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Saco vazio não para em pé: a alimentação e os hábitos alimentares na FEB

(1944-1945)

Luciano B. MERON1
1
Universidade Federal da Bahia (UFBA). E-mail: lucianomeron@gmail.com.

Resumo: Suprir os exércitos de alimentos sempre se constituiu numa grande preocupação para os
comandantes. Pilhagens e impostos sobre as áreas dominadas eram meios convencionais de
abastecer os exércitos. Com a Revolução Industrial haveria uma modificação dessas práticas: a
maior oferta de alimentos, os novos meios de transporte e técnicas de conservação mais eficientes,
permitiram campanhas cada vez mais longas e contingentes cada vez maiores de soldados, além de
produzirem profundas mudanças nos alimentos e nos hábitos alimentares das tropas mobilizadas.
As campanhas militares dos sécs. XVIII-XIX foram campo de testes não só de novas armas, mas de
uma verdadeira revolução tecnológica em todas as áreas da atividade bélica, em decorrência da
industrialização. As Guerras Napoleônicas (1799-1815) talvez tenham sido o marco inicial deste
processo, durante as quais foram criadas e introduzidas as rações militares em conserva produzidas
de forma industrial. Assim, as inovações da indústria alimentícias acompanhariam as guerras,
facilitando as operações militares. As Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945) criariam novos
desafios para a indústria. A mobilização de tropas e o alcance geográfico dos combates foram
inigualáveis. Neste contexto o Exército Brasileiro também seria palco de mudanças no quesito
alimentação, especialmente com a formação da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que
introduziria alimentos e técnicas novas, que permitiriam ao praça um quadro nutricional igual aos
soldados do US Army. A maneira como a alimentação era realizada nos quarteis brasileiros e no
front diferiria, criando novas percepções da tropa sobre a hierarquização no Exército brasileiro. A
alimentação também seria um mediador importante nas relações com a população civil. A guerra
da fartura patrocinada pelo US. Army para as suas tropas e a dos seus aliados criou uma situação de
opulência em relação aos civis italianos. A distribuição de alimentos conquistava corações e
estômagos e ajudava a consolidar o controle sobre os territórios recém-conquistados. Este artigo
objetiva analisar a alimentação e os hábitos alimentares dos brasileiros que serviram na FEB
durante a Campanha da Itália. Além disso, procura também entender o papel da alimentação em
alguns aspectos das relações sociais entre os militares e deste com a população civil italiana
durante a II Guerra Mundial.

Palavras-chave: II Guerra Mundial. FEB. Alimentação .

1 APRESENTAÇÃO
Suprir os exércitos de alimentos sempre se constituiu numa grande preocupação para os
comandantes, especialmente em longas campanhas. As pilhagens e os impostos sobre as áreas
dominadas eram práticas comuns, até a Idade Moderna, como meios convencionais de abastecer os
exércitos. Com a Revolução Industrial haveria uma modificação dessas práticas: a maior oferta de
alimentos, os novos meios de transporte e técnicas de conservação mais eficientes, por exemplo,
permitiram campanhas cada vez mais longas e contingentes cada vez maiores de soldados, além de
produzirem profundas mudanças nos alimentos e nos hábitos alimentares das tropas mobilizadas.
As campanhas militares do final do século XVIII e ao longo do XIX foram campo de testes
não só de novas armas, mas de uma verdadeira revolução tecnológica em todas as áreas da
atividade bélica, em decorrência da industrialização (KEEGAN, 2002). As Guerras Napoleônicas
(1799-1815) talvez tenham sido o marco inicial deste processo, durante a qual, por exemplo, foram
criadas e introduzidas as rações militares em conserva produzidas de forma industrial (FRANCO,

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2010). Assim, as inovações da indústria alimentícias acompanhariam as guerras, facilitando as
operações militares.
Já no século XX, as Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945) criariam novos desafios
para a indústria, de maneira em geral. Nunca tantos homens foram mobilizados de uma vez e os
combates aconteceriam praticamente em todas as regiões do planeta, do circulo polar ártico ao
Saara, passando pelas florestas tropicais do sudeste asiático e pelas ilhas do Pacifico.
Neste contexto vemos o Exército Brasileiro, que, além das transformações de doutrina e
aparelhamento, por exemplo, também seria palco de mudanças no quesito alimentação,
especialmente com a formação de um corpo expedicionário durante a II Guerra Mundial. A Força
Expedicionária Brasileira (FEB) introduziria alimentos e técnicas novas, que permitiriam ao
pracinha um quadro nutricional igual aos soldados do US Army.

