários trabalhos (CHANG & SHEPHERD 1993; IKUTA & BARROS 1993; MARQUES &
FORTES 1993a e b MARQUES et al 1993).

LITERATURA CITADA

BARROS, I.B.I. de; IKUTA, A.R.Y.; ALVAREZ PARDO, V. Multiplicidade de usos e


potencial agrícola da marcela (Achyrocline satureoides (Lam.) D.C. Compositae). In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 33., 1993, Brasília, DF. Resumos.
Curitiba, PR: SOB, 1993. n.p. ref.18.
BRASIL importa o que poderia produzir. Folha do Meio Ambiente, nov. 1991. p.9.
CAMINHA FILHO, A. Timbós e rotenonas - uma riqueza nacional inexplorada. Rio de
Janeiro, Serviço de Informaçäo Agrícola - MA, 1940. 14p.

CENARGEN INFORMA. A natureza é uma grande farmácia. Brasília: EMBRAPA,


junho/92. p.16.

CEPAL. Centroamérica: fomento de la producción de plantas medicinales y su


industrialización. Turrialba: Centro Agronómico Tropical de Investigación e Ensenanaza,
1993. 128p. (mimeografado).
CERRI, C. Farmácia da terra. Globo Rural, v.4, p.42-50, 1991.
CHANG, C.I.P.H.; SCHEPHERD, S.L.K. Micropropagaçäo de Digitalis lanata-Ehrh através
de ápices caulinares. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 33,
1993, Brasília, DF. Resumos. Curitiba, PR: SOB, 1993. n.p. ref.56.
CORREA JÚNIOR, C.; MING, L.C.; SCHEFFER, M.C. A importância do cultivo de plantas
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CORREA JÚNIOR, C.; MING, L.C.; SCHEFFER, M.C. Cultivo de plantas medicinais
EIRA, M.T.S.; DIAS, T.A.B.;MELLO, C.M.C. Conservaçäo de sementes de espinheira-
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1992.
IDENTIFICAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS

Fátima Chechetto
Enga Agrônoma - Professora
Universidade do Sul de Santa Catarina, Santa Rosa do Sul

Para trabalhar com plantas medicinais ou usá-las é necessário conhecê-las corretamente.


A identificação botânica é, nesse caso, muito importante pois evita problemas como
intoxicações e uso de plantas que não tenham efeito sobre a doença que se pretende combater.
A identificação deve ser feita por pessoas que tenham amplo conhecimento do assunto,
de preferência botânicos que através de características que diferenciam as espécies vegetais,
obtenham o nome correto da planta. As pessoas que se especializam em identificação de seres
vivos são chamados taxonomistas, e na medida do possível devem ser consultados para a
identificação de plantas.
As características mais importantes do ponto de vista taxonômico na definição de uma
espécie, concentram-se na flor, pois, esta é a parte da planta menos variável com as condições
do ambiente.
Ao encaminhar plantas para identificação, portanto, coleta-se ramos completos da
planta (caule, folhas, flores, frutos) e se preenche uma ficha com informações sobre a
procedência do material. Se não for possível levar os ramos frescos, secar entre folhas de
jornal, colocando algum objeto pesado (livros, pilhas de jornal) e trocar diariamente o jornal
para evitar a proliferação de fungos. Apenas colocar material fresco em sacos plásticos se
encaminhado no mesmo dia ou no máximo no dia seguinte, evitando sua deterioração.
Antes de utilizar uma planta verificar qual a parte que é recomendada para o uso com
fins terapêuticos. Conforme a planta, os princípios ativos podem se concentrar apenas nas
raízes ou apenas nas folhas. A dosagem também é muito importante. Algumas plantas são
medicinais em pequenas doses, mas extremamente tóxicas em doses elevadas.

SISTEMÁTICA DE PLANTAS MEDICINAIS


1. Definição
Sistemática ou taxonomia é a ciência que estabelece as relações de afinidades entre os
seres vivos de forma a organizá-los em grupos, para facilitar seu estudo. A sistemática entre
outras coisas, trabalha com a classificação, identificação e nomenclatura.
A classificação é a colocação de um ser vivo em categorias previamente estabelecidas
por um botânico: só é feita quando um vegetal é desconhecido pela ciência.
A identificação é a determinação de que um vegetal é idêntico a outro já conhecido e,
portanto, descrito pela ciência. É quando se coleta uma determinada planta e através de chaves
analíticas, livros especializados ou coleções de herbários, verifica-se qual é o seu nome
científico ou a que família este vegetal pertence.
A nomenclatura é a ciência que dá nomes as unidades de classificação mediante regras,
normas e recomendações estabelecidas pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica.

2. Sistemas de Classificação
Desde a antigüidade clássica o homem vem procurando agrupar as plantas através de
sistemas de classificação, de forma a facilitar seu estudo.
Em 370 a .C. Teophrastus criou um sistema baseado no hábito das plantas (árvore,
arbusto, subarbusto, erva, etc.). Os chineses, também, em épocas remotas (3.000 a . C.) já
procuravam

agrupar as espécies vegetais de acordo com a sua utilização. Posteriormente, foram criados
diversos sistemas baseados em caracteres morfológicos de folhas e flores.
Com avanço científico e as novas teorias de evolução os sistemas de
classificação passaram a ser mais rigorosos em seus critérios. Tais sistemas são atualmente
utilizados e denominam-se filogenéticos.

3. Sistema de Cronquist e Engler


A identificação de uma espécie vegetal pode ser feita mediante diversos sistemas de
classificação ou mesmo, de diversos autores diferentes, porém, os sistemas mais utilizados no
Brasil são os de Engler (1892) e Cronquist (1965), descritos atualmente nas obras de JOLY
(1981) e BARROSO (1986), respectivamente.
Engler apresenta um sistema que valoriza bastante os caracteres morfológicos e, devido
a época em que foi proposto, foi amplamente utilizado por profissionais e botânicos do mundo
inteiro. A maioria das obras sobre plantas medicinais e aromáticas, bem como as Coleções de
Herbários, seguem ainda esse sistema.
Cronquist oferece um sistema mais atualizado, abordando critérios relativos a
morfologia, filogenia, composição química, anatomia interna, entre outros. Por ser muito
recente, existe pouca bibliografia em português sobre esse sistema e as Coleções de Herbários
(a nível global), ainda não foram reorganizadas conforme os novos conhecimentos.
A terminologia adotada por Engler foi amplamente divulgada e por isso, fortemente
utilizada por cientistas, acadêmicos e população em geral, inviabilizando a adoção de apenas
um sistema (como proposto por Cronquist). A familiaridade dos nomes científicos são
discutidas por Cronquist e, conforme os novos estudos propõe as seguintes modificações,
também, para concordar com as novas regras de nomenclatura botânica:
Magnoliophyta, no lugar de Angiospermae, Magnoliopsida (Dicotyledoneae), Liliopsida
(Monocotyledoneae), Caesalpiniaceae (Leguminosae), Mimosaceae (Leguminosae), Fabaceae
(Leguminosae), Brassicaceae (Cruciferae), Asteraceae (Compositae), Lamiaceae (Labiateae),
Apiaceae (Umbelliferae), Poaceae (Gramineae), entre diversas outras modificações.

