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UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIAN - ABC

BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA


PROFESSOR DOUTOR SARAH CRESPO

O BEM-ESTAR DOS BOVINOS NO MANEJO PRÉ-ABATE E SUA


INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DO PRODUTO FINAL: UMA REVISÃO
DE LITERATURA

ALESSANDRA GONÇALEZ COELHO

São Bernardo do Campo


2018
UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIAN - ABC
BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
PROFESSOR DOUTOR SARAH CRESPO

O BEM-ESTAR DOS BOVINOS NO MANEJO PRÉ-ABATE E SUA


INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DO PRODUTO FINAL: UMA REVISÃO
DE LITERATURA

ALESSANDRA GONÇALEZ COELHO

Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelado


em Medicina Veterinária, como requisito parcial
para a obtenção do título de Graduado em
Medicina Veterinária, sob a orientação do(a)
Profa. SARAH CRESPO.

São Bernardo do Campo


2018
Banca examinadora:

_____________________________________________________________

Orientadora(o) SARAH CRESPO


UNIAN

_____________________________________________________________

Examinadora: Profª. XXXX

_____________________________________________________________

Examinadora: Profª. xxxxx


Dedico este trabalho aos meus queridos familiares
e amigos!!!
AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Professora Sarah Crespo, Professores Ercilia Maria Borgheresi,


Marcelo Contieri e Rodrigo Casemiro Pinto Monteiro pela oportunidade, orientação,
ensinamentos, apoio, amizade, confiança e paciência.

Ao meu pai, Arnaldo Siqueira Campos Coelho pelo exemplo de esforço e humildade.

À minha mãe, Ivone Gonçalez Coelho pelo amor e exemplo de Fé e Perseverança.

À meu querido esposo Paulo Davi de Souza Silva pelo amor, pela paciência, incentivo
e compreensão.

À minha filha Laís Gonçalez Coelho Silva, minha inspiradora.

Às minha irmãs e conselheiras, e exemplo superação, Rosana Gonçalez Coelho e


Roberta Gonçalez Coelho.

Aos meu Amigos e colegas de Graduação, Walkiria Hradec e Sidnei Beline, pelo
exemplo de amizado, vocês são demais.
“Todos somos muito ignorantes, o que ocorre é que
nem todos ignoramos as mesmas coisas”.
(Albert Einstein)
Coelho, Alessandra G. O BEM-ESTAR DOS BOVINOS NO MANEJO PRÉ-
ABATE E SUA INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DO PRODUTO FINAL:
UMA REVISÃO DE LITERATURA. 000 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso
de Bacharelado em Medicina Veterinária. Universidade Anhanguera UNIAN – ABC.
São Bernardo do Campo, 2018.

RESUMO

O bem-estar do gado tem se demonstrado uma preocupação crescente por muitos


consumidores em todo o mundo à medida que existe a compreensão de que este é
um fator que garante a qualidade durante o processo pré-abate. A qualidade da carne
pode ser amplamente alterada nos últimos dias da vida do animal, tornando horas, ou
até mesmo pequenos instantes de sobrevida pré-abate se tornem bastante
significantes. Um pequena falha logística, uma leve desidratação ou até mesmo o
estresse por movimentar-se em excesso podem ser fatores de depreciação dos
valores da carne no consumidor final. Esta revisão de literatura visa demonstrar o
estresse e a movimentação excessiva pré-abate causa danos à carcaça e à qualidade
do produto final, desde o produtor (fazenda de criação) até o transporte e subsequente
chegada às instalações de abate.
Este estudo corrobora que os consumidores já tem conhecimento de que, com
pequenos níveis de estresse e pouca movimentação, os níveis de efeitos sobre a
carcaça e sobre a qualidade da carne da fazenda reprodutora até as instalações de
abate é comprovável. O bem-estar do animal passou a ter uma enorme importância
na segurança e qualidade do produto, levando o mundo todo a criar novas leis que
garantem uma produção mais “amigável” nesse setor. Este estudo revela conexões
entre os sistemas tradicionais e o bem estar animal com ênfase nessas práticas.

Palavras-chave: bovinos, agroindústria, abate, lucratividade, qualidade.


