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THIARA MESSIAS DE ALMEIDA

CULTIVO DE EUCALIPTO NO EXTREMO SUL DA BAHIA:


MODIFICAÇÕES NO USO DA TERRA E SOCIOECONÔMICAS

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-


graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, sub-
programa da Universidade Estadual de Santa Cruz, como
parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em
Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.

Área de concentração: Planejamento e Gestão Ambiental no


Trópico Úmido.

Orientador (a): Dr. Ana Maria Sousa dos Santos Moreau

Co-orientadores (a): Dr Ednice de Oliveira Fontes


Dr Mônica de Moura Pires

ILHÉUS/BA
2009
13

A447 Almeida, Thiara Messias de.


Cultivo de eucalipto no extremo sul da Bahia : modifica-
ções no uso da terra e socioeconômicas / Thiara Messias
de Almeida. – Ilhéus, BA : UESC / PRODEMA, 2009.
xi, 121f. : il.

Orientadora : Ana Maria Sousa dos Santos Moreau.


Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de
Santa Cruz. Programa Regional de Pós-graduação em
Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente.
Bibliografia: f.: 115-121.

1. Celulose – Aspectos sociais. 2. Celulose – Aspectos


econômicos. 3. Eucalipto – Cultivo – Extremo Sul (BA). 4.
Sensoriamento remoto. 5. Papel – Indústria. 6. Geografia
humana. I. Título.

CDD 304.2
14

Dedico à minha
família e a Amom
15

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado força e determinação para conseguir tudo que

desejo,

A professora Ana Maria Moreau que foi mais que uma orientadora,

Aos professores Maurício Moreau, Ednice Fontes e Mônica Pires pelo apoio

na construção deste do trabalho,

A Amom pela ajuda e companherismo

A minha família Bibi, Lu e especialmente, a Marilene Messias, minha mãe a

quem agradeço pela pessoa que sou. Pessoas que me deram apoio e condições de

estar hoje terminando um curso de mestrado,

Aos professores e colegiado do curso que contribuíram com este processo,

A Capes pelo apoio financeiro no início do trabalho

Aos colegas de turma pelos momentos de discussão das pesquisas a serem

realizadas

Aos colegas do LAPA pelos momentos de descontração, especialmente, Lili

pela amizade e ajuda para o desenvolvimento do trabalho.


16

CULTIVO DE EUCALIPTO NO EXTREMO SUL DA BAHIA: MODIFICAÇÕES NO


USO DA TERRA E SOCIOECONÔMICAS

A Bahia é o terceiro estado do Brasil na produção nacional de celulose, sendo


destinada exclusivamente ao mercado externo. Nesse cenário favorável, a Região
Econômica do Extremo Sul se configura em um dos maiores pólos de produção de
celulose do mundo. Os grandes investimentos que vêm sendo realizados, tanto pela
iniciativa privada, quanto pelo Estado no setor, têm apontado perspectivas de
crescimento para os próximos anos, principalmente, na expansão da capacidade
produtiva. A presente pesquisa objetivou analisar as modificações nos padrões de
uso da terra e socioeconômicas, decorrentes da implantação do cultivo do eucalipto
no Extremo Sul da Bahia nos últimos trinta anos, identificando áreas para possível
expansão deste cultivo dentro da região, e verificando se este uso apresenta conflito
com Áreas de Preservação Permanente. Para diagnosticar a dinâmica de uso da
terra foram utilizados dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
e imagens de satélite do sistema Landsat 5 dos anos de 1986, 1996, 2007. A
acurácia do mapeamento foi medida através do Índice Kappa. Para a verificação do
uso em APPs utilizou-se imagens de satélites de alta resolução espectral
disponibilizadas gratuitamente no software Google Earth 4.3. A análise das
modificações socioeconômicas pauto-se em dados do IBGE, SEI (Superintendência
de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia) e PNUD (Programa das Nações Unidas
Para o Desenvolvimento). As áreas ocupadas com matas e florestas naturais foram
as que apresentaram a maior redução no período analisado. A maior parte da terra
encontra-se concentrada em torno das atividades pecuaristas, no entanto as áreas
ocupadas com reflorestamento são as apresentaram maior expansão. O
crescimento e a consolidação das atividades ligadas ao pólo celulósico não
contribuíram para a melhoria das condições de vida da população, no entanto esta
atividade não apresentou conflitos com APPs.

Palavras-chave: celulose, sensoriamento remoto, socioeconômico.


17

Cultivation of eucalyptus in the Extreme South of Bahia: changes in land use


and socioeconomic changes

Bahia is the third state in the Brazilian domestic production of cellulose, which is
intended for the foreign market. In this favorable scenario, the economic region
based on the Extreme South is one of the major centers of production of cellulose in
the world. The large investments which have being made, both by private enterprise,
as by the State in that sector, has shown prospects for the growth for the coming
years, mainly in the expansion of productive capacity. This study aimed to analyze
changes in patterns of land use and socioeconomic changes resulting from the
implementation of the cultivation of eucalyptus in the Extreme South of Bahia in the
last thirty years, identifying areas for possible expansion of that cultivation in the
region, and whether this use presents conflict with areas of permanent preservation
(APPs). To diagnose the dynamics of land use were used data from IBGE (Brazilian
Institute of Geography and Statistics) and satellite images from the system Landsat
5, about the years 1986, 1996, 2007. The mapping accuracy was measured by the
Kappa index. For the verification of the use in APP was used satellite images of high
spectral resolution made available by the free software Goole Earth 4.3. The analysis
of the socioeconomic changes was based on data from the IBGE, SEI
(Superintendency of Economic and Social Studies of Bahia) and UNDP (United
Nations Program for Development). The areas occupied by forests and natural
forests were those ones which presented greater reduction in the period analyzed.
Most of the land is concentrated around activities ranchers, however, the areas
occupied by reforestation are those that showed higher growth. The growth and
consolidation of activities related to the production of cellulose did not contribute to
the improvement of living conditions of the population, although this activity has not
presented conflicts with the APP.

Keywords: cellulose, remote sensing, socioeconomic status.


18

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Comparação entre a rotação e rendimento de florestas de espécies 18


de fibra curta.
Tabela 02 - Agrupamento dos valores quanto à qualidade relacionados aos 37
resultados estatísticos de Kappa.
Tabela 03 - Utilização das terras no Extremo Sul da Bahia, 1970-1996. 46
Tabela 04 - Utilização das terras no Extremo Sul da Bahia por zonas 48
econômicas, 1980-1996.
Tabela 05 - Quantidade produzida na silvicultura em m³, 1990-200, Extremo Sul 62
da Bahia.
Tabela 06 - Uso das terras Extremo Sul da Bahia, entre 1986-2007. 69
Tabela 07 - Uso das terras por zonas econômicas, Extremo Sul da Bahia 1986. 74
Tabela 08 - Uso das terras por zonas econômicas, Extremo Sul da Bahia 1996. 75
Tabela 09 - Uso das terras por zonas econômicas, Extremo Sul da Bahia 2007. 76
Tabela 10 - Resultados estatísticos do Índice Kappa (IK), Extremo Sul da Bahia 77
1986-2007.
Tabela 11 - População residente por situação de domicílios 1970-2007, 83
Extremo Sul da Bahia.
Tabela 12 - Taxa de crescimento da população residente, segundo domicílio no 86
Extremo Sul da Bahia, 1970-2007.
Tabela 13 - Número de estabelecimentos rurais segundo extratos 1970-1996, 90
Extremo Sul da Bahia.
Tabela 14 - Área dos estabelecimentos rurais segundo extratos 1970-1996, 91
Extremo Sul da Bahia.
Tabela 15 - Número de estabelecimentos rurais e área por grupos de atividades 95
econômicas, 1996-2006, Extremo Sul da Bahia.
Tabela 16 - PIB Municipal, Extremo Sul da Bahia, 1999-2005. 99
Tabela 17 - Estrutura Setorial do PIB municipal, 1999. 103
Tabela 18 - Estrutura setorial do PIB, 2005. 104
Tabela 19 - Produto Interno Bruto per capta, Extremo Sul da Bahia 1999-2004. 106
Tabela 20 - Índice de Desenvolvimento Humano, 1991-2000. 108
Tabela 21 - Índice de Gini, 1991-2000. 109
19

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Mapa da Região do Extremo Sul da Bahia e os municípios. 28


Figura 02 - Mapa geológico da Região do Extremo Sul da Bahia. 29
Figura 03 - Mapa geomorfológico da Região do Extremo Sul da Bahia. 30
Figura 04 - Mapa isoietas da Região do Extremo Sul da Bahia. 31
Figura 05 - Mapa de vegetação da Região do Extremo Sul da Bahia. 32
Figura 06 - Mapa de solos da Região do Extremo Sul da Bahia. 33
Figura 07 - Mapa das principais bacias hidrográficas da Região do Extremo Sul 34
da Bahia.
Figura 08 - Trajeto percorrido em campo na Região do Extremo Sul da Bahia. 35
Figura 09 - Ajuste realizado através da técnica cartográfica de Área Mínima 38
Mapeável, (a) antes e (b) depois.
Figura 10: Imagem de satélite com resolução espectral de 2,5 metros por pixel, 40
município de Eunápolis-Ba.
Figura 11: Áreas da região Extremo Sul da Bahia que apresentavam 41
disponibilidade de imagens de satélites de alta resolução através do Google
Earth 4.3.
Figura 12 - Divisão em zonas da Região do Extremo Sul da Bahia. 43
Figura 13 - Processo de diminuição da cobertura vegetal no Extremo Sul da 45
Bahia, 1945-1990.
Figura 14 - Efetivo bovino, Extremo Sul da Bahia, 1974-2006. 50
Figura 15 - Efetivo bovino por zonas, Extremo Sul da Bahia 1975-2006. 51
Figura 16 - Sistema Silvipastoril com Eucalyptus grandis, pastagem e bovinos, 53
Nova Viçosa – BA.
Figura 17 - Área plantada e área colhida de mamão, 1990-2006, Extremo Sul 54
da Bahia.
Figura 18 - Cultivo de mamão entre cultivos de eucalipto no município de 55
Prado, Extremo Sul da Bahia.
Figura 19 - Quantidade Produzida de mamão por zonas, 1990-2006, Extremo 56
Sul da Bahia.
Figura 20 - Quantidade Produzida de mamão, 1990-2006, Extremo Sul da 57
Bahia.
Figura 21 - Produção de cana-de-açúcar em toneladas por zonas 1990-2006, 58
20

Extremo Sul da Bahia.


Figura 22 - Total produzido de cana-de-açúcar entre 1990-2006, Extremo Sul. 59
Figura 23 - Plantios de cana-de-açúcar e eucalipto no município de Ibirapuã, 60
Extremo Sul da Bahia.
Figura 24 - Municípios com eucalipto no Extremo Sul da Bahia em 1992. 63

Figura 25 - Municípios com produção de eucalipto em 2007, Extremo Sul da 65


Bahia.
Figura 26 - Produção de madeira em tora para papel e celulose por zona, 66
Extremo Sul da Bahia, 1990-2006.
Figura 27 - Áreas de influencia do setor de celulose em 2007, Extremo Sul da 67
Bahia.
Figura 28 - Plantio de eucalipto em áreas planas do relevo, Extremo Sul da 68
Bahia.
Figura 29 – Mapa de uso da terra, Extremo Sul da Bahia, 1986, 1996 e 2007. 71

Figura 30 - Área com pastagens degradadas, Extremo Sul da Bahia. 72

Figura 31: Plantios de eucalipto, Extremo Sul da Bahia. 78

Figura 32: Áreas de eucalipto mapeadas através do Google Earth 4.3. 80

Figura 33 - Áreas de Preservação Permanente e plantios de eucalipto, Extremo 81


Sul da Bahia.
Figura 34 - População Total, rural e urbana, Extremo Sul da Bahia, 1970-2007. 88

Figura 35 - Índice de Gini, Extremo Sul da Bahia. 93

Figura 36 - Número de pessoal ocupado por categoria, Extremo Sul da Bahia, 95


1970-1996.
Figura 37 - Participação percentual dos municípios do Extremo Sul da Bahia, no 100
PIB Regional, 1999.
Figura 38 - Participação percentual dos municípios do Extremo Sul da Bahia, no 101
PIB Regional, 2005.
Figura 39 - Taxa de crescimento do PIB Municipal por estrutura setorial, 105
Extremo Sul da Bahia, no PIB Regional, 1999-2005.
21

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12
2 REVISÃO DE LITERATURA 14
2.1 Cenário nacional e mundial da eucaliptocultura 14
2.2 O cultivo de eucalipto no Extremo Sul da Bahia 19
2.3 Os SIGs como ferramenta de avaliação da dinâmica de uso da terra 24
3 METODOLOGIA 27
3.1 Área de estudo 27
3.1.1 Caracterização do Meio Físico 28
3.1.1.1 Geologia e geomorfologia 28
3.1.1.2 Clima e vegetação 30
3.1.1.3 Pedologia 32
3.1.1.4 Principais bacias hidrográficas 33
3.2 Evolução no uso da terra 34
3.3 Delimitação das Áreas de Preservação Permanente de rios e nascentes 39
e mapeamento de uso por eucalipto em áreas de conflito.
3.4 Modificações sócio-econômicas 41
3.5 Análise de dados 42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 44
4.1 Uso da terra no Extremo Sul da Bahia 44
4.1.1 Utilização das terras do Extremo Sul da Bahia 1970-1996 (IBGE) 44
4.1.2 Dinâmica de uso da terra 1986-2007. 68
4.1.3 Avaliação da exatidão temática do mapeamento 76
4.1.4 Uso da terra em Áreas de Preservação Permanente 78
4.2 Caracterização socioeconômica do Extremo Sul da Bahia. 82
4.2.1 Dinâmica populacional 82
4.2.2 Estrutura Fundiária 1970/1996 89
4.2.3 Indicadores socioeconômicos do Extremo Sul da Bahia 98
5 CONCLUSÕES 112
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 115
22
23

1 INTRODUÇÃO

As atividades ligadas ao setor florestal são responsáveis por 5% do PIB

brasileiro (ROCHADELLI, 2008). Em 2008, o país se tornou o quarto no ranking

mundial dos produtores de celulose, com uma produção de mais de 12,8 milhões de

toneladas, com destaque para o fato de 100% dessa produção ser proveniente de

florestas plantadas, principalmente eucalipto, alcançando hoje a maior produtividade

do mundo (BRACELPA, 2008). O Brasil dispõe de condições climáticas privilegiadas

para o desenvolvimento de bases florestais indispensáveis a produção de celulose.

No cenário nacional, o cultivo de eucalipto voltado a exportação foi estimulado

pelo Governo Federal na década de 70. Na Bahia, como resultado, nos anos 80,

instalou-se na região do Extremo Sul, as primeiras empresas, atraídas pelos fatores

locacionais, destacando-se, segundo os estudos da CAR (COMPANHIA DE AÇÃO E

DESENVOLIMENTO REGIONAL, 1994) e SEI (SUPERINTENDÊNCIA DE

ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA, 2002), as condições

edafoclimáticas, preço da terra, escoamento da produção via porto de Vitória no

Espírito Santo, disponibilidade de mão-de-obra e grandes extensões de terras para

implantação dos cultivos.

Assim, a Bahia passou a despontar, tornando-se o terceiro estado do Brasil

na produção nacional de celulose, sendo destinada exclusivamente ao mercado

externo, principalmente para os mercados do hemisfério norte, destacando o

Extremo Sul como a maior região produtora do estado.

Nesse cenário favorável, o Extremo Sul da Bahia se configura como um dos

maiores pólos de produção de celulose do mundo. Os grandes investimentos que

vem sendo realizados tanto pela iniciativa privada quanto pelo Estado no setor, têm
24

apontado perspectivas de crescimento para os próximos anos, principalmente, na

expansão da capacidade produtiva. A Bahia produziu em 2008 cerca de mais de 3

milhões de toneladas de celulose.

Atualmente as três maiores empresas instaladas na região são: a Bahia Sul

Celulose, Aracruz Celulose e Veracel Celulose. Estudos da CAR (1994) apontavam

que o impacto desse tipo de empreendimento na geração de emprego e renda é

pequeno, se comparado aos gerados nos setores da agricultura e dos serviços, além

disso, o aumento na arrecadação municipal é considerado pequeno quando

comparado à subtributação e aos incentivos fiscais concedidos às empresas.

Desse modo, faz-se necessário o desenvolvimento de estudos que tenham

como objetivo avaliar os impactos no uso da terra e socioeconômicos, uma vez que,

a atividade silvícola provocou mudanças estruturais na ocupação da terra,

repercutindo em transformações sociais, econômicas e ambientais no espaço

regional. Além disso, a respeito desta temática, sob essa perspectiva, pouco são os

trabalhos que analisam a região. O conhecimento dessas variáveis pode ajudar a

compreender a dinâmica espacial regional.

Diante desse contexto, a presente pesquisa, analisa as modificações nos

padrões de uso da terra e socioeconômicas, decorrentes da implantação do cultivo

do eucalipto no Extremo Sul da Bahia nos últimos trinta anos, identificando áreas

para possível expansão deste cultivo na região, e verificando se esse uso da terra

apresenta conflitos com Áreas de Preservação Permanente.


25

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Cenário nacional e mundial da eucaliptocultura

As primeiras plantações de eucalipto no Brasil para a produção em escala

comercial foram realizadas no final do século XIX e nas primeiras décadas do século

XX, com o objetivo de produzir lenha para locomotivas, construção de estradas de

ferro, postes para eletrificação, carvão vegetal e matéria prima para celulose

(SAMPAIO, 1975).

Na década de 1930, com a política de substituição das importações houve

inicialmente a instalação das primeiras indústrias de papel e celulose no Brasil,

anteriormente todo o papel que se consumia internamente era importado

(CARNEIRO, 1994). Segundo este mesmo autor, somente na segunda metade da

década de 1950, com o Plano de Metas é que surgem as primeiras indústrias

produtoras de celulose. Nesta época a indústria brasileira só conseguia produzir

28,5% do que se consumia (VALVERDE, 2006).

De acordo com Fontes (2007), na década de 1960, ocorre a promulgação da

Lei 5.106/66 para ordenar a implantação de maciços florestais no país por empresas

do setor, o que permitia ao agricultor aplicar 50% do imposto de renda em

reflorestamento, cumprindo as determinações da Lei Federal 4.771/65 (Código

Florestal Brasileiro), abrindo caminho para o Programa de Incentivos Fiscais para o

Florestamento e Reflorestamento (PIFFR), havendo neste período grande avanço

das áreas reflorestadas. A política de reflorestamento criada pelos governos

militares incentivou e financiou as grandes empresas florestais até meados da

década de 1980.
26

Entre os anos de 1960 e 1965, o Brasil já era auto-suficiente no consumo de

celulose e produzia papel com 100% de celulose nacional (ANDRADE; DIAS, 2003).

Somente na década de 1970, com investimentos do II PND (Plano Nacional de

Desenvolvimento) e do I Programa Nacional de Papel e Celulose, que são criados

projetos destinados a atender o mercado externo (IPEA/INPES, 1988 apud

CARNEIRO, 1994). A implantação e consolidação deste setor no país foi possível

graças a investimentos governamentais.

