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UNOESTE

UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA

CURSO DE APERFEIÇOAMENTO
EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA

MÓDULO I
INDRODUÇÃO: A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL
PSICOPEDAGOGIA: CONSIDERAÇÕES, CONCEITOS
E FUNDAMENTOS
HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA E A PSICOPEDAGOGIA NO
BRASIL

HISTÓRICO DA
PSICOPEDAGOGIA

A Psicopedagogia surgiu da necessidade de buscar soluções


para os problemas de aprendizagem, através de uma análise
feita sobre os motivos que levam os alunos a ter dificuldade no
processo de aprender.

A preocupação com as dificuldades de aprendizagem começou


na Europa, no século XIX, com os filósofos, os médicos e os
educadores. Nesta época iniciaram-se, particularmente na
França, o interesse em compreender e procurar atender
crianças portadoras de deficiências sensoriais, mentais e

Janine Mery, outros problemas que dificultassem a aprendizagem. (Mery,


psicopedagoga francesa, 1985).
fez um levantamento dos
autores que se
preocuparam com as
dificuldades de Segundo Janine Mery, educadores como Itard, Pereire,
aprendizagem em fins do
século XIX. Pestalozzi e Seguin começaram a estudar crianças com
dificuldades para aprender. Pestalozzi, fundou na Suíça um
centro de educação por meio do trabalho, onde recebia
crianças pobres de todas as idades, estimulando
especialmente a percepção, através do método intuitivo e
natural. Pereire preocupou-se com a educação dos sentidos,

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notadamente a visão e o tato. A primeira escola de reeducação
foi fundada na França, por Seguin, depois que não aceitou a
idéia de “incurabilidade” da deficiência mental. Durante muitos
anos ele experimentou o seu “método fisiológico” de educação.

Em 1837, criou uma escola para crianças com deficiência


mental e, em 1848, emigrou para os Estados Unidos, onde teve
suas idéias plenamente aceitas. Janine Mery observa que
esses educadores, embora pioneiros no tratamento das
dificuldades de aprendizagem, se preocuparam mais com as
deficiências sensoriais e com a debilidade mental, do que com
a desadaptação infantil.

Edouard Claparède, professor de Psicologia e François Neville,


neurologista, introduziram na escola pública, em 1898, as
“classes especiais” para crianças com retardo mental. Entre
1904 e 1908, iniciaram-se os encaminhamentos de crianças
para as classes especiais, depois de consultas médico-
pedagógicas.

Seguin (educador) e Esquirol (médico psiquiatra), formaram,


ainda no final do século XIX, uma equipe médico-pedagógica,

Seu método, e então a neuropsiquiatria infantil começou a trabalhar com os


chamado de problemas neurológicos que afetam a aprendizagem.
sensorial, consiste
em estimular os
órgãos dos
sentidos para Nessa mesma época, Maria Montessori, psiquiatra italiana,
educação da
vontade e para criou o método de aprendizagem para crianças retardadas, que
alfabetização.
depois foi utilizado para todas as crianças, em muitas escolas.
Ainda hoje é muito usado.

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Decroly, psiquiatra, também preocupado com a educação
infantil, observou e filmou situações de aprendizagem, por
volta de 1929. Criou os famosos Centros de Interesse, que
perduram até hoje.

Surgem, então, na segunda década do século XX, os primeiros


centros de reeducação para delinqüentes infantis. Aumenta o
número de escolas particulares e de ensino individualizado,
nos Estados Unidos e na Europa, destinadas às crianças que
apresentavam aprendizagem lenta. Na França, criam-se os
primeiros centros de orientação educacional infantil, com
equipes compostas por médicos, psicólogos, educadores e
assistentes sociais (Mery,1985).

De acordo com Mery, em 1946 foram criados e chefiados por J.


Boutonier e George Mauco, os primeiros Centros
Psicopedagógicos unindo os conhecimentos da Psicologia, da
Psicanálise e da Pedagogia, com o objeto de readaptar, na
escola e no lar, crianças com comportamento social
inadequado.

Segundo Mauco (1959), os fundadores do primeiro centro


procuraram (como já se havia feito em 1920 e 1928), unir os
conhecimentos das três áreas, objetivando, por meio dessa
cooperação, conhecer totalmente a criança e o seu meio, para
assim compreender cada caso e planejar a ação reeducadora.

Sabe-se que na França, a partir de 1948, utilizou-se o termo


“pedagogia curativa” para definir a terapêutica que atende as
crianças e adolescentes desadaptados que, embora
inteligentes, tinham maus resultados escolares. Essa definição

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está contida no que chamamos hoje de “Psicopedagogia.”
(BOSSA, 1994)

Para SCOZ (1994), a década de 60 foi um período de


expansão para a categoria de psicopedagogos, período esse
dedicado ao estudo dos aspectos do desenvolvimento físico e
psicológico, buscando identificar as causas do fracasso
escolar. Nessa época, os estudiosos acreditavam que os
indivíduos com dificuldades na escola apresentavam
disfunções psiconeurológicas, mentais e/ou psicológicas. Surge
o termo DCM (disfunção cerebral mínima) para classificar
crianças com um bom nível de inteligência, que apresentam
problemas de aprendizagem ou distúrbios de comportamento.
Acreditava-se estar esse fracasso escolar relacionado à falta
de atenção, distração, ou características da personalidade da
criança.

É a partir da década de 80 que a Psicopedagogia se fortalece


em função do desenvolvimento das pesquisas, da contribuição
de várias áreas do conhecimento e da necessidade de
resgatar uma visão global do processo de aprendizagem e,
conseqüentemente, dos problemas decorrentes desse
processo. (SCOZ,1994)

A Psicopedagogia nasceu da necessidade de buscar soluções


para a difícil questão do problema de aprendizagem, buscando
contribuir para a melhor compreensão desse processo que é
complexo e com características interdisciplinares. “Reconhecer
tal caráter significa admitir sua especificidade enquanto área de
estudo, uma vez que, buscando conhecimentos em outros

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campos, cria o seu próprio objeto, condição essencial da
interdisciplinaridade”. BOSSA (1994 p.5-6).

Historicamente, a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a


Pedagogia e a Psicologia, a partir da necessidade de
atendimento a crianças com dificuldades de aprendizagem,
consideradas inaptas dentro do sistema educacional
convencional. Através de estudos psicopedagógicos que vêm
se desenvolvendo e de contribuições de outras áreas como a
Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a Lingüística e a
Epistemologia, o campo da Psicopedagogia passa por uma
reformulação, busca-se uma compreensão do fenômeno da
aprendizagem e seus problemas e uma atuação de natureza
mais preventiva, evitando possíveis “perdas” na aprendizagem.

Por sua vez, para RUBINSTEIN (in Scoz, 1987), a


Psicopedagogia procura atender aos "excluídos" do sistema
educacional, ou seja, aquelas crianças que por diversos fatores
não conseguem acompanhar o processo educacional. A
atenção deve estar voltada para a relação que o aprendiz
estabelece com o desenvolvimento da aprendizagem.

