Sie sind auf Seite 1von 13

Brasília, 09 a 13 de setembro de 1996 -

Nº 44
Data (páginas internas): 18 de setembro de
1996

Este Informativo, elaborado pela


Assessoria da Presidência do STF a partir de
notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não
oficiais de decisões proferidas na semana pelo
Tribunal. A fidelidade de tais resumos ao
conteúdo efetivo das decisões, embora seja
uma das metas perseguidas neste trabalho,
somente poderá ser aferida após a sua
publicação no Diário da Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Cabimento de ADIn
Citação por Edital e Interrogatório
Competência e Tráfico
Condição para o Sursis
ICMS e Transporte Aéreo
Nulidade Inocorrente
Precatórios - I, II e III
Prisão de Depositário Infiel
RE e REsp: Efeitos
Remuneração de Secretários de Estado
Retroatividade ou Aplicação Imediata
Substituição da Pena Privativa de Liberdade

PLENÁRIO
Precatórios - I
Em julgamento de mérito de ação direta
ajuizada pelo Governador do Estado de São Paulo
contra normas do regimento interno do Tribunal de
Justiça local disciplinadoras do processamento dos
precatórios no âmbito daquela corte, o Tribunal
declarou a inconstitucionalidade dos preceitos que
equiparavam os créditos de valor inferior a trinta e seis
mil Unidades Fiscais do Estado de São Paulo aos
créditos de natureza alimentar, tanto para o efeito de
incluí-los na mesma ordem cronológica, como para o
de também serem eles atualizados na data do efetivo
pagamento (art. 333, par. único, e 334, par. único).

Precatórios - II
Quanto ao art. 337, VI, do Regimento Interno
(“Compete ao Presidente do Tribunal de Justiça: VI -
resolver todas as questões relativas ao cumprimento
dos precatórios inclusive sua extinção;”), também
impugnado nessa ação direta, o Tribunal, para
compatibilizá-lo com o art. 100, § 2º, da CF (“As
dotações orçamentárias e os créditos abertos serão
consignados ao poder Judiciário, ..., cabendo ao
Presidente do tribunal que proferir a decisão
exeqüenda determinar o pagamento, segundo as
possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento
do credor e exclusivamente para o caso de
preterimento de seu direito de precedência, o
seqüestro da quantia necessária à satisfação do
débito.”), fixou-lhe a seguinte interpretação: compete
ao Presidente resolver todas as questões de natureza
administrativa relativas ao cumprimento dos
precatórios.

Precatórios - III
Finalmente, no tocante ao inciso VII do
mesmo art. 337 (“Compete ao Presidente do Tribunal
de Justiça: VII - requisitar das entidades devedoras a
complementação de depósitos insuficientes, no prazo
de noventa dias, determinando vista aos interessados,
no caso de desobediência;”), foram mantidos os
termos da decisão proferida no julgamento da cautelar,
deferida com a seguinte interpretação conforme à
Constituição: “a requisição, a título de
complementação de depósitos insuficientes, a ser feita
no prazo de 90 dias, somente deve referir-se a
diferenças resultantes de erros materiais ou
aritméticos ou de inexatidões dos cálculos dos
precatórios, não podendo, porém, dizer respeito ao
critério adotado para a elaboração do cálculo ou a
índices de atualização diversos dos que foram
utilizados em primeira instância”. Reafirmou-se,
ainda, na interpretação desse dispositivo, o
entendimento adotado no julgamento dos embargos
declaratórios opostos à decisão da cautelar, no sentido
de “caber ao setor competente do Tribunal os
cálculos, objetivando a atualização do valor devido
em moeda corrente considerado o fator de indexação
previsto na sentença de liquidação ou o que, por força
de lei, o substituiu”. ADIn 1098-SP, rel. Min. Marco
Aurélio, 11.09.96.

ICMS e Transporte Aéreo


Declarada a inconstitucionalidade do Convênio
ICMS 66/88, na parte em que previa a instituição,
pelos Estados, do ICMS sobre serviços de transporte
aéreo. Prevaleceu o entendimento de que o imposto em
questão exigiria disciplina específica quanto à solução
de conflitos em matéria tributária entre os Estados,
disciplina, essa, que o mencionado convênio, editado
com base no art. 34, § 8º, do ADCT, teria deixado de
veicular. ADIn 1.089-DF, rel. Min. Francisco Rezek,
12.09.96.

