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Revista Brasileira de
Geografia Física
ISSN:1984-2295
Homepage: www.ufpe.br/rbgfe
ABSTRACT
The article presents a systematization of the role that geographic distribution fulfills in the theory of evolution of living
beings proposed by British naturalist Charles Robert Darwin (1809-1882) in his classic On the origin of species by
means of natural selection, or the preservation of favored races in the struggle for life, originally published in 1859. In
order to provide support to the epistemology of physical geography, the analysis was performed from the reading of the
original text compared to the modifications made over the other five subsequent editions, focusing on the arguments
contained in the two chapters of the book exclusively biogeographic. The main results showed that biogeography -
associated with the appreciation by Darwin of climate processes, geological, geomorphological and other geographic
features such as latitude and longitude - participated as an important element of verifiability of theories of natural
selection and common descent serving as the basis for empirical analysis criticism directed to the then hegemonic
argument creationist of multiple centers of creation made by the divine plan.
* E-mail: carlosgeraldino@gmail.com
longo das edições pautaram-se na tentativa de análise a seguir foi realizada a partir da leitura
Darwin deixar a obra despersonalizada, do texto original de 1859 metodicamente
reforçada, objetiva, clara, atualizada e com comparado às modificações realizadas ao
melhorias semânticas. A primeira edição longo das outras cinco edições.
contava com 490 páginas divididas em
quatorze capítulos, sendo dois deles 2. A biogeografia na Origem
inteiramente dedicados à geografia, a saber: Darwin inicia os capítulos
capítulo XI Geographical Distribution, com biogeográficos da OS apresentando três
37 páginas, e capítulo XII Geographical grandes fatos relativos à distribuição das
Distribution – continued, com 27 páginas; espécies na superfície terrestre: 1º a
juntos, ambos perfaziam 13% da obra. Não se irredutibilidade dos viventes às condições
apercebe qualquer justificativa teórica para físicas; 2º a conexão entre a localização de
haver a separação da temática em dois barreiras e a disponibilidade de migração; 3º a
capítulos, pois, ao contrário, o que há é uma contiguidade das espécies sobreposta pela
forte conexidade linear entre ambos, o que gradual sucessão de diferenças nas formas e
leva a crer que tal deslindar apenas responda nos hábitos. Sobre o primeiro fato, afirma que
aos anseios de um equilíbrio numérico entre nem o clima ou as demais características
as páginas por capítulo no livro. As edições físicas ambientais teriam força explicativa
que se seguiram depois de 1859 sofreram quando consideradas como as únicas, ou
alterações pontuais, mais no intento de lapidar mesmo as prioritárias, causas do arranjo
do que, propriamente, restaurar. Mesmo com geográfico dos viventes. Isso, na medida em
esses acréscimos e correções, a versão final que pode bem evidenciar a profunda
do texto traz os capítulos sobre a descrição desigualdade de formas vivas alocadas em
geográfica, agora enumerados como XII e nichos com fortes similitudes físicas – tais
XIII, com poucos alterações e ainda como desertos, topos de montanhas, pântanos,
compondo uma parte expressiva da obra, florestas etc. – pelas regiões diferentes do
cerca de 10%. Tais capítulos localizam-se planeta, possuindo características muito
estrategicamente no final do livro compondo parecidas de temperatura, pressão, umidade e
a parte, na última edição, dos oito capítulos pluviosidade sem, no entanto, apresentar, na
comprobatórios que se seguem aos sete maioria das vezes, qualquer tipo de espécies
primeiros que tratam da apresentação e semelhantes entre si. Ilustra o caso, na
discussão da teoria da seleção natural. A passagem abaixo, ao comparar a biota de três
continentes dispostas na mesma faixa
latitudinal, detentoras de características físico-
pronta conferência das fontes originais. Disponível em:
<http://www.darwin-online.org.uk/>. Acesso em: 11 de mesológicas próximas, observando,
maio de 2013.
