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Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa

Licenciatura em Fisiologia Clínica

Caso Clínico:
Estudo da Função Respiratória numa utente com
cifoescoliose

U.C.: Estágio em Fisiologia Clínica II


Módulo: Estudo da Função Respiratória
4ºAno 1ºSemestre

Estudante:
Elisa Santos, nº2014033

Orientadores:
CPL Marco Pereira;
CPL Teresa Pequito.

Docentes responsáveis da UC:


Coordenadora da Área Científica de Cardiopneumologia
Profª. Virgínia Fonseca;
Coordenadora da Área Científica de Neurofisiologia
Profª. Joana Pires.

Janeiro 2018
Índice
1.Introdução...................................................................................................................1
2. Revisão de Literatura................................................................................................2
3. Descrição do Caso....................................................................................................4
4. Análise e Interpretação dos Dados Clínicos.............................................................5
5. Conclusão..................................................................................................................7
6. Bibliografia.................................................................................................................8
7. Anexos.....................................................................................................................10

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1.Introdução
Este caso clínico foi realizado no âmbito da Unidade Curricular de Estágio em
Fisiologia Clínica II, pelo módulo de Estudos da Função Respiratória. Tem nele
presente uma revisão da literatura da patologia seguida de uma descrição e análise
e interpretação do caso com uma consequente conclusão, tendo também nos
anexos as provas de função respiratória realizadas.
O caso clínico é referente a uma paciente com cifoescoliose severa
diagnosticada.
A cifoescoliose é uma deformação progressiva da coluna vertebral, com uma
consequente distorção do tronco, composta por um deslocamento lateral da coluna
torácica (escoliose) e por uma angulação ântero-posterior (cifose), com um aumento
da limitação da excursão da caixa torácica à medida que a patologia agrava. 1,2,3,4,5,6 A
escoliose pode ser designada como direita ou esquerda de acordo com a
convexidade da curva primária, sendo que a escoliose direita é a mais comum. 1 As
deformações mais comuns da coluna vertebral localizam-se na zona torácica ou na
zona lombo-torácica.7,8,9
Esta patologia gera uma postura assimétrica do tronco, podendo ser
considerada grave e até mesmo fatal se houver o comprometimento das funções
cardiorrespiratórias, que estão diretamente relacionadas com o grau de curvatura da
coluna vertebral, com a má formação do tórax e alterações da mobilidade torácica. 1
Tem como consequência principal a diminuição dos volumes pulmonares, podendo
provocar alterações na mecânica ventilatória.1,2,3,4,5,6
É interessante perceber como uma deformação da caixa torácica pode afetar
a função respiratória do indivíduo e por consequente a sua qualidade de vida, sendo
que esta patologia se está a tornar cada vez mais prevalente na população idosa. 1,8
Uma maneira de avaliar as consequências respiratórias da cifoescoliose é através
das provas de função respiratória (PFR), sendo realizadas sempre que existe a
necessidade de caracterizar e quantificar as alterações bem como melhorar o
diagnóstico e avaliar a sua progressão, sendo este exame um dos efetuados pelo
técnico de cardiopneumologia.1

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2. Revisão de Literatura
A cifoescoliose pode ter várias etiologias sendo que a mais comum é a
idiopática, seguida da congénita e da infeciosa por poliomielite. 1,3,4,6,8,7 Quando é
idiopática desenvolve-se principalmente na infância e na adolescência, aqui os dois
sexos são afetados de igual forma, no entanto, o sexo feminino tem um maior risco
de progressão da doença, sendo de 3 a 10 vezes mais para raparigas. 9,10,11
É geralmente acompanhada por uma diminuição da compliance pulmonar e
por um aumento da resistência da parede torácica, o que leva a um aumento do
trabalho da respiração.1,2,3,4,5,7 Ora, para minimizar este trabalho, a respiração torna-
se rápida e superficial com pequenas mobilizações de ar, o que gera hipoventilação
alveolar e hipercapnia.2,3,4,8,7,10
Numa fase inicial o paciente permanece sem sintomas até à idade adulta
média (30/ 40 anos).10 Numa fase mais avançada da patologia os pacientes podem
sofrer de dispneia no esforço com o desenvolvimento de insuficiência respiratória,
existe uma diminuição da tolerância ao exercício provocando limitações a nível das
atividades do dia-a-dia e uma diminuição da qualidade de vida, sendo o prognóstico
fraco.4,5,6,12 A dispneia nestes pacientes provém de músculos respiratórios
enfraquecidos pelo que não têm tanta capacidade de gerar força, provocando uma
redução na capacidade inspiratória e na ventilação pulmonar com uma consequente
hipoxémia, principalmente durante o exercício.12
Com o avanço da patologia, os pacientes com cifoescoliose devido a uma
compressão pulmonar podem sofrer de infeções pulmonares de repetição e de
insuficiência cardiorrespiratória, sendo por vezes fatal 5,10, tendo também numa fase
avançada hipoxémia noturna e apneias obstrutivas do sono. 12)
Numa primeira análise a alteração da caixa torácica pode ser detetada
através de um exame físico, isto é, antes da curvatura se tornar visível. 6 Após esta
deteção a cifoescoliose é diagnosticada e avaliada com regularidade através de
vários exames de diagnóstico, sendo eles, radiografias torácicas, tomografia axial
computadorizada, PFR, gasimetrias arteriais e provas de marcha de 6 minutos,
sendo os mais utilizados, a radiografia torácica, a gasimetria arterial e a PFR. 10
A radiografia torácica destes pacientes relata, por norma, uma diminuição
acentuada do volume torácico, podendo ter uma redução igual em ambos os
pulmões ou mais marcada unilateralmente. 4,6 Com a ajuda deste exame é possível
classificar a gravidade da cifoescoliose calculando-se através do ângulo de Cobb,