Remuneração de Secretários de Estado


Deferida a suspensão de eficácia de decreto
legislativo da Assembléia Legislativa do Estado de
Santa Catarina que, em vez de fixar a remuneração dos
Secretários de Estado obedecendo ao disposto nos
incisos XI e XII do art. 37 da CF , limitou-se a prever
o teto dessa remuneração, delegando implicitamente ao
Executivo a competência para estabelecer-lhe o
quantum. Entendendo que a inconstitucionalidade, no
caso, seria manifesta, por tratar-se de matéria
insusceptível de delegação, o Tribunal suspendeu,
ainda, o decreto do Governador que fixa em R$
4.411,80 a remuneração daqueles agentes políticos.
Vencidos os Ministros Octavio Gallotti, relator, e
Francisco Rezek. ADIn 1.469-SC, rel. Min. Octavio
Gallotti, 12.09.96.
Cabimento de ADIn
Não se conheceu de ação direta ajuizada pela
Associação dos Notários e Registradores do Brasil -
ANOREG, contra provimento baixado pelo
Corregedor-Geral de Justiça do Estado do Paraná que
veda a cobrança de emolumentos por atos de registro
civil e respectivas certidões das pessoas
comprovadamente pobres e isenta do pagamento de
custas o registro civil e a averbação de quaisquer atos
relativos a criança ou adolescente em situação de
risco social . O Tribunal entendeu que não haveria
sequer em tese, na espécie, conflito direto com a
Constituição Federal, mas simples alegação de
contrariedade à lei ordinária, incapaz de ensejar o
cabimento da ação direta. ADIn 1.366-PR (AgRg), rel.
Min. Celso de Mello, 12.09.96.

PRIMEIRA TURMA
Condição para o Sursis
Não há impedimento a que o juiz estabeleça,
como condição para o deferimento do sursis (CP, art.
79), a prestação de serviços à comunidade. Precedentes
citados: HC 72233-SP (DJ de 02.06.95); HC 72683-
SP (DJ de 27.10.95); HC 73110-SP (DJ de 16.02.96).
HC 74.254-ES, rel. Min. Moreira Alves, 10.09.96.

Citação por Edital e Interrogatório


Indeferido habeas corpus impetrado pela
Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro em
favor de réu processado e condenado à revelia, sob a
alegação de não haver decorrido o prazo de quinze dias
entre a publicação do edital de citação e a data
marcada para o interrogatório (CPP, art. 361: “Se o réu
não for encontrado, será citado por edital, com o
prazo de quinze dias.”). A Turma entendeu cuidar-se
de nulidade relativa, cujo reconhecimento dependeria
da ocorrência de prejuízo, ausente na espécie, uma vez
que o paciente em nenhum momento compareceu para
se defender. HC 73889-RJ, rel. Min. Ilmar Galvão,
10.09.96.

RE e REsp: Efeitos
A pendência de recursos extraordinário e
especial interpostos contra acórdão que anulara
decisão absolutória proferida pelo Tribunal do Júri e
determinara a sujeição do acusado a novo julgamento,
não impede a realização desse julgamento. Inexistência
de prejuízo para a defesa, tendo em vista que o
eventual provimento dos recursos mencionados
tornaria sem efeito o novo julgamento proferido pelo
Júri. HC 74.235-RJ, rel. Min. Octavio Gallotti,
10.09.96.

Prisão de Depositário Infiel


Tratando-se de carta precatória expedida para a
realização de penhora, avaliação e alienação de bens
(CPC, art. 658), compete ao juízo deprecado decretar a
prisão do depositário judicial que deixar de restituir os
bens colocados sob sua responsabilidade, nos termos
da Súmula 619 do STF (“A prisão do depositário
judicial pode ser decretada no próprio processo em
que se constituiu o encargo, independentemente da
propositura de ação de depósito.”). HC 74.352-GO,
rel. Min. Sydney Sanches, 10.09.96.

SEGUNDA TURMA

Competência e Tráfico
À vista de seu caráter permanente,
considera-se praticado o crime de tráfico internacional
em qualquer das localidades por onde tenha passado o
agente transportando a droga, fixando-se a
competência pelo critério da prevenção (CPP, art. 71).
Com esse fundamento, e entendendo que a
competência do juízo federal de Belém-PA onde teve
início a primeira ação penal movida contra o paciente
estaria justificada pelo fato de a droga haver transitado
por essa cidade, a Turma indeferiu habeas corpus
impetrado sob a alegação de que, ocorrido o flagrante
em município que não é sede de vara da Justiça
Federal, caberia ao juízo estadual da comarca
respectiva o julgamento da ação em primeira instância,
nos termos do art. 27 da Lei 6368/76 (“O processo e o
julgamento do crime de tráfico com o exterior caberão
à justiça estadual com interveniência do Ministério
Público respectivo, se o lugar em que tiver sido
praticado for município que não seja sede de vara da
Justiça Federal, com recurso para o Tribunal Federal
de Recursos“). HC 74.287-PA, rel. Min. Maurício
Corrêa, 10.09.96.

Nulidade Inocorrente
Com fundamento no art. 565 do CPP
[“nenhuma das partes poderá argüir nulidade (...)
referente a formalidades cuja observância só à parte
contrária interesse.”], a Turma indeferiu habeas
corpus em que se sustentava a nulidade do processo
pelo fato de o membro do Ministério Público não
haver comparecido à audiência de oitiva de
testemunhas, apesar de devidamente intimado. HC
73.658-RS, rel. Min. Néri da Silveira, 10.09.96.