A princípio, o trabalho psicopedagógico priorizava a


reeducação, e o processo de aprendizagem era avaliado em
função de suas deficiências . O objeto de estudo era o sujeito
que não podia aprender, concebendo-se a “não -
aprendizagem” pelo enfoque que salientava a falta. Esse
enfoque buscava estabelecer semelhanças entre grandes
grupos de sujeitos, as regularidades, o esperado para
determinada idade, visando a reduzir as diferenças e acentuar
a uniformidade. Entende-se que essa semelhança é a relação

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com um padrão de “normalidade” definido pelo comportamento
da maioria das crianças observadas.

Posteriormente, a Psicopedagogia adotou a noção de não-


aprendizagem de uma outra maneira: o não-aprender é tido
como carregado de significados e não se opõe ao aprender.

Essa fase da Psicopedagogia é fundamentada especialmente


na Psicanálise e na Psicologia Genética. Essa nova concepção
leva em conta a singularidade do indivíduo ou grupo, buscando
o sentido particular de suas características e suas alterações,
segundo as circunstâncias de sua própria história e de seu
mundo sociocultural.

Encontram-se na literatura francesa vários autores que


contribuíram para a formação do conceito de Psicopedagogia,
COMO: Jacques Lacan, Maud Mannoni, Françoise Dolto, Julián
de Ajuriaguerra, Janine Mery, Michel Lobrot, Pierre Vayer,
Maurice Debesse, René Diatkine, George Mauco, Pichón-
Rivière e outros. (Bossa 1994 p.28).

Esses autores muito se preocuparam com os problemas que


influem na aprendizagem e algumas de suas obras abordam a
dificuldade de aprendizagem como objeto de estudo da
Psicopedagogia.

É importante destacar que tais estudos até hoje servem de


base para a Psicopedagogia, pois relatam experiências de
centros educacionais e equipes que procuram readaptar
crianças com dificuldades de aprendizagem

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Sob a influência desses autores, a Psicopedagogia chegou à
Argentina, e suas atividades tiveram início antes da criação do
próprio curso. De acordo com a professora Alícia Fernandez,
Buenos Aires foi a primeira cidade argentina a oferecer uma
Faculdade de Psicopedagogia e, graças a isso, essa área
ocupa hoje um significativo espaço no âmbito da educação e
da saúde.

Encontram-se na Argentina: Sara Paín, Jorge Visca, Alícia


Fernandez e Carmem Alícia Montti como os autores que mais
influenciaram o conceito de Psicopedagogia no Brasil. E,
finalmente, em nosso país destacam-se vários autores: Beatriz
Judith Lima Scoz, Nádia Bossa, Edith Rubinstein, Maria Lúcia
L. Weiss, Leda Barone, Claudete Sargo, Lino de Macedo e
outros.

A PSICOPEDAGOGIA
NO BRASIL

Foi na década de 70 que surgiram, no Brasil, cursos com


enfoque psicopedagógico e conferências que abordavam o
assunto, como por exemplo, a do professor Júlio Quirós,
médico e professor de Buenos Aires que estudava a leitura-
escrita. Ao final dessa década surgiram os primeiros cursos
formais de especialização em Psicopedagogia.

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________8


Em 1979 criou-se o primeiro curso regular de Psicopedagogia
no Instituto Sedes Sapientiae em São Paulo. Observa-se que,
em aproximadamente 20 anos, o número de cursos multiplicou-
se, bem como o interesse dos profissionais nessa área.

Embora a Psicopedagogia no Brasil tenha se influenciado pela


Psicopedagogia da Argentina, a prática desenvolvida difere um
pouco nesses países. O principal problema é o fato de que,
aqui, ela ainda não é uma profissão reconhecida, portanto seu
campo de atuação ainda é restrito.

BOSSA (1994) destaca em sua obra alguns pontos comuns da


história da Psicopedagogia no Brasil e na Argentina:
1. “A atividade prática iniciou-se antes da
criação dos cursos nos dois países.
2. Em ambos os países, a prática surgiu
da necessidade de contribuir na
questão do “fracasso escolar”.
3. Inicialmente o exercício
psicopedagógico apresentava um
caráter reeducativo, assumindo, ao
longo do tempo, um enfoque
terapêutico.
4. A psicopedagogia nasce com o
objetivo de um trabalho na clínica e
vai ampliando a sua área de atuação
até a instituição escolar, ou seja, vai
da prioridade curativa à preventiva.
5. Encontra terreno fértil nesses dois
países, em função da demanda que
lhe deu origem.” (p. 48)

Diante da história da Psicopedagogia, é importante mencionar


um dos grandes grupos do Brasil que serve de base para
estudos em Psicopedagogia, que é a Associação Brasileira de
Psicopedagogia, assim como relatar as normas estabelecidas
para os profissionais da área.

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No Brasil o profissional de Psicopedagogia está amparado pela
Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) que procura
promover o desenvolvimento e aprimoramento dos assuntos
psicopedagógicos. Trabalhando também para a
regulamentação da profissão, ela coleta informações e elabora
propostas em conjunto com os profissionais da área.

Essa associação teve origem na Associação Estadual de


Psicopedagogos - AEP, fundada em 1980,e em 1988 passa a
denominar-se Associação Brasileira de Psicopedagogia -
ABPp. Segundo RUBINSTEIN (in SCOZ et al, 1987), ela foi
criada por profissionais atuantes, formados em
Psicopedagogia, no Instituto Sedes Sapientiae. Esses
profissionais sentiam a necessidade do reconhecimento
profissional, conscientes de seu papel na comunidade.

Ao ser criada, essa associação tinha os seguintes objetivos:


 promover o desenvolvimento e aprimoramento dos assuntos
psicopedagógicos;
 colaborar na elaboração de projetos de leis e regulamentos
sobre a Psicopedagogia ou questões correlatas;
 proporcionar meios e condições que facilitassem o
exercício da Psicopedagogia;
 defender a instituição da Psicopedagogia, preservando suas
finalidades sociais.

A ABPp é uma entidade de caráter cientifico-cultural sem fins


lucrativos, promovendo conferências, seminários,
mesas-redondas e cursos abertos à participação de
profissionais psicopedagogos e educadores em geral, com o

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objetivo de divulgar e discutir diferentes tendências teóricas e
metodológicas que possam acrescentar conhecimentos à área.

Através de seus membros, esta Associação busca a


regulamentação da profissão e aponta que essa necessidade
se tornou crucial graças ao desenvolvimento da área e à
expansão da atuação do psicopedagogo.

Sabe-se que na Argentina o psicopedagogo é um profissional


reconhecido há aproximadamente 25 anos. Aqui no Brasil, a
ABPp trabalha para a regulamentação da profissão e,
juntando experiências em pesquisas e atuações, procura reunir
argumentos para conclusão do processo. É importante relatar
que o processo histórico de regulamentar a profissão do
psicopedagogo começou a definir-se em 1988.

