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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS GRADUAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA E LINGUÍSTICA

ALINE GREGÓRIS REIS


ANDREA RODRIGUES DOS SANTOS GUIMARÃES
MELISSA CALDERARO GUIMARÃES

ANÁLISE DOS CRITÉRIOS: MORFOLÓGICOS, SEMÂNTICOS E SINTÁTICOS EM


LIVRO DIDÁTICO

RIO DE JANEIRO – RJ

2018
INTRODUÇÃO

Sabe-se que o livro didático possui grande importância na educação brasileira


como política pública, e é, em grande parte do país, principal instrumento de ensino
utilizado em sala de aula pelos professores. Cabe, certamente, ao professor, o
direcionamento adequado no uso desse material, a fim de gerar discussões e
proporcionar que o aluno seja um sujeito ativo na construção de conhecimento. É
dentro desse contexto que analisaremos o livro didático de William Roberto Cereja e
Thereza Cochar Magalhães, intitulado “Português Linguagens”, no aspecto de como
as classes gramaticais de nossa língua são abordadas para o aluno.
O presente livro “Português Linguagens”, faz parte de uma coleção tradicional
e muito popular nas escolas do Rio de Janeiro. O objeto de análise nessa seção é
dividido em quatro unidades temáticas. Cada uma delas é composta por quatro
partes, sendo três capítulos e uma última parte chamada de “Intervalo”. Os capítulos
possuem as seções “Estudo do texto”, “Produção de texto” “A língua em foco”, “De
olho na escrita” e “Divirta-se”.
E é dentro da parte “A língua em foco” que o presente artigo pretende girar,
uma vez que o foco do presente trabalho está na análise das definições gramaticais
que os autores conceituam aos alunos em seu livro didático. Veremos que abordam
uma gramática que, sem abrir mão de alguns conceitos da gramática normativa,
envolve exercícios de um mínimo de metalinguagem, como: substantivo, verbo,
pronome, adjetivos e etc., alarga o horizonte dos estudos da linguagem, apoiando-se
nos recentes avanços da linguística e da análise do discurso.
1. A METODOLOGIA USADA NO LIVRO DIDÁTICO EM ANÁLISE

Para Perini (1996, p.32) “uma gramática, enquanto descrição de uma língua é
na verdade um conjunto de hipóteses, mais ou menos bem fundamentadas”. O
estabelecimento de classes para os vocábulos é parte dessa tarefa descritiva. Para
tornar essa descrição coerente, é preciso que critérios sejam estabelecidos.
Inicialmente, é necessário o agrupamento das palavras conforme traços em comum,
ou seja, de acordo com características morfológicas, sintáticas ou semânticas.
Posteriormente, a classificação se faz em função de objetivos. Se temos, por
exemplo, um objetivo descritivo, a taxonomia estará em função de descrever a
ordem dos termos no sintagma nominal. Perini (1996) nos esclarece sobre este
assunto ao afirmar: Os critérios de classificação possíveis são infinitamente
variados, e a seleção de critérios se faz em função dos objetivos da classificação. O
mesmo conjunto de elementos será classificado diferentemente caso mudem os
objetivos. (PERINI, 1996, p.310)
Dessa forma, faz-se necessário que o critério classificatório esteja relacionado
ao objeto classificado e seja relevante, relevância que depende do objetivo da
classificação, podendo este variar de acordo com a necessidade. E, o que vemos,
no presente livro, são critérios voltados para o significado dentro de um contexto de
aprendizagem que ele pretende seguir, como por exemplo: “ a classificação das
palavras em categorias como um fim em si mesma”, “ a mudança de postura em
relação à língua (eliminando por exemplo a noção de erro e inserindo a noção de
adequação, ou abrindo espaço para refletir sobre as variedades linguísticas)”.
Assim, os autores afirmam aos professores que adotarem tal material didático:

Quanto aos estudos linguísticos, esta obra mantém o


princípio de que o caminho para a renovação do ensino de língua e,
principalmente, de gramática, não implica uma ruptura com os
conteúdos histórica e culturalmente adquiridos, como, por exemplo,
substantivo, sujeito, concordância, etc. O esforço da obra consiste em
dar um novo tratamento a esses conteúdos, que passam agora a ser
vistos pela perspectiva semântica, da estilística, da linguística e da
análise do discurso. (CEREJA, 2014. p.3).
Em relação à temática que será abordada no presente artigo, é válido
ressaltar que, para classificar as palavras, é necessário usar critérios que levem em
conta a significação (critério semântico), a função sintática (critério funcional) e o
comportamento no que se refere à flexão e formação de palavras (critério formal).
(DUARTE; 2003).