2
que está associado à magnitude da curva. 6 A gasimetria arterial é utilizada para
avaliar a hipercapnia e a hipoxémia provocadas por esta patologia. 10 As PFR são
realizadas para ver a progressão da patologia através da pletismografia corporal
total, da espirometria forçada e da capacidade de difusão do monóxido de carbono
(DLCO). Nestas provas é importante analisar o FEV1 (Volume expiratório no 1º
segundo), a FVC (Capacidade vital forçada), a relação FEV1/ FVC, a TLC
(Capacidade pulmonar total) e a DLCO. 1,13
As mudanças nas propriedades mecânicas da caixa torácica e nos
mecanismos respiratórios podem levar a uma função muscular respiratória
deficiente, posto isto, vai alterar o volume de ar que estes pulmões são capazes de
expulsar, sofrendo uma diminuição na capacidade vital (VC), na TLC, na capacidade
residual funcional, com um aumento da resistência das vias aéreas e uma
diminuição da DLCO. Foram documentadas, para esta patologia, alterações
ventilatórias restritivas1,2,4,5,6,7, podendo ser puras ou, numa fase mais severa,
alterações ventilatórias mistas.4
Segundo as guidelines da European Respiratory Society/ American Thoracic
Society (ERS/ ATS) de 2005, uma alteração ventilatória restritiva é caracterizada por
uma diminuição do FEV1, da FVC e da TLC abaixo do 5º percentil da população e
por uma relação FEV1/FVC normal ou aumentada, com uma curva de débito-volume
de aspeto convexo. Uma alteração ventilatória mista é caracterizada por um FEV1,
uma FVC, uma relação FEV1/ FVC e uma TLC diminuída abaixo do 5º percentil da
população.13,14
A função respiratória tem uma relação direta com o grau da curvatura da
coluna vertebral e com os processos de envelhecimento normais. As alterações
ventilatórias vão piorando à medida que a cifoescoliose agrava. 1,2,5 Nestes, assim
que a insuficiência respiratória se instala, se permanecer sem tratamento, sofrem de
uma mortalidade num ano de 50%.10
Deve-se, como objetivo de um tratamento ortopédico, corrigir ou evitar a
curvatura vertebral sem limitar ainda mais a expansão da caixa torácica, pode ser
através do uso de um colete ortopédico ou melhorada por cirurgia corretiva. 1,7,8
É possível também, utilizando a ventilação não invasiva (VNI), minimizar os
sintomas provocados pela patologia, tais como a hipoventilação, e
consequentemente a hipercapnia e a fragmentação do sono, melhorando a
tolerância ao exercício e a qualidade de vida. 3,5,12,15

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3. Descrição do Caso
Este caso refere-se a uma paciente do sexo feminino, com 81 anos, 138 cm
de altura, 62 kg de peso, 32 kg/m 2 de IMC, não fumadora, diagnosticada com
cifoescoliose severa.
A paciente tem história de infeções respiratórias frequentes e sintomatologia
de cansaço e dispneia de esforço com agravamento progressivo.
Começou a ser seguida no Hospital da Luz em 2012, onde ficou internada e
começou a fazer bipap de máscara facial que continuou a fazer em casa diariamente
após a alta.
Em 2013 fez as primeiras PFR e gasimetria arterial, as provas acusaram uma
alteração ventilatória mista com maior componente restritivo e a gasimetria relatava
uma normoxémia com hipercapnia, a paciente realizava estes exames anualmente.
Em 2014 fez as primeiras PFR no Hospital da Luz, que mostravam uma alteração
restritiva de grau moderadamente severo, seguindo as indicações de ERS/ ATS de
2005, (FEV1 de 52%, FVC de 44% e TLC de 58%). Foi medicada com brisomax 250
mg.
As gasimetrias arteriais realizadas em 2014, 2015, 2016 e 2017 relataram
todas normoxémia e hipercapnia com uma acidose respiratória compensada.
Fez ainda um ecocardiograma em 2016 que mostrou a ausência de
hipertensão pulmonar.
Foi recomendada, na última consulta com o médico realizada em 2017, a
utilização de VNI com máscara facial e humidificador.
Veio indicada para uma nova realização de PFR e gasimetria em 2018. As
PFR apresentaram uma curva débito-volume de dimensões reduzidas com uma
alteração ventilatória restritiva de grau moderadamente grave (FEV1 de 58,3%, FVC
de 54,2%, relação FEV1/ FVC de 79%, débitos diminuídos, VGIT e volume residual
diminuídos, TLC de 54,4% e resistência da via aérea aumentada). A paciente não fez
DLCO por volumes pulmonares insuficientes para a realização da prova.
A gasimetria arterial revelou, como as anteriores, normoxémia com
hipercapnia e acidose respiratória compensada.