4. Unidades de classificação
A classificação de uma espécie vegetal é feita através de um sistema que é formado por
unidades denominadas de táxon, Tais unidades são escritas em latim e seguem princípios,
regras e recomendações apresentadas no Código Internacional de Nomenclatura Botânica.
As unidades de um sistema de classificação estão divididas em unidades fundamentais e
sub-unidades. As fundamentais estarão presentes para a classificação de qualquer indivíduo, já
as subunidades estarão presentes apenas em certos casos, quando um táxon fundamental for
demasiadamente grande.
As unidades fundamentais e subunidades são:
Reino: Regnum Vegetabilis
Divisão: Radical + terminação phyta
Subdivisão: Radical + terminação phytina
Classe: Radical + terminação opsida
Subclasse: Radical + terminação iidae
Ordem: Radical + terminação ales
Subordem: Radical + terminação inales
Superfamília: Radical + terminação ineales
Família: Radical + terminação aceae
Subfamília: Radical + terminação oideae

Tribo: Radical + terminação eae


Subtribo: Radical + terminação inae
Gênero: substantivo latinizado com inicial maíuscula, sem terminação definitiva
Espécie: gênero (substantivo) + epíteto específico (adjetivo)

5. Divisões do Reino Vegetal


O Reino Vegetal pode ser dividido em dois grandes grupos segundo a forma de
reprodução das espécies: plantas inferiores - sem flores e plantas superiores - com flores. Em
ambos os grupos são encontradas espécies medicinais.
As plantas com flores estão colocadas em duas categorias distintas de acordo,
principalmente, com a presença ou ausência de um ovário envolvendo os óvulos, e
conseqüentemente formando um fruto.
Segundo os dois autores, estes grupos comporiam as divisões Pinophyta
(Gymnospermae), esta com 4 classes e Magnoliophyta (Angiospermae), que por sua vez é
constituida de 2 classes: Magnoliopsida (Dicotyledoneae) e Liliopsida (Monocotyledoneae).
Segundo Cronquist a classe Magnoliopsida está subdividida em 6 subclasses:
Magnoliidae, Hamamelidae, Caryophylidae, Dilenidae, Rosidae e Asteridae. Segundo o mesmo
autor, Liliopsida está subdividida em 5 subclasses: Alismatidae, Arecidae, Commelinidae,
Zingiberidae e Liliidae. No sistema de Engler a classe Monocotyledoneae não apresentava
divisões a nível de subclasses.

NOMES POPULARES X NOMES ESPECÍFICOS


O papel fundamental da Botânica, como ciência básica, é estabelecer a identidade
botânica, isto é, a classificação e a morfologia da planta medicinal a ser estudada.
Existe uma série de problemas quanto a denominação botânica e a popular, em se
tratando de plantas medicinais. A indicação de uma receita onde não é fornecido o nome
científico da(s) espécie(s) envolvida(s), pode ocasionar problemas, pois, para um mesmo nome
popular podem estar nominadas diversas plantas de espécies diferentes.
Certas espécies podem apresentar um nome popular consagrado pelo qual é mais
conhecida, como no caso da arruda (Ruta graveolens L.) e o emprego apenas dela em uma
receita não causa dúvidas. Em outros casos, apenas o nome popular não é o suficiente, pois
designa outra espécie e outro medicamento. Tais confusões na nomenclatura se devem a
diversas causas:
 variações lingüísticas - dependendo da região do Brasil algumas espécies
possuem nomes populares diferentes. Por exemplo: a Chenopodium ambrosioides L. da
família Chenopodiaceae é conhecida em Santa Catarina como erva-de-santa-maria, enquanto
que na Região Nordeste, a mesma planta é chamada mastruço.
 traduções inadequadas - outro problema é quando são feitas traduções de obras
européias tentando se adeqüar as espécies de lá com as espécies daqui, e muitas vezes nomes
populares europeus (portugueses) não equivalem as espécies brasileiras que apresentam os
mesmos nomes populares. Exemplos: a arnica conhecida em Portugal, pertence a espécie
Arnica montana L., já a arnica (também conhecida como arnica-do-mato e couvinha)
amplamente utilizada na Fitoterapia Brasileira pertence a espécie Porophyllum ruderale (Jacq.)
Cass., ambas pertencentes a família Asteraceae (Compositae); a groselheira européia pertence à
espécies Ribes nigrum L. da família
Saxifragaceae, porém, a nossa groselheira (ou vinagreira ou rosela) pertence a espécie Hibiscus
sabdariffa L., da família Malvaceae.
 nomes compostos - certos nomes muitas vezes são criados de forma a se
comparar uma “nova” planta, ou seja, uma espécie recentemente descoberta ou utilizada com
outras já consagradas, de forma que são criados nomes compostos dos quais participam o nome
de outra espécie já conhecida - posteriormente, por qualquer razão, parte desse novo nome
popular é perdido através do

tempo e no final, tem-se espécies completamente diferentes associadas com o mesmo nome
popular. Por exemplo, foi descoberta uma espécie do gênero Saintpaulia (família
Gesneriaceae) e notaram-se semelhanças visuais com a violeta (Viola odorata L. - família
Violaceae), prontamente a espécie recém descoberta foi popularmente designada de violeta-
africana, e com o passar do tempo, o adjetivo “africana” foi abandonado de forma que a violeta
passou a designar duas espécies diferentes. Uma vez que a primeira tem um interesse
ornamental muito grande, atualmente vemos o nome violeta empregado a espécies de
Saintpaullia, já a violeta (a verdadeira, a medicinal), praticamente foi renegada a segundo
plano. Os nomes boldo-do-jardim (Coleus barbatus Bentham, atualmente Plectrathus
barbatus Audr.) e boldo-de-baiano (Vernonia condensata Baker) foram criados devido à
semelhança dos efeitos fitoterapêuticos dessas espécies com os efeitos da espécie Peumus
boldus Molina, atualmente Boldea boldus (Mol.) Looser, o boldo-do-chile (todas atuam no
aparelho digestivo), posteriormente os nomes populares das primeiras espécies, por redução
passaram a ser boldo, e a confusão se estabeleceu.
 efeitos terapêuticos semelhantes - plantas que possuem propriedades
terapêuticas semelhantes, ainda que pertencentes a famílias botânicas diferentes, podem receber
a mesma terminologia popular. Por exemplo, a erva-cidreira pode designar a espécie
Cymbopogon citratus (Poaceaa - Gramineae), Melissa officinalis (Lamiaceae - Labiatae) ou
Lippia alba (Verbenaceae); a primeira espécie é conhecida também por capim-santo e capim-
cidreira; a segunda é a erva-cidreira (verdadeira); já a terceira é também denominada de falsa-
melissa, cidrão ou cidreira-brasileira.
 espécies afins - um mesmo nome popular pode ser empregado para diversas
espécies afins, de um mesmo gênero, ou seja, espécies diferentes que tem um parentesco
botânico bastante estreito podem receber a mesma terminologia vulgar. Por exemplo, um
grande número de espécies do gênero Aristolochia são conhecidas em Fitoterapia e em
“medicina popular”, como cassaú ou mil-homens; deste modo restam as dúvidas - todas as
espécies podem ser empregadas ? todas atuam da mesma forma? etc. É muito comum
verificarmos em rótulos de fitoterápicos e de cosméticos à base de produtos naturais, a presença
de Passiflora (maracujá) em sua composição, ora, dentro deste gênero inúmeras espécies são
encontradas na nossa flora e denominadas de maracujá, faltou portanto a especificação de qual
espécie faz parte do composto.
 utilizações indevidas - o nome comum e a semelhança entre espécies diferentes
podem levar a erros no emprego medicinal das plantas. Por exemplo, as espécies Maytenus
ilicifolia Mart. ex Reiss. (fam. Celastraceae), Zollernia ilicifolia Vogel (fam. Leguminosae) e
Sorocea bonplandii (Baill.) Burg., Lang. & Boer., são conhecidas popularmente por
espinheira-santa, contudo, a única com estudos e comprovada cientificamente como medicinal
é a Maytenus ilicifolia.
 concluindo podemos afirmar que a utilização de plantas medicinais e mesmo de
pesquisas aplicadas relacionadas a elas ficam extremamente comprometidas, se não houver
uma identificação adequada servindo de suporte.
Muitas vezes a identificação não é feita por qualquer botânico, tal a complexidade
taxonômica do grupo a ser estudado e neste caso, recorre-se à ajuda de um especialista naquele
grupo.
Temos visto com bastante freqüência alguns leigos tentando fazer identificação de
plantas do gênero Mentha, e isso nos causa verdadeiro espanto pois as muitas espécies deste
gênero apresentam diversas variedades que se hibridizam (cruzam) entre sí.
Além disso, os botânicos estão continuamente estudando as espécies vegetais e muitas
vezes existem nomes que estão sendo empregados, porém, são ultrapassados, isto é, são
considerados sinônimos de outros. Desta forma, se você pretende aprofundar seus
conhecimentos em plantas medicinais e aromáticas não deixe de recorrer à bibliografia
especializada e atualizada, ou consultar um especialista no assunto.
FITOTERAPIA