O objetivo da regulamentação é oficializar o que já existe de


fato, permitindo a normatização da formação e exercício
profissional, além de estender esse atendimento à população
de baixa renda, através de convênios de assistência médica e
sistemas públicos de saúde e educação.

A ABPp, os sócios e os coordenadores de cursos de


Psicopedagogia elaboraram um documento onde são
destacadas algumas características importantes da atuação do
profissional e alguns fatores relevantes à formação em
Psicopedagogia, ou seja, foi definido o perfil do profissional.
Apontam-se dados, por exemplo, de que no Brasil o sistema
escolar ampliou o seu número de vagas, mas não desenvolveu
uma política que o tornasse eficiente. Observam-se altos
índices de repetência, aumento crescente de alunos com

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dificuldades de aprendizagem, formação precária dos que
conseguem concluir o ensino básico, desinteresse geral pelo
trabalho escolar. Acredita-se que a Psicopedagogia se propõe
a atender ao desafio de melhorar a qualidade de vida
acadêmica dos alunos com dificuldades de aprendizagem.

Esse documento foi analisado e discutido em encontros


promovidos pela ABPp, e em reuniões do Conselho, tendo sido
questionados alguns fatores:
1. definir qual o tipo de curso que se reconhece como
necessário para obter a regulamentação da profissão.
Especialização lato sensu ou stricto sensu? Ligado à
Universidade ou a outros Institutos com reconhecimento
nacional?
2. esclarecer qual o tipo de formação e o conhecimento que o
aluno deverá ter para a realização de uma especialização
em Psicopedagogia;
3. analisar a necessidade da criação de um sindicato para
defender as possíveis causas. Quais seriam as implicações
e os benefícios?
4. avaliar se o momento político é oportuno para esse tipo de
solicitação;
5. delimitar e especificar qual é o campo de atuação do
profissional a ser formado;
6. verificar quais os órgãos públicos que seriam envolvidos,
para a efetivação desse propósito.

Diante de tais dúvidas, criou-se uma comissão para análise


dessas questões e elaboração de uma proposta, que foi
encaminhada ao Ministério da Educação em 1995. Após
sugestões e adequações do material, esse documento foi

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apresentado na Câmara dos Deputados Federais, em 14 de
maio de 1997. No dia 03 de setembro de 1997, foi votado e
aprovado pela 1ª Comissão do Trabalho.

Com base na necessidade de regulamentar a profissão do


psicopedagogo, é importante considerar os aspectos da
formação nessa área.

A Psicopedagogia no Brasil não representa, ainda, uma nova


profissão do ponto de vista legal. O psicopedagogo atua a
partir de uma formação em nível de especialização, na maioria
das vezes em programas lato sensu que estão regulamentados
pela Resolução n° 12/83, de 16/10/83, que forma os
especialistas, denominados "especialistas em Psicopedagogia".
Existem esses cursos em instituições públicas e privadas, por
todo o país. O curso deve atender às exigências mínimas do
Conselho Federal de Educação (CFE) quanto à carga horária,
critérios de avaliação, formação do corpo docente e outras.

É importante ressaltar que essa diversificação gera desconforto


entre os futuros profissionais da área, visto que alguns cursos
oferecem estágio prático obrigatório,outros priorizam o enfoque
preventivo e a atuação institucional, alguns priorizam a
atuação clínica, e há, ainda, os cursos que preparam para o
magistério no ensino superior.

FONSECA (1994) também aponta a sua preocupação com a


formação do profissional:
- “Estão os cursos de especialização em
Psicopedagogia proporcionando um currículo
básico suficientemente abrangente em termos
de disciplinas e referenciais teóricos, que

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possibilite dar conta da multiplicidade das
variáveis intervenientes e da complexidade do
fenômeno da aprendizagem humana ?
- Estão os cursos de formação fornecendo
instrumentalização suficiente aos futuros
psicopedagogos quanto à avaliação e à prática
psicopedagógicas ? “ (p. 19-20)

Diante desses aspectos, e sabendo que não existem normas e


critérios mínimos no que se refere ao conteúdo a ser dado em
cursos de Psicopedagogia, que parâmetros deverão então ser
usados para formar profissionais capacitados?

Encontra-se, na literatura, autores reforçando a idéia de que se


deve formar profissionais capacitados para o exercício da
profissão. Muitos deles apontam fatores que não podem faltar
ao conhecimento do profissional. Acredita-se que as
instituições de ensino se baseiam, nessas experiências, para
montar o currículo do seu curso.

Segundo BOSSA (1994), entre os fatores importantes na


formação do psicopedagogo, é necessário que esse
profissional saiba compreender a interação que existe entre o
sujeito aprendiz e o meio em que ele vive, caso contrário ele
não conseguirá realizar um diagnóstico preciso da dificuldade
de aprendizagem da criança observada.

No trabalho de GOLBERT (1984), realizado a partir de


depoimentos de vários profissionais que trabalham com
formação em Psicopedagogia no sul do país, também
encontra-se alguns aspectos relevantes que os cursos
deveriam possibilitar aos seus alunos:
1- do ponto de vista filosófico: embasamento

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para encontrar a idéia de homem e os valores
implícitos em cada teoria educacional;
2- do ponto de vista sociológico: embasamento
para a compreensão de seu espaço sócio-
cultural diante da realidade social, analisando
as influências das organizações sociais sobre
os educandos;
3- do ponto de vista psicológico: embasamento
profundo das teorias de aprendizagem, do
desenvolvimento humano, da aquisição do
conhecimentos, das possíveis dificuldades de
aprendizagem e o conhecimento de métodos e
técnicas de ensino.

Os profissionais que irão atuar na linha clínica e terapêutica


necessitam de uma formação específica relacionada, por
exemplo, ao desenvolvimento psicomotor, perceptivo,
lingüístico, ao desenvolvimento do pensamento e , conforme
menciona FONSECA (1994), necessitam, também, adquirir
conhecimentos em psicopatologia que possibilitem a
compreensão das formas particulares que alteram o processo
de aprendizagem.

Portanto, a prática da Psicopedagogia requer uma formação


abrangente que envolve conhecimentos de outras áreas de
grande importância para uma boa atuação do profissional, e
sabe-se que a fundamentação teórica vai sendo alterada à
medida que essa área evolui.

Segundo os estudos de Lino de Macedo, a atuação do


psicopedagogo no Brasil abrange as seguintes atividades:

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1. orientação de estudos – essa orientação deve
ser direcionada à forma de organização da
vida escolar da criança, ou seja, analisar como
esta se utiliza do tempo e da forma de
estudar. Se necessário, deve-se fazer uma
proposta;
2. apropriação dos conteúdos escolares – pode-
se utilizar os conteúdos escolares como uma
estratégia para trabalhar as dificuldades da
criança;
3. desenvolvimento do raciocínio - deve-se
utilizar atividades para a observação dos
processos de pensar e a construção do
conhecimento das crianças Esse
procedimento pode promover um
desenvolvimento cognitivo maior do que
aquele que as escolas costumam conseguir.
Utilizar jogos nesse tipo de atividade é uma
sugestão;
4. atendimento de crianças - A Psicopedagogia
presta-se a atender crianças com dificuldades
de aprendizagem, sejam elas dificuldades
mentais, autistas, com ou sem
comprometimentos orgânicos.