Commented [t1]: Veja se esses termos estão bons, por
favor.
Coelho, Alessandra G. Alessandra CATTLE WELFARE AT PRE-SLAUGHTER
HANDLING AND THE INFLUENCE ON MEAT QUALITY. 000 folhas. Trabalho de
Conclusão de Curso de Bacharelado em Medicina Veterinária. Universidade
Anhanguera UNIAN – ABC. São Bernardo do Campo, 2018.

ABSTRACT

Cattle welfare has been a great concern for many consumers around the word and it
is becoming increasingly recognized as an important attribute of food quality during
pre-slaughter processes. The quality of meat can be greatly altered in the last days of
animal’s life; so, hours or even instants of an animal’s life can be quite significant. A
small logistic slip, slight dehydration, or too much exercise can all devalue the price of
meat when it goes to market.
This literary study aims to demonstrate quite unnoticeable levels of stress and exercise
can have dramatic effects over carcass and on meat quality, from farm shipment to
transportation and when reaching the slaughter premises?
Consumer are becoming fully aware of this evidence that animal welfare has an impact
on food safety and quality, leading to new legislation for an animal friendlier production
sector. This study unveils connections between traditional systems and animal welfare
with emphasis on such new practices.

Key-words: animal welfare, loading, meat quality, cattle.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Carcaça .................................................................................................. 00


Figura 2 – Fluxograma do processo de produção da carne bovina ......................... 00
Figura 3 – Banho de aspersão ................................................................................ 00
Figura 4 – Insensibilização ...................................................................................... 00
Figura 5 – Carcaças com contusões ....................................................................... 00
Figura 5 – Içamento para o abate............................................................................ 00
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Título da tabela ...................................................................................... 00


Tabela 2 – Título da tabela ...................................................................................... 00
Tabela 3 – Título da tabela ...................................................................................... 00
Tabela 4 – Título da tabela ...................................................................................... 00
Tabela 5 – Título da tabela ...................................................................................... 00
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Níveis do trabalho monográfico .............................................................00


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


NBR Norma Brasileira
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
RIISPOA Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem
Animal
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO AO TEMA ......................................................................................... 13


1.2 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS ............................................................. 13
1.3.JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13
1.4.METODOLOGIA .................................................................................................. 13
2. ETOLOGIA E FISIOLOGIA PRÉ-ABATE..................................................................00
3. MANEJO - PRODUÇÃO EXTENSIVA E INTENSIVA................................................36
3.1 PATOLOGIAS ZOONÓTICAS..............................................................................00
4. CONTROLE LOGÍSTICO: EMBARQUE E TRANSPORTE ATÉ O FRIGORÍFICO...34
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 26
6. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27
13

1. INTRODUÇÃO

Nosso país o segundo maior produtor mundial de carne bovina, e para garantir
a qualidade do produto oferecido, todo rebanho comercial deve enquadrar-se nas
exigências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), tanto para
o mercado interno quanto para exportação. Segundo o IBGE, em 2017 o Brasil
produzia quase 23% do total mundial, perdendo somente para os quase 31% da Índia.

Adicionalmente, em atendimento aos padrões internacionais de manejo e fluxo


logístico da carne bovina até o abate, também existem no Brasil, normas que
padronizam a cadeia produtiva do gado de corte, estabelecidas através de marcos
regulatórios descritos no RIISPOA (Decreto 9013/2017).

O novo RIISPOA tem certos princípios básicos, como garantir a segurança


alimentar, simplificação de procedimentos e processos, consonância com as leis
internacionais, incorporação de novas tecnologias, padronização de procedimentos
de fiscalização, entre outros.

Atualmente, a pecuária intensiva focada na qualidade passou a ser a prioridade


dos criadores. Antes, as pastagens eram maiores em área e o plantel era criado solto,
levando a um número maior de cabeças.

Mas, os pecuaristas atuais passaram a implementar novas tecnologias, bem


como sistemas de gestão com foco na produtividade e na qualidade, controlando
melhor o peso individual dos animais, a redução das taxas de mortalidade e o aumento
das taxas de natalidade, reduzindo a idade para o abate, otimizando o fluxo produtivo.

