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CAPÍTULO I – CARACTERIZAÇÃO DOS REINOS DO WAMBU, BAILUNDO E

BIÉ

1. ORIGEM E EVOLUÇÃO

O Reino do Wambu ou Wambo – Kalunga (Huambo)

O ano de 1600 marca a fundação do Reino do Wambu, proeza que coube a Wamba –
Kalunga, considerado o primeiro que governou esse território. Originário da região da Cela
(actual região do Kuanza – Sul). Na sua emigração acompanharam-no os primeiros
Tchilamba, Katutu e Sung Wandumbu. Quando chegaram ao Planalto Central, a área já
estava habitada por povos autóctones, os Proto – Ovimbundu, tais como os Nganda (Va-
Nganda) e os Ndombe, um outro povo que ocupava a região. Forjaram-se relações
harmoniosas com os Nganda e o soberano Wambu-Kalunga. Consta da tradição que este
soberano emigrante da Cela, tinha o hábito de carne humana, sobretudo de crianças. Os
Olo-Sekulu (notáveis) descontentes com o carácter malandro do rei, decidiram matá-lo, o
que foi concretizado. Eram-lhe reconhecidas qualidades de grande chefe e a extensão que
que o reino do Wambu ostentou, deve-se a criação de novos reinos tributários, destacando-
se entre estes os Kalukembe, Tchitata ou Tchikuma, Tchingolo, Mbongo, Tchingolo,
Elembe, Ekekete e o de Tchiaka, que muito cedo se converteu num destacado reino
independente. Entretanto apesar disso, os Tchiaka prosseguiram a sua política de estreito
relacionamento com o reino do Wambu, prestando tributos e serviços, incluindo no caso de
decisão sobre questões importantes da vida política, social e económica. As relações de
cooperação a todos os níveis eram de tal maneira privilegiadas, que muitas vezes, a
actuação dos reis, era de tal maneira concertada como de um só reino se tratasse. Não
admira pois, que a trajectória política do reino do Wambu pode e deve ser melhor
compreendida, analizando simultaneamente a evolução do reino de Tchyaka. Antes de
morrer, Wambu-Kalunga colocou a sua residência real em Nganda-la-Kawe, junto da
actual cidade de Caala (kahala) a 20 kms a sudoeste da cidade do Huambo e onde se
encontra também o seu túmulo.1

O Reino do Bailundo

Existem várias narrativas que procuram explicar a procedência da população Ovimbundu


na região do Bailundo, bem como a origem desta palavra (Bailundo). Segundo alguma
transcrição oral, o Bailundo foi ocupado originalmente por Mbulu e servia como
acampamento para caçadores. Katiavala, um membro da família real de Cipala
(identificado pela tradição como o primeiro soma do Bailundo) teria ido caçar nesta região
e, na ocasião, visitou Mbulu, que lhe concedeu sua filha em casamento. Katiavala percebeu
o potencial das montanhas e aproveitou-se da ausência de Mbulu para tomar o governo das
terras. Em seguida, com o objetivo de expandir seu poder, ele anexou territórios

1
MUCUATXILAMBA, Txuma Fernando, «Recolha e Publicação», in História de Angola I – Das origens até
1885, Lubango, 2006, pág. 101-102.
localizados ao norte do rio Cuanza, onde viviam povos que não falavam a língua
Umbundu. Desde então, seus descendentes têm governado o Bailundo.2

Numa outra versão transcrita, o Bailundo foi fundada por Katiavala, um caçador de
elefantes pertencente às terras do Cuanza Sul, juntamente com seus três primos: Huambo,
Kalunka e Buluyongombe. A região recebeu o nome de Mbalundu quando Katiavala e seus
primos capturaram uma toupeira durante a construção do Ojango. O animal tinha uma
mancha branca na cabeça, que nomeou o local como Mbatundu/Mbalundu (“Oneteyi Kuete
Ombalundu”: esta toupeira tem uma mancha branca na cabeça). Com o tempo
Mbatundu/Mbalundu foi aportuguesado como Bailundo. Essa versão também confirma o
lugar de Katiavala como o primeiro soma da região.3

O Reino do Viye (Bié)

Uma das narrativas da história do surgimento do Viye atribui a fundação deste


reino a um caçador de elefantes de nome Viye originário do povo Zumbi e da região da
mesma denominação. Atraído pela caça nas margens do rio Kwanza, Viye conheceu uma
princesa da área de nome Kahanda da aldeia de Etalala do reino dos Songo, com a qual se
casou. Viye tornou-se ele próprio rei e após a sua morte, o seu filho mais novo kahoko
prosseguindo na senda de conquistas, fundou um reino subsidiário ao qual atribuiu o seu
próprio nome: Kahoko que dependia do reino de ekovongo em cujo trono se encontrava
Ulundu, um dos outros filhos de Viye. Autores mais expressos como C.M.Childs e
McCulloch, afirmaram que esses acontecimentos ocorreram por volta de 1750.4