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4. Análise e Interpretação dos Dados Clínicos
As provas de função respiratória realizadas neste caso clínico serão avaliadas
com base nas guidelines da ERS/ ATS de 2005.
Todos os exames feitos pela paciente estão dentro do recomendado pela
literatura para a cifoescoliose. Foram realizadas provas de função respiratória e
gasimetrias, as quais eram repetidas anualmente para avaliar a progressão da
patologia nesta paciente, tal como recomendado. 10 Foi feito também um
ecocardiograma de modo a ser possível observar as consequências da cifoescoliose
a nível cardíaco.6,10
Tendo em conta a gravidade da cifoescoliose desta paciente, a sintomatologia
sentida, como a dispneia de esforço e o cansaço, e a aplicação do tratamento de
sintomas, com a utilização do VNI, foram ao encontro do esperado e recomendado,
respetivamente.12
As provas de função respiratória realizadas neste caso clínico (anexo 2) estão
de acordo com as guidelines tendo sido bem colaboradas e cumprindo todos os
critérios de aceitabilidade e repetibilidade.13
Ora, segundo as guidelines da ERS/ ATS de 2005, uma alteração restritiva é
quando ocorre uma diminuição do FEV1, da FVC e da TLC abaixo do 5º percentil da
população, com uma relação FEV1/ FVC igual ou superior ao limite inferior da
normalidade.13
Relativamente à prova realizada, ao analisar a curva débito-volume foi
observada uma curva de tamanhos reduzidos com a parte expiratória convexa, o
que bate na descrição do esperado para uma curva de uma alteração restritiva.
Analisando os valores, consegue-se ver que tanto o FEV1 como a FVC, a
TLC e a VC sofrem uma diminuição, com uma relação FEV1/ FVC dentro da
normalidade, e um aumento da resistência da via aérea (0,66 kPa*s/L), o que
demonstra uma alteração ventilatória restritiva, estando dentro do expectável para
esta patologia. Para classificar esta alteração, as guidelines de ERS/ ATS de 2005
recomendam o uso do FEV1, pelo que os valores deste se enquadram na categoria
de moderamente severo.13
O laboratório onde foi realizada a prova tem como valor de referência, para a
resistência, 0,33 kPa*s/L.

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As gasimetrias arteriais realizadas estão também dentro do esperado, visto
que está descrito que a hipoventilação alveolar provocada pela cifoescoliose se
traduz em hipercapnia.

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5. Conclusão
Este caso deu-me a oportunidade de aprender e adquirir mais conhecimentos
relativamente à cifoescoliose, sendo essencial o seguimento desta patologia por
parte dos profissionais de saúde utilizando tanto provas de função respiratória como
gasimetrias arteriais para o fazer.
Para além dos exames realizados poderia ter sido uma mais-valia fazer uma
prova de marcha de 6 minutos pois esta é essencial para avaliar a capacidade
funcional dos pacientes em situação de esforço, sendo uma das melhores maneira
de replicar a dispneia em esforço podendo relacionar esta com a dessaturação do
oxigénio e avaliar a sua melhoria com o uso de oxigénio. 10
É de salientar que foram cumpridos todos os critérios de qualidade durante a
realização dos vários exames, incluindo os critérios de aceitabilidade e repetibilidade
nas provas de função respiratória.
Todos os dados pessoais referentes tanto ao paciente como aos
intervenientes foram apagados de modo a garantir o anonimato de todos os
envolvidos, cumprindo assim os princípios ético-deontológicos.

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6. Bibliografia
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7. Anexos

ANEXO 1 - Primeiras provas de função respiratória realizadas no Hospital da Luz

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ANEXO 2 - Últimas provas de função respiratória da paciente, realizadas em 2018

11
ANEXO 3 - Relatório correspondente às provas de função respiratória realizadas em
2018

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