Lenir Pirola
Extensionista Social, EPAGRI, Tubarão.

Maique W. Biavatti
Farmacêutica, M.Sc.
Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí

INTRODUÇÃO
"As plantas medicinais foram semeadas neste planeta como um presente do
Supremo Jardineiro, para minorar o sofrimento de seus pobres habitantes”.
Dr. Márcio Bontempo.
“Não escrevo para mentes sábias, mas para pessoas práticas“ Dieffenback.
Com estes dois pensamentos queremos dar abertura a nossa apostila de
fitoterapia uma terapia barata, que está ao nosso alcance e que através do
conhecimento prático poderemos minimizar e curar dores e doenças. A natureza
produz isto de graça e coloca ao nosso alcance, basta que saibamos selecionar o que
precisamos para nossos tratamentos.

CONCEITO
Fitoterapia - é o tratamento ou terapia de doenças com plantas.
O primeiro passo para podermos usar a fitoterapia é sabermos reconhecer na
natureza as espécies de plantas que temos. Depois de reconhecidas as mesmas
sabemos para que tipo de doença podemos usá-las.

COMO USAR AS PLANTAS


(técnicas de preparo)

1) Infusão
A infusão são soluções extrativas obtidas da adição de água previamente
aquecida sobre o vegetal. Coloca-se água fervente sobre a planta mantendo-a em
frasco fechado por 10 a 15 minutos.
Este é o processo mais recomendado na preparação dos chás.

2 ) Decocção
É uma forma de extrair o princípio ativo de uma planta através do cozimento.
Ferve-se durante 2 minutos folhas e flores, 7 minutos para raízes e caules e 10
minutos para a planta toda. Após isto manter tampado por 10 minutos. Deve-se cuidar
quanto à presença de substâncias termolábeis (que se alteram pelo calor, caso em
que seria melhor utilizar a infusão).
A decocção é muito utilizada para preparar o chá de folhas coriáceas
(semelhante a couro - duras ), cascas e raízes. Utiliza-se normalmente 10 partes da
planta para 150 partes de água. Toma-se 3 a 5 xícaras ao dia. É preferível tomá-lo
quente. Toma-se o mesmo chá 10 a 15 dias e depois troca-se por outra planta
semelhante.

3 ) Tinturas
São resultantes do tratamento de substâncias vegetais por dissolventes que
contenham álcool como: vinho, pinga e outras diversas graduações alcoólicas.
Utilizam-se vegetais secos, na proporção de 10 a 20%, triturados e imersos em
álcool a 70, 80 ou 85 graus GL. É contra-indicada para pessoas com gastrite.

Tabela 1. Quantidade média de partes da planta medicinal, verde ou seca, para ser
usada na preparação de chás ou tinturas de aguardente ou de álcool.

PARTE DA EM 1 EM 1 LITRO DE EM 1 LITRO DE


PLANTA LITRO DE AGUARDENTE ÁLCOOL
ÁGUA
Semente 5g 5g x 10g = 50 g 5g x 10 = 50 g
Raiz 8g 8g x 10g = 80 g 8g x 10 = 80 g
Flor 10 g 10g x 10g = 100 g 10g x 10 = 100 g
Casca 12 g 12g x 10g = 120 g 12g x 10 = 120 g
Madeira 15 g 15g x 10g = 150 g 15g x 10 = 150 g
Folha 20 g 20g x 10g = 200 g 20g x 10 = 200 g

4 ) Xarope
É a forma na qual se emprega 2/3 do peso da planta ou fruto em açúcar,
melado ou, preferencialmente, mel. Coloca-se para ferver ou no forno, não permitindo
o aumento da temperatura superior a 80ª C. Após solubilizado, filtra-se sobre gaze
conservando em frasco escuro. Contra-indicado para diabéticos.

5 ) Maceração
Amassar a erva e colocar em água :
 7 horas para folhas e flores
 12 horas para raízes e cascas
 24 horas para a planta toda

6 ) Loções
São líquidos aquosos, soluções coloidais, emulsões e suspensões, de acordo
com a solubilidade do fármaco destinado à aplicações sobre a pele.
Ex.: Prepara-se o chá e adiciona-se ¼ de álcool ( 3 xícaras de chá e 1 de álcool).

7 ) Cataplasmas
São formas constituídas por massa úmida e mole de materiais sólidos.
Compõem-se de pó, farinhas ou sementes diluídas em cozimento ou infusão de
plantas até adquirirem consistência de uma pasta. A planta medicinal pode ser
incorporada por trituração à pasta mole. Aplica-se quente, morna ou fria entre 2
tecidos, para reduzir a inflamação ou exercer ação revulsiva.

8 ) Compressas
São feitas com pedaços de pano limpo, algodão ou gaze embebidos em chá ou
sumo de plantas aplicadas quentes ou frias no local afetado. Renova-se
frequentemente. Uso externo.

9 ) Alcoolaturas
São preparações contendo planta fresca em álcool a 90º, submetida à
maceração por 10 dias em frasco fechado. Geralmente, a proporção entre o vegetal e
o álcool é de 1:1 a.1:2.

10) Sumo
Obtém-se o sumo triturando a planta fresca e extraindo da parte sólida o líquido
(seiva) que é liberado.