Substituição da Pena Privativa de Liberdade


Tratando-se de condenação por crime para o
qual a lei estabeleça cumulativamente as penas
privativa de liberdade e de multa, não tem lugar a
substituição admitida pelo art. 60, § 2º, do CP. Esse
dispositivo não se aplica, de qualquer sorte, aos crimes
previstos na Lei de Tóxicos, cuja sistemática para a
fixação do valor da pena de multa é diversa da que foi
posteriormente adotada pela nova Parte Geral do CP,
incidindo, dessa forma, o disposto na parte final do art.
12 do CP (“As regras gerais deste Código aplicam-se
aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
dispuser de modo diverso.”). Com esse entendimento,
a Turma indeferiu habeas corpus que sustentava a
existência de direito público subjetivo à mencionada
substituição, independentemente da natureza da
infração. Precedente citado: HC 70445-RJ (RTJ
152/845). HC 74.248-RJ, rel. Min. Maurício Corrêa,
10.09.96.
Retroatividade ou Aplicação Imediata
Iniciado julgamento de recurso extraordinário
em que se discute, com base no princípio que assegura
o respeito à coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI), sobre
se as regras de correção salarial instituídas pela
Medida Provisória 32/89, depois convertida na Lei
7.730/89 (URP), afastariam, ou não, cláusula de
reajuste prevista em sentença normativa transitada em
julgado, cujos efeitos, nesse ponto, se produziriam em
data posterior ao início de vigência da mencionada lei.
Após os votos dos Ministros Maurício Corrêa, relator,
e Néri da Silveira, entendendo que a incidência
imediata da lei nova não ofenderia a coisa julgada, e
dos Ministros Marco Aurélio e Carlos Velloso,
entendendo que haveria, em tal hipótese,
retroatividade, o julgamento foi suspenso para colher o
voto do Min. Francisco Rezek, ausente da sessão. RE
202.686-SP, rel. Min. Maurício Corrêa, 10.09.96.

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 11.09.96 12.09.96 14


1ª Turma 10.09.96 ------- 73
2ª Turma 10.09.96 ------- 54

C L I P P I N G DO D J
13 de setembro de 1996

ADIn N. 864-1
RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade.
- Já se firmou nesta Corte o entendimento de que,
no tocante a leis que digam respeito a regime jurídico de
servidor público, seu projeto é da iniciativa exclusiva do
Governador do Estado-membro, aplicando-se-lhe, portanto, a
norma que se encontra no artigo 61, II, "c", da Constituição
Federal.
- No caso, como salientado na inicial, o projeto
que deu margem à Lei objeto desta ação direta de
inconstitucionalidade foi de iniciativa parlamentar, razão por
que incorre ela em inconstitucionalidade formal.
Ação julgada procedente, para declarar a
inconstitucionalidade da Lei nº 9.844, de 24 de março de
1993, do Estado do Rio Grande do Sul.

AR N. 1365-4 (AgRg)
RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES

EMENTA: Ação rescisória para rescindir acórdão desta


Corte prolatado em ação direta de inconstitucionalidade. Seu
descabimento.
- Este Tribunal, ao julgar, por seu Plenário, a ação rescisória
nº 878, firmou o entendimento de que não cabe ação
rescisória contra representação de inconstitucionalidade de
lei em tese (RTJ 94/49 e segs.), que a atual Constituição
denomina ação direta de inconstitucionalidade.
Agravo regimental a que se nega provimento.

SS N. 844-7 (AgRg)
RELATOR: MINISTRO PRESIDENTE
EMENTA: Servidor Público: "estabilidade
financeira": a constitucionalidade das leis que a instituem -
que tem sido afirmada pelo STF (ADIn 1.264, 27.5.95,
Pertence, Lex 203/39; ADIn 1.279, 27.9.95, M. Correa) - não
ilide a plausibilidade do entendimento de ser legítimo que,
mediante lei, o cálculo da vantagem seja desvinculado, para
o futuro, dos vencimentos do cargo em comissão outrora
ocupado pelo servidor, passando a quantia a ela
correspondente a ser reajustada segundo os critérios das
revisões gerais de remuneração do funcionalismo

HC N. 73428-6
RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: "Habeas Corpus".
- Há, no caso, falta de defesa, tendo em vista a circunstância
de que, nas alegações finais, o defensor do ora paciente
assumiu, inequivocamente, o papel de acusador, pois, apesar
de afinal pedir a absolvição do réu ou que se lhe impusesse a
pena mínima, toda a sua argumentação foi no sentido de
fornecer elementos para a sua condenação.
- Acolhido esse fundamento, fica prejudicado o exame da
outra alegação da impetração - a de vício na fixação da pena
-, que pressupõe a validade da condenação.
"Habeas Corpus" deferido em parte.