É muito comum encontrar no psicopedagogo, como em outros


profissionais, a necessidade de orientar-se sobre as
responsabilidades da sua atuação. Todos os seus atos e sua
prática pressupõem normas que apontam qual o caminho a
seguir. Para tanto, utilizam o Código de Ética.

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De acordo com o Código de Ética, “se estamos preocupados
com o que vamos fazer em dada situação, estamos diante de
um problema moral. Se nos propusermos a investigar essa
moral, então o que temos é uma questão ética.”(FLORES,
1994, p. 3)

Entre os conceitos com que a Ética trabalha, citam-se:


liberdade, responsabilidade, valor, consciência, direitos,
obrigações, sociabilidade, relações de trabalho e respeito às
outras profissões.

O Código de Ética foi elaborado para amparar o profissional de


Psicopedagogia, procurando orientá-lo quanto às
responsabilidades da profissão, relatando as responsabilidades
do profissional, as relações com outras profissões, o sigilo, as
publicações, e outros fatores que cabem ao profissional seguir
ou não.

Através de seus capítulos, pode-se observar que o trabalho


psicopedagógico é de natureza educacional, clínica e
preventiva e que sua atuação está designada aos portadores
de certificado de curso de especialização em Psicopedagogia
em instituições oficiais ou credenciadas na ABPp.

Manter-se atualizado nos assuntos que se referem ao


conhecimento humano, zelar pelo bom relacionamento com
especialistas de outras áreas, colaborar com o progresso da
Psicopedagogia, assumir apenas as responsabilidades dentro
do limite da profissão, responsabilizar-se pelas avaliações e
diagnóstico que fizer, preservar a identidade do cliente quando

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relatado o caso em congressos e publicações, são alguns dos
principais deveres do profissional.

Observa-se também que, em relação a outras profissões, o


Código de Ética se posiciona da seguinte forma: “o profissional
deve trabalhar nos estritos limites das atividades que lhe são
reservadas, encaminhando os casos pertencentes a outras
especialidades “.

O psicopedagogo está obrigado a guardar segredo sobre fatos


de que tenha conhecimento em decorrência do exercício de
sua atividade. É importante consultar o Código de Ética para
verificar o que se entende como quebra e guarda de sigilo.

Outro aspecto interessante que esse documento aborda é o


que diz respeito a publicações científicas, onde são
determinadas normas que os autores devem seguir, lembrando
que cabe ao Conselho Nacional da ABPp a apuração de faltas
cometidas contra esse código, a avaliação e advertência,
quando necessário.

Diante disso, constata-se que o Código de Ética é essencial


para o profissional de Psicopedagogia e, como relata em suas
páginas: “... diante de um código de ética, todos temos razão
se não insistirmos em ter razão sozinhos.” (p.6)

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LEITURA
RECOMENDADA

BOSSA, N.A. A Psicopedagogia no Brasil : contribuições a


partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.

FLORES, H.G. Código de Ética. São Paulo: Associação


Brasileira de Psicopedagogia, 1994

FONSECA, S.A. A formação do psicopedagogo: análise e


reflexão Revista Psicopedagogia., São Paulo, v.13, n.28,
p.19-22, 1994.

GOLBERT, C. Considerações sobre as atividades dos


profissionais em psicopedagogia na região de Porto
Alegre. Boletim da Associação Brasileira de
Psicopedagogia, São Paulo, n.8, 1984.

MERY, J. Pedagogia curativa, escolar e psicanálise. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1985.

SCOZ, B. J. L. et al. Psicopedagogia : o caráter


interdisciplinar na formação e atuação profissional. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1987.

SCOZ, B.J.L. Psicopedagogia e realidade escolar: o


problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis: Vozes,
1994.

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________19


CONSIDERAÇÕES

O alto número de pessoas que não conseguem aprender, em


todas as camadas sociais, faz com que se repense o conceito de
dificuldade de aprendizagem. Será que o contingente de alunos,
com baixo desempenho escolar, é possuidor de uma síndrome?
Ou será que o sistema de ensino como um todo é fruto de uma
síndrome do não saber ensinar?

Será que, longe de estar à frente de alunos identificados, muitas


vezes, como fracassados na escola, não se está deparando com
crianças saudáveis, que apenas não se sentem motivadas a
participar das atividades de ensino, resultando com isso no não
desenvolvimento de sua aprendizagem?

Serão elas, de fato, incapazes? Ou são crianças normais que


simplesmente estão inseridas num sistema de ensino que precisa
ser readequado à luz das novas tecnologias e das novas formas
de pensamento?
Para SCOZ et al (1998, p.5) “É sabido que em uma sociedade
como a atual, em que a educação é considerada fator de
mobilidade social, o fracasso escolar de um indivíduo promove
sua marginalização na própria escola, na família, na sociedade.
Por isso, é especialmente preocupante o fato de que o principal

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problema enfrentado pelos sistemas educacionais refere-se às
dificuldades de aprendizagem de crianças e adolescentes,
como ocorre especialmente nos países subdesenvolvidos.
Mais trágico ainda é considerar que, na maioria das vezes, as
crianças que enfrentam tais problemas de aprendizagem não
apresentam deficiências intelectuais ou comprometimento
neurológico e poderiam ser recuperadas se beneficiadas por
processos e procedimentos psicopedagógicos desenvolvidos
com o apoio do especialista em Psicopedagogia.”

Essas considerações levam a reflexão de que, também na área


da educação, é preciso pensar na prevenção das dificuldades
de aprendizagem, ou seja, tentar evitar que os problemas
aconteçam. Tentar conseguir que os educadores se
modifiquem, estudem o processo de aprendizagem e os fatores
que o influenciam, desenvolvam pesquisas, para que possam
melhorar sua atuação junto aos alunos.

Leia o caso a seguir, reflita sobre o


mesmo e, nas linhas pontilhadas,
escreva qual o seu posicionamento,
antes de começar a estudar o módulo.

“André Novotny, 13 anos, hoje um bom aluno, é apaixonado por

história e ciências. Coleciona pedras, navega com desenvoltura

pela Internet, faz pesquisas sobre o corpo humano e quer se

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________21


preparar para estudar medicina. Essa é uma forma de contar a

história de André. O menino percebeu, cedo, que a escola pode ser

um lugar penoso. Teve dificuldades para seguir o ritmo de seus

colegas, acumulou insucessos em português e matemática. Sempre

tentou aprender, mas começou a se achar incapaz. Passou a andar

com outros estudantes que também não iam bem nos estudos,

alguns já marcados pela reprovação. Entre uma e outra versão,

está a escola e sua incapacidade de lidar com as várias facetas e

com os vários ritmos da aprendizagem”. (Texto de Paulo de Camargo,


free-lance para a Folha, publicado na FOLHA [sinapse], de 27/01/2004).