Também na década de 1970, é alterada a legislação referente a incentivos

fiscais ao reflorestamento no país, Decreto Lei 1.338/74, beneficiando contribuintes

do país inteiro, pois era possível deduzir até 50% do imposto de renda para aqueles

que aplicassem na região Norte e Nordeste, e nas outras regiões esses percentual

era de apenas 35%. Essa medida influenciou e contribuiu para a localização de

empresas do setor de papel e celulose nessas regiões.

Com os incentivos fiscais concedidos ao reflorestamento, ocorreu um

crescimento expressivo das florestas plantadas no Brasil, em sua maior parte de

eucalipto e pinus, devido a sua adaptabilidade e condições edáficas nas diferentes

regiões do país.

Com o término das políticas de incentivos fiscais concedidos pelo governo no

final da década de 1980, as empresas reflorestadoras começaram a realizar

investimentos e fazer parcerias com institutos de pesquisas e universidades para o

desenvolvimento de pesquisa e tecnologia no melhoramento das florestas e

aumento de produtividade.

Diante deste cenário, a política de reflorestamento imputada pelos governos

militares, foi a de que o país passasse a produzir para abastecer o mercado externo,
27

influenciando a expansão desse setor por todo país. Desde 1930 que esse setor

vem recebendo incentivos.

Salienta-se que os empréstimos, isenções fiscais e financiamentos permitiram

o crescimento exponencial da produção de celulose no Brasil. Em cerca de mais de

50 anos de investimentos no setor, o país presencia um verdadeiro “boom” da

produção, onde saiu de uma condição de real importador para um dos maiores

exportadores mundiais. As condições naturais do Brasil foi um dos fatores

locacionais que mais contribuíram para esse crescimento.

Dados de 2007 da Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA),

mostram que existem no país mais de 220 empresas, que operam em 17 estados,

nas 5 cinco grandes regiões, em 450 municípios. O setor possui cerca de 1,7

milhões de hectares de florestas plantadas (74% de eucalipto, 25% de pinus, e

outros 1%), com fins industriais e 2,8 milhões de hectares de florestas preservados,

gerando 110 mil empregos diretos (indústria e florestas) e 500 mil indiretos. Destes,

20,3% das florestas plantadas estão concentradas no estado da Bahia.

As empresas do setor vêm se superando e aumentando a sua produção e

investimentos. Em 2007, a produção nacional de celulose foi de mais de 11 milhões

de toneladas, elevando o Brasil ao posto de maior produtor e exportador mundial de

celulose de fibra curta (BRACELPA, 2008). Ao contrário da produção de celulose, a

produção de papel brasileira é destinada em sua maior parte ao mercado interno.

A celulose de fibra curta é extraída do eucalipto, que é colhido em 7 anos,

com tamanho de até 2 mm. É utilizada para fabricação de papel de imprimir e

escrever e seu preço no mercado é mais baixo. A fibra longa, maior que 2 mm, que

é extraída do pinus, por exemplo, é utilizada para fabricação de papeis de

embalagens e imprensa, e seu preço no mercado internacional é maior devido ao


28

ciclo de vida da planta que em alguns países do hemisfério norte é superior a 40

anos, e os custos de produção são mais altos. O país ainda é um grande importador

de celulose, mas somente do tipo fibra longa, essa que é a mais consumida no

Brasil (MARTINS, et al., 2005).

Cortez (2008) afirma que os países desenvolvidos não querem mais as

indústrias de celulose, pelo fato de que, estarão transferindo os problemas sócio-

ambientais, e por não conseguirem mais competir no mercado internacional com a

fibra curta, pois a celulose produzida em países como o Brasil é mais barata e o

cultivo é mais rápido. Os custos da produção de celulose no Brasil estão em torno

de US$ 142 por tonelada, o que equivale a menos da metade do preço da América

do Norte e Europa (CELULOSE ONLINE, 2004)

Segundo Romero (2008), para 2015 existe uma previsão de que a área

plantada de eucalipto no Brasil seja duplicada, um dos motivos é a forte demanda da

China por papel, além disso, estão querendo utilizar eucalipto para a produção de

biocombustíveis.

Assiste-se a uma verdadeira exploração das terras agricultáveis do país. A

tendência nos próximos anos se configura em maior crescimento para este setor. O

Brasil é um grande produtor de commodities agrícolas no mercado mundial, devido a

sua vasta extensão territorial e condições edáficas que favorecem a produção de

diversos cultivos, é o que acontece com o eucalipto, a soja e a cana-de-açúcar. E

assim, as terras ficam mais concentradas em torno dessas atividades e as áreas

para ocupação com produção alimentar ficam reduzidas, além do desgaste

ambiental das mesmas.


29

A maior parte da produção brasileira de papel e celulose tem como destino o

mercado externo, especialmente Europa (49%), Ásia e Oceania (30%) para celulose,

e América Latina (54%) para o papel (BRACELPA, 2008).

O Brasil apresenta vantagens nos custos de produção da celulose quando

comparado a outros países. O país dispõe de condições edafoclimáticas e

tecnologias para a exploração e manejo de florestas plantadas, o que o permite

vantagens competitivas no mercado internacional. Por exemplo, para a produção

de 1,0 milhão de toneladas/ano de celulose, no Brasil são necessários 100.000 ha

de florestas plantadas, na Península Ibérica são 300.000 ha e na Escandinávia

720.000 ha (BRACELPA, 2008).

Na Tabela 01, é apresentado o período de rotação e rendimento de florestas

plantadas, das quais podem ser extraídas a fibra curta da celulose para a fabricação

de papéis. O Brasil, além de possuir o menor período de rotação de florestas, é o

que apresenta maior produtividade e rendimento. Nota-se que à medida que se

afasta da faixa tropical o rendimento das florestas tendem a diminuir.

Tabela 01: Comparação entre a rotação e rendimento de florestas de espécies de


fibra curta, 2007.

Espécie Países Rotação (anos) Rendimento m³/ha ano

Eucalipto Brasil 7 35-55

Eucalipto África do Sul 8-10 20

Eucalipto Chile 10-12 30

Eucalipto Portugal 12-15 12

Eucalipto Espanha 12-15 10

Bétula Suécia 35-40 5,5

Bétula Finlândia 35-40 4

Fonte: Associação Brasileira de Celulose e Papel (2007).


30

Salienta-se que é mais vantajoso produzir eucalipto no Brasil, atribuído às

condições naturais e tecnologia. Por isso, esta atividade, vem apresentando

significativa expansão no território nacional, obtendo posição de destaque no setor

produtivo e na balança comercial, dada a crescente demanda interna e externa pelo

produto. O rápido retorno econômico em comparação a outros lugares do planeta,

traduziu-se numa estratégia para o capitalismo.

A Bahia é um dos estados que mais favoreceu a expansão do cultivo de

florestas no país, especialmente na região do Extremo Sul. Nessa, a monocultura do

eucalipto passou a substituir a produção agrícola e bovina para a produção de papel

e celulose. Neste sentido, é relevante compreender a dinâmica de expansão da

atividade silvícola, a fim de identificar as transformações ocorridas, especialmente

no uso da terra, emprego e renda.

2.2 O cultivo de eucalipto no Extremo Sul da Bahia

Desde a época do descobrimento do Brasil vem ocorrendo a ocupação da

região Extremo Sul baiana. No entanto, esse processo, ao longo dos séculos,

passou por sucessivas transformações sociais e econômicas decorrentes da

exploração dos recursos naturais e ocupação de terras.

Desde o século XVI, a exploração de madeira da Mata Atlântica tem sido

intensiva. Mormente, essa configuração sofre mudanças ao final do século XVIII,

início do XIX quando são introduzidos na região o café e o cacau (TEIXEIRA et al.,

2006).

Apesar da dinâmica produtiva local, praticamente, até o século XIX, a região

encontrava-se isolada do restante do estado. As explorações agrícolas eram

esparsas e as áreas produtivas quase inexpressivas, resultantes, basicamente, de


31

núcleos de povoamento do litoral, mas sem integração regional, situação que

perdurou até a década de 1950 (CEI – CENTRO DE ESTATÍSTICA E

INFORMAÇÕES DA BAHIA, 1992).

Porém, a partir da década de 1970 as transformações socioeconômicas na

região são perceptíveis quando se imprime uma nova dinâmica local (FONTES,

2007). A região se integra à economia estadual e nacional facilitada pela

implantação da rodovia federal BR 101, que impulsiona o desenvolvimento regional

(PEDREIRA, 2008). Nessa época, acelera-se o desmatamento da Mata Atlântica,

que foi praticada pelos antigos grupos madeireiros, contribuindo para a devastação

do bioma e criação de áreas para pastagens.

Segundo Alvim (1994), a pecuária extensiva foi a atividade econômica que

mais se expandiu devido ao desmatamento da Mata Atlântica, sendo que essa

atividade, é vista por muitos especialistas e estudiosos, como uma das degradantes

formas de uso da terra, por provocar destruição de ecossistemas ambientais,

através do desmatamento, poluição de recursos hídricos e alto consumo de água,

degradação do solo e contribuem para o aumento das emissões dos gases que

provocam o efeito estufa (DE ZEN et al., 2008).

No cenário nacional, no início da década de 1980, as terras das regiões sul e

sudeste do país encontravam-se ocupadas por “florestas artificiais”, o que favoreceu

o aumento no valor das terras, desencadeando um processo de busca por novas

áreas para expansão das atividades ligadas ao reflorestamento. Além disso, os

incentivos fiscais concedidos pelo governo federal incentivavam a busca por novas

regiões, em especial o nordeste.

Inicia-se assim, nesse período, o ciclo da celulose no Extremo Sul do estado.

A região foi ocupada por grupos madeireiros vindos do Espírito Santo e Minas
32

Gerais que tinham o intuito de expandir suas plantações florestais, vendo na Bahia,

especialmente na região, uma fronteira de expansão que apresentava condições

favoráveis de solo, clima, mão-de-obra barata, e grandes extensões de terras (CAR,

1994; SMARTWOOD, 2004). Instalaram-se na região empresas do setor como a

Bahia Sul Celulose, a Veracel Celulose e a Aracruz Celulose.

Essa época é citada por Pedreira (2004) como “divisor de águas” na história

de ocupação do Extremo Sul, por se configurar na expansão econômica do

capitalismo na região, rompendo seu isolamento, e contribuindo para novas formas

de uso e apropriação do espaço.

Percebe-se então, que a conjunção de fatores favoráveis como a implantação

de acessos rodoviários, concessão de incentivos fiscais pelo governo nas décadas

de 1970 e 1980 para o reflorestamento, estimularam a expansão da cultura do

eucalipto e a introdução de empresas de papel e celulose que passam a atender,

preponderantemente a demanda do mercado externo.

Gonçalves (1992) salienta que a produção de papel e celulose implica na

ocupação intensiva do espaço, contribuindo para a reestruturação de formas sociais,

culturais e economicamente vigentes de produção, organização e recursos naturais.

Essa atividade provocou impactos ambientais, como diminuição da

biodiversidade, degradação do solo e aumento da pressão sobre os recursos

hídricos, além de comprometer a sobrevivência da agricultura familiar local, em

função da ocupação de grandes áreas agricultáveis, inclusive aquelas destinadas à

reforma agrária, terras indígenas e no entorno de Unidades de Conservação da

Mata Atlântica, situadas na Bahia (SANTOS; SILVA, 2004).


33

Esse novo panorama regional mostrou-se sobremaneira diferente da

silvicultura praticada desde o início da colonização, pois intensificou o processo de

devastação da Mata Atlântica (PEDREIRA, 2004).

Atualmente, o cultivo do eucalipto se constitui na atividade mais dinâmica do

Extremo Sul baiano, sendo responsável por importantes mudanças socioprodutivas,

muito embora, as atividades tradicionais como a pecuária, agricultura de

subsistência e a pesca tenham grande importância na estrutura produtiva da

economia regional. Além disso, a atividade turística se configura como pólo de

dinamização e desenvolvimento da economia regional praticada, principalmente nos

municípios litorâneos.

As transformações na ocupação e uso da terra devido ao cultivo de florestas

homogêneas provocaram uniformização da paisagem regional, permitindo à região

sua inserção na dinâmica econômica nacional e internacional através da celulose.

Além disso, essa nova organização espacial, com novas estruturas e tecnologia

implicou em novas formas de trabalho.

Na região, o reflorestamento concentra-se em uma vasta área ao sul do rio

Jequitinhonha e a leste da BR-101, que foram intensamente desmatadas e

ocupadas posteriormente por pastagens e, hoje, pelo reflorestamento com eucalipto,

cultivados nos tabuleiros costeiros e em Latossolos de baixa fertilidade (CAR, 1997).

As plantações de eucalipto vêm se expandindo na região e totalizam uma

área de mais de 300.000 ha, cultivados em sua maioria, em empreendimentos das

próprias empresas de celulose, ou em projetos de fomento florestal com produtores

rurais (AVENA, 2002).

Devido ao uso intensivo do espaço, o reflorestamento provocou mudanças na

estrutura fundiária da região, provocando a concentração de terras, agravando o


34

problema do emprego rural, tendo como conseqüência à saída da população do

campo, resultando num acelerado processo de urbanização regional (CEI, 1992;

INSTITUTO OBSERVATÓRIO SOCIAL – IOS, 2005; MACHADO, 1999; PEDREIRA,

2004).

O Extremo Sul é a região prioritária para a expansão do complexo

agroindustrial da produção de celulose e papel na Bahia, estando inserida nos fluxos

do comércio nacional e internacional, gerando um processo de modernização

econômica no interior do espaço regional (AVENA, 2002; CEI, 1992), formando o

que Pedreira (2004) aponta como “ilhas de modernidade”.

Os fatores que influenciam este crescimento são: as condições naturais e o

valor da produção. O custo da produção de celulose na Bahia é um dos menores do

mundo e o corte do eucalipto pode ser realizado em apenas sete anos. Nos países

de clima frio, onde a indústria florestal esta concentrada, o período de rotação dos

eucaliptos varia de 25 a 80 anos e a produtividade média é de 34 m³. Na Bahia é de

42 m³ chegando a 50 m³ em alguns locais devido às condições de insolação, solo e

pluviometria (SEI, 2002).

Trabalhos como os de Almeida (2006), Almeida et al. (2008), Dias (2001), IOS

(2005), Fontes (2007), Koopmans (2005), Pedreira (2004; 2008), apontam que a

atividade florestal no Extremo Sul, realizada para atender a demanda industrial por

celulose e papel provocou desempregos no campo e êxodo rural, com grande

parcela da população se deslocando para a zona urbana dos municípios.

A monocultura do eucalipto encontrou na região condições plenas de

viabilidade para sua expansão e estará recebendo nos próximos anos investimentos,

tanto do setor público como do privado. Deve-se salientar, que esta é uma atividade
35

altamente concentradora, monopoliza a propriedade da terra, uniformiza a

paisagem, e compromete recursos naturais.

Desse modo, as mudanças ocorridas nas formas de uso da terra nos últimos

anos na região repercutiram em modificações socioeconômicas e ambientais que

precisam ser analisadas, discutidas e avaliadas para entender a atual conjuntura e

(re)organização espacial da região que transformam o seu papel dentro e fora do

estado.

2.3 O SIG como ferramenta de avaliação da dinâmica de uso da terra

As formas de uso da terra implicam necessariamente na utilização de

recursos naturais de uma determinada área geográfica, que podem comprometer

sua qualidade ambiental. Além disso, promovem intensas modificações na

paisagem, principalmente quando estão atreladas a uma grande quantidade de

capital.

O uso intensivo do solo traz preocupações em relação aos impactos

ambientais que são gerados e à conservação dos recursos naturais a curto, médio e

longo prazo (OLIVEIRA, 2001).

As formas inadequadas de exploração da terra implicam na degradação de

recursos naturais, à pobreza e a outros problemas sociais, neste risco encontra-se a

necessidade de avaliação e planejamento da terra (ALVES, 2003)

Nos últimos anos o sensoriamento remoto tem sido utilizado como ferramenta

para levantamento e monitoramento ambiental. Neste contexto, o SIG (Sistemas de

informações Geográfica) serve como mecanismo que possibilita atividades de

avaliação ambiental, permitindo o manuseio de dados e várias combinações de

informações.
36

O SIG permite acompanhar as variações e modificações ocorridas em um

longo período de tempo no uso e ocupação do solo, permitindo elaborar projetos que

tenham como objetivo a conservação de recursos naturais. Possuem potencial de

armazenar e espacializar dados de um determinado fenômeno, além disso,

permitem a manipulação e saída de dados analisados e tratados (PIROLI et al.,

2002).

Segundo Oliveira (2001), o SIG facilita a obtenção e integração de dados da

superfície terrestre, permitindo um acompanhamento da evolução dos usos da terra

e, conseqüentemente, o monitoramento das áreas. Para Santos e Cardoso (2007) o

uso e ocupação da terra são temas essenciais para o planejamento ambiental.

Pacheco (p. 01, 1998) afirma que “o levantamento do uso da terra numa dada

região tornou-se um aspecto fundamental para a compreensão dos padrões de

organização do espaço”.

A aplicação e eficácia do SIG já foi utilizada por diversos autores, dentre eles:

Daniel et al. (2004), ao realizarem o mapeamento de uso da terra na bacia do Rio

Dourados-MS; Nascimento e Garcia (2004) que atualizaram a base cartográfica

referente ao uso da terra e vegetação natural da sub-bacia do baixo Piracicaba-SP;

Oliveira (2006), elaborou o estudo de evolução no uso da terra na bacia hidrográfica

do Rio Água Fria-BA; e Pinto e Lombardo (2003), que elaboraram o mapeamento de

uso da terra e erosão do solo numa pequena bacia do Ribeirão Claro-SP, dentre

outros.

O uso do SIG na realização do trabalho permitiu acompanhar a dinâmica de

ocupação do solo, e as áreas utilizadas com cultivo de eucalipto na região,

identificando as áreas em que a cultura foi instalada, assim como realizar o

cruzamento de informações, observando as atividades econômicas que foram


37

substituídas pela silvicultura e apontar futuras áreas de expansão. Essas

informações são essenciais para o planejamento de uso da terra e ambiental da

área em estudo, uma vez que, não existem trabalhos que abordem esta temática

para o Extremo Sul.

A realização do mapeamento das áreas de plantios de eucalipto da região

possibilitou também o confronto dos dados com a legislação ambiental presente,

verificando se esses ocupam Áreas de Preservação Permanente (APPs), as quais

são instituídas pela Lei 4.771/65 que institui o Código Florestal Brasileiro e a

Resolução CONAMA 303/02 que dispõe sobre parâmetros, definições e limites de

APPs, utilizando como ferramenta o SIG.


38

3 METODOLOGIA

3.1 Área de estudo

A área de estudo compreende a região econômica do Extremo Sul da Bahia,

de acordo com a divisão realizada pela Superintendência de Estudos Econômicos e

Sociais da Bahia - SEI, e localiza-se entre as coordenadas geográficas de 15°45’ a

18°30’ de latitude sul e de 30°50’ a 40°40’ de longitude W.Gr, com uma área de

aproximadamente 30.420 km², representando 5,42% do total do território estadual

(CEI, 1992).

É composta por 21 municípios: Alcobaça, Belmonte, Caravelas, Eunápolis,

Guaratinga, Ibirapuã, Itabela, Itagimirim, ltapebi, ltamarajú, ltanhém, Jucuruçu,

Lajedão, Medeiros Neto, Mucuri, Nova Viçosa, Porto Seguro, Prado, Santa Cruz de

Cabrália, Teixeira de Freitas e Vereda (Figura 01).