físicas. Obtendo, a partir disso, uma lei historicidade e a geograficidade dos viventes
biogeográfica pautada na função diretamente ao sintetizar os três fatos apresentados na
proporcional entre o grau de dificuldade de observação: “We see in these facts some deep
transposição da barreira geográfica e o grau organic bond, prevailing throughout space
de diferenciação das formas e hábitos dos and time, over the same areas of land and
seres. Daí, então, o porquê do segundo fato, a water, and independent of their physical
importância das barreiras, acabar por conditions3” (id., p. 350); completando, ainda,
esclarecer o primeiro, a desconexão entre que: “The naturalist must feel little curiosity,
ser/meio físico. who is not led to inquire what this bond is4”
O terceiro fato alçado por Darwin não (ibid.). Tal ligação anunciada nada mais é que
se relaciona menos com os dois anteriores. a comum hereditariedade de todos os seres
Trata-se da contiguidade das espécies vivos somada às diferenças das modificações
formando bioregiões identitárias sobrepostas impostas pela ocupação de distintos nichos
pela gradual interseção de diferenças. Esse ambientais. Ou seja, uma população ocupando
caso procura justamente complementar a determinada área tende a se manter uniforme
explicação dada à semelhança entre as em suas características devido ao efeito
espécies (vide no Quadro 1 espécies A e A´) mitigador de variedades pronunciadas
que havia sido apontada quanto delineou os realizado pelo constante intercruzamento
dois primeiros. Apresentando uma série de entre seus indivíduos, no entanto, bastam
exemplos que demonstram a estreita relação ligeiras alterações nas condições ambientais
entre as formas e hábitos das espécies com ou a transposição das barreiras que até então
determinada extensão territorial – como o das impediam a expansão, levando parte dessa
duas espécies de ema (Rhea) do mesmo população a enfrentar outras relações
gênero, que encontrou durante a viagem do interespecíficas alhures, para que haja a
H.M.S. Beagle, uma habitando as planícies do reconfiguração da tessitura ecológica que, por
Estreito de Magalhães e a outra habitando sua vez, rearranjará as formas de luta pela
mais ao norte as planícies de La Plata – sobrevivência explorando assim novas formas
Darwin procura defender que a localização e hábitos dos indivíduos. Com o passar do
atual das espécies deve ser considerada como tempo, o acúmulo dessas novas características
um resultado da dispersão de um centro fará a população do tempo 1, fossilizada nas
difusor e não a partir da explicação de
múltiplos centros de criação. A fim de 3
“Vemos nesses fatos alguma profunda ligação
pressionar o ponto de vista criacionista, para orgânica, prevalecendo através do espaço e do tempo,
nas mesmas áreas de terra e água, e independente das
logo depois deslegitimá-lo por meio da tese suas condições físicas” (tradução nossa).
4
“O naturalista deve sentir pouca curiosidade, aquele
da herança com modificação, traz ao debate a que não é levado a perguntar qual relação é essa”
(tradução nossa).
camadas terrestres, não ser mais reconhecível único centro com posterior dispersão.
como da mesma espécie de sua população Contudo, capitalizando beneficamente para si
descendente contemporânea no tempo 2; tal e os princípios de heurística e empiria que
qual, parte da população antes situada na fundamentam a vera causa newtoniana contra
região A que migrou para região B enfrentará as elucubrações metafísicas não evidenciáveis
novos desafios evolutivos e, pelo isolamento ofertadas pela Teologia Natural.
reprodutivo, se transformará gradualmente em A partir da explicitação e interconexão
outra espécie. Tempo e espaço entram, então, entre os três fatos biogeográficos apontados
como categorias analíticas, simultâneas e por Darwin, pode-se ter um juízo mais
necessárias, da transmutação dos seres. Para aprimorado do papel que as determinações
forjar essas duas dimensões numa mesma geográficas cumprem na configuração dos
teoria, segundo Mayr (1991), Darwin seres. Um primeiro tópico que chama atenção
acresceu ao evolucionismo vertical proposto é a mudança da ideia que os seres vivos estão
por Lamarck, onde havia somente a perfeitamente adaptados aos seus ambientes.
consideração temporal comandando a Sobre o assunto, Bizzo (2010), seguindo
mudança das formas numa mesma cadeia Ospovat (1995), comenta que até a nova
filética, a categoria espaço, propondo assim proposta de Darwin vir a público, a ideia
um evolucionismo do tipo horizontal, do qual majoritária nos círculos de pesquisadores da
a diversidade da vida passou a ser natureza era de que os viventes estavam numa
representada por um modelo de ramificação relação de pleno encaixe com a somatória
como o de uma árvore rascunhada nas páginas físico-orgânica das condições ambientais.
26 e 36 de seu caderno de anotações B (1837- Isso, pois, o pensamento por trás dessa ideia
8) e depois publicada no quarto capítulo da era pautado nas elucubrações dadas pela
OS. Com posse desse novo compêndio Teologia Natural, mais especificamente, na
explicativo, Darwin sentiu-se acastelado para famosa analogia do relógio, inspirada em
asseverar: “He who rejects it, rejects the vera Cícero (106a.C.-43a.C.), construída pelo
causa of ordinary generation with subsequent teólogo inglês Willian Paley (1743-1805).
migration, and calls in the agency of a Paley, uma das principais influências dos
miracle5” (1859, p. 352). Firmando um campo professores de Darwin em Cambridge,
de batalha entre duas teorias biogeográficas: a argumentava que da mesma maneira que
que propõe os múltiplos centros de criação quando achamos um relógio num descampado
por desígnio divino e a sua proposta de um iremos logo intuir um relojoeiro autor da sua
intrincada complexidade, quando estudamos
5
os seres vivos e suas relações uns com os
“Aquele que rejeita isso, rejeita a vera causa da
geração comum com a consequente migração, e outros na natureza, infinitamente mais
acredita na ação de um milagre” (tradução nossa).
