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Ana Filipa Pinheiro nº 38826; Bruna Magalhães nº 38834; Joana Carvalho nº 38847;
Soraia Oliveira nº 38863
Resumo
Abstract
The results showed that there are significant differences in intensity of fears,
depending on male or female, of child aged between 9 and 11 years.
Key-words: Fears in Children, Most Common Fears, Primary Emotion,
Secondary Emotion, Fear.
Introdução
De acordo com Ferreira, Borges e Seixas (2010, pág. 29), não é possível nem
correto abordar os temas do medo sem nos referirmos primeiramente às emoções como
sendo uma parte integrante do nosso desenvolvimento enquanto seres Humanos. Assim,
a emoção é uma resposta imediata que padece de significado sem que a tenhamos
solicitado (Ades, 1993 cit. por Ferreira, Borges & Seixas, 2010, pág. 29). Várias áreas
de estudo se debruçam sobre a questão das emoções, mas é a Psicologia que possui a
abordagem mais importante para o nosso estudo. Segundo Ferreira, Borges e Seixas
(2010, pág. 29), a Psicologia identifica as emoções como sendo o despoletar do
desenvolvimento e da adaptação humana. Assim, existem emoções que nos são inatas e
que são chamadas primárias (ou básicas) teoria psicoevolucionista. Então, assume-se
que estas emoções primárias estão presentes em qualquer cultura, religião, etnia ou
espécie (Batista, Carvalho & Lory, s/d, pág. 3) e existentes desde o nascimento.
Segundo Belzung (2007, pág. 42), certos estudos demonstram que os recém-nascidos
exteriorizam emoções correspondentes ao prazer gustativo ou da repulsa à dor. Por
outro lado, e segundo a mesma fonte, os fetos ao sorrirem mostram a presença de
emoções adjacentes. Estes factos sustentam o cariz inato das emoções. Uma definição
defendida por Belzung (2007, pág. 16) decompõe as emoções em três componentes
fulcrais: a componente comportamental, a componente fisiológica e a componente
cognitiva/subjetiva. A componente comportamental diz respeito à predisposição para
agir que as emoções nos garantem (Batista, Carvalho & Lory, s/d, pág. 4), ou nos
aproximamos dos estímulos apetecíveis (sistema apetitivo) ou fugimos dos hostis
(sistema defensivo) (Belzung, 2007, pág. 16). A componente fisiológica refere-se às
diversas ativações fisiológicas que estão associadas aos estados emocionais e que estão
relacionadas com as modificações ao nível do sistema nervoso autónomo, como por
exemplo o batimento cardíaco, as secreções e/ou alterações hormonais, ativação de
músculos faciais, entre outros. A componente cognitiva/subjetiva das emoções associa
elementos como a história do indivíduo, os seus valores, a sua cultura e o seu estado de
fundo. As emoções primárias que temos vindo a abordar são, como defende Izard
(1977) (cit. por Belzung, 2007, pág. 20), a alegria, a surpresa, a cólera, a tristeza, o
desprezo, a angústia, o interesse, a culpabilidade, a vergonha e o amor. Já segundo
Ekman (1992) (cit. por Belzung, 2007, pág. 20), estas emoções primárias correspondem
à alegria, ao medo, à cólera, à tristeza, à surpresa e ao desgosto (suporte biológico).
Estas, por serem primárias, são também, como já se referiu, universais. Os estudos
efetuados por Darwin (1872) e Ekman (1972) (cit. por Belzung, 2007, pág. 23)
sustentam esta universalidade das emoções primárias. Assim, segundo estes autores, a
expressão facial de uma emoção primária é e deverá ser reconhecida em qualquer parte
do mundo, mesmo por indivíduos de culturas distintas. Por outro lado, as emoções
secundárias são as que resultam da combinação entre as primárias e outros fatores,
como por exemplo, a euforia, a ansiedade, a inveja, entre outros (suporte cultural). O
modelo que diferencia e distingue emoções primárias das secundárias denomina-se
Teoria dos dois fatores. Neste artigo científico daremos especial ênfase a uma emoção
primária em particular: o medo. Neste artigo científico daremos especial ênfase a uma
emoção primária/básica em particular: o medo.
Segundo Ainsworth (1981) (cit. por Ferreira, Borges & Seixas, 2010, pág. 30), a
definição de medo remete-nos para a tomada de consciência de uma determinada
ameaça real ou imaginária e que tem repercussões ao nível comportamental (fugir,
gritar, chorar), ao nível biológico interno (aceleração da pulsação e do batimento
cardíaco) e ao nível biológico externo (tremores, expressões faciais que sugerem susto).