Segundo o agrônomo e consultor econômico Ivan Wedekin (2017), os sistemas


que ocorrem dentro da fazenda devem ser integrados e deve haver a implementação
de novas tecnologias para promover uma ligação mais eficaz entre a produção de
qualidade e a quantidade. Segundo o perito, a médio prazo,

“(...) com certeza o Brasil será o maior produtor mundial de carne


bovina” (Wedekin, 2017).
14

O bem-estar dos animais e também das pessoas envolvidas no sistema de


produção de bovinos influencia na qualidade do produto final, tema deste trabalho. A
compreensão da interação homem-animal tem recebido atenção progressiva por parte
dos proprietários de fazendas. A qualidade de vida dos colaboradores e a capacitação
adequada destes torna o manejo menos agressivo, portanto, menos perigoso e
estressante, aumentando a produtividade e reduzindo perdas.

As exigências atuais do mercado em relação à carne bovina atingiram altos


níveis de qualidade e biosecuridade, e o bem-estar dos animais mostrou-se fator
prioritário seja na fazenda, no transporte ou no frigorífico para chegar a esses níveis
de excelência do produto.

“(...)os programas de qualidade de carne devem enfatizar mais do


que a oferta de produtos seguros, nutritivos e saborosos, há a
necessidade de compromissos com a produção sustentável e a
promoção do bem-estar humano e animal, assegurando
satisfação do consumidor e renda ao produtor, sem causar danos
ao ambiente” (COSTA, 2002).

Em suma, o processo de produção da carne bovina começa no embarque e


transporte até a expedição do produto final.

As condições comportamentais do pré-abate, que se inicia no embarque dos


animais na fazenda, determinam fatores etológicos e fisiológicos nos bovinos que
determinarão a condição do produto final de forma marcante. Uma maior atenção a
esses aspectos, mesmo os mais simples, pode ajudar na condição do embarque,
colaborando para a redução do estresse para o animal e para os homens envolvidos
nessa tarefa; como, por exemplo, a simples atenção ao posicionamento dos olhos.
Considerando-se que os bovinos apresentam um amplo campo de visão, apesar de
apresentarem pontos cegos, se a posição dos olhos e sua expressão for observada
durante o embarque, será possível identificar uma situação de estresse que pode ser
imediatamente corrigida (GRANDIN, 1998).
15

1.2 OBJETIVOS

O objeto deste trabalho é descrever, de modo geral, conhecimentos e


informações baseados em pesquisas bibliográficas relacionadas ao bem-estar no
manuseio de bovinos e a repercussão na qualidade do produto final, a carne bovina.

A sequência de produção desde a fazenda, transporte e abatedouro será


estudada com foco no manejo adequado capaz de melhorar o bem-estar dos animais
e das pessoas envolvidas no sistema de produção de bovinos, objetivando reduzir
estresse nos animais, acidentes a tratadores, e a falha na qualidade do produto final.

O objetivo é descrever aspectos específicos relevantes às melhores práticas de


promoção do bem-estar animal evidenciando o reflexo destas no produto final,
considerando sempre que o plantel é composto por animais sencientes, suscetíveis
ao estresse pré-abate com reflexos fisiológicos e etológicos diretos na qualidade da
carne.

“Quem convive com animais percebe facilmente que eles preferem


situações que lhes tragam prazer e evitam situações que lhes causem
medo e sofrimento. Temos a obrigação moral de tratar e manter os
animais de forma mais próxima ao seu ambiente natural, evitando seu
sofrimento e visando seu bem-estar. ” (PIMENTEL, 2015).

Ainda, esta revisão de literatura inclui, rudimentarmente, menções às zoonoses


relacionadas à falta de qualidade da carne bovina, citando outros motivos, mesmo que
não sejam patologias, para que a carne bovina não passe na inspeção.

Pretende-se ainda fazer menção específica a órgãos reguladores, mesmo que


de forma atrelada à descrição do processo, foco do presente.
16

1.3 JUSTIFICATIVA

A expansão da população humana demanda a oferta mais rápida e eficaz de


produtos de consumo. A carne bovina não é diferente. No entanto, atualmente, dados
os recursos técnicos disponíveis, os padrões de aceitabilidade e qualidade mudaram
muito e se tornaram muito mais rigorosos por parte dos consumidores.