2 NOS CAMPOS DE BATALHA: A FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA


Inicialmente o Brasil pretendia manter-se neutro no conflito mundial que iniciou em
setembro de 1939, mas com o ataque japonês a Pearl Harbor, em dezembro de 1941, este desejo
não se concretizou. Mesmo durante um governo tendo diversos elementos simpáticos aos regimes
totalitários, Getúlio Vargas se alinharia aos EUA.
Embora o Brasil tivesse significativas e crescentes relações com a Alemanha, o
quadro era mais favorável aos EUA. O Brasil tinha neste país seu principal
parceiro comercial, além disso, havia acordos entre as nações do continente para
cooperação mutua no caso de agressões externas ___ acordos esses que foram
prontamente evocados pelos EUA em janeiro de 1942, na III Reunião dos
Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas. (Meron, 2009, p.
62)

Com a ruptura de relações com a Alemanha nazista, as agressões por parte desta seriam
iniciadas também contra o Brasil. Ao longo da nossa costa, diversos submarinos agiram, atacando
principalmente navios da Marinha Mercante. Os afundamentos causaram grande comoção
nacionali. O povo pedia a guerra. Em agosto, Vargas decretaria estado de beligerância com a Itália
e a Alemanha.
Os efetivos das Forças Armadas cresceriam vertiginosamente com o estado de guerra. A
posição estratégica do Nordeste brasileiro ___ devido a possibilidade de voos diretos para o Teatro
de Operações do Norte da África ___ facilitou uma aliança militar entre Brasil e EUA. Mas para
atrair mais recursos e material bélico, o Brasil engajar-se-ia com maior intensidade no conflito.
Com o aval de Franklin D. Roosevelt, Vargas começaria a formar um corpo expedicionário, em
fins de 1942.
A ideia original era formar três divisões de infantaria, num total de 100 mil homens, mas os
custos materiais e humanos, além do completo despreparo do exército foram barreiras quase
insuperáveis. Além disso, as péssimas condições de saúde e de educação da população brasileira
criaram sérias restrições à formação das unidades expedicionárias adequadas aos padrões de uma
guerra moderna. Em meados de 1944, fora enviada uma divisão de infantaria, num total de 25.334
praças e oficiais ___ formada por soldados de todos os estados da União, enquadrados em três
regimentos, o 1º RI, o 6º RI e o 11º RI.
A formação da FEB trouxe uma série de novidades para o exército, já que este se vinculara,
no inicio do século XX, a outras culturas militares, especialmente a prussiana e a francesa
(MACCANN, 2007). O envio da FEB, subordinada ao 5º Exército dos EUA, permitiria uma
experiência real de combate com o que tinha de mais moderno em termos de doutrina, armamentos
e equipamentos em emprego naquele momento, inclusive no que tange a alimentação.

3 “SEM FARINHA, ARROZ E FEIJÃO A GENTE COME, MAS NÃO ALMOÇA NEM
JANTA!”
Com essas palavras Rubem Braga ___ que foi um dos correspondentes de guerra brasileiros
que cobriram o front italiano ___ descreve a reação geral que a alimentação norte-americana
provocou entre os soldados brasileiros ii. Mas para que possamos compreender melhor este