11) Inalação
Prepara-se colocando água fervente sobre as folhas previamente picadas em
um recipiente, com a finalidade de aproveitar a ação dos óleos voláteis contidos na
planta, inalando-se os vapores.

12) Elixires
São líquidos hidroalcoólicos, destinados ao uso oral, contendo geralmente
glicerina, sorbitol ou xarope simples.

13 ) Emplastros
São preparações que possuem grande força aderente destinadas a uso
externo. Podem ser empregados com substâncias medicamentosas entre as quais os
extratos, as tinturas, os infusos etc. e utilizar diretamente sobre a lesão.

14 ) Ungüento
Prepara-se com o sumo de erva ou chá mais forte misturado em óleo vegetal.
Aplicação externa.

15. Linimento

Prepara-se com o sumo da erva o chá mais forte, misturado em óleo vegetal.
Aplicação externa.

ESPÉCIES MEDICINAIS

1. Alecrim - Rosmarinus officinalis


Ações terapêuticas
Indicado para a debilidade cardíaca, males do fígado, rins e intestino,
menstruações irregulares e difíceis, estados nervosos e histéricos, tosse, asma,
gripes, coqueluche, febres e contusões. Em banhos alivia reumatismo e cura feridas.
É excitante, tônico do coração, anti-séptico e sudorífico.
Dose
5 a 10g de folhas por litro.

2. Alfavaca - Ocimum gratissimum


Ações terapêuticas
É diurética, estimulante e sudorífica. Ajuda o estômago e intestinos. Elimina a
areia dos rins. Banhos são indicados para pernas inchadas e reumatismos, e em
gargarejos e bochechos, para aftas.
É ótimo tempero para peixes, carnes, refogados e outros.

3. Alcachofra - Cynara scolymus


Ações terapêuticas
Tratamento de reumatismos, ácido úrico, distúrbios hepáticos e digestivos e
pressão alta.
É uma das plantas que mais contém manganês, essencial para manutenção do
sistema nervoso central. Na alcachofra encontra-se a lipase, enzima fabricada pelo
pâncreas, que estimula a vesícula a lançar mais bile no jejuno, onde se processa a
digestão e absorção dos alimentos, principalmente gorduras e proteínas.

4. Arruda - Ruta graveolens


Ações terapêuticas
Combate vermes. Indicada para paralisias, dor de cabeça, dor de dente
nevralgias e gases intestinais. É digestiva e calmante. Mata piolhos, lavando a cabeça
com chá forte. Lavar as feridas.

5. Arnica - Arnica montana


Ações terapêuticas
Indicada para traumatismos, golpes, ferimentos, machucaduras, nevralgias e,
em caso de derrame, reabsorve o sangue.
Forma de uso
Aplicar a infusão em álcool ou o chá, e tomar o chá ou 30 gotas da infusão
em água para adultos.

6. Assa-peixe - Vernonia polyanthes


Ações terapêuticas
Gripes; tosses rebeldes; bronquites; hemorróidas; em banhos, para afecções
do útero. Alivia pontadas, dores no peito e nas costas. O cozimento da raiz serve
para estancar sangue e desfazer golpes e machucaduras.

7. Babosa - Aloe vera


Ações terapêuticas
Laxativa; depurativa do sangue. Indicada para febres intestinais, doenças da
pele. Lavar e curar feridas. Macerada em álcool, ou em cozimento, é ótimo remédio
contra a caspa e calvície. Com mel ajuda a curar o câncer. Um dos melhores
remédios para estômago e fígado. Contra indicada para cálculos renais. Com mel
ajuda a curar o câncer.

8. Bardana - Arctium lappa


Ações terapêuticas
Provoca suor; diurética; aumenta a urina; ótima contra cálculos renais e
moléstias da pele; depurativa do sangue, fígado e rins; remédio anti-sifilítico. As folhas
ou o seu suco, untados com azeite, aplicam-se sobre feridas, reumatismos. Ajuda o
crescimento e evita a queda de cabelos.

9. Boldo-do-reino ou Boldo-brasileiro - Coleus barbatus


Ações terapêuticas
Principalmente problemas digestivos, fígado e vesícula.
Modo de usar
Amassar 4 folhas, colocar em 1 copo de água fria, tomar 2 a 3
vezes ao dia. Em infusão - 5 folhas para 1 litro de água.

10. Calêndula - Calendula officinalis


Ações terapêuticas
Excitante; expectorante; antiespasmódica; antiabortiva; anti-séptica;
cicatrizante; vasodilatadora; reguladora da menstruação; fortificante da pele e do
útero; antiinflamatória; ótimo remédio na idade crítica. O suco das folhas se aplica
sobre calos. Combate qualquer alergia.

11. Camomila - Matricaria chamomilla


Ações terapêuticas
Sedativa; antiinflamatória; antialérgica; analgésica; indigestão; gases; falta de
apetite. Age contra cólicas do estômago e do intestino. Estimula a menstrução.

12. Catinga-de-mulata - Tanacetum vulgare


Ações terapêuticas
Banhos para nevralgias e reumatismos; vermífuga. Afugenta insetos.

13. Carqueja-amarga - Baccharis trimera


Carqueja-doce - Baccharis articulata
Ações terapêuticas
Diurética; estimulante do fígado e digestiva. Feridas lavar com o chá.

14. Chapéu de couro - Echinodorus grandiflorus


Ações terapêuticas
Tratamento do ácido úrico, reumatismo, gota, afecções dos rins e da bexiga,
fígado, moléstias da pele e artrose. É purificante do sangue. O rizoma triturado usa-se
aplicado sobre hérnia.

15. Confrei - Symphytum officinale


Ações terapêuticas
Amolece tecidos inflamados pelas dores. É o melhor cicatrizante entre às
plantas porque possui alantoína. Tem ação cicatrizante em feridas e queimaduras
SEU USO INTERNO É PROIBIDO POR LEI FEDERAL: PORT.MS 19/92.
Uso interno
Chá por infusão: 2 folhas pequenas para 2 copos de água, 3 x ao dia.
Uso externo
Chá por decocção em forma de compressas, várias vezes ao dia.

16. Dente-de-leão - Taraxacum officinale


Ações terapêuticas
Depurativa do sangue; diurética; expectorante; estimula a secreção da bilis;
digestivo; antiinflamatório; laxante. Tem alto teor de potássio. Atua nas células
nervosas e musculares e enfermidades do fígado e rins. Protege contra pressão alta e
derrames. A raiz oferece substâncias como a insulina, cujo princípio ativo é a
taraxacina, que torna o vegetal laxante estomacal. Com a raiz torrada em infusão
prepara-se uma bebida semelhante ao café.

17. Erva-cidreira - Melissa officinalis


Ações terapêuticas
Sedativa; estomáquica; sudorífica; indutora do sono. Indicada para cefaléia,
afecções do estômago, nervos, palpitações do coração, resfriados e tosses. Tomá-la
com frequência enfraquece.