O presente trabalho justifica-se pela necessidade de prover ao consumidor um


produto final de excelência. As hipóteses levantadas através da revisão bibliográfica
indicam um caminho baseado no correto manejo do gado como resposta a esta
demanda.

Por justificativa, adicionalmente, esta revisão de literatura concerne


particularmente os médicos veterinários, tratadores, proprietários de fazendas de
produção, entre outros, visto que o descuido com algumas doenças zoonóticas pode
ser um sério problema aos envolvidos no manejo e propagação ao público em geral.
Essas doenças também justificam a necessidade de melhoria dos processos de
produção e ainda, o bem-estar do plantel tornou-se a resposta para a adequação
plena do produto final.
17

O presente justifica-se também pela biossegurança associada necessária,


obrigação durante o manuseio, garantindo procedimentos, ações, métodos e
equipamentos, eliminando riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção,
desenvolvimento tecnológico e comercialização, que possam comprometer a saúde
do homem.

“(...) Minimizar riscos inerentes as atividades de pesquisa, produção, ensino,


desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que podem
comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a
qualidade dos trabalhos desenvolvidos. A responsabilidade do Médico
Veterinário não é diferente da responsabilidade de qualquer outro profissional
de saúde. A implantação de medidas de biossegurança na medicina veterinária
visa realizar um diagnóstico dos possíveis riscos encontrados nos diferentes
ambientes, apresentado as formas de reconhecê-los e evitá-los (PIMENTEL,
2015).
18

1.4 METODOLOGIA

Esse trabalho se baseia na revisão de referencial teórico, perfazendo uma


pesquisa amplamente bibliográfica, resultando numa sondagem comparativa,
agregando novas informações quanto a informações relevantes ao tema em questão,
buscando dados consolidados correntes e novos dados científicos registrados na
literatura acadêmico-científica sobre o bem-estar no manuseio do gado de corte e
seus reflexos no produto final.

O referencial teórico inclui artigos científicos publicados preferencialmente após


2000, extraídos da base de dados de grande confiabilidade científica. Sendo assim,
espera-se que o resultado deste, possa ser utilizado, para ajudar a compreender os
fatores primários e secundários das pontas de esmalte nos equinos.

Foi realizada uma revisão de literatura para a construção do referencial teórico


necessário à familiarização do conteúdo a ser desenvolvido e reflexões acerca do
mesmo, de acordo com os objetivos propostos a título de seleção de conteúdo
bibliográfico relevante. Dentro dos procedimentos éticos na elaboração deste trabalho
optou-se pela apropriação da informação por severo estudo do tema e subsequente
relato e captura de citações das informações de livros, anais, estudos, publicações
científicas, entre outros.

O método de abordagem e consulta utilizado foi qualitativo. A pesquisa


classifica-se, quanto aos fins, como descritiva e explicativa, já que evidencia as boas
práticas do processo de produção da carne bovina. Quanto aos meios classifica-se,
como bibliográfica, pois foram consultados materiais publicados em livros, trabalhos
de graduação, revistas e redes eletrônicas. Os artigos desta revisão bibliográfica
foram selecionados e analisados através da base de dados "Google Scholar",
“PubMed”, “SciELO” e “Periódicos Capes”.
19

2. FISIOLOGIA E ETOLOGIA PRÉ-ABATE

A produção de carne bovina no Brasil assimilou melhorias técnicas e


tecnológicas que culminaram no aumento da produtividade dos sistemas de produção,
além da melhoria da qualidade dos produtos. Segundo ALENCAR (1997), os avanços
científicos, tecnológicos e de manejo contribuíram essencialmente para esse novo
cenário produtivo de excelência do produto.