39

Figura 01: Mapa da Região do Extremo Sul da Bahia e os seus municípios.


Fonte: Elaborada a partir de SEI (2004).

3.1.1 Caracterização do Meio Físico

3.1.1.1 Geologia e Geomorfologia

A região estudada caracteriza-se geologicamente pela presença dos

Tabuleiros Costeiros, que se constituem em material sedimentar arenoso-argiloso,

de coloração vermelho-amarelada, devido à presença de óxidos de ferro e alumínio,

do Grupo Barreiras, de idade Terciária, assentado sobre o embasamento cristalino,

em toda a faixa costeira de norte a sul.

A Formação Barreiras está em contato com a Planície Costeira do

Quaternário por falésias inativas, e por falésias ativas, estas últimas são

encontradas, onde os Tabuleiros alcançam a linha de costa, podendo ser

observadas no município de Porto Seguro (ANDRADE; DOMINGUEZ, 2002).


40

O embasamento cristalino aparece mais ao interior da região, sendo

caracterizado por rochas de idade mais antiga datadas do Arqueano, Proterozóico e

Paleozóico de diversas composições litológicas/ mineralógicas. Os Depósitos

Quaternários são mais desenvolvidos na Planície Costeira e nos baixos cursos dos

principais rios (CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS – CRA, 2001).

A região é constituída por três grandes compartimentos geomorfológicos:

Planície (subdividida em Marinha, Fluvial e Flúvio-Marinha), onde predominam os

Ecossistemas Costeiros (Restinga e Manguezal), os Planaltos Costeiro e Pré-

Litorâneo, onde estão naturalmente situadas a Floresta Ombrófila Densa e a

Floresta Estacional Semi-decidual, respectivamente (AMORIM; OLIVEIRA, 2007).

As Figuras 02 e 03 apresentam respectivamente, o mapa geológico e

geomorfológico da região do Extremo Sul da Bahia.

Figura 02: Mapa geológico da Região do Extremo Sul da Bahia.


Fonte: Elaborada a partir de SEI (2004).
41

Figura 03: Mapa geomorfológico da Região do Extremo Sul da Bahia.


Fonte: Elaborada a partir de SEI (2004).

3.1.1.2 Clima e vegetação

O clima é caracterizado como tropical úmido no litoral e tropical e semi-úmido

no interior. Os tipos climáticos encontrados segundo a classificação de Köppen é o

Af, tropical úmido sem estação seca definida, e o Am, tropical com duas estações

definidas: uma seca e outra chuvosa (COUTO, 2006). Como pode ser observado na

Figura 04, a umidade diminui no sentido leste-oeste. A temperatura média máxima

encontra-se em torno de 25,5ºC, entre janeiro e fevereiro, e a média da mínima

entre junho e agosto (CRA, 2001).

Devido ao alto índice pluviométrico, a vegetação apresenta-se de forma

exuberante. A região localiza-se no bioma da Mata Atlântica que caracteriza-se por

apresentar grande biodiversidade, abrangendo dois sub-sistemas: a unidade do

sistema natural Floresta Ombrófila, nas áreas mais úmidas sujeitas ao alto teor de
42

umidade do Oceano Atlântico, de pluviosidade até 1.100 mm, onde estão

associados os ecossistemas de restinga e manguezal, e a Floresta Estacional que

apresenta dupla estacionalidade climática devido ao menor índice pluviométrico.

Este bioma encontra-se extremamente ameaçado e só apresenta 7% de sua

cobertura original. No sul da Bahia, esta área se constitui como uma das áreas

mundiais prioritárias para a conservação da biodiversidade devido ao alto índice de

endemismo.

As Figuras 04 e 05 apresentam respectivamente, o mapa de isoietas,

mostrando o índice pluviométrico anual, e de vegetação da região do Extremo Sul da

Bahia.

Figura 04: Mapa de isoietas da Região do Extremo Sul da Bahia.


Fonte: Elaborada a partir de SEI (2004).
43

Figura 05: Mapa de vegetação da Região do Extremo Sul da Bahia.


Fonte: Elaborada a partir de SEI (2004).

3.1.1.3 Pedologia

A condição climática úmida refletiu, sobretudo, na constituição de outros

componentes naturais na região como os solos. A ação climática possibilitou o

desenvolvimento de solos profundos, ácidos e distróficos recobertos pela Mata

Atlântica.

As classes de solos predominantes são a dos Latossolos Amarelos e

Argissolos Amarelos (Figura 06), que são bastante intemperizados, profundos, bem

drenados, pobres em minerais primários, os quais são fornecedores de nutrientes, e

com altos teores de concreções ferruginosas, desenvolvidos principalmente a partir

de sedimentos da Formação Barreiras. Devido à baixa fertilidade natural, necessitam

de adubação e correção de acidez, apresentando em condições naturais, aptidão

agrícola para lavouras e pastagens.


44

Figura 06: Mapa de solos da Região do Extremo Sul da Bahia.


Fonte: Elaborada a partir de SEI (2004).

3.1.1.4 Principais bacias hidrográficas

A área de estudo é composta por quatro grandes bacias hidrográficas, a dos

rios Alcobaça, Buranhém, Jequitinhonha e Mucuri, e engloba parte da bacia do rio

Pardo, que representam um importante potencial hídrico para região (Figura 07).

Segundo estudos do CRA (2001), as bacias hidrográficas do Extremo Sul

dispõem de uma superfície total de 27.053 km², sendo que 44% são constituídas de

terras selecionadas com potencial para prática de agricultura irrigada.

Os usos da água são realizados principalmente, com irrigação, pesca,

abastecimento público, dessendentação de animais, corpo receptor e recreação. Na

região, a disponibilidade e qualidade da água estão diretamente relacionadas aos

usos do solo e da água, nas referidas bacias.


45

Figura 07: Mapa das principais bacias hidrográficas da Região do Extremo Sul da
Bahia.
Fonte: Elaborada a partir de SEI (2004).

3.2 Evolução no uso da terra

Nesta etapa da pesquisa, foi realizado trabalho de campo entre os dias 27 a

30 de setembro de 2008, onde percorram-se 15 municípios da região: Alcobaça,

Caravelas, Eunápolis, Guaratinga, Itabela, Itapebi, Itagimirim, Itamaraju, Lajedão,

Medeiros Neto, Mucuri, Nova Viçosa, Porto Seguro, Prado e Teixeira de Freitas,

com o objetivo de reconhecimento da área, registro fotográfico e coleta de pontos de

uso da terra para verificação das classes de uso da terra e checagem dos mapas,

que foi realizado através de um GPS acoplado a um computador de mão modelo

MioP350, o qual permite o uso de um ArcPad para posterior integração de dados

com o ArcGis. Na Figura 08, pode ser observado o trajeto percorrido durante o
46

trabalho de campo no Extremo Sul da Bahia e os locais de ponto de coleta de dados

referentes ao uso da terra.

BR 101

Figura 08: Trajeto percorrido em campo na Região do Extremo Sul da Bahia.


Fonte: Elaborada a partir de SEI (2004).

Para o mapeamento de uso da terra foram realizados downloads de imagens

de satélite, que são disponibilizadas gratuitamente no site do INPE (Instituto

Brasileiro de Pesquisas Espaciais), na secção DGI (Divisão de Geração de Imagens)

que é responsável pela recepção, processamento e distribuição de imagens dos

satélites Landsat e Cbers.

Foram adquiridas imagens do Sistema Landsat 5 TM (Tematc Mapper),

colorida, bandas 1, 2, 3, 4 e 5 para o ano de 1986, 1997 e 2007, sendo um total de 5

folhas de imagens das órbitas/pontos: 215/71, 215/72, 215/73, 216/71 e 216/72,


47

onde gerou-se mapas na escala de 1:250000. Na seleção das imagens de satélites

buscou-se aquelas que apresentavam a menor cobertura de nuvens para os

períodos selecionados. Os mapas foram elaborados utilizando os Sistemas de

Informações Geográficas (SIGs), por meio dos softwares ArcGis ArcMap 9.2 e o

Erdas Imagine 9.1.

Posteriormente, foi realizada a composição colorida das bandas e o

georreferenciamento das imagens no programa ArcGis ArcMap 9.2, utilizando a rede

hidrográfica da região da base de dados da SEI (2004). No ambiente de trabalho do

software Erdas Imagine 9.1 procedeu-se a coleta de amostras espectrais para a

realização da classificação supervisionada. Este tipo de classificação foi escolhido

devido a grande extensão territorial da área em estudo que possui

aproximadamente, mais de três milhões de hectares. Devido a resolução da imagem

do satélite Landsat 5 (30 m) foram atribuídas a nível de classificação seis classes:

• Matas: estão incluídos nesta categoria os remanescentes florestais,

vegetação secundária, cabrucas, mangues, restingas, áreas que

apresentavam qualquer tipo de cobertura florestal mais significativa;

• Silvicultura: áreas que estão sendo ocupadas pelos extensos cultivos de

eucalipto.

• Pastagens/Agricultura: corresponde a toda área com cultivos, áreas

destinadas à criação de gado bovino, áreas degradadas e abertas pelo

desmatamento;

• Cobertura de nuvens: área que no momento em que foi imagiada apresentava

cobertura de nuvem, o que dificultou a classificação de uso da terra;

• Zona de sombra: área que apresentava sombra devido à cobertura de

nuvens;
48

As amostras espectrais foram submetidas ao processo de classificação de

Máxima Verossimilhança (MV). Para medir a acurácia dos resultados obtidos com a

classificação foi utilizado o Índice Kappa (IK), que varia de 0 a 1, disponibilizado no

soft Erdas 9.1, que mede a quantidade de acertos do mapeamento quando

comparado com o real. A Tabela 02 apresenta os valores que medem a qualidade

relacionada aos resultados estatísticos de Kappa.

Tabela 02: Agrupamento dos valores quanto à qualidade relacionados aos

resultados estatísticos de Kappa.

Kappa Qualidade
< 0,0 Péssima
0,0 - 0,2 Ruim
0,2 - 0,4 Razoável
0,4 - 0,6 Boa
0,6 - 0,8 Muito Boa
0,8 - 1,0 Excelente
Fonte: Landis e koch (1977) apud Valente e Vettorazzi (2003)

Para eliminar pequenas áreas dos mapas, melhorar o aspecto visual e

realizar os ajustes de compatibilização cartográfica entre os níveis de detalhe e

generalização dos mapas finais apresentados, optou-se por utilizar uma área mínima

mapeavel de 0,4 cm² (Figura 09).

A área mínima mapeavel é por definição, determinada pelas menores

dimensões que podem ser legivelmente delineadas no mapa. Para exclusão das

áreas menores que este limite, inicialmente foram identificados o valor em metros

das áreas que no mapa apresentariam 0,4 cm², assim como a escala de trabalho do
49

mapa é de 1:250.0000, as áreas com menos de 25 ha. Esta operação foi realizada

na ferramenta Spatial Analisty do soft ArcGis 9.2. Esta técnica já foi utilizada por

diversos autores como Bastos (2007), Embrapa (2004) Teixeira et al (2006).

Figura 09: Ajuste realizado através da técnica cartográfica de Área Mínima


Mapeável, (a) antes e (b) depois.
Fonte: Dados da pesquisa
50

Após o processo de distinção e separação dos diversos usos, o ArcGis

ArcMap 9.2 calculou, automaticamente, as áreas referentes a cada uso da terra, o

que permitiu a discussão dos dados.

3.3 Delimitação das áreas de APPs de rios e nascentes e mapeamento de uso

por eucalipto em áreas de conflito.

Para a delimitação das Áreas de Preservação Permanente e posterior

verificação do uso da terra com reflorestamento nessas áreas, foram criados buffers

delimitando 50 metros de raio a serem preservados ao redor das áreas de nascentes

e de 30 a 200 metros para as áreas de mata ciliar dos rios no ArcGis ArcMapper 9.2,

conforme a Resolução CONAMA nº 303 de 2002. Posteriormente, realizou-se a

união dessas duas áreas que constituem essa categoria de APP.

No software Google Earth 4.3 (Beta), procedeu-se ao mapeamento manual

dos cultivos de eucalipto somente em imagens disponibilizadas no programa que

apresentavam alta resolução espectral. Estas imagens cobrem uma área de

764.004,06 ha da região.

Após a delimitação dos polígonos de uso da terra com eucalipto no ambiente

de trabalho Google Earth 4.3 (Beta), utilizou-se o software Global Mapper 9.0 para a

conversão dos arquivos de extensão Keyhole Markup Language (*kml) para a

extensão Shapefile (*shp), para serem utilizados e trabalhados no ArcGis ArcMapper

9.2, o que possibilitou o agrupamento das informações e a espacialização do

fenômeno. O Global Mapper permite vizualizar arquivos raster, vetor e de dados de

elevação, além disso ele converte, edita, imprime e permite a utilização de toda a

funcionalidade SIG de sua base de dados (FREIRE; PAREDES, 2008)


51

Esta metodologia foi utilizada pelo fato de que o mapeamento apresentaria

excelente acurácia quando comparada ao terreno real, dando melhor suporte para a

verificação das áreas conflitantes e confiabilidade dos dados. A Figura 10 mostra a

excelente definição das imagens utilizadas nesta etapa da pesquisa.

Figura 10: Imagem de satélite com resolução espectral de 2,5 metros por pixel,
município de Eunápolis-Ba.
Fonte: Google Earth (2009).

As áreas da região que apresentavam disponibilidade de imagens de

satélites de alta resolução e que foram mapeadas podem ser observadas na Figura

11. As imagens utilizadas apresentam datas diferentes em relação ao ano em que

foram tiradas, ou seja, aqui de 2002 a 2008.


52

Figura 11: Imagens de satélites de alta resolução do Google Earth 4.3 (2002 a 2008)
para a região do Extremo Sul da Bahia.
Fonte: Google Earth (2009).

3.4 Modificações sócio-econômicas

Para analisar as transformações socioeconômicas decorrentes da introdução

de cultivos de eucalipto na região, foram realizados levantamentos bibliográficos e

coleta de dados secundários de natureza socioeconômica, junto ao Instituto


53

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), à Superintendência de Estudos

Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) e ao Atlas de Desenvolvimento Humano do

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). As informações

coletadas são referentes aos 21 municípios que compõem a região.

Para verificar as transformações econômicas ocorridas foram considerados: a

estrutura fundiária da região, tomando-se como referência o número e a área de

estabelecimentos rurais no período entre 1970-2006, utilização das terras no período

de 1970-2006, respeitando as séries históricas dos Censos Agropecuários do IBGE,

Produção Agrícola Municipal (PAM-IBGE), produção de celulose no período de

1990-2006, Produto Interno Bruto - PIB municipal de 1999 a 2005, estrutura setorial

do PIB 1999 e 2005, produção agrícola, índices sociais como PIB per capita de 1999

e 2000, Índice de Gini de 1999 e 2000 e IDH dos anos de 1999 e 2000, número de

empregados no campo de 1970-1995/96 e população no período de 1980-2000.

A partir dessas variáveis identificaram-se os impactos socioeconômicos

decorrentes da atividade florestal na região estudada.

3.5 Análise de dados

Devido à extensão territorial do Extremo Sul da Bahia, mais de três milhões

de hectares, e diversidade de atividades econômicas desenvolvidas nos 21

municípios, bem como aptidões de atividades bem definidas, Fontes (2007) propõe

uma divisão da região em três zonas, de acordo com as atividades econômicas

(Figura 12): zona litorânea (celulose e turismo); zona central (pecuária, eucalipto) e

zona oeste (pecuária, café e cacau). Assim, a dinâmica no uso da terra da região é

retratada no trabalho, utilizando-se a forma de agrupamento das atividades

econômicas conforme preconizado por Fontes (2007).


54

O agrupamento dos dados relacionados às atividades ligadas ao uso da terra

dessa forma, traz importantes informações, quando observados a espacialização

dos dados dentro da região, o que permite compreender melhor a dinâmica de uso

da terra e a organização econômica do Extremo Sul da Bahia.

40°30'0"W 39°45'0"W 39°0'0"W

ZONEAMENTO DOS MUNICÍPIOS DO EXTREMO SUL - BA

±
15°45'0"S

15°45'0"S
Itapebi
Belmonte

Itagimirim

Santa Cruz Cabrália

Eunápolis
16°30'0"S

16°30'0"S
Guaratinga
Porto Seguro
Itabela

Jucuruçu

Itamaraju

Itanhém Prado
17°15'0"S

Vereda 17°15'0"S

Medeiros Neto
Teixeira de Freitas
Alcobaça
Lajedão

Caravelas Caravelas
Ibirapuã

Nova Viçosa
18°0'0"S

18°0'0"S

Central
Mucuri
Litorânea

Oeste

0 5 10 20 30 40
Km

40°30'0"W 39°45'0"W 39°0'0"W

Figura 12: Divisão em zonas da Região do Extremo Sul da Bahia.


Fonte: Fontes (2007).
55

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Uso da terra no Extremo Sul da Bahia

4.1.1 Utilização das terras do Extremo Sul da Bahia 1970-1996 (IBGE)

A região do Extremo Sul da Bahia é originalmente composta por dois tipos de

vegetação: a floresta ombrófila e a floresta estacional. A ação humana desenfreada

com o intuito de extrair riquezas naturais da região e conversão de áreas de mata

em terras agrícolas, quase acabou com a cobertura vegetal natural, incluindo as

matas em torno das nascentes e ciliares, e concomitantemente a redução do habitat

natural de várias espécies.

A Mata Atlântica é um hotspots da conservação mundial, um dos mais

importantes pontos de grande biodiversidade e endemismo do planeta e encontra-se

bastante ameaçada, especialmente, no trecho da região do Extremo Sul da Bahia,

onde se localiza o Corredor Central da Mata Atlântica (YOUNG, 2005).

Atualmente, a floresta possui cerca de 7% de sua cobertura florestal original,

totalmente fragmentada em pequenos remanescentes cercados por pastagens,

plantações de cana-de-açúcar, eucalipto, café, entre outros, que são incapazes de

sustentar a biodiversidade que um dia abrigara.

A retirada de madeira na década de 1970 abriu espaço para a expansão da

pecuária que hoje ocupa a maior parte da região. Atualmente, a preocupação é dada

ao avanço das florestas de eucalipto. Este fato é muito bem ilustrado na Figura 13

que retrata a diminuição da cobertura florestal no Extremo Sul da Bahia no período

de 1945 à 1990. As áreas verdes do mapa representam ás áreas de cobertura


56

florestal, e as áreas claras, as que sofreram desmatamento em decorrência das

atividades econômicas que foram desenvolvidas na região.

Figura 13: Processo de diminuição da cobertura vegetal no Extremo Sul da Bahia,


1945-1990.
Fonte: Veracel (2005).

Os dados do Censo Agropecuário de 1970 referentes à utilização da terra

(Tabela 03) revelam que na maior parte da área de estudo predominava o uso da

terra com pastagens (plantadas ou naturais), cerca de quase 1.150.000 ha. A área

utilizada com lavouras (permanentes e temporárias) representavam menos que

6,5% do total. A partir de 1975, observa-se uma redução de 54% nas áreas de

matas, enquanto que as pastagens naturais e plantadas aumentam para 13,3% e

7,2%, respectivamente. Outro crescimento registrado é o de 65,6% nas áreas de

florestas plantadas, e de 25,8% nas áreas de lavouras temporárias. Isso revela a

diminuição das áreas de matas naturais da região em detrimento do avanço das

atividades econômicas.