1.1 - ABORDAGENS DAS CLASSES GRAMATICAIS NO INTERIOR DO LIVRO

Primeiramente, faz-se necessário saber que tal obra didática aborda


conteúdos de Língua específicos para cada ano. Logo, cada exemplar de 6º ao 9º
ano abrange as devidas classes gramaticais e seus respectivos exercícios de
fixação de acordo com o plano de curso de cada ano escolar implantado pelo MEC.
Sendo assim, acabam não abrangendo todas as dez classes gramaticais em apenas
um exemplar. Dessa forma, começaremos com as análises dos registros das classes
gramaticais pelos livros do 6º ano, 7º ano, 8º ano e 9º anos, consecutivamente.

 1º Exemplar: Português Linguagens, volume 6.

O primeiro livro didático aborda sobre as seguintes classes gramaticais a


serem observadas: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome e o verbo(I).

1- Substantivo

O livro inicia a discussão sobre a classe dos substantivos construindo um


conceito da nomenclatura através de exercício com tirinha do Conde Drácula e, em
seguida, introduz ao aluno tal conceito: “Substantivos são palavras que nomeiam
seres-visíveis ou não, animados ou não, ações, estados, sentimentos, desejos e
ideias”.
Utiliza o poema “O canto”, de Fernando Pessoa, para fixar a ideia de
substantivo.
Existem diferentes tipos de substantivo. Alguns nomeiam pessoas ou
sentimentos. Alguns são constituídos por uma só palavra, outros por duas ou mais
palavras. São organizados por suas características.

Substantivo é a classe de lexema que se caracteriza


por significar o que convencionalmente chamamos
objetos substantivos, isto é, em primeiro lugar,
substâncias (homem, casa, livro) e, em segundo
lugar, quaisquer outros objetos mentalmente
apreendidos como substâncias, quais sejam
qualidades (bondade, brancura), estados (saúde,
doença), processos (chegada, entrega, aceitação)
(BECHARA, 2009, p. 112, grifo nosso).

Nesse sentido, ao levando em conta todos os critérios descritivos da língua


detalhados acima por Perini no presente trabalho, nota-se que os autores William
Cereja e Thereza Cochar fizeram o uso dos critérios semânticos e morfológicos, uma
vez que trabalharam com a ideia do significado para defini-lo e o morfológico, ao
apresentar o conceito através da nomenclatura tradicional da NGB “substantivo”.
Logo após tal conceito, categorizam os substantivos de acordo com a sua
formação ou, melhor, estrutura: em simples, composto, primitivo/derivado, comum/
próprio, concreto/abstrato e o coletivo, de acordo com a gramática tradicional da
língua.
O presente livro aborda também as classificações de tal classe gramatical de
acordo com o gênero, número e o grau (aumentativo/ diminutivo). Neste momento,
os autores fazem o uso do critério morfológico, levando em conta que a presente
classe em análise sofre as flexões descritas acima e, consequentemente, são
apresentadas ao aluno para que tomem conhecimento delas.
2- Pronomes

São palavras que substituem os nomes ou acompanham um nome,


principalmente o substantivo.
Quando os pronomes são empregados no lugar de substantivos citados
anteriormente no enunciado ou implícitos na situação, dizemos que eles são
pronomes substantivos. Por exemplo, na frase “Se você não prender o tuim, ele vai
embora”, a palavra ele é pronome substantivo, porque está no lugar de tuim.
Na frase “O pardal não sabia que um menino mirava sua cabeça”, a palavra
sua, pelo fato de acompanhar o substantivo cabeça, é pronome adjetivo. Os
pronomes adjetivos transmitem a noção de posse, de quantidade indeterminada, de
localização espacial ou temporal, entre outras.

Classificação dos pronomes

Existem seis tipos de pronomes: os pessoais, os possessivos, os


demonstrativos, os indefinidos, os interrogativos e os relativos.