HC N. 73429-4
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - (...)
1. Estando o Promotor de Justiça já promovido ao
cargo de Procurador de Justiça, no exercício das respectivas
funções, e, além disso, com implícita delegação do
Procurador-Geral, podia, em lugar deste, oferecer denúncia,
perante o Tribunal de Justiça, contra o Prefeito Municipal,
sobretudo em se verificando, depois, a confirmação da
delegação, com a ratificação do ato praticado, sem qualquer
prejuízo, ademais, para o denunciado.
2. Diante dessas peculiaridades é de se reconhecer a
legitimidade ativa do denunciante.
3. Não compete, mais, ao Relator, e sim ao órgão
colegiado, o recebimento de denúncia contra Prefeito
Municipal, desde que entrou em vigor a Lei nº 8.658, de
26.05.1993, cujo art. 1º estabeleceu que "as normas dos
artigos 1º a 12, inclusive, da Lei nº 8.038, de 28 de maio de
1990, aplicam-se às ações penais de competência originária
dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, e
dos Tribunais Regionais Federais". Entre essas normas, as do
art. 6º e seu § 2º, pelas quais se verifica que o recebimento
da denúncia é ato de órgão colegiado e não apenas do
Relator.
4. Tendo sido observadas essas normas, porque já em
vigor à época do recebimento da denúncia, não merece
acolhida a alegação de que deveria resultar de decisão
monocrática de Relator.
5. "H.C." indeferido.

HC N. 73557-6
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO PENAL E PROCESSUAL
PENAL.
PREFEITO MUNICIPAL. CRIME DE FALTA DE
PRESTAÇÃO DE CONTAS (ART. 1º, INC. VI, DO
DECRETO-LEI Nº 201, DE 27 DE FEVEREIRO DE 1967).
DEFESA. TIPICIDADE. DOLO. PROVA.
"HABEAS CORPUS".
1. Não apresentadas as contas anuais do Prefeito
Municipal, no prazo de sessenta dias, após a abertura da
sessão legislativa, ao qual se refere o inciso X do art. 77 do
Estado de Goiás, há, em princípio, justa causa para a ação
penal, pelo crime previsto no inciso VI do art. 1º do Decreto-
Lei nº 201, de 27.2.1967, não se podendo, de pronto,
reconhecer a atipicidade da conduta do paciente.
2. É irrelevante a errônea referência ao inciso IV,
contida na denúncia, se nesta a descrição dos fatos
corresponde à conduta prevista no inciso VI, ensejando
ampla defesa ao denunciado.
3. Não é possível, sem o exame das provas, a serem
ainda produzidas, perante o Tribunal competente, concluir
pela existência, ou não, de dolo, na conduta do réu.
4. "H.C." indeferido.

HC N. 73597-5
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
(...)
DELAÇÃO - CONTRADITÓRIO - PRECLUSÃO.
Deixando a defesa de requerer o procedimento previsto no
artigo 229 do Código de Processo Penal - a acareação -
descabe, uma vez transitado em julgado o provimento
condenatório e porque preclusa, arguir a nulidade do feito.
HABEAS-CORPUS - ABSOLVIÇÃO -
IMPROPRIEDADE.
O habeas-corpus não é o meio hábil a chegar-se à
absolvição dos Pacientes, no que tal resultado pressupõe o
reexame dos elementos probatórios coligidos na fase de
instrução da ação penal. O insucesso no Juízo e no
Colegiado, quer no julgamento da apelação, quer no da
revisão criminal, não abre ensejo a adentrar-se, com sucesso,
visando a provimento judicial favorável, a via estreita do
habeas-corpus.
HABEAS-CORPUS - LATROCÍNIO -
DESCLASSIFICAÇÃO - ROUBO QUALIFICADO. O
habeas-corpus não é o meio hábil a alcançar-se, à mercê do
reexame dos elementos probatórios coligidos na fase de
instrução da ação penal, a desclassificação do crime.
LATROCÍNIO - TENTATIVA. O fato de não se
haver chegado à subtração da "res"‚ inidônio a concluir-se
pela simples tentativa de roubo qualificado, uma vez
verificada a morte da vítima. A figura do roubo não pode ser
dissociada da alusiva à morte. Precedentes: habeas-corpus
n.ºs 62.074/SP e 65.911/SP, relatados pelos Ministros Sydney
Sanches e Carlos Madeira perante a Primeira e Segunda
Turmas, com arestos veiculados nos Diários da Justiça de 5
de outubro de 1984 e 20 de maio de 1988, respectivamente.