complexas que um mero relógio, nos resta Afinal, a migração para novas áreas é muitas
apenas reconhecer a participação da mente de das vezes a última instância aos seres que
uma entidade superior capaz de realizar tal sofrem pressões seletivas, como escassez de
magnitude. Obviamente que essa metáfora recursos ou aumento de seus predadores, em
agradava muito os interesses dos círculos seu local original. Não há o porquê de mudar
anglicanos, religião oficial da época; porém, se o vivente se encontra em perfeita conexão
mais do que isso, pautava toda uma agenda de com seu estar. Aliás, é justamente sobre a
pesquisa baseada na coleta de evidências na reconfiguração da relação entre ser e estar
natureza a fim de constatar a Divina que se trata. O encaixe ontológico ser/estar
Providência. No entanto, a proposta de desfeito por Darwin quebrou a harmonia
Darwin, explicitamente malthusiana, era de anglicana de natureza permitindo a leitura da
que havia uma luta constante entre os seres paisagem natural como um perene confronto
pela sobrevivência e, dentro dessa concepção interespecífico e intraespecífico. A relação
belicista de natureza, o encaixe perfeito entre os seres e seus estares deixou de ser
vivente/meio de Paley não fazia sentido, pois explicada por relações casuísticas simplórias
se de fato existisse, não deixaria lacuna advindas de uma entidade benevolente e
alguma para ocorrer competição, daí o invisível para se tornar uma rede complexa e
fundamental princípio de gradação por estocástica de interações e transformações
adaptabilidade estaria ausente e, que, poucas décadas depois, será nomeada por
consequentemente, qualquer transformação Ernst Haeckel (1834-1919) de Ecologia.
dos vivos resultaria impossível. Porém, como Outro tópico importante sobre as
aponta Bizzo, “[...] em algum momento no determinações biogeográficas exposto nos
início de 1857, ocorre a Darwin pensar que os capítulos analisados refere-se à separação
organismos podem não estar perfeitamente teórica entre ambiente físico e ambiente vivo,
adaptados ao meio ambiente” (2010, p. 29); e bem como, a hierarquização causal de ambos
essa ideia irá amparar toda a sua decorrente no que tange à faculdade de transformação
teoria das espécies, pois a lacuna de dos seres. Dos múltiplos elementos
possibilidade aberta entre os seres e seus constituintes do meio onde se alocam os
respectivos ambientes, somada ao que Mayr viventes, Darwin apontará para a relação
(1991) chamou de emergência do pensamento mantida entre os indivíduos orgânicos como
populacional após a leitura de Thomas sendo mais importante do que o vínculo com
Malthus (1766-1834) em 1838, fez com que as condições físicas que se enquadram. Ou
surgisse não só a concepção de mutabilidade seja, o poder causal do ambiente vivo será
dos viventes, mas também, a resposta às suas encimado ao poder causal do ambiente físico.
intensas mobilidades pela superfície terrestre. Por conseguinte, quando houver qualquer
massas terrestres dispersadas como ilhas já and removes many a difficulty: but to the best of
my judgment we are not authorized in admitting
tiveram entre si e, também, entre os such enormous geographical changes within the
period of existing species. It seems to me that
continentes próximos, caminhos de ligação. we have abundant evidence of great oscillations
of level in our continents; but not of such vast
Estas vias serviriam como pontes nos oceanos changes in their position and extension, as to
para que espécies pudessem migrar e se have united them within the recent period to
each other and to the several intervening
difundir por todo o planeta. “Changes of level oceanic islands8 (ibid., p. 357).
in the land must also have been highly Nessa passagem, uma soma de considerações
7
influential ” (ibid., p. 356) afirma, admitindo importantes está exposta. Uma primeira que
ainda que sucessivos processos de imersão e chama a atenção é a implícita diferenciação
emersão de terra no oceano poderiam sim ter temporal feita entre o campo geológico e o
participado decisivamente ao longo da campo biológico. Darwin, mesmo admitindo
história da vida na Terra. No entanto, ao que grandes mudanças de níveis possam ter
apresentar a tese do naturalista Edward Forbes sido influentes na antiga distribuição
(1815-1854) Darwin começa a demonstrar seu biogeográfica, argumenta não haver provas
distanciamento da aceitação de explicações suficientes para convencer-se que a geologia
geológicas para a recente distribuição explicaria a atual disposição da biologia.
biogeográfica. Forbes, a partir de estudos Endossando essa convicção ao expor, logo à
botânicos e geológicos, argumenta no ensaio frente dessa passagem, que ao observarmos a
On the connexion between the distribution of composição das rochas de ilhas oceânicas
the existing fauna and flora of the British deveríamos, para fazer valer a tese de Forbes,
Isles and the geological changes which have encontrar granitos, xistos metamórficos,
affected their area (1846) a favor da rochas fossilificadas antigas ao invés de
existência de uma recente área continental recentes “mere piles of volcanic matter”
elevada que se estenderia sobre todo [meras pilhas de matéria vulcânica] (ibid., p.