Pronomes pessoais

Em toda situação de comunicação, há três pessoas envolvidas, chamadas


pessoas do discurso. São elas:
 O locutor (quem fala): primeira pessoa: eu(singular) ou nós (plural).
 O locutário (com quem se fala): segunda pessoa: tu (singular) ou vós (plural);
 O assunto (de quem ou do que se fala): terceira pessoa: terceira pessoa: ele
(singular) ou eles (plural)

Para indicar essas três pessoas que participam das situações de comunicação,
empregando os pronomes pessoais.
Os pronomes oblíquos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las quando
são empregados após formas verbais terminadas em r, s ou z e as formas no, na,
nos, nas quando são empregados após fonemas nasais (am, em õe, etc). Observe:
Vamos enviar os postais agora?
Vamos enviá-los agora?

Contraponto

Atualmente, alguns especialistas defendem a inclusão de você, vocês e da


expressão a gente entre os pronomes pessoais, pelo fato de essas palavras, cada
dia mais, estarem sendo utilizadas, respectivamente, em lugar de tu, vós e nós.
No passado, o pronome pessoal vós, por exemplo, era empregado com maior
frequência do que hoje e servia para alguém se dirigir de modo cerimonioso tanto a
uma única pessoa quanto a um conjunto de pessoas. Nos dias de hoje, seu uso se
restringe a situações muito formais, como em textos jurídicos, bíblicos e políticos. No
lugar dele, emprega-se o pronome de tratamento você ou vocês.
Vós sabeis como sinto vossa falta.
Vocês sabem como sinto sua falta.
Nas últimas três décadas, o uso do pronome tu também entrou em declínios por
influência da televisão, que geralmente prefere a forma você a tu.
Tu sabes como sinto tua falta.
Você sabe como sinto sua falta.

Pronomes de tratamento

Toda vez que interagimos com outras pessoas por meio da linguagem, esta
varia de acordo com a situação. E nem sempre temos consciência disso. Se nosso
interlocutor é, por exemplo, um amigo íntimo, de nossa idade, temos uma forma de
tratá-lo; se é uma pessoa mais velha, temos outra; se é um desconhecido ou uma
autoridade, temos outra ainda.
Essas diferenças manifestam-se de várias formas: no vocabulário, na
entonação da fala, na altura da voz, nas formas como nos dirigimos ao interlocutor,
etc.
Para tratarmos nosso interlocutor com respeito, com cerimônia ou com
informalidade, empregamos pronomes de tratamento, que são palavras e
expressões como senhor, senhora, vossa senhoria, vossa excelência e você, entre
outras.

Pronomes possessivos

De acordo com a obra didática analisada, os pronomes possessivos são


aqueles que indicam relações de posse às três pessoas do discurso:
Pronomes demonstrativos

William Cereja e Thereza, em seu livro, definem que pronomes


demonstrativos são aqueles que situam os seres, no espaço, no tempo ou no próprio
texto, em relação às três pessoas do discurso:
São estes os pronomes demonstrativos, referentes às três pessoas do
discurso:

3- Adjetivos

Inicialmente, os autores do livro utilizam uma foto, de Valéria Almeida, para


trabalhar a referida classe gramatical. Além de fazer uma sondagem sobre os
conhecimentos prévios dos alunos em relação ao tema.
A partir das abordagens iniciais demonstradas acima, percebe-se que o livro
enfatiza, pelo menos em primeiro plano, o critério semântico, fazendo com que os
alunos atribuam características aos elementos da imagem. Sendo assim, realizam a
construção dos sentidos a partir do texto não verbal.
Logo após as perguntas, os autores aplicam o conceito de adjetivo,
informando que “todas as palavras usadas para responder as perguntas anteriores,
desempenham papel importante de caracterizar os seres”. Menciona ainda, que
adjetivo é a palavra que modifica o substantivo, indicando: cor, tamanho, espessura,
qualidades e etc. Com base nesse segundo conceito, os autores fazem uso do
critério sintático, uma vez que postulam que o adjetivo é a palavra que modifica o
substantivo.
Os autores fazem uso de mais um exercício para fixar os critérios semântico
e sintático. Dessa vez, utilizando uma imagem de propaganda do filme Piratas do
Caribe, os autores do livro ressaltam a questão da locução adjetiva. Vejamos:
Por fim, o livro apresenta as classificações dos adjetivos.