A redução da área de matas e florestas na região se considerado o período

de 1980 a 1996 foi de aproximadamente 184.485 ha. Em 1980 a área de vegetação


57

natural representava 17,9% da área da região, este valor decresce para 10,6% em

1996, representando uma queda de 49,3%. Se comparado os últimos 26 anos este

dado é ainda mais alarmante, constata-se um redução de 71% da cobertura

florestal, ou seja 467.000 ha, enquanto que as florestas artificiais obtiveram aumento

de 96%, com destaque para 1975, onde a área era de 8.544 ha e em 1980 com a

entrada da eucaliptocultura na região este número sobe para mais de 30.000 ha. Em

1996 esse valor passa para 66.600 ha, menos de 4% do total da região.

Tabela 03: Utilização das terras no Extremo Sul da Bahia, 1970-1996.

1970 1975 1980 1985 1995/96


Uso da terra
Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) %
Lavouras
permanentes 70.183 3,24 60.884 3,08 103.083 4,94 137.908 5,67 84.647 4,71
Lavouras
temporárias 69.600 3,21 93.267 4,71 82.225 3,94 98.213 4,04 50.208 2,79

Pastagens naturais 435.554 20,10 502.577 25,41 747.066 35,82 658.242 27,07 472.934 26,31
Pastagens
plantadas 712.982 32,90 768.170 38,83 535.374 25,67 812.011 33,39 774.740 43,1

Matas e florestas
Naturais 656.513 30,30 354.906 17,94 374.451 17,95 379.383 15,6 189.966 10,57
Matas e florestas
plantadas 2.936 0,14 8.544 0,43 30.760 1,47 53.457 2,2 66.600 3,7
Terras em
descanso e
produtivas não
utilizadas 219.047 10,11 189.809 9,60 212.791 10,2 292.601 12,03 158.500 8,82

TOTAL 2.166.815 100 1.978.157 100,00 2.085.750 100 2.431.815 100 1.797.595 100
Fonte: Censos Agropecuários, 1970, 1975, 1980, 1985, 1996.

As áreas de pastagens em 1980 representavam o uso da terra com maior

área, com cerca de 1.282.440 ha e 61,5% da área da região. Em todos os períodos

analisados, o uso com pastagem tanto natural quanto plantada apresenta a maior

participação, no entanto no período 1980-1996 apresenta uma queda de 2,7% em

sua área e de 15,1% se considerado os anos de 1985-1996, uma redução de

222.579 ha. Esses dados revelam que as pastagens foram o uso dominante no
58

período estudado, no entanto apresentou redução de área em detrimento de outros

usos.

Em 1980 as lavouras representavam 8,9% da área, em 1996 este valor cai

para 7,5%, apresentando uma queda de 27,2%. No entanto, de todos os usos

analisados o que mais apresentou redução foi o uso com matas e florestas naturais.

Vale salientar, que o único uso que apresentou crescimento foi o com florestas

plantadas. Por outro lado, havia ainda na região 8,8% da terras produtivas não

utilizadas.

Os dados acima ratificam as informações apresentadas na Figura 13,

representando os reflexos do desmatamento da Mata Atlântica, inicialmente causado

pela exploração de antigos madeireiros e agropecuaristas e logo depois com o

reflorestamento na década de 1980 (PEDREIRA, 2004).

Segundo a CAR (1997), o desenvolvimento da silvicultura na região Sul deu-

se após a sua inserção no Programa de Zoneamento Florestal do Estado, a criação

do Fundo de Investimentos Setoriais - FISET, em 1972, e a instituição do Plano

Nacional de Papel e Celulose, pelo governo federal, mas somente a partir de 1980

apareceram os primeiros registros da existência de florestas plantadas na região.

A análise compartimentada dos dados de uso da terra por zonas permitem

inferir que em 1970 a maior quantidade de áreas de matas estavam concentradas na

zona litorânea (Tabela 04), contendo 62,1% do total, a que possuía a menor área

era a zona central com 6,7% até por possuir a menor quantidade de municípios.

Vale salientar que a zona litorânea concentra a maior quantidade de áreas de

preservação da Mata Atlântica na região, como o Parque Nacional do

Descobrimento, Monte Pascoal e a RPPN da Veracel.


59

No entanto, os dados são alarmantes quando analisada o comportamento da

cobertura florestal. Nos últimos 26 anos, a cobertura florestal da zona litorânea

diminuiu em 60,4% (floresta ombrófila), e na zona oeste que possui nove municípios,

em 65,01% (floresta semi-decidual). A zona central apresenta aumento das áreas de

matas de 1970 em relação a 1985, devido à criação de alguns municípios, porém

quando comparado ao ano de 1996, apresenta redução de 41,1% (Tabela 04). A

zona litorânea é a que apresenta a maior quantidade de florestas plantadas

apresentando crescimento de 16% entre 1985 e 1996. Essa zona foi a pioneira no

plantio de florestas dentro do Extremo Sul, o que permitiu sua disseminação pela

região.

Tabela 04: Utilização das terras no Extremo Sul da Bahia por zonas econômicas,

1980-1996

Lavouras (ha) Pastagens (ha) Matas naturais (ha) Matas plantadas (ha)
Zonas
1970 1985 1996 1970 1985 1996 1970 1985 1996 1970 1985 1996

Central 35635 44398 24198 267917 220390 269479 30274 52359 30800 337 214 1348

Oeste 37.713 48575 53700 423763 608591 696807 139754 57550 48888 1.257 182 3897

Litorânea 76369 127800 53537 677815 590267 281388 278932 239032 110278 1.342 52989 61355

Fonte: Censos Agropecuários, 1970, 1975, 1980, 1985, 1996.

Os dados de utilização da terra mostram que as atividades econômicas

desenvolvidas na região são resultados de superposição de espaços, as florestas

artificiais avançaram sobre antigas áreas de florestas naturais. Segundo Dias (2001),

a facilidade de circulação de riquezas existentes ou geradas na própria região,

contribuiu de forma decisiva para a redução da cobertura florestal.

Percebe-se que as pastagens agregam o maior número de hectares de terra

para todas as zonas. Houve aumento de 35,8% para este uso na zona oeste entre
60

1970 e 1996, enquanto que para a zona central a área praticamente se manteve

estável e na zona litorânea a queda foi de 58,5%, mostrando que este uso cedeu

lugar ao desenvolvimento de novas atividades como a silvicultura.

Há uma diminuição das áreas com lavouras no período pesquisado (1970-

1996), no entanto para a zona oeste este uso apresenta acréscimo de 42%,

merecendo destaque aí para o cultivo do café.

De modo geral, o uso com pastagens predomina no período analisado para

as três zonas, no entanto apresentou redução de sua área. Apesar disso, quando

comparada essas informações aos dados de efetivo bovino observa-se um aumento

no número de cabeças.

A análise do efetivo bovino da região nos últimos 32 anos realizada através

dos Censos Agropecuários permite inferir que em 1974 o município que possuía o

maior número de cabeças de gado localizava-se na zona oeste, Medeiros Neto com

95.910 cabeças, representando 15,2% do total.

Em 2000, as maiores quantidades de cabeça de gado estavam concentradas

nos municípios de Guaratinga, Itamaraju, Itanhém, Medeiros Neto (zona oeste) e

Teixeira de Freitas (zona central), representando 40,4% do total do efetivo.

Se comparados os anos de 1974 e 2006 nota-se um aumento de 35,5% do

total de cabeças. A maior quantidade é registrada em 2004, sendo um total de

1.842.859 cabeças. Em 2006 registra-se queda de cerca de 4% em comparação a

2004, o que pode estar atrelado ao avanço da silvicultura pela região. No entanto,

observa-se que ao longo desses anos o efetivo bovino do Extremo Sul aumentou

consideravelmente (Figura 14).


61

1.900.000

1.700.000

1.500.000

1.300.000
Nº de animais

1.100.000

900.000

700.000

500.000
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Efetivo bovino

Figura 14: Efetivo bovino, Extremo Sul da Bahia, 1974-2006.


Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (1974-2006)

Em 1975, a zona oeste possuía 666.899 cabeças de gado e concentrava

58,7% do efetivo da região, além de possuir a maior parte de suas terra

concentradas em torno desta atividade. Entre os anos de 1975 e 1980, observa-se

uma queda de 15,4%, 17,4% e 11,5% do efetivo bovino para as zonas litorânea,

central e oeste, respectivamente. Este período caracteriza-se pela introdução das

atividades silvícolas na região. Em 1985, a zona litorânea incrementa em 47% seu

rebanho, enquanto que as outras zonas apresentam queda. No entanto, em 1990

apresenta queda de 26,2%, nos outros anos apresenta aumento do efetivo. Este

fenômeno está atrelado às mudanças que ocorreram nas atividades ligadas ao uso

da terra. Houve nesse período a instalação dos plantios de eucalipto que se

concentraram intensivamente nessa zona. O maior crescimento apresentado foi de

125,5% para a zona central entre os anos de 1980 e 1985. Em 2006 a zona oeste

detinha 62,9% do efetivo bovino da região. Estes dados podem ser observados na

Figura 15.
62

1.200.000

1.000.000

800.000
Nº de cabeças

600.000

400.000

200.000

0
1975 1980 1985 1990 1995 2000 2006

Litoral Central Oeste

Figura 15: Efetivo bovino por zonas, Extremo Sul da Bahia 1975-2006.
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (1975-2006).

A análise dos dados permite aferir que a zona oeste é a que possui a maior

quantidade de efetivo bovino, concomitantemente agrega a maior área com

pastagens para todos os períodos pesquisados. A zona central possui apenas

quatro municípios, no entanto o efetivo bovino é maior que na zona litorânea em

2006, apesar de possuir menor quantidade de área com pastagens. O que se

observa é que na zona litorânea onde se concentra o maior número de plantios de

eucalipto, as pastagens foram perdendo lugar para o reflorestamento. Intensificou-se

o uso do espaço nesta zona em torno das atividades florestais.

Os dados dos Censos Agropecuários são preocupantes, pois mostram que a

única classe de uso da terra que apresentou crescimento foi a com silvicultura, para

todas as outras apresentaram-se quedas. Estes dados revelam que existe uma

diminuição da área da região destinada a produção alimentar, tanto para a produção

bovina como para a agricultura, em detrimento da produção de celulose.


63

O que se observa é que o rural da região apresenta marcas nitidamente

capitalistas, onde o lucro impera, as fronteiras agrícolas encontram-se bem

delimitadas e tendem, em sua maior parte, a convergir para esse processo. O fato

de possuir milhares de hectares destinados a produção de papel e celulose, põe em

risco a segurança alimentar, pois boa parte das terras agrícolas da região deixam de

produzir alimentos. As pessoas estão sendo expulsas do campo por uma

concorrência desleal, aumentando assim, as desigualdades sociais.

Outro dado importante, é que na região, as empresas de celulose

desenvolvem programas de fomento florestal com produtores rurais. As terras

desses produtores são arrendadas para a produção de celulose. A empresa fornece

ao produtor as mudas de eucalipto, insumos e toda a assistência técnica necessária,

e depois compra a sua produção. O tamanho mínimo de propriedades para agregar

ao programa são 50 ha, as propriedades são anexadas as maiores, e as que não

participam deste processo, ficam isoladas em meio aos eucaliptais.

A Aracruz Celulose é uma empresa do setor de celulose da região, e se utiliza

dessa estratégia, em 2007 conseguiu produzir 406.000m³ de madeira através do

programa de fomento florestal, e sua meta para 2008 é 1.100.000m³ (ARACRUZ

CELULOSE, 2008). Isso revela mais uma estratégia das empresas de celulose em

ocupar terras dentro da região e assim aumentar sua produção, consequentemente,

lucros. Esse tipo de estratégia está fomentando a atividades silvipastoris, conforme

foi observado em campo, e é verificado nas imagens de satélite (Figura 16).


64

(a) (b)

Figura 16: Sistema Silvipastoril com Eucalyptus grandis, pastagem e bovinos, Nova
Viçosa – BA; (a) imagem de satélite do Google Earth Beta 4.3 (2006), (b) trabalho de
campo.

Conforme observações realizadas em campo, a fruticultura tem importante

papel no cenário regional, especialmente o cultivo de mamão que merece atenção

especial, pelo fato da região ser responsável por mais de 80% da produção de

mamão do estado, segundo o Censo Agropecuário de 2006. O Brasil é um dos

maiores produtores mundiais de mamão e o estado da Bahia contribui com 48,2%

da produção nacional.

A produção é destinada ao mercado interno e exportação para os Estados

Unidos e Europa. As variedades plantadas são em sua maioria o papaya ou havaí,

esse sucesso deve-se às condições ambientais (solo e clima) que permitem uma

excelente produtividade e qualidade do fruto.

Atualmente na região, existe uma área de mais de 15 mil hectares plantadas

com mamão distribuídas entre 21 municípios, mais de 150 produtores, gerando 25

mil empregos (10 mil diretos e 15 mil indiretos). A principal meta do governo é

investir na geração de tecnologias em fruticultura, melhoramento de cultivares,

manejo em irrigação, e controle biológico para expandir ainda mais as áreas de

mercado (PEIXOTO, 2005).


65

Os dados da Produção Agrícola Municipal, no período de 1990-2006 revelam

que as áreas plantadas e colhidas apresentam grande crescimento durante toda a

década de 1990, no entanto caem consideravelmente após o ano de 2000, voltando

a apresentar crescimento somente em 2006 (Figura 17).

Em 1990 a região possuía 7.388 ha plantados com mamão, saltando para

23.029 ha em 1997, representando um crescimento de 211,7%, voltando a cair em

2006 para 12.679 ha.

30000

25000

20000
Hectares

15000

10000

5000

0
1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006
Área plantada Área colhida

Figura 17: Área plantada e área colhida de mamão, 1990-2006, Extremo Sul da
Bahia.
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (1990-2006).

Em relação à área plantada observa-se uma competição entre eucalipto e

mamão, os dois disputam espaço dentro da região. Nota-se um embate entre a

produção alimentar x produção de celulose. O período compreendido entre meados

da década de 1990 e início do ano 2000, caracteriza-se como auge do

desenvolvimento da eucaliptocultura na região. O mesmo foi observado em campo

e pode ser visualizado na Figura 18.


66

Eucalipto

Mamão

Figura 18: Cultivo de mamão entre cultivos de eucalipto no município de Prado,


Extremo Sul da Bahia.
Fonte: Trabalho de campo, 2008.

Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, os municípios que mais

produzem mamão na região são: Prado, Porto Seguro, Nova Viçosa, Mucuri (zona

litorânea) e Teixeira de Freitas (zona central), responsáveis por 76,2% da produção.

A maior parte da produção concentra-se nos municípios da zona litorânea, sendo o

município de Prado em 2006 com 271.584 toneladas o maior produtor, totalizando

35,5% da produção regional nesse ano. A Figura 19 apresenta a produção de

mamão por zona da região do Extremo Sul da Bahia.


67

700.000

600.000

500.000
Toneladas

400.000

300.000

200.000

100.000

0
1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006
Zona litorânea Zona Central Zona Oeste

Figura 19: Quantidade Produzida de mamão por zonas, 1990-2006, Extremo Sul da
Bahia.
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (1990-2006).

Em relação à produção regional de mamão, esta apresenta-se em pleno

avanço durante a década de 1990 e considerável queda após este período (Figura

20). Vale salientar que a região é um pólo produtor de mamão, está em plena

expansão e encontra investimentos por parte do estado. É positivo, pois está se

incentivando a produção de alimentos na região uma vez que a silvicultura ocupa

grande parte das áreas agricultáveis.


68

900.000

800.000

700.000

600.000
Tonelada

500.000

400.000

300.000

200.000

100.000

0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Quantidade produzida

Figura 20: Quantidade Produzida de mamão, 1990-2006, Extremo Sul da Bahia.


Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (1990-2006)

Além do cultivo de eucalipto, outra monocultura que se destaca na região é a

da cana-de-açúcar. Como se observa na Figura 21, a maior parte está disposta na

zona litorânea e oeste. Atualmente, existem duas grandes usinas de produção

sucro-alcooleira nos municípios de Ibirapoã e Medeiros Neto (zona oeste). Esse

setor no país é promissor, devido a produção de biocombustíveis (etanol), tanto para

a produção para abastecimento do mercado interno quanto para exportação.

O Extremo Sul dispõe de terras e condições edafoclimaticas favoráveis a

produção de cana-de-açúcar, o que a coloca como prioritária para a expansão e

crescimento do setor na Bahia. O governo estadual quer desenvolver a cultura

canavieira nas áreas onde são comprovadas a aptidão agrícola, com garantia de alta

competitividade no mercado externo e interno.

Em relação à produção canavieira os municípios que mais produzem são

Medeiros Neto, Caravelas, Mucuri, Eunápolis e Nova Viçosa, concentrando 80,96%

da produção regional.
69

Os municípios de Eunápolis, Lagedão, Mucuri, Nova Viçosa e Vereda

apresentaram um crescimento expressivo para a produção de cana-de-açúcar no

período investigado (1990-2006), enquanto que Belmonte, Itabela, Porto Seguro,

Santa Cruz Cabrália e Teixeira de Freitas tiveram perdas consideráveis, nestes

municípios, houve um maior crescimento do pólo de celulose. As menores

produções são registradas nos municípios de Itagimirim e Belmonte.

A cultura da cana aliada a eucaliptocultura, envolvendo capital privado e

incentivos governamentais imputa certo dinamismo econômico à zona oeste,

caracterizada pelo desenvolvimento da pecuária no sistema extensivo. A produção

de cana por zonas pode ser observadas na Figura 21.

1.200.000

1.000.000

800.000
Toneladas

600.000

400.000

200.000

0
1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

Zona litorânea Zona Central Zona Oeste

Figura 21: Produção de cana-de-açúcar em toneladas por zonas 1990-2006,


Extremo Sul da Bahia.
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (1990-2006).

Quando comparada a produção regional dos anos de 1990 e 2006, observa-

se um crescimento de 350,3%, isso demonstra a grande expansão deste setor na


70

região (Figura 22). Segundo dados do IBGE, a Bahia tinha em 2006, 106.455 ha

plantados com cana-de-açúcar, sendo 30,3% localizados no Extremo Sul.

Atualmente, a região dispõe de mais de 32 mil hectares utilizados com a cultura

canavieira. Percebe-se que ao contrário da cultura do mamão, a cana-de-açúcar

apresentou um longo processo de maturação e crescimento no período analisado.

2.000.000

1.800.000

1.600.000

1.400.000

1.200.000
Tonelada

1.000.000

800.000

600.000

400.000

200.000

0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Quantidade produzida

Figura 22: Total produzido de cana-de-açúcar entre 1990-2006, Extremo Sul.


Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (1990-2006).

Muitas das áreas que estão ocupadas com cana-de-açúcar atualmente na

região, eram anteriormente utilizadas para pastagens. O emprego de tecnologia e

modernização agrícola produziu novos territórios, como o do cultivo do mamão e

cana-de-açúcar, assim como, o setor de celulose, que encontraram na região

condições favoráveis para sua expansão. Território, aqui entendido, como abordado

por Raffestin (1993) e Souza (2001), que revela relações marcadas pelo poder sobre

o espaço, não se restringindo apenas ao Estado.