Mediterrâneo, Norte da África até o 358). Pois se as ilhas tivessem mesmo sido
arquipélago de Açores em meio ao Atlântico. topos de montanhas que afundaram teriam
Sobre essa tese de Forbes e de outros que ter a presença de rochas mais antigas
naturalistas que se inclinavam a favor de assim como o topo de montanhas continentais
mudanças geológicas subsidiarem as
8
dispersões de espécies por ilhas e continentes, “Esta visão corta o nó Górdio da dispersão da mesma
espécie para os pontos mais distantes, e remove muitas
Darwin aferiu dificuldades, mas o meu melhor julgo diz não estarmos
autorizados a admitir essas enormes mudanças
geográficas dentro do período das espécies existentes.
This view cuts the Gordian knot of the dispersal
Parece-me que temos provas abundantes de grandes
of the same species to the most distant points,
oscilações de nível em nossos continentes, mas não de
tão vastas mudanças em sua posição e extensão para tê-
los unidos, dentro do período recente, uns com os
7
“Mudanças no nível da terra devem também ter sido outros e com as várias diversas ilhas oceânicas”
altamente influentes” (tradução nossa). (tradução nossa).
atuais. De tal modo, a tese de uma área de Antonio Snider-Pellegrini (1802-1885) de que
continuidade prévia entre ilhas oceânicas e os a América e África já foram ligadas;
continentes não teria correspondência antecipando-se a teoria da Deriva Continental
geológica. Aliás, não só a geologia, mas de Alfred Wegener (1880-1830) e a atual
considerações geomorfológicas também Tectônica de Placas que corroboram esse
reforçariam esse argumento ao denunciar fenômeno. Porém, como comenta Kutschera
grandes profundidades do oceano entre as (2009), a ideia apresentada por Snider-
ilhas e o continente mais próximo, inibindo a Pellegrini se utilizava de elementos
ideia de existir um único escudo entre essas fantasiosos – por exemplo, ao combinar dois
terras emersas. Portanto, mesmo que alguma apropriados mapas sobre a separação dos
vez ao longo da história da Terra houvesse continentes à história sobrenatural do dilúvio
emergido passagens entre ilhas e continentes, – que em nada ajudaram no convencimento
esse fato não seria passível de ser utilizado na dos geólogos da época.
explicação da biogeografia recente. Darwin, Inclinado a não aceitar as “prodigious
assim, procura demonstrar a descontinuidade geographical revolutions” [prodigiosas
existente de uma temporalidade muito mais revoluções geográficas] (1859, p. 358)
profunda provinda da geologia frente à propostas por Forbes, Darwin teve que lançar
temporalidade das espécies recentes. A mão de outras hipóteses para desatar o nó
explicação de Forbes, dessa feita, falharia por górdio da distribuição geográfica dos viventes
sua incomensurabilidade. sob a concepção do centro único de criação.
Outra consideração importante contida As alternativas foram as mudanças climáticas
na passagem supracitada é a maneira que o e os meios acidentais de dispersão. Sobre
autor admitia a movimentação das massas papel do clima, não o expõem de maneira
continentais. Ressalvaguardado todo o generalizante, optando por concentrar
anacronismo presente no juízo a seguir, pode- esforços ao analisar o quanto que esse fator
se reconhecer o seu aceite aos movimentos exógeno foi responsável por disseminar
epirogênicos e a recusa dos movimentos espécies idênticas em topos de cordilheiras
orogênicos. Ou seja, Darwin crê, sob a clara distantes; esse caso é analisado mais a frente.
influência do uniformitarismo de Charles Já sobre os meios acidentais de migração faz
Lyell (1797-1875), na movimentação vertical um compêndio de possibilidades que na
lenta e gradual das massas continentais, e não última edição da OS passam do número de
em mudanças horizontais relativamente mais uma dezena de formas casuais de transporte
rápidas entre os continentes. Isso, mesmo ao se tratar apenas das plantas. Utilizando-se
embora tivesse sido publicada na mesma de fontes advindas das inúmeras cartas
época da OS a proposta do geógrafo francês trocadas com sua rede de pesquisadores,
9
como que espécies praticamente idênticas
“[...] um fato maravilhoso/estranho se muitas plantas
não tivessem sido então amplamente transportadas” poderiam habitar cumes de montanhas
(tradução nossa).