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Este caso ilustra um fato que ocorre freqüentemente em
nossas escolas, preocupando os professores e os pais dos
alunos considerados incapazes de aprender.

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Com o propósito de estudar os fatores que influenciam o
processo de aprendizagem, e pela necessidade de buscar
soluções para a difícil questão daqueles que não conseguem
aprender, surge a Psicopedagogia com o objetivo de estudar o
comportamento humano voltado especificamente para a
aprendizagem.

Para auxiliar os professores a


oferecer um ensino de qualidade
aos seus alunos, a
PSICOPEDAGOGIA se dedica a
OBJETO DE
ESTUDO estudar a aprendizagem e os fatores
DA
PSICOPEDAGOGIA que podem estar interferindo no
processo de aprender. Com isso
estabelece o diagnóstico e propõe o
tratamento em busca da solução
para a queixa apresentada.

A
PSICOPEDAGOGIA

De acordo com o Código de Ética da Psicopedagogia:


“A Psicopedagogia é um campo de atuação
em saúde e educação que lida com o
conhecimento, sua ampliação, sua
aquisição, distorções, diferenças e
desenvolvimento por meio de múltiplos

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________23


processos e estratégias, considerando
sempre a individualidade do aprendente.
Está comprometida com a melhoria das
condições de aprendizagem, revelando
sempre as condições pessoais de quem
adquire o conhecimento.” (FLORES, 1994,
p.7)

Para RUBINSTEIN (in Scoz, 1987), a Psicopedagogia procura


atender aos "excluídos" do sistema educacional, ou seja,
aquelas crianças que por diversos fatores não conseguem
acompanhar o processo educacional. É importante analisar a
relação que o aprendiz estabelece com o desenvolvimento da
aprendizagem.

A Psicopedagogia, segundo SCOZ (1991), é uma área que


estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades e que,
numa ação profissional, deve integrar vários campos do
conhecimento com o objetivo de compreender o processo e os
problemas resultantes dele. Segundo a autora, é uma área que
aprofundou conhecimentos para contribuir também com a
melhoria da qualidade de ensino.

A fim de compreender o processo de aprendizagem, é


necessário analisar os fatores que podem influenciá-lo. Hoje,
essa preocupação é muito significativa para o psicopedagogo,
conforme afirma VISCA (1991, p-14): “Anteriormente, a
Psicopedagogia significava o conhecimento e o estudo do
sujeito individual, enquanto educação significava o
conhecimento da comunidade, da sociedade”. Com o
desenvolvimento das pesquisas, observa-se, através do

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________24


conceito de Psicopedagogia, que hoje essa área não engloba
apenas o sujeito, mas também os fatores que influem nesse
sujeito.

Na colocação do professor MACEDO (in Scoz, 1991), observa-


se que o psicopedagogo necessariamente irá relacionar
conceitos da Psicologia e da Pedagogia na sua atuação, e diz
que toda vez que um profissional da Pedagogia realiza uma
ação, levando em conta aspectos psicológicos nela envolvidos,
comporta-se como um psicopedagogo. Por outro lado, toda vez
que um profissional da Psicologia realiza uma ação, levando
em conta aspectos pedagógicos, comporta-se também como
um psicopedagogo. Observamos, através desta afirmação, que
a Psicopedagogia aproximou as áreas de Pedagogia e
Psicologia, sendo que ambos os conhecimentos são
necessários para a sua atuação.

NEVES, (1991), acredita que a Psicopedagogia estuda o ato de


aprender e ensinar, levando em conta a realidade interna e
externa da aprendizagem, tomadas em conjunto e procurando
estudar a construção do conhecimento em toda sua
complexidade.

O objetivo da Psicopedagogia é a compreensão do processo


de aprendizagem, dando enfoque para as características da
aprendizagem humana: como se aprende, como essa
aprendizagem varia evolutivamente, como se produzem as
alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e
preveni-las. (BOSSA ,1994)

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________25


Segundo RUBINSTEIN (in Sisto,1996 ) essa aprendizagem
baseia-se na observação do desenvolvimento do processo,
considerando os fatores que influenciam a não obtenção do
sucesso.

Com o propósito de estudar a aprendizagem e seus problemas,


a Psicopedagogia procura relacionar outras áreas de
conhecimento, a fim de realizar um trabalho interdisciplinar,
contribuindo para melhor compreensão do processo, melhor
orientação aos problemas decorrentes e também para melhorar
a qualidade do ensino. De acordo com FERNANDEZ (1996),
essa área é jovem, questionadora e com grande expansão.

Há muito tempo os estudos sobre a aprendizagem vêm se


destacando entre os profissionais em busca da compreensão
do processo de aprender.

Para uma criança desenvolver normalmente a aprendizagem, é


preciso que tenha oportunidades adequadas para isso e,
conforme nos apresentam JOHNSON, MYKLEBUST (1987),
são necessárias habilidades básicas. Essas integridades
referem-se aos fatores psicodinâmicos, sistema nervoso
periférico e integridade do sistema nervoso central, enfim,
estruturas físicas que interferem na aprendizagem.

Quando JOHNSON, MYKLEBUST (1987, p.3) se referem aos


fatores psicodinâmicos, usam o termo identificação como um
fator necessário à aprendizagem; “o bebê balbucia porque ele
está se identificando, porque os processos psicológicos estão
se desenvolvendo normalmente”. O estudo do
desenvolvimento da linguagem indica também que a imitação é

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________26


essencial, visto que por meio dela é que o bebê adquire a
capacidade de internalização e, assim, começa a assimilar seu
mundo. Para que haja uma aprendizagem normal, também é
necessário que o sistema nervoso periférico e o sistema
nervoso central estejam intactos, pois, como nos apresenta o
autor, “as crianças com disfunção cerebral freqüentemente
sofrem de sobrecarga; os sentidos enviam mais informações do
que o sistema nervoso central é capaz de integrar” (p.4), e,
quando isso ocorre, pode haver interferências na
aprendizagem.

Sabemos que existe uma porcentagem significativa de crianças


que não consegue aprender. Quando esse problema se
prolonga sem perspectiva de solução, surge a sensação de
fracasso, incapacidade e desânimo por parte da criança e até,
às vezes, por parte dos pais e professores.

DIFICULDADE
DE
APRENDIZAGEM

Verificamos que dificuldades de aprendizagem é o objeto de


estudo da Psicopedagogia. No entanto, existem na literatura,
muitas discrepâncias quanto à forma de os autores abordarem
o não-aprender: dificuldade escolar, dificuldade de
aprendizagem, distúrbio de aprendizagem e problema de
aprendizagem.

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________27


CIASCA e ROSSINI (2000), complementam, dizendo que a
necessidade de definição desses termos dentro do processo
surgiu não só pelos diversos padrões e etiologias envolvidos na
expressão, mas também pela urgência de se obter um linguajar
objetivo que atendesse à multidisciplinaridade e à
interdisciplinaridade da expressão referida, visando à coesão
do diagnóstico, tratamento e remediação do problema.