18. Erva-de-bicho - Polygonum hidropiperoides


Ações terapêuticas
Anti-séptica; antiinflamatória; anti-hemorroidal; diurética; varizes.
 Para hemorróidas:
50g de erva seca em um litro de água, ferver e após esfriar. Banhar a região anal
por alguns minutos várias vezes ao dia, principalmente antes e após as
necessidades fisiológicas.
 Para reumatismo e feridas:
Compressa - 3 colheres de sopa da planta em ½ litro de água.
Ferver 5 minutos.Esfriar e aplicar com gaze sobre a parte afetada.

19. Espinheira-santa - Maytenus ilicifolia


Ações terapêuticas
Cicatrizante de acne, eczemas, herpes e úlceras; analgésica; antiulcerativas
gástricas e duodenais ( devido a presença de taninos).
Uso interno
3 vezes ao dia. Usar 30 g de folhas picadas em ½ litro de água fervente. Tomar
frio.
Contra-indicação
Mulheres que amamentam, reduz a secreção láctea

20. Goiabeira - Psidium guajava


Ações terapêuticas
Antidisentérica; antidiarréica; incontinência urinária; antiinflamatória; ajuda a
desintoxicação do fígado. Tem grande teor de vitamina C. O chá das folhas é indicado
para inchaço na pernas.
Forma de uso
30 g de folhas para 1 litro de água. Usar em cataplasmas no local afetado.

21. Guaco - Mikania glomerata


Ações terapêuticas
Expectorante; anti-séptico das vias respiratórios; analgésico; anti-reumático;
diurético; cicatrizante; antibiótico.
Forma de uso (para tosse e bronquites)
Fazer um xarope, ferver 6 folhas picadas em 1 litro de água, coar, misturar o
suco de um limão, 3 colheres de sopa de mel. Tomar 1 cálice 4 x ao dia.

22. Guaçatonga ou Chá-de-bugre - Caseria sylvestris


Ações terapêuticas
Contra aftas, herpes, eczemas, úlcera gástrica, picadas de insetos e
obesidade. É depurativa do sangue; combate o colesterol; tônica do coração;
estimulante da circulação, estomáquica e cicatrizante.

23. Macela ou Marcela-do-campo - Achyrocline satureoides


Ações terapêuticas
Indigestão; males do estômago; perturbações gástricas, como desinterias e
diarréias. É antiinflamatória, anti-séptica, diminui a taxa de colesterol, é tônica e
digestiva.

24. Malva - Malva sylvestris


Ações terapêuticas
Diurética; emoliente; anti-séptica; laxativa; alivia problemas de garganta;
Combate processos inflamatórios; é calmante das estomatites e colites; ótimo para
abcessos, furúnculos, afecções da garganta, intestinos, tosse, inflamações, cortes e
catarros pulmonares.

25. Maracujá-açú ou maracujá-doce - Passiflora alata


Ações terapêuticas
É calmante, diurético, desinfetante, antiinflamatório e depurativo. Indicado para
insônia e dores em geral. A raiz e a semente combatem vermes.

26. Menstrato ou Erva-de-são-joão - Ageratum conyzoides


Ações terapêuticas
Tônico estomacal; febrífuga; anti-reumática e antidiarréica. Indicada também
para resfriados, gripes, cólicas uterinas e gases intestinais.

27. Mastruço - Coronopus didymus


Ações terapêuticas
Indicado para doenças do peito, bronquite, sinusite (aplicar na fonte), moléstias
dos rins e estômago, raquitismo, quedas e machucaduras. É diurético.
Pode ser usado como salada.

28. Mil-folhas ou Mil-em-rama - Achillea millefolium


Ações terapêuticas
Diurética; tônica; hepática; estomáquica; expectorante. Ótima contra
hemorragias do útero, pulmões, vômitos com sangue, hemorróidas, diarréias com
sangue, regras abundantes e mucosidade do intestino. Pode ser associada com
tansagem. Alivia dores em geral.

29. Pata-de-vaca - Bauhinia fortificata


Ações terapêuticas
Hipoglicemiante; depurativa diurética; antidiarréica; antidiabética. Indicada para
males dos rins e do estômago.
 A raiz é venenosa, externamente ajuda a matar os micróbios.
 A Escola Paulista de Medicina comprovou a ação antidiabética desta planta.
 É nas folhas que se oculta o segredo desta planta, o glicosídeo flavonóide.

30. Picão - Bidens pilosa


Ações terapêuticas
Antidiabética; antibiótica; anti-hemorroidal; vermífuga. Usa-se ainda para
reumatismo, afecções da bexiga, pedra na vesícula ou nos rins, má digestão,
bronquite, asma, icterícia, hepatite. Desobstrui o fígado; regenera o tecido lesionado
por ferimentos ou feridas, cicatrizando-o; ativa o pâncreas na distribuição da insulina.
Ótimo para diabetes, amigdalite e faringite (gargarejo).
O picão branco tem as mesmas propriedades.

31. Poejo - Mentha pulegium


Ações terapêuticas
Facilita a digestão; elimina vermes. O chá com gemada é expectorante.
Indicado para afecções gastrointestinais, afecções das vias respiratórias, tosses,
debilidade do sistema nervoso, insônia, dores abdominais das crianças e elimina
gases.

32. Quebra-pedra - Phyllanthus niruri


Ações terapêuticas
Nas enfermidades da bexiga, cistites e cólicas renais. Fortificante do estômago;
elimina o ácido úrico; eficaz na hepatite; dissolve areias e cálculos renais; elimina
catarros vesicais e cálculos do fígado; alivia dores de cadeira e das juntas e a
hidropisia; combate azia.
33. Sabugueiro - Sambucus nigra
Ações terapêuticas

O chá das folhas e flores, usado quente, provoca suor nas gripes, resfriados,
tosses, sarampo e caxumba. Elimina ácido úrico, cálculos renais e toxinas em geral. É
depurativo do sangue. Indicado também para gota, reumatismo, pressão alta, diabete,
flebite, feridas. A raiz e a casca são purgativas e laxativas.

34. Tanchagem - Plantago major


Existem 12 espécies.
Ações terapêuticas
Combate inflamações dos ouvidos, dos olhos, da conjuntivite, das gengivas, da
garganta, das amígdalas, da faringe, do estômago, dos intestinos, dos rins, da bexiga
e das hemorróidas. Externamente, o suco das folhas ou o seu cozimento cura feridas,
doenças da pele, crosta na cabeça, infecção vaginal, câncer dos seios, câncer interno
e úlceras. Pode-se usar externamente um cataplasma feito com as folhas picadas e
farinha. As sementes são vermífugas: 1 colher de chá 3 vezes ao dia misturada na
comida, serve ainda para diarréia, febres intestinais, gripes, inflamações dos ovários e
bexiga , hemorróidas. O chá das folhas desintoxica a nicotina no organismo dos
fumantes. Sua pomada cura feridas.

35. Valeriana - Valeriana officinalis L.


Ações terapêuticas
É calmante nos esgotamentos nervosos. Usada para epilepsia e dores
intestinais. Em cataplasma usa-se para machucaduras, chagas, feridas e contusões.
Emprega-se mais a raiz dessecada.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1. KÖRBES, V. C. Ed. ASSESSOAR - Associação de Estudos, Orientação e
Assistência Rural - 1995 Francisco Beltrão - PR.