separadas por distâncias longínquas e, ao polos se espraiou por toda a faixa temperada
mesmo tempo, habitarem as regiões polares. da Europa, América do Norte e Ásia, trazendo
Como teriam chegado lá sem a intervenção de consigo as espécies outrora autóctones do
um criador? O expressivo isolamento Ártico e fazendo migrar rumo ao equador as
geográfico desses pontos na superfície – tais espécies temperadas. As espécies árticas se
como ilhas na terra – somado à evidência de espalharam tornando uniforme a biota das
condições físicas semelhantes entre eles não terras meridionais dos continentes norte-
constituiriam a prova cabal para a aceitação americano e euroasiático, apesar de separados
de um encaixe perfeito seres/ambientes feito pela imensidão das águas do Atlântico. Isso
por uma entidade suprassensível em múltiplos porque haviam partido da mesma e contígua
centros de criação? Tal questão faria, no região polar. No término do período glacial, e
mínimo, qualquer espírito acometido por um o consequente recuo do clima gélido aos
lapso agnóstico-materialista retirar-se para um polos, tais espécies, agora alocadas nas baixas
momento de reflexão. No caso de Darwin, a latitudes, tiveram duas alternativas
reflexão foi feita e junto a ela veio a direção geográficas para sobreviverem: buscar o frio
para uma nova proposição. É a partir das que lhes é necessário por meio do retorno às
evidências de glaciação recente, então altas latitudes ou por meio da ascensão às
anunciadas por Louis Agassiz (1807-1873) e altas altitudes. Assim, parte das mesmas
trabalhadas aos seres por Forbes, que Darwin espécies que na época da glaciação
vai ler a paisagem britânica, descrevendo que alastravam-se pelas planícies no Novo e do
“The ruins of a house burnt by fire do not tell Velho Mundo migrou ao polo e a outra parte
their tale more plainly, than do the mountains subiu aos cumes das montanhas nas regiões
of Scotland and Wales, with their scored temperadas, mantendo-se lá desde então. Daí,
flanks, polished surfaces, and perched sem a necessidade de um criador supremo,
boulders, of the icy streams with which their tem-se a explicação das afinidades entre os
10
valleys were lately filled ” (1859, p. 366). A seres das montanhas distantes, com também,
explicação dada à afinidade dos seres nos o parentesco com os seres do Ártico. Essa
cumes das montanhas remonta ao tempo que teoria, além disso, explica o porquê de haver
as temperaturas do mundo abaixaram de tal maior afinidade entre as espécies polares do
forma que o clima glacial dominante nos que entre as espécies alpinas. Pois, apesar das
referidas semelhanças, há um grau
relativamente maior de variabilidade
10
“As ruínas de uma casa queimada por fogo não encontrado entre as espécies alpinas quando
diriam mais claramente sobre ela, do que as montanhas
da Escócia e do País de Gales, com seus flancos comparadas ao conjunto das espécies árticas.
recortados, superfícies polidas e pedras sobrepostas
pelas geleiras das quais seus vales foram outrora E a glaciação, mais uma vez, adentra aqui
preenchidos” (tradução nossa).
como fator explicativo. No fim dela, com o aquecimento global. Apoiado num consenso
retorno do clima glacial às altas latitudes, as dos cientistas da época que dizia que antes da
espécies que voltaram ao Ártico mantiveram- última glaciação a Terra teria sofrido um
se com suas mútuas relações intactas, assim, período cujas temperaturas estavam mais
como a rede ecológica não foi desfeita, não quentes do que na atualidade, Darwin
houve impulso à especiação. Já as espécies explicou que os indivíduos que hoje vivem
que rumaram para as altas altitudes da zona nas latitudes de 60º estavam habitando,
temperada isolaram-se geograficamente nos devido ao calor geral, paralelas mais ao norte,
picos das montanhas e tiveram suas mútuas como as de 66º-67º; assim, beneficiando-se da
relações prejudicadas – pois não se presume diminuição da calota polar, puderam ter
que a toda rede ecológica foi acesso migratório a uma grande extensão
homogeneamente dispersa nesses cumes – onde as terras mais setentrionais do planeta
resultando numa desestabilidade ecológica unem os continentes euroasiático ao norte-
que, por sua vez, inferiu num aumento de americano. Conferindo às terras do hemisfério
variação das formas. A biogeografia norte, no período anterior à glaciação, um
resultante de todo esse processo pode ser maior grau de parentesco entre as espécies
constatada na presença de espécies subárticas e temperadas. Porém, no período
semelhantes no polo e nos cumes de distantes subsequente de resfriamento, a terra
montanhas na zona temperada, com o setentrional que outrora se fazia como
importante porém de encontrarmos maior caminho de livre transição migratório
grau de variabilidade entre as espécies alpinas aclimatou-se de tal forma que impediu essa
do que entre as árticas. interespeciação. As espécies dos continentes
Darwin, regozijando da segurança que antes unidos migraram para o sul e
a teoria da glaciação havia lhe dado, não se permaneceram por uma longa temporada
furtou ainda de aventar outra perspicaz isoladas geográfica e reprodutivamente.