O termo “dificuldade escolar” significa qualquer tipo de


dificuldade apresentada durante o processo de aprendizagem,
decorrente de causas internas ou externas ao indivíduo,
conforme define BETETTO (1987). Esse conceito está
relacionado ao que GUZZO (1990) chama de “dificuldade de
aprendizagem” e complementa, dizendo ser essa terminologia
utilizada para designar desordens na aprendizagem de
maneira geral, não necessariamente causadas por fatores
orgânicos.

CIASCA (1990) aponta que “distúrbio de aprendizagem” é


característico de população que, além de inadequações
educacionais, apresenta condições insatisfatórias de saúde,
deficiências comportamentais e condições emocionais que
influenciam na capacidade do indivíduo aprender
(WORRALL,1990). É algo explicitador de comprometimentos
neurológicos que interferem na percepção e no processamento
da informação, impedindo o processo de aprendizagem,
complementa GUZZO (1990).

Dentro desse contexto, assume-se que, quando o fator de


influência na aprendizagem for orgânico, deve-se classificá-lo

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________28


como um distúrbio, caso contrário, como “dificuldade de
aprendizagem” ou “dificuldade escolar”.

Neste curso será utilizado o termo dificuldade de


aprendizagem por melhor atender aos objetivos do mesmo.

O termo “problema de aprendizagem” surgiu com o


desenvolvimento da Medicina por volta dos séculos XVIII e XIX.
Esse termo originou-se dos estudos realizados em hospícios,
onde os pacientes eram classificados como “anormais”,
transferindo esse conceito para as escolas, que passaram a
classificar os alunos que tinham dificuldades para acompanhar
a aprendizagem, como alunos “anormais escolares”.
Considerava-se que o fracasso escolar era fruto de alguma
anormalidade orgânica, falando-se até em doença mental
(SCOZ,1994).

Ainda segundo a autora, com a introdução da psicanálise na


medicina, o conceito de "anormal" foi reavaliado. Estudos
realizados sobre as causas das dificuldades de aprendizagem
apontaram fatores que poderiam influenciar esse fracasso,
como, por exemplo: a influência do ambiente e os aspectos
emocionais. A partir dessas possibilidades, esse termo
relacionado com anomalias genéticas e orgânicas, foi
substituído por “problema”, buscando as causas desses
ajustes no ambiente sócio-familiar e tendo como sua base
estudos da psicanálise.

Muitas definições do termo “dificuldades de aprendizagem”


possuem apenas valor histórico, outras, porém, têm viabilidade
profissional como as apresentadas por órgãos oficiais

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________29


relacionados com a Educação, dentre estas, a do National Joint
Committee on Learning Disabilities NJCDL – (1994) que
enfatiza o seguinte:
“Dificuldades de aprendizagem é um termo geral
que se refere a um grupo heterogêneo de
desordens manifestadas por dificuldades
significativas na aquisição e uso da audição, fala,
leitura, escrita, raciocínio, ou habilidades
matemáticas. Essas desordens são intrínsecas
ao indivíduo, presumivelmente devem-se a
disfunções do sistema nervoso central e podem
ocorrer ao longo da vida. Problemas na auto-
regulação comportamental, percepção social e
interação social podem existir com as
dificuldades de aprendizagem, mas não
constituem por eles próprios uma dificuldade de
aprendizagem. Embora as dificuldades de
aprendizagem possam ocorrer
concomitantemente com outras condições
desvantajosas (handicapping) por exemplo,
dificuldades sensoriais, deficiência mental,
distúrbios emocionais sérios ou com influências
extrínsecas (tais como diferenças culturais,
instrução insuficiente ou inapropriada), elas não
são o resultado dessas condições ou influências”.
(NJCLD, 1994 citado em CRUZ, 1999, p.59)

Referindo-se ainda ao processo de aprendizagem, a autora


SARA PAIN (1985) apresenta um novo termo: “perturbações
na aprendizagem”, definindo como perturbações tudo o que vai

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________30


contra a normalidade do processo, qualquer que seja o nível
cognitivo do sujeito.

Diante da controvérsia existente nas diferentes teorias e nos


diferentes autores, neste curso será utilizado o termo
“dificuldade de aprendizagem”, pois estamos nos referindo a
algo genérico, incluindo uma variedade de problemas que
possam vir a afetar a aprendizagem.

Diante das definições existentes para o termo dificuldades de


aprendizagem, é importante que haja cautela quando da sua
utilização, pois, de acordo com CRUZ (1999), um indivíduo não
pode ser apontado como possuidor de dificuldades de
aprendizagem, se os problemas de aprendizagem forem
conseqüências de distúrbios neurológicos e problemas físicos
(motores, visuais, fonéticos). Além disso, quando a criança
apresenta dificuldades de aprendizagem, é importante
identificar o método educativo pelo qual ela está sendo
trabalhada, podendo ser este o causador de tal manifestação,
e, finalmente, é preciso analisar o fator emocional, verificando
quais os sentimentos que podem estar afetando sua
capacidade de aprender.

Para GUZZO, RIBEIRO (1987), existem alguns fatores que


podem causar dificuldades de aprendizagem como, por
exemplo, experiências insatisfatórias vivenciadas pela criança
e, muitas vezes, dolorosas, envolvendo seu desenvolvimento
afetivo. Em outros casos, existem crianças que não são
estimuladas o suficiente, crianças que têm dificuldades por não
se adaptarem aos ensinamentos do professor .

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________31


É importante ressaltar que é grande o número de crianças com
dificuldades de aprendizagem e o número de professores que
não compreendem o processo de aprendizagem da criança.
Outros educadores, embora conheçam o processo, não
conseguem detectar problemas na aprendizagem de seus
alunos, talvez porque estes não manifestem comportamentos
“anormais”, em virtude de a atividade realizada não exigir
raciocínio profundo (SCOZ, in Sargo 1994). Para detectar
problemas, é necessário fazer um diagnóstico do aluno.

Um grande exemplo do que foi citado acima está no artigo


publicado por MASINI (1986) : “Problema de aprendizagem – o
que é isso? Confusões em um processo pouco conhecido”. A
autora menciona uma lista de queixas apresentadas pelos
professores em relação a seus alunos, tornando evidente que
as mesmas confundem condições de aprendizagem que levam
ao mau rendimento escolar com dificuldades de aprendizagem.
Esse aspecto é muito sério, pois a criança é identificada como
portadora de um problema e passa a ser tratada como tal,
quando a questão, na verdade, volta-se para as condições de
aprendizagem.

Observa-se no trabalho dessa autora que muitas queixas


apresentadas referem-se a diferenças de atitudes ou
mudanças no comportamento do aluno. Para lidar com isso, é
necessário observar os aspectos que influenciam esse
comportamento, levando em consideração, por exemplo, que
ele pode estar trazendo de fora da escola fatores de ordem
emocional. “Não é possível remediar condutas inadequadas
sem compreender a criança que apresenta essas condutas”.
(MASINI, 1997,p.37)

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________32


ATUAÇÃO DO
PSICOPEDAGOGO

De acordo com SCOZ (1987), como nas outras áreas da


saúde, a psicopedagogia abrange atuação em nível preventivo
e curativo.