2. FRANCO, L. L. As Sensacionais 50 Plantas Medicinais.Ed. O “Naturalista” Editora


de Livros e Revistas - 1996 - Curitiba - PR.

3. MICHALAK, E. Apontamentos fitoterápicos da Irmã Eva Michalak. Florianópolis:


EPAGRI, 1997.
MANEJO do SOLO e AMBIENTE

Mônica Dozza
Eng. Agrônoma - M. Sc.
EPAGRI, Itajaí

A INFLUÊNCIA do AMBIENTE na PRODUÇÃO de PRINCÍPIOS ATIVOS


A concentração de princípios ativos ou fármacos na planta depende, naturalmente, do
controle genético (capacidade inerente à planta) e dos estímulos proporcionados pelo meio.
Normalmente estes estímulos são caracterizados como situações de estresse, ou seja, excesso
ou deficiência de algum fator de produção para a planta. Uma vez que o vegetal apresenta
“competência” para produzir fármacos, sua concentração de substâncias ativas pode ser
alterada por fatores climáticos, edáficos, exposições a microorganismos, insetos, outros
herbívoros e poluentes.

FATORES CLIMÁTICOS

Quando se cultiva plantas medicinais e aromáticas, deve-se observar a influência que os


fatores climáticos tem sobre o desenvolvimento da planta e sua produção de princípios ativos.
O teor de princípios ativos pode aumentar ou diminuir de acordo com esses fatores. Há que se
esclarecer que, apesar desses fatores estarem colocados separadamente, por motivos didáticos,
sua ação é simultânea e correlacionada.

Temperatura

A temperatura é uma conseqüência da intensidade das radiações infravermelhas


emitidas pelo sol.. Somente podemos sentir ou ver os efeitos da temperatura nas plantas, no
solo, na água, em nosso corpo, etc. A importância da temperatura nas plantas é elementar: um
calor muito forte faz a planta transpirar muito e sob certas condições pode interromper a
fotossíntese da qual depende seu crescimento e desenvolvimento. Um calor excessivo
simplesmente mata a grande maioria das plantas. Por outro lado, um frio intenso pode paralisar
ou matar uma série enorme de outras plantas. Como sabemos, é a água que transporta os
nutrientes do solo para a parte aérea das plantas em crescimento e desenvolvimento. Portanto,
se uma parte dessa água sai de uma planta por transpiração, ou se reduz a velocidade, ou é
imobilizada dentro da planta, estes fatos se devem às variações da temperatura, respectivamente
calor e frio.

Cada planta possui uma temperatura ótima para seu crescimento e desenvolvimento
(Figura 1). Para a grande maioria das plantas tipicamente tropicais, a temperatura ótima gira em
torno de 150 C. A maioria das plantas medicinais e aromáticas herbáceas, no entanto, exigem
temperaturas brandas durante seu ciclo; se são plantas vivazes (que duram dois ou mais anos, e
a cada ano renovam suas hastes), o frio no inverno não pode ultrapassar o limite tolerado por
cada uma, sob pena de provocar sua morte.

A grosso modo pode-se dizer que com o aumento da temperatura, aumenta a velocidade
de crescimento de uma planta. Porém, esse processo fisiológico não é constante. Verifica-se que
existe uma curva de crescimento onde existe uma temperatura mínima, uma temperatura
máxima e uma faixa de temperatura ótima para o desenvolvimento de cada espécie.
Outra influência importante da temperatura é sobre a formação da clorofila, cujo nível
ótimo é ligeiramente superior ao exigido para o crescimento da planta. Quando esta
temperatura não é atingida, as plantas se desenvolvem, porém possuem uma coloração
amarelada, característica da formação insuficiente de clorofila.

Muitas vezes as plantas apresentam adaptações morfológicas para poderem se


desenvolver em suas regiões de origem. Por exemplo, plantas de clima árido apresentam
espinhos e uma camada espessa de cera ou cutina na epiderme para evitar a transpiração
excessiva. Plantas desse tipo devem ser cultivadas em locais que se assemelhem à sua região de
origem.

Figura 1. Faixa de temperatura ideal para o desenvolvimento de espécies medicinais.

O termo-período, ou seja, a diferença de temperatura entre o dia e a noite, é outro


fenômeno que interfere no desenvolvimento das plantas. Muitas delas só se desenvolvem de
maneira ótima quando ocorre uma diferença mínima. Exemplo disso são as plantas originárias
de clima temperado, que reduzem seu crescimento e floração, quando a diferença da
temperatura entre o dia e a noite não atinge 70 C.
Quando se introduz uma planta medicinal ou aromática subtropical em uma região de
clima tropical acentuado, pode-se perceber em certas espécies não adaptadas a ocorrência de
uma murcha diária em volta do meio-dia, murcha esta que se manifesta inclusive em solos
irrigados ou que possuam naturalmente excelente teor de água. Neste caso, a planta não
adaptada liberou mais água pela transpiração do que a capacidade de absorção de água através
do sistema radicular.
Em certas plantas, há uma exigência com relação à diferença entre a temperatura do dia
e da noite. Quando a noite apresenta temperatura inferior à do dia, algumas plantas aceleram
seu crescimento e a floração é mais abundante, pois a migração dos produtos elaborados pela
fotossíntese durante o dia é favorecida por noites mais frescas. Um grande número de plantas
de climas temperados ou montanhosos reduz seu crescimento e floração quando a variação da
temperatura entre o dia e a noite não é superior a 6 ou 7 0 C, isto é, quando as noites não são
mais frias que os dias no mínimo em 6 ou 70 C.
Os recursos pelos quais podemos nos valer para cultivar algumas plantas medicinais e
aromáticas, cujas partes aéreas (folhas, flores, etc.) são muito sensíveis a temperaturas elevadas
dos raios solares, especialmente ao meio-dia, são os seguintes:

Luz
A luz desempenha um papel fundamental na vida das plantas, influenciando na
fotossíntese e em outros fenômenos fisiológicos, como crescimento, desenvolvimento e forma
das plantas. Folhas expostas ao sol são geralmente menores do que as que ficam em local
sombreado. A disposição e a formação de parênquimas no mesófilo das folhas também se
altera.
Nas folhas crescidas ao sol, o parênquima paliçádico é mais desenvolvido e os
cloroplastos estão dispostos em fileiras perpendiculares ao limbo foliar. Em folhas crescidas à
sombra, o parênquima paliçádico é pouco desenvolvido ou inexiste, e os cloroplastos estão
dispersos. Não se deve confundir a adaptação das plantas ao crescimento em locais
sombreados, com o desenvolvimento anormal provocado pela falta de luz, que se chama
estiolamento.
As plantas também respondem às modificações na proporção de luz e escuridão dentro
de um ciclo de 24 horas. Este comportamento é chamado fotoperiodismo. Em muitas espécies
o fotoperíodo é o responsável pela germinação das sementes, desenvolvimento da planta e
formação de bulbos ou flores. De acordo com seu comportamento em relação ao fotoperíodo as
plantas são classificadas em:
- plantas de dias curtos: florescem quando recebem iluminação por um período
inferior a um determinado número de horas por dia. Este limite é chamado fotoperíodo crítico.
- plantas de dias longos: florescem ou o fazem mais rapidamente quando recebem
iluminação por um período superior a um certo número de horas por dia.
- plantas indiferentes: florescem sem nenhuma relação com o período de iluminação
recebida.
Na verdade, o fotoperíodo não está relacionado apenas com a luz mas também com o
período de escuridão pelo qual a planta passa.
Em geral as plantas de dias curtos são as de origem tropical e, as de dias longos, são
oriundas das regiões temperadas. É devido a este fenômeno que muitas plantas européias não
florescem no Brasil.