questão antes que qualquer criacionista lhe Entrando, ainda, em contato com os seres
inquirisse de sobressalto. Se a glaciação meridionais desses continentes. O isolamento
explica perfeitamente o padrão de distribuição e, principalmente, esse contato contribuiu
biogeográfica das montanhas e do ártico, para o desfazimento parcial da rede ecológica
como essa teoria responderia ao fato de hoje da qual eram imersas. E, uma vez desfeita
haver espécies subárticas e temperadas algumas das relações interespecíficas, a
parecidas nos sopés das montanhas e nas especiação entrou em cena deixando nas
grandes planícies da América do Norte e da espécies da zona temperada setentrional a
Europa? A resposta de Darwin dessa vez não marca branda de um parentesco espaço-
foi a glaciação, mas seu oposto, o temporal distante pré-glaciação.
que no hemisfério sul, detendo a ordem de great height under the equator. The various
beings thus left stranded may be compared with
70% do total de terras do planeta. E essa savage races of man, driven up and surviving in
the mountain-fastnesses of almost every land,
expressiva relação desigual de terras – which serve as a record, full of interest to us, of
70%Norte the former inhabitants of the surrounding
/30%Sul – faz-se diretamente lowlands11 (ibid., p. 382).
proporcional à capacidade de subjugação na
Acima, observa-se o vaivém das “águas
seleção natural. Ou seja, a maior extensão de
vitais” espraiando-se pelas planícies,
terra disponível aos viventes do hemisfério
cruzando os limites latitudinais, subindo as
norte fez com que houvesse uma maior
montanhas, invadindo territórios alheios e se
capacidade de carga nessas regiões
ambientando em planaltos distantes de seu
intensificando, por sua vez, a competição
centro de origem; com as águas do norte, mais
entre eles, resultando, assim, em seres mais
turbulentas que as do sul, dominando os
adaptados. Quanto, então, as espécies
territórios meridionais. Como notou Bowler
setentrionais e meridionais se encontraram no
(2009), esta passagem também traz uma
equador, no auge do período glacial, houve
explícita referência ao colonialismo britânico,
uma disputa da qual as formas do norte,
quando Darwin, ao tomar emprestado uma
provindas de “more efficient workshops”
analogia feita por Lyell, refere-se às raças
[oficinas mais eficientes] (ibid., p. 380),
atrasadas de homens selvagens meridionais
sobrepujaram as do sul, atravessando o
isoladas – fueguinos americanos, aborígenes
equador e se fazendo presentes nos planaltos
tasmanianos, melanésios e africanos que viu
tropicais e temperados do sul, ao mesmo
com os próprios olhos a bordo do Beagle –
tempo em que resguardavam seu domínio nos
como relíquias passadas daquilo que outrora
planaltos tropicais e temperados do norte. A
foi a civilização setentrional europeia.
síntese de toda essa geobiopolítica proposta
A única mudança mais significativa
por Darwin – entendida como uma relação
passível de ser verificada nos dois capítulos
tríade entre espaço-vida-poder – é
metaforicamente apresentada na rica
passagem que encerra o primeiro capítulo 11
“Pode-se dizer que as águas vitais fluíram durante
destinado à distribuição geográfica; lá está um período curto vindas do norte e vindas do sul, tendo
cruzado a linha do equador; mas fluíram com maior
escrito: força a partir do norte de modo que livremente
inundaram o sul. Da mesma forma que a maré deixa
sua marca em linhas horizontais, subindo mais nas
The living waters may be said to have flowed costas elevadas, as águas vitais deixaram suas marcas
during one short period from the north and from no topo de nossas montanhas, em uma linha que
the south, and to have crossed at the equator; suavemente vai das planícies árticas às grandes
but to have flowed with greater force from the altitudes sob o equador. Os vários seres então deixados
north so as to have freely inundated the south. encalhados possam talvez ser comparados às raças de
As the tide leaves its drift in horizontal lines, homens selvagens, levados a sobreviver nos fortes das
though rising higher on the shores where the montanhas de quase toda terra, servindo como o
tide rises highest, so have the living waters left registro, do qual temos pleno interesse, dos antigos
their living drift on our mountain-summits, in a habitantes das planícies circunvizinhas” (tradução
line gently rising from the arctic lowlands to a nossa).
sobre a distribuição geográfica ao longo das cruzamento do equador das produções vindas
edições da OS foi a inserção da proposta dos polos e regiões temperadas. Isso o
teórica de James Croll (1821-1890). Até a sua possibilitou pensar numa maior expansão e
quarta edição, a obra trazia a ideia de que o miscelânea entre os seres distantes causando,
período de glaciação foi concomitante entre dessa forma, maior especiação resultante de
os hemisférios norte e sul. Porém, como competição.
Bowler (id.) apontou, a partir da edição de
1869 Darwin somou à tese das glaciações 2.2 Águas doces
ocorrerem simultaneamente a possibilidade de Desde sua primeira coleta em água
ter havido períodos glaciais em apenas um doce, feita no Brasil abordo do Beagle,
dos dois hemisférios. Essa adição teórica veio Darwin mostrou-se surpreso com o grau de
de trocas de cartas e da posterior publicação semelhanças encontradas entre as espécies
do livro Climate and Time, em 1864, de Croll. habitantes de distantes redes hidrográficas.