Observa-se que os autores não apontam o critério morfológico. Até fazem


uso de exemplos com singular e plural, masculino e feminino, porém, não destacam
esse critério. Conceituam a classe dos adjetivos apenas semântica e sintaticamente.
4- O numeral

Ao construir o conceito, os autores inicialmente lançam ao aluno leitor uma


tirinha exemplificando o uso do numeral. Logo depois, vem um exercício inicial a
respeito da interpretação do gênero abordado e, então definem numeral como “a
palavra que expressa a ideia de quantidade ou de posição numa determinada
sequência” (CEREJA, 2014.p.199).
Nota-se de fato, que não é levado em conta, nesse caso, o critério sintático,
uma vez que a ordem nem a sua nomenclatura sintática aparecem na descrição
dessa classe gramatical. O que é observado, logo em primeira instância, é o critério
semântico, ou seja, o sentido expresso daquele vocábulo em relação ao contexto
usado que o conceitua como numeral.
Em seguida, aparecem as subclassificações dos numerais, também
apresentadas com exemplos que comprovam o critério semântico usado para defini-
los. Vejamos as suas disposições visuais:
5- Verbo (I)

Os autores do livro fazem uso do gênero história em quadrinhos na primeira


abordagem sobre verbos.
Após os quadrinhos, o livro traz dois questionamentos:

1) Em qual das falas esse verbo está conjugado e é empregado por meio de
uma forma simples, ou seja, com uma única palavra?

2) Nessas situações, em quais tempos estão as formas verbais?


Vejamos que nas perguntas acima os autores do livro trabalham,
primeiramente, com o critério morfológico. Visto que, este tem relação com a flexão
de tempo, pessoa, número e modo.
Assim ocorre na maior parte dos exercícios do livro Português Linguagens,
do 7° ano de escolaridade, o foco no critério morfológico.
Adiante, o livro traz a estrutura do verbo e nomeia as partes do mesmo em: radical,
vogal temática e desinências, sendo assim, mais uma vez, fixando o critério
morfológico.
Na parte dos exercícios, há um especificamente, que trata de um poema de
Mário Quintana.

Uma das perguntas em relação ao poema diz o seguinte: Que relação há


entre essas formas verbais e as ações do menino?
De certo, os autores fazem uso do critério semântico, uma vez que
pretendem que o aluno correlacione as relações de sentido entre as palavras e as
ações do menino.
O critério sintático não foi percebido no livro, pois, em momento alguns os
autores citaram conceitos pertencentes ao mesmo.
6-Artigo

A abordagem inicial sobre a classe dos adjetivos é apresentada de uma


propaganda que contém elementos verbais e não verbais. Vejamos a ilustração:

A propaganda em questão pertence à Fundação Ação Criança, entidade


responsável por um programa beneficente, que visa combater a desnutrição infantil.
Inicialmente, Cereja e Thereza levam o aluno a refletir sobre o plano de
expressão e plano de conteúdo da imagem, perguntando qual a finalidade do
anúncio, qual público alvo e quais as relações que os elementos não verbais têm
com o autor do anúncio.
Apenas a pergunta abaixo dá início ao contexto da classe gramatical dos
artigos. Vejamos:

A partir dessa proposta, o livro trata do critério morfológico, através do


seguinte conceito:

No decorrer do capítulo, os autores apresentam a flexão e classificação dos


artigos e, mais uma vez, observamos a presença marcante do critério morfológico.
Um dos exercícios apresentados volta-se, em parte, para o critério semântico,
levando o aluno a contextualizar a classe gramatical em poema.
Os demais exercícios e abordagens voltam-se para o critério morfológico,
portanto, não foi observado o critério sintático nesta classe de palavras.

>>2° Exemplar: Português Linguagens, volume 7.

O segundo exemplar aborda as seguintes classes gramaticais: o advérbio,


verbo (II) e a preposição. Ao mesmo tempo começa a trabalhar sobre conceitos
sintáticos: os tipos de sujeito, o verbo de ligação, o predicativo do sujeito, o adjunto
adnominal, o adjunto adverbial, a transitividade verbal, critérios esses que não são
nossos focos no presente trabalho.

7- O Advérbio
Dentro do mesmo parâmetro que o livro do 6º ano apresenta, os autores
iniciam o estudo da classe dos advérbios apresentando ao aluno um poema
intitulado ”Lisboa: Aventuras”, de José Paulo Paes, juntamente com perguntas
iniciais sobre interpretação e significado no contexto. “Após isso, aborda a parte do
“Conceituando” sobre algumas classificações circunstanciais do advérbio e, abaixo,
define-o como: “A palavra que indica as circunstâncias em que se dá a ação verbal.”
E gira em torno da ideia que a palavra expressa naquele contexto, ou seja, mais
uma vez faz-se o uso do critério semântico. É interessante que os autores ressaltam
a palavra semântica propositalmente em negrito, cujo objetivo é dar ênfase ao que
pretendem transmitir e construir no saber de seu aprendiz.
Vejamos sua disposição visual para tal definição:
8- Verbo (II)

