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Faculdade Dehoniana

COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Filipe Henrique de Araújo
09/04/2018

IGREJA E POLÍTICA

Basta abrir qualquer site de notícias ou olhar para a capa de um jornal que ver-se-á, quase
que diariamente, alguma reportagem sobre corrupção estampada na capa. Em um ano com eleições
para os cargos majoritários boa parte da população pode estar desorientada nesse vai-e-vem de
denúncias, prisões e notícias. Nesse cenário caótico e incerto é mister perguntar-se: qual o papel da
Igreja Católica na política?
Uma rápida leitura dos Evangelhos deixa claro o posicionamento assumido por Jesus diante
de todas as formas de exploração e opressão do povo. Enfrentou publicamente àqueles que usurpavam
o templo e viviam com grande luxo às custas do dízimo e dos impostos pago pelos pobres. Sem o
romantismo típico das pias reflexões, fica evidente que Jesus morreu por confrontar o sistema
corrupto e opressor de seu tempo.
A Igreja Católica com o passar dos anos tornou-se uma instituição grande, robusta,
sistematizada, presente em quase todos os países do mundo. Goza de grande credibilidade e prestígio.
Possui uma doutrina clara e precisa. Entretanto, para que ela seja a Igreja de Cristo, precisa
posicionar-se como Ele o fez, ou seja, ser a porta voz dos oprimidos e marginalizados.
Assumir a defesa dos pobres, tal como a Igreja apresenta em seu compêndio de doutrina
social, demanda e exige uma atuação política. Padre Dehon, fundador de uma congregação religiosa
presente em mais de quarenta países, diz que através da política poder-se-á trabalhar proficuamente
na promoção do bem comum. Todavia, é preciso que se reflita acerca do modo que a atuação política
da Igreja deve se dar.
A Congregação para a Doutrina da Fé, principal órgão do governo da Igreja, determina que
a Igreja não deve ter uma atuação partidária e nem apoiar publicamente a um determinado político.
O papel da Igreja deve ser o de formar a consciência dos cristãos para que eles saibam utilizar o
Evangelho como uma norma para o seu agir cidadão e assim promover a dignidade de todos os seres
humanos, sobretudo os mais pobres.
Realmente é importante que a Igreja forme as consciências e não as conduza em direção a x
ou y. Como sua principal missão, a Igreja deve dirigir seus membros para o encontro com Jesus e
fazer com que eles testemunhem publicamente a sua fé. Cada cristão deve ser outro Cristo, e, nesse
contexto é preciso se questionar se ser outro Cristo não é também combater publicamente a corrupção.
O silêncio e a omissão de grande parte dos clérigos têm deixado o povo ainda mais confuso.
Em inúmeros momentos alguns membros da Igreja precisaram desobedecer a algumas normas para
fazer o que Jesus o fez em sua vida. Pautada pelo Evangelho e por uma experiência quase bimilenar,
a Igreja precisa ser nesse momento como que um farol a indicar uma rota para os cidadãos brasileiros
nessa grande tempestade política.
Sem prescindir de seu importante dever de educar para a prática do amor e da misericórdia
e sem cair em qualquer partidarismo acrítico, espera-se que a Igreja aponte com clareza e firmeza, tal
como o seu fundador, onde estão aqueles que fazem da política um instrumento de opressão e
exploração do povo. E não só aponte, mas também combata ao projeto do mal que, auxiliado pelo
silêncio conivente e covarde de muitos clérigos, se expande cada vez mais.

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