HC N. 73655-6
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO PENAL E PROCESSUAL
PENAL.
INTERDIÇÃO DE DIREITO: SUSPENSÃO DE
HABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULOS
AUTOMOTORES. MULTA PECUNIÁRIA.
"HABEAS CORPUS": LIBERDADE DE
LOCOMOÇÃO.
1. O "habeas corpus" é instituto processual de índole
constitucional, destinado a tutelar a liberdade pessoal de
locomoção, em face de constrangimento ilegal (art. 5º, inc.
LXVIII, da Constituição Federal e art. 647 do Código de
Processo Penal).
2. Não se presta à impugnação de interdição de direito,
consistente em suspensão de habilitação para dirigir veículos
automotores, nem de sanção pecuniária (multa).
3. Precedentes.
4. "H.C." não conhecido.

HC N. 73733-1
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO PENAL E PROCESSUAL
PENAL.
CRIMES DE IMPRENSA: DIFAMAÇÃO E
INJÚRIA (ARTIGOS 21 e 22 DA LEI DE IMPRENSA - Nº
5.250, DE 9.2.1967).
AÇÃO PENAL: LEGITIMIDADE ATIVA.
QUEIXA-CRIME. ARTIGOS 145, PARÁGRAFO ÚNICO,
141, II, DO CÓDIGO PENAL, 40, I, "B", E 23, II, DA LEI
DE IMPRENSA E 24, § 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL. NOTIFICAÇÃO (ARTIGOS 43, 57 E 58, § 3º, DA
LEI DE IMPRENSA).
"HABEAS CORPUS".
1. Sendo o ofendido Assessor de Imprensa da Prefeitura
Municipal, mas sem vínculo empregatício ou funcional com
o Município, e havendo sido atingido em sua honra pessoal,
tinha legitimidade ativa para a ação penal, por crimes de
difamação e injúria, cometidos em programa radiofônico,
podendo, pois, para tal fim, ajuizar Queixa-Crime contra o
ofensor, não se lhe podendo exigir a representação de que
tratam os artigos 40, I, "b", e 23, II, da Lei de Imprensa.
2. Tendo sido providenciada, ao ensejo da apresentação
da Queixa-Crime, a degravação da fita radiofônica, na qual
se achavam gravadas as palavras ofensivas, não havia,
também, no caso, necessidade de apresentação da notificação
prevista nos artigos 43, 57 e 58, § 3º, da mesma Lei.
3. "H.C." indeferido.

HC N. 73821-4
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO PENAL E PROCESSUAL
PENAL.
CRIMES DE ESTELIONATO. CONCURSO
FORMAL E CONTINUIDADE DELITIVA (CRIME
CONTINUADO). ARTIGOS 70 E 71 DO CÓDIGO
PENAL.
"HABEAS CORPUS". ALEGAÇÃO DE "BIS IN
IDEM". INOCORRÊNCIA.
1. Correto o acórdão impugnado, ao admitir,
sucessivamente, os acréscimos de pena, pelo concurso
formal, e pela continuidade delitiva (artigos 70, "caput", e 71
do Código Penal), pois o que houve, no caso, foi,
primeiramente, um crime de estelionato consumado contra
três pessoas e, dias após, um crime de estelionato tentado
contra duas pessoas inteiramente distintas.
Assim, sobre a pena-base deve incidir o acréscimo
pelo concurso formal, de modo a ficar a pena do delito mais
grave (estelionato consumado) acrescida de, pelo menos, um
sexto até metade, pela co-existência do crime menos grave
(art. 70).
E como os delitos foram praticados em situação que
configura a continuidade delitiva, também o acréscimo
respectivo (art. 71) é de ser considerado.
2. Rejeita-se, pois, com base, inclusive, em precedentes
do S.T.F., a alegação de que os acréscimos pelo concurso
formal e pela continuidade delitiva são inacumuláveis, em
face das circunstâncias referidas.
3. "H.C." indeferido

HC N. 73925-3
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: (...)
1. Se a causa de aumento de pena, prevista no § 1º do
artigo 159 do Código Penal, é aplicada porque o delito teve
duração superior a vinte e quatro horas, e não por ter sido
cometido por quadrilha, nada impede a condenação, também,
por este último delito, não se caracterizando, assim, o
alegado "bis in idem".
2. Havendo o acórdão impugnado, mediante o exame
das provas dos autos, negado a ocorrência da delação
prevista no § 4º do Código Penal e no parágrafo único do art.
8º da Lei nº 8.072, de 26.07.1990, como causa de diminuição
da pena, não é o "habeas corpus" instrumento processual
adequado para propiciar o reexame de tais elementos de
convicção.
3. Pedido indeferido.

HC N. 74195-9
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: - DIREITO PENAL E PROCESSUAL
PENAL.
TRÁFICO DE ENTORPECENTES. FLAGRANTE
PROVOCADO. PROVA TESTEMUNHAL: DEPOIMENTO
DE POLICIAIS. PENA: FUNDAMENTAÇÃO.
"HABEAS CORPUS".
1. Os policiais, que participam de diligências tendentes
à constatação de crime que estaria sendo praticado, não estão
impedidos de depor como testemunhas.
2. Não é flagrante forjado aquele resultante de
diligências policiais após denúncia anônima sobre tráfico de
entorpecentes.
3. Não é o "habeas corpus" instrumento processual
adequado ao reexame de provas, em que se baseou a
condenação.
4. Não procede a alegação de falta de fundamentação
da pena imposta, se esta resultou da pena-mínima com a
agravante da reincidência.
5. "H.C." indeferido.

