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Melódica)
O que é?
Partindo de uma definição simples e objetiva podemos dizer que uma escala é um
conjunto de notas que produzem uma determinada sonoridade. Essa sonoridade pode ser
tanto melódica como harmônica, pois das notas de uma escala podemos formar
melodias e acordes.
Serve para que possamos compreender a origem das notas que compõem os solos e
acordes que tocamos.
As escalas são usadas para que saibamos quais notas usaremos na formação de um
Campo Harmônico (assunto do próximo módulo) e também basicamente* quais notas
podemos usar na construção das melodias a serem executadas sobre o campo harmônico
formado. (* Não é obrigatório que uma música em Dó Maior tenha em sua melodia apenas notas da escala de Dó Maior. Pode
haver aproximações cromáticas, acordes de empréstimo modal que modifiquem a escala da melodia, mas tudo isso é assunto para os
módulos posteriores.)
Assim como foi dito no módulo anterior, Intervalos são o b+a=ba da teoria musical na
parte de harmonia. Escalas são formadas a partir de uma determinada sucessão de notas
e essas sucessões nada mais são que os intervalos postos em prática.
Muita gente aprende a escala maior pela velha fórmula: T T ST T T T ST. Aprendem
também a escala menor no mesmo estilo de raciocínio: T ST T T ST T T. Agora, se eu
perguntar qual a diferença entre elas, alguém sabe me dar uma resposta objetiva? Esse é
o grande problema de se aprender escalas por essas fórmulas. Em tese é uma forma fácil
e prática se de aprender escalas, mas a meu ver é muito superficial para quem quer ir
além e compreender a harmonia como um todo. Por isso estudaremos escalas a partir
dos intervalos e não das formulinhas tipo t t st t...
As escalas que vamos estudar são heptatônicas, ou seja, possuem 7 notas (graus).
A terça (III) é quem determina o modo de uma escala ou de um acorde. Neste contexto,
modo diz respeitos à classificação, se é maior ou menor. Não tem nada haver com
Modos Gregos.
Escala Maior Natural (T T ST T T T ST x Intervalos)
Para quem já aprendeu as escalas pela sucessão das siglas “T” e “ST” vamos apenas transportar esse
raciocínio para os intervalos. Quem ainda não estudou também poderá compreender tranqüilamente o que
é e com é formada uma escala. Qualquer dúvida estamos aqui para isso.
(Todas as escalas vão ter o I, II, III, IV, V, VI e VII. Resta-nos saber se a II vai ser uma IIm ou uma IIM,
se a III vai ser uma IIIm ou uma IIIM, se a IV vai ser IVJ ou IVaum, etc. É exatamente por aí que
saberemos distinguir uma escala da outra!)
→ Observação: existe uma regra que diz que esta é a forma que devemos tocar a
Escala Menor Melódica quando de forma ascendente (das notas mais graves para as
mais agudas) e que se tocarmos ela de forma descendente devemos “descê-la” idêntica à
Menor Natural, ou seja, com o VI e o VII bemolizados (VIm e VIIm).
Já que definimos quais Intervalos compõe as Escalas propostas neste Módulo, vejamos
um quadro sinóptico sobre elas:
Vocês já devem ter percebido que sou muito adepto dessa forma de visualização dos
intervalos, hehe. Mas acredito que dessa forma fica mais fácil e claro de notar a
localização dos graus, bem como suas respectivas inversões.
Pensando as escalas pelos intervalos que as compõem fica muito mais claro e fácil de
perceber as diferenças “métricas” entre uma escala e outra.
Diferenças:
Existem “n” possibilidades de se comprar as escalas, mas estas são as que eu julgo mais
relevantes.
Pelo quadro a seguir também dá pra visualizar bem a diferença entre as escalas.
I IIm IIM IIIm IIIM IVJ IVaum VJ VIm VIM VIIm VIIMª 8ª
ou
V dim
Esc. Maior N. ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄
Esc. Menor N. ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄
Esc. Menor H. ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄
Esc. Menor M. ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄ ▄
As escalas menores possuem IIIm e a maior possue IIIM, justamente por ser a
terça quem define o modo da escala (e dos acordes);
Etc.
G# Menor Harmônico
Neste caso o Fá teve que ser Fx (Fá dobrado sustenido) porque a tônica era o G#. Na
Escala Menor Harmônica sabemos que a sétima é maior (VIIM). Portanto ela estará a
apenas ½ tom atrás da tônica. ½ tom atrás de G# é G, mas a nota G é a própria tônica,
ela não pode ser tônica e sétima ao mesmo tempo (lembrando que independente de
sinais de alteração, a nota sempre exercerá o papel de apenas um grau, não tem como ter
notas repetidas numa escala, tipo G e G#). Naturalmente a sétima de G é F. Então temos
que dar um jeito de o F ficar a apenas ½ tom do G#. Com o # ainda fica faltando ½ tom.