O conteúdo sobre verbos continua na edição do 7° ano com abordagens


mais complexas no que tange o critério morfológico, pois abrange tempos verbais
não trabalhados anteriormente.
O último exercício da unidade trabalha o critério semântico e sintático através
do folheto abaixo.
Com base na imagem do folheto, os autores do livro propõem o seguinte
exercício:

Postula-se, então, que no exercício proposto, o aluno é incentivado a levantar


hipóteses sobre o conteúdo do folheto, desta forma, abrange o critério semântico,
visto que é necessário correlacionar os verbos destacados com os elementos do
objeto em análise.
O critério sintático fica em evidência quando os autores citam sobre verbo
auxiliar da locução verbal pode fazer (questão 2, letra A).
A unidade que menciona, mais profundamente, o critério sintático é que
possui o título: A concordância do verbo com o sujeito.
No exercício a seguir, os autores têm uma proposta interessante, que leva o
aluno a refletir sobre a concordância do verbo para completar o texto com as formas
corretas dos verbos propostos.

Os autores ainda mencionam, mesmo que rapidamente, sobre o verbo de ligação.


O conceito de verbo de ligação aqui apresentado, corresponde à
fundamentação do critério morfológico apenas.

9- A preposição
Os autores introduzem o grupo classificatório das preposições apresentando
ao leitor uma tirinha de Fernando Gonsales, que também deseja mostrar, em sua
interpretação, a ambiguidade de sentido por meio de um vocábulo “espada”. Logo de
início, percebe-se que entra em cena o critério semântico usado para trabalhar
ambiguidade lexical e apresentar também a descrição da nomenclatura da presente
classe, ao dizer logo abaixo, na parte do “Conceituando” que a preposição é “uma
palavra que liga duas outras palavras, de forma que o sentido da primeira é
completado pela segunda.”
Há, indiretamente o uso do critério morfológico da língua inserido na
presença do vocábulo “palavra” no conceito, que traz para o leitor uma reflexão
breve dessa definição através da organização estabelecida pela concordância de
gênero e número entre os vocábulos “ palavra”, “que” , “duas” e “palavras”.
Tirinha usada para conceituar a classe da Preposição:
Após mostrar o conceito ao aluno, os escritores do livro didático apresentam,
de acordo com a gramática tradicional da língua, as classificações das preposições
em: Combinação e Contração, sempre acompanhadas de exercícios que
apresentam a gramática vinculada ao texto e não apenas solta num exercício formal.
Abordam também os valores semânticos das preposições, que é encaixado logo
após o exercício de aplicação, dando ênfase ao significado das preposições de
acordo com um contexto preestabelecido. Também, antes de mostrar
tradicionalmente as subclassificações das preposições, lança ao leitor outra tirinha
para que possa internalizar o sentido da classe, como aparece abaixo:

>>3° Exemplar: Português Linguagens, volume 8.

O terceiro exemplar aborda a classe gramatical da conjunção e segue na


linha do estudo sintático, abordando sobre o complemento nominal, o aposto, o
vocativo, os tipos de predicado, a transitividade verbal, entre outras funções mais.
Vale reiterar que o foco do presente trabalho pauta-se somente na análise das
classes morfológicas e não em suas abordagens sintáticas.
10- A conjunção

Os autores iniciam a definição de tal classe gramatical também por uma


leitura inicial de um poema “Canção para um homem e um rio”, de Marina Colassant,
com três perguntas sobre o texto em relação aos valores semânticos nele expressos
das conjunções.
Com isso, apresenta ao leitor o “Conceituando” através de um pequeno texto
introdutório sobre a ideia que uma conjunção apresenta num período. Afirmam que
as orações se relacionam umas com as outras por meio de uma palavra ou
expressão que as liga. Essa palavra ou expressão é chamada de conjunção. As
relações e as circunstâncias que as conjunções estabelecem são uns fatores
responsáveis pela textualidade, ou seja, elas contribuem para que um texto seja
coerente e coeso, e não uma sequência de palavras ou frases sem ligação umas
com as outras.
Definem também que as conjunções relacionam também termos semelhantes
da mesma oração. Abordam os dois seguintes exemplos:

Depois de os exemplos acima descritos na obra, concluem a gramática


conceituando Conjunção como a palavra ou expressão que relaciona duas orações
ou dois termos de mesmo valor sintático.
Nesse momento, além do critério semântico, entra em cena o critério sintático,
reforçado pelas nomenclaturas de orações e valor sintático, que correspondem a
uma nova estrutura (de organização de vocábulos e suas respectivas funções no
período formado) já adquirida e organizada no intelecto do aluno.
Logo após esse conceito, eles vêm classificando as conjunções dentro de
exemplos de estruturas sintáticas. Fazem o uso, portanto, do critério sintático no
intuito de estruturar a conjunção e seus valores sintáticos de acordo com suas
posições ao contexto discursivo. Vejamos as classificações estabelecidas para o
aprendizado do aluno:
10- A interjeição

A classe das interjeições não foi encontrada em nenhum exemplar do 6º ao 9º


anos analisados. É um caso peculiar a se descobrir o porquê de não serem
abordadas tais palavras que pertencem ao grupo das interjeições, uma vez que é a
classe de palavras que mais dialoga com o discurso oral e escrito, este tanto
defendido pelos próprios autores no início de cada obra paradidática ao professor.
CONCLUSÃO

De acordo com pesquisas e análises realizadas nos livros didáticos Português


Linguagens, observamos que os autores enfatizam o caráter linguístico do gênero
textual, inserindo os conceitos e exercícios gramaticais no próprio texto.
William Cereja e Thereza Chocar abordam uma estratégia fundamentada na
construção do conhecimento e nele, o professor tem papel de estimulador desse
processo. Este também é responsável pela crítica às informações coletadas,
incentivando os educandos a rever e problematizar os conceitos apresentados.
De fato, não observamos o critério sintático em evidência, mas sim o
morfológico, através das definições das classes gramaticais, e o critério semântico,
presente em quase todos os textos e exercícios propostos pelos autores.
Constatamos que os critérios (semântico, morfológico e sintático) não seguem
uma metodologia precisa quando apresentam cada classe de palavra, ora
enfatizando inicialmente por um tipo de critério, ora por outro. Esta é uma
particularidade de grande parte dos livros didáticos da atualidade, porém, ainda
muito criticada.

O que se pode verificar, em suma no presente artigo, é que o livro didático em


análise tenta “fugir” das nomenclaturas e definições tradicionais da língua, dando
exemplos e promovendo reflexões ao aluno antes de apresentar a nomenclatura e
sua classificação em si como um todo. Os autores procuram abordar poemas que
trazem a variação da língua, que envolvam o cotidiano do aluno e que chamem a
atenção do conteúdo da significação, da abordagem do gênero para, então, chegar
ao conceito gramatical propriamente dito.

Percebe-se, por fim, que a classe das interjeições não é rotulada


graficamente no livro, nem apresentada aos alunos como classe gramatical, o que
nos permite inferir consequentemente que passou a ser vista, em hipótese, como
uma forma da língua usada pelo aluno no seu cotidiano e não enrijecida dentro de
uma nomenclatura tradicional a ser estudada e classificada como as demais foram
abordadas no livro didático em questão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMARA JR., J.M. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 1982

Cereja, William Roberto Português Linguagens, 6º ano/ William Roberto Cereja,


Thereza Cochar Magalhães.- 9.ed.reform.- São Paulo: Saraiva, 2015

Cereja, William Roberto Português Linguagens, 7º ano/ William Roberto Cereja,


Thereza Cochar Magalhães.- 9.ed.reform.- São Paulo: Saraiva, 2015

Cereja, William Roberto Português Linguagens, 8º ano/ William Roberto Cereja,


Thereza Cochar Magalhães.- 9.ed.reform.- São Paulo: Saraiva, 2015
Cereja, William Roberto
DUARTE, Paulo M.T.; LIMA, M. C. Classes e categorias em português. 2. ed.rev. e
ampl. Fortaleza: Editora UFC, 2003.

Português Linguagens, 9º ano/ William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães.-


9.ed.reform.- São Paulo: Saraiva, 2015

LOPES, S. Natália, MOURA, N. Laryssa. Os diferentes critérios utilizados para


classificação de palavras nas gramáticas tradicionais. In: REvista Entrepalavras,
Fortaleza - ano 2, v.2, n.2, p. 43-56, jan/jul 2012.

PERINI, Mario A. Gramática descritiva do português. 2. ed. São Paulo: Editora Ática,
1996.

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