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comportamento do infante, devemos entender como funcionava o abastecimento e a alimentação
dentro de uma unidade militar na II Guerra Mundial.
A Força Expedicionária estava subordinada ao V Exército norte-americano, o que significou
a adequação de sua organização e funcionamento à doutrina desse país. Assim, o exército brasileiro
estava dividido em quatro armas: Infantaria, que consistia em unidades de soldados que lutavam a
pé em contato aproximado do inimigo; Cavalaria, formada por unidades blindadas; Artilharia,
constituída de armas de grosso calibre e longo alcance; e a Intendência, que cuidava de todo
serviço de abastecimento e retaguarda.
É o serviço de Intendência que nos interessa. Segundo Manoel Thomaz Castello Branco,
que foi oficial de comunicações do 1º Regimento de Infantaria (RI) da FEB a missão da
Intendência “[...] era suprir as tropas de víveres, carburantes, uniformes, equipamentos e artigos de
uso pessoal, cabendo-lhe, ainda, sepultar os mortos, além de outras tarefas de menos importância”
(BRANCO,1960, p.309).
Assim, ao longo das linhas de combate, que, em meados de dezembro de 1944, estendiam-se
por aproximadamente 20 km, foi criado um sistema de pontos de distribuição, que eram supridos
pelo depósito da FEB, e que forneciam todo tipo de material para as tropas em combate. Dentre
estes materiais, a alimentação tinha uma preocupação especial.
Pelo acordo estabelecido com as Forças Armadas dos EUA, o Brasil receberia armamentos,
veículos, equipamentos, medicamentos e a maior parte da alimentação, cabendo ao Exército
Brasileiro fornecer fardamento e complementar as rações, além dos homens, obviamente iii. O
primeiro contato dos brasileiros com a alimentação norte-americana se deu nos navios de
transporte, que levaram os cinco escalões da FEB para a Itália. O cabo Raul Carlos dos Santos
testemunha:
Eu me lembro que tinha um refeitório cheio de mesas, nada de cadeiras. A gente
ia chegando, tinha uns elevadores, e iam botando as panelas, as coisas,
geralmente marinheiros brancos e pretos, e tinham aquelas bandejas. A bandeja
tinha um copo de mingau, mingau bom, de aveia, melhor mingau que já tomei na
vida! Você não conhecia [naquele tempo] leite em pó, ovo em pó. Um pão de
forma, um pedação! Umas bolachas não sei de quê. Um bicho assim de doce. Eu
aprendi a comer bolacha e pão com doce. Uma xícara de café com leite. Uma
maçã. Um troço deste tamanho assim de chocolate, um tablete. Melhor coisa que
tinha na nossa ração!iv

O soldado Vicente Alves do Nascimento também se surpreenderia com a nova alimentação.


[...] Era a primeira vez que tinha contato com a comida americana. De manhã
cedo eles furavam uma lata assim de suco de limão, chamavam grapefruitv.
Faziam a gente beber aquele caldo azedo! Aí tinha leite, chocolate, tinha de tudo,
de quanto você quisesse comer você comia. Ovos “estalados”! vi

Havia uma grande preocupação dos norte-americanos em fornecer uma alimentação nutritiva
aos combatentes, assim, desde o transporte ao front e, especialmente neste, os soldados eram
abastecidos de refeições regulares, muitas vezes fartas, e, quando possível, quentes. Para tanto,
desenvolveu-se uma estrutura de produção adaptada às condições de combate. Era uma “guerra da
fartura” que os norte-americanos promoviam, devido a sua força econômica, seu extenso parque
industrial e a moderna e eficiente estrutura montada para a guerra.
Enquanto isso no Brasil as refeições eram pouco variadas, com quantidades irregulares além
de, muitas vezes, estarem impróprias ao consumo. A comida era preparada nas cozinhas das
unidades ou em “carros-cozinha” (carroças aparelhadas com utensílios de cozinha) quando
necessário levar alimentos para unidades distantes dos quarteis. Com a mobilização para a
formação da FEB, os contingentes cresceram muito além da capacidade já comprometida dos
quarteis. As condições sanitárias destes últimos eram preocupantes, como atesta Ubirajara D.
Mendes, então 2º tenente do 6º RI:
[...] As refeições eram preparadas nos carros-cozinha das várias companhias, sob
um barracão aberto. Nuvens de moscas entravam em cena, voejando por sobre a
carne, por sobre os restos de comida e por sobre o lixo amontoado que nem

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sempre os caminhões da Prefeitura Militar tinha tempo de recolher. (MENDES
In: ARRUDA, 1949. p.249)