Por isso usamos o dobrado sustenido que eleva a nota em 1 tom.
(Sim, o Fx é enarmônico de G.)
Db Menor Natural
Neste caso temos um dobrado bemol na nota Si, pois a tônica é o Db e na Escala Menor
Natural a sexta é menor (VIm). Então da tônica até a sexta temos que ter 4,0 tons. A
partir do Db, se contarmos 4,0 tons teremos a nota A, mas o A não é a sexta do D, e sim
a quinta. A sexta do D é o B. Então temos que fazer com que a nota B fique a 4,0 tons
do Db. A solução é usar o dobrado bemol (bb) no B.
(Sim, o Bbb é enarmônico do A.)
Muitos já devem saber que da Escala Maior obtemos uma relativa menor e vice-versa.
Aprendemos que para encontrarmos a relativa menor da escala maior contamos 1,5 tom
abaixo da tônica e para encontrarmos a relativa maior da escala menor contamos 1,5
tom acima da tônica (sentiram um ar de inversão de intervalo?). Mas por quê?
Basicamente as duas escalas derivam da mesma estrutura, entretanto partem de tônicas
diferentes. Ou seja, elas são idênticas – fato –, mas partem de pontos diferentes.
Exemplo:
Observem agora:
Ou...
_”Siiiiiim.”
Então percebam que de um certo ponto os graus de ambas as escalas são separados
pelos mesmos intervalos. Logo percebemos que elas são idênticas, mudando apenas a
tônica. Por isso que elas são relativas.
Dó Maior e Lá Menor possuem exatamente as mesmas notas (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e
Si). Entretanto, se damos ênfase ao Dó e o consideramos como I teremos Dó Maior
Natural. Mas se pegarmos as mesmas notas, mas dermos ênfase ao Lá considerando-a
como I então teremos Lá Menor Natural.
*Avançando o raciocínio (curiosidade) – Dó Maior e Lá Menor são relativas – fato. Ambas possuem as
mesmas notas (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si) mudando apenas a tônica. Se eu pegar essas notas e tomar o
Dó como I terei Dó Maior. Se eu pegar essas notas e tomar o Lá como tônica terei Lá Menor. Então
posso pegar qualquer outra nota desse grupo como tônica? A resposta é simples: pode! Temos 7 notas
e formamos 2 escalas (a Maior Natural e a Menor Natural) a partir de duas notas desse grupo de 7 notas.
Sobraram 5 notas. Então quer dizer que posso formar mais 5 escalas? Sim! Ou seja, desse grupo de 7
notas podemos formar 7 escalas diferentes. É daí que surgem os Modos Gregos, que são 7 modos (Jônio,
Dórico, Frígio, Lídio, Mixolídio, Eólio e Lócrio, sendo que o modo Jônio corresponde à Escala Maior
Natural e o modo Eólio corresponde à Escala Menor Natural), mas esse assunto não tem relevância para
este momento. Poderemos falar dos Modos Gregos em outra ocasião mais oportuna.
Exercícios
Ex:
Outra dica: comece a próxima escala sempre pelo V da Maior Natura anterior. Neste
caso a Maior Natural que acabamos de fazer foi Dó e seu V é o Sol. Então façamos a de
Sol Maior Natural e sua relativa menor. Siga este raciocínio até chegar na escala de C#
Maior Natural. Até lá você terá feito este ciclo 8 vezes (contando com o Dó Maior
acima). Por este raciocínio estaremos seguindo o ciclo de quintas (C, G, D...). Seguindo
desta forma você notará que: na escala de Dó Maior Natural não existe nenhum
sustenido; na de Sol vai surgir 1, na de Ré haverá 2 e assim por diante, até chegar na de
C# que terá 7 sustenidos.
Gabarito
Agora comece pela escala de Fá Maior Natural e faça sua relativa e as demais,
Harmônica e Melódica. Mas desta vez parta do IV de Fá Maior Natural para saber qual
será a próxima escala. A próxima escala será a de Bb Maior. Neste caso estaremos
seguindo o ciclo de quartas. Neste ciclo, assim como no de quintas, os acidentes
surgirão de 1 em 1, porém neste caso de quartas serão os bemóis. Siga este raciocínio
até chegar na escala de Cb que terá 7 bemóis.