71

A cultura canavieira encontra-se em ampla expansão dentro do Extremo Sul

devido às novas exigências do mercado de biocombustíveis. Agora, o espaço

agrário passa a ser disputado pelos agropecuaristas e as empresas de celulose.

A Figura 23 mostra plantios de cana-de-açúcar próximos a de eucalipto,

marcando as territorialidades existentes na região. Nota-se uma espécie de “guerra”

em busca de terras, entre a cana e o eucalipto.

Eucalipto

Cana-de-
açúcar

Figura 23: Plantios de cana-de-açúcar e eucalipto no município de Ibirapuã, Extremo


Sul da Bahia.
Fonte: Trabalho de campo, 2008.

A expansão das atividades ligadas ao setor florestal proporcionou inserção

competitiva da região nos circuitos dinâmicos da economia nacional e internacional

(SOUZA; OLIVEIRA, 2002).


72

As florestas de eucaliptos plantadas durante a década de 1980 começaram a

ser retiradas no início da década de 1990. Em 1991, inicia-se a produção,

destacando até esse momento timidamente os municípios de Alcobaça e Caravelas,

totalizando 349.179 m³ (Tabela 05). Em 1992, começam as produções em Mucuri,

Nova Viçosa e Teixeira de Freitas. Vale ressaltar que estes municípios situam-se na

porção mais ao sul da região, localizados na zona litorânea este são os municípios

de mais antiga ocupação pelo eucalipto, seguindo uma política de expansão das

plantações dos grupos madeireiros localizados no estado do Espírito Santo.


73

Tabela 05: Quantidade produzida na silvicultura em m³, 1990-2000, Extremo Sul da Bahia.

Ano
Município
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Alcobaça - 75.506 325.529 408.296 511.605 395.905 209.948 133.407 1.053.106 973.013 1.135.081 1.319.526 609.386 116.546 350.866 1.502.205 -
Belmonte - - - - - - - - - - - - 41.591 41.591 4.970 110.510 135.707
Caravelas - 273.673 446.347 720.714 474.974 606.086 536.655 565.675 1.872.867 1.216.273 1.487.540 644.469 315.032 1.269.125 808.096 1.971.852 -
Eunápolis - - - - - - - - - - - - 1.044.890 378.157 52.776 783.426 1.754.268
Ibirapuã - - - - - - - 20.091 - 8.403 23.214 2.878 88.879 88.879 62.441 32.572 636.608
Itabela - - - - - - - - - - - - 519.666 519.666 - - -
Itagimirim - - - - - - - - - - - - - - - 365.183 29.129
Itapebi - - - - - - - - - - - - - - 1.766 436 26.466
Mucuri - - 53.321 108.171 11.510 19.700 13.262 596.948 1.245.806 2.204.254 2.643.836 1.186.784 699.199 886.529 1.518.050 4.456.540 1.805.429
Nova Viçosa
- - 301.519 463.098 614.760 691.881 953.620 629.317 513.781 713.822 462.386 463.686 1.327.204 1.678.760 662.609 937.078 837.412
Porto
Seguro - - - - - - - - - - - - 190.971 190.971 767.182 449.794 497.784
Prado - - - - - - 6.431 - - - - 29.198 - - - - -
Santa Cruz
Cabrália - - - - - - - - - - - - 524.241 524.241 816.544 620.555 1.026.211
Teixeira de
Freitas - 6.315 1.344 382 39.194 1.218 30.414 24.296 390 19.392 - 93.387 - - 167.908 248.200
Extremo Sul - 349.179 1.133.031 1.701.623 1.613.231 1.752.766 1.721.134 1.975.852 4.709.856 5.116.155 5.771.449 3.646.541 4.130.689 5.694.465 5.045.300 11.398.059 6.997.214
Bahia 121.707 352.088 1.609.790 1.912.501 2.186.702 2.646.807 2.265.798 2.879.703 5.753.001 5.707.117 11.436.517 5.133.429 5.135.648 6.219.340 5.318.263 11.973.906 7.582.995

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (1990-2006).


74

Na Figura 24, podem ser observados os municípios que possuíam plantações

de eucalipto no ano de 1992, a exceção de Eunápolis e Santa Cruz Cabrália, por

causa dos primeiros investimentos para a implantação da fábrica da Veracel que

começaram em 1992, os demais municípios da região encontravam-se na parte sul

da região.

Figura 24: Municípios com eucalipto no Extremo Sul da Bahia em 1992.


Fonte: Fontes (2007).

Durante a década de 1990, os municípios de Alcobaça, Caravelas, Nova

Viçosa, despontam como os maiores produtores, destacando em 1997, Mucuri que

passa a fazer parte deste grupo quando produz 596.948 m³ de madeira para papel e

celulose.
75

Segundo Fontes (2007) nos anos 90 são oferecidas novas linhas de créditos

pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, para as

empresas reflorestadoras e se intensifica a sua expansão pela região. O que

contribuiu para uma maior produção de madeira, assim como, a produção de

celulose nas unidades industriais.

Quando analisados os dados da Tabela 05, nota-se que os municípios de

Eunápolis, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália começam a despontar junto aos

grandes produtores chegando a 1.044.890 m³ em Eunápolis no ano de 2002. A

produção dos municípios de Teixeira de Freitas e Belmonte se comparado aos

maiores produtores é pequena, mas é possível notar uma certa territorialidade dos

cultivos de eucalipto. É possível constatar que o eucalipto está em processo de

expansão na região do Extremo Sul, tanto em áreas tradicionais como pela

incorporação de novas áreas.

A quantidade produzida de madeira de eucalipto (em tora para papel e

celulose) vem aumentando ao longo do tempo em alguns municípios (Tabela 05),

muito embora possam ser verificados ciclos de produção decorrentes do período de

plantio e corte da madeira, dado que a produção se inicia, na maioria das vezes, a

partir do sexto ano após o plantio.

Dados colhidos junto às empresas de celulose e em Fontes (2007) revelam

que à exceção de Itanhém que possui lei municipal que proíbe o plantio de eucalipto

realizado por empresas, todos os municípios da região possuem plantações de

eucalipto, em sua maior parte, para fins industriais (Figura 25), como muitos deles

são de ocupação mais recente ainda não apresentam produção de madeira

expressiva. O município de Itagimirim apresenta produção somente no ano de 2005

com 365.183 m³ de madeira para papel e celulose.


76

Figura 25: Municípios com produção de eucalipto em 2007, Extremo Sul da Bahia.
Fonte: Fontes (2007).

A Bahia possui ainda três microrregiões que possuem plantios de eucalipto

com fins industrias que são as de: Alagoinhas, Entre Rios e Catu, representando

apenas 12,5% da produção de madeira em tora para papel e celulose no estado.

O Extremo Sul é o grande responsável pelo destaque da Bahia no cenário

nacional em relação à produção de celulose. Quando analisada a produção de

madeira em tora para papel e celulose na região por zona, a zona litorânea sempre

concentrou a maior parte, em seguida a zona central, em decorrência das operações

florestais da Veracel. A zona oeste começa a alavancar sua produção a partir de

2005, como resultado da expansão dos plantios pelos municípios dessa zona

(Figura 26).
77

12.000.000

10.000.000

8.000.000
m ³ d e m a d e ir a

6.000.000

4.000.000

2.000.000

0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Central Oeste ano Litorânea

Figura 26: Produção de madeira em tora para papel e celulose por zona, Extremo
Sul da Bahia, 1990-2006.
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal (1990-2006).

O setor de celulose ainda encontra-se em franca expansão no Extremo Sul,

existem muitas áreas que podem ser ocupadas pelas florestas. A área de influência

de cada uma das empresas instaladas na região pode ser observada na Figura 27.
78

Figura 27: Áreas de influencia do setor de celulose em 2007, Extremo Sul da Bahia
Fonte: Fontes (2007).

A técnica de plantio de eucalipto realizada chama-se paisagem-mosaico, que

significa cultivar somente em áreas planas, nos platôs do relevo (Figura 28). O

plantio mecanizado garante a uniformidade das extensas florestas homogêneas,

reduzindo o percentual de replantio, garantindo a produção de madeira para

abastecer as fábricas de celulose.

Para as empresas multinacionais que estão em operação na região os

recursos naturais funcionaram como fatores de diminuição dos custos na produção e

aumento de lucros, já que, por exemplo, a produtividade, um importante fator,


79

quando considerado o sistema de produção agrícola capitalista, é maior do que em

qualquer parte do mundo, representando uma vantagem competitiva.

Figura 28: Plantio de eucalipto em áreas planas do relevo, Extremo Sul da Bahia.
Fonte: Trabalho de campo, 2008.

4.1.2 Dinâmica de uso da terra 1986-2007

Conforme as informações dispostas na Tabela 06, obtidas através de

imagens de satélite, observa-se que em 1986, no início da eucaliptocultura na

região, a maior parte da terra (69,28%) era ocupada por pastagens, corroborando

com os dados disponibilizados pelos Censos Agropecuários (IBGE).


80

Tabela 06: Uso das terras, Extremo Sul da Bahia, entre 1986 e 2007.

Ano
Categorias de usos da
terra 1986 1996 2007
ha % ha % ha %
Matas 811.301,90 25,33 718.161,62 22,59 652.471,79 20,84
Cultivo de eucalipto
77.932,09 2,40 187.275,73 5,89 365.186,43 11,49
Pastagens/ Agricultura 2.194.662,25 69,28 2.165.558,73 68,12 2.132.379,81 66,76
Cobertura de nuvens
66.074,10 2,06 67.508,27 2,12 19.494,46 0,61
Zona de sombra (nuvens) 29.266,66 0,92 40.732,65 1,28 9.704,52 0,31
Total 3.179.237,00 100,00 3.179.237,00 100,00 3.179.237,00 100,00
Fonte: Imagens Landsat TM 5.

A redução das áreas de matas se considerado o período de 1986-2007 foi de

quase 20%, mais de 150 mil hectares, reduzindo também a participação desse uso

em relação ao total regional, ficando em 2007 com 20,84%. As imagens Landsat

para o ano de 2007 foram as que apresentaram menor cobertura de nuvens.

O cultivo de eucalipto se expandiu pelo Extremo Sul pelo fato de esta região

apresentar já em 1986 severo desmatamento da Mata Atlântica e quase 70% de sua

área utilizada, em sua maioria, com pasto, se constituindo em áreas abertas que

propiciariam o reflorestamento.

Em 1986, as áreas com cultivo de eucalipto representavam apenas 2,40% da

região. Já em 1996, esse valor sobe para 5,89%, representando um aumento de

mais de 140% em apenas 10 anos. Também verifica-se que já em 1986, 72% da

área da região já havia sido convertida em terras agrícolas e em 2007 este valor é

de 79%.

A dinâmica de substituição das classes de uso, pastagem/agricultura e

matas/cacau cabruca para a expansão das áreas cultivadas com eucalipto, continua

a intensificar-se no período 1996-2007, registrando-se nesse período um aumento

de 95% da área plantada.


81

De acordo com dados da Tabela 06 as diferentes tipologias de uso da terra

apresentaram, a exceção do cultivo de eucalipto, uma redução da área ocupada.

Essa foi a única classe que apresentou crescimento para o período analisado (1986-

2007) com 378%. Esse uso avançou pela região ocupando áreas de pastagens e

florestas degradadas (Figura 29), ocupando hoje mais de 360 mil hectares,

representando 11,49% da área da região.

No período de 1986-2007, a categoria pastagens/agricultura apresentou

redução de menos de 4%. De um lado verifica-se que, ao mesmo tempo em que

houve redução da cobertura florestal, estas áreas foram incorporadas às áreas

degradadas e de pastagens, e as mesmas cederam lugar para o avanço da

eucaliptocultura. E de outro, presencia-se o uso da terra com matas e florestas

sofrer maior redução para o período pesquisado, onde concomitantemente, o cultivo

de eucalipto apresenta evidente expansão, ocupando esses espaços (Figura 29).


82

Figura 29: Mapa de uso da terra, Extremo Sul da Bahia, 1986, 1996 e 2007.
Fonte: Imagens Landsat.
83

. A atual configuração sócio-espacial do Extremo Sul da Bahia é explicado pelo

processo histórico de ocupação e povoamento, que no último século esteve

fortemente relacionada com a pecuária.

Neste sentido, vale salientar que o uso com pastagens agrega o maior

número de terras possível, se tornando uma atividade altamente concentradora. A

maior parte do gado ainda é criada no sistema extensivo, onde os animais

permanecem soltos no pasto.

Em trabalho de campo foi observado que as áreas de mata foram e estão

sendo devastadas para a formação de pastagens e que a maioria das áreas com

criação de gado bovino encontra-se totalmente degradada, o que compromete a sua

produtividade e qualidade ambiental, conforme pode ser observado na Figura 30.

Figura 30: Área com pastagens degradadas, Extremo Sul da Bahia.


Fonte: Trabalho de campo, 2008.
84

O cultivo de eucalipto é uma atividade econômica recente no cenário regional,

mas começa a preocupar, pois, o plantio intenso de extensas florestas homogêneas

acaba criando uma pressão muito grande sobre os recursos naturais da região,

especialmente a Mata Atlântica.

O avanço dos plantios de eucalipto incentivam o desmatamento de forma

indireta, quando da especulação criada pelos pecuaristas que vendem suas terras

em áreas de pastos supervalorizadas e se instalam em outras regiões com o preço

fundiário menor, as quais desmatam para formar novos pastos (BATISTA et al,

2006). Joly (2007) afirma que a valorização do hectare na região chegou a 267%.

Cabe aqui colocar dois conceitos citados segundo Martha Jr (2008a; 2008b),

em que, as mudanças nos padrões de uso da terra, em última análise são efetivadas

por duas estratégias: a extensificação, que consiste na expansão da área cultivada e

a intensificação que envolve o aumento da produtividade em áreas já desmatadas.

Verifica-se que na região do Extremo Sul após períodos de grandes

desmatamentos assistiu-se a uma extensificação das atividades agropecuaristas. Ao

passo que, ocorreram os processos de extensificação e intensificação com a

expansão da silvicultura.

No caso específico desse uso da terra, esses dois processos coexistem em

um mesmo espaço e se desenvolvem de formas complementares, as empresas de

celulose precisam atender a uma demanda do mercado capitalista cada vez mais

crescente. Pode se afirmar que o espaço rural regional num curto período de 30

anos, da introdução do reflorestamento, sofreu profundas “mutações” em seus

sistemas produtivos, sendo que ocorreu uma intensificação em capital, através da

intensiva aplicação da técnica e extensificação produtiva, em que houve o avanço de

um uso da terra (eucalipto) em detrimento de outros.


85

Quando analisados os dados de uso da terra, observando sua dinâmica

espaço-temporal através da divisão regional em zonas econômicas, verifica-se que o

processo de extensificação e intensificação para o uso da terra com eucalipto

ocorreram com maior intensidade na zona litorânea, onde na década de 1980

apresentava 91,5% do total de efetivo do plantio de eucalipto da região (Tabela 07),

além de apresentar 62,6% das áreas de mata.

Tabela 07: Uso da terra por zonas econômicas, Extremo Sul da Bahia, 1986.

1986
Categorias de usos da
Oeste Central Litoranea
terra
ha % ha % ha %
Matas 174.893,46 15,07 128.359,62 21,99 508.048,82 35,40
Cultivo de eucalipto
2.429,08 0,21 4.238,29 0,73 71.264,72 4,97
Pastagens/ Agricultura
952.197,74 82,05 441.993,04 75,73 800.471,47 55,78
Cobertura de nuvens
18.218,07 1,57 4.238,29 0,73 43.617,74 3,04
Zona de sombra (nuvens)
12.752,65 1,10 4.843,76 0,83 11.670,25 0,81
Total 1.160.491,00 100,00 583.673,00 100,00 1.435.073,00 100,00
Fonte: Imagens de satélite Landsat.

Em 1986, a zona oeste concentra a segunda maior quantidade de áreas de

mata. Mais de 82% da área dessa zona eram utilizadas com pastagens em 1986,

sendo a que apresentou maior área para este uso da terra. A zona central também

apresentou grande quantidade de áreas de pastagens/agricultura, maior até que a

zona litorânea, e foi a segunda a concentrar a maior quantidade de plantios de

eucalipto.

Em 1996, observa-se redução das áreas de mata para as três zonas (Tabela

08), com destaque para a zona litorânea que perde mais de 42 mil hectares de

floresta. Em conseqüência, aumentam as áreas do uso com eucalipto nas zonas

central (100,2%) e oeste (375%). Em relação a área destinada a


86

pastagens/agricultura, a única zona que apresentou crescimento foi a central de 2%.

Neste ano, a zona oeste continua a concentrar a maior área com pastagens da

região (43,8%).

Tabela 08: Uso da terra por zonas econômicas, Extremo Sul da Bahia, 1996.
1996
Categorias de usos da
Oeste Central Litoranea
terra
ha % ha % ha %
Matas 146.351,82 12,61 106.067,26 18,17 465.742,53 32,45
Cultivo de eucalipto
11.538,11 0,99 8.485,38 1,45 167.252,23 11,65
Pastagens/ Agricultura
947.946,86 81,68 450.937,40 77,26 766.674,47 53,42
Cobertura de nuvens
32.792,52 2,83 10.909,78 1,87 23.805,97 1,66
Zona de sombra (nuvens)
21.861,68 1,88 7.273,18 1,25 11.597,78 0,81
Total 1.160.491,00 100,00 583.673,00 100,00 1.435.073,00 100,00
Fonte: Imagens de satélite Landsat.

Em 2007, o uso da terra dominante para as três zonas ainda é o com

pastagens/agricultura, com destaque mais uma vez para zona oeste que concentra

45,5% da área com este uso (Tabela 09). A zona litorânea é a que possui a menor

participação deste uso com 49,08%. Em comparação ao ano de 1996, A

eucaliptocultura avança e apresenta crescimento em toda região, sendo de 61,5%

na zona litorânea, 420,8% na zona central e 340,2% na zona oeste. A redução da

cobertura florestal foi de 5,6% para a zona litorânea, 15,3% para a zona oeste e

16,1% para a zona central, no período compreendido entre 1996 a 2007.


87

Tabela 09: Uso da terra por zonas econômicas, Extremo Sul da Bahia, 2007.
2007
Categorias de usos
da terra Oeste Central Litoranea
ha % ha % ha %
Matas
123.971,16 10,68 89.004,08 15,25 439.496,55 31,32
Eucalipto
50.797,94 4,38 44.199,30 7,57 270.189,18 18,83
Pastagens/ Agricultura
970.603,47 83,64 447.442,27 76,66 704.334,07 49,08
Cobertura de nuvens
7.861,59 0,68 2.421,88 0,41 10.211,00 0,64
Zona de sombra (nuvens)
7.256,85 0,63 605,47 0,10 10,832,20 0,13

Total
1.160.491,00 100,00 583.673,00 100,00 1.435.073,00 100,00
Fonte: Imagens de satélite Landsat.

Os dados das Tabelas 06, 07, 08 e 09 e Figura 29 permitem afirmar que a

área em questão tem sua paisagem representada por um uso dominante, as

pastagens que se em sua maioria está disposta na zona oeste, com a presença de

numerosos fragmentos florestais que em sua maior parte estão localizados na zona

litorânea, onde também são de maiores dimensões. Os plantios de eucalipto estão

localizados em áreas menos íngremes assentados, em sua maior parte, sobre os

Tabuleiros Costeiros da Formação Barreiras (Figura 02 e 03), o que facilita a

mecanização, além de estarem mais próximos da principal via de escoamento da

produção a BR 101.