Os americanos tinham uma grande preocupação com as condições sanitárias, dai o


desenvolvimento de uma série de técnicas e equipamentos no intuito de garantir a saúde das tropas.
Neste sentido, no que tange a alimentação, foram desenvolvidas cozinhas de campanha,
transportadas por caminhões e equipadas para garantir não só o fornecimento de uma alimentação
de qualidade, mas, também, a segurança alimentar da tropa. O tenente Ubirajara D. Mendes registra
detalhes sobre essa estrutura:
[...] junto ao rancho ficavam sempre três latões de água, dentro de cada um dos
quais era mergulhado um esquisito aquecedor a gasolina, provido de chaminé. O
conjunto todo dava um aspecto de uma girafa gordinha, sem pés, com um longo
pescoço preto. No primeiro daqueles três recipientes citados, a água tinha sabão
dissolvido; no segundo e no terceiro, a água era pura. As refeições nos eram
servidas em nossas marmitas de campanha. Assim que comêssemos, jogando o
resto em locais previamente designados, metíamos marmita, caneca e talheres
dentro da água de sabão a ferver, agitando tudo lá dentro por uns instantes. Daí
passávamos tudo por novos banhos nos outros dois latões de água em
ebulição...e todo o material estava limpo como novo. Esse método de limpeza de
marmitas e talheres foi novidade absoluta para o pracinha brasileiro, habituado,
até então a higienizar aquele material, em campanha, com água e terra...vii

Mas, especificamente, o que comiam os combatentes? No Brasil, as rações dos praças


servidas nos quarteis ___ pois havia uma forte hierarquização entre praças e oficiais, reforçada
inclusive por alimentação diferenciada ___ eram basicamente constituídas de arroz, feijão e carne
seca. A qualidade e o sabor dependiam muito da dedicação e habilidade das equipes de cozinha de
cada unidade ___ isso parecia ser uma constante, mesmo quando a FEB passou a receber a comida
dos EUA.
Esta alimentação pouco variada, muitas vezes estragada e mal preparada tinha razões
concretas. Primeiramente havia uma longa mentalidade no Brasil que o serviço militar era uma
espécie de punição para ociosos, vagabundos, presidiários e “capoeiras” (BEATTIE, 2009). Os
praças eram recrutados à força, entre as camadas mais pobres da população, sendo principalmente
negros ou mestiços (MACCANN, Op.Cit). Havia ainda a falta de profissionalização do próprio
exército, que carecia de escolas preparatórias satisfatórias, especialmente para trabalhos técnicos
especializados, como nas áreas de comunicações, motoristas e cozinheiros viii.
Os norte-americanos conseguiram um alto grau de profissionalização décadas antes e o
envolvimento na I Guerra Mundial (1914-1918) deu experiência com a mobilização de grandes
contingentes (mesmo assim a II Guerra foi um imenso desafio, com mais de 8 milhões de soldados
em linha, além de todo o apoio logístico e técnico dado à diversas nações aliadas), dai o
desenvolvimento de soluções como a citada.
Esta experiência se refletiria na alimentação servida aos soldados. Assim, eram fornecidas
diariamente pelo menos três refeições principais, com composições diferentes, acondicionadas de
forma adequada e apresentadas de três formas distintas:

 “Rações K” – eram pequenas caixas de papelão, impermeabilizadas, que acondicionavam


uma refeição, podendo ser breakfast (matinal), lunch (almoço) e dinner (jantar).
Normalmente havia uma lata com uma mistura de ovos ou verduras, um doce de fruta, uma
bebida em pó (chocolate/ café / limonada), torrões de açúcar, dois biscoitos, chicletes e
cigarros;
 “Rações C” – pequenas latas, fornecidas sempre aos pares (conhecida pelos veteranos
como a “pesada” e a “leve”), onde uma continha sempre uma das três variações: feijão
branco com carne, carne com batatas amassadas ou carne com um mix de verduras, e a
outra era recheada com bolachas, “balas” ou chicletes, uma bebida em pó (como na ração
K), açúcar, e, eventualmente, cigarros ou papel higiênico;

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 “Rações B” – eram rações confeccionadas em cozinhas de campanha, já com muitos
alimentos pré-preparados. A Intendência fornecia uma grande e variada quantidades de
ingredientes (carnes congeladas de aves, porco e boi; verduras e legumes desidratados;
pães, geleias, manteiga e doces de frutas em calda; ovos e leite em pó; além de sucos; etc),
que permitiam preparações, como por exemplo, “fritada de ovos com presunto”,
acompanhada de pão branco com creme de amendoim e suco de grape-fruit.