Gabarito
Localização dos Intervalos no braço da guitarra/violão
E--------------------------------
B--------------------------------
G----------------------2---4---5
D----------2---3---5------------
A---3---5-----------------------
E---------------------------------
E--------------------------------
B--------------------------------
G----------------------2---4---5
D----------1---3---5------------
A---3---5-----------------------
E---------------------------------
Lembrando que a única diferença entre a Escala Maior e a Menor Melódica é a terça,
notem que a diferença entre os shapes também se limitará somente à terça, já que as
demais notas permanecem as mesmas. A terça maior era a nota Mi que estava uma casa
para trás e uma corda abaixo da tônica. Agora a terça menor estará a duas casas para trás
e na corda abaixo da tônica.
Pensando em acordes, vamos comparar o A com o Am. Qualquer dúvida, falaremos mais
detalhadamente sobre acordes no próximo módulo.
___A_____Am___
E---0----------0-----
B---2----------1-----
G---2----------2-----
D---2----------2-----
A---0----------0-----
E----------------------
Notem que temos as notas que compõem o acorde de Lá Maior – I (Lá), IIIM (Dó#), VJ
(Mi).
Notem que temos as notas que compõem o acorde de Lá Menor – I (Lá), IIIm (Dó), VJ
(Mi). Notem também que a diferença entre um acorde maior e um acorde menor está
apenas na terça. O acorde maior tem a terça maior e o acorde menor tem a terça menor.
Se você souber o shape de um acorde maior e souber onde está a terça deste acorde
dentro do shape, para fazer o mesmo acorde, porém no modo menor, basta que você
altere a terça. E assim por diante.
Se você quiser fazer A5+ (Lá maior com a quinta aumentada) mas não souber como se
monta esse acorde, basta saber o shape de Lá Maior, saber onde está(ao) a(s) quinta(s)
dentro do shape e aumentá-los em ½ tom (uma casa).
___A_____A5+__
E---0----------1-----
B---2----------2-----
G---2----------2-----
D---2----------3-----
A---0----------0-----
E---------------------
Suponhamos que numa cifra você precise tocar A6 (Lá Maior com sexta maior) e você
não saiba o shape do acorde. Basta que você saiba fazer o Lá Maior e adicione a 6M.
___A______A6__
E---0----------2-----
B---2----------2-----
G---2----------2-----
D---2----------2-----
A---0----------0-----
E----------------------
Como praticar?
É muito simples. Pegue os acordes e desenhos de escala que você já conhece e comece a
analisá-los a partir das figuras que ilustram os intervalos no braço da guitarra/violão.
Veja cada nota que você está digitando e veja qual intervalo ele corresponde em relação
à tônica. Melhor ainda se você já souber quais graus que compõem as escalas/acordes
que você estiver tocando. Fazendo dessa forma você só estará confirmando o que você
sabe na teoria e reforçando na prática.
Tudo isso agilizará seu raciocínio quando você tiver que tirar algo de ouvido,
improvisar, formar escalas e acordes, fazer modulações, análises e transposições.
Dica
Basicamente você precisa saber os seguintes shapes (de preferência em todo o braço):
Escala Maior Natural;
Escala Menor Natural;
Acorde Maior em diferentes desenhos;
Acorde Menor em diferentes desenhos.
Se você analisar esse acorde de acordo com a figura do Almir Chediak, sabendo que a
tônica está na 3ª casa da corda A, você notará que temos outra tônica (no caso, a 8ª) na
1ª casa da corda B. Portanto, é só baixar ½ tom da 8ª que teremos a 7M.
___C_____C7M__
E---0----------0-----
B---1----------0-----
G---0----------0-----
D---2----------2-----
A---3----------3-----
E----------------------
Escala Pentatônica
A Escala Pentatônica é uma escala muito simples. Seu modo maior deriva da Escala
Maior Natural e seu modo menor, da Menor Natural. Assim como as escalas Maior
Natural e Menor Natural são relativas, as pentatônicas maior e menor também são.
Para se formar a escala pentatônica basta subtrair da Escala Maior Natural (ou da Menor
Natural) as duas notas que entre si formam o trítono (intervalo de 3 tons). Independente
da tonalidade, o trítono estará entre o 4º e o 7º grau da escala maior e entre o 2º e o 6º da
menor.
Para finalizar, os desenhos (shapes) das escalas Maior Natural, Menor Natural, Menor
Harmônica, Menor Melódica, Pentatônca Maior, Pentatônica Menor, Acordes, etc são
fáceis de se encontrar na internet. O difícil é enxergar os intervalos dentro deles.
Enxergar os intervalos dentro do que se digita em termos de escalas e acordes é o
fundamental para se ter plena consciência do que se está tocando.