AI N. 170124-2 (AgRg)
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES

EMENTA: (...)
1. No R.E., interposto com base no art. 102, III,
"a" e "c", da C.F. de 1988, os recorrentes alegam que o
acórdão recorrido violou o § 1º do art. 177 da C.F. de 1967,
segundo o qual "o servidor que já tiver satisfeito, ou vier a
satisfazer, dentro de um ano, as condições necessárias para a
aposentadoria, nos termos da legislação vigente na data desta
Constituição, aposentar-se-á com os direitos e vantagens
previstos nesta legislação".
2. A legislação, que favoreceria os recorrentes,
segundo afirmam desde a inicial e no próprio R.E., seria a
Lei nº 2.123, de 01.12.1953.
3. Sucede que o Superior Tribunal de Justiça, ao julgar
o Recurso Especial nº 45.022, interposto contra o mesmo
acórdão do T.R.F., aqui extraordinariamente recorrido,
entendeu inaplicável à espécie a referida Lei, pelas várias
razões constantes do voto de seu Relator, havendo o acórdão
transitado em julgado.
4. Se o Tribunal competente, o S.T.J., considerou
inaplicável à espécie a Lei nº 2.123, de 01/12/1953, única
invocada pelos impetrantes do MS, ora recorrentes, para
justificar a aplicação do § 1º do art. 177 da C.F., já não pode
o Supremo Tribunal Federal examinar se houve, ou não,
violação a essa norma constitucional.
5. Até porque é pacífico, no S.T.F., o entendimento de
não admitir, em R.E., alegação de ofensa indireta à
Constituição Federal, por má interpretação de normas
infraconstitucionais.
6. Menos, ainda, quando essa interpretação é mantida
pelo órgão judicial competente, que, no caso, é o Superior
Tribunal de Justiça, e com trânsito em julgado.
7. Não infirmados esses fundamentos da decisão
agravada, que negou seguimento ao R.E., o agravo
regimental contra ela interposto, é de ser improvido.

AI N. 177313-8 (AgRg-EDcl)
RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO

EMENTA: (...)
IRRETROATIVIDADE ABSOLUTA DA LEX
GRAVIOR - VEDAÇÃO INCIDENTE SOBRE
NORMAS PENAIS DE CARÁTER MATERIAL.
- A cláusula constitucional inscrita no art. 5o, XL, da Carta
Política - que consagra o princípio da irretroatividade da
lex gravior - incide, no âmbito de sua aplicabilidade,
unicamente, sobre as normas de direito penal material, que,
no plano da tipificação, ou no da definição das penas
aplicáveis, ou no da disciplinação do seu modo de execução,
ou, ainda, no do reconhecimento das causas extintivas da
punibilidade, agravem a situação jurídico-penal do
indiciado, do réu ou do condenado. Doutrina.

RE N. 140230-0
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Servidor público. Aposentadoria.
Acréscimo de dois quintos, para esse fim, ao tempo de
serviço prestado em atividades de necrópsia e identificação
de cadáveres (art. 1º, I, b, da Lei nº 2.455-54 do Estado do
Rio Grande do Sul).
Redução indireta de tempo de serviço adversa à
prescrição constante do art. 103 da Constituição de 1967
(Emenda nº 1-69), que subordinava a tal exceção, à
existência de lei complementar de iniciativa do Presidente da
República.

RE N. 113826-2
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: EXECUÇÃO FISCAL MOVIDA POR
MUNICÍPIO CONTRA A CAIXA ECONÔMICA
FEDERAL, EMBARGADA POR ESTA. ART. 125, I, DA
EC 01/69 E ART. 109, I, DA CF/88.
Competência da Justiça Federal.
Recurso conhecido e provido.

RE N. 140466-3
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: POLÍCIA MILITAR. PRAÇAS.
PERDA DA GRADUAÇÃO. COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA MILITAR. ART. 125, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO.
O texto sob enfoque, que é de aplicação imediata,
subordinou a perda de graduação das praças da Polícia
Militar à decisão do tribunal competente, razão pela qual não
pode ela ser decretada por ato do Comandante-Geral ou de
qualquer outra autoridade administrativa.
Precedente do Plenário do STF (RE 121.533-MG,
Relator Ministro Sepúlveda Pertence, RTJ 133/1.342).
Recurso conhecido e provido.