A forma como esses alimentos eram acondicionados e servidos tinham motivos funcionais e
psicológicos vinculados à lógica da guerra. Primeiramente, as rações K e C atendiam a necessidade
de ter alimentos preservados e de fácil transporte pela tropa ___ normalmente distribuía-se um
desses modelos, o suficiente para uma ou mais refeições, caso determinada missão tivesse a
possibilidade de se estender longe demais das linhas de abastecimento, garantindo assim a
alimentação das unidades. Além disso, essas refeições atendiam as necessidades nutricionais da
tropa, sendo preparações que ofertavam porções compostas por todos os grupos de alimentos
(energéticos, construtores e reguladores), mas com a preocupação de fornecer uma quantidade
maior de calorias, devido à demanda da atividade do esforço físico em combateix.
Havia ainda o efeito psicológico da refeição. A motivação para o combate era uma
preocupação séria para o comando norte-americano. Assim, todas as ações que pudessem manter
“o moral elevado” eram executadas. Isso abarcava medidas em variados campos, como
entretenimentox, licenças (que incluíam viagens a cidades turísticas que estavam na retaguarda,
como Roma), distribuição de correspondências de familiares e a alimentação. O soldado não
combatia o tempo todo, muito do tempo era gasto em deslocamentos, construções de pontos
defensivos, manutenção de armas e equipamentos e vigília do inimigo, mas o tempo que passavam
em ação direta produzia um grande desgaste emocional e físico, gerando um grande stress. Garantir
o mínimo de conforto significava manter o soldado mais tempo em condições de combate, com
melhor aproveitamento. Servir refeições regulares e sempre que possível quentes tinha um papel
fundamental nisso.
As rações B produziam as melhores reações na tropa, especialmente pela maior flexibilidade
da preparação das mesmas e por serem servidas quentes, com a utilização de utensílios, como
pratos e talheres, o que não ocorria com as outras rações. Estas criaram muitas vezes reações
negativas, pois provocavam uma monotonia de sabores, devido, provavelmente ao processo
industrial de produção e ao fato de serem normalmente servidas frias.
As rações C, entretanto, embora feitas com material da melhor qualidade, apesar
de muito apreciadas às primeiras vezes [que foram servidas], acabaram sendo
detestadas porque continham sempre, até nos microgramas, as mesmas partículas
de material. [...] Seus ingredientes eram pesados e medidos cuidadosa e
acuradamente e obedecendo sempre à mesma receita. Em consequência, o sabor
do conteúdo de qualquer latinha ingerida ontem, era o mesmo, o mesmíssimo de
outra comida hoje.
[...] Vale acrescentar que o conteúdo das “pesadas” era quase sempre consumido
a frio. É fácil compreender então que a gordura solidificada, em nada colaborava
para ar um melhor sabor ao alimento (MENDES. Op.Cit, p. 245-246).

Essa ração B era complementada com produtos fornecidos pelo Brasil, típicos de uma
culinária nacional e do soldado, ou seja, jabá, farinha de mandioca, arroz e feijão. Como relata o
tenente Mendes, “pois apesar de tal riqueza no cardápio, o soldado brasileiro sentia falta do feijão-
com-arroz e farinha” (MENDES, Op.Cit, p.247)
O fornecimento de alimentos à tropa, de maneira geral, foi regular, sendo que muitos
soldados voltaram mais bem nutridos e com mais peso do que quando partiram para a Itália ___ o
que gerou uma serie de piadas de pessoas que questionavam a “dureza da guerra” ___ mas isso não
impediu aos brasiliani buscarem produtos típicos da terra.

4 “PRATOS DE SAUDADE”: REFEIÇÕES E SENTIMENTOS


A comida era mais um elemento nas diversas relações que os soldados brasileiros
desenvolveram com a população civil. Mesmo com comando geral das tropas expedicionárias

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aliadas proibindo o comércio com a população italiana, tentando evitar o mercado negro de
produtos e garantir o mínimo de abastecimento aos civis, desenvolveram-se intensas relações neste
sentido.
A guerra desestruturara o fornecimento dos serviços básicos, como água
eletricidade, transportes e, especialmente, a produção e distribuição de alimentos.
As grandes áreas urbanas sofriam mais que as rurais, pois estas ainda tinham a
possibilidade de estarem próximas às zonas produtoras de algum tipo de
alimento (MERON, 2010).