Assim, e segundo a mesma fonte, as principais funções do medo são alertar-nos para
possíveis perigos e levar-nos a agir para nos libertarmos caráter desenvolvimentalista
do medo (Sampaio, Martins & Oliveira, s/d, pág. 254). De facto, os medos alteram-se
consoante a idade, género, classe sócio-económica, cultura e sociedade vigentes
(Ferreira, Borges & Seixas, 2010, pág. 30). Assim, nos primeiros seis meses de vida os
medos mais comuns estão relacionados com a perda de apoio e os ruídos altos. Já no
segundo ano de vida, os medos mais visíveis dizem respeito à separação dos pais, ao
bacio, ferimentos e pessoas estranhas. A partir do quarto ano de vida, as crianças
geralmente temem as máscaras, a escuridão e certos animais. Aos seis anos, os seres
sobrenaturais (fantasmas, bruxas, monstros) são os que provocam mais medos. A partir
dos 12 anos até ao início da adolescência (sensivelmente) os jovens tendem a temer
aspetos mais realistas e autoavaliativos, como por exemplo, os testes e exames
escolares, os ferimentos corporais, a aparência física, trovões e raios e, principalmente,
assuntos relacionados com a morte (Papalia & Olds, 2009, pág. 321). Segundo a mesma
fonte, os pais conseguem aliviar de certo modo estes medos que as crianças possuem se
lhes incutirem confiança e cautela, sem serem demasiado protetores. Ainda em relação
aos medos infantis, estes desenvolvem-se em três vias distintas: condicionamento direto
(experiências individuais), modelagem (observação) e transmissão da informação
negativa (pela televisão, internet, ou pelos amigos) (Rachman, 1977-2004 cit. por
Sampaio, Martins & Oliveira, s/d, pág. 254). De acordo com a mesma fonte, esta última
causa parece constituir cerca de 90% dos medos das crianças. Estudos internacionais
sobre os medos desenvolvimentais têm destacado resultados em relação às diferenças
entre género e idade (Sampaio, Martins & Oliveira, s/d, pág. 254). Em relação ao
género, as raparigas tendem a ter medos semelhantes aos dos rapazes, porém numa
escala mais intensa e prevalente. Este facto poderá estar relacionado, segundo a fonte,
com a fragilidade e valiosidade em relação à perpetuação da espécie do sexo feminino.
Quanto ao fator idade, crianças e adolescentes tendem a demonstrar medos distintos: os
jovens atribuem um maior valor à componente social (o medo de errar perante os
outros, da crítica social), enquanto as crianças possuem medos mais físicos (cair,
queimar-se). Porém, a morte parece ser um medo comum a qualquer género e faixa
etária e constitui um dos dez medos mais comuns (Sampaio, Martins & Oliveira, s/d,
pág. 255).
Metodologia
Feminino Masculino
A prevalência dos Medos
Conclusão
É de facto muito comum haver uma tendência a considerar o medo uma emoção
negativa e incapacitante, porém esta visão é incorreta uma vez que o medo não é
incapacitante, muito pelo contrário impulsiona-nos a uma ação que tem como objetivo
principal a sobrevivência da pessoa e por conseguinte da espécie.
O medo enquadra-se nas emoções primárias ou inatas, sendo por diversos
autores consideradas universais distinguindo-se das secundárias por estas conjugarem as
primárias com fatores culturais (emergindo assim da socialização do indivíduo). Um
facto que poderá ilustrar que o medo é de facto uma emoção primária é a existência de
crianças selvagens, uma vez que a socialização destas é praticamente inexistente, não
era possível que estas conseguissem sobreviver se o medo fosse uma emoção
secundária.
Salienta-se ainda a importância de verificar que os medos variarem consoante
diversos fatores nomeadamente a idade, género, classe sócio-económica, cultura, entre
outros, porém a maioria dos estudos coloca mais ênfase nas variâncias entre géneros e
idades. Em relação ao primeiro fator embora os indivíduos do sexo masculino tenham
medos semelhantes aos dos indivíduos do sexo masculino, nos últimos fatores, estes
tendem a ter uma maior intensidade. Em relação à idade os jovens atribuem uma maior
importância à componente social (por exemplo serem humilhados em público), e as
crianças revelam medos mais físicos (aleijar-se).
No estudo realizado alguns dos medos mais comuns no estudo realizado foram o
medo de armas; de tremores de terra; de apanhar choque elétricos; de morte; de se
perder num lugar desconhecido; ataques nucleares; terramotos; tirar más notas.
Em relação aos resultados obtidos pelos indivíduos do sexo feminino, em todos os
fatores estudados, apresentam uma média superior à dos indivíduos do sexo masculino,
verificando-se a média mais elevada no facto Medo Geral e a mais próxima a do Medo
do Insucesso.
O facto do Medo do Insucesso ser o segundo maior no grupo de rapazes e o
terceiro no grupo de raparigas revela algo interessante, uma vez que, segundo Papalia e
Olds, (ver data, pág. 321) é a partir dos 12 anos até ao início da adolescência que os
jovens temem aspetos mais autoavaliativos (testes e exames).
O facto de as crianças terem apresentado alguns tipos de medo revela-se de
caracter ambíguo, visto que assinalaram Muito Medo em itens como terramotos, ataques
terroristas e acidentes nucleares, referentes a fenómenos pouco frequentes no nosso país
mas que pode ser facilmente explicado pela sua divulgação constante nos meios de
comunicação social.
"Eu aprendi que a coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre ele. O
homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas aquele que conquista por cima
do medo." (Nelson Mandela, s/d).
Referências Bibliográficas
Batista, A., Carvalho, M., & Lory, F. (s/d). O medo, a ansiedade e as suas perturbações.
Ferreira, B., Borges, P., & Seixas, S. (2010). Os medos na 2.ª infância conceções e
Papalia, D., Olds, S., & Feldman, R. (2009). O mundo da criança da infância à
Sampaio, F., Martins, A., & Oliveira, T. (s/d). Medos normais de crianças em contexto
hospitalar segundo o Fear Survey Schedule For Children Revised, FSSC-R. 254-
255.