Umidade

Sendo a água um elemento essencial para a vida e o metabolismo das plantas, supõe-se
que em ambientes mais úmidos a produção de princípios ativos seja maior. Porém, nem sempre
isto é verdadeiro. Diversas experiências mostram que a água reduz o teor de alcalóides
produzidos, como em experimento realizado por Sokolov (1959) e também por Evenari (1960),
com solanáceas (Datura, Atropa e Hyoscianus) irrigadas e não irrigadas, onde estas espécies
apresentaram maior teor de alcalóides quando mantidos sob estresse hídrico.

Com relação aos óleos essenciais, Penka (1978) observou um aumento de sua
concentração em 15 espécies medicinais, quando não eram irrigadas. Fluck (1955) constatou o
mesmo com capim-limão (Cymbopogon citratus). Por outro lado, plantas irrigadas podem
compensar o menor teor de princípios ativos com uma maior produção de biomassa o que
resultará num maior rendimento final de princípios ativos/área.

Altitude

Altitude é a altura de uma região em relação ao nível do mar. À medida que aumenta a
altitude diminui a temperatura (cerca de 10 C a cada 150 - 200 metros acima do nível do mar), e
aumenta a insolação, interferindo no desenvolvimento das plantas e na produção de princípios
ativos. O dente-de-leão (Taraxacum officinale), cultivado em baixas altitudes, desenvolve uma
planta normal, com folhas grandes, inflorescência com haste comprida e raízes curtas. Quando
cultivado em altitudes maiores, suas folhas são pequenas, as hastes das inflorescências são
curtas e as raízes bastante compridas.
Plantas produtoras de alcalóides, quando em baixas altitudes, apresentam maior teor de
princípios ativos, possivelmente devido a maior atividade metabólica em virtude das
temperaturas maiores. Outras plantas, em altitudes maiores, tem um aumento de produção de
carboidratos e glicosídeos, pois a maior intensidade luminosa estimula a fotossíntese.

Latitude
Latitude é a distância que determinada região se encontra da linha do Equador. Pode-se
ter latitude sul e norte. Teoricamente plantas cultivadas em latitudes equivalentes (norte e sul),
tenderiam a ter o mesmo comportamento em relação ao desenvolvimento, época de floração e
teor de princípios ativos.
Estudos com Datura stramonium e Hyoscianus sp., demonstraram que plantas
cultivadas em latitude sul eram mais ricas em alcalóides que as cultivadas em latitude norte
equivalente. Tais diferenças estão relacionadas, entre outros, com a inclinação da Terra e a
influência das correntes marítimas sobre a temperatura.

NUTRIÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS


O estado nutricional de uma planta pode ser influenciado por diversos fatores (tipo de
solo, temperatura, umidade, pH e outros), que determinam sua capacidade produtiva. Muitas
plantas podem “avisar” quando não estão em bom estado nutricional, apresentando alguns
“sinais”. Por exemplo, quando há deficiência de nitrogênio, suas folhas mais velhas apresentam
um amarelecimento generalizado. Outros desses sinais não são visíveis a olho nu. Podem
ocorrer, a nível celular ou mesmo molecular, pequenas alterações que são manifestações do
estado nutricional das plantas. Por exemplo, quando há deficiência de magnésio, ocorre uma
sensível diminuição na formação de princípios ativos de uma maneira geral por causa da
diminuição de clorofila e da fotossíntese. O déficit de água na planta, fator que regula o
transporte de nutrientes no vegetal, é evidenciado pelo murchamento da planta e também pelo
fechamento dos estômatos, diminuindo as atividades biológicas enquanto esta situação persistir.
Mais importante do que conhecer os sintomas de deficiência nutricional apresentados
pelas plantas é saber quais fatores que levam a isso, procurando dotar as plantas das condições
necessárias para que tenham um bom estado nutricional

Os solos ideais para plantas medicinais e aromáticas


Uma pergunta que é comumente feita é em relação ao tipo ideal de solo. Infelizmente a
resposta não é tão simples, pois cada planta medicinal e/ou aromática tem suas preferências ou
mesmo exigências. As principais características dos solos são específicas para cada planta
medicinal e aromática separadamente.
A manjerona, por exemplo, produz melhor em solos arenosos, contendo as sobras de
uma boa fertilização efetuada no ano anterior para outra cultura. A verdadeira erva-cidreira ou
melissa, vegeta espontaneamente em qualquer tipo de solo, porém prefere os locais sombreados
próximos a bosques, riachos e rios.
Os exemplos acima citados, nos permitem avaliar as divergências entre algumas plantas
medicinais e aromáticas quanto às características dos solos preferenciais. Evidentemente, uma
boa parte produz melhor em solos férteis, leves e arejados. No caso das mentas (Mentha sp.), é
indiscutível que elas melhoram sua produção quantitativa e qualitativa mediante boas
adubações químicas.
Quanto ao fator pH do solo, pode-se afirmar que a grande maioria das plantas
medicinais e aromáticas prefere solos com um pH situado entre 6,0 e 6,5.

Preparo do Solo
A planta alimenta-se quase exclusivamente pelas raízes, que também são responsáveis
por sua fixação. Daí conclui-se que, quanto maior a expansão radicular, conforme a
característica da espécie, maior a capacidade de absorver nutrientes e, consequentemente de se
desenvolver e de produzir. Alertamos para o fato que, quanto mais intenso for o uso de
máquinas e equipamentos, excesso de preparo, etc., tanto mais prejudicial será para a
fertilidade do solo, pois poderão ocorrer perdas por erosão, morte de microorganismos,
formação de camada compactada, desestruturação do solo. estes efeitos são minorados pelo
manejo correto do solo. desta forma recomenda-se que o preparo do solo pelo método
convencional ou cultivo mínimo, obedecendo as características próprias da unidade produtiva
(topografia, índice pluviométrico, etc.), assim como a infra-estrutura existente, seguindo as
práticas conservacionistas recomendadas.

Análise do Solo
Uma das primeiras medidas a serem tomadas, quando se pretende iniciar o cultivo de
qualquer espécie vegetal, é coletar (corretamente), uma amostra de solo da área que será
cultivada, e enviá-la para o laboratório de análise de solos, permitindo uma adequada
recomendação da correção e fertilização (Figura 2).

Correção do Solo
A correção do pH normalmente é feita com calcário e deve ser realizada pelo menos
dois meses antes do plantio. Quando a necessidade de calcário a ser aplicada ultrapassar 4 t/ha,
ela deve ser parcelada, o que é feito aplicando uma parcela de cada vez antes de cada preparo
de solo, em cultivos sucessivos. Esta prática tem por objetivo corrigir a acidez do solo e
fornecer nutrientes (principalmente cálcio e magnésio). Também é chamada de calagem. A
recomendação da calagem, feita por engenheiros agrônomos, sempre terá por base os resultados
da análise do solo.
Durante o preparo do solo, devem ser observadas as práticas de conservação de solos,
como preparo em nível, curvas de nível, cordão de contorno e outras que se fizerem
necessárias.