Tudo era comercializado, mas as rações, especialmente as K e C, que tiveram papel central,
pois eram alvos principais das necessidades dos civis, comida, juntamente com cigarros. Assim,
com algumas scatoletas (caixinhas de ração) conseguia-se quase tudo, inclusive comidas locais,
como massas e vino. Mas, muitas vezes, os soldados saiam em busca por “algo diferente”, como,
por exemplo, carne fresca de porcos e aves para complementar as refeições da unidade, sendo que
estes “ingredientes extras” eram negociados com essa população ou mesmo surrupiados.
A destruição física, a desestruturação econômica e social criavam grande degradação moral
para a população civil, mas também afetava os soldados, especialmente com a banalização da
violência e da miséria. Mesmo assim, são frequentes os relatos de comoção dos brasileiros com os
habitantes das áreas onde ocorriam os conflitos ou por onde passavam. O então sargento de
artilharia Boris Schnaiderman relata suas impressões na cidade e da população de Pozzuoli, uma
província de Nápoles, durante a folga do serviço:
Mostravam-se [os soldados brasileiros] quase todos sentimentais e compassivos.
Era com grande espanto que os paisanos os viam afastarem-se, para ceder
passagem a uma senhora, ou tomar uma criança pela mão, afim de ajudá-la a
atravessa a rua.
As maneiras afáveis de nossa gente pareciam anacrônicas na Pozzuoli daqueles
dias. Era frequente encontrar-se algum dos nossos crioulos parado no meio da
rua, cercado de uma chusma de crianças, distribuindo biscoitos ou balas trazidas
do Brasil. Mas, por fim, aquele espetáculo deprimia. As crianças maltrapilhas, de
braços como espetos, aqueles olhos parados, aquela palidez...[...]
(SCHNAIDERMAN, 1995, p.71).

A distância de casa, a violência da guerra e o stress provocado pelas agruras do front criava
em muitos uma grande carência afetiva. Muitos soldados se aproximavam de famílias italianas na
busca de suprir essa carência e estabeleciam laços. Participar do convívio íntimo, dividir refeições e
eventos sociais junto com membros dessas famílias eram hábitos comuns, ao menos para aqueles
soldados que conseguiam estar em áreas próximas de vilarejos. Relacionamentos afetivos com
garotas locais surgiam nessas situações:
Todas as noites ficávamos até tarde na beira do fogo conversando. Às 22h, mais
ou menos, começávamos a comer castanhas. Um dia era monaline, outro dia
balote, outro borgateli. Sempre variando. Não me lembro de ter jamais comido
tantas castanhas. Quase todos os dias ia à casa da minha “franzita”, a Ana, uma
pequena de 17 anos muito bonita. [...] De vez em quando ia com ela e a família
colher castanhas. Porém passava a maior parte do tempo conversando do que
propriamente trabalhando. (TAVARES, 2005, p.60)

Rubem Braga nos garante outro exemplo muito rico do papel que uma refeição em família
tinha para os soldados desgastados pela guerra.
No pequenino vilarejo afogado sob a neve, temos, pela gentileza de um capitão
de Intendência, o prazer de almoçar na casa de uma família onde moram três
sargentos. Depois de tantos dias de comer em quarteis e acampamentos no meio
de homens, é confortador esse almoço servido por três louras e robustas
camponesas, que nos trazem macarrão feito em casa e outras saudades. Sim, é
comovente, e quando digo que é comovente apenas exprimo a verdade.[...]
Foi um almoço apenas [...] mas que esse simples almoço seja cantado aqui em
prosa, ainda que má, atrapalhada e apressada. Eu disse antes que foi comovente a
comida e gostaria de explicar que um dos assuntos que mais comovem nossos

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soldados numa conversa é o assunto de comidas. Um começa a falar do que
costuma comer na casa dele em Alagoas; outro fala de seus pratos familiares em
Minas. E cada um descreve um prato; quando dois homens concordam no
mesmo prato e cada um acrescenta um detalhe, eles começam a falar com uma
grande animação; sentem-se como que irmãos...[...] A grande irmandade e feita
em torno de pratos de saudade ___ pratos que fumegam na imaginação, quentes e
saborosos, com seu gosto de infância e domingo. (BRAGA, Op.Cit., p.106-107)

