ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
EMCF
Nº 71007710882 (Nº CNJ: 0029327-67.2018.8.21.9000)
2018/CÍVEL

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE RESCISÃO

CONTRATUAL C/C DEVOLUÇÃO DE
QUANTIAS. MÁQUINA CIELO. APLICAÇÃO
DO CDC. OCORRÊNCIA. CANCELAMENTO DO
CONTRATO NÃO DEMONSTRADO. ALUGUEL
DE MÁQUINA QUE AUTORIZA A COBRANÇA
DE MENSALIDADES. DEVER DE
RESTITUIÇÃO NÃO COMPROVADO.
1. Incidência do CDC. Incide as disposições do
CDC à espécie, porquanto na hipótese, o
demandante atua como consumidor final, já
que utiliza a máquina para receber os
pagamentos de seus passageiros, relativo às
viagens de táxi que realiza.
2. Hipótese em que a parte autora alega ter
adquirido uma máquina para recebimento de
valores, advindos da utilização de cartão de
crédito por seus passageiros, cuja cobrança
de mensalidades seria indevida, devendo ser
desconstituído o débito cobrado, bem como
rescindido o contrato.
3. Embora possível a aplicação das disposições
do CDC, é do autor o ônus de demonstrar
que houve o cancelamento do contrato de
aluguel da máquina, que pudesse ensejar a
impossibilidade de cobrança das
mensalidades, já que a prova coligida aponta
que o aparelho estava à disposição do autor.
4. Inexistindo prova de aquisição da máquina,
não se mostra abusiva a cobrança de
mensalidades, sob o argumento de se tratar
de contrato de locação do aparelho. Embora
haja a tese de que ao réu cabia demonstrar
ter havido aluguel e não aquisição, o
conjunto dos autos não corrobora a versão
do autor, acerca da compra do aparelho, o
que faz prevalecer o entendimento de que as
quantias são devidas.
5. A ação que não se presta para verificar
excesso de cobrança, embasado na revisão
dos valores praticados pela parte
demandada.

RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

UNÂNIME.

RECURSO INOMINADO SEGUNDA TURMA RECURSAL CÍVEL

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TURMAS RECURSAIS

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EMCF
Nº 71007710882 (Nº CNJ: 0029327-67.2018.8.21.9000)
2018/CÍVEL

Nº 71007710882 (Nº CNJ: 0029327- COMARCA DE CANOAS

67.2018.8.21.9000)

JOAO BATISTA DA SILVA RECORRENTE

CIELO S.A RECORRIDO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Juízes de Direito integrantes da Segunda Turma

Recursal Cível dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do
Sul, à unanimidade, em dar parcial provimento ao recurso.

Participaram do julgamento, além da signatária (Presidente),

os eminentes Senhores DR.ª ANA CLAUDIA CACHAPUZ SILVA RAABE
E DR. ALEXANDRE DE SOUZA COSTA PACHECO.

Porto Alegre, 05 de setembro de 2018.

DRA. ELAINE MARIA CANTO DA FONSECA,

Presidente e Relatora.

R E L AT Ó R I O

JOAO BATISTA DA SILVA recorre da sentença das fls.

136/139, que julgou improcedentes os pedidos formulados nos autos da
ação de rescisão contratual cumulada com devolução de quantias
promovida contra CIELO S.A.

Em razões (fls. 155/159) sustenta, em preliminar, a aplicação

das disposições do código consumerista à hipótese. No mérito, alega que
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das telas sistêmicas juntadas pela ré, é possível verificar um aumento nos
valores das taxas, de um ano para outro. Suscita que a variação do preço
de forma unilateral é abusiva. Aduz que o contrato não veio aos autos e
que a cobrança é indevida, porquanto houve o pedido de encerramento
do cadastro, e a máquina não foi mais utilizada. Requer a reforma da
sentença, postulando o provimento do recurso, para que seja procedente
a ação.

Não foram apresentadas contrarrazões.

É o relatório.

VOTOS

DRA. ELAINE MARIA CANTO DA FONSECA (RELATORA)

Eminentes Colegas.

Atendidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do

recurso, que merece parcial provimento.

Inicialmente, quanto à aplicação das disposições do CDC,

procede, considerando que na hipótese, o demandante é destinatário
final do serviço prestado pela ré, já que utiliza a máquina para
recebimento dos valores desembolsados por seus clientes, mediante a
utilização de cartão de crédito para pagamento das viagens de táxi que
realiza.

Quanto ao contrato, ao aluguel da máquina, ao suposto

pedido de cancelamento do contrato e à possibilidade de cobrança dos
valores, a decisão recorrida merece ser mantida, por seus próprios
fundamentos. Desse modo, na forma do art. 46 da Lei 9.099/95, a súmula
do julgamento servirá de acórdão:

Art. 46. O julgamento em segunda instância

constará apenas da ata, com a indicação
suficiente do processo, fundamentação sucinta
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e parte dispositiva. Se a sentença for

confirmada pelos próprios fundamentos, a
súmula do julgamento servirá de acórdão.

Diante do exposto, dou parcial provimento ao recurso, tão

somente para declarar a incidência das disposições do CDC, à hipótese.

Sem ônus da sucumbência, considerando o resultado do

julgamento.

É como voto.

DR.ª ANA CLAUDIA CACHAPUZ SILVA RAABE - De acordo com o(a)

Relator(a).

DR. ALEXANDRE DE SOUZA COSTA PACHECO - De acordo com o(a)

Relator(a).

DRA. ELAINE MARIA CANTO DA FONSECA - Presidente - Recurso

Inominado nº 71007710882, Comarca de Canoas: "DERAM PARCIAL
PROVIMENTO AO RECURSO. UNÂNIME."

Juízo de Origem: JUIZADO ESPECIAL CIVEL CANOAS - Comarca de Canoas