Fertilização do Solo
Os resultados até agora obtidos nos ensaios de adubação mineral de plantas medicinais e
aromáticas ainda são inconsistentes. Pouco se sabe sobre o efeito desses adubos sobre a
formação e o teor dos princípios ativos. Talvez isso ocorra devido ao fato das plantas cultivadas
de alto valor comercial, como o milho, a soja, o tomate, etc., terem passado por intensivos
processos de seleção para adaptá-las a rápida absorção de adubos industrializados visando
aumentos de produção/área. Já

as plantas medicinais e aromáticas sofreram um processo de seleção não tão dirigido, onde a
preocupação principal era preservar seu poder terapêutico.
Dos dados existentes pode-se concluir que, de maneira geral, os adubos químicos em
poucos casos são prejudiciais aos teores de princípios ativos das plantas, quando usados dentro
dos limites técnicos. No entanto, quando resultados positivos foram obtidos, o aumento do teor
de fitofármacos é pequeno.
Nossa avaliação é que os adubos orgânicos e verdes, aliados às práticas de agricultura
ecológica (orgânica, biológica, biodinâmica, etc.) apresentam um potencial de resposta
econômica maior, devendo os adubos químicos serem utilizados quando a análise do solo
revelar baixos teores de nutrientes, como nitrogênio, fósforo, potássio, etc.

Principais Nutrientes
São dezessete os elementos conhecidos hoje como essenciais ao crescimento dos
vegetais. Conforme a quantidade que um determinado elemento entra na composição da planta
ele é classificado como macro ou micronutriente (grande ou pequena quantidade,
respectivamente). Porém todos desempenham funções vitais nas plantas (Tabela 1). Destes
dezessete, três são provenientes do ar ou da água, e existem em grande quantidade no meio
ambiente. São o carbono, o oxigênio e o hidrogênio e, a rigor, não são considerados nutrientes.
Os demais provêm do solo.

Tabela 1. Efeito dos macro e micronutrientes na planta.

MACRONUTRIENTES FUNÇÃO NA PLANTA


Nitrogênio (N) crescimento da parte aérea
Fósforo (P) floração e frutificação
Potássio (K) crescimento das raízes e resistência à doenças
Cálcio (Ca) crescimento das raízes e fecundação
Magnésio (Mg) composição da clorofila e ativador de enzimas
Enxofre (S) síntese da clorofila, absorção de gás carbônico
MICRONUTRIENTES FUNÇÃO NA PLANTA
Boro (B) desenvolvimento de raízes, frutos e sementes
Cloro (Cl) decomposição da água na fotossíntese
Cobre (Cu) respiração, síntese da clorofila
Cobalto (Co) absorção de nitrogênio na fixação simbiótica
Ferro (Fe) respiração, síntese da clorofila
Manganês (Mn) absorção do gás carbônico, fotossíntese
Molibdênio (Mo) fixação do nitrogênio
Zinco (Zn) produção e maturação de sementes

Os micronutrientes, além de serem exigidos em pequenas quantidades pelas plantas,


quando em excesso são prejudiciais.
ADUBAÇÃO
Orgânica
Adubo orgânico é todo produto proveniente da decomposição dos resíduos de origem
vegetal, animal, urbano ou industrial, que apresente elevados teores de componentes orgânicos
- compostos de carbono degradáveis - e que vai constituir a parte orgânica do solo - o húmus.

Os adubos orgânicos mais utilizados são:


1. Esterco de animais:
São dejetos sólidos e líquidos de animais domésticos e que, após serem curtidos, são
utilizados como adubo. Os mais comuns são esterco de bovinos, suínos e aves, podendo
também ser utilizados os de eqüinos, caprinos e coelhos. A composição química desses estercos
varia conforme o animal, o tipo de tratamento recebido (alimentação com ração ou pasto, cama
de serragem ou feno, etc.) e o tempo durante o qual o adubo foi curtido. Em geral o esterco de
aves é mais rico em nutrientes (Tabela 2).
Tabela 2. Teor de nutrientes no esterco fresco de animais.

ESPÉCIE N (%) P2O5 (%) K2O (%)


Bovinos 0,55 0,23 0,60
Aves 1,50 1,00 0,40
Suínos 0,50 0,35 0,40

O esterco, assim como outros adubos orgânicos, pode perder qualidade quando
manuseado de forma inadequada. Se estocado ao ar livre por muito tempo, pode perder grande
parte de seus nutrientes por volatilização ou por lixiviação. O esterco pode ser incorporado ao
solo, no sulco de plantio, na cova, ou no canteiro. A quantidade média de esterco a ser aplicada
em plantas medicinais e aromáticas é de 1,5 a 3,0 kg/m 2 de cama de aviário ou 3,0 a 5,0 kg/m 2
de bovinos, equinos e outros.
Restos de Cultura
Os restos de cultura do plantio anterior e que permanecem na área cultivada podem ser
incorporados ou mantidos como cobertura morta. Fornecem matéria orgânica ao solo,
contribuindo para melhorar sua fertilidade. Restos de culturas de plantas medicinais e
aromáticas podem ser utilizadas para esta finalidade, como por exemplo a camomila, porém
com a ressalva de que esta prática deve ser melhor estudada tendo em vista o efeito alelopático
entre as espécies.
Húmus de minhoca
O húmus de minhoca ou vermicomposto ainda não é largamente utilizado devido sua
pouca ventilação, porém representa uma opção altamente interessante, pois é um adubo
orgânico muito rico em nutrientes. Contém 1,5 a 3,0% de N; 2,5 a 5,0% de P 2O5; e 0,6 a 1,5%
de K2O. Devido a sua facilidade de produção nas propriedades pode ser uma alternativa de
enriquecimento de esterco. Recomenda-se a aplicação de 1,5 a 3,0 kg/m2 (15 a 30t/ha).
Composto orgânico
O composto é um adubo orgânico obtido a partir do lixo, restos de culturas e dejetos
animais. O princípio básico da produção do composto está na transformação dos restos
orgânicos pelos microorganismos, dando como produto final a matéria orgânica humificada. O
método de compostagem é tipicamente aeróbio, ou seja, realiza-se na presença de ar.
Para se ter um bom adubo, os restos de culturas ou outras fontes de material devem ter
quantidade suficiente de nitrogênio, para que os microorganismos possam atuar na sua
transformação. Alguns resíduos são relativamente pobres em nitrogênio (restos de gramíneas:
palhada de milho, sorgo, arroz,, trigo, bagaço de cana); outros são mais ricos (restos de
leguminosas: soja, feijão, ervilha, mucura; e estercos de animais: boi, porco ou aves). Em
termos práticos, é o teor de nitrogênio que determina a velocidade de decomposição, portanto,
para que a decomposição seja rápida e sem perda de nitrogênio, deve-se misturar o material
mais pobre com o mais rico.

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