No agronegócio brasileiro tem sido evidente a preocupação com o rendimento


da carcaça, que consiste do boi abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, sem a
cabeça (separada entre o osso occipital e a primeira vértebra cervical), com as patas
dianteiras seccionadas à altura da articulação carpo-metacarpiana e as traseiras na
articulação tarso-metatarsianas, rabada, glândula mamaria no caso das fêmeas,
testículos nos machos, verga (exceto raízes), rins, gordura peri-renal e inguinal, “ferida
de sangria”, medula espinal, diafragma e seus pilares. A meia carcaça decorrente do
corte longitudinal da carcaça, inclui a sínfise ísquio-pubiana, a coluna vertebral e o
esterno.
20

Figura 1 - Carcaça
Fonte: BLOCK, 2016

Segundo Costa et al. (2000) o estudo do comportamento animal (Etologia)


assume uma função importante para a compreensão das necessidades do bovino,
bem como de sua relação com os tratadores, evitando acidentes. O manejo pré-abate
inadequado pode comprometer o bem-estar do animal e a qualidade das carcaças,
devido a lesões causadas por fatores, como estresse, contusões, ou aplicações
inadequadas de medicamentos.

O manejo adequado do plantel visando a redução do estresse durante toda a


cadeia produtiva assegura o bom rendimento da carcaça e a alta qualidade da carne.

Ainda no produtor, é possível citar alguns exemplos simples de redução de


lesões e acidentes que possam comprometer a carcaça, como a substituição
gradativa de animais com chifres por animais mochos ou descornados evitando a
competição pela dominância, além de permitir um número maior de animais
acessando o comedouro e de facilitar o manejo e transporte. O amochamento é o
procedimento de destruição das células queratogênicas ainda não fundidas ao crânio
21

por pasta caustica ou ferro quente, podendo ser feito em animais com até dois meses.
Descorna é a cirurgia de amputação do corno já desenvolvido.

Adicionalmente, são fatores que contribuem para a redução de lesões à


carcaça, a revisão das instalações eliminando extremidades pontiagudas que possam
e o provimento de ambiente e movimentação silenciosa dos animais.

A realização adequada das funções fisiológicas do gado, de forma sadia e com


equilíbrio, está ligada também a fatores etológicos, em resposta ao manejo e ambiente
durante todo o processo de produção.

Grandin (1998) enfatiza que se o equilíbrio dessa homeostase é ameaçado,


será possível observar um comportamento diferente do corriqueiro, específico e
característico da situação ante mortem, que leva a um ajuste fisiológico subsequente,
resultando em respostas enzimáticas e endócrinas, envolvendo fluídos e músculos
corporais, e essas informações decorrentes do estresse dos animais destinados ao
abate podem ser observados na carcaça. A mensuração da dor nos animais, pode
ser realizada através da concentração de cortisol plasmático circulante e salivar.

Na fazenda é onde existe o maior índice de chifradas, coices, pisoteios, tombos,


etc., mas o transporte rodoviário tem sido responsável por perdas econômicas
consideráveis por lesões nas carcaças, que podem ser rejeitadas pela inspeção no
abate. O espaço para movimentação é um fator que pode fazer com que os animais
se machuquem, batendo na estrutura do caminhão ou entre si.

O transporte diário não pode ultrapassar uma média de oito horas, pois é
demasiadamente estressante, podendo influenciar no metabolismo logo após o abate;
justamente no momento que ocorre a conversão do músculo em carne, com declínio
da qualidade. O estresse é o mecanismo de defesa do corpo contra um estímulo
negativo, onde há um aumento da temperatura corporal, queda do pH/rápida glicólise,
rápida desnaturação proteica e um rigor mortis que se estabelece muito rapidamente.

Esses fatores causam alteração na conversão do músculo em carne, que


adquire um uma coloração mais escura devido ao pH final alto e à maior retenção de
22

água e menor reflexão da luz; além de perder a maciez e a suculência, causando


alteração no sabor, promovendo um quadro propício à rápida deterioração.

A condução forçada dos animais no embarque e desembarque, usando


choques elétricos ou bastões, também pode interferir na qualidade da carcaça, sem
contar o estresse gerado.

Figura 2 - Fluxograma do processo de produção da carne bovina


Fonte: WARRISS, 2000.