Na função preventiva, o psicopedagogo deve atuar nas escolas


e em cursos de formação de professores, analisando o
desenvolvimento da aprendizagem dos alunos e a atuação dos
professores para propor metodologias de ensino que trabalhem
de forma integrada e de acordo com as capacidades dos
alunos.

Na função curativa, sua atuação é dirigida para crianças e


adolescentes que já apresentam queixas de dificuldades de
aprendizagem. Neste caso o psicopedagogo trabalhará com o
diagnóstico para a identificação do real problema e também
poderá atuar no tratamento em busca da solução para a
dificuldade apresentada.

A atuação dentro de instituições de ensino, pensando no


âmbito preventivo e conforme nos apresenta BOSSA (1994),
deve dedicar-se ao planejamento educacional e

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________33


assessoramento pedagógico. Devem ser consideradas as
questões metodológicas relacionais e sócio-culturais, o papel
do aluno, do professor, da família e da sociedade no
desenvolvimento da aprendizagem.

Segundo BOSSA (1994) o trabalho clínico, com função curativa


pode ser desenvolvido em consultórios ou em hospitais, onde o
psicopedagogo se empenhará em compreender como o sujeito
aprende e quais os fatores que estão interferindo nesta
aprendizagem para, a partir disso, propor uma mudança de
comportamento que leve o sujeito a desenvolver sua
aprendizagem sem intercorrências.

O trabalho clínico se subdivide em dois momentos: a fase


diagnóstica e a fase da intervenção, sendo que a primeira
coleta informações para direcionar a intervenção.

Não é permitido ao psicopedagogo recorrer a instrumentos, por


exemplo, de uso do psicólogo. Por não ter formação em
Psicologia, quando a situação requerer ele deve solicitar apoio
de profissional habilitado para poder completar seu diagnóstico.
O mesmo ocorre em outras áreas como a fonoaudiologia,
neuropsicologia, neurologia, e outras.

A Psicopedagogia já possui um Código de Ética que

apresenta, de forma detalhada, como este especialista

deve-se portar.

Manter-se atualizado nos assuntos que se referem ao


conhecimento humano, zelar pelo bom relacionamento com
especialistas de outras áreas, colaborar com o progresso da

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________34


Psicopedagogia, assumir apenas as responsabilidades dentro
do limite da profissão, responsabilizar-se pelas avaliações e
diagnóstico que fizer, preservar a identidade do cliente quando
relatado o caso em congressos e publicações, são alguns dos
principais deveres do psicopedagogo.

De acordo com a proposta da Psicopedagogia, o profissional


poderá atuar em instituições e em clínicas, porém, sabemos
que no Brasil, a Associação Brasileira de Psicopedagogia
trabalha para a regulamentação da profissão e, juntando as
experiências em pesquisas e atuações, procura reunir
argumentos para conclusão do processo. É importante relatar
que o processo histórico de regulamentar a profissão do
psicopedagogo começou a definir-se em 1988. Na Argentina o
psicopedagogo é reconhecido há aproximadamente 25 anos.

O objetivo da regulamentação é oficializar o que já existe de


fato, permitindo a normatização da formação e exercício
profissional, além de estender esse atendimento à população
de baixa renda, através de convênios de assistência médica e
sistemas públicos de saúde e educação.

Diante disso é mais prudente que o especialista em


Psicopedagogia atue dentro do limite que sua profissão
oferece, e use os conhecimentos adquiridos nesta
especialidade, para enriquecer sua atuação profissional, até a
conclusão do processo de reconhecimento da profissão de
psicopedagogo.

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EXERCÍCIOS

1. Qual é o principal objetivo da Psicopedagogia?


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2. Quais são as vantagens do psicopedagogo trabalhar em


uma equipe interdisciplinar?
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3. O que diferencia o termo “dificuldade de aprendizagem”


do termo “distúrbio de aprendizagem”?
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4. Na sua opinião quais fatores podem causar dificuldade
de aprendizagem numa criança?
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5. A atuação do psicopedagogo pode ser em nível


preventivo e curativo. Explique a diferença:
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6. Quais as principais atribuições do psicopedagogo numa
Instituição e num trabalho Clínico?
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Agora que você já terminou o estudo do módulo, reflita sobre
o caso apresentado na página 4 e, com base nos
conhecimentos que você adquiriu, escreva nas linhas
pontilhadas, qual o seu posicionamento sobre o mesmo.
Faça a comparação da sua reflexão de antes e depois do
estudo do módulo, para analisar se houve diferenças entre
os dois posicionamentos.

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LEITURA
RECOMENDADA

BOSSA, N.A. A Psicopedagogia no Brasil : contribuições a partir da prática.


Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.

FLORES, H.G. Código de Ética. São Paulo: Associação Brasileira de


Psicopedagogia, 1994.

SCOZ, B. J. L. et al. Psicopedagogia : o caráter interdisciplinar na formação


e atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

VISCA, J. Psicopedagogia : novas contribuições. Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 1991.

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

BETETTO, A.M.F. Alfabetização de crianças com atraso no


desenvolvimento através da instrução programada e
treinamento em serviço de professores. São Paulo, 1987.
Tese (Doutorado) - Instituto de Psicologia, Universidade de
São Paulo.

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________39


BOSSA, N.A. A Psicopedagogia no Brasil : contribuições a partir
da prática. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994.

CIASCA, S.M. Diagnóstico dos distúrbios de aprendizagem em


crianças: análise de uma prática interdisciplinar. 1990. Tese
(Mestrado) – Instituto de Psicologia, Universidade de São
Paulo, São Paulo.

CIASCA, S.M.; ROSSINI, S.D.R. Distúrbios da aprendizagem:


mudanças ou não? Correlação de dados de uma década de
atendimento. Temas sobre desenvolvimento, v.8, n.48, p.11-
16, jan/fev, 2000.

CRUZ, V. Dificuldades de aprendizagem: fundamentos. Portugal:


Porto Editora, 1999.

FERNÁNDEZ, A. La psicopedagogia y las psicopedagogas.


Revista Psicopedagogia., São Paulo, v.14, n.35, p.23-27, 1996.

FLORES, H.G. Código de Ética. São Paulo: Associação Brasileira


de Psicopedagogia, 1994.

GUZZO, R.S.L. Dificuldade de aprendizagem : uma contribuição ao


diagnóstico psicoeducacional, 1990.

GUZZO, R.S.L.; RIBEIRO, P.R.M. Afinal, o que pode fazer o


psicólogo escolar? Estudos de Psicologia, n.4, v.2, p. 88-93,
1987.

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________40


JOHNSON, D.J., MYKEBLUST, H.R. Distúrbios de aprendizagem:
princípios e práticas educacionais. 3 ed. São Paulo: Pioneira,
1987

MASINI, E.F.S. Problema de aprendizagem - o que é isso?