4.1.3 Avaliação da exatidão temática do mapeamento

Após a elaboração dos mapas de uso e cobertura da terra da área em estudo

foi avaliada, conforme a metodologia trabalhada por Valente e Vettorazzi (2003), sua

exatidão temática.

Os resultados mostram que para todos os mapas elaborados a sua acurácia

foi considerada como muito boa (0,6-0,8), segundo os dados descritos na Tabela 02,

sendo maior os resultados encontrados para o mapeamento do ano de 1986 (0,664).


88

Na Tabela 10, encontram-se dispostos os resultados encontrados para o Índice

Kappa.

Tabela 10: Resultados estatísticos do Índice Kappa (IK), Extremo Sul da Bahia 1986-

2007.

Ano Índice Kappa


1986 0,664

1996 0,630

2007 0,601

Uma das dificuldades encontradas no mapeamento foi que no momento da

coleta das assinaturas espectrais, observou-se que a resposta espectral das

florestas de eucalipto eram parecidas e muito próximas as de uma mata natural, e

que o intervalo de diferença entre as assinaturas espectrais de uma classe e outra é

pequeno. Além disso, a forma como os plantios são realizados, a proximidade do

eucalipto com a mata contribui para que haja uma confusão entre essas duas

classes (Figura 31), diminuindo assim a acurácia da classificação.


89

Figura 31: Plantios de eucalipto, Extremo Sul da Bahia.


Fonte: Veracel (2005).

4.1.4 Uso da terra em Áreas de Preservação Permanente – APP

As imagens de satélites de melhor definição permitem distinguir classes de

uso da terra e analisar conflitos em Área de Preservação Permanente (APP) com

melhor confiabilidade dos dados. Para a região do Extremo Sul, a disponibilidade

dessas imagens foi verificada nas zonas de concentração das indústrias de papel e

celulose.

A utilização e eficácia do software Google Earth já foi testada em diversos

trabalhos acadêmicos, das diferentes áreas do conhecimento, com destaque aqui

para: Barros et al. (2007) que elaboraram o mapeamento de Áreas Cafeeiras em

imagens de Sensores Orbitais: estudo de caso em Aguanil, Boa Esperança, Campo

Belo e Cristais-MG como suporte a estudos regionais; Campos et al. (2007) fizeram

a Integração do SGBD Oracle Spatial e do Google Earth para disponibilizar

informações relacionadas ao Inventário Florestal de Minas Gerais; Diniz et al. (2007)


90

mostraram a viabilidade da utilização da ferramenta Google Earth na construção de

base cartográfica para ferrovia; Miranda (2006) publicou dados do PROBIO, bioma

Pantanal, no Google Earth; e Scherer et al. (2008) desenvolveram uma classificação

supervisionada aplicada à Imagens de Satélite obtidas através do Google Earth.

O mapa elaborado a partir das imagens do Google Earth dos plantios de

eucalipto no Extremo Sul da Bahia pode ser observado na Figura 32. Foram

mapeados plantios de eucalipto de 2002 a 2008 e em nenhum deles verificaram-se

plantios irregulares desrespeitando Áreas de Preservação Permanente de rios e

nascentes, áreas instituídas no Código Florestal de 1965 e Resolução CONAMA

303/02. As informações produzidas permitem afirmar que os plantios de eucalipto

realizados pelas empresas de papel e celulose não se configuram, neste aspecto,

como um uso conflitante no Extremo Sul da Bahia (Figura 33).


91

Figura 32: Áreas de eucalipto mapeadas através do Google Earth 4.3 (2002 a 2008).
Fonte: Elaborado a partir do Google Earth Beta 4.3
92

Figura 33: Áreas de Preservação Permanente e plantios de eucalipto, Extremo Sul da Bahia.
Fonte: Elaborado a partir do Google Earth Beta 4.3
93

4.2 Caracterização socioeconômica do Extremo Sul da Bahia.

4.2.1 Dinâmica populacional

As transformações sócio-demográficas observadas no Extremo Sul da Bahia

nos últimos trinta anos, são resultados das atividades econômicas desenvolvidas, e

que estão em curso na região. A produção/reprodução sócio-espacial apresenta-se

de forma bastante diversificada na totalidade dos 21 municípios.

Em 1970, a região possuía 16 municípios. Somente em 1991, é que se tem

desenhada a atual configuração regional, com a emancipação dos municípios de

Eunápolis, Itabela, Jucuruçu, Teixeira de Freitas e Vereda.

Nesse mesmo ano, em todos os municípios, a maior parte da população vivia

na zona rural, com destaque para Santa Cruz Cabrália com 93,5% da população,

Porto Seguro 89,1% e Guaratinga 88,8% (Tabela 11). Em média, na região 77,9%

da população residia no campo, um contingente populacional de mais de 324.000

pessoas.

Durante as décadas de 1970 e 1980, observa-se assim, pouca urbanização

dos municípios. Em 1980, a população era de 456.463 habitantes, e dos 16

municípios que continham, apenas Medeiros Neto apresentava população urbana

superior a rural. De 1970 a 1980, se observa tendência à urbanização da região,

pois a população urbana aumenta 26,2%, enquanto que a população total cresce

apenas 8,9%.
94

Tabela 11: População residente por situação de domicílios 1970-2000, Extremo Sul da Bahia.

Total Urbana Rural


Município 1970 1980 1991 2000 2007* 1970 1980 1991 2000 1970 1980 1991 2000
Alcobaça 32323 40212 15410 20900 19840 4018 4532 5464 7446 28305 35680 9946 13454
Belmonte 21070 22556 22070 20032 21479 8126 9994 10860 10806 12944 12562 11210 9226
Caravelas 26027 41170 19763 20103 21150 6609 7105 8932 10332 19418 34065 10831 9771
Eunápolis - - 70545 84120 93984 - - 63540 79161 - - 7005 4959
Guaratinga 33118 30443 25441 24319 22621 3720 7170 9159 10017 29398 23273 16282 14302
Ibirapuã 18458 9801 8290 7096 7534 4262 3428 3413 3918 14196 6373 4877 3178
Itabela - - 20848 25746 25821 - - 13577 18837 - - 7271 6909
Itagimirim 10811 7870 7887 7728 7049 3453 3784 5078 5966 7358 4086 2809 1762
Itamaraju 63938 77678 64308 64144 65327 12050 33109 44449 48037 51888 44569 19859 16107
Itanhém 34745 27675 23225 21334 20636 13164 10873 13060 14090 21581 16802 10165 7244
Itapebi 13786 11063 11078 11126 11520 3487 4597 6396 8542 10299 6466 4682 2584
Jucuruçu - - 16012 12377 10599 - - 1299 1850 - - 14713 10527
Lajedão 7092 4685 3818 3409 3469 1734 1945 1663 1852 5358 2740 2155 1557
Medeiros Neto 29336 27460 23059 21235 21866 14571 14770 15704 16027 14765 12690 7355 5208
Mucuri 16766 15144 17606 28062 33143 2262 2827 4810 18685 14504 12317 12796 9377
Nova Viçosa 17073 18591 25570 32076 34623 3807 6092 9374 24636 13266 12499 16196 7440
Porto Seguro 33108 46300 34661 95721 114459 3588 5725 23315 79619 29520 40575 11346 16102
Prado 31210 26433 22632 26498 25429 5145 6898 9655 14169 26065 19535 12977 12329
Santa Cruz Cabrália 27171 49375 6535 23888 25110 1761 1546 3197 13527 25410 47829 3338 10361
Teixeira de Freitas - - 85547 107486 118702 - - 74221 99128 - - 11326 8358
Vereda - BA - - 8914 7450 7174 - - 961 1276 - - 7953 6174
Total 416032 456463 533219 664850 711535 91757 124395 328127 487921 324275 332061 205092 176929
*Resultados preliminares
Fonte: IBGE - Censo Demográfico (1970, 1980, 1991, 2000 e 2007).
95

Em um período de 30 anos houve crescimento expressivo da população

urbana. Em 1980, a população rural era de 332.061 habitantes, representava mais

de 80% da população total da região, enquanto que a urbana era de apenas 124.395

habitantes. A maior redução da população rural ocorre na década de 1990, quando

houve redução de mais de 51%, quando da expansão das atividades silviculturais.

O aumento da população urbana e redução da população rural ocorrido a partir da

década de 1970 é observado no Brasil como um todo, assim como no estado da

Bahia, e nas principais regiões econômicas como a Região Metropolitana de

Salvador e Litoral Sul (SEI, 2006). No Extremo Sul em especifico, no período

compreendido entre 1980 a 1991, este fato está atrelado também as novas divisões

político-administrativas dos municípios da região com a emancipação de alguns

povoados (SEI, 2003).

Em 1980 eram mais de 450 mil habitantes na região, em 2000 chega a mais

de 660 mil habitantes, um crescimento de mais de 45%, e a população urbana passa

para 487.921 habitantes, cerca de 73,3% da população total do Extremo Sul da

Bahia. Esse número chega a ser 274% maior que a população rural no mesmo

período. Nota-se assim, um acelerado crescimento da população no período de

1980 a 2000 e acentuada migração do campo para a cidade. É neste período que a

região passa a ser alvo da introdução e expansão do reflorestamento, crise da

lavoura cacaueira e a consolidação do pólo turístico que ajudaram a elevar o grau de

urbanização das cidades de alguns municípios. É importante ressaltar que 60% dos

municípios baianos possuem a maioria da sua população na zona rural e que no

Extremo Sul 19 municípios perderam população na zona rural.

Entre 1991 e 2000, 10 municípios apresentaram redução populacional, a

exemplo de Vereda (19,7%), Ibirapoã (16,8%) e Belmonte (10,2%).


96

Os dados do Censo Demográfico de 2000 mostram que a população se

distribui muito irregularmente entre os 21 municípios (Tabela 11) e tem um

contingente populacional de 664.850 habitantes. O Extremo Sul é a sétima região do

estado da Bahia em porte demográfico (SEI, 2003). Quando comparada a população

desse censo com a da década de 1970, observa-se um incremento de 59,8% na

população da região.

Todos os municípios da região ampliaram a quantidade de pessoas vivendo

nas cidades. Os municípios mais populosos em 2000 são Teixeira de Freitas,

Eunápolis e Porto Seguro, e são também os mais urbanizados da região. Os dois

primeiros possuem taxa de urbanização superior a 90%. Verifica-se forte dinamismo

demográfico das cidades, fruto de alterações na lógica de produção do espaço rural

pelo capitalismo.

Os dados da Tabela 11 mostram que a maioria da população vivia na zona

urbana em 2000. Apenas os municípios de Alcobaça, Guaratinga, Jucuruçu e

Vereda possuem a maioria de seus habitantes residindo no meio rural. Os

municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália apresentaram crescimento da

população rural, este encontra-se associado a expansão do turismo, que tem

avançado sobre as áreas rurais destes municípios (SEI, 2003).

Entre 1991 e 2000 houve incremento de cerca de 25% na população total da

região e de 48,7% na população urbana (Tabela 12). Os municípios que

apresentaram o maior crescimento da população urbana foram: Porto Seguro

(241,5%), Santa Cruz Cabrália (323,1%) e Mucuri (288,4%).

O pólo celulósico e turístico que se instalam no Extremo Sul após a década

de 1980 exerceu forte atração populacional, tanto para a população da própria

região, como de regiões próximas, contribuindo para o crescimento das cidades.


97

As principais causas da migração rural-urbana na região originaram-se com a

crise na lavoura cacaueira, além do fomento à instalação e expansão de empresas

ligadas ao setor da celulose e das atividades turísticas dos municípios litorâneos que

passaram a ofertar trabalhos nas zonas urbanas, destacando-se aí o município de

Porto Seguro (FONTES, 2007).

Os impactos do crescimento das atividades turísticas nos municípios de Porto

Seguro e Santa Cruz Cabrália conduziram a proliferação de um conjunto de favelas

na periferia da cidade, onde atraídos por esta atividade, houve a migração de um

grande contingente populacional do estado de Minas Gerais e da região cacaueira

(SEI, 1995).

Tabela 12: Taxa de crescimento da população residente, segundo o domicílio, no


Extremo Sul da Bahia entre 1970 a 2007.

População

Período Total Urbana Rural

Quantidade Taxa de Quantidade Taxa de Quantidade Taxa de


de Crescimento de Crescimento de Crescimento
habitantes (%) habitantes (%) habitantes (%)
1970-
1980 40.424 9,72 32638 35,57 7786 2,40
1980-
1990 76.763 16,82 203732 163,78 -126969 -38,24
1990-
2000 131.631 24,69 159794 48,70 -28163 -13,73
2000-
2007 46.685 7,02 * * * *
*dado não disponível
Fonte: Censos Demográficos (1970, 1980, 1990, 2000, 2007)

Os dados apontam para um decréscimo da população rural, decorrente do

forte processo de urbanização da região, especialmente nas últimas duas décadas.


98

Essas transformações que ocorreram no espaço rural decorreram da expansão da

atividade florestal e agricultura intensiva no uso de capital.

Os dados mais recente do Censo Demográfico de 2007 mostram que os

municípios mais populosos do Extremo Sul da Bahia, são Teixeira de Freitas

(118.702), Porto Seguro (114.459) e Eunápolis (93.984), concentrando cerca de

46% da região. Esses municípios funcionam como atrativos populacionais dentro da

região, em virtude, das atividades econômicas que são desenvolvidas, ligadas ao

setor da celulose e turismo, e por possuir melhor infra-estrutura urbana e de

serviços, se tornando pólos dinamizadores da economia regional.

Entre 2000 e 2007, a região apresenta um incremento populacional de 7%

(Figura 34). Neste período, seis municípios apresentaram redução no número de

habitantes, merecendo destaque, Jucuruçu (-14,4%) e Itagimirim (-8,8%),

demonstrando, a dinâmica migratória no interior do espaço regional. As maiores

taxas de crescimento populacional total foram registradas em Porto Seguro, Mucuri

e Eunápolis com 19,6%, 18,1% e 11,7%, respectivamente. Os dados relacionados à

população rural/urbana do censo demográfico de 2007 ainda não foram divulgados

pelo IBGE.
99

800000

700000

600000

500000
Nº de habitantes

400000

300000

200000

100000

0
1970 1980 1991 2000 2007

Total Urbana Rural

Figura 34: População Total, rural e urbana, Extremo Sul da Bahia, 1970-2000.
Fonte: Censos Demográficos (1970, 1980, 1991, 2000, 2007)

Para Pedreira (2004), as transformações socioeconômicas no Extremo Sul da

Bahia devido à introdução do cultivo de eucalipto implicou em diminuição dos postos

de trabalho no campo e perda da importância do trabalho familiar em função das

novas formas de uso e ocupação da terra que foram utilizadas, forçando a

população a migrar para as áreas urbanas dos municípios e outras regiões da Bahia

e até mesmo outros estados como São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, em

busca de melhores oportunidades de vida.

Portanto, o fenômeno de urbanização na região, está relacionado com perda

dos postos de trabalho ou vagas no campo. Contudo, não se pode afirmar que essa

população tenha sido alocada em outros tipos de trabalho na cidade. Sendo assim,

cabe um questionamento: Quais foram às novas oportunidades de emprego criadas

com a expansão da silvicultura no Extremo Sul da Bahia?

O crescimento populacional acelerado de alguns municípios trouxe como

conseqüência favelização, degradação do espaço urbano e concentração de renda,

criando espaços de exclusão. Além disso, revelam-se problemas relacionados a


100

degradação ambiental das áreas de manguezais devido ao crescimento urbano

sobre essas áreas, carência de infra-estrutura como rede de esgoto sanitário,

abastecimento de água e déficit habitacional.

4.2.2 Estrutura Fundiária 1970/1996

A estrutura fundiária brasileira e baiana apresenta forte concentração das

terras, desde a colonização, marcado por um processo de ocupação e povoamento

baseado na monocultura de grandes propriedades, revestindo-se em grandes

desigualdades e mazelas sociais.

Na região do Extremo Sul da Bahia, berço da colonização brasileira, este

cenário não é diferente. A atual configuração sócio-espacial da região está ligada às

atividades econômicas desenvolvidas que contribuíram para a construção de uma

estrutura fundiária extremamente desigual.

O estudo dessa problemática permite entender o panorama de como o

território regional encontra-se estratificado, tanto em termos de posse como de

utilização, o que também reflete as questões ambientais, mostrando um retrato dos

usos da terra e atividades econômicas desenvolvidas no meio rural que é

responsável por grande parte do capital produzido nos municípios da região.

Os dados do Censo Agropecuário utilizados nesta pesquisa são do período

de 1970/1996, de certa forma apresentam 12 anos de defasagem, quando

observados os processos dinâmicos de inovação tecnológica e implementos no

setor agropecuário que foram imputados a região nestes últimos anos. Neste

momento, está sendo finalizado o Censo Agropecuário de 2006, os dados que já

estão disponíveis encontram-se presentes na análise. Mesmo assim, os dados


101

apresentados se constituem em instrumentos de análise da estrutura produtiva do

Extremo Sul da Bahia.

As formas de uso da terra ao longo desses últimos anos também repercutiram

em transformações e modificações quanto ao número e tamanho das propriedades

uma vez que as empresas do setor de celulose necessitam de uma grande

quantidade de terras produzindo para manter o funcionamento das indústrias. Para a

atividade das empresas foi preciso aglutinar a maior quantidade possível de terra

para suprir a demanda por madeira.

Os dados agrupados das Tabelas 13 e 14 permitem compreender a estrutura

fundiária da região no período de 1970 a 1996. Verifica-se que essas estruturas são

predominantemente concentradas. Os dados do Censo Agropecuário de 1970, já

evidenciavam essa realidade.

Tabela 13: Número de estabelecimentos rurais segundo estratos, 1970-1996,

Extremo Sul da Bahia.

Grupos de Ano

área total
1970 1975 1980 1985 1996
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

Menos de 1.867 9,68 1.375 8,11 3.779 21,57 3.770 20,34 7.594 17,06
10 ha
10 a menos 11.975 62,10 10.242 60,43 9.241 52,74 10.019 54,07 23.964 53,84
de 100 ha
100 a 5.196 26,95 5.004 29,53 4.148 23,67 4.328 23,36 11.720 26,33
menos de
1.000 ha
1.000 a 242 1,26 323 1,91 348 1,99 407 2,20 1.220 2,74
menos de
10.000 ha
10.000 ha 2 0,01 4 0,02 7 0,04 7 0,04 19 0,03
ou mais

Total 19.282 100 16.948 100 17.523 100 18.531 100 44.513 100

Fonte: IBGE/ Censos Agropecuários, 1970, 1975, 1980, 1985, 1996.


102

Tabela 14: Área dos estabelecimentos rurais segundo estratos, 1970-1996, Extremo

Sul da Bahia.