Sua teoria propunha que os períodos de Sentimento compreensível quando se
glaciação decorriam, em maior medida, pelas considera a amplitude das barreiras entre as
excentricidades astronômicas vivenciadas águas doces de lagos e rios, separadas por
pelo planeta do que pela então teoria mais largas faixas terrestres, ou mesmo, pela
aceita da alteração da distribuição de terras e vastidão de águas salgadas dos oceanos. Essa
mares na superfície, devido às elevações e constatação de que espécies confinadas em
abaixamentos dos continentes. O eixo de lagos e rios distantes uns dos outros
rotação da Terra passava por uns períodos de possuírem afinidade em formas e hábitos
inclinação que resultavam numa exposição encaixava-se perfeitamente à teoria de centros
mais abrangente de um hemisfério à luz solar, múltiplos de criação e, consequentemente, na
enquanto que o outro sofreria uma glaciação. evidência de um criador supremo e cuidadoso
Como demonstrou Fleming (2006), Darwin – o bastante para alocar os seres num encaixe
ao contrário de Lyell, que não aceitou a maior exato com seus respectivos ambientes. A
influência da condição astronômica do que a dificuldade que Darwin encontrou nesse
distribuição geográfica nas mudanças do tópico foi demonstrar o quanto que esses seres
clima da Terra – reconheceu a proposição de teriam a possibilidade de serem transportados
Croll por justamente essa o permitir endossar por entre fontes de água doce próximas,
a sua teoria de especiação sem a necessidade vencendo barreiras terrestres e de água
de recorrer às explicações, tais como a de salgada, colonizando novos hábitats e
Forbes, de grandes mudanças geográficas mantendo-se, ainda, com poucas variações em
recentes. Com a admissão da teoria de Croll, relação aos seus descendentes do centro de
Darwin pode intensificar ainda mais o origem, apesar de enfrentarem novas
previsto em sua teoria, pois quando uma não ocorrem nas ilhas situadas a mais de 500
espécie é ocasionalmente implantada num km do continente, os mamíferos aéreos,
novo e isolado lugar causará mudanças nas porém, ocorrem em quase todas. A exceção
formas de competição da seleção natural dessa regra pode ser um tipo de raposa
vigente o que resultará em maior especiação. parecida com lobo nativa das Ilhas Falklands.
Daí, o porquê das espécies peculiares serem Todavia, apesar de suficientemente distantes,
mais comuns nas ilhas. O isolamento essas ilhas do Atlântico Sul possuem um
geográfico participa de forma secundária grande banco de areia ligando-as ao
nesse processo, ao proporcionar o isolamento continente mais próximo; o que pode, junto
reprodutivo que agirá diretamente como com a possibilidade de eventuais icebergs
motor da evolução. Porém, nem todas as terem trazidos essa espécie, um acúmulo
espécies insulares são endêmicas, isso, devido sedimentar temporário ter servido como
a dois fatores. Primeiro, as espécies podem passagem. Ratificando a observação feita pelo
migrar num conjunto com outras, preservando geógrafo francês Jean-Baptiste Bory de Saint-
a rede ecológica que mantinha no continente Vincent (1778-1846) que as ilhas oceânicas
e, assim, conservando as suas formas. não possuem uma população de batráquios,
Segundo, algumas ilhas podem receber Darwin argumenta que essa ausência de
periodicamente populações de migrantes do sapos, rãs, salamandras também não poderia
continente – arrastados para lá por condições ser explicada por aspectos físicos das ilhas,
físicas cíclicas, como correntes marítimas e de pois quando essas espécies são introduzidas
vento – que, cruzando com os habitantes nelas pelo homem, tornam-se pestes em
insulares, romperiam seu isolamento poucos anos. O fato desses seres não
reprodutivo mantendo suas semelhanças. conseguirem sobreviver a qualquer exposição
O terceiro e último fato aponta para a de água salgada, o que impediria a migração,
ausência de animais de certas classes tendo ergue-se como mais provável. Em relação ao
seus lugares naturais ocupados por outros; reino das plantas, chama a atenção para a
como é o caso dos répteis gigantes das presença nas ilhas de plantas com ganchos
Galápagos e das aves com asas-apêndices na adaptados unicamente para agarrem nos pelos
Nova Zelândia que acabaram por ocupar o dos mamíferos terrestres que nelas estão
lugar dos mamíferos nessas ilhas. A ausentes. O que pressupõem que essas plantas
explicação de que certas ordens de espécies foram adaptadas em outras regiões com a
conseguem migrar e outras não, resulta como presença de mamíferos e migraram para essa
mais coerente do que aquela que assinala para ilha, sustendo garras agora inúteis em seu
as diferenças nas condições físicas dessas sistema reprodutor. É de se até prever que
ilhas. Pois, enquanto os mamíferos terrestres pressões seletivas futuras farão estas garras