RE N. 161303-3
RELATOR: MIN. MOREIRA ALVES
EMENTA: Recurso extraordinário. Conflito de
competência.
- Se há falsificação de guias de recolhimento do
INPS, MEC, PIS e FINSOCIAL, a União e a entidade
autárquica são sujeitos passivos do delito, pois seus
interesses foram atingidos e lesados pela ação delituosa, uma
vez que não puderam, na época da constituição do crédito,
dispor de tal numerário de acordo com a sua destinação
orçamentária. Precedente do STF: CJ 6.540.
Recurso extraordinário conhecido e provido, para
declarar-se a competência da Justiça Federal.

RE N. 164162-2
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: TRIBUTÁRIO. ENTIDADES DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA.
ICMS. COMERCIALIZAÇÃO DO PRODUTO DE SUA
ATIVIDADE AGRO-INDUSTRIAL.
Exigência fiscal que, incidindo sobre bens
produzidos e fabricados pela entidade assistencial, não
ofende a imunidade tributária que lhe é assegurada na
Constituição, visto repercutir o referido ônus,
economicamente, no consumidor, vale dizer, no contribuinte
de fato do tributo que se acha embutido no preço do bem
adquirido.
Recurso conhecido e provido.

RE N. 187376-1
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: (...)
1. Havendo sido declarada judicialmente, em processo
anterior, entre as mesmas partes, a inconstitucionalidade dos
§§ 1º e 2º do art. 6º do Decreto-Lei nº 2.065, de 26.10.1983,
e, conseqüentemente, a inexistência de obrigação da autora,
ora recorrida, perante a União Federal, ora recorrente, de
pagar Imposto de Renda, por gozar de imunidade
constitucional, e tendo transitado em julgado tal decisão, a
presente ação de repetição, do mesmo imposto, só poderia
ter sido julgada procedente, como foi, no caso.
2. Diante da eficácia da coisa julgada anterior, naqueles
termos e com aquela extensão, a esta altura até irrescindível,
não é possível, ao S.T.F., no Recurso Extraordinário, na ação
de repetição de indébito, afastar a imunidade nela
reconhecida, mesmo que sua jurisprudência lhe seja
contrária, como pareceu ao Ministério Público federal.
3. Assim, o R.E. não é conhecido, pela letra "a" do inc.
III do art. 102 da C.F., no ponto em que alega negativa de
vigência do art. 19, III, "c", da E.C. nº 1/69. Tanto mais
porque o acórdão recorrido considerou preenchido pela
recorrida os requisitos do art. 14 do Código Tributário
Nacional e essa matéria não foi submetida ao exame do
Superior Tribunal de Justiça (art. 105, III, da C.F.),
remanescendo, igualmente intocável.
4. O Recurso, porém, é conhecido, pela letra "b" do art.
102, III, da C.F., já que o julgado recorrido considerou
inconstitucionais os §§ 1º e 2º do art. 6º do Decreto-Lei nº
2.065, de 26.10.1983. De qualquer maneira, resta improvido,
em face da coisa julgada já referida.
5. Decisão unânime.

RE N. 187977-7
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: SERVIDORES PÚBLICOS DO
ESTADO DE SÃO PAULO. ADICIONAL POR TEMPO DE
SERVIÇO. LEI Nº 6.628, DE 1989. ARGüIDA AFRONTA
AOS PRINCÍPIOS DO DIREITO ADQUIRIDO E DA
IRREDUTIBILIDADE DOS VENCIMENTOS.
Improcedência da alegação.
O referido diploma legal, ao determinar que os
percentuais relativos à vantagem em questão sejam
calculados de forma singela, limitou-se a atender à proibição
contida no art. 37, XIV, da CF, em combinação com o art. 17
do ADCT/88, normas cuja eficácia se sobrepõe à garantia
constitucional da irredutibilidade de vencimentos e do direito
adquirido.
Recurso não conhecido.

RE N. 189710-4
RELATOR: MIN. SYDNEY SANCHES
EMENTA: (...)
1. Embora não conhecendo do Recurso
Especial, o Superior Tribunal de Justiça examinou as
questões federais de mérito, a ele submetidas, inclusive - e
principalmente - aquela relacionada com o alegado direito
adquirido (art. 5º, inc. XXXVI, da C.F.) à pensão especial
integral, pela inaplicabilidade, à hipótese, do inciso IV do
art. 7º, segundo o qual é vedada a vinculação do salário
mínimo para qualquer fim.
2. Havendo, assim, o julgado do S.T.J., em
substância, mantido o acórdão do Tribunal de Justiça de
Goiás, sobretudo com os referidos fundamentos
constitucionais, deveria, também ele ter sido impugnado,
mediante Recurso Extraordinário, para o Supremo Tribunal
Federal.
3. Até porque se o S.T.F., julgando o R.E.,
viesse a reformar o acórdão do Tribunal de Justiça, quanto
aos fundamentos constitucionais, nem por isso
desconstituiria o do S.T.J., que o manteve, com trânsito em
julgado, e por razões de ordem constitucional.
4. Sendo assim, ou seja, em virtude desse fato jurídico
superveniente, consistente na formação de coisa julgada (no
S.T.J.), que não pode ser desconstituída mediante Recurso
Extraordinário interposto antes e contra outro aresto (o do
T.J.), o R.E. é de ser julgado prejudicado.