Grupos de Ano

área total 1970 1975 1980 1985 1996


Área % Área % Área % Área % Área %

Menos de 10 8.594 0,39 6.449 0,27 6.303 0,29 13.271 0,55 11.186 0,63

ha

10 a menos de 506.552 22,93 459.984 19,50 359.379 16,36 374.362 15,38 251.112 14,25

100 ha

100 a menos 1.166.631 52,81 1.192.086 50,53 1.052.925 47,95 1.166.208 47,92 843.503 47,85

de 1.000 ha

1.000 a menos 440.192 19,93 614.620 26,05 674.110 30,70 778.920 32,01 558.420 31,68

de 10.000 ha

10.000 ha ou 86.975 3,94 86.118 3,65 103.388 4,71 100.814 4,14 98.410 5,58

mais

Total
2.208.944 100 2.359.257 100 2.196.105 100 2.433.575 100 1.762.631 100
Fonte: IBGE/ Censos Agropecuários, 1970, 1975, 1980, 1985, 1996.

Em 1970 o número dos estabelecimentos rurais com menos de 100 ha

representavam quase 72%, dos estabelecimentos da região. O censo deste ano

também evidencia que os estabelecimentos com mais de 100 ha representavam

28,2% do total, e eram responsáveis por 76,7% da área dos estabelecimentos rurais,

totalizando 1.693.798 hectares. Enquanto que, os estabelecimentos menores que

isso, detinham 515.146 ha, representando 23,3% da área, sendo que a maior parte

do número dos estabelecimentos está enquadrada nessa classe, ou seja, 71,8%. É

considerado aqui, para fins de entendimento, pequenas propriedades aquelas

menores que 100 hectares, médias aquelas entre 100 e 500 ha, e grandes

propriedades aquelas acima de 500 ha.

Em 1975, a concentração de terra torna-se ainda mais evidente, as

propriedades com menos de 100 ha diminuem 19% e perdem 10,4% da área. Nesse

período os estabelecimentos com mais de 100 ha já detinham mais de 80% da área.


103

Em 1980, estas propriedades têm sua área, quando comparada ao censo de 1970,

diminuída em 149.464 ha, ou seja, quase 30%. Por outro lado, o número de

estabelecimentos apresenta um aumento de quase 6%.

Na década de 1980, vários municípios da região são desmembrados e parte

de sua área territorial é perdida para a formação de outros municípios dentro do

cenário regional. Em 1985, observa-se um crescimento da área total abrangida pelo

censo e um aumento de 6% da área de estabelecimentos de 100 ha quando

comparado ao censo anterior, porém a estrutura fundiária apresenta-se concentrada,

com 84% das terras nas mãos de menos de 26% dos proprietários. Quando

considerado os estratos de mais de 1.000 ha são 36% das terras nas mãos de

menos de 2% dos proprietários.

Os estabelecimentos com menos de 10 ha concentraram em torno de 1% da

área da região, porém representavam até 1975 mais de 8% do total das

propriedades da região e após o censo de 1980 mais de 17%. Os estabelecimentos

com estratos menores que 100 ha concentram o maior número de propriedades na

região. No entanto, ao tempo que nunca ultrapassaram 24% da área da região. Por

outro lado, as grandes propriedades, com mais de 1.000 ha nunca representou mais

que 3% dos estabelecimentos, mas sempre concentrou mais de meio milhão de

hectares.

Em 1996, 85% da área da região estava concentrada nas médias e grandes

propriedades, no entanto, detinha quase 1/3 dos estabelecimentos. Nesse período,

há aumento do número de estabelecimentos de menos de 10 ha, no entanto, o

mesmo não é acompanhado por um aumento proporcional da área dessas

propriedades. O que há é uma subdivisão territorial entre os estabelecimentos

menores, ao tempo que os maiores estabelecimentos tiveram sua área ampliada.


104

Analisando o comportamento da estrutura fundiária da região através do

Índice de Gini (Figura 35), observa-se uma expressiva concentração fundiária após a

década de 70. O Índice de Gini é utilizado para analisar desigualdades, neste caso

de distribuição de terras. Varia de 0 a 1, quanto mais próximo de zero maior a

igualdade na distribuição das terras e quanto mais próximo de um, maior a

desigualdade.

A concentração fundiária é preocupante, chegando em 1996 a 0,744. Se

comparado o período de 1970-1996 o crescimento registrado é de quase 30%,

mostrando uma tendência à intensificação do grau da concentração fundiária.

0,8
0,744
0,717
0,696
0,7

0,603
0,6 0,575

0,5

0,4
Índice
de
0,3 Gini

0,2

0,1

0
1970 1975 1980 1985 1995/96
Anos

Figura 35: Índice de Gini Extremo Sul da Bahia.


Fonte: Censos Agropecuários apud Pedreira (2004)

Na década de 1990 devido ao avanço das empresas reflorestadoras

aglutinando terras em torno dessa atividade ocorreu intensificação dos conflitos no


105

campo, destacando aí o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST e o

Movimento Indígena (FONTES, 2007).

Outro dado interessante é observar a forma como a atividade econômica está

agrupada (Tabela 15). O uso com pastagens apresenta-se como uso da terra

dominante, além disso, agrega o maior número de terras possível, se tornando uma

atividade altamente concentradora com 72,8% das terras declaradas, segundo o

censo de 2006.

Em 1996, o número de estabelecimentos com pastagens correspondia a

36,3%, totalizando 73% da área, enquanto que as lavouras (temporárias e

permanentes) detinham apenas 13,8% da área, representando 48,5% das

propriedades.

Os dados preliminares do Censo Agropecuário de 2006 mostram que esse

cenário não é mudado e que apesar de ter registrado uma queda de quase 10% em

sua área total, as áreas com pastagens passam a representar 46,3% dos

estabelecimentos com 72,8% da área da região.

A categoria matas e florestas apresentam crescimento no número de

estabelecimentos, isso pode ser explicado pelo fato do plantio de eucalipto ter se

expandido na região e este censo ainda não divulgou essa categoria em separado

(florestas naturais ou plantadas), não permitindo tirar melhores conclusões deste

dado, apesar de que perdem quase 60 mil hectares em 2006. Até o momento o

Censo Agropecuário de 2006 para o Extremo Sul da Bahia apresenta uma queda de

9,5% na área declarada em comparação ao anterior.


106

Tabela 15: Número de estabelecimentos rurais e área por grupos de atividades


econômicas, 1996-2006, Extremo Sul da Bahia.

Ano
Utilização das
terras 1996 2006
Nº % Área % Nº % Área %
Lavouras
permanentes 5.678 19,71 84.648 4,96 1.670 5,72 149.827 9,71
Lavouras
temporárias 8.291 28,77 117.505 6,89 7.312 25,03 71.475 4,63
Pastagens 10.460 36,30 1.247.657 73,12 13.544 46,36 1.123.834 72,85
Matas e florestas 4.385 15,22 256.567 15,04 6.688 22,89 197.451 12,80
Total 28.814 100,00 1.706.377 100,00 29.214 100,00 1.542.587 100,00
Fonte: IBGE/ Censos Agropecuários 1996-2006.

Diante destes dados, observa-se que embora a concentração de terras seja

histórica na região, a introdução do cultivo de eucalipto contribuiu negativamente

para aprofundar essa desigualdade, impactando principalmente os pequenos

agricultores familiares. Essa informação pode ser corroborada quando analisada

evolução dos dados relacionados à mão-de-obra no campo (Figura 36).

90.000

80.000 80.919
Responsáveis e
membro não
71.766 remunerado da
70.000
família
61.937 Empregado
60.000 59.583 permanente

50.000
Nº de pessoas

Empregado
temporário
40.000

33.278 Parceiros
30.000 30.620
26.647
24.948
20.000 20.960
18.049 Outra condição
13.666 14.063
10.000 9.811
6.830 6.733 7.130
3.136 4.618
3.858
1.546
1.196 835 1.708 1.260 526
0
1970 1975 1980 1985 1996

Figura 36: Número de pessoal ocupado por categoria, Extremo Sul da Bahia, 1970-
1995/96.
Fonte: Censo Agropecuário, 1970, 1975, 1980, 1985, 1995.
107

Pedreira (2008) afirma ainda que

“A ausência de políticas públicas voltadas para setor agrícola regional, em


particular, à agricultura familiar vis-à-vis ao apoio dado à silvicultura, é
também apontada como elemento importante no processo de
reestruturação do padrão produtivo da região” (PEDREIRA, 2008, p. 112).

As transformações na economia da região decorrentes da implantação do

cultivo do eucalipto repercutiram em modificações na estrutura da distribuição da

mão-de-obra no campo, uma vez que a população migrou, para ceder lugar a esta

atividade, desencadeando as migrações rural-urbana, observadas durantes o

período de 1970-2000 (Tabela 11).

A análise da Figura 36 permite concluir que no período de 1970-1985 o

número de empregados permanentes no campo avançou em quantidade e

participação nas atividades, cerca de 365,3%, no ano de 1985 esse número de

trabalhadores continuou aumentando, no entanto a participação diminuiu de 23 para

21%. Em 1996 apresenta uma queda de 56,8% no número de trabalhadores e sua

participação passa a ser de 25%. Isso quer dizer, que o número de trabalhadores

permanentes diminuiu, mas a sua participação agora é maior. Nota-se que nesse

período as atividades ligadas ao setor florestal já estão em franca expansão pela

região, e que a mesma não é acompanhada por um aumento na oferta de

empregos.

Os empregados temporários de 1970 a 1985 apresentaram grande

crescimento saindo de 9.811 trabalhadores em 1970 para 30.620 em 1985,

representando aumento de 312,1%, onde cresceu também a sua participação no

trabalho, passando de 10% em 1970 para 24% em 1985. Já em 1995 o número de

empregados temporários sofreu queda, chegando a 4.618 trabalhadores


108

representando uma queda em relação a 1985 de 663%, reduzindo também a sua

participação para 8%. Esse dado pode estar relacionado ao período de instalação

das empresas e dos plantios, em que após este período os postos de trabalhos são

perdidos (DIAS, 2001).

O número e a participação da categoria responsável e membro não

remunerado da família caiu de 80.919 (81%) em 1970 para 33.278 (59%) em 1995,

respectivamente, representando uma queda de 243% nesse período em número

dessa categoria. A maior parte da queda se deu no período de 1985-95, apenas dez

anos, representando uma queda de 179%.

No contexto agropecuário brasileiro, a agricultura familiar possui papel

importante na produção de alimentos. Agricultura familiar é aqui entendida, como

aquela realizada em estabelecimentos menores que 100 ha e que a mão-de-obra

familiar é maior que a contratada (EVANGELISTA, 2000). Quando cruzados os

dados da Figura 36 e Tabelas 14 e 15, verifica-se a redução do trabalho familiar na

região. O avanço da silvicultura em áreas passíveis de utilização pela agricultura

familiar, tem dificultado a reprodução dos mesmos, concomitantemente, ao processo

expulsão do “homem-rural” (OLIVEIRA, 2007).

Segundo Pedreira (2004), citando um relato de um morador da região, afirma

que à medida que avança o cultivo do eucalipto, passa a existir menos emprego no

campo, tanto temporário, como era o caso dos bóias-frias, como permanente,

afirmando que mesmo aumentando a participação desse último, nas relações de

produção e trabalho, não se faz acompanhar por incremento de oportunidades de

trabalho no segmento agropecuário, em particular a silvicultura.

Analisando o número de empregados no campo no período de 1970-1995/96

(Figura 36), um fato marcante é a perda de importância relativa do trabalho familiar


109

na região, refletindo mudanças que se desencadeiam no caráter da atividade

agrícola desse espaço rural que se expressa pela tendência ao privilégio de relações

de trabalho de caráter mais tipicamente capitalista (SILVA, 1993).

“Da implantação dos empreendimentos industriais de papel e celulose,


trabalhadores do campo sentem-se atraídos em busca de novas
oportunidades de trabalho. No entanto, este trabalhador não consegue se
inserir nas novas atividades, uma vez que são intensivas em capital e mão-
de-obra qualificada. Este, aliás, é um dos fatores que têm contribuído no
avanço de movimentos sociais rurais na região. Afinal estes trabalhadores
e/ou produtores excluídos da lógica capitalista recentemente desenvolvida
passam a fazer parte de graves problemas sociais como a elevação do
desemprego, da favelização urbana e dos índices de violência” (OLIVEIRA,
p. 15, 2007).

Pode-se inferir pela queda expressiva do número da categoria “empregado”

que houve uma redução muito grande dos empregos gerados no meio rural. Todas

as categorias de trabalho no campo apresentaram queda, num total de 44% entre

1970 e 1996 (Figura 36), em decorrência, em particular pelo impacto no campo

gerado pela cultura do eucalipto e pelas novas atividades que surgiram nas cidades

como o turismo. Os dados da Tabela 11 ajudam a entender essa problemática,

quando se observa o crescimento expressivo da população do meio urbano.

4.2.3 Indicadores socioeconômicos do Extremo Sul da Bahia

A expansão das atividades florestais e agroindustriais propiciou uma inserção

competitiva da região nos circuitos dinâmicos da economia nacional e internacional,

criando espaços de modernização e propiciando o seu crescimento (SEI, 2002). As

novas formas de produção do espaço que foram impultadas ao Extremo Sul, nos

últimos trinta anos criaram uma nova dinâmica local que repercutiram em grandes

transformações socioeconômicas no âmbito do espaço regional.

A produção de capital no espaço regional pode ser avaliada através dos

dados referentes ao Produto Interno Bruto (PIB). Observa-se que esses


110

investimentos permitiram mudanças relevantes nesse indicador econômico dos

municípios do Extremo Sul (Tabela 16). Nota-se crescimento do PIB, em todos os

municípios, comparando-se os anos de 1999 a 2005, este se configurou como um

reflexo das atividades econômicas desenvolvidas nos últimos anos.

Tabela 16: PIB Municipal, Extremo Sul da Bahia 1999-2005.

*Variação
1999-
Municípios 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2005 %
Alcobaça 61,3 69,51 93,91 89,26 96,78 89,74 125,52 152,8
Belmonte 38,14 41,63 57,6 58,7 54,5 70,78 82,06 165,6
Caravelas 70,11 81,05 98,9 112,17 123,48 112,01 139,03 144,8
Eunápolis 213,65 212,74 240,42 352,72 411,17 650,24 753,4 335,3
Guaratinga 41,73 52,63 60,34 65,91 67,11 66,86 70,07 107,3
Ibirapoã 18,62 24 33,14 30,18 33,27 31,93 36,73 143,5
Itabela 44,78 50,77 61,76 80,1 103,8 88,81 107,65 196,8
Itagimirim 17,52 21,36 24,86 21,58 26,64 32,17 44,83 215,9
Itamaraju 143,39 161,23 172,33 215,44 240,69 262,54 281,96 142,7
Itanhém 43,27 52,75 57,92 52,64 63,82 67,81 76,92 119,4
Itapebi 46,82 94,47 108,61 68,8 77,43 200,06 158,44 317,7
Jucuruçu 21,37 25,75 29,67 29,49 41,98 39,6 42,27 144,2
Lajedão 17,46 20,94 23 20,49 36,44 19,89 21,1 49,2
Medeiros Neto 59,38 62,48 69,03 77,56 84,74 88,1 95,87 99,3
Mucuri 472,78 477,93 500,9 511,53 611,69 550,39 671,87 75,4
Nova Viçosa 73,89 85,79 107,41 132,44 158,58 138,14 158,3 164,5
Porto Seguro 224,93 232,75 259,04 311,29 370,1 464,26 547,28 200,4
Prado 79,22 95,5 134,85 121,19 164,34 184,68 172,14 168,2
Santa Cruz
Cabrália 50,38 53,89 57,85 59,44 79,32 102,1 103,77 154,3
Teixeira de
Freitas 244,96 278,24 328,47 410,99 467,38 523,14 618,55 211,7
Vereda 20,87 23,79 39,11 29,02 33,66 34,32 29,3 73,3
Extremo Sul 2.004,57 2.219,20 2.559,09 2.850,97 3.346,90 3.817,54 4.337,08 167,1
*Corrigido pela inflação do ano base (1999 e 2005)
Fonte: SEI (2007).

Em 1999, apenas quatro municípios (Mucuri, Teixeira de Freitas, Porto

Seguro, Eunápolis) concentravam 57,7% do PIB regional, Mucuri possuía o maior

montante com R$ 472,8 milhões. Os municípios assinalados são os que mais se

destacam dentro da região em relação às atividades ligadas ao setor florestal e se

configuram como pólos dinamizadores da economia, apresentando maior


111

participação na produção de riqueza em 1999 (Figura 37). Vale salientar que o

município de Mucuri foi o pioneiro na região com a instalação da Suzano Papel e

Celulose que aumentou o valor do PIB municipal. Enquanto isso, os municípios de

Lajedão, Itagimirim e Ibirapuã, possuem os menores valores de PIB e não somam

3% do PIB regional.

25,00

20,00

15,00
%

10,00

5,00

0,00
Itagimirim

Itanhém
Itamaraju

Medeiros Neto

Santa Cruz Cabrália

Teixeira de Freitas
Itapebi

Mucuri
Belmonte

Guaratinga

Ibirapoã

Itabela

Jucuruçu

Porto Seguro

Prado
Caravelas

Eunápolis

Lajedão

Nova Viçosa
Alcobaça

Vereda
Participação no Pib regional em 1999

Figura 37: Participação percentual dos municípios do Extremo Sul da Bahia no PIB
regional, 1999.
Fonte: SEI (2007).

Quando analisada a variação do PIB para os anos de 1999 e 2005 (Tabela

16), observa-se elevado crescimento, principalmente para os municípios de

Eunápolis (335,3%), Itapebi (317,7%) e Itagimirim (215,9%), num curto período de

apenas seis anos.

Embora tenham apresentado crescimento expressivo do PIB para o período

analisado, os municípios de Lajedão e Vereda tiveram a menor taxa de crescimento

em comparação com os outros municípios da região, sendo de 49,2% e 73,3%,

respectivamente, seguidos de Mucuri com 75,4%, o que não significa que esses
112

valores são baixos. Esta é uma das regiões que mais cresce e recebe investimentos

governamentais no estado da Bahia, tal fato está associado ao ciclo produtivo do

eucalipto.

Em 2005, o maior PIB municipal da região foi do município de Eunápolis com

R$ 753,4 milhões, concentrando 17,4% do PIB regional (Figura 38). Neste ano, os

municípios de Eunápolis, Mucuri, Porto Seguro e Teixeira de Freitas concentraram

cerca de 60% da riqueza regional, se configurando como pólos econômicos dentro

da região ligados a atividade turística, comercial e a florestal.

Os municípios de Lajedão, Vereda e Ibirapuã somam apenas 2% do PIB

regional. Esses municípios se localizam na zona oeste da região e as principais

atividades econômicas, apesar da entrada recente do plantio de eucalipto, estão

relacionadas à pecuária no sistema tradicional.

20,00
18,00
16,00
14,00
12,00
10,00
%

8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
Itagimirim

Itanhém
Itamaraju

Medeiros Neto

Santa Cruz Cabrália


Eunápolis

Teixeira de Freitas
Itapebi
Belmonte

Ibirapoã

Itabela

Porto Seguro
Mucuri
Guaratinga

Lajedão

Prado
Caravelas

Jucuruçu

Nova Viçosa
Alcobaça

Vereda

Participação no Pib regional em 2005

Figura 38: Participação percentual dos municípios do Extremo Sul da Bahia no PIB
regional em 2005.
Fonte: SEI (2007).
113

As atividades econômicas que se destacam no cenário regional são

desenvolvidas especialmente no espaço agrário, e têm repercutido nos outros

setores da economia.