Confusões em um processo pouco conhecido. Revista
Psicopedagogia, São Paulo, v.5, n.11, p.31-42, 1986.

NEVES, M.A.M. Psicopedagogia: um só termo muitas significações.


Revista Psicopedagogia, São Paulo, v.10, n.21, p.10-14, 1991.

PAIN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem.


Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.

SARGO, C. et al. A práxis psicopedagógica brasileira. São Paulo:


Herval Gonçalves Flores, 1994.

SCOZ, B. J. L. et al. Psicopedagogia : o caráter interdisciplinar na


formação e atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas,
1987.

SCOZ, B.J.L. et al. Psicopedagogia : contextualização, formação e


atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

SCOZ, B.J.L. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema


escolar e de aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1994.

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________41


SCOZ, B.J.L. et al. “A regulamentação da profissão assegurando o
reconhecimento do psicopedagogo”. Revista Psicopedagogia,
São Paulo, v.17, n.43, p. 4-9, 1998.

SISTO, F. et al. Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar.


Petrópolis: Vozes, 1996.

VISCA, J. Psicopedagogia : novas contribuições. Rio de Janeiro:


Nova Fronteira, 1991.

WORRAL, R.S. Detecting health fraud in the field of learning


disabilities. Journal of Learning Disabilities, Chicago, v.23, n.4,
p. 207-212, 1990.

REFERENCIAL DE
RESPOSTAS DOS
EXERCÍCIOS

Sua resposta não precisa ser exatamente igual à do


referencial. Se o sentido do que você escreveu é o
mesmo, considere-a como correta.

1. Estudar o comportamento humano voltado especificamente para a


aprendizagem e para as dificuldades que podem ocorrer neste processo.

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________42


2. Trabalhar numa equipe interdisciplinar proporciona ao Psicopedagogo a
troca de informações e troca de experiências com outros profissionais,
facilitando assim a elaboração do diagnóstico. Entre outras vantagens, é
possível também ter acesso a dados que só podem ser coletados por
profissionais habilitados.

3. Dificuldade de aprendizagem: são dificuldades apresentadas, durante o


processo de aprendizagem, decorrentes de fatores internos ou externos ao
indivíduo, não necessariamente causadas por fatores orgânicos. Distúrbio
de Aprendizagem: são distúrbios conseqüentes de condições insatisfatórias
de saúde, ou seja, de comprometimentos neurológicos.

4. Experiências insatisfatórias vivenciadas pela criança, Falta de estímulo e


motivação para o estudo. Problemas de adaptação com a metodologia
utilizada. Problema de relacionamento com o professor. Incoerência no
planejamento do ensino.

5. Nível preventivo: atuar em escolas analisando o desenvolvimento da


aprendizagem dos alunos e a atuação dos professores, propondo
metodologias de ensino adequadas à realidade dos alunos. Nível curativo:
neste caso, como a criança já apresenta queixa de dificuldade de
aprendizagem, a atuação estará voltada para o diagnóstico que irá
confirmar ou não a queixa e em seguida a intervenção, ou tratamento em
busca da solução do problema.

6. Na instituição o psicopedagogo trabalhará mais com prevenção às


dificuldades de aprendizagem, conforme descrito acima, porém, se houver
criança com dificuldades de aprendizagem ele poderá adaptar sua atuação
clínica na instituição. Na atuação clínica, ou seja, trabalhar com a função
curativa, o psicopedagogo poderá realizar o diagnóstico e o tratamento em
consultórios particulares.

APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA_______________________________________________43


UNOESTE -UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA

FICHA DE ORIENTAÇÃO DO ESTUDO

Módulo I – Ficha 01
PSICOPEDAGOGIA – CONCEITOS E FUNDAMENTOS

Apresentação
Pensar na prevenção das dificuldades de aprendizagem significa tentar evitar
que os problemas aconteçam. Para tanto, é preciso conseguir que os
educadores se modifiquem, estudem o processo de aprendizagem e os
fatores que o influenciam, desenvolvam pesquisas, para que possam
melhorar sua atuação junto aos alunos.

Conceituação
Para SCOZ (1991), a psicopedagogia é uma área que estuda o processo de
aprendizagem e suas dificuldades e que, numa ação profissional, deve
integrar vários campos do conhecimento com o objetivo de compreender o
processo e os problemas dele resultantes.

Funções
 Estudar as dificuldades de aprendizagem, buscando alternativas para o
seu diagnóstico e tratamento.
 Desenvolver pesquisas para a compreensão do processo de aquisição do
conhecimento do aluno e das dificuldades que nele podem ocorrer.
 Atender aos "excluídos" do sistema educacional, ou seja, aquelas
crianças que por diversos fatores não conseguem acompanhar o
processo educacional.
 Integrar vários campos do conhecimento com o objetivo de compreender
o processo e os problemas resultantes dele.

Questões características
 O que é psicopedagogia?
 Quais as atribuições do especialista em Psicopedagogia?

Fonte de consulta
SCOZ, B.J.L. et al. Psicopedagogia : contextualização, formação e atuação
profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
UNOESTE -UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO EM PSICOPEDAGOGIA, A DISTÂNCIA

FICHA DE ORIENTAÇÃO DO ESTUDO

Módulo I – Ficha 02
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Apresentação
Embora as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer
concomitantemente com outras condições desvantajosas, como por
exemplo, dificuldades sensoriais, deficiência mental, distúrbios emocionais
sérios ou com influências extrínsecas (tais como diferenças culturais,
instrução insuficiente ou inapropriada), elas não são o resultado dessas
condições ou influências.

Conceituação
“Dificuldades de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo
heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na
aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio, ou habilidades
matemáticas. Essas desordens são intrínsecas ao indivíduo,
presumivelmente devem-se a disfunções do sistema nervoso central e
podem ocorrer ao longo da vida. Problemas na auto-regulação
comportamental, percepção social e interação social podem existir com as
dificuldades de aprendizagem, mas não constituem por eles próprios uma
dificuldade de aprendizagem” (NJCLD - National Joint Committee on
Learning Disabilities – 1994).

Importância de seu estudo


 Determinar precocemente a causa da dificuldade para aprender.
 Direcionar a elaboração de programas de reforço escolar e a adoção de
estratégias clínicas e/ou educacionais que auxiliem a criança no
desenvolvimento escolar.
 Atender aos "excluídos" do sistema educacional, ou seja, aquelas
crianças que por diversos fatores não conseguem acompanhar o
processo educacional.
 Integrar vários campos do conhecimento com o objetivo de compreender
o processo e os problemas resultantes dele.

Questões características
 Dificuldade de aprendizagem. O que é isto?
 Que fatores podem influenciar o processo de aprendizagem?

Fonte de consulta
CRUZ, V. Dificuldades de aprendizagem: fundamentos. Portugal: Porto
editora, 1999.

MORAIS, A.M.P. Distúrbios da aprendizagem: uma abordagem


psicopedagógica. São Paulo: Edicon, 1988.

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