RE N. 191229-4
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: EXPORTAÇÃO DE CAFÉ. QUOTA DE
CONTRIBUIÇÃO. DL Nº 2.295/86. ART. 25, I, DO
ADCT/88.
Trata-se de exigência fiscal legitimamente instituída
pela União, sob o regime da EC 01/69, para intervenção no
domínio econômico, por meio de decreto-lei que foi recebido
pela nova Carta, com ressalva apenas da delegação nele
contida, em favor do extinto Instituto Brasileiro do Café,
para fim de fixação da respectiva alíquota (art. 25, I, do
ADCT), de resto, impossível de ser exercida, em face da
extinção da autarquia.
Recurso conhecido e provido.

RE N. 200699-8
RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: (...)
- Somente os benefícios de prestação continuada,
mantidos pela Previdência Social na data da promulgação da
Constituição, são suscetíveis de sofrer a revisão de seus
valores de acordo com os critérios estabelecidos no art. 58
do ADCT/88, cuja incidência, temporalmente delimitada,
não se projeta sobre situações de caráter previdenciário
constituídas após 05 de outubro de 1988. Precedentes.
A aplicação de uma regra de direito transitório a
situações que se formaram posteriormente ao momento de
sua vigência subverte a própria finalidade que motivou a
edição do preceito excepcional, destinado, em sua específica
função jurídica, a reger situações já existentes à época de sua
promulgação.
- O reajustamento dos benefícios de prestação
continuada concedidos pela Previdência Social após a
promulgação da Constituição rege-se pelos critérios
definidos em lei (CF, art. 201, § 2º).
O preceito inscrito no art. 201, § 2º, da Carta Política
- constituindo típica norma de integração - reclama, para
efeito de sua integral aplicabilidade, a necessária intervenção
concretizadora do legislador (interpositio legislatoris).
Existência da Lei n. 8.213/91, que dispõe sobre o
reajustamento dos valores dos benefícios previdenciários
(arts. 41 e 144).

RE N. 173820-1
RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Recurso Extraordinário. Mandado de
Segurança. Inscrição em Curso de Formação de Sargento-
PM. 2. Acórdão que manteve decisão concessiva de
segurança, afastando exigência administrativa, para inscrição
de cabos, que subvertia o princípio da hierarquia, em relação
aos soldados. 3. Exigência, para a inscrição no Curso de
Formação de Sargento, de mais de dez anos na Corporação e
mais de três anos na graduação, referentemente aos cabos, e,
tão só, de mais de dez anos na Força Pública, em se tratando
de soldados. 4. Limites do poder discricionário. Os atos do
poder público, além de sujeitos aos princípios da legalidade e
moralidade, também devem atender a princípio de justiça. 5.
Falta de prequestionamento do art. 5º, LXIX, da
Constituição. Súmula 282 e 356. Hipótese, ademais, não
discutida à vista da regra maior em apreço. 6. Recurso
especial não conhecido. 7. Recurso extraordinário a que se
nega conhecimento.

RE N. 192568-0
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
CONCURSO PÚBLICO - EDITAL -
PARÂMETROS - OBSERVAÇÃO. As cláusulas constantes
do edital de concurso obrigam candidatos e Administração
Pública. Na feliz dicção de Hely Lopes Meirelles, o edital é
lei interna da concorrência.
CONCURSO PÚBLICO - VAGAS - NOMEAÇÃO.
O princípio da razoabilidade é conducente a presumir-se,
como objeto do concurso, o preenchimento das vagas
existentes. Exsurge configurador de desvio de poder, ato da
Administração Pública que implique nomeação parcial de
candidatos, indeferimento da prorrogação do prazo do
concurso sem justificativa socialmente aceitável e publicação
de novo edital com idêntica finalidade. "Como o inciso IV
(do artigo 37 da Constituição Federal) tem o objetivo
manifesto de resguardar precedências na seqüência dos
concursos, segue-se que a Administração não poderá, sem
burlar o dispositivo e sem incorrer em desvio de poder,
deixar escoar deliberadamente o período de validade de
concurso anterior para nomear os aprovados em certames
subseqüentes. Fora isto possível e o inciso IV tornar-se-ia
letra morta, constituindo-se na mais rúptil das garantias"
(Celso Antonio Bandeira de Mello, "Regime Constitucional
dos Servidores da Administração Direta e Indireta", página
56).

Acórdãos publicados: 125

Assessor responsável pelo Informativo


Miguel Francisco Urbano Nagib
nagib@stf.gov.br

Das könnte Ihnen auch gefallen