Por determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


(MAPA), Portaria nº 47, de 19 de março de 2013, após o transporte, ao chegar no local
de abate, para que se recuperem do estresse gerado, os animais devem ficar em
currais de espera por um período mínimo de 6 horas para recuperar a frequência
cardíaca e respiratória; com água a vontade para promover a reidratação, mas em
jejum de sólidos, reduzindo o conteúdo gástrico visando facilitar a evisceração da
23

carcaça. O jejum de sólidos não pode ultrapassar 24 horas para não afetar a qualidade
da carne, uma vez que o metabolismo consumirá as reservas de glicogênio muscular.

Ao desembarcar, o é realizada a inspeção ante-mortem, onde são checadas as


condições dos animais, vacinas, identificando e separando os sadios.

Em relação ao âmbito de atuação dos estabelecimentos de carnes e


derivados, tem-se, de acordo com o RIISPOA (2017):

“Abatedouro Frigorífico: estabelecimento destinado ao abate dos


animais produtores de carne, à recepção, à manipulação, ao
acondicionamento, à rotulagem, à armazenagem e à expedição dos
produtos oriundos do abate, dotado de instalações de frio industrial,
podendo realizar o recebimento, a manipulação, a industrialização, o
acondicionamento, a rotulagem, a armazenagem e a expedição de
produtos comestíveis e não comestíveis.

Unidade de Beneficiamento de Carne e Produtos Cárneos:


estabelecimento destinado à recepção, à manipulação, ao
acondicionamento, à rotulagem, à armazenagem e à expedição de carne
e produtos cárneos, podendo realizar industrialização de produtos
comestíveis e o recebimento, a manipulação, a industrialização, o
acondicionamento, a rotulagem, a armazenagem e a expedição de
produtos não comestíveis”.

Após o descanso, os animais são direcionados ao banho de aspersão,


conforme figura 3, que resulta em uma esfoliação higiênica limpando a pele do animal,
minimizando a sujeira na sala de abate. A partir desta etapa, o processo deve seguir
a Normativa Nº. 03 – 17/01/00 – Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização
para o Abate Humanitário de Animais de Açougue (EMBRAPA, 2003).
24

Figura 3 – Banho de aspersão


Fonte: WARRISS, 2000.

Após o banho realiza-se a insensibilização (figura 4) de faz com que o animal


fique inconsciente até o final do processo de sangria, podendo ser abatido sem dor,
conforme as leis de abate humanitário.

O atordoamento pode ser por eletronarcose, arma de fogo, martelo pneumático


não perfurante, marreta, pistola pneumática de penetração. Atordoado, o animal
segue para um local onde é içado por uma das patas traseiras e é pendurado na nória,
um transportador aéreo
25

Figura 4 – Insensibilização
Fonte: WARRISS, 2000.

Figura 5 – Içamento para o abate


Fonte: WARRISS, 2000.

Nesta etapa os animais costumam vomitar e um jato de agua é atribuído para


limpeza do vômito residual.
26

A etapa seguinte, muito criteriosa no que tange à esterilização para evitar a


contaminação da carcaça, é a sangria que leva em torno de 5 minutos, onde retirando-
se cerca de 60% do sangue total. Os cortes são feitos por facas e após a sangria de
cada animal, estas facas são esterilizadas. A morte ocorre por falta de oxigenação no
cérebro. O sangue é armazenado para processamento posterior no abatedouro ou por
terceiros.

Em seguida é feita a esfola e a retirada da cabeça. A carcaça segue então para


a evisceração (etapa com alto risco de contaminação por falhas de higienização),
seguindo para o corte da carcaça, resfriamento em câmaras frias entre 0 e 4°C, corte
e desossa, embalagem e estocagem até o momento da expedição. A garantia da
qualidade nestas etapas é o atendimento rigoroso às normas sanitárias e de inspeção
industrial, as boas práticas de manejo e às exigências do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Figura 6 - Carcaças com contusões


Fonte: WARRISS, 2000.

.
27

6. REFERÊNCIAS Commented [t2]: AINDA NÃO INSERI TUDO QUE ESTOU


USANDO, até o final terá mais coisa

ALENCAR, M. M. Utilização de cruzamentos para produção de carne bovina. São


Carlos: EMBRAPA, 1997.

BATISTA, D. J. C.; SILVA, W. P.; SOARES, G. J. D. Efeito da distância de transporte de


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