Quando analisada a estrutura setorial do PIB dos municípios do Extremo Sul,

dos anos de 1999 e 2005, observa-se que grande parcela do PIB regional

concentra-se no setor primário da economia. Isso demonstra que os setores

industrial e de serviços são pouco desenvolvidos e que as atividades econômicas

têm como base principal as atividades desenvolvidas no meio rural.

No ano de 1999 eram seis municípios da região que possuíam mais de 50%

do PIB concentrado no setor primário da economia e um total de oito, em que este

setor era o maior arrecadador de capital. Os três municípios que mais concentraram

o PIB no setor primário, neste período, foram Lajedão, Vereda e Caravelas com

67,2%, 61,7% e 56,8%, respectivamente.

No entanto, a maioria dos municípios da região produz a maior parte de sua

riqueza no setor de serviços, sendo um total de 11 municípios, destacando-se

Teixeira de Freitas e Eunápolis com aproximadamente 66%, sendo considerados

centros comerciais que polarizam os demais municípios da região. O município de

Porto Seguro tem participação de 63,8% no setor de serviços, impulsionada

principalmente pelas atividades turísticas.

Em relação ao setor secundário destaca-se Mucuri com 73,2%, alavancada

pela presença da Bahia Sul que possui a maior unidade industrial integrada e

produtora de papel e celulose do país. Os dados da Tabela 17 mostram a

distribuição da estrutura setorial do PIB para o ano de 1999.


114

Tabela 17: Estrutura Setorial do PIB municipal, Extremo Sul da Bahia, 1999.

Setores
Município
Agropecuária Indústria Serviços
Alcobaça 51,31 8,03 40,68
Belmonte 36,58 13,82 49,60
Caravelas 56,85 10,55 32,59
Eunápolis 12,23 22,00 65,77
Guaratinga 49,09 7,47 43,44
Ibirapoã 55,16 6,77 38,06
Itabela 33,55 9,91 56,54
Itagimirim 45,52 8,60 45,89
Itamaraju 30,83 14,66 54,51
Itanhém 42,24 10,70 47,06
Itapebi 26,34 47,59 26,07
Jucuruçu 56,74 3,74 39,52
Lajedão 67,18 3,47 29,35
Medeiros Neto 29,06 19,33 51,61
Mucuri 8,39 73,18 18,43
Nova Viçosa 32,88 12,73 54,38
Porto Seguro 7,89 28,25 63,87
Prado 49,99 9,69 40,32
Santa Cruz Cabrália 22,17 29,40 48,43
Teixeira de Freitas 10,20 23,69 66,11
Vereda 61,72 4,77 33,51
Extremo Sul 37,42 17,54 45,04
Bahia 9,39 39,65 50,96
Fonte: SEI (2007)

Quando observados estes dados para o ano de 2005 (Tabela 18), verifica-se

que após seis anos essa realidade é modificada em muitos municípios. Dos 21

municípios, 19 apresentaram crescimento no setor de serviços, destacando-se

Lajedão, Ibirapuã e Mucuri com taxas de crescimento de 41,1%, 40,8% e 28,8%,

respectivamente.

Porto Seguro, Teixeira de Freitas e Itamaraju possuem a maior porcentagem

do PIB concentrado no setor terciário em 2005 com 78,2%, 76,9% e 64,2%, sendo

que já nesse período eram 13 municípios com a maior parte do PIB concentrado no

setor de serviços.
115

Tabela 18: Estrutura setorial do PIB Extremo Sul da Bahia, 2005.

Setores (%)
Município
Agropecuária Indústria Serviços
Alcobaça 50,01 7,36 42,62
Belmonte 23,59 23,69 52,71
Caravelas 58,70 4,81 36,50
Eunápolis 8,41 26,59 65,00
Guaratinga 38,07 8,95 52,98
Ibirapuã 39,23 7,17 53,60
Itabela 24,59 12,81 62,60
Itagimirim 44,72 7,54 47,74
Itamaraju 25,46 10,34 64,20
Itanhém 30,38 9,43 60,19
Itapebi 5,82 75,60 18,58
Jucuruçu 56,70 4,79 38,51
Lajedão 52,64 5,95 41,42
Medeiros Neto 19,90 19,24 60,86
Mucuri 18,06 58,20 23,74
Nova Viçosa 27,30 13,55 59,14
Porto Seguro 7,52 14,23 78,25
Prado 54,91 6,57 38,51
Santa Cruz Cabrália 23,77 14,15 62,08
Teixeira de Freitas 5,47 17,59 76,94
Vereda 51,92 6,37 41,71
Extremo Sul 31,77 16,90 51,33
Bahia 8,60 32,16 59,24
Fonte: SEI (2007)

O maior crescimento do PIB no setor primário foi registrado pelo município de

Mucuri com 115,3% no período 1999-2005, no entanto só concentra 18,1% do PIB

nesse setor (Figura 39). Dezessete dos vinte e um municípios apresentaram queda

no setor primário, sendo o setor que apresentou a maior queda.


116

150

100

50
%

Itagimirim

Itamaraju

Medeiros Neto

Santa Cruz Cabrália


Itanhém

Itapebi

Mucuri

Teixeira de Freitas
Belmonte

G uaratinga

Ibirapuã

Itabela

Jucuruçu

Porto Seguro

Prado
Caravelas

Eunápolis

Lajedão

Nova Viçosa

Bahia
Extremo Sul
Alcobaça

Vereda
-50

-100
Setor Primário Setor Secundário Setor de Serviços

Figura 39: Taxa de crescimento do PIB municipal por estrutura setorial 1999-2005,
Extremo Sul da Bahia.
Fonte: SEI (2007).

Para a região, esses dados assinalam as características desse processo.

Apesar de possuir a maior parte da população vivendo na zona urbana dos

municípios, o Extremo Sul da Bahia, possui grande parcela de seu PIB produzido no

setor primário, uma atividade industrial pouco desenvolvida.

A estrutura setorial do PIB tanto para o ano de 1999 como para 2004

evidenciam a importância dos setores primários e terciários na composição do PIB

regional.

O PIB per capita é o resultado da divisão do PIB produzido pela população

total. Para a presente pesquisa, este dado contribui para a análise da situação social

e ajuda a avaliar o desempenho econômico dos municípios da região.

Na Tabela 19, tem-se o valor do PIB per capita da região em 1999 e 2004.

Verifica-se que o impacto do crescimento do PIB total em relação à população foi


117

mais expressivo em Itapebi (428%), Jucuruçu (205,6%) e Eunápolis (198,7%), a

região como um todo apresentou crescimento de 122,3%.

Tabela 19: Produto Interno Bruto per capita, Extremo Sul da Bahia 1999 e 2004.

PIB per capta *Variação


1999-2004
Município 1999 2004 %

Alcobaça 2.963 4.899 81,6


Belmonte 1.895 4.433 156,9
Caravelas 3.497 5.498 72,7
Eunápolis 2.559 6.961 198,7

Guaratinga 1.712 4.572 193,3


Ibirapuã 2.604 6.212 162,0
Itabela 1.755 3.474 117,4
Itagimirim 2.265 5.321 158,0
Itamaraju 2.235 4.186 105,7
Itanhém 2.020 4.328 135,3
Itapebi 4.208 20.229 428,0
Jucuruçu 1.704 4.741 205,6
Lajedão 5.094 11.132 140,0

Medeiros Neto 2.786 4.532 78,7


Mucuri 17.138 24.337 56,0
Nova Viçosa 2.325 4.435 109,5
Porto Seguro 2.420 2.911 32,1
Prado 3.010 5.967 117,7
Santa Cruz Cabrália 2.181 2.300 15,8
Teixeira de Freitas 2.300 3.710 77,2
Vereda 2.776 6.407 153,5
Extremo Sul 3.307 6.695 122,3
Bahia 3.230 6.350 115,9
*Corrigido pela inflação do ano base (1999 e 2004).
Fonte: SEI (2007)

No ano de 1999 as maiores rendas por número de habitantes eram dos

municípios de Mucuri (R$ 17.138), Lajedão (R$ 5.094) e Itapebi (R$ 4.208). A alta

renda per capita para o primeiro deles justifica-se pela atividade florestal direcionada
118

a indústria de celulose e seu pequeno contingente populacional, esta mesma

informação vale para os dados do PIB per capita de 2004. Os dois últimos (Lajedão

e Itapebi) são municípios que se localizam na zona oeste da região, em que a maior

parte da riqueza é produzida em atividades tradicionais, como a pecuária extensiva,

e apesar de possuírem uma das maiores rendas da região e maior até que a média

estadual neste período, se justificam pelo fato de possuírem baixo contingente

populacional. A entrada do reflorestamento é recente nesses municípios.

Os dados agrupados da Tabela 19 revelam que a região como um todo

apresentou renda per capita maior que a média estadual (R$ 6.350) em 2004, esta

que é baixa se comparada à média nacional de um país subdesenvolvido (R$

9.729). Os municípios que apresentaram valor superior a essa média estadual

foram: Mucuri, Lajedão, Itapebi, Eunápolis e Vereda.

Os dados sinalizam para a situação de pobreza em que os municípios se

encontram. No entanto, quase todos eles conseguiram melhorar este índice em mais

de 40% no período analisado (1994-2004), a exceção de Porto Seguro (32,1%) e

Santa Cruz Cabrália (15,8%).

O PIB per capita é um índice que ajuda a entender a realidade social e

econômica de uma determinada localidade, no entanto ele pode ajudar a mascarar a

realidade social por se tratar de uma média, escondendo desigualdades sociais.

O aumento do PIB total e per capita nesses municípios não significa que a

população se beneficiou de maneira uniforme com tal crescimento e que houve uma

mudança no padrão de vida na região. Ademais, à exceção de poucos municípios,

todos os outros municípios apresentaram PIB per capita inferior à nacional em 2004

(Tabela 19).
119

A partir da análise do PIB total per capita (utilizada como uma proxy da renda

da população) fica evidente a situação de pobreza que esses municípios se

encontram. Nota-se que as atividades econômicas presentes foram incapazes de

promover o desenvolvimento social eqüitativo para a população do Extremo Sul da

Bahia. A atividade florestal não provocou um impacto social positivo equivalente ao

montante de capital empregado, o que pode, em certa medida, ser confirmado pelos

valores de IDH e Índice de Gini dos municípios da região, Tabelas 20 e 21,

respectivamente.

Tabela 20: Índice de Desenvolvimento Humano, Extremo Sul da Bahia, 1991-2000.

Variação 1991-
Municípios 1991 2000 2000 (%)
Alcobaça 0,506 0,637 25,89
Belmonte 0,493 0,618 25,35
Caravelas 0,488 0,667 36,68
Eunápolis 0,607 0,704 15,98
Guaratinga 0,485 0,593 22,27
Ibirapoã 0,570 0,673 18,07
Itabela 0,524 0,637 21,56
Itagimirim 0,509 0,633 24,36
Itamaraju 0,556 0,650 16,91
Itanhém 0,574 0,673 17,25
Itapebi 0,505 0,636 25,94
Jucuruçu 0,448 0,583 30,13
Lajedão 0,561 0,639 13,90
Medeiros Neto 0,591 0,682 15,40
Mucuri 0,525 0,690 31,43
Nova Viçosa 0,548 0,658 20,07
Porto Seguro 0,590 0,699 18,47
Prado 0,512 0,665 29,88
Santa Cruz
Cabrália 0,560 0,688 22,86
Teixeira de Freitas 0,598 0,698 16,72
Vereda 0,522 0,597 14,37
Extremo Sul 0,540 0,650 22,07
Bahia 0,590 0,688 21,89
Brasil 0,696 0,766 21,72
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano - 2000
120

Tabela 21: Índice de Gini, Extremo Sul da Bahia 1991-2000

Município Índice de Índice de Variação 1991-


Gini, 1991 Gini, 2000 2000

Alcobaça 0,58 0,57 -1,72


Belmonte 0,54 0,60 11,11
Caravelas 0,51 0,74 45,10
Eunápolis 0,65 0,64 -1,54
Guaratinga 0,68 0,54 -20,59
Ibirapuã 0,51 0,55 7,84
Itabela 0,65 0,57 -12,31
Itagimirim 0,58 0,60 3,45
Itamaraju 0,64 0,57 -10,94
Itanhém 0,56 0,57 1,79
Itapebi 0,52 0,54 3,85
Jucuruçu 0,48 0,63 31,25
Lajedão 0,65 0,61 -6,15
Medeiros Neto 0,56 0,64 14,29
Mucuri 0,55 0,61 10,91
Nova Viçosa 0,54 0,63 16,67
Porto Seguro 0,66 0,64 -3,03
Prado 0,51 0,70 37,25
Santa Cruz Cabrália 0,60 0,65 8,33
Teixeira de Freitas 0,60 0,63 5,00
Vereda 0,60 0,57 -5,00
Extremo Sul 0,58 0,61 6,45

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, 2000

Esses dados podem evidenciar o impacto do crescimento do PIB sobre a

população, através do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Índice de Gini

utilizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Esses índices servem como medida para identificar o nível de desenvolvimento

econômico de regiões. Sabe-se que quanto maior for o IDH e a renda per capta de

um município e menor o Índice de Gini, maior tende a ser o desenvolvimento social

da região.

Os 21 municípios apresentaram avanços no IDH, essa tendência foi

observada para grande parte dos municípios brasileiros. Na Tabela 20, verifica-se
121

que, as menores taxas de crescimento do IDH, comparando-se os anos de 1991 e

2000, ocorreram nos municípios de Lajedão, (13,9%), Vereda (14,4%) e Medeiros

Neto (15,4%), enquanto as maiores taxas foram encontradas nos municípios de

Caravelas (36,7%), Mucuri (31,4%) e Jucuruçu (30,1%). Os municípios de Alcobaça,

Belmonte, Itapebi e Prado também cresceram com percentual entre 25 e 30%.

Embora seja observado um crescimento no IDH em todos os municípios

pesquisados, os mesmos, ainda encontram-se abaixo da média nacional (0,766) no

ano de 2000. Os municípios de Teixeira de Freitas, Santa Cruz Cabrália, Porto

Seguro, Mucuri e Eunápolis, apresentaram valores iguais e/ou acima da média

estadual. Com base na Tabela 20, verifica-se ainda que em 1991 apenas três

municípios (Eunápolis, Medeiros Neto e Teixeira de Freitas), apresentaram IDH

acima da média estadual.

A desigualdade na distribuição de renda na região é grande na maior parte

dos municípios ultrapassando 0,50 (Tabela 21). No período analisado (1991 e 2000)

apenas oito municípios apresentaram diminuição na desigualdade de renda, sendo a

maior queda registrada em Guaratinga com 20,6%. Ao contrário, os municípios de

Caravelas, Prado e Jucuruçu foram os que mais apresentaram concentração no

período investigado, sendo de 45,1%, 37,2% e 31,2%, respectivamente. Quando

analisada a região como um todo, observa-se uma concentração de 6,4%.

Isso significa que a maior parte dos municípios apresentaram concentração

de renda e aumento das desigualdades sociais no período analisado. Esse quadro é

o reflexo das atividades econômicas que estão sendo desenvolvidas no espaço

regional, que ao mesmo tempo produz grande quantidade de capital e

desigualdades socioeconômicas. Nota-se que as atividades desenvolvidas não

conseguem conciliar crescimento e desenvolvimento, o que talvez não seja o


122

interesse. Aumentou a renda, melhorou as taxas de analfabetismo e longevidade, no

entanto, a desigualdade quanto à distribuição de renda aumentou como revela o

Índice de Gini em 6,4%.

A análise dos indicadores socioeconômicos revela aumento na produção de

riqueza dentro da região, no entanto, não mostra tendência à redução das

desigualdades.
123

5 CONCLUSÕES

A partir da presente pesquisa, foi possível verificar que a dinâmica de uso da

terra que se estabeleceu na região do Extremo Sul da Bahia foi à substituição de

áreas de matas e pastagens para dar lugar para desenvolvimento da silvicultura. As

áreas ocupadas com matas e florestas naturais foram as que apresentaram a maior

redução no período analisado. A cobertura florestal da região foi reduzida, em sua

maior parte, para ceder lugar para o desenvolvimento das pastagens e mais tarde do

cultivo de eucalipto. A maior parte da terra da região encontra-se concentrada em

torno das atividades pecuaristas, no entanto as áreas de uso com reflorestamento

foram as que apresentaram maior crescimento da área ocupada. Como

conseqüência disso, verificou-se a presença de uma estrutura fundiária que tornou-

se ainda mais concentrada em torno dos grandes estabelecimentos.

De modo geral, o cultivo de eucalipto foi ocupando inicialmente os municípios

mais ao sul da região do Extremo Sul e posteriormente, avançando por toda zona

litorânea, cultivados sobre os Tabuleiros Costeiros de condição climática mais úmida

e chuvas bem distribuídas, assentados sobre os Latossolos e Argissolos Amarelos,

o que permitiu maior produtividade e expansão dos plantios na região. Com a

instalação de plantios em 1992, para atender as demandas da fábrica da Veracel em

Eunápolis, ocupa a zona central e mais tarde se dissemina pela zona oeste.

O SIG mostrou-se como uma ferramenta eficiente para o levantamento de

dados referentes ao uso da terra, sendo de interesse fundamental para a

compreensão dos padrões de organização do espaço.

A análise dos dados socioeconômicos dos municípios objeto da pesquisa e

que desenvolvem o cultivo do eucalipto, permitem afirmar que o crescimento e a

consolidação das atividades ligadas ao pólo celulósico não contribuíram para a


124

melhoria da qualidade de vida da população. O atual quadro de desenvolvimento

econômico da região, expresso principalmente pelas desigualdades sociais, é fruto

dos usos da terra que se desenvolveram, da concentração de renda e estrutura

fundiária existentes na região, e que tem ligação direta com a celulose. Tal assertiva

pode ser corroborada pelos valores do IDH, que, na maioria dos municípios,

encontra-se abaixo da média estadual e nacional e do Índice de Gini que aponta

para um aumento das desigualdades sociais.

O que se pode afirmar, é que, a implantação do seguimento de celulose na

região provocou a concentração fundiária, diminuição no número de empregados no

campo e do trabalho familiar, que resultou em um processo intenso de êxodo rural e

uma reorganização socioeconômica, onde a população migrou buscando novas

oportunidades de trabalho. Como conseqüência acentuou-se a urbanização num

curto espaço de tempo, que implicou em incremento populacional nas cidades dos

municípios, degradação ambiental e desorganização urbana, produzindo favelas.

A região do Extremo Sul da Bahia está em pleno processo de transformação

e consolidação de uma atividade econômica que gera grande volume de capital.

Pelos dados apresentados, acredita-se que a zona oeste seja uma área prioritária

para a expansão dos plantios de eucalipto na região, uma vez que possui, vastas

áreas de pastagens, em sua maioria degradadas, que podem ser reflorestadas.

O mapeamento das áreas de eucalipto através das imagens do Google Earth

4.3 (Beta) permitiu afirmar que as empresas de papel e celulose da região estão

respeitando os limites estabelecidos pelo Código Florestal de 1965 e Resolução

CONAMA 303/02, para as APPs de rios e nascentes, contribuindo de certa forma

para a preservação e manutenção de recursos naturais.


125

A região precisa de formas de uso das terras agrícolas compatíveis com a

proteção e melhoria do ambiente, da paisagem, dos recursos naturais e da

população de forma geral.


126

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