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METODOLOGIA
Descartes, Copérnico, Kepler, Bacon e Newton entendiam os termos: metodologia, método e técnica,
como “o melhor caminho para chegar a um conhecimento efetivo e rigoroso”.
A metodologia, como disciplina que se ocupa dos estudos dos métodos e suas inter-relações, tem
uma importância crucial para a ciência.
Não podemos conceber metodologias, métodos e técnicas divorciadas das questões ideológicas, da
produção do saber e dos aspectos políticos que atravessam a prática.
Todo método está apoiado em pressupostos teóricos de alguma ciência, regido por alguma crença
ideológica e destinado a produzir alguma prática. Daí, nenhuma metodologia pode ser vista como
neutra, pura ou inocente.
A palavra método vem do grego: meta e odos. Meta significa para (preposição que dá idéia de
movimento), e odos quer dizer caminho. Caminho para chegar-se a algo.
O método será sempre uma baliza, um guia, um caminho, um modo de aproximação, jamais um
receituário de certezas e verdades.
Existe uma diferença entre Ciência e Sabedoria. Diferença não é sinônimo de antagonismo.
O saber popular entra pelas mãos, entra pelo fazer, pelo sentir, pela intuição, pela estética. (Betto,
1992, p.78)
A educação popular mudou o modo de fazer ciência; primeiro a experiência, depois a
conceitualização.
Esse paradigma foi concebido a partir do dualismo de Descartes: corpo e espírito. Isso o levou a fazer
do cogito o lugar da razão, em contraste com o universo da desrazão.
Para Santos, a comunidade foi muito menos colonizada pela ciência e pelo direito do que o mercado
e o Estado.
Boaventura sugere urna dupla ruptura epistemológica da ciência moderna, a primeira, com a
racionalidade e a segunda, com o bom-senso.
Em um primeiro momento, a ciência rompe com o senso comum, a fim de constituir-se enquanto
prática de conhecimento específica. Em um segundo momento, rompe-se com a própria ruptura, e a
ciência assume o compromisso de se tomar apropriável ao senso comum.
O saber popular pode ser um saber instituinte, indisciplinado espontâneo, subversivo, metafórico.
Mas pode ser também conservador, sobretudo quando esse não é interpelado e interpenetrado pelo
conhecimento científico, a Razão Emancipatória.
Durante um longo tempo, havia certa rejeição em relação ao fracasso e ao erro, devido ao excesso de
exatidão e de exacerbação narcisista por parte dos teóricos. Hoje, estamos resgatando que o erro e a
falha são da maior importância e devem ser encarados. É também através do erro e da falha que
podemos descobrir e produzir novos conhecimentos.
COMUNIDADE
O termo comunidade tenra sido empregado com amplos sentidos a partir de diferentes concepções
por parte das instituições e das sociedades científico-acadêmicas e até no meio popular.
Conceito de comunidade pelo viés da participação, da política e das relações de poder: comunidade
como um grupo coeso, forte e unificador, sem conflitos e com uma história de comum-unidade.
O papel do líder nesses grupos ou comunidades é semelhante a urna figura inflacionada do "Pai". Ele
deixa de ser símbolo da lei e se torna demasiadamente presente, concreto e real. Dele é demandada
a função de dar segurança aos integrantes do agrupamento, por meio de bondade ou severidade
extremas.
Nesse sentido, o termo comunidade carrega em si a fantasia da unidade, da uniformidade, da ilusão,
da perspectiva dos elementos serem profunda e absolutamente solidários, cooperativos e coesos.
No mundo rural, geralmente, a família, a religião, o governo local e a educação entre outros, tendem
a criar traços homogêneos nos grupos sociais.
Como contraponto, nas cidades modernas já não é bem assim. Não há mais garantia de transmissão
da religião e nem tampouco, processos únicos de identificação dos filhos com os pais. Nas cidades há
várias ofertas religiosas, novos padrões de família, alternativos modos de viver, de pensar ou de agir.
A vida urbana exalta valores diferentes, como: o individualismo, o consumismo, o anonimato, a
liberdade de escolhas e a independência entre as pessoas.
A relação de reversibilidade é localizada entre os grandes e os pequenos, pois o oprimido não pode
constituir-se como um sujeito monolítico e impermeável. Ele também é totalmente absorvido pelo
“grande”, ele se perde na contemplação do opressor.
As comunidades populares podem ser também múltiplas e múltiplos são seus interesses, suas
ideologias, seus desejos, suas intenções e suas formas organizativas.
Outra leitura do termo comunidade tem origem em fontes sociológicas e antropológicas de base
teórica positivista: a comunidade se caracteriza por forte coesão baseada no consenso espontâneo
dos indivíduos; um subgrupo dentro da sociedade, percebido ou se percebendo como diferente, em
alguns aspectos, da sociedade mais ampla.
Caberia ao Estado o gerenciamento social desses grupos, com suas concepções, planejamentos,
execuções e planos diretivos para atender às denominadas necessidades básicas da comunidade
carente.
Segundo G. Albuquerque, existem dois pontos constituintes e fundantes da instituição que sustenta
os seus trabalhos. O primeiro seria a produção do estado de carência e da falta. O segundo
movimento se instala quando a instituição e seus agentes se colocam diante do demandante como
objeto de satisfação: "eu sou a resposta à necessidade gerada por tua carência".
Finalmente, o termo comunidade é tomado como um dispositivo aberto, heterogêneo, não como
algo que unifica, totalitário e coeso, e sim como processualidade permanente, produção e
decomposição de novas ordens, de puro caos, de novos encontros entre as pessoas, idéias, projetos,
desejos, onde persiste a multiplicidade, a singularidade e a articulação entre o todo e a exceção.
Ora, o indivíduo (leia-se individualismo) é o pior inimigo do sujeito cidadão. O significante individual é
cético em relação à "causa do bem comum ou social".
TRABALHO COMUNITÁRIO
A metodologia em trabalho comunitário faz urna ruptura com esse lugar privilegiado de alguém que
detém um certo saber, prestígio e poder, e opta por uma ação mais dialógica.
As principais matrizes da modernidade, criadas a partir da Revolução Francesa no século XVIII, são o
Estado, a sociedade civil, a autonomia, a dimensão do indivíduo e a ênfase na razão e na
universalidade, formas fundamentais que desencadearam em duas propostas políticas que marcaram
o mundo ocidental: o liberalismo e o socialismo real.
A crise dos paradigmas da modernidade tem como principais causas: a crise do Estado responsável
pelo sistema previdenciário, a saúde, a educação, a habitação, o transporte coletivo; o crescimento
abrupto das grandes cidades, saturadas de signos e também sinônimo de anonimato, emancipação e
liberdade; o urbano como lugar de inúmeras diferenças e de novas identidades.
expressivos vinculados à vida humana: religiosidade, saúde, educação, vida psíquica, vida econômica,
transporte etc.
Como segundo fator, podemos identificar o surgimento de um senso comum aos intelectuais de
diversas áreas (sociologia, serviço social, antropologia, teologia da libertação, psicologia social,
pedagogia, economia, ciências políticas, dentre outras) que sentiram necessidade de mudar o foco de
seus estudos, dirigindo-o para a realidade brasileira e seu contexto latino-americano.
A terceira e importante influência foi o pensamento de Paulo Freire, no início da década de 60,
voltado para a conscientização, alfabetização e participação popular, enfocando o método do
universo temático significativo, a investigação-ação, o universo vocabular e as palavras geradoras. O
trabalho do sociólogo colombiano Orlando Fals Borda que diz respeito á Pesquisa Ação e à Pesquisa
Participante.