desaparecerem. Outro exemplo botânico das formas e hábitos dos seres; 4º tal como
utilizado é o das árvores encontradas nas ilhas apontou Mayr (1991), observa-se que Darwin
cujas correspondentes continentais estão na só após considerar o papel da categoria
condição de arbustos. Dada a maior espaço pode obter o modelo teórico de
dificuldade de se aceitar a migração de evolucionismo horizontal capaz de explicar a
sementes maiores de árvores, o que se inclina ramificada diversidade da vida; 5º dos
como mais provável é ter havido o transporte múltiplos elementos constituintes do meio
casual de sementes de arbustos que ao onde se alocam os viventes, Darwin assinalou
aportarem nessas ilhas venceram a população para a relação mantida entre os indivíduos
arbustiva nativa e ganharam, ao longo dos orgânicos como sendo mais importante do
anos, as alturas em formas de árvores. Em que o vínculo com as condições físicas que se
todos esses casos, a migração casual e natural, enquadram; 6º Darwin alertou para a
mais uma vez, mostra-se como mais razoável incomensurabilidade temporal entre o campo
do que a alocação propositiva e supranatural. geológico e o campo biológico,
argumentando, contra Forbes, não haver
3. Conclusões provas suficientes para o convencimento de
Dentro do exposto e no intuído de que a geologia, por meio de revoluções
apresentar uma síntese sobre o papel que a geográficas, pudesse vir a explicar a atual
biogeografia cumpre na OS, segue um disposição biogeográfica do planeta; 7º sob a
sumário dos pontos aqui apresentados: 1º a influência do uniformitarismo de Lyell,
biogeografia participa como um importante Darwin inclinou-se à apenas considerar a
elemento de verificabilidade das teorias de movimentação vertical, lenta e gradual das
seleção natural e do centro comum com massas terrestres, não acolhendo em suas
posterior dispersão servindo como eixo teorias as mudanças horizontais relativamente
empírico de análise para a crítica direcionada mais rápidas entre os continentes; 8º na recusa
à argumentação criacionista de múltiplos de aceitar grandes mudanças geológicas como
centros de criação determinada por desígnio chave explicativa da distribuição
divino; 2º Darwin defende a tese da biogeográfica, Darwin lançou mão de duas
irredutibilidade dos viventes às condições alternativas: as mudanças climáticas e os
físicas apontando para a imperfeita conexão meios acidentais de dispersão. Sobre o papel
entre os seres com seus estares; 3º é passível do clima utilizou em sua argumentação tanto
de ser constatada na OS a lei biogeográfica a glaciação quanto o aquecimento global
pautada na função diretamente proporcional como promotores de grandes migrações.
entre o grau de dificuldade de transposição da Sobre os meio acidentais de dispersão, além
barreira geográfica e o grau de diferenciação de expor uma enorme gama de maneiras de
ocorrência, buscou levantar fatos que seriam online.org.uk/>. Acesso em: 29 de abril de
mais bem explicados à luz da teoria da 2013.
descendência comum, junto à seleção natural,
do que quando explicados pela teoria Bowler, P. J. (2009). Geographical
criacionista; 9º verifica-se nos capítulos Distribution in the Origin of Species. In:
analisados a lei biogeográfica que diz que o Ruse, Michael & Richards, Robert (org.). The
grau de altitude e de latitude do estar dos Cambridge Companion to the “Origin of
seres é diretamente proporcional à suas Species”. New York: Cambridge University
afinidades e inversamente proporcional às Press.
suas competições; 10º também, e por fim, se
verifica que a expressiva relação desigual de Darwin, C. R. (1859). On the origin of species
terras emersas entre os hemisférios norte e sul by means of natural selection, or the
reflete-se de forma diretamente proporcional à preservation of favored races in the struggle
capacidade de subjugação dos seres na for life. London: John Murray.
ocorrência da seleção natural.
______. (1872). The origin of species by
4. Agradecimentos means of natural selection, or the preservation
Agradeço ao Prof. Dr. Antonio Carlos Vitte of favored races in the struggle for life. 6ª ed.
pelos apontamentos feitos sobre a primeira London: John Murray.
versão deste artigo e também à Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo Fleming, J. R. (2006). James Croll in Context:
pela concessão da bolsa de estudo (FAPESP The Encounter between Climate Dynamics
processo nº 2012/19824-0). and Geology in the Second Half of the
Nineteenth Century. History of Meteorology,
5. Referências n. 3, p. 43-53.
Bizzo, N. (2010). Darwin e o rompimento
com teologia natural de Paley. Brazilian Kutschera, U. (2009). Symbiogenesis, natural
Geographical Journal: Geosciences and selection, and the dynamic Earth. Theory
Humanities research medium, nº 1, p. 21-32. Biosci., n. 128, p. 191-203.