Um outro dado que podemos referir no que diz respeito ao significado e origem do
termo viye (Bié), é um conto que atesta a proveniência do vocábulo ``Viyé´´, do
imperativo conjuntivo da terceira pessoa do plural, do verbo umbundo ``okwiya´´, isto é,
vir. Em conformidade com esse conto, um certo soberano do Bié, para resolver os
acontecimentos ou para fazer pagar aos súbditos e aos reinos subsidiários os tributos
devidos ao seu reino, exigia antes de mais que viessem os bois. O soberano fazia a sua
cobrança de impostos ou taxas, usando apenas a expressão ``Viye´´, isto é, ``que venham´´
subentendendo na frase ``tete olongombe viye´´, isto é,``antes de mais que venham os bois,
depois falaremos´´. Dai o soberano foi alcunhado de Viye, passando a alcunha da pessoa
para nome da localidade. Mesmo de esse conto fosse uma verdade, ele constituiria apenas
um dado que poderia justificar a origem do termo, mas não a história da fundação e
consolidação do reino.5

2
COSTA, Renata Jesus, Colonialismo e gênero entre os Ovimbundu: relações de poder no Bailundo 1880-
1930,Brasília, 2014, pag. 54.
3
SIMÕES, Armando Ribeiro.« Kalumbonjambonja: o homem que casou com uma alma do outro mundo».
Portugal: Empresa do Diário do Minho, 2011. Disponível em:
http://pt.scribd.com/doc/45419466/Kalumbonjambonja, Acessado em: 16/01/2011.
4
MUCUATXILAMBA, Txuma Fernando, Op Cit, Pág. 98.
5
Ibidem, pág. 99.
3. ORGANIZAÇÃO SOCIAL DOS REINOS OVIMBUNDO

A sociedade é tida como sendo a reunião de pessoas unidas pela mesma origem e
pelas mesmas leis; é a relação entre pessoas ou o conjunto de pessoas da mesma esfera. Os
antigos reinos de angola, nomeadamente os reinos Ovimbundo (Wambu, Mbalundu e
Viye), eram tipicamente tribais, isto é, a tribo era a base da organização social. A unidade
de base ou o núcleo da organização tribal é o clã, que se divide por aldeias diversas que
coincide com famílias extensas.

A estrutura social é definida como uma sistematização em relações ordenadas e


definidas institucionalmente. É o caso da relação entre rei e súbditos; entre marido e
mulher. Considera-se ser determinante o sistema de parentesco e o casamento que definem
como arranjo que permite as pessoas viverem juntas e cooperarem umas com as outras
segundo uma ordem social.6

A família polegénica era, entre os povos agricultores bantu, a base da estrutura


social. O homem era o representante des suas famílias perante as outras famílias do clã. O
símbolo do clã e local de reunião dos homens era o Onjango, a casa onde reunia o conselho
dos homens do clã. A união de vários clãs que ocupavam certo território era designada
Ovemba (tribo) que tinho um chefe – o Osoma. Por sucessão matrilinear, necessitavam da
confirmação dos Olosongo para entrar na posse dos direitos ou deveresdo seu cargo. O
Osoma distribuía terras e zonas de caça aos clãs, atribuía obrigações em tempo de guerra,
fixava impostos e outras tarefas entre os clãs.

Havia nesses Estados do planalto um grupo dominante constituído por chefes que
dirigiam a vários níveis a vida das comunidades, embora muito controlados por elas. Desse
modo, o povo impedia que um poder excessivo fosse exercido pelos Olosoma. A maioria
do povo era constituída por camponeses, alguns artesãos e comerciantes. Finalmente havia
os escravos. Eram presas de guerra, integrados na família a quem pertenciam. Os escravos
do Osoma podiam chegar no entanto a exercer funções militares (kessongo), como
acontecia no Bailundo7.

4. ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA

6
RADCLIFFE, Brown, A. R.; FORD, Daryll – Sistemas políticos africanos de parentesco e casamento. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1982.
7
JORJE Francisco, Os Ovimbundu – Origem, Língua e Reinos, Luanda, 2016, p 4.
O oSoma é o título de chefia mais alto atribuído ao soberano da corte umbundu, é a
majestade. Ocupa o lugar no topo da hierarquia. O oSoma exerce o pleno poder sobre o
Estado e o povo, ele é o juiz supremo, regula a instituição política, económica, social e
cultural. É o representante de um território, de clã ou de linhagem, o representante dos
vivos e dos espíritos antepassados. O oSoma é o detentor do poder político, por esse
motivo a sua autoridade estendia-se a toda a sua área de jurisdição, dos seus habitantes das
terras, propriedade inalienável da comunidade, herança dos antepassados. Os poderes
temporários e espirituais tinham como a terra, o que garante a vida social e cultural. Dirige
e organiza os assuntos políticos e de guerra.

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