A narrativa é carregada de sentimento. O alimento e a refeição compartilhada num ambiente


fora do contexto da guerra permite uma sensação de aconchego e felicidade que lembram a família.
Para Braga o compartilhamento das lembranças de refeições em família, os “pratos de saudade”,
cria vínculos emocionais entre os soldados, sendo mais um instrumento de sociabilização e de
redução do stress da guerra. A comensalidade extrapola o real e alcança o campo da imaginação, os
ingredientes são agregados e divididos pelo grupo e com isso memórias comuns são construídas em
torno de refeições imaginárias.
Embora diversos produtos locais tivessem grande apreciação, era no vinho que a maior parte
da tropa concentrava seus desejos em relação aos alimentos italianos. Desde os primeiros
momentos da presença brasileira na Itália era comum que soldados saíssem, autorizados ou não, a
procura de vinho e mulheres pelas vilas e cidades. Durante as folgas, ou mesmo quando de
passagem por vilarejos, era comum que os soldados buscassem encontrar ou mesmo comprar
vinho, grappa ou outras bebidas.
Mas nunca se bebeu tanto quando do fim das hostilidades. A medida que as cidades eram
libertadas a população vibrava em festas pelos libertadores. Garrafas e barris de vinho escondidos
eram abertos e servidos fartamente aos liberatori. Joaquim Xavier da Silva, soldado de uma
unidade de comunicação, pôde presenciar e aproveitar. Ele relata sua passagem por cidades do Vale
do Panaro e do Vale do Pó:
O tal vale foi uma agradável surpresa, havia de tudo, menos pó. Graças a Deus!
Uma grande alegria reinava por toda a parte. Não havia ninguém que não
estivesse sorridente. E os italianos também, a alegria era tanta que nos beijavam
homens e mulheres, nesse arrebatamento tão próprio da raça latina . Nós só
apreciávamos, naturalmente, o arrebatamento feminino, o outro sendo bem
dispensável. Não sei se nossa aparência era muito heroica, mas um pouco
grotesco eu garanto, com as roupas cinzentas de pó [...]. Mas nem com essa
aparência deixávamos de ser saudados pelas belas italianas, nem o nosso paladar
embotou tanto que nos impedisse de provar o vinho com que regaram a nossa
passagem pelas cidades. Assim, atravessamos uma fileira de cidades, aldeias,
paesi, como Vignola, Reggio Emilia, Fidenza, Parma, Fidenzuola, Pontenura,
etc. Numa aldeiazinha antes de Fidenza, um vasto italiano nos agarrou,
obrigando-nos a comer uma enorme macarronada, depois, naturalmente, de
termos sido beijados por toda a família: mulher, filhos, netos, cachorro, gado.
Tudo isso molhado a Chianti (SILVEIRA, 1997, p.136).

Portanto, as circunstâncias onde o alimento era o foco nas relações com os civis ou mesmo
entre os próprios soldados eram variadas e permitiram diversas analises dentro do contexto da
guerra.

5 CONCLUSÕES
Comer é muito mais que alimentar-se. Esta máxima é bem conhecida quando nos referimos
aos diversos aspectos que extrapolam o lado biológico da alimentação. Embora ela seja
prontamente utilizada para justificar a necessidade de um maior entendimento das construções
culturais feitas ao redor da alimentação, tornando-se quase um clichê, neste tipo de estudo, sua
aplicação no conhecimento da história da alimentação militar se faz extremamente necessária.
Embora hoje tenhamos trabalhos bem estruturados, que nos fornecem uma boa compreensão,
no campo da relação entre alimentos e religiosidade, por exemplo, engatinhamos no campo da
alimentação de guerra. Trabalhos que visam apresentar um panorama geral de determinados
períodos ou mesmo de toda a história militar nacional, como os de Nelson Werneck Sodré (2010) e

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o Frank MacCann, por exemplo, focam muito mais aspectos políticos e sociais do serviço militar e
das guerras, tocando superficialmente os aspectos aqui questionados.
O Exército Brasileiro passou por profundas transformações entre o final do século XIX e as
primeiras décadas do XX, quando deixou de ser uma instituição complementar ao sistema
carcerário (não só por abrigar em suas fileiras grande quantidade de criminosos, mas também por
cuidar de presídios). A aceitação do sorteio militar por parte da sociedade necessitaria de uma
mudança da imagem da instituição, que era associada a delinquência e a aos negros ___ lembremos
dos discursos racialistas do final do XIX, que visavam embranquecer a população. Assim, o
exército incorporaria o discurso sanitarista e modernizador, promovendo reformas ideológicas,
doutrinais e físicas. Os quarteis seriam modernizados, higienizados, deixando assim de serem casas
de correção penal para se tornarem uma extensão da família, mas sob “à sombra da bandeira”
(BEATTIE, Op.Cit, 392). A alimentação seria uma engrenagem importante neste processo, pois
juntamente com as atividades físicas garantiria um acréscimo à “robustez” ao povo brasileiro. O
serviço militar seria então um meio de “civilizar” as massas, educando-as dentro do civismo e dos
bons costumes.
A formação da FEB se daria já num momento de consolidação do serviço militar como um
dos maiores atos civicos. O Estado Novo utilizaria as Forças Armadas muito além do âmbito de
força coercitiva ou de defesa nacional. Ela seria um instrumento doutrinador, responsável por
garantir o sentimento nacionalista junto a parte significativa da população e garantir seu apoio ao
governo. Seria também ferramenta da resolução dos “quistos étnicos”, ou seja, o serviço militar
seria um meio de garantir a nacionalização de comunidades de imigrantes que, segundo o governo,
demoravam em incorporar o ideal de brasilidade (HILTON, 1994).
A compreensão do papel da alimentação neste contexto de transformação das Forças
Armadas ganha, portanto, grande importância.
No caso da FEB o entendimento da composição, produção, distribuição e consumo das
rações permitem entender uma série de comportamentos da tropa, em especial as reações em
determinadas ações de combate, além das relações dos brasileiros com a população civil e entre si.
Para tanto, é necessário o estudo direcionado das fontes, em especial as narrativas pessoais
de guerra e os depoimentos dos veteranos, além, obviamente, da documentação produzida pela
própria FEB e pelo Exército Brasileiro no período ___ boa parte encontrados no Arquivo Histórico
do Exército, no Rio de Janeiro.
Assim, concluo este trabalho chamando a atenção para a necessidade de mais pesquisas
direcionadas à abordagem da Nova História Militar, em especial sobre a Força Expedicionária
Brasileira.

6 REFERÊNCIAS

ARRUDA, Demócrito C. (Org.) Depoimento de Oficiais da Reserva Sobre a FEB. São Paulo:
Ipê, 1949.

BEATTIE, Peter M. Tributo de sangue. São Paulo: Edusp, 2009.

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brasileiro na Itália durante a II Guerra Mundial. Salvador: P&A Editora, 2005.

i
Para mais detalhes sobre os afundamentos e sobre a guerra anti-submarina na costa brasileira, ver:
SANDER, Roberto. O Brasil na mira de Hitler: A história dos afundamentos de navios brasileiros pelos
nazistas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
ii
Para mais detalhes sobre os correspondentes de guerra brasileiros ver: MERON, Luciano B. Noticias do
Front: Correspondentes de guerra brasileiros na II Guerra Mundial. Anais do III Encontro de Cultura &
Memória – História: Cultura e sentimento. Recife-Pernambuco. CD-ROM
iii
Na prática os americanos forneceram também a maior parte do fardamento, especialmente o de inverno.
iv
O cabo Raul Carlos dos Santos serviu na Companhia de Petrechos Pesados (CPP) do 11º Regimento de
Infantaria. Entrevista concedida ao autor em 25/09/07

Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia 9


v
É uma fruta cítrica, parente da tangerina.
vi
O Sd. Vicente Alves do Nascimento serviu na Cia. de Petrechos do 11º RI como metralhador. Entrevista
concedida ao autor em 17/07/08.
vii
Id. Ibidem, p.248.
viii
Para mais detalhes quanto as dificuldades de formação da FEB e as diferenças e conflitos entre o “Exército
de Caxias” (como era conhecido o Exército Brasileiro entre os soldados que criticavam os problemas do
mesmo) e a FEB e sua campanha na Itália ver: MERON, Op. Cit. e MAXIMIANO, César Campiani.
Trincheiras da memória: Brasileiros na campanha da Itália – 1944-1945. USP, 2004 (Tese de Doutorado)
ix
Para afirmar isso com certeza, seria necessário obter a composição especifica de cada ração e sua ficha
nutricional, mas, pelos relatos sobre essas refeições, percebe-se a preocupação especial com as reservas
energéticas, pois, sempre que possível, eram distribuídos nas refeições porções abundantes de manteiga,
geleias, chocolates e açúcar.
x
“Inspirado no exército norte-americano surgiria na FEB o Serviço Especial, ou seja, uma unidade
responsável por entreter os soldados quando de licença na retaguarda ou em momentos de folga no front. Esta
unidade organizava shows com soldados artistas, além de espetáculos de ópera e teatro e até um jornal [...]”.
MERON, Op. Cit., p.50.

Anais do I Seminário Alimentação e